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Nem sempre o seu produto ou serviço tem os recursos mais bacanas do mundo, falar sobre
fatos e atributos técnicos nem sempre é uma opção quando seu consumidor não entende
direito o que você faz.
Às vezes você precisa ser criativo e gerar atenção. Já falei recentemente sobre outras
maneiras de despertar atenção falando de causas e usando influenciadores, hoje vou
contar um pouco sobre escrita criativa.
1. Personagens – Todo mundo que vai aparecer na sua história é um personagem, ele
pode ser baseado em alguém que você conhece de verdade, ou pode ser criado para a
história. No segundo caso é importante escrever um passado para ele: de onde veio,
quais são suas motivações, como e porque ele participa da história.
2. Conflito – Qual é o desafio que os personagens da sua história precisam resolver?
3. Diálogo – Se os seus personagens conversarem durante a história procure deixar a
conversa realista. Quais informações eles precisam trocar durante o diálogo? Como cada
elemento do diálogo desperta no outro personagem o desejo de continuar conversando?
4. Narrador – Como autor da história geralmente você assume o papel de narrador. Você
pode adicionar algum elemento da história que poderia ser observado visualmente por
alguém que estivesse assistindo, apenas descrevendo (narrando) esse cenários. Se a
história que você está escrevendo for representada visualmente (vídeo) você pode
encurtar o vídeo explicando parte da história em sua narrativa.
5. Ritmo – Quando estiver narrando um momento muito importante da história, mesmo que
ele aconteça rapidamente, demore o tempo que for necessário descrevendo-o para
transmitir todas as emoções. A velocidade da história não precisa ser a mesma
velocidade em que os eventos acontecem. Momentos importantes são narrados mais
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lentamente do que aqueles triviais, ainda que longos (uma viagem de muitos dias, sem
importância narrativa, pode durar apenas uma frase curta).
6. Enredo – Sequência de eventos de uma história, onde cada evento causa alguma coisa
e gera um efeito no próximo evento. Você pode simplificar uma história diminuindo a
quantidade de eventos, porém tome cuidado para não destruir o enredo criando uma
sequência de eventos que não tem relação de causa e efeito clara e definida.
7. Ponto de vista – Perspectiva a partir da qual a história é contada, geralmente fica em
uma das 3 categorias:
o Primeira pessoa – O Narrador conta a história como protagonista (Eu), muitas vezes
ao ler uma narrativa em primeira pessoa o leitor se coloca como protagonista.
o Segunda pessoa – O Narrador conta a história para o leitor, colocando ele como um
elemento participativo da história, o leitor é um dos personagens (Você, Tu, Nós).
o Terceira pessoa – O Narrador conta a história de uma forma que nem ele, nem o
leitor estejam participando ativamente. É a forma mais comum, todos os personagens
são referenciados como Eles, Elas, Ele, Ela, etc.. Pode ter ainda mais 2 sub-
categorias
Omnisciente – O público sabe tudo o que o narrador sabe.
Limitado – O público acompanha alguns personagens ou cenários mas não sabe
o que se passa com outras pessoas ou em outros lugares.
8. Cenário – Local onde se passa a história, tanto no tempo (época, ano, estação, dia)
quando geograficamente (cidade, país, estabelecimento, etc.)
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estimação? Ambos os pais estão vivos? Trabalham com o quê? Quais são
seus sonhos? E a maior decepção que já viveram?
4. Um enredo intrigante – Pense no que o seu protagonista quer. Coloque
algum obstáculo desafiador. Crie consequências inesperadas. Faça com que ele
passe por uma difícil escolha moral.
5. Primeiro parágrafo intrigante – Escreva algo que deixe o leitor com vontade de ler o
primeiro capítulo. Apresente um problema ou situação inusitada que faça ele “exigir” que
você explique em breve!
1. MacGuffin
2. Deus Ex Machina
3. Chekhov’s Gun
4. Foreshadowing
5. Red Herring
6. Flashback / Flashforward
7. “Save The Cat”/ “Pet The Dog
8. Lampshading
9. Cliffhanger
10. In Media Res
11. Eucatástrofe
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1. MacGuffin
Na ficção, MacGuffin (às vezes McGuffin ou Maguffin) é um dispositivo do enredo, na forma de
algum objetivo, objeto desejado, ou outro motivador que o protagonista persegue, muitas vezes
com pouca ou nenhuma explicação narrativa. A especificidade de um MacGuffin, normalmente, é
sem importância para a trama geral. O tipo mais comum de MacGuffin é um objeto, lugar ou pessoa.
Outros tipos abstratos incluem dinheiro, vitória, glória, sobrevivência, poder, amor, ou alguma
inexplicável força motriz.
A técnica MacGuffin é comum em filmes, especialmente de suspense. Normalmente o MacGuffin é
o foco central do filme no primeiro ato, e posteriormente, diminui em importância. Ele pode
reaparecer no clímax da história, mas às vezes, é esquecido no final da história.
História e uso
Como observado por Marjory Ward, "o uso do MacGuffin como um dispositivo de enredo antecede
a este moderno apelido. Por exemplo, o Santo Graal na Lenda Arturiana poderia ser considerado o
início do MacGuffin, fazendo o enredo mover como um bom MacGuffin deve fazer".
Objetos que servem como MacGuffins são familiares na narrativa de ficção. Por exemplo, uma
pequena estatueta fornece tanto o homônimo título e o motivo da intriga em O Falcão Maltês. O
nome "MacGuffin" foi cunhado pelo roteirista inglês Angus MacPhail, embora popularizada
por Alfred Hitchcock em 1930, mas já era utilizado anteriormente. A atriz Pearl White chamava
de weenie para identificar qualquer objeto (um rolo de filme, uma rara moeda, diamantes, etc.) que
impulsionava os heróis, e, muitas vezes, os vilões, bem como, para perseguir uns aos outros por
meio dos enredos de Os Perigos de Paulina e o outro filme mudo, no qual ela estrelou.
Alfred Hitchcock
O diretor e produtor Alfred Hitchcock popularizou o termo "MacGuffin" e a técnica com seu filme Os
39 Degraus, um exemplo precoce do conceito.[6] Hitchcock explicou o termo "MacGuffin" em 1939,
em uma palestra na Universidade de Columbia em Nova York:
É um nome Escocês, tirado de uma história sobre dois homens em um trem. Um homem diz, "o que
há neste pacote acima da bagagem?" E o outro responde, "Oh, é um MacGuffin". O primeiro
pergunta, "o que é um MacGuffin?" "Bem," disse o outro homem, "é um aparelho para a
interceptação de leões nas terras altas da escócia." O primeiro homem diz, "Mas não há leões nas
terras altas da escócia," e o outro responde, "Bem, então, não há MacGuffin!" Então você vê que
um MacGuffin é, na verdade, nada.
Entrevistado em 1966 por François Truffaut, Hitchcock, explicou o termo "MacGuffin" usando a
mesma história.
Hitchcock utilizou o termo "MacGuffin", para afirmar que seus filmes não eram o que pareciam ser
na superfície. Hitchcock também relacionou esse episódio em uma entrevista no documentário de
televisão para Richard Schickel, The Men Who Made the Movies, e em uma entrevista com Dick
Cavett.
De acordo com o autor Ken Mogg, o roteirista Angus MacPhail e um amigo de Hitchcock, pode ter
originalmente cunhado o termo
George Lucas
Nos comentários da trilha sonora no DVD de Star Wars Episódio IV: Uma Nova Esperança,
o escritor e diretor George Lucas descreve R2-D2 como "a principal força motriz do filme ... o que
você chama no mundo do cinema de MacGuffin ... o objeto que todo mundo procura". Em
entrevistas para televisão, Hitchcock definiu um MacGuffin como o objeto em torno do qual o enredo
gira, mas o que esse objeto, especificamente, é, ele declarou, "O público não se importa". Em
contraste, Lucas acredita que o MacGuffin deve ser poderoso e que "o público deve se preocupar
com ele, quase tanto como o duelo dos heróis e vilões na tela".
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Yves Lavandier
Para o cineasta e teórico da dramartugia, Yves Lavandier, no sentido estritamente Hitchcockiano,
um MacGuffin é um segredo que motiva os vilões. Em North by Northwest o suposto MacGuffin é
nada que motiva o protagonista; O objetivo de Roger Thornhill é livrar-se da situação que a
confusão de identidade criou, e o que importa para Vandamm e CIA é de pouca importância para
Thornhill. Uma semelhante falta de poder de motivação aplica-se a alegação de MacGuffins em The
Lady Vanishes, Os 39 Degraus, e Foreign Correspondent. Em um sentido mais amplo, diz
Lavandier, um MacGuffin denota qualquer justificação para o conflito externo ao local inicial da obra.
Exemplos
Exemplos no cinema incluem o Falcão Maltês no filme de mesmo nome; o significado de "Rosebud"
em Cidadão Kane (1941); o Pé de Coelho em Missão: Impossível III (2006); o colar Coração do
Oceano no Titanic. Tanto no cinema e na literatura, o Santo Graal é muitas vezes usado como um
MacGuffin. O clássico cult surreal Monty Python e o Santo Graal é pouco estruturado em torno de
uma cavalaria que busca pela relíquia sagrada.
Exemplos na televisão incluem vários artefatos de Rambaldi em Alias; o orb em As Aventuras de
Brisco County, Jr.; e Krieger Waves Star Trek: A Próxima Geração no episódio "Uma Questão de
Perspectiva". Carl Macek criou protocultura como um MacGuffin para unir as histórias dos três
anime que compôs Robotech, enquanto o Hellmouth em Buffy the Vampire Slayer foi descrito como
uma espécie de topológico MacGuffin - "um atalho, em vez de explicação científica" como Joss
Whedon colocá-lo.
Exemplos na literatura incluem o set de televisão no romance de Wu Ming, 54; e o contêiner
em Spook Country de William Gibson.
No jogo online, The Kingdom of Loathing, o personagem do jogador deve, completar uma longa e
complicada missão chamada player name and The Quest for the Holy MacGuffin. Que envolve ir a
vários locais ao seguir pistas no diário do pai do personagem e recolher vários itens. Eventualmente,
ele termina em uma batalha com o chefão e MacGuffin é retornado para o conselho. O jogo nunca
revela o que exatamente ele é ou como ele vai ajudar a salvar o reino.
Na discussão sobre Indiana Jones e o Reino da Caveira de Cristal , onde o crânio de cristal foi visto
como um insatisfatório MacGuffin, Steven Spielberg disse: "eu simpatizo com pessoas que não
gostam do MacGuffin, porque eu nunca gostei do MacGuffin".
https://ambrosia.com.br/filmes/entenda-o-que-e-um-macguffin-com-11-exemplos-classicos/
“Pode ser um nome escocês, tirado de uma história sobre dois homens em um trem. Um homem
diz: ‘O que é o pacote lá em cima no bagageiro? E o outro responde: ‘Oh, isso é um McGuffin.’ Daí
o primeiro pergunta: ‘O que é um McGuffin?’ ‘Bem’ o outro homem diz: ‘É um aparelho para capturar
leões nas montanhas escocesas’. O primeiro homem diz: ‘Mas não há leões nas montanhas
escocesas’, e o outro responde ‘Bem, então isso não é McGuffin!’ Então você vê, um McGuffin não
é nada”. (Alfred Hitchcock, entrevista com François Truffaut, agosto de 1962).
Essa foi uma resposta a uma das várias perguntas que o cineasta francês Fraçois Truffaut fez a
Alfred Hitchcock. Na ocasião, Truffaut preparava um livro sobre o mestre do suspense. Essa
resposta esclarecia, ou melhor, confundia ainda mais, o que vem a ser “MacGuffin”.
Expressão criada deliberadamente por Hitchcock, “MacGuffin” nada mais é do que um objeto que
motiva os personagens e avança a história, mas tem pouca outra relevante para a história em si. E
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não necessariamente um objeto, mas também pode ser uma pessoa, animal e até um sentimento,
ou sensação.
Neste conto de fadas passado na China do século XIX, o MacGuffin é uma espada mística.
Quem a manuseia tem suas habilidades marciais potencializadas. Na verdade, não há nada
de sobrenatural espada de Li Mu Bai (Chow Yun Fat). Ela é o símbolo de seu desejo de
abandonar a vida do guerreiro, que é por isso que ele passa a maior parte da trama tentando
obtê-la de volta.
6
Vertigem (Um Corpo Que Cai, 1958)
7
O Santo Graal (Monty Python e o Cálice Sagrado, 1975)
8
A Arca da Aliança (Os Caçadores da Arca Perdida, 1981)
9
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2. Deus ex machina
Publicado em: 31/03/2015
https://www.spescoladeteatro.org.br/noticia/ponto-afinal-o-que-e-o-deus-ex-machina
Artifício usado por alguns escritores ou dramaturgos, o deus ex machina é uma expressão latina,
de origem grega, que significa literalmente “deus surgido da máquina” e é utilizada para indicar uma
solução inesperada, improvável e mirabolante para terminar uma obra ficcional.
No teatro grego, a técnica artificial de precipitar o desenlace das tragédias, apresentava
subitamente uma divindade em cena, que surgia por meio de um mecanismo que a fazia descer do
teto, com o objetivo de resolver uma situação ou desemaranhar um enredo. Usado exatamente
para alinhavar as pontas deixadas sem solução no texto. Eurípides foi o autor que mais usou deste
recurso, a tal ponto que foi criticado por Aristóteles, que o censurou em sua obra “Poética”. Segundo
o filósofo grego, ao deus ex machina deve-se recorrer apenas em acontecimentos que se dão fora
do drama ou no passado, fatos anteriores aos que se desenrolam em cena ou ao que o homem é
vedado conhecer.
O crítico Sábato Magaldi, em seu livro “Panorama do Teatro Brasileiro”, referindo-se à obra de
Martins Pena, diz: “Os finais são possibilitados, muitas vezes, por um deus ex machina
inconvincente. Em “Os dois ou O Inglês Maquinista”, o marido, que se supõe morto há dois anos
no Rio Grande do Sul, reaparece no momento oportuno. A carta é o deus ex machina que leva o
diletante à morte, baixando em seguida o pano. Propicia o fim de “Os Três Médicos” a notícia de
que morreu o chantagista, móvel dos acontecimentos. Ao oferecer cada aos dois filhos casados
que moram com a sogra, o pai de “Quem Casa Quer Casa” traz o happy end da comédia. Em “Os
Ciúmes de um Pedestre”, o deus ex machina é o mais inverossímel, por pretender, exatamente,
ridicularizar o recurso comum no melodrama: o pai, que havia lançado a atual mulher do ‘terrível
capitão do mato’ na roda, volta riquíssimo, proprietário de três navios, para fazê-la feliz o resto da
vida”.
Tal recurso pode ter sido exaustivamente usado pelos gregos e pelos dramaturgos que deram
origem ao teatro brasileiro. Contudo, atualmente, tal técnica, prontamente identificável em qualquer
encenação, é fruto de críticas negativas. A utilização de um deus ex machina confere ao dramaturgo
não uma qualidade ou um conhecimento sobre a escrita, mas uma incapacidade de resolução de
sua construção dramaturgica e dos conflitos propostos em seu texto.
Ou seja, no teatro que se faz no século 21 – e mesmo no que se fez no século passado – recorrer
ao deus ex machina revela apenas que o dramaturgo que lançou mão de tal artifício não resolveu
sua trama a contento, mas chegou a um ponto em que diante do emaranhado de sua criação não
conseguiu resolver o que sua imaginação criou. Ou apenas denota uma carência de talento
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dramatúrgico. Nesse caso, é melhor reler e reescrever o texto. Hoje em dia, utilizar um deus ex
machina para descer a cortina não convence. É melhor escrachar de vez e chamar o Super Homem.
Texto: Carlos Hee
3. Chekhov’ s gun
Plano de fundo
O princípio é registrado em cartas de Anton Chekhov várias vezes, com algumas variações; era um
conselho para jovens dramaturgos.
Ernest Hemingway zombou do princípio em seu ensaio "A arte do conto", dando o exemplo de dois
personagens que são apresentados e nunca mais mencionados em seu conto "Fifty Grand".
Hemingway valorizou detalhes inconseqüentes, mas admitiu que os leitores inevitavelmente
buscarão simbolismo e significado neles. A escritora Andrea Phillips observou que atribuir um único
papel para cada detalhe torna a história previsível e a deixa "sem cor".
Escrevendo em 1999, Donald Rayfield observou que na peça de Chekhov, The Cherry Orchard, ao
contrário do próprio conselho de Chekhov, há duas armas de fogo carregadas que não são
disparadas. Os rifles não disparados se encaixam no tema da peça de falta ou ação incompleta.
Variações
E.J. Simmons escreve que Chekhov repetiu o mesmo ponto, o que pode explicar a existência de
diversas variações.
"Nunca se deve colocar um rifle carregado no palco se ele não vai disparar. É errado fazer
promessas que você não pretende cumprir."
(Aqui, a "arma" refere-se a um monólogo que Chekhov considerou supérfluo e sem relação com o
resto da peça.)
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"Remova tudo o que não tem relevância para a história. Se você disser no primeiro ato que há um
rifle pendurado na parede, no segundo ou terceiro ato ele deve disparar. Se não vai ser disparado,
deve estar nela. — Sergius Shchukin (1911) Memórias.
"Se no primeiro ato você pendurou uma pistola na parede, então no seguinte ela deve ser disparada.
Caso contrário, não a coloque lá."
Exemplos
O princípio é executado literalmente em muitos dos filmes de James Bond, nos quais o espião
recebe novos dispositivos no início de uma missão - como uma arma de dardos oculta e ativada
pelo pulso - e normalmente cada dispositivo serve um papel vital na história
4. Prenúncio(Foreshadowing)
O escritor pode implementar o prenúncio de muitas maneiras diferentes. Algumas dessas formas
incluem: diálogos de personagens, eventos de enredo e mudanças no cenário. Até mesmo o título
de uma obra ou de um capítulo pode funcionar como uma pista que sugere o que vai acontecer. O
prenúncio na ficção cria uma atmosfera de suspense na história, fazendo com que os leitores se
interessem e queiram saber mais.
Esse artifício literário é geralmente usado para criar antecipação nas mentes dos leitores sobre o
que pode acontecer a seguir, adicionando assim tensão dramática a uma história. Além disso, o
prenúncio pode fazer com que eventos extraordinários e bizarros pareçam críveis, alguns eventos
são previstos para fazer o público se sentir antecipado por eles.
As dicas podem ser sobre eventos futuros, revelações de personagens e reviravoltas na história
para criar clima, transmitir o tema e construir suspense, geralmente para sugerir os bons eventos
que provavelmente se cruzarão ou acontecerão com o personagem principal mais tarde.
A trama pode ser adiada por situações ou eventos para dar a impressão de que algo importante
ocorrerá para criar antecipação e enfatizar a importância para eles, dando ao público uma série de
perguntas, especialmente após ganchos.
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Este dispositivo literário é frequentemente adaptado para uso por compositores de música teatral,
na composição de óperas, musicais, rádio, cinema, televisão, jogos, podcast e partituras e
sublinhados da Internet e música incidental para produções teatrais faladas.
Concepções
O foreshadowing pode ser realizado pelo uso de eventos baseados em histórias ou fictícios que
podem trazer diálogos originais, investimento emocional na trama, como para o personagem
principal, personagens desconhecidos e presentes.
Os flashforwards movem o enredo para frente no tempo, onde anteriormente revelados ou novos
traços de personagens, eventos ou temas são trazidos para a história. Eles podem embelezar
pontos da trama passados ou atuais.
Equívocos
Um arenque vermelho é um índio projetado para enganar o público. Prenunciar apenas sugere um
resultado possível dentro do confinamento de uma narrativa e leva os leitores na direção certa.
Uma projeção do futuro (flash-forward) é uma cena que avança a narrativa no tempo a partir do
ponto atual da história na literatura, cinema, televisão e outras mídias. O prenúncio às vezes é
empregado por meio de personagens que preveem explicitamente o futuro. O flashforward ocorre
quando as cenas são mostradas fora da ordem cronológica em uma narrativa não linear, e a
cronologia é inconsistente em uma ordem anacrônica, de modo a fazer o leitor ou o público pensar
sobre o clímax ou revelações.
A arma de Chekhov determina que tudo o que é supérfluo deve ser excluído. Em relação ao
foreshadowing, o crítico literário Gary Morson descreve seu oposto, sideshadowing. Encontrada
principalmente nos romances épicos de Leo Tolstoy e Fyodor Dostoevsky, é a prática de incluir
cenas que acabam não tendo relevância para o enredo. Isso, de acordo com Morson, aumenta a
verossimilhança da ficção porque o público sabe que na vida real, ao contrário dos romances, a
maioria dos eventos é de fato inconsequente. Essa "sensação de falta de estrutura" convida o
público a "interpretar e questionar os eventos que realmente acontecem".
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5. Arenque vermelho (Red herring)
A escritora de prosa policial Agatha Christie foi uma das que melhor utilizou da técnica. Sua prosa
aponta sempre para um caminho óbvio e outro nada óbvio. Seus “red herrings” são exatamente
aqueles mais fáceis de serem notados e, como marca registrada da autora, os que no final não
seriam os culpados pelo crime em questão. Alguém aqui se recorda do personagem chamado Ruivo
Herring de Scooby-Doo? O nome do personagem em inglês é Red Herring e sua função principal
nas tramas do desenho de investigadores era a de ser sempre o suspeito mais óbvio. Produzia
sempre a falsa pista, a cortina de fumaça.
Red herring é um substantivo que quer dizer: algo, especialmente um sinal/pista que é
enganoso/incorreto e que provoca distração de uma questão realmente importante/relevante. Em
português, para essa finalidade, usamos os termos “manobra de diversão”, “pista falsa” ou
simplesmente as palavras “engano”, “engodo”, “distração”.
Ao escrever uma história de suspense, com investigação, com busca de evidências de culpados
por algo, o recurso de pista falsa é clichê, mas efetivo. A arte de enganar o leitor, por outro lado, se
não bem executada pode afastar e transformar a obra em um caos de efeito negativo.
Quando uma ministra tem o timing perfeito para abafar crises do governo com suas frases de efeito,
é fácil observar o que Cobbet apontou para a imprensa da capital inglesa no início do Século XIX.
Somos enganados, desviados de foco a todo momento. Não é sobre meninos vestindo azul,
meninas usando rosa (fala da ministra Damares Alves, em 2019). Nem sobre Jesus numa árvore e
outras fantasias (também episódio narrado pela ministra Damares).
Enquanto debatemos de forma estéril essas loucuras, o autor da história principal está brincando
de cometer seus crimes. O problema é que na ficção é comum que no final tudo se resolva, que
o red herring seja desmascarado e a verdade venha à tona. Nesse Brasil, não quer dizer que somos
todos mocinhos. Quer dizer que há vilão com a caneta na mão e nenhuma certeza de que podemos
ter um final feliz.
O humor infantil produzido massivamente pela e para as redes sociais, gerando reverberação em
outras mídias e nas rodas de conversa, são apenas cortinas de fumaça para um Brasil mais denso,
cujos autores não desejam que sejam o centro das atenções. Não caiam na facilidade do humor e
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do deboche. Esse texto mesmo pode ser apenas uma distração para que você não dê atenção para
outras coisas, ou não.
6. Flashback / Flashforward
Então o seu protagonista é do tipo que não mede esforços para ajudar os fracos e
oprimidos. E aí você quer que seu leitor associe essa imagem a ele, mas sabe que
afirmar “Fulano é corajoso, gentil e bonzinho” não é a melhor maneira de fazer isso.
Você precisa mostrar.
“Save The Cat” é a cena clássica de introdução dos bonzinhos. Aquela em que o
protagonista aparece salvando o gato que ficou preso na árvore, ajudando a velhinha
a atravessar a rua ou oferecendo comida para os necessitados.
Se abordada dessa forma direta, pode ser sim. Assim como a personalidade desse
protagonista.
Mas vamos dar um passos para trás e entender o conceito em jogo aqui.
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A personagem não precisa ser o bonzinho clássico: valente, incorruptível e sempre
altruísta. O propósito do “Save The Cat” é fazer o leitor enxergar um traço de
gentileza. Então a personagem pode ter medos, anseios e inseguranças, que a
impeçam de salvar o gato na árvore; mas isso não significa que ela não possa ser
gentil.
Talvez na cena ela brinque com uma criança, leve um café para o amigo que passou
a noite trabalhando ou segure a porta para um desconhecido.
Não que isso seja um pré-requisito, mas as primeiras impressões moldam todas as
demais. Então se a gentileza for uma característica importante é bom mostrá -la logo.
Só que para não forçar tanto a barra, você não precisa construir toda a cena em
volta do ato de gentileza. Em alguns casos, uma casualidade funciona melhor.
Lembre-se que é sempre bom usar uma cena para vários propósitos. Faça uma lista
de características da personagem e defina quais devem ser mostradas na primeira
impressão. Você pode querer mostrar a gentileza, mas também alguma fraqueza ou
defeito. Então arquitete a cena de acordo.
Mas pode ser também que a personagem fique mais gentil conforme a história
avança. Então ter um “Save The Cat” no meio da trama é uma ótima forma de
mostrar isso (exemplo daqui a pouco).
Uma variante ainda mais atenuada é chamada de “Pe t The Dog”. Essa é quando a
gentileza não é uma característica principal. A personagem pode ser apática ou
mesmo cruel. Pode ser um anti-herói ou o antagonista.
Mas ainda assim você quer oferecer a esperança de que os valores dela possam ser
subvertidos. Quer que o leitor acredite que há um potencial de bondade. E, nesse
caso, você pode mostrar os valores corrompidos e temperar a cena com um ato tão
simples quanto o de acariciar um cachorro.
No início de “As Crônicas de Gelo e Fogo”, Jaime Lannister apa rece como um dos
mais cruéis antagonistas. Ainda assim, ele é o único da sua família que se importa
com Tyrion. E essa relação instala um “hmm, ele não é todo mau”.
Lá pelo terceiro livro ele tem a sua inversão de valores. Inclusive ganha um “Save
The Cat” apropriado: finalmente livre para seguir a Porto Real com os próprios pés,
ele decide voltar para Harrenhal e resgatar Brienne.
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8. Lampshading
Já falamos algumas vezes que o escritor precisa saber lidar com a descrença dos
leitores. A última coisa que você vai querer é que eles saiam da imersão.
Só que a história precisa seguir em frente e, às vezes, para sustentar um bom fluxo,
acabamos recorrendo a um truque forçado. Uma coincidência estranha, uma reação
inusitada ou só uma falta de originalidade.
É claro que isso pode ser usado com vários propósitos. Colocá-lo no gancho principal
ou na solução final (ver Deus Ex Machina) é arriscado. Mas se for para criar uma
motivação extra, um desenvolvimento mais profundo, um conflito mais sério ou até
para corrigir um desvio do protagonista, pode funcionar.
Mas com ou sem preparação, você pode também chamar atenção para o truque. Ao
invés de tentar camuflá-lo e esconder sua improbabilidade (ou falta de
originalidade), deixe-a explícita, diga ao leitor que você sabe que aquilo soa
forçado. Isso é o lampshading.
O lampshading não deixa o truque menos improvável (nem mais original), mas a
intenção é trazer o leitor de volta para imersão assim que a descrença for instalada.
Para isso você precisa saber o pensamento que tira a imersão e colocá -lo dentro do
livro, como se dissesse “eu sei que você tá pensando isso, minhas personagens
também; é, eu sei, é meio forçado, mas confia em mim e vamos prosseguir”.
No caso da prova, um amigo pode dizer: “nossa, você tem uma sorte danada!”, e aí
você responde: “acho que isso nunca mais vai acontecer”.
É, eu sei, esse é um recurso que pode não ser lá muito satisfatório, mas confia em
mim e vamos prosseguir…
Dependendo do uso, o lampshading pode até trazer a imersão de volta, mas abalar
a confiança do leitor pro resto da história. Quanto maior for a improbabilidade e
quanto maior for a importância do ato para a trama, maiores as chances da confiança
ser abalada.
O filme “Núcleo” começa com um cientista enumerando todas as razões de por que
não dá para escavar até o núcleo da Terra. E aí tudo isso é descartado com a
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pergunta de um militar: “tá, mas e se fosse possível?”. Além de improvável, esse é
o gancho principal; pode até não tirar a imersão, mas te deixa com um pé atrás
durante o resto do filme.
Por outro lado, em “Onde os Fracos não têm Vez”, o lampshading é usado para
atenuar um clichê. Quando Carla percebe que vai ser assassinada, ela diz pro
Chigurh: “você não precisa fazer isso”, e ele responde: “as pessoas sempre dizem
as mesmas coisas”.
Como resgatar seus protagonistas que estão prestes a morrer, sozinhos, no meio do
espaço? Douglas Adams admitiu a improbabilidade de salvar Arthur e Ford de uma
situação dessas. Na verdade, ele até a estimou como uma chance em 2 elevado a
276709.
É, realmente bem improvável. E aí, ainda assim, eles são resgastados. A solução?
Um motor de improbabilidade infinita, que aumenta infinitamente as probabilidades
dos eventos.
9. Cliffhanger
Cliffhanger (em português, literalmente, "à beira do precipício" ou "à beira do abismo") é um recurso
de roteiro utilizado em ficção, que se caracteriza pela exposição do personagem a uma situação
limite, precária, tal como um dilema ou o confronto com uma revelação surpreendente. Geralmente,
o cliffhanger é utilizado para prender a atenção da audiência e, em casos de séries ou seriados,
fazê-la retornar ao filme, na expectativa de testemunhar a conclusão dos acontecimentos que o
público espera ser chocante.
O termo teve sua origem por volta do início do século XX, e foi dicionarizada em 1937, no Oxford
English Dictionary. Na época o recurso foi utilizado como fim de episódio para os seriados
do cinema mudo, quando o personagem ficava literalmente “à beira do precipício”, e muitas vezes
as frases "To be continued," ou "The End?" instigavam a curiosidade da audiência para o próximo
episódio.
Explicação psicológica
A ideia do cliffhanger como arremate de episódio se constrói sobre o valor do suspense como
garantia de audiência futura, em que o espectador aguarda com ansiedade o desenrolar da solução,
a despeito de essa solução ser, de certa forma, previsível. A situação envolvida
no cliffhanger permanece clara na memória do espectador, mantendo-o interessado na história,
mesmo com um intervalo considerável entre a situação apresentada e a solução oferecida. Seria o
que se pode chamar, em psicologia, de Efeito Zeigarnik. Tal efeito estabelece que as pessoas
costumam se recordar de tarefas incompletas ou interrompidas melhor que de tarefas completadas.
A psicóloga soviética Bluma Zeigarnik estudou tal fenômeno pela primeira vez, depois que seu
professor Kurt Lewin, psicólogo Gestalt, notou que um garçom tinha maiores recordações dos seus
pedidos não pagos do que dos demais. O Efeito Zeigarnik sugere que estudantes que suspendem
seu estudo durante algum tempo, durante o qual fazem atividades não relacionadas àquele estudo
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(tais como estudar matérias diversas ou jogar), vão lembrar a matéria melhor do que os que
completaram a sessão de estudos, sem interrupção.
Na psicologia Gestalt, o Efeito Zeirganik tem sido usado, geralmente, para demonstrar a presença
do fenômeno Gestalt: não apenas aparecendo como efeito perceptual, mas também como presente
na cognição.
História
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Um outro exemplo cinematográfico, possivelmente o mais famoso cliffhanger, foi o fim do filme de
1969, The Italian Job (Um Golpe à Italiana), onde o veículo usado na fuga ficava literalmente
balançando à beira do abismo.
Seriados e séries de TV
Esse é um cliffhanger literal. Mas tenho certeza que você conhece o recurso; é aquele fim de
capítulo que te deixa com o coração na mão, ansioso para saber o que vai acontecer em
seguida.
E, falando assim, parece um elemento imprescindível para sua história, certo? Você quer que
o leitor continue virando as páginas ou não?
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Bem, vamos com calma. Não é todo gênero que precisa ter um cliffhanger amarrado em outro.
Não me lembro, por exemplo, de ter lido uma fantasia capa e espada que tenha imprimido
tanta urgência assim na maioria das páginas. Como já dissemos em outros artigos, é
interessante ter momentos de baixa tensão para contrastar com os de alta (o que não significa
monotonia).
Mas se você estiver escrevendo um suspense curto, suprimir as baixas e manter o leitor
vidrado pode ser tão interessante quanto.
A dica mais importante sempre será conhecer melhor o que você está escrevendo e o que o
leitor vai esperar de seu livro.
Dito isso, um cliffhanger espontâneo é sempre uma alternativa válida. Principalmente se você
estiver na sequência final de um arco e quer que a tensão continue subindo…
Ótimo! Mas, se for usá-lo, estude-o com carinho. Se feito certo, pode sim fa zer o seu leitor
ficar acordado até mais tarde. Mas se feito errado, pode afastar até o mais fiel deles…
Há duas coisas que podem estragar um cliffhanger: não ter sido bem apresentado e não ter
tido uma entrega satisfatória.
1. Montando o Cliffhanger
Às vezes temos uma boa entrega para vir logo no capítulo seguinte, mas não criamos o
suspense necessário. Uma coisa é surpreender o leitor com a essência da resposta, outra é
surpreendê-lo com o momento da entrega.
Um cliffhanger anuncia que uma resposta está por vir e deixa o leitor ansioso por ela. Não
importa se é uma resposta já aguardada há três livros ou há uma página. Não importa se é
uma grande revelação ou só o resultado do último conflito. O que importa é o que leitor está
ansioso para saber.
Por outro lado, se você fizer uma entrega excelente, mas o leitor não se importar com ela
naquele momento, o potencial da sua história é contido. Você perde uma chance de cativar o
leitor e de, quem sabe, torná-lo seu fã.
Pois bem, um cliffhanger é uma das maneiras de garantir que ele estará interessado no que
vier. Só que para montá-lo, não basta apenas pensar em uma cena, colocar a tensão lá em
cima e interrompê-la na metade.
Pense nessa situação: o protagonista está amarrado e indefeso, e o vilão passa páginas e
páginas brincando com ele. Aí a cena é interrompida logo antes da revelação de que o
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protagonista vai conseguir escapar. Preste atenção: antes dele es capar. Nessa cena não houve
muitas mudanças, não é?
O leitor até pode está querendo saber o que vai acontecer, mas esse desejo já foi arrastado
por páginas e páginas; agora ele pode muito bem colocar o livro de lado e deixar pra descobrir
mais tarde. Durante esse tempo, que o vilão continue brincando com o protagonista…
Porém, antes do capítulo terminar pode haver uma mudança brusca na cena. Talvez o vilão
finalmente tenha se cansado e vai executar o protagonista ou a cena termina logo depois da
revelação de que ele se soltou. Seja como for, é essa mudança que faz o leitor se perguntar “e
agora?”, e é essa pergunta que vai levá -lo até o próximo capítulo.
As alternativas sugeridas até criam uma mudança rápida antes da interrupção, mas não
podemos dizer que elas sejam tão inesperadas assim. Então, para agitar mais as coisas, insira
a aparição daquela personagem que todos achavam que estivesse morta…
Só que nem todo cliffhanger precisa fazer alusão é algo grandioso pra trama principal.
Pequenas surpresas podem funcionar tão bem quanto as grandes. O protagonista podia estar
em casa e a personagem que apareceu não precisava estar morta, talvez todos achassem que
ela somente estivesse a milhares de quilômetros dali. Mas então ela bate à porta.
Irei repetir aqui: um bom cliffhanger é uma mudança brusca e inesperada. E pode ser montado
em cima de:
Uma ação: “Lian abriu os dedos e assistiu à flecha atravessar o peito de Tom.”
Um resultado (geralmente a falha de uma ação): “Ela saltou e esticou os braços, mas a corda lhe
escapou entre os dedos.”
Uma informação percebida: “As luzes apagaram e tudo o que ele ouvia era a própria respiração.
Deixou a solidão se instalar e encontrou a calma. Mas o silêncio não durou muito. Havia mais
alguém no quarto.”
Uma informação descoberta: “Eu estou grávida, pai.”
Uma decisão: “Estava decidido: ele partiria amanhã mesmo.”
2. Entregando a Promessa
Tenha em mente que o cliffhanger é uma promessa, e uma promessa grande e rápida. Se você
não souber manejá-la, irá deixar seu leitor insatisfeito. Caso você abuse do recurso, pode
perdê-lo para sempre.
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Tão ruim quanto é deixar o leitor se perguntando se perdeu algo. Você faz uma promessa
grande e entrega metade, aí as personagens continuam como se aquilo fosse tudo o que elas
estavam esperando.
Terminar o livro com um cliffhanger pode ser ainda mais grave. Certo, isso pode mesmo
incentivar o leitor a continuar acompanhando a série; há, in clusive, várias que fazem um
excelente uso disso, mas outras nem tanto…
“As Crônicas de Gelo e Fogo” fazem isso muito bem, em especial A Tormenta de Espadas.
Spoiler
Por outro lado, “The 100” já abusou um pouco do recurso — para o meu estilo, ele abusou um
tanto demais. Achei o primeiro volume esticado, acontece pouca coisa e menos ainda é
revelado, parece que todos os núcleos estão enrolando, esperando que aquele fina l aconteça.
O cliffhanger acabou soando forçado, como se fosse uma tentativa da Kass de dizer “viu, tem
algo muito maior por trás de tudo isso; eu sei que eu só te enrolei essas 200 páginas, mas vai
lá, compra o segundo livro que eu vou compensar”. Até pod e ser, mas eu ainda não dei essa
chance para ela.
(Não cheguei a assistir à série, mas ouvi dizer que o cliffhanger do primeiro livro é o cliffhanger
do primeiro episódio… aí já temos uma diferença gigante ^^)
Então se for usá-lo no fim de um livro, respeite o tempo que o leitor investiu. O fim pode sim
abrir novas perguntas, só o suficiente para despertar a curiosidade. Mas não se esqueça de
responder boa parte das antigas e amarrar as pontas soltas. O leitor precisa terminar se
sentindo satisfeito com o que descobriu, mesmo que ainda haja muito mais para ser
descoberto.
Uma dica é enfatizar as perguntas que serão respondidas naquele volume e pincelar as que
virão em seguida. Assim o leitor fica satisfeito com a entrega das suas promessas mais
insistentes, mas ciente de que há algo maior por vir.
Vou aproveitar a deixa para enfatizar que é interessante fazer isso com ou sem cliffhanger no
final.
Pense em Harry Potter. Cada livro tem um tema principal que é bem desenvolvido e bem
amarrado, sem tirar o espaço da trama principal. Em “A Câmara Secreta”, você sabe que tem
todo o lance do Voldemort para ser resolvido, mas o assunto principal ali é a câmara. As
perguntas que atormentam as personagem a maior parte do tempo são relacionadas à câmara.
E é da câmara que vem a maior entrega do livro.
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10. In Media Res
Início de histórias podem ser lentos. Você começa oferecendo uma boa ambientação,
mostrando quem são as personagens, como elas agem em um dia comum, quais são
suas relações e como é o cenário. E só então chega ao evento que mudará para sempre
suas vidas.
Só que isso pode ser lento demais. Seu leitor pode ficar impaciente, afinal ele precisa
de um motivo para investir o tempo em sua história. Você sabe disso, mas diz que essa
parte é fundamental para uma boa compreensão e que o tempo investido valerá a pena.
Tudo bem, eu entendo. Às vezes essa apresentação é mesmo importante. Mas você
precisa oferecer algo para o leitor, algo para que ele tenha certeza de que eventos
excitantes se aproximam.
E daí chegamos no In Media Res, que significa literalmente “começar no meio das
coisas”.
Você abre o livro em uma parte empolgante, geralmente em uma cena de ação. Seu
protagonista está em uma batalha épica, em uma perseguição frenética ou prestes a
fazer a escolha mais importante da sua vida.
Uma boa cena de abertura é aquela que não só consegue envolver o leitor, mas também
planta a curiosidade necessária para que ele queira saber como as coi sas chegaram
àquele ponto. E é essa curiosidade que o fará enfrentar as páginas mais paradas.
Se você vem acompanhando essa série de recursos narrativos, pode já imaginar o que
irei dizer agora…
Cuidado. Usar o In Media Res não é garantia que sua histó ria terá um início melhor.
Se mal executado, pode confundir o leitor. Além disso, não é a única maneira de
conquistar a atenção.
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Fornecer somente tensão até pode amarrar o leitor durante a primeira cena, mas isso
não significa que o recurso foi bem utilizado. A impressão que ele fará do que virá a
seguir é tão importante quanto.
Embora a maioria use o recurso com uma cena de ação, priorizando colocar a tensão
lá em cima, é possível ter um In Media Res com uma cena mais parada.
Pense bem, você já tem sua cena inicial. E tem um motivo para ter feito essa escolha.
Então o evidencie logo no início; se não diretamente, faça um prenúncio.
Se você vai começar no meio da tensão, instale-a nas primeiras palavras. Um bom
exemplo disso é do livro “The Dew Breaker” (ainda sem tradução oficial): “Meu pai se
foi. Eu estava jogada em uma cadeira de alumínio entre dois homens, um era o gerente
do hotel onde estávamos e o outro, um policial. Eles queriam que eu explicasse o que
aconteceu com ele, o meu pai.”
Um exemplo mais comedido é o início de “As Brumas de Avalon”. A cena é mais parada,
mas funciona muito bem. Morgana está velando o corpo de Arthur e reflete sobre as
mudanças na Bretanha. A primeira frase não instala tensão alguma, mas ins tiga
curiosidade: “Em vida chamaram-me de muitas coisas: irmã, amante, sacerdotisa,
maga, rainha.”
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Lembre-se que ele ainda precisa se importar com elas.
Mas seja qual for a maneira escolhida (talvez até um pouco de cada), outra questão
que deve ser pensada é como a ordem dos eventos vai ser estruturada.
Certo, você começou na metade. E aí? Vai continuar nela, vai voltar para o passado
até que ele chegue no presente ou vai alternar entre os dois tempos?
É o que acontece tanto em “As Brumas de Avalon” quanto em “Dom Casmurro”. Assim
como em “Clube da Luta”: o narrador começa com um revólver na boca no alto de um
edifício prestes a explodir; “Crepúsculo”: Bella está prestes a morrer, o que ela
considera um “sacrifício por amor”; ou “Os 13 Porquês”: Clay está no correio,
repassando o pacote com as fitas cassetes que o perturbaram no dia anterior…
Por algum motivo, me veio muito mais exemplos de jogos que usam o In Media Res
dessa maneira do que de livros. “God of W ar” e “Metal Gear Solid” começam no meio
da ação e deixam que o jogador descubra o seu significado durante o curso da história,
sem volta ao passado.
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É aqui que os flashbacks são amplamente usados. A história segue duas linhas
narrativas, o presente, que evidencia os conflitos mais interessantes, e o passado, que
explica a importância e a origem daqueles conflitos.
Isso é usado para quebrar um bloco inicial maçante, mas necessário. Se a história no
passado estiver muito lenta, tudo bem, o leitor sabe que o presente está agitad o.
Mas mais do que sustentar dois arcos paralelos somente por medo de perder o leitor,
tente oferecer um dinamismo extra ao conectar esses arcos com promessas e entregas
rápidas.
Séries fazem muito isso. Colocam um flashback que explique o que acabou d e
acontecer ou que prepare o que vai acontecer logo em seguida. As histórias não estão
jogadas, aguardando para se conectarem só no fim.
11. Eucatástrofe
Significa uma “boa catástrofe”. É quando as ações das personagens não conseguiriam
impedi-las de terem um fim terrível, porém o destino age e a sorte muda
inesperadamente.
O termo foi cunhado por Tolkien e o exemplo mais famosos é o final do próprio “O
Senhor dos Anéis”. Frodo se rende à vontade do Ane l e a vitória de Sauron parece
certa, mas então Gollum se atrapalha e acaba destruindo o Anel. Apesar de Frodo
sucumbir, o acaso conserta as coisas.
Dito isso, esse não é um recurso que agrade todo tipo de leitor. Para alguns, a
eucatástrofe soa demais como um Deus Ex Machina. E, bem, em alguns casos pode
ser que seja. Mas eles não são a mesma coisa.
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Escrita criativa
https://pt.wikipedia.org/wiki/Escrita_criativa
Na academia
O termo escrita criativa também é usado para designar o ensino da literatura como ofício e arte
dentro da universidade. Pelo mundo, diversas instituições oferecem programas que trabalham com
a formação do escritor, usando o ambiente acadêmico para fomentar a criatividade e o
aprimoramento da técnica por meio da troca de experiência com colegas e outros profissionais.
No Brasil, a PUCRS, que já ofertava a prestigiada oficina literária do professor Luiz Antonio de Assis
Brasil, passou, em 2011, a oferecer mestrado e doutorado em Escrita Criativa, sendo a primeira e
a única universidade brasileira a ter essa área de concentração em seu programa de pós-
graduação[1]. O programa conta com duas revistas eletrônicas: a revista ESCRIVA, dedicada a
textos literários e editada pelos alunos da pós-graduação; e a revista Scriptorium, voltada para
trabalhos acadêmicos e criativos pertinentes à área. Em 2016, a PUCRS passou também a oferecer
uma graduação completa em Escrita Criativa[2].
O Instituto Vera Cruz, de São Paulo, passou a oferecer, também em 2011, um curso de pós-
graduação lato-sensu em escrita criativa[3]. É o único curso desse tipo no país a oferecer duas
possibilidades de concentração de escrita: ficcional e não ficcional [4]. O curso também tem uma
cadeira para a formação de professores de criação literária.
No Rio de Janeiro, a PUC criou em 2010 uma graduação com habilitação em formação de
escritores[5], com coordenação do professor, poeta e tradutor Paulo Henriques Britto.
Oficina literária
Trata-se de uma atividade exercida há muito tempo, porém só formalizada em cursos no início
do século XX. O nome mais comum adotado para esta prática é Oficina Literária, mas encontramos,
também, termos sinônimos, tais como: escola de escritores, laboratório de textos,
de redação criativa, etc. Os norte-americanos talvez sejam o povo onde tais cursos são mais
disseminados. Eles denominam o curso de creative writing e incluíram-no em seus cursos regulares
nas faculdades de letras desde a década de 1930. Na França os denominados ateliers
d`ecritures também recebem tratamento semelhante. Atualmente, no Brasil, temos verificado uma
proliferação destes cursos ministrados dentro e fora do meio universitário.
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