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1. (Ufjf-pism 3 2021) Endechas a Bárbara escrava


Luís de Camões

Aquela cativa
Que me tem cativo,
Porque nela vivo
Já não quer que viva.
Eu nunca vi rosa
Em suaves molhos,
Que pera meus olhos
Fosse mais fermosa.

Nem no campo flores,


Nem no céu estrelas
Me parecem belas
Como os meus amores.
Rosto singular,
Olhos sossegados,
Pretos e cansados,
Mas não de matar.

Uma graça viva,


Que neles lhe mora,
Para ser senhora
De quem é cativa.
Pretos os cabelos,
Onde o povo vão
Perde opinião
Que os louros são belos.

Pretidão de Amor,
Tão doce a figura,
Que a neve lhe jura
Que trocara a cor.
Leda mansidão,
Que o siso acompanha;
Bem parece estranha,
Mas bárbara não.

Presença serena
Que a tormenta amansa;
Nela, enfim, descansa
Toda a minha pena.
Esta é a cativa
Que me tem cativo;
E. pois nela vivo,
É força que viva.

(CAMÕES, Luís de. Lírica: seleção, prefácio e notas de Massaud Moisés. São Paulo:

Glossário
Endechas: estilo de composição poética; poema geralmente melancólico.
Cativo(a): refere-se a quem perdeu a liberdade.
Fermosa: grafia antiga de “formosa”, quem tem bela aparência.
Leda: contente, alegre.
Siso: bom-senso, juízo.

Somos todos iguais! – trecho

2/8/2002 15:381
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Wellington Sabino

[...]
Somos todos iguais
Biologicamente iguais
Mas inexplicavelmente
É o sangue do povo negro que escorre primeiro pelas calçadas
Depois das batidas policiais

Somos todos iguais; perante a lei


Mas perante o cassetete, a pele preta sempre apanha mais
Somos todos iguais, mas não foram os alemães
Nem os japoneses e muito menos os italianos
Que foram escravizados no Brasil por 400 anos
Trabalhando na mira de um capataz

Somos todos iguais


Mas somente os negros africanos foram expostos em zoológicos
Humanos
Pela Europa como se fossem animais
Enquanto você diz: Somos iguais! Até quando?
Até ensinarem na igreja que anjo é loiro e branco
E preta é a cor do satanás?
[...]

(SABINO, Wellington. Somos todos iguais! In ALCADE, Emerson (org.). Negritude


(Coleção Slam). São Paulo: Autonomia Literária, p. 100-103)

Soneto XLVI
Cláudio Manuel da Costa (1729-1789)

Não vês, Lise, brincar esse menino


Com aquela avezinha? Estende o braço,
Deixa-a fugir, mas apertando o laço,
A condena outra vez ao seu destino.
Nessa mesma figura, eu imagino,
Tens minha liberdade, pois ao passo
Que cuido que estou livre do embaraço,
Então me prende mais meu desatino.

Em um contínuo giro o pensamento


Tanto a precipitar-me se encaminha,
Que não vejo onde pare o meu tormento.

Mas fora menos mal esta ânsia minha,


Se me faltasse a mim o entendimento,
Como falta a razão a esta avezinha.

(COSTA, Cláudio Manoel da. Poemas. São Paulo: Editora Cultrix, 1966, p. 21)

Os 3 poemas foram produzidos por diferentes autores em diferentes espaços e tempos


históricos. Contudo, compartilham em suas pautas temáticas a ideia de:
a) Equidade.
b) Igualdade.
c) Justiça.
d) Liberdade.
e) Humanização.

2/8/2002 15:381
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Resposta:

[D]

A ênfase provocada pela repetição dos vocábulos, “cativa” e “cativo” no poema de Camões, o
destaque nas descrições de ações policiais violentas contra o “povo negro” no texto de
Wellington Sabino e a referência ao sentimento de tristeza pelo aprisionamento a que o eu
lírico está sujeito no poema de Claudio Manuel da Costa permitem inferir que todos tematizam
a ideia de liberdade. Assim, é correta a opção [D].

2. (Ufpr 2019) O Uraguai foi publicado pela primeira vez antes da independência do Brasil, em
1769, e narra as disputas entre espanhóis e portugueses pelos territórios do sul do continente,
envolvendo os índios e os jesuítas. No fragmento abaixo, podemos conferir um trecho da fala
do comandante português:

O nosso último rei e o rei de Espanha


Determinaram por cortar de um golpe,
Como sabeis, neste ângulo da terra,
As desordens de povos confinantes,
Que mais certos sinais nos dividissem.
(GAMA, Basílio da. “Canto Primeiro”. O Uraguai. Porto Alegre: L&PM, 2009, p. 47.)

O talento de Basílio da Gama, que transforma o árido assunto em matéria literária, recebe, cem
anos depois, o elogio de Machado de Assis. Ao compará-lo com seu contemporâneo, Tomás
Antônio Gonzaga, o escritor afirma: “Não lhe falta, também a ele, nem sensibilidade, nem estilo,
que em alto grau possui; a imaginação é grandemente superior à de Gonzaga, e quanto à
versificação nenhum outro, em nossa língua, a possui mais harmoniosa e pura”

(MACHADO DE ASSIS. A nova geração. In. Obras completas. Rio de Janeiro: José Aguilar
Editora, 1973. p.815).

Sobre o poema de Basílio da Gama, considere as seguintes afirmativas:

1. O contexto histórico trabalhado no poema de Basílio da Gama é fundamental para o seu


entendimento: a descentralização do poder colonial, protagonizada pelo Marquês de
Pombal, e a disputa de territórios coloniais entre Espanha e Portugal, mediada e pacificada
pelos jesuítas, na segunda metade do século XVIII.
2. Ao longo dos cinco cantos de O Uraguai, compostos em decassílabos sem rima, podemos
perceber a marca da epopeia, na narração da guerra e dos feitos dos heroicos portugueses,
e a presença da sátira, na caricatura dos jesuítas, particularmente na figura do Padre Balda.
3. O grande destaque dado aos índios e à defesa da sua terra, a exaltação lírica da natureza e
a centralidade do par amor/morte, presente na relação de Lindoia e Cacambo, deram ao
poema de Basílio da Gama o lugar de inaugurador do romantismo em todos os manuais de
história da literatura brasileira.
4. Para narrar acontecimentos reais da ação de portugueses e espanhóis na disputa dos
territórios delimitados pelo rio Uruguai, que hoje correspondem ao noroeste do Rio Grande
do Sul e ao norte da Argentina, Basílio da Gama toma o cuidado de inserir apenas
personagens ficcionais no seu poema, para não se comprometer.

Assinale a alternativa correta.


a) Somente a afirmativa 1 é verdadeira.
b) Somente a afirmativa 2 é verdadeira.
c) Somente as afirmativas 2 e 3 são verdadeiras.

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d) Somente as afirmativas 1, 3 e 4 são verdadeiras.


e) As afirmativas 1, 2, 3 e 4 são verdadeiras.

Resposta:

[B]

As afirmativas [1], [3] e [4] são falsas, pois


[1] a obra exalta a política de ação do Marquês de Pombal na guerra Guaranítica para executar
as cláusulas do Tratado de Madrid em 1756, responsabilizando os jesuítas pelo massacre
indígena.
[3] o poema de Basílio da Gama não é considerado inaugurador do romantismo brasileiro,
crédito que é atribuído a “Suspiros poéticos e saudades”, de Gonçalves de Magalhães.
[5] além de personagens ficcionais, o poema apresenta também personagens reais, como
Gomes Freire de Andrade e Sepé.

Como a afirmativa [2] é verdadeira, é correta a opção [B].

3. (Imed 2016) Sobre o arcadismo brasileiro, é correto afirmar que:


a) O arcadismo pregava a ressurreição do ideal clássico, visando resgatar os valores
antropocêntricos do Renascimento.
b) Marília de Dirceu foi um dos grandes poemas do arcadismo, cujo autor, Claudio Manuel da
Costa, apresenta um eu lírico apaixonado, que expõe o conflito do amor de sua amada e a
objeção do pai da moça.
c) Em Caramuru, Frei José de Santa Rita Durão faz uma ode aos heróis indígenas que
habitavam a Bahia, no período da chegada da frota de Pedro Álvares Cabral ao Brasil.
d) Em O Uraguai, o herói Gomes Freire de Andrade divide as honras com Cacambo, herói
indígena. Poemeto épico, Silva Alvarenga traz o período da guerra dos portugueses e
espanhóis contra os indígenas e jesuítas em Sete Povos das Missões do Uruguai, em 1759.
e) Alvarenga Peixoto, em Glaura, apresenta-nos poemas eróticos utilizando-se de técnicas
como a alegoria e o gesto teatral, as quais distingue sua produção de seus contemporâneos.

Resposta:

[A]

O Arcadismo (século XVII) também é nomeado Neoclassicismo, indicando a preocupação que


seus artistas tinham em retomar os valores clássicos, resgate que já havia sido feito pelos
Classicistas (século XV-XVI), durante o Renascimento cultural.

Em [B], Marília de Dirceu é obra lírica de Tomás Antônio Gonzaga. Na primeira parte das Liras,
seu teor é árcade; na segunda parte, a subjetividade se faz presente, conferindo-lhe
características pré-românticas.
Em [C], Santa Rita Durão apresenta, em Caramuru o contato dos europeus com os indígenas
quando do descobrimento do Brasil; não se trata de uma ode em homenagem a eles, e sim
uma narrativa a respeito do português Diogo Álvares Pereira, sobrevivente a um naufrágio, que
vive na tribo dos Tupinambás até retornar a Portugal com sua amada, a índia Paraguaçu.
Em [D], O Uraguai¸ poema com cerca de 1400 versos escritos por Basílio da Gama, retrata
uma expedição de espanhóis e portugueses contra as missões dos jesuítas no Rio Grande do
Sul. Cacambo é um cacique que morre envenenado pelo padre; o general Gomes Freire de
Andrade é simpático aos indígenas.
Em [E], Glaura foi escrito por Silva Alvarenga.

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4. (Ufsm 2015) O momento da refeição sempre foi uma ocasião para conversar. Em O
Uraguai, de Basílio da Gama, o narrador aproveita o banquete dos oficiais, que se segue ao
desfile das tropas portuguesas, no Canto I, para apresentar as causas da guerra, conforme
mostra o excerto a seguir.

[...]
Convida o General depois da mostra,
Pago da militar guerreira imagem,
Os seus e os espanhóis; e já recebe
No pavilhão purpúreo, em largo giro,
Os capitães a alegre e rica mesa.
Desterram-se os cuidados, derramando
Os vinhos europeus nas taças de ouro.
Ao som da 1ebúrnea cítara sonora
Arrebatado de furor divino
Do seu herói, Matúsio celebrava
Altas empresas dignas de memória.
[…]
Levantadas as mesas, entretinham
O congresso de heróis discursos vários.
Ali Catâneo ao General pedia
Que do principio lhe dissesse as causas
Da nova guerra e do fatal tumulto.

Glossário
1
Ebúrnea: relativa ao marfim.

Fonte: GAMA, Basílio da. O Uraguai. 8. ed. Rio de Janeiro: Record, 2008.

A partir da leitura do fragmento, bem como da obra a que pertence, assinale verdadeira (V) ou
falsa (F) em cada afirmativa a seguir.

( ) Ao introduzir, no Canto I, as causas da guerra, percebe-se a preocupação do narrador em


contar a história respeitando a ordem cronológica dos eventos, o que se dá desde o início
do poema.
( ) A guerra, cujas causas são inquiridas por Catâneo, ocupara grande parte do relato, o que
confere a obra seu tom épico, ainda que certas passagens de O Uraguai também
apresentem traços de puro lirismo.
( ) O poema e todo composto em versos decassílabos brancos, predominantemente de ritmo
heroico, como se pode ver claramente no excerto.
( ) A glorificação do General Gomes Freire de Andrade no excerto evidencia que ele e o
herói do poema, símbolo da civilização europeia que chega aos Sete Povos e que se
contrapõe aos indígenas, apresentados no poema como selvagens, sem quaisquer
qualidades heroicas.

A sequência correta é
a) F – V – V – F.
b) V – V – F – F.
c) V – F – F – V.
d) F – F – V – F.
e) V – F – V – V.

Resposta:

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[A]

[I] Falsa. No Canto I, ocorre um banquete após o desfile das tropas portuguesas; durante a
refeição, Catâneo solicitou ao General que lhe relatasse as causas da guerra que culminara
em tumulto e mortes. Ocorre, portanto, relato em flashback.

[II] Verdadeira. O Uraguai é uma obra épica do Arcadismo brasileiro, relatando o conflito entre
portugueses e espanhóis contra índios e jesuítas em Sete Povos das Missões; há, também,
passagens líricas, como o episódio em que Lindoia prefere a morte ao casamento.

[III] Verdadeira. A escansão do poema indica versos decassílabos – a se iniciar com

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Com vi da o Ge ne ral de pois da mos (tra) -

e brancos, uma vez que não há regularidade das rimas.

[IV] Falsa. O trecho em questão realmente mostra a vitória do General Gomes Freire de
Andrade, porém os indígenas foram massacrados devido à superioridade das armas
europeias; como o modelo seguido pelo Romantismo brasileiro em sua primeira fase, os
indígenas foram retratados como bravos e corajosos durante o conflito.

TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:


Observe a pintura e leia o fragmento a seguir para responder à(s) questão(ões).

Vinha logo de guardas rodeado


Fonte de crimes, militar tesouro,
Por quem deixa no rego o curto arado
O lavrador, que não conhece a glória;
E vendendo a vil preço o sangue e a vida
Move, e nem sabe por que move a guerra.

GAMA, Basílio. O Uraguai. In. BOSI, Alfredo. História concisa da literatura brasileira. 43. ed.
São Paulo: Cultrix, 2006. p. 67.

5. (Ueg 2015) Embora O Uraguai seja considerado a melhor realização épica do Arcadismo

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brasileiro, nota-se, na obra, uma quebra do modelo da epopeia clássica. Em termos de


conteúdo, tanto no trecho quanto na pintura apresentados, essa quebra se evidencia
a) pela representação de situações tragicômicas.
b) pelo retrato de episódios de bravura e heroísmo.
c) pela alusão a heróis mitológicos da Grécia Antiga.
d) pelo questionamento da guerra como algo positivo.

Resposta:

[D]

No quadro de Victor Meirelles, percebe-se a intenção do artista em destacar o contraste entre


as hostes holandesas providas de armas, artilharias de guerra e munições e os brasileiros,
índios, negros e brancos, que, apesar de não terem uniformes e nem muitas armas, lutavam
pela nação de forma heroica a ponto de sacrificarem suas próprias vidas. O mesmo contraste
está presente no poema de Basílio da Gama, em que o poderio e o interesse militares
contrastam com o sacrifício das camadas mais humildes do povo totalmente desconhecedoras
das razões que as afastam do seu cotidiano humilde e as condenam à morte.

6. (Ufsm 2014) Em O Uraguai, Basílio da Gama situa a ação em um cenário até então pouco
retratado na literatura brasileira: o sul do Brasil. Ali, portugueses, espanhóis e guaranis serão
personagens de uma batalha de final trágico para os últimos. Assim, sobre as personagens de
O Uragual, é correto afirmar que
a) o Padre Balda é retratado como um vilão, como se pode perceber na sua maquinação para a
morte de Sepé, cujo objetivo era alçar Baldetta ao posto de líder indígena.
b) o Irmão Patusca é representado satiricamente na obra como guloso e covarde, o que
aparece claramente ao final da história, quando é surpreendido pelos soldados enquanto
fugia da aldeia destruída.
c) Tanajura é uma velha feiticeira que revela o futuro para Lindoia, momento em que a jovem
indígena descobre que morreria em breve.
d) o General Gomes Freire de Andrade é o herói do poema, impondo a vontade do Rei de
Portugal a todo custo, sem procurar uma saída que evitasse a chacina dos indígenas.
e) Cacambo tem um sonho em que o espírito de Sepé ordena-lhe que incendeie a aldeia para
que se afaste o inimigo, dando tempo para a fuga dos indígenas.

Resposta:

[B]

As alternativas [A], [C], [D] e [E] são incorretas, pois


[A] o Padre Balda é que tinha como objetivo alçar Baldetta ao posto de líder indígena e não
Sapé;
[C] Tanajura é uma velha feiticeira a quem Lindoia recorre na esperança de que ela lhe forneça
algo que a ajude a encontrar Cacambo;
[D] sem perder a autoridade ou desrespeitar a vontade do rei de Portugal, o General Gomes
Freire procurou evitar a chacina dos indígenas;
[E] o espírito de Sepé não ordena, mas impele Cacambo a tomar uma decisão: incendiar o
acampamento luso ou ser covarde e fugir. 

Assim, é correta apenas a alternativa [B].

2/8/2002 15:381
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7. (Upe 2014) No Arcadismo brasileiro, encontramos textos líricos, épicos e satíricos. Sobre
isso, é CORRETO afirmar que
a) Caramuru e O Uraguai são poemas líricos com traços de épico, pois, em ambos, o ponto
central das narrativas é a história de amor entre dois casais de culturas diferentes.
b) A Lira Marília de Dirceu, de autoria de Tomás Antônio Gonzaga apresenta versos
rigidamente metrificados, tendo como tema o amor entre a musa Marília e o jovem pastor
Dirceu.
c) As Cartas chilenas são poemas satíricos que circularam em Vila Rica pouco antes da
Inconfidência Mineira. As 13 cartas são assinadas por Critilo e endereçadas a Doroteu.
d) Vila Rica é um poemeto épico em que Cláudio Manuel da Costa fala da grandeza do atual
Estado de Minas e alega a necessidade de seus habitantes lutarem pela Independência do
Brasil, tema central da poesia de todos os poetas inconfidentes.
e) A poesia de Tomás Antônio Gonzaga, por tratar do amor de Dirceu por Marília, foge por
completo das normas árcades ao negar o bucolismo e exagerar o sentimentalismo,
característica que fundamenta a poesia romântica.

Resposta:

[C]

As opções [A], [B], [D] e [E] são incorretas, pois

[A] em O Uraguai, a história de amor acontece entre dois personagens da mesma cultura; a
índia Lindóia e o índio Cacambo;
[B] a estrutura métrica das liras não é constante, já que, a par dos versos de quatro sílabas,
são frequentes o redondilho menor, o redondilho maior e o decassílabo;
[D] além de não promover incitação à Independência do Brasil, o poema Vila Rica foi publicado
em 1773, anterior, portanto, ao episódio histórico da Inconfidência Mineira, tentativa de
revolta abortada pelo governo em 1789.
[E] trata-se de uma obra pré-romântica, já que o autor idealiza sua amada e supervaloriza o
amor, mas é árcade em todas as outras características, como as referências permanentes
ao campo e à vida pastoril através do desenvolvimento dos topos “carpe diem”, “inutilia
truncat” e “fugere urbem”.

8. (Ucs 2014) Sabendo que o gênero lírico se caracteriza pela expressão subjetiva,
representando a interioridade do sujeito poético, enquanto o gênero épico é objetivo,
expressando predominantemente, sob forma narrativa, um episódio heroico, pode-se dizer que
são épicas as seguintes obras do Arcadismo no Brasil:
a) Vila Rica, de Claudio Manuel da Costa, Cartas chilenas, de Tomás Antônio Gonzaga, e
Glaura, de Silva Alvarenga.
b) Marília de Dirceu e Cartas chilenas, de Tomás Antônio Gonzaga, e Caramuru, de Santa Rita
Durão.
c) O Uraguai, de Basílio da Gama, Prosopopeia, de Bento Teixeira, e Caramuru, de Santa Rita
Durão.
d) Obras poéticas e Vila Rica, de Cláudio Manuel da Costa, e Cartas chilenas, de Tomás
Antônio Gonzaga.
e) O Uraguai, de Basílio da Gama, Caramuru, de Santa Rita Durão, e Vila Rica, de Cláudio
Manuel da Costa.

Resposta:

[E]

2/8/2002 15:381
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[A] Os versos das Cartas chilenas, de Tomás Antônio Gonzaga, são um exemplo de poemas
satíricos; enquanto os versos que compõem Glaura são eróticos.
[B] Marília de Dirceu é um poema pré-romântico, dividido em 33 liras.
[C] Prosopopeia de Bento Teixeira foi a primeira obra escrita e registrada em terras brasileiras,
inaugurando o Barroco brasileiro, portanto, embora seja um poema épico, ele não pertence
ao Arcadismo.
[D] Obras poéticas de Cláudio Manuel da Costa é a obra que reúne a produção lírica do poeta,
sonetos, éclogas, cantatas e outras modalidades, e que dá início ao Arcadismo Brasileiro.
[E] Correta. O Uraguai, de Basílio da Gama é um poema épico, árcade em que conta, de
maneira romanceada, a disputa de terras entre jesuítas e índios e europeus nos Sete Povos
das missões no Rio Grande do Sul. Caramuru, de Santa Rita Durão é um poema épico,
árcade em que se exaltam as terras brasileiras e pintam nosso índio como o bom selvagem.
Finalmente, Vila Rica, de Cláudio Manuel da Costa, é um poema épico, árcade em que
narra a história dos bandeirantes e da cidade de Vila Rica, posterior e atualmente Ouro
Preto.

9. (Unb 2012) Texto I

LXXIX

Entre este álamo, ó Lise, e essa corrente,


Que agora estão meus olhos contemplando,
Parece que hoje o céu me vem pintando
A mágoa triste, que meu peito sente.

Firmeza a nenhum deles se consente


Ao doce respirar do vento brando;
O tronco a cada instante meneando,
A fonte nunca firme, ou permanente.

Na líquida porção, na vegetante


Cópia daquelas ramas se figura
Outro rosto, outra imagem semelhante:

Quem não sabe que a tua formosura


Sempre móvel está, sempre inconstante,
Nunca fixa se viu, nunca segura?

Cláudio Manoel da Costa. Apud Domício Proença Filho. A poesia dos inconfidentes. Rio de
Janeiro: Nova Aguilar, 2002, p. 85.

Texto II

O espelho

O
espelho: atra
vés
de seu líquido nada
me des
dobro.

Ser quem me
olha
e olhar seus
olhos

2/8/2002 15:381
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nada de
nada
duplo
mistério.

Não amo
o espelho: temo-o.

Orides Fontela. Poesia reunida (1969-1996). São Paulo: Cosac Naify; Rio de Janeiro: 7letras,
2006, p. 212.

Considerando os textos acima apresentados, o primeiro, um soneto árcade do Brasil Colônia, e


o segundo, um poema da literatura brasileira contemporânea, julgue os itens a seguir.

a) Na atmosfera bucólica do soneto LXXIX, submetida às convenções da poesia pastoral, a


natureza é apresentada como cenário estático e artificial, no qual o eu lírico não encontra
espaço para manifestar, de forma mais profunda, as verdadeiras emoções humanas.
b) Na última estrofe do poema O espelho, nos versos “Não amo / o espelho: temo-o”, o
pronome átono exemplifica uma substituição pronominal caracterizada, na gramática
normativa, como objeto direto pleonástico.
c) No soneto LXXIX, há referências ao próprio ato de representação artística nas seguintes
imagens poéticas: “Parece que hoje o céu me vem pintando” (v.3) e “Na líquida porção, na
vegetante / Cópia daquelas ramas se figura” (v.9-10).
d) A adoção de formas clássicas europeias, tanto na lírica de Cláudio Manoel da Costa quanto
nos épicos Uraguai, de Basílio da Gama, e Caramuru, de Santa Rita Durão, impediu que a
realidade da Colônia fosse inserida na produção literária do Arcadismo brasileiro.
e) A temática lírico-amorosa do soneto LXXIX evoca o mito de Narciso, como evidenciam os
versos em que o eu lírico mira sua imagem nas águas de uma fonte, o que se realiza, no
entanto, de maneira renovada, uma vez que, no reflexo artístico produzido pelos versos,
estão associados os conflitos do mundo interno do eu lírico à instabilidade do mundo.
f) No poema O espelho, nos versos “Ser quem me / olha / e olhar seus / olhos”, o possessivo
“seus” tem como referente a estrutura predicativa “quem me / olha”.

Resposta:

a) Incorreto.
b) Incorreto.
c) Correto.
d) Incorreto.
e) Correto.
f) Correto.

Não são corretas as afirmações em [A], [B] e [D], pois:

Em [A], no 4º verso do soneto, “a mágoa triste, que meu peito sente”, existe subjetividade e
expressão de emoções.
Em [B], não existe objeto direto preposicionado nos dois últimos versos do poema, pois seus
objetos diretos pertencem a duas orações distintas, coordenadas entre si. “O espelho” é objeto
direto do verbo amar, e o pronome oblíquo átono “o” é objeto direto do verbo temer,
Em [D], os épicos Caramuru e O Uraguai desenvolvem temas da história colonial, introduzindo
descrições da paisagem tropical do Brasil do país e a figura do índio como herói.

10. (Ufrgs 2012) Considere as seguintes afirmações sobre O Uraguai, de Basílio da Gama.

2/8/2002 15:381
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I. Sepé, de modo desafiador, Cacambo, mais diplomático, encontram-se, antes da batalha, com
o general Andrade que os aconselha a respeitar a autoridade da Coroa.
II. Eufórico, o general Andrade, líder das tropas luso-espanholas, extravasa sua emoção
celebrando, depois da batalha, a morte de Sepé.
III. Cacambo, tendo tido uma visão na qual Sepé aparecia transtornado ao lado de Lindoia
desfalecida, incendeia o acampamento das tropas inimigas durante a batalha.

Quais estão corretas?


a) Apenas I.
b) Apenas II.
c) Apenas III.
d) Apenas II e III.
e) I, II e III.

Resposta:

[A]

A afirmação II está incorreta. O general Andrade não fica satisfeito com a morte de Sepé, pelo
contrário, mostra-se contrariado e deprimido, pois é um homem justo: “Descontente e triste /
Marchava o General: não sofre o peito / Compadecido e generoso a vista / Daqueles frios e
sangrados corpos”.
A visão de Cacambo, em sonho, é do espírito de Sepé, ainda com os ferimentos que o fizeram
desfalecer, incitando-o a continuar a luta, a incendiar o acampamento inimigo. Lindoia não faz
parte da visão. Assim, a afirmativa III também é incorreta.

11. (Ufsm 2012) A luta é um dos assuntos preferidos da literatura épica. Leia o seguinte trecho
do poema épico O Uraguai, de Basílio da Gama, que trata desse assunto:

Tatu-Guaçu mais forte na desgraça


Já banhado em seu sangue pretendia
Por seu braço ele só pôr termo à guerra.
Caitutu de outra parte altivo e forte
Opunha o peito à fúria do inimigo,
E servia de muro à sua gente.
Fez proezas Sepé naquele dia.
Conhecido de todos, no perigo
Mostrava descoberto o rosto e o peito
Forçando os seus co'exemplo e co'as palavras.

Assinale verdadeira (V) ou falsa (F) em cada uma das afirmações relacionadas com O Uraguai.

( ) O assunto d' O Uraguai é a expedição mista de portugueses e espanhóis contra as


missões jesuíticas do Rio Grande do Sul, para executar as cláusulas do tratado de
Madrid, em1756.
( ) Mesmo se posicionando favoravelmente aos vencedores europeus, o narrador de O
Uraguai deixa perceber, em passagens como a citada, sua simpatia e admiração pelo
povo indígena.
( ) No fragmento referido, Tatu-Guaçu, Sepé e Caitutu têm exaltadas suas forças físicas e
morais, lembrando os heróis épicos da antiguidade.
( ) A análise formal dos versos confirma que Basílio da Gama imita fielmente a epopeia
clássica, representada pelo modelo vernáculo da época: Os Lusíadas, de Camões.
( ) A valorização do índio e da natureza brasileira corresponde aos ideais iluministas e
árcades da vida primitiva e natural e prenuncia uma tendência da literatura romântica: o
nativismo.

2/8/2002 15:381
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A sequência correta é
a) F – V – F – V – V.
b) F – F – V – V – V.
c) V – V – V – F – V.
d) V – F – V – F – F.
e) V – F – F – F – V.

Resposta:

[C]

Basílio da Gama escreveu O Uraguai inspirado em Os Lusíadas, de Luís Vaz de Camões. No


entanto, Basílio da Gama não imita fielmente a epopeia clássica de Camões. Enquanto Os
Lusíadas é composto por 8.816 versos decassílabos, distribuídos em dez cantos, O Uraguai
possui 1.377 versos brancos, sem estrofação regular, distribuídos em cinco cantos. Assim, a
única afirmação falsa é a quarta, e a sequência correta é: V – V – V – F – V.

12. (Ufrgs 2000) Assinale a afirmativa INCORRETA em relação à obra "O Uraguai", de Basílio
da Gama.
a) O poema narra a expedição de Gomes Freire de Andrada, Governador do Rio de Janeiro, às
missões jesuíticas espanholas da banda oriental do rio Uruguai.
b) "O Uraguai" segue os padrões estéticos dos poemas épicos da tradição ocidental, como a
"Odisseia" a "Eneida" e "Os Lusíadas".
c) Basílio da Gama expressa uma visão europeia em relação aos indígenas, acentuando seu
caráter bárbaro, incapaz de sentimentos nobres e humanitários.
d) Nas figuras de Cacambo e Sepé Tiaraju está representando o povo autóctone que defende o
solo natal.
e) Lindóia, única figura feminina do poema, morre de amor após o desaparecimento de seu
amado Cacambo.

Resposta:

[C]

13. (Ita 1997) Dadas as afirmações:

I) "Uraguai", poema épico clássico que antecipa em várias direções o Romantismo, é motivado
por dois propósitos indisfarçáveis: exaltação da política pombalina e antijesuitismo radical.
II) O(A) autor(a) do poema épico "Vila Rica", no qual exalta os bandeirantes e narra a história
da atual Ouro Preto, desde a sua fundação, cultivou a poesia bucólica, pastoril, na qual
menciona a natureza como refúgio.
III) Em "Marília de Dirceu", Marília é quase sempre um vocativo; embora tenha a estrutura de
um diálogo, a obra é um monólogo - só Gonzaga fala, raciocina; constantemente cai em
contradição quanto à sua postura de pastor e sua realidade de burguês.

Est(á) (ão) correta(s):

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a) Apenas I
b) Apenas II
c) Apenas I e II
d) Apenas I e III
e) Todas

Resposta:

[D]

TEXTO PARA AS PRÓXIMAS 2 QUESTÕES:


O URAGUAI
Basilio da Gama
Canto II

(....)
Prosseguia talvez; mas o interrompe
Sepé, que entra no meio, e diz: - "Cacambo
Fez mais do que devia; e todos sabem
Que estas terras, que pisas, o céu livres
Deu aos nossos avós; nós também livres
As recebemos dos antepassados.
Livres as hão de herdar os nossos filhos.
Desconhecemos, detestamos jugo
Que não seja o do céu, por mão dos padres.
As frechas partirão nossas contendas
Dentro de pouco tempo; e o vosso Mundo,
Se nele um resto houver de humanidade,
Julgará entre nós: se defendemos
- Tu a injustiça, e nós o Deus e a Pátria. -
Enfim quereis a guerra, e tereis guerra."
Lhe torna o General. - "Podeis partir-vos,
Que tendes livre o passo." (....)

CANÇÃO DO TAMOIO
(Natalícia)
Gonçalves Dias

I
Não chores, meu filho:
Não chores, que a vida
É luta renhida:
Viver é lutar.
A vida é combate,
Que os fracos abate,
Que os fortes, os bravos,

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Só pode exaltar.

II
Um dia vivemos!
O homem que é forte
Não teme da morte;
Só teme fugir;
No arco que entesa
Tem certa uma presa,
Quer seja tapuia,
Condor ou tapir.
(...)

III
Domina, se vive;
Se morre, descansa
Dos seus na lembrança,
Na voz do porvir.
Não cures da vida!
Sê bravo, sê forte!
Não fujas da morte,
Que a morte há de vir!

14. (Ufrgs 1996) Sobre o discurso de Sepé, é correto afirmar que nele se percebe
a) o espírito conciliatório de quem busca estabelecer a paz.
b) a hostilidade de quem considera inevitável a guerra.
c) a arrogância de quem afirma estar mais bem armado do que o inimigo.
d) a indulgência com que serão tratados os prisioneiros de guerra.
e) a simpatia votada à causa do inimigo que defende Deus e Pátria.

Resposta:

[B]

15. (Ufrgs 1996) Segundo Sepé, em O URAGUAI,


a) os índios receberam a liberdade do céu e de seus antepassados para que se associassem
ao empreendimento colonial de Portugal e Espanha.
b) os índios recusam-se a lutar pelos padres cujo domínio causou as hostilidades com as
coroas portuguesa e espanhola.
c) os índios pretendem legar aos filhos as terras livres que receberam de seus avós, os quais
as receberam do céu.
d) os índios protestam contra o jugo do céu cujos representantes na terra são os padres
responsáveis pela conversão e catequese.
e) pretendem lutar aguerridamente contra a injustiça representada pelo Deus e pela Pátria dos
adversários.

2/8/2002 15:381
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Resposta:

[C]

TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:


O URAGUAI (Canto IV)
fragmento

Este lugar delicioso, e triste,


Cansada de viver, linha escolhido
Para morrer a mísera Lindóia.
Lá reclinada, como que dormia,
Na branda relva, e nas mimosas flores,
Tinha a face na mão, e a mão no tronco
De um fúnebre cipreste, que espalhava
Melancólica sombra. Mais de perto
Descobrem que se enrola no seu corpo
Verde serpente, e lhe passeia, e cinge
Pescoço, e braços, e lhe lambe o seio.
Fogem de a ver assim sobressaltados,
E param cheios de temor ao longe;
E nem se atrevem a chamá-la, e temem
Que desperte assustada, e irrite o monstro,
E fuja, e apresse no fugir a morte.
(BASÍLIO DA GAMA, José. O URAGUAI. Rio de Janeiro: Public. da Academia Brasileira, 1941,
pp. 78-9.)

CARAMURU (Canto VI, Estrofe XLII)

Perde o lume dos olhos, pasma e treme,


Pálida a cor, o aspecto moribundo,
Com mão já sem vigor, soltando o leme,
Entre as salsas escumas desce ao fundo.
Mas na onda do mar, que irado freme,
Tornando a aparecer desde o profundo:
"Ah Diogo cruel!" disse com mágoa,
E, sem mais vista ser, sorveu-se n'água.
(SANTA RITA DURÃO, Fr. José de. CARAMURU. São Paulo: Edições Cultura, 1945, p. 149.)

16. (Unesp 1994) Os textos apresentados correspondem, respectivamente, a fragmentos


marcantes dos poemas épicos "O Uraguai" (1769), de Basílio da Gama, e "Caramuru" (1781),
de Santa Rita Durão, poetas neoclássicos brasileiros. No primeiro, a índia Lindóia, infeliz com a
morte do marido Cacambo, deixa-se picar por uma serpente, e falece. No segundo, enfoca-se a
índia Moema que, ao ver partir seu amado Diogo Álvares, segue a embarcação a nado e se
deixa morrer afogada. Releia os textos e, a seguir:
a) aponte o componente nacionalista de ambos os poemas que prenuncia uma das linhas

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temáticas mais características do Romantismo brasileiro;


b) cite dois escritores românticos brasileiros que se utilizaram dessa linha temática.

Resposta:

a) A figura do índio.
b) José de Alencar e Gonçalves Dias.

17. (Unifesp 2020) O lema do carpe diem sintetiza expressivamente o motivo de se aproveitar
o presente, já que o futuro é incerto. Tal lema manifesta-se mais explicitamente nos seguintes
versos de Tomás Antônio Gonzaga:

a) Ah! socorre, Amor, socorre


Ao mais grato empenho meu!
Voa sobre os Astros, voa,
Traze-me as tintas do Céu.

b) Depois que represento


Por largo espaço a imagem de um defunto,
Movo os membros, suspiro,
E onde estou pergunto.

c) É bom, minha Marília, é bom ser dono


De um rebanho, que cubra monte e prado;
Porém, gentil pastora, o teu agrado
Vale mais que um rebanho, e mais que um
trono.

d) Se algum dia me vires desta sorte,


Vê que assim me não pôs a mão dos anos:
Os trabalhos, Marília, os sentimentos
Fazem os mesmos danos.

e) Ah! enquanto os Destinos impiedosos


Não voltam contra nós a face irada,
Façamos, sim, façamos, doce amada,
Os nossos breves dias mais ditosos.

Resposta:

[E]

A estrofe transcrita em [E] manifesta a atitude clássica do carpe diem, expressão de postura
hedonista (voltada para o gozo dos prazeres), em que o eu lírico propõe a Marília a fruição
imediata dos prazeres da vida, antes que uma fatalidade futura não lhes venha perturbar a
felicidade.

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18. (G1 - cftmg 2020) Tu não verás, Marília, cem cativos


tirarem o cascalho e a rica terra,
ou dos cercos dos rios caudalosos,
ou da minada Serra.

Não verás separar ao hábil negro


do pesado esmeril a grossa areia,
e já brilharem os granetes de ouro
no fundo da bateia.

Não verás derrubar os virgens matos,


queimar as capoeiras inda novas,
servir de adubo à terra a fértil cinza,
lançar os grãos nas covas.

Não verás enrolar negros pacotes


das secas folhas do cheiroso fumo;
nem espremer entre as dentadas rodas
da doce cana o sumo.

Verás em cima da espaçosa mesa


altos volumes de enredados feitos;
ver-me-ás folhear os grandes livros
e decidir os pleitos.

Enquanto revolver os meus Consultos,


tu me farás gostosa companhia,
lendo os fastos da sábia, mestra História,
e os cantos da Poesia.

Lerás em alta voz, a imagem bela;


Eu, vendo que lhe dás o justo apreço,
Gostoso tornarei a ler de novo
O cansado processo.

Se encontrares louvada uma beleza,


Marília, não lhe invejes a ventura,
Que tens quem leve à mais remota idade
A tua formosura.

Tomás Antônio Gonzaga - Lira III


Disponível em: 100 poemas essenciais da Língua Portuguesa (org. Carlos Figueiredo)

Vocabulário de apoio:
Granete: pequeno grão; pequena quantidade de metal
Bateia: gamela afunilada de madeira onde se lavam minérios
Fasto: magnificência; pompa.

É característica do Arcadismo, observada no poema, a


a) opção pela linguagem rebuscada como expressão.
b) apresentação da mulher amada como vocativo.
c) escolha pela Arcádia como cenário.
d) indecisão do pastor como eu lírico.

Resposta:

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[B]

O uso do vocativo “Marília” serve para apresentar a mulher amada a quem se dirige o eu lírico.
Essa característica costuma ser observada nos poemas árcades.

19. (Espm 2019) Considere os textos que seguem.

Eu tenho um coração maior que o mundo,


tu, formosa Marília, bem o sabes;
um coração, e basta,
onde tu mesma cabes.

(Tomás Antônio Gonzaga, Marília de Dirceu)

Não, meu coração não é maior que o mundo.


É muito menor.
Nele não cabem sequer as minhas dores.

(Carlos Drummond de Andrade, Sentimento do Mundo)

Assinale a afirmação correta sobre os dois textos:


a) Por pertencer à fase heroica ou iconoclasta do Modernismo, Carlos Drummond de Andrade
parodia o lirismo sentimental do árcade Tomás Antônio Gonzaga.
b) Enquanto o poeta do Arcadismo, Gonzaga, expressa seu sentimento pela musa Marília, o
modernista Drummond reporta--se, nesse trecho, às divergências ideológicas.
c) Gonzaga, como muitos árcades, é alheio ao que está a seu redor, já Drummond expressa
um sentimento de revolta ante um mundo que não compreende as dores do poeta.
d) Em Gonzaga, o coração do poeta alcança a plenitude com a presença da amada. Em
Drummond, o coração é insuficiente para abarcar as próprias dúvidas existenciais.
e) Tomás A. Gonzaga usa a imagem do “mundo” para instigar a musa Marília a aceitá-lo;
Drummond retoma o procedimento do poeta árcade, ressaltando o sofrimento por causa da
amada.

Resposta:

[D]

As opções [A], [B], [C] e [E] são incorretas, pois


[A] Carlos Drummond de Andrade está vinculado ao Segundo Tempo do Modernismo, período
em que escritores amadurecem as propostas de 22, eliminando exageros sem deixar de dar
continuidade às pesquisas estéticas;
[B] no excerto de Drummond não existem referências a questões ideológicas, mas reflexões
existenciais sobre o próprio ser, provocadas pelos conflitos que se abatem sobre a
Humanidade;
[C] Gonzaga, como árcade, recolhe-se na natureza (locus amoenus) para usufruir o momento
de prazer (carpe diem) que a presença da mulher amada lhe causa; Drummond expressa
frustração e desencanto perante o mundo ameaçado com a ascensão do fascismo, do
nazismo e dos conflitos regionais, como a Guerra Civil Espanhola;
[E] Tomás A. Gonzaga usa a imagem do “mundo” como termo de comparação com o
sentimento que nutre pela amada.

Assim, é correta apenas [D].

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TEXTO PARA AS PRÓXIMAS 3 QUESTÕES:


O texto abaixo é uma das liras que integram Marília de Dirceu, de Tomás Antônio Gonzaga.

1. Em uma frondosa
Roseira se abria
Um negro botão!
Marília adorada
O pé lhe torcia
Com a branca mão.

2. Nas folhas viçosas


A abelha enraivada
O corpo escondeu.
Tocou-lhe Marília,
Na mão descuidada
A fera mordeu.

3. Apenas lhe morde,


Marília, gritando,
Co dedo fugiu.
Amor, que no bosque
Estava brincando,
Aos ais acudiu.

4. Mal viu a rotura,


E o sangue espargido,
Que a Deusa mostrou,
Risonho beijando
O dedo ofendido,
Assim lhe falou:

5. Se tu por tão pouco


O pranto desatas,
Ah! dá-me atenção:
E como daquele,
Que feres e matas,
Não tens compaixão?

(GONZAGA, Tomás Antônio. Marília de Dirceu & Cartas Chilenas. 10. ed. São Paulo: Ática,
2011.)

20. (Ita 2018) Haicai tirado de unia falsa lira de Gonzaga

Quis gravar “Amor”


No tronco de um velho freixo:
“Marília” escrevi.

(BANDEIRA, Manuel. Estrela da vida inteira. 20 ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1993.)

O poema abaixo retoma imagens presentes nas liras de Marília de Dirceu e no haicai de
Manuel Bandeira, apresentados acima.

Passeio no bosque

o canivete na mão não deixa

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marcas no tronco da goiabeira

cicatrizes não se transferem

(CACASO. Beijo na boca. Rio de Janeiro: 7 Letras, 2000.)

Algumas pessoas, ao gravarem nomes, datas etc., nos troncos das árvores, buscam externar
afetos ou sentimentos. Esse texto, contudo, registra uma experiência particular de alguém que,
fazendo isso,
a) se liberta das dores amorosas, pois as exterioriza de alguma forma.
b) percebe que provocará danos irreversíveis à integridade da árvore.
c) busca refúgio na solidão do espaço natural.
d) se dá conta de que é impossível livrar-se dos sentimentos que o afligem.
e) encontra dificuldade em gravar o tronco com um simples canivete.

Resposta:

[D]

[A] Incorreta. Ao afirmar que “cicatrizes não se transferem”, o sujeito lírico indica que não se
liberta das dores amorosas.
[B] Incorreta. O sujeito lírico emprega metaforicamente o tronco da goiabeira como referência a
si próprio.
[C] Incorreta. A intenção do sujeito lírico não é se refugiar, mas tentar se livrar de sentimentos
que o incomodam.
[D] Correta. Ao afirmar que “cicatrizes não se transferem”, o sujeito lírico indica que não há
possibilidades de se livrar dos sentimentos amorosos que lhe fazem mal.
[E] Incorreta. O sujeito lírico emprega metaforicamente o canivete como referência à tentativa
de tirar de si os sentimentos que lhe machucam.

21. (Ita 2018) O poema abaixo dialoga com as liras de Marília de Dirceu.

Haicai tirado de unia falsa lira de Gonzaga

Quis gravar “Amor”


No tronco de um velho freixo:
“Marília” escrevi.

(BANDEIRA, Manuel. Estrela da vida inteira. 20 ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1993.)

Dentre as marcas mais visíveis de intertextualidade, encontram-se as seguintes, EXCETO


a) o título do poema menciona o autor de Marília de Dirceu.
b) ambos os textos pertencem à mesma forma poética.
c) no poema, Marília é, assim como em Gonzaga, o objeto amoroso.
d) tal como nos textos árcades, no de Bandeira, a natureza é o cenário do amor.
e) este poema de Bandeira possui, como os de Gonzaga, teor sentimental.

Resposta:

[B]

2/8/2002 15:381
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[A] Correto. O Gonzaga mencionado no título é Manuel Antônio Gonzaga, autor de Marília de
Dirceu; Dirceu foi o pseudônimo escolhido pelo poeta árcade.
[B] Incorreto. As estrofes apresentadas de Marília de Dirceu são compostas por seis versos em
redondilha menor; já o poema de Manuel Bandeira obedece ao padrão de um haicai: três
versos, sendo o primeiro e o terceiro redondilhas menores, e o segundo, redondilha maior.
[C] Correto. É uma característica do amor convencional árcade que a mulher amada não tenha
voz nos poemas, sendo objeto de convencimento do sujeito lírico.
[D] Correto. A referência está em “no tronco de um velho freixo”.
[E] Correto. Ambos fazem referência à mulher amada.

22. (Ita 2018) Neste poema,

I. há o relato de um episódio vivido por Marília: após ser ferida por uma abelha, ela é socorrida
pelo Amor.
II. o Amor é personificado em uma deidade que dirige a Marília uma pequena censura
amorosa.
III. a censura que o Amor faz a Marília é um artificio por meio do qual o sujeito lírico,
indiretamente, dirige a ela uma queixa amorosa.
IV. o propósito maior do poema surge, no final, no lamento que o sujeito lírico dirige à amada,
que parece fazê-lo sofrer.

Estão corretas:
a) I, II e III apenas.
b) I, II e IV apenas.
c) I e III apenas.
d) II, III e IV apenas.
e) todas

Resposta:

[E]

[I] Correta. O eu lírico afirma que “Na mão descuidada / A fera mordeu” e, em seguida, “Amor,
que no bosque / Estava brincando, / Aos ais acudiu”.
[II] Correta. A personificação está na capacidade de o Amor falar, além de vir representado
graficamente por maiúscula alegorizante; além disso, a censura mencionada é o tema da 5ª
estrofe apresentada.
[III] Correta. Uma vez que o Amor é personificado, suas palavras são a reclamação do sujeito
lírico sobre a falta de atenção de Marília a ele.
[IV] Correta. O sujeito lírico afirma, usando o Amor para tanto, que Marília o fere e não sente
piedade por ele.

TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:


A(s) questão(ões) a seguir referem-se ao texto abaixo.

Que diversas que são, Marília, as horas,


que passo na masmorra imunda e feia,
dessas horas felizes, já passadas
na tua pátria aldeia!

Então eu me ajuntava com Glauceste;


e à sombra de alto cedro na campina

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eu versos te compunha, e ele os compunha


à sua cara Eulina.

Cada qual o seu canto aos astros leva;


de exceder um ao outro qualquer trata;
o eco agora diz: Marília terna;
e logo: Eulina ingrata.

Deixam os mesmos sátiros as grutas:


um para nós ligeiro move os passos,
ouve-nos de mais perto, e faz a flauta
cos pés em mil pedaços.

— Dirceu — clama um pastor — ah! bem merece


da cândida Marília a formosura.
E aonde — clama o outro — quer Eulina
achar maior ventura?

Nenhum pastor cuidava do rebanho,


enquanto em nós durava esta porfia;
e ela, ó minha amada, só findava
depois de acabar-se o dia.

À noite te escrevia na cabana


os versos, que de tarde havia feito;
mal tos dava e os lia, os guardavas
no casto e branco peito.

Beijando os dedos dessa mão formosa,


banhados com as lágrimas do gosto,
jurava não cantar mais outras graças
que as graças do teu rosto.

Ainda não quebrei o juramento;


eu agora, Marília, não as canto;
mas inda vale mais que os doces versos
a voz do triste pranto.

GONZAGA, Tomás Antônio. Tomás Antônio Gonzaga [Org. Lúcia Helena]. Rio de Janeiro: Agir,
1985. p. 114. [Coleção Nossos Clássicos, v.114].

23. (G1 - cftmg 2017) Considere as seguintes afirmativas sobre o conteúdo do poema e sua
relação com o contexto em que foi produzido:

I. Na primeira estrofe, o texto alude a um fato histórico: a prisão de Tomás Antônio Gonzaga
por sua atuação na Inconfidência Mineira.
II. No poema, o eu lírico contrapõe passado e presente, rememorando o tempo em que
quebrou o juramento feito a Marília.
III. No trecho que vai da segunda à quinta estrofes, encena-se uma espécie de duelo poético
entre os autores árcades brasileiros Cláudio Manoel da Costa, o Glauceste, e Tomás
Antônio Gonzaga, o Dirceu.
IV. De acordo com as estrofes seis e sete, Marília reage com repulsa ao fato de ser galanteada
pelo eu lírico.

Estão corretas apenas as afirmativas


a) I e III.
b) I e IV.
c) II e III.

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d) II e IV.

Resposta:

[A]

[II] Incorreta: Na última estrofe, o eu lírico afirma que ainda não quebrou o juramento.
[IV] Incorreta: Marília não reage com repulsa ao fato de ser galanteada pelo eu lírico. Na
verdade, ela guarda seus versos no peito.

TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:


O texto de Gonzaga foi publicado pela primeira vez em 1792, em Portugal. Cerca de um século
e meio depois, Cecília Meireles (em 1953) publica, no Brasil, a primeira edição do Romanceiro
da Inconfidência.

LIRA XIV

Minha bela Marília, tudo passa;


A sorte deste mundo é mal segura;
Se vem depois dos males a ventura,
Vem depois dos prazeres a desgraça.
Estão os mesmos deuses
Sujeitos ao poder do ímpio Fado:
Apolo já fugiu do Céu brilhante,
Já foi Pastor de gado.
[...]
Ah! enquanto os Destinos impiedosos
Não voltam contra nós a face irada,
Façamos, sim, façamos, doce amada,
Os nossos breves dias mais ditosos.
Um coração que frouxo,
A grata posse de seu bem difere,
A si, Marília, a si próprio rouba,
E a si próprio fere.

Ornemos nossas testas com as flores,


E façamos de feno um brando leito;
Prendamo-nos, Marília, em laço estreito,
Gozemos do prazer de sãos Amores.
Sobre as nossas cabeças,
Sem que o possam deter, o tempo corre;
E para nós o tempo, que se passa,
Também, Marília, morre.

Com os anos, Marília, o gosto falta,


E se entorpece o corpo já cansado;
Triste, o velho cordeiro está deitado,
E o leve filho sempre alegre salta.
A mesma formosura
É dote que só goza a mocidade:
Rugam-se as faces, o cabelo alveja,
Mal chega a longa idade.

Que havemos de esperar, Marília bela?


Que vão passando os florescentes dias?

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As glórias, que vêm tarde, já vêm frias;


E pode enfim mudar-se a nossa estrela.
Ah! Não, minha Marília,
Aproveite-se o tempo, antes que faça
O estrago de roubar ao corpo as forças,
E ao semblante a graça.

GONZAGA, Tomás Antônio. Marília de Dirceu. In: PROENÇA FILHO. A poesia dos
inconfidentes. Rio de Janeiro, Editora Nova Aguilar, 1996. p. 597-598.

Romance LXXIII ou da inconformada Marília

Pungia a Marília, a bela,


negro sonho atormentado:
voava seu corpo longe,
longe por alheio prado.
Procurava o amor perdido,
a antiga fala do amado.
Mas o oráculo dos sonhos
dizia a seu corpo alado:
“Ah, volta, volta, Marília,
tira-te desse cuidado,
que teu pastor não se lembra
de nenhum tempo passado...”
E ela, dormindo, gemia:
“Só se estivesse alienado!”

Entre lágrimas se erguia


seu claro rosto acordado.
Volvia os olhos em roda,
e logo, de cada lado,
piedosas vozes discretas
davam-lhe o mesmo recado:
“Não chores tanto, Marília,
por esse amor acabado:
que esperavas que fizesse
o teu pastor desgraçado,
tão distante, tão sozinho
Em tão lamentoso estado?”
A bela, porém gemia:
“Só se estivesse alienado!”

E a névoa da tarde vinha


com seu véu tão delicado
envolver a torre, o monte,
o chafariz, o telhado...
Mas os versos! Mas as juras!
Mas o vestido bordado!
Bem que o coração dizia
– coração desventurado –
“Talvez se tenha esquecido...”
“Talvez se tenha casado...”
Seu lábio porém gemia:
“Só se tivesse alienado!”

MEIRELES, Cecília. Romanceiro da Inconfidência. In: _____. Obra poética. Rio de Janeiro,
José Aguilar, 1958. p. 849-850.

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24. (Uefs 2017) Sobre os dois poemas, é correto afirmar:

I. No primeiro poema, encarnando ainda as características do momento literário anterior,


Gonzaga exalta a beleza do amor impossível, convocando a mulher amada a corresponder à
pureza desse amor idealizado e platônico.
II. Fiel aos ditames de seu momento literário, o autor do primeiro poema, frente à passagem
inexorável do tempo, convoca a amada a vivenciar a felicidade de um amor bucólico,
simples, cheio de pureza como a vida pastoril no campo.
III. No segundo poema, Cecília Meireles resgata a história de amor tematizada no primeiro
texto, criando espaço para a voz desesperada de Marília, que, apesar das evidências, ainda
acredita na veracidade e permanência do amor de Dirceu.
IV. Um dos enlaces entre os dois poemas é o fato de que, no primeiro há o temor de Dirceu
sobre a ação deletéria do tempo sobre o amor, o que se confirma no segundo, em que
Marília chora e se desespera frente ao silêncio de Dirceu.
V. Cecília Meireles, no segundo poema, quebra não só os padrões literários observados no
primeiro texto, dando espaço para uma estética mais ligada ao modernismo, como também
nega a veracidade do idílio amoroso de Gonzaga.

A alternativa em que todas as afirmativas indicadas estão corretas é a


a) I e II.
b) II e V.
c) IV e V.
d) I, III e IV.
e) II, III e IV.

Resposta:

[E]

Estão incorretas as afirmações:


[I] O primeiro poema possui temática notadamente árcade: o “carpe diem”. O poeta, com o
argumento de que a vida é efêmera, convida sua amada a com ele gozar os prazeres do
amor. Não se trata de um amor idealizado e platônico, pelo contrário, Gonzaga propõe a
concretização amorosa.
[V] O poema de Cecília Meireles rememora a inconfidência mineira e a vida amorosa de Tomás
Antônio Gonzaga e sua musa, Marília. Não há negação da veracidade do idílio amoroso do
casal, uma vez que Marília demonstra acreditar nas juras de amor de Gonzaga, por isso
insiste ao final de cada estrofe: “Só se estivesse alienado!” e “Só se tivesse alienado!”.

25. (Unifesp 2016) Assinale a alternativa na qual se pode detectar nos versos do poeta
português Manuel Maria de Barbosa du Bocage (1765-1805) uma ruptura com a convenção
arcádica do locus amoenus (“lugar aprazível”).
a) “Olha, Marília, as flautas dos pastores
Que bem que soam, como estão cadentes!
Olha o Tejo a sorrir-se! Olha, não sentes
Os Zéfiros brincar por entre flores?”
b) “O ledo passarinho que gorjeia
Da alma exprimindo a cândida ternura,
O rio transparente, que murmura,
E por entre pedrinhas serpenteia:”
c) “Se é doce no recente, ameno Estio
Ver tocar-se a manhã de etéreas flores,
E, lambendo as areias e os verdores,
Mole e queixoso deslizar-se o rio;”
d) “A loira Fílis na estação das flores,

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Comigo passeou por este prado


Mil vezes; por sinal, trazia ao lado
As Graças, os Prazeres e os Amores.”
e) “Já sobre o coche de ébano estrelado,
Deu meio giro a Noite escura e feia;
Que profundo silêncio me rodeia
Neste deserto bosque, à luz vedado!”

Resposta:

[E]

No excerto da opção [E], o pessimismo sugerido em “Que profundo silêncio me rodeia”, a


subjetividade expressa no pronome “me” e as referências a “silêncio” e “deserto”, que remetem
a paisagens prenunciadoras do Romantismo, distanciam o poema da convenção arcádica do
locus amoenus.

26. (Upe-ssa 1 2016) Sobre a produção do Arcadismo no Brasil, analise as afirmativas a seguir
e coloque V nas verdadeiras e F nas falsas.

(     ) Tomás Antônio Gonzaga é considerado, ao lado de Cláudio Manuel da Costa, ícone da
Literatura Árcade. Contudo, os dois iniciaram suas produções poéticas de modo diverso:
o primeiro como poeta árcade e o segundo ainda dentro dos preceitos do Barroco.
(     ) Tomás Antônio Gonzaga tem a obra poética pertencente a duas fases: a primeira é
árcade, e a segunda tem traços românticos. Além disso, foi poeta satírico em As Cartas
Chilenas, e lírico, em Marília de Dirceu.
(     ) Como poeta árcade, o autor de As Cartas Chilenas utiliza o pseudônimo de Dirceu, que
nutre amor pela musa Marília. Envolvido com o movimento dos inconfidentes, é
degredado para a África, apenas regressando ao Brasil no final da vida.
(     ) O autor de Liras de Dirceu revela sentimentalismo e emotividade em seus poemas,
apontando, assim, para o pré-romantismo, que antecede o Arcadismo.
(     ) Tendo Tomás Antônio Gonzaga sido preso como inconfidente, continuou a escrever
poemas mais emotivos e pessimistas, passando a falar de si mesmo e lastimando sua
condição de prisioneiro. A poesia que produz nesse período é a que mais contém
características do Romantismo.

Assinale a alternativa que contém a sequência CORRETA.


a) F - F - V - V - V
b) F - V - F - V - F
c) V - F - V - V - F
d) V - V - F - F - V
e) V - F - V - F - V

Resposta:

[D]

I. Verdadeiro. Tomás Antônio Gonzaga e Cláudio Manuel da Costa são os grandes nomes do
Arcadismo brasileiro. A crítica literária indica que, no início das atividades como poetas, o
primeiro já inovava com o estilo árcade, mas o segundo ainda apresentava resquícios do
conflito Barroco.
II. Verdadeiro. A produção de Tomás Antônio Gonzaga é bastante marcada pela própria
biografia do poeta. Em Marília de Dirceu, sua primeira parte é árcade; já a segunda,

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marcada pela prisão do autor, apresenta traços românticos, como a subjetividade e a


presença da Morte. Cartas Chilenas, por sua vez, é a obra satírica em que o contexto da
Inconfidência Mineira foi exposto.
III. Falso. Dirceu é o pseudônimo empregado na obra lírica Marília de Dirceu, não em Cartas
Chilenas; nesta obra, optou por Critilo. Além disso, o poeta faleceu no exílio.
IV. Falso. Tomás Antônio Gonzaga realmente demonstra características pré-românticas, porém
apenas na segunda parte de Marília de Dirceu.
V. Verdadeiro. Marília de Dirceu está dividida em duas partes: a primeira parte é árcade; já a
segunda, marcada pela prisão do inconfidente, apresenta traços românticos, como a
subjetividade e a presença da Morte.

TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:


Leia o texto abaixo para responder à(s) questão(ões) a seguir.

[4]
Eu, Marília, não sou algum vaqueiro,
que viva de guardar alheio gado,
de tosco trato, de expressões grosseiro,
dos frios gelos e dos sóis queimado.
Tenho próprio 1casal e nele 2assisto;
dá-me vinho, legume, fruta, azeite;
das brancas ovelhinhas tiro o leite,
e mais as finas lãs, de que me visto.
Graças, Marília bela,
graças à minha estrela!
(...)
[5]
Tu não verás, Marília, cem cativos
tirarem o cascalho e a rica terra,
ou dos cercos dos rios caudalosos,
ou da minada serra.

Não verás separar ao hábil negro


do pesado esmeril a grossa areia,
e já brilharem os granetes de oiro
no fundo da 3bateia.
(...)
Não verás enrolar negros pacotes
das secas folhas do cheiroso fumo;
nem espremer entre as dentadas rodas
da doce cana o sumo.

Verás em cima da espaçosa mesa


4
altos volumes de enredados feitos;
ver-me-ás folhear os grandes livros,
e decidir os pleitos.

Enquanto revolver os meus consultos,


tu me farás gostosa companhia,
lendo os fastos da sábia, mestra História,
e os cantos da poesia.

Tomás A. Gonzaga, Marília de Dirceu.

Glossário:
1
casal: pequena propriedade rural.

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2
assisto: resido, moro.
3
bateia: utensílio empregado no garimpo; espécie de gamela.
4
altos volumes: referência a processos judiciais, pois o poeta era magistrado.

27. (Fgvrj 2016) Nesses excertos, Dirceu apresenta a Marília alguns dos argumentos com que
pretende convencê-la a desposá-lo, bem como lhe sugere uma imagem de sua vida conjugal
futura.

Considerando-se o teor dos argumentos e das imagens aí presentes, pode-se concluir


corretamente que
a) a relação amorosa proposta pelo poeta passa pelo crivo da racionalidade e do cálculo.
b) as preocupações pecuniárias do eu lírico revelam que ele visa antes ao dote que à dama.
c) o poeta trata de seduzir a dama interesseira, expondo-lhe o rol de seus bens.
d) o poeta acena à amada com um futuro conjugal aventuroso e movimentado.
e) as imagens idílicas que o eu lírico emprega remetem, de modo cifrado, a interesses eróticos
inconfessáveis.

Resposta:

[A]

Ao longo das estrofes apresentadas, Dirceu afirma ser um pequeno proprietário de terras,
(caracterizadas pelo tópos do locus amoenus, ao contrário do que se afirma em [E]), de onde
provém seu sustento, não dependendo do dote de Marília (ao contrário do que se afirma em [B]
e [C]).
Afirma ainda que Marília sequer verá o trabalho pesado de mineração realizado pelos
escravos, ou as atividades relativas ao fumo e à cana-de-açúcar; a amada apenas
acompanhará as atividades intelectuais dele, o que significa uma vida desfrutada de forma
equilibrada e amena (ao contrário do que se afirma em [D]).
Com tais comentários, Dirceu pretende convencer racionalmente a amada a respeito da futura
vida em comum.

28. (Upe 2015) No Arcadismo brasileiro, encontram-se textos épicos, líricos e satíricos. Com
base nessa afirmação, leia os textos a seguir:

TEXTO 1

Pastores, que levais ao monte o gado,


Vede lá como andais por essa serra;
Que para dar contágio a toda a terra,
Basta ver-se o meu rosto magoado:
Eu ando (vós me vedes) tão pesado;
E a pastora infiel, que me faz guerra,
É a mesma, que em seu semblante encerra
A causa de um martírio tão cansado.
Se a quereis conhecer, vinde comigo,
Vereis a formosura, que eu adoro;
Mas não; tanto não sou vosso inimigo:
Deixai, não a vejais; eu vo-lo imploro;
Que se seguir quiserdes, o que eu sigo,
Chorareis, ó pastores, o que eu choro.

Cláudio Manuel da Costa

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TEXTO 2

[...]
Enquanto pasta alegre o manso gado,
minha bela Marília, nos sentemos
à sombra deste cedro levantado.
Um pouco meditemos
na regular beleza,
que em tudo quanto vive nos descobre
a sábia Natureza.
[...]

Tomás Antônio Gonzaga

TEXTO 3

[...]
Amigo Doroteu, não sou tão néscio,
Que os avisos de Jove não conheça.
Pois não me deu a veia de poeta,
Nem me trouxe, por mares empolados,
A Chile, para que, gostoso e mole,
Descanse o corpo na franjada rede.
Nasceu o sábio Homero entre os antigos,
Para o nome cantar, do grego Aquiles;
Para cantar, também, ao pio Enéias,
Teve o povo romano o seu Vergílio:
Assim, para escrever os grandes feitos
Que o nosso Fanfarrão obrou em Chile,
Entendo, Doroteu, que a Providência
Lançou, na culta Espanha, o teu Critilo.
[...]

Tomás Antônio Gonzaga - Cartas Chilenas

Sobre eles, analise os itens seguintes:

I. Os três poemas são árcades e nada têm que possamos considerá-los pertencentes a outro
estilo de época, uma vez que seus autores só produziram poemas líricos e com
características totalmente arcádicas. Além disso, todos eles trazem referências à mitologia
clássica mediante o uso de termos tais como “monte”, “Natureza” e “Jove”, respectivamente,
nos textos 1, 2 e 3.
II. Tomás Antônio Gonzaga e Cláudio Manuel da Costa são poetas árcades, embora o primeiro
tenha se iniciado como barroco, daí os trechos dos dois poemas de sua autoria revelarem
traços desse momento da Literatura. De outro modo, Cláudio Manuel da Costa, no poema de
número 1, se apresenta pré-romântico, razão pela qual sua produção se encontra dividida
em dois momentos literários.
III. A referência a Critilo, autor textual do oitavo poema, sendo espanhol, é um dado falso que
tem por finalidade ocultar a nacionalidade do autor mineiro e, ao mesmo tempo, corroborar
a camuflagem da autoria, em decorrência do tom satírico e agressivo da epístola em versos.
Contudo, o desejo de ocultação não foi alcançado, porque Tomás Antônio Gonzaga foi
preso e deportado, por ter sido atribuída a ele a autoria das referidas Cartas.
IV. O tema do amor se faz presente nos poemas 1 e 2. Ambos apresentam bucolismo,
característica do Arcadismo, contudo existe algo que os diferencia: o pessimismo do eu
poético no texto 1 e a reciprocidade do sentimento amoroso no 2.
V. O texto 3, apesar de satírico, nega, pelos aspectos temáticos e formais, qualquer
característica do Arcadismo, pois o poeta se preocupa, de modo especial, com os

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acontecimentos históricos e se exime de preocupação estética, revelando desconhecimento


da produção épica de poetas gregos e latinos.

Está(ão) CORRETO(S) , apenas, o(s) item(ns)


a) I, II e III.
b) I e IV.
c) II, IV e V.
d) IV.
e) I.

Resposta:

[D]

As proposições [I], [II], [III] e [V] são incorretas, pois


[I] exatamente por serem árcades, é que podemos verificar em todos os poemas determinadas
características presentes em estilos que os antecederam, como por exemplo o Classicismo e
até o Barroco, pelo tom magoado e pessimista do poema 1. Também as referências a
“monte” e “Natureza” não aludem à mitologia clássica, mas à temática do bucolismo típica do
Arcadismo.
[II] a primeira fase da poesia de Claudio Manuel Da costa revela características do Barroco,
sobretudo por tematizar as contradições da vida, como se observa no texto 1, mas sem que
isso vincule a sua poesia a dois momentos literários. O poema 3 pertence à produção
satírica de Tomás Antônio Gonzaga.
[III] só recentemente se atribuiu a autoria de “Cartas Chilenas” a Tomás Antônio Gonzaga, por
isso a prisão deveu-se a outra causa: conspiração política contra o governador da
capitania, considerada crime de traição ao rei de Portugal.
[V] o poema 3 pertence ao gênero satírico e apresenta aspectos formais clássicos, como a
preferência pelo uso de versos decassílabos.

Assim, é correta a opção [D].

TEXTO PARA AS PRÓXIMAS 3 QUESTÕES:


Lira XV

Eu, Marília, não fui nenhum Vaqueiro,


Fui honrado Pastor da tua aldeia;
Vestia finas lãs, e tinha sempre
A minha choça do preciso cheia.
Tiraram-me o casal, e o manso gado,
Nem tenho, a que me encoste, um só cajado.

Para ter que te dar, é que eu queria


De mor rebanho ainda ser o dono;
Prezava o teu semblante, os teus cabelos
Ainda muito mais que um grande Trono.
Agora que te oferte já não vejo
Além de um puro amor, de um são desejo.

Se o rio levantado me causava,


Levando a sementeira, prejuízo,
Eu alegre ficava apenas via
Na tua breve boca um ar de riso.
Tudo agora perdi; nem tenho o gosto
De ver-te aos menos compassivo o rosto.

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Propunha-me dormir no teu regaço


As quentes horas da comprida sesta,
Escrever teus louvores nos olmeiros,
Toucar-te de papoulas na floresta.
Julgou o justo Céu, que não convinha
Que a tanto grau subisse a glória minha.

Ah! minha Bela, se a Fortuna volta,


Se o bem, que já perdi, alcanço, e provo;
Por essas brancas mãos, por essas faces
Te juro renascer um homem novo;
Romper a nuvem, que os meus olhos cerra,
Amar no Céu a Jove, e a ti na terra.

Fiadas comprarei as ovelhinhas,


Que pagarei dos poucos do meu ganho;
E dentro em pouco tempo nos veremos
Senhores outra vez de um bom rebanho.
Para o contágio lhe não dar, sobeja
Que as afague Marília, ou só que as veja.

Senão tivermos lãs, e peles finas,


Podem mui bem cobrir as carnes nossas
As peles dos cordeiros mal curtidas,
E os panos feitos com as lãs mais grossas.
Mas ao menos será o teu vestido
Por mãos de amor, por minhas mão cosido.

Nós iremos pescar na quente sesta


Com canas, e com cestos os peixinhos:
Nós iremos caçar nas manhãs frias
Com a vara envisgada os passarinhos.
Para nos divertir faremos quanto 
Reputa o varão sábio, honesto e santo.

Nas noites de serão nos sentaremos


C'os filhos, se os tivermos, à fogueira;
Entre as falsas histórias, que contares,
Lhes contarás a minha verdadeira.
Pasmados te ouvirão; eu entretanto
Ainda o rosto banharei de pranto.

Quando passarmos juntos pela rua,


Nos mostrarão c'o dedo os mais Pastores;
Dizendo uns para os outros: "Olha os nosso
"Exemplos da desgraça, e sãos amores".
Contentes viveremos desta sorte,
Até que chegue a um dos dois a morte.

GONZAGA, Tomaz Antonio. Marília de Dirceu. Disponível em <http://www.bibvirt.futuro.usp.br>.


Acesso em: 25.out.2012.

29. (G1 - cftmg 2013) A Lira XV apresenta


a) influência barroca.
b) convenção pastoral.
c) linguagem rebuscada.
d) versos brancos e livres.

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Resposta:

[B]

A obra de Tomás Antônio Gonzaga está inserida no período literário do Arcadismo, cuja
estética repudiava os excessos do Barroco para restabelecer a simplicidade e o equilíbrio da
poesia clássica. Nas estrofes da Lira XV, constituídas por versos decassílabos com esquema
rimático regular (abcbdd), o eu lírico assume a identidade de um pastor que lamenta a perda de
seus bens (“Fui honrado Pastor da tua aldeia”, “Tiraram-me o casal, e o manso gado, / Nem
tenho, a que me encoste, um só cajado”, ”eu queria / De mor rebanho ainda ser o dono”). No
entanto, alimenta a esperança de que tudo lhe será devolvido para poder usufruir dos prazeres
de uma vida simples ao lado da sua amada (“Fiadas comprarei as ovelhinhas” / ”Nós iremos
pescar na quente sesta / Com canas, e com cestos os peixinhos”). Assim, a Lira XV apresenta
convenção pastoral, como se afirma em [B].

30. (G1 - cftmg 2013) NÃO é correto afirmar que o pastor


a) é o eu lírico do poema.
b) projeta pela imaginação seu futuro.
c) revela à Marília a causa de sua desgraça.
d) apresenta uma visão nostálgica do passado.

Resposta:

[C]

Todas as opções são corretas, exceto [C], pois o eu lírico, assumindo a identidade de um
pastor, relembra nostalgicamente o passado e imagina um futuro em que tudo que perdeu lhe
será devolvido, mas sem revelar a causa da desgraça que o vitima no presente.

31. (G1 - cftmg 2013) O poema apresenta a temática árcade conhecida como
a) fugere urbem (fuga da cidade).
b) inutilia truncat (corte das coisas inúteis).
c) carpe diem (desejo de aproveitar o dia, a vida).
d) aurea mediocritas (vida simples materialmente, mas feliz).

Resposta:

[D]

È correta a opção [D], pois o poema exalta a virtude da humildade e do comedimento na figura
do eu lírico, pastor anônimo e feliz no contato com a natureza, ou seja, apresenta a temática
árcade conhecida como aurea mediocritas.

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32. (Ucs 2012) As obras literárias marcam diferentes visões de mundo, não apenas dos
autores, mas também de épocas históricas distintas. Reflita sobre isso e leia os fragmentos dos
poemas de Gregório de Matos e de Tomás Antônio Gonzaga.

Arrependido estou de coração,


de coração vos busco, dai-me abraços,
abraços, que me rendem vossa luz.

Luz, que claro me mostra a salvação,


a salvação pretendo em tais abraços,
misericórdia, amor, Jesus, Jesus!

(MATOS, Gregório. Pecador contrito aos pés do Cristo crucificado. In: TUFANO, Douglas.
Estudos de literatura brasileira. 4 ed. rev. e ampl. São Paulo: Moderna, 1988. p. 66.)

Minha bela Marília, tudo passa;


a sorte deste mundo é mal segura;
se vem depois dos males a ventura,
vem depois dos prazeres a desgraça.
Estão os mesmos deuses
sujeitos ao poder do ímpio fado:
Apolo já fugiu do céu brilhante,
já foi pastor de gado.

(GONZAGA, Tomás António. Lira XIV. In: TUFANO, Douglas Estudos de literatura brasileira. 4
ed. rev. e ampl. São Paulo: Moderna, 1988. p. 77.)

Em relação aos poemas, analise a veracidade (V) ou a falsidade (F) das proposições abaixo.

( ) O poema de Gregório de Matos apresenta um sujeito lírico torturado pelo peso de seus
pecados e desejoso de aproximar-se do Divino.
( ) Tomás Antônio Gonzaga, embora pertença ao mesmo período literário de Gregório de
Matos, revela neste poema um sujeito lírico consciente da brevidade da vida.
( ) Em relação às marcas de religiosidade, a visão antagônica que se coloca entre os dois
poemas reflete, no Barroco, a influência do cristianismo e, no Arcadismo, a da mitologia
grega.

Assinale a alternativa que preenche corretamente os parênteses, de cima para baixo.


a) V – V – V
b) V – F – F
c) V – F – V
d) F – F – F
e) F – V – F

Resposta:

[C]

Apenas a segunda proposição é falsa, pois Tomás Antônio Gonzaga está inserido no período
literário do Arcadismo, e Gregório de Matos, no Barroco.

33. (Ufpe 2012) Os movimentos ou tendências literárias que surgiam na Europa letrada
alcançaram o Brasil através dos colonizadores portugueses e tiveram nomes que se
destacaram no continente americano. A esse propósito, analise as afirmações a seguir.

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( ) No século XVII, o Barroco procurava, através da ênfase na religiosidade, solucionar os


dilemas humanos. Esse movimento foi introduzido no Brasil pelos jesuítas, sendo seu
representante capital Padre Antônio Vieira, cuja obra – Sermões – constitui um mundo
rico e contraditório.
( ) No século XVIII, floresceu o Arcadismo em Minas Gerais, Vila Rica. Com o
estabelecimento de relações sociais mais concentradas, formou-se um público leitor,
elemento importante para o desenvolvimento de uma literatura nacional. Entre o grupo de
literatos, destaca-se Tomás Antônio Gonzaga, autor da obra lírica Marília de Dirceu.
( ) O Naturalismo surgiu no século XIX, tendo sido, no Brasil, contemporâneo da Abolição e
da República. O Mulato, de Aluísio de Azevedo, foi o primeiro romance naturalista
brasileiro e o primeiro a abordar, de forma crítica, o racismo, o reacionarismo clerical e a
estreiteza do universo provinciano no país.
( ) A oscilação entre imobilismo econômico e modernização, na sociedade brasileira, foi
absorvida pela produção literária, o que marcou os vinte primeiros anos do século XX.
Tendo em Olavo Bilac seu principal autor, o Parnasianismo procurou corresponder ao
Realismo/Naturalismo na prosa e adotou, como lema, a objetividade e impessoalidade no
tratamento dos temas sociais.
( ) O chamado Romance de 30 aprofundou-se de forma pessimista nas contradições da
sociedade brasileira; no entanto, alguns de seus autores foram politicamente
contraditórios. Graciliano Ramos, por exemplo, tenta descrever a realidade a partir da
visão dos camponeses, como em Vidas Secas, mas justifica e aceita o sistema da
propriedade rural, como em São Bernardo.

Resposta:

V - V - V - F - F.

O penúltimo parágrafo apresenta proposição falsa, pois o Parnasianismo, escola literária que
defendia a objetividade e a impessoalidade na poesia, manifestava aversão por temática social.
Distanciava-se dos autores realistas que descreviam, analisavam e criticavam a realidade,
assim como dos naturalistas que, presos às correntes deterministas, demonstravam nas suas
obras que o indivíduo é influenciado pelo ambiente e pela hereditariedade. Também a última
afirmação é improcedente, pois Graciliano Ramos é um fiel representante da proposta literária
da geração de 30, como se pode comprovar em “Vidas Secas” e “São Bernardo”.

TEXTO PARA AS PRÓXIMAS 2 QUESTÕES:


“Eu, Marília, não sou algum vaqueiro,
Que viva de guardar alheio gado;
De tosco trato, de expressões grosseiro,
Dos frios gelo e dos sóis queimado.
Tenho próprio casal e nele assisto;
Dá-me vinho, legume, fruta, azeite;
Das brancas ovelhinhas tiro o leite,
E mais as finas lãs de que me visto.
Graças, Marília bela,
Graças à minha estrela!

(fredb.sites.uol.com.br/lusdecam.htm, adaptado)

34. (G1 - ifsp 2012) Pode-se afirmar que se destaca no poema


a) o racionalismo, característica do Barroco.
b) o conceptismo, característica do Arcadismo.
c) o cultismo, característica do Barroco.
d) o teocentrismo, característica do Barroco.

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e) o pastoralismo, característica do Arcadismo.

Resposta:

[E]

O Arcadismo, escola literária surgida na Europa no século XVIII e, por isso, também
denominada setecentismo ou neoclassicismo, valoriza a vida simples, bucólica e pastoril (locus
ameonus), refúgio para quem sentia a opressão dos centros urbanos dominados pelo regime
do absolutismo monárquico.

35. (G1 - ifsp 2012) A análise do trecho permite afirmar que o eu lírico
a) valoriza os trajes ricos da cidade.
b) despreza a vida humilde.
c) manifesta preocupação religiosa.
d) valoriza os benefícios de sua vida no campo.
e) apresenta a vida na cidade como mais desejável do que a vida no campo.

Resposta:

[D]

O eu lírico dirige-se à mulher objeto da sua afeição e enumera-lhe as razões pelas quais se
considera uma pessoa de sorte: ter boa aparência e ser dono de uma propriedade rural que lhe
dá boas rendas. Assim, depreende-se que o eu lírico valoriza os benefícios da vida no campo,
como se afirma em [D].

TEXTO PARA AS PRÓXIMAS 3 QUESTÕES:


A beleza da forma física feminina constituiu assunto predileto da poesia arcádica brasileira.
Leia as seguintes estrofes da Lira 27 de Marília de Dirceu, de Tomás Antônio Gonzaga:

Vou retratar a Marília,


a Marília, meus amores;
porém como? se eu não vejo
quem me empreste as finas cores:
dar-mas a terra não pode;
não, que a sua cor mimosa
vence o lírio, vence a rosa,
o jasmim e as outras flores.

Ah! socorre, Amor, socorre


ao mais grato empenho meu!
Voa sobre os astros, voa,
Traze-me as tintas do céu.
[...]
Entremos, Amor, entremos,
entremos na mesma esfera;
venha Palas, venha Juno,
Venha a deusa de Citera.
Porém, não, que se Marília

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no certame antigo entrasse,


bem que a Páris não peitasse,
a todas as três vencera.

Vai-te, Amor, em vão socorres


ao mais grato empenho meu:
para formar-lhe o retrato
não bastam tintas do céu.

Vocabulário
Certame: disputa
Juno: deusa da mitologia romana, esposa de Júpiter
Palas: deusa da mitologia romana, presidia a guerra
Deusa de Citera: Afrodite, deusa do amor
Páris: príncipe troiano, responsável por escolher a deusa mais bela do Olimpo

36. (Ufsm 2012) Relacione as colunas e, na sequência, assinale a alternativa


correspondente.

1. Estética barroca
2. Estética árcade

( ) Apresenta texto poético claro, conciso, objetivo, com estrutura frasal geralmente em
ordem direta.
( ) Caracteriza-se por figuras de linguagem, tais como: metáfora, antítese, hipérbole,
alegoria.
( ) Registra a ambiguidade, valorizando os detalhes, os jogos de palavras, a tensão entre os
opostos e o conflito exposto pelos contrastes.
( ) Retoma o ideal de simplicidade, herdado do modelo clássico greco-romano,
correspondente à tradição do equilíbrio e da racionalidade: a justa medida.

A sequência correta é
a) 1 – 1 – 2 – 2.
b) 2 – 1 – 1 – 2.
c) 1 – 2 – 2 – 1.
d) 2 – 1 – 2 – 2.
e) 1 – 2 – 1 – 2.

Resposta:

[B]

O Barroco foi um estilo artístico que se iniciou no final do século XVI na Itália. O termo
“barroco”, em sua origem, significa “pérola irregular”, o que indica sua característica de
excesso, excesso de sentimentos (o homem barroco vivia entre altos e baixos), de palavras, de
figuras de linguagem, de oposições, de contrastes. Já o Arcadismo, escola literária surgida no
século XVIII, valorizava o equilíbrio e a simplicidade, inclusive na forma, tendo em vista sua
retomada dos valores clássicos. Assim, é correta a disposição: 2 – 1 – 1 – 2.

37. (Ufsm 2012) O Arcadismo volta aos princípios clássicos greco-romanos e renascentistas.
Nesse sentido, a estética árcade cria e segue um grupo de preceitos herdados do Classicismo.
Assinale o trecho poético de Marília de Dirceu que corresponde ao preceito em negrito.

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a) “Verás em cima da espaçosa mesa/altos volumes de enredados feitos;/ver-me-ás folhear os


grandes livros,/e decidir os pleitos.” – Fugere urbem.
b) “Enquanto pasta alegre o manso gado,/minha bela Marília, nos sentemos/à sombra deste
cedro levantado./Um pouco meditemos/na regular beleza,/que em tudo quanto vive nos
descobre/a sábia Natureza.” – Locus amoenus.
c) “Se não tivermos lãs e peles finas,/podem mui bem cobrir as carnes nossas/as peles dos
cordeiros malcurtidas,/e os panos feitos com as lãs mais grossas./Mas ao menos será o teu
vestido/por mãos de amor, por minhas mãos cosido.” – Inutilia truncat.
d) “Pela Ninfa, que jaz vertida em Louro,/o grande Deus Apolo não delira?/Jove, mudado em
Touro/e já mudado em velha não suspira?/Seguir aos Deuses nunca foi desdouro./Graças, ó
Nise bela,/graças à minha Estrela!” – Carpe diem.
e) “Quando apareces/Na madrugada,/Mal-embrulhada/Na larga roupa,/E desgrenhada/Sem
fita, ou flor;/Ah! que então brilha/A natureza!/Então se mostra/Tua beleza/Inda maior.” –
Aurea mediocritas.

Resposta:

[B]

O conceito Locus amoenus do Arcadismo diz respeito à busca de uma vida simples, bucólica,
pastoril; ao refugiar-se em um local tranquilo, ameno, em oposição à vida nos centros urbanos.
No trecho em questão, isso é claramente evidenciado: “nos sentemos/à sombra deste cedro
levantado./Um pouco meditemos/na regular beleza,/que em tudo quanto vive nos descobre/a
sábia Natureza”.

38. (Ufsm 2012) Com respeito ao texto referido, todas as afirmativas estão corretas, EXCETO:
a) Na lira 27, Dirceu exalta a beleza de Marília e, para fazer isso, recorre a personagens da
Antiguidade Clássica.
b) Os versos dessa lira são regulares, formados por sete sílabas métricas.
c) Com a alusão à tentativa de trazer as "tintas do céu" para pintar o retrato de Marília, o eu
lírico sugere que a beleza dela atinge a esfera do divino, do sublime, transcendendo a
beleza encontrada no mundo terreno.
d) Há uma equivalência de sentido entre os quatro últimos versos da primeira estrofe e os
quatro últimos versos da segunda estrofe.
e) O eu lírico tem como interlocutor o Amor, isto é, a divindade da mitologia clássica que rege o
sentimento amoroso.

Resposta:

[D]

Nos quatro últimos versos da primeira estrofe, Dirceu afirma que a beleza de Marília é superior
ao que de melhor se encontra na natureza. Marília é mais bela do que as mais lindas flores.
Nos quatro últimos versos da segunda estrofe, ele compara a beleza da amada com a das
deusas do Olimpo. Assim, no primeiro caso, a comparação é com elementos terrenos, no
segundo, com elementos mitológicos. Desse modo, não é possível afirmar que haja
equivalência.

TEXTO PARA AS PRÓXIMAS 5 QUESTÕES:


Leia o poema de Tomás Antônio Gonzaga (1744-1810).

2/8/2002 15:381
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18
Não vês aquele velho respeitável,
que à muleta encostado,
apenas mal se move e mal se arrasta?
Oh! quanto estrago não lhe fez o tempo,
o tempo arrebatado,
que o mesmo bronze gasta!

Enrugaram-se as faces e perderam


seus olhos a viveza:
voltou-se o seu cabelo em branca neve;
já lhe treme a cabeça, a mão, o queixo,
nem tem uma beleza
das belezas que teve.

Assim também serei, minha Marília,


daqui a poucos anos,
que o ímpio tempo para todos corre.
Os dentes cairão e os meus cabelos.
Ah! sentirei os danos,
que evita só quem morre.

Mas sempre passarei uma velhice


muito menos penosa.
Não trarei a muleta carregada,
descansarei o já vergado corpo
na tua mão piedosa,
na tua mão nevada.

As frias tardes, em que negra nuvem


os chuveiros não lance,
irei contigo ao prado florescente:
aqui me buscarás um sítio ameno,
onde os membros descanse,
e ao brando sol me aquente.

Apenas me sentar, então, movendo


os olhos por aquela
vistosa parte, que ficar fronteira,
apontando direi: — Ali falamos,
ali, ó minha bela,
te vi a vez primeira.

Verterão os meus olhos duas fontes,


nascidas de alegria;
farão teus olhos ternos outro tanto;
então darei, Marília, frios beijos
na mão formosa e pia,
que me limpar o pranto.

Assim irá, Marília, docemente


meu corpo suportando
do tempo desumano a dura guerra.
Contente morrerei, por ser Marília
quem, sentida, chorando
meus baços olhos cerra.

(Tomás Antônio Gonzaga. Marília de Dirceu e mais poesias. Lisboa: Livraria Sá da Costa
Editora, 1982.)

2/8/2002 15:381
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39. (Unesp 2012) A leitura atenta deste poema do livro Marília de Dirceu revela que o eu lírico
a) sente total desânimo perante a existência e os sentimentos.
b) aceita com resignação a velhice e a morte amenizadas pelo amor.
c) está em crise existencial e não acredita na durabilidade do amor.
d) protesta ao Criador pela precariedade da existência humana.
e) não aceita de nenhum modo o envelhecimento e prefere morrer ainda jovem.

Resposta:

[B]

Em vários momentos, o eu lírico confessa-se resignado com a aproximação da velhice e


inevitabilidade da morte, momentos que serão amenizados pela presença e amor de Marília.

40. (Unesp 2012) Marque a alternativa em que o verso apresenta acento tônico na segunda e
na sexta sílabas:
a) o tempo arrebatado.
b) das belezas que teve.
c) daqui a poucos anos.
d) e ao brando sol me aquente.
e) na mão formosa e pia.

Resposta:

[A]

No verso “o tempo arrebatado”, a acentuação recai sobre a segunda e sexta sílabas, pois os
termos “tempo” e “arrebatado” são paroxítonos: o/- tem/- po ar/- re/- ba/- ta-/ (do).

41. (Unesp 2012) Observe os seguintes vocábulos extraídos da sétima estrofe do poema:

I. ternos.
II. frios.
III. pia.
IV. pranto.

As palavras que aparecem na estrofe como adjetivos estão contidas apenas em:
a) I e II.
b) I e III.
c) I, II e III.
d) I, II e IV.
e) II, III e IV.

Resposta:

[C]

2/8/2002 15:381
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Os termos “ternos”, “frios” e “pia” são adjetivos, pois caracterizam os substantivos “olhos”,
“beijos” e “mãos”, respectivamente, enquanto a palavra “pranto” configura um substantivo, pois
designa um ser.

42. (Unesp 2012) Assinale a alternativa que indica a ordem em que os versos de dez e de seis
sílabas se sucedem nas oito estrofes do poema.
a) 6, 10, 6, 6, 10, 10.
b) 10, 6, 10, 10, 6, 6.
c) 10, 10, 6, 10, 6, 6.
d) 10, 6, 10, 6, 10, 6.
e) 6, 10, 6, 10, 6, 6.

Resposta:

[B]

A alternativa [B] apresenta a ordem em que os versos de dez e seis sílabas se sucedem nas
estrofes do poema, conforme exemplificado no excerto abaixo.

Não /vês /a/que/le /ve/lho /res/pei/tá/ (vel) -10


que à /mu/le/ta en/cos/ta/ (do) -6
a/pe/nas/ mal /se /mo/ve e /mal /se ar/ras/(ta) -10
Oh!/quan/to es/tra/go /não /lhe /fez/ o /tem/(po) -10
o /tem/po ar/re/ba/ta/(do) - 6
que o /mês/mo /bron/ze /gas/(ta)-6

43. (Unesp 2012) No conteúdo da quinta estrofe do poema encontramos uma das
características mais marcantes do Arcadismo:
a) paisagem bucólica.
b) pessimismo irônico.
c) conflito dos elementos naturais.
d) filosofia moral.
e) desencanto com o amor.

Resposta:

[A]

Expressões como “prado florescente”, “sítio ameno” e “brando sol” reproduzem o cenário idílico
característico da poesia árcade. Inspirados na frase fugere urbem (fugir da cidade), do escritor
latino Horácio, os autores árcades voltavam-se para a natureza em busca de uma vida simples,
bucólica, pastoril, do locus amoenus (refúgio ameno).

TEXTO PARA AS PRÓXIMAS 2 QUESTÕES:


Texto IV

2/8/2002 15:381
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Lira XV

Eu, Marília, não fui nenhum vaqueiro,


Fui honrado Pastor da tua aldeia;
Vestia finas lãs, e tinha sempre
A minha choça do preciso cheia.
Tiraram-me o casal, e o manso gado,
Nem tenho, a que me encoste, um só cajado.

(...)

Se não tivermos lãs, e peles finas,


Podem mui bem cobrir as carnes nossas
As peles dos cordeiros mal curtidas,
E os panos feitos com as lãs mais grossas.
Mas ao menos será o teu vestido
Por mãos do amor, por minhas mãos cosido.

Nós iremos pescar na quente sesta


Com canas, e com cestos os peixinhos:
Nós iremos caçar nas manhãs frias
Com a vara envisgada os passarinhos.
Para nos divertir faremos quanto
Reputa o varão sábio, honesto e santo.

(...)
FONTE: GONZAGA, Tomás Antônio. Marília de Dirceu. Rio de Janeiro: Ediouro, s/d.

Texto V

Amor de Índio

Tudo o que move é sagrado


E remove as montanhas
Com todo cuidado, meu amor

(...)

Sim, todo amor é sagrado


E o fruto do trabalho
É mais que sagrado, meu amor
A massa que faz o pão
Vale a luz do seu suor
Lembra que o sono é sagrado
E alimenta de horizontes
O tempo acordado de viver

No inverno te proteger
No verão sair pra pescar

2/8/2002 15:381
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No outono te conhecer
Primavera poder gostar
No estio me derreter
Pra na chuva dançar e andar junto
O destino que se cumpriu
De sentir seu calor e ser tudo

FONTE: GUEDES, Beto & BASTOS, Ronaldo. In GUEDES, Beto. Amor de Índio. EMI Music,
1978.

44. (G1 - cftmg 2010) Nos dois textos, percebe-se


a) divisão métrica irregular.
b) intertextualidade denominada paródia.
c) composição lírica em terceira pessoa.
d) construção poética como espaço utópico.

Resposta:

[D]

O texto de Tomás Antônio Gonzaga tem métricas regulares (decassílabos), o que elimina a
alternativa A.
Nenhum dos textos tem características de paródia, o que elimina a alternativa B.
A alternativa C também está incorreta, pois os textos têm composição lírica em primeira
pessoa.
A alternativa D é a correta, porque os dois textos utilizam a construção poética como espaço
utópico.

45. (G1 - cftmg 2010) São temas presentes nos textos, EXCETO
a) bucolismo.
b) amor idealizado.
c) simplicidade existencial.
d) desprezo ao trabalho urbano.

Resposta:

[D]

O poema árcade de Tomás Antônio Gonzaga e a música de Beto Guedes trazem a temática da
beleza simples, natural e do amor idealizado.
Apesar da valorização da vida simples e bucólica, ambos os autores não fazem menção ao
trabalho urbano.

2/8/2002 15:381
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TEXTO PARA AS PRÓXIMAS 3 QUESTÕES:


Leia o texto a seguir e responda à questão.

Lira 83

Que diversas que são, Marília, as horas, Nenhum pastor cuidava do rebanho,
que passo na masmorra imunda e feia, enquanto em nós durava esta porfia;
dessas horas felizes, já passadas e ela, ó minha amada, só findava
na tua pátria aldeia! depois de acabar-se o dia.

Então eu me ajuntava com Glauceste; À noite te escrevia na cabana


e à sombra de alto cedro na campina os versos, que de tarde havia feito;
eu versos te compunha, e ele os compunha mal tos dava e os lia, os guardavas
à sua cara Eulina. no casto e branco peito.

Cada qual o seu canto aos astros leva; Beijando os dedos dessa mão formosa,
de exceder um ao outro qualquer trata; banhados com as lágrimas do gosto,
o eco agora diz: Marília terna; jurava não cantar mais outras graças
e logo: Eulina ingrata. que as graças do teu rosto.

Deixam os mesmos sátiros as grutas: Ainda não quebrei o juramento;


um para nós ligeiro move os passos, eu agora, Marília, não as canto;
ouve-nos de mais perto, e faz a flauta mas inda vale mais que os doces versos
cos pés em mil pedaços. a voz do triste pranto.

— Dirceu — clama um pastor — ah! bem


merece
da cândida Marília a formosura.
E aonde — clama o outro — quer Eulina
achar maior ventura?

(GONZAGA, T. A. Marília de Dirceu & Cartas Chilenas. São Paulo: Ática, 1997. p. 126-127.)

46. (Uel 2010) O ideal horaciano da “áurea mediocridade”, tão cultivado pelos poetas árcades,
faz-se presente pelo registro
a) de uma existência em contato com seres míticos, como é o caso dos sátiros.
b) de uma vida raciocinante expressa por meio de linguagem elaborada mefaforicamente.
c) da aceitação obstinada dos reveses da vida impostos pela política.
d) do prazer suscitado pelas situações difíceis a serem disciplinadamente encaradas.
e) de uma vida tranquila e amorosa em contato com a natureza sempre amena.

Resposta:

[E]

O Arcadismo opõe-se aos exageros e rebuscamentos do Barroco, expresso pela expressão


latina "inutilia truncat" ("cortar o inútil"). O ideal horaciano da “áurea mediocridade” simboliza a
valorização de uma vida tranquila, o cotidiano simples orientado pela razão, o amor idílico em
ambiente bucólico, como se afirma em [E].

2/8/2002 15:381
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47. (Uel 2010) Com base no poema de Tomás Antônio Gonzaga, considere as afirmativas a
seguir:

I. Na primeira estrofe do poema, o eu-lírico coloca lado a lado sua situação de prisioneiro
político no presente da elaboração do poema e sua situação de estrangeiro no passado
vivido em ambiente urbano.
II. Na quinta estrofe do poema, há o registro da “porfia”, ou seja, da disputa obstinada efetivada
por meio de palavras, de dois pastores: Dirceu (Tomás Antônio Gonzaga) e Glauceste
(Cláudio Manuel da Costa).
III. Nas estrofes de números 7 e 8, depara-se o leitor com ambiente distinto daquele
compartilhado com Glauceste, pois agora o ambiente é fechado e restrito ao convívio com a
mulher amada.
IV. Na última estrofe do poema, o eu-lírico afirma continuar cantando as graças de outros
rostos, embora só consiga sentir o ambiente fétido e repugnante da prisão.

Assinale a alternativa correta.


a) Somente as afirmativas I e IV são corretas.
b) Somente as afirmativas II e III são corretas.
c) Somente as afirmativas III e IV são corretas.
d) Somente as afirmativas I, II e III são corretas.
e) Somente as afirmativas I, II e IV são corretas.

Resposta:

[B]

A 2ª parte da obra Liras de Marília de Dirceu, a que pertence a Lira 83, foi escrita na prisão da
ilha das Cobras. Os poemas exprimem a solidão, a saudade e o temor do futuro de Dirceu. Na
primeira estrofe, o eu lírico, em tom confessional pleno de pessimismo, dirige-se à amada e
informa-a da sua situação de prisioneiro em um ambiente contrastante com as paisagens
bucólicas em que, no passado, haviam transcorrido os seus encontros (“dessas horas felizes,
já passadas/na tua pátria aldeia!”).
Na última estrofe, o eu lírico confirma o juramento que havia feito na anterior (“jurava não
cantar mais outras graças/que as graças do teu rosto”). Apenas constata que a alegria do
passado vivido com ela é substituída pela tristeza da sua condição de prisioneiro, sensação
sugerida pela antítese “canto”X”pranto” (“eu agora, Marília, não as canto;/mas inda vale mais
que os doces versos/a voz do triste pranto”). Assim, são incorretas as afirmativas I e IV.

48. (Uel 2010) Assinale a alternativa que enumera corretamente as características do


Arcadismo brasileiro presentes no poema de Tomás Antônio Gonzaga.
a) A presença do ambiente rústico; a transmissão da palavra poética ao autor; a celebração da
vida familiar; a engenhosa elaboração pictórica do poema de maneira a dominarem as
figuras de linguagem.

2/8/2002 15:381
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b) A presença do ambiente nacional; a supressão da palavra poética; a celebração da vida


familiar; a construção pictórica do poema de maneira a dominarem as figuras de linguagem.
c) A presença do ambiente urbano; a transmissão da palavra poética ao autor; a celebração da
vida rústica; a elaboração predominantemente hiperbólica do poema.
d) A presença de ambiente bucólico; a delegação da palavra poética a um pastor; a celebração
da vida simples; a clareza, a lógica e a simplicidade na construção do poema.
e) A presença do ambiente nacional; a delegação da palavra poética a um pastor; a celebração
da vida em sociedade; a construção racional do poema enfatizando o decoro e a discrição.

Resposta:

[D]

Tomás Antônio Gonzaga, autor dos mais significativos poemas do arcadismo luso-brasileiro,
expressa suas vivências em uma trajetória que abrange o período vivido em Vila Rica, Minas
Gerais, e sua reclusão na ilha das Cobras, Rio de Janeiro. A construção do poema em versos
redondilhos menores ou em decassílabos quebrados, a linguagem simples, a referência
constante a ambientes bucólicos, em que o eu lírico se mimetiza com a figura de um pastor,
são típicas do Arcadismo.

TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:


Texto extraído de Formação da Literatura Brasileira, de Antonio Candido.

No Brasil, o homem de estudo, de ambição e de sala, que provavelmente era, encontrou


condições inteiramente novas. Ficou talvez mais disponível, e o amor por Dorotéia de Seixas o
iniciou em ordem nova de sentimentos: o clássico florescimento da primavera no outono.
Foi um acaso feliz para a nossa literatura esta conjunção de um poeta de meia idade com a
menina de dezessete anos. O quarentão é o amoroso refinado, capaz de sentir poesia onde o
adolescente só vê o embaraçoso cotidiano; e a proximidade da velhice intensifica, em relação à
moça em flor, um encantamento que mais se apura pela fuga do tempo e a previsão da morte:

Ah! enquanto os destinos impiedosos


não voltam contra nós a face irada,
façamos, sim, façamos, doce amada,
os nossos breves dias mais ditosos.

49. (Unifesp 2009) Em seu texto, Antonio Candido refere-se ao poeta _________, que tornou
__________ como tema de sua lírica.

Os espaços da frase devem ser preenchidos com:


a) renascentista Luís Vaz de Camões ... Inês de Castro
b) árcade Tomás Antônio Gonzaga ... Marília
c) romântico Gonçalves Dias ... a natureza
d) romântico Álvares de Azevedo ... a morte
e) árcade Bocage ... Marília

Resposta:

[B]

2/8/2002 15:381
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TEXTO PARA AS PRÓXIMAS 4 QUESTÕES:


Leia o poema de Bocage para responder às questões.

Olha, Marília, as flautas dos pastores


Que bem que soam, como estão cadentes!
Olha o Tejo a sorrir-se! Olha, não sentes
Os Zéfiros brincar por entre flores?

Vê como ali, beijando-se, os Amores


Incitam nossos ósculos ardentes!
Ei-las de planta em planta as inocentes,
As vagas borboletas de mil cores.

Naquele arbusto o rouxinol suspira,


Ora nas folhas a abelhinha para,
Ora nos ares, sussurrando, gira:

Que alegre campo! Que manhã tão clara!


Mas ah! Tudo o que vês, se eu te não vira,
Mais tristeza que a morte me causara.

50. (Unifesp 2007) A descrição que o eu-lírico faz do ambiente é uma forma de mostrar à
amada que o amor
a) acaba quando a morte chega.
b) tem pouca relação com a natureza.
c) deve ser idealizado, mas não realizado.
d) traz as tristezas e a morte.
e) é inspirado por tudo o que os rodeia.

Resposta:

[E]

51. (Unifesp 2007) Leia os versos e analise as considerações sobre as formas verbais neles
destacadas.

I. "OLHA, Marília, as flautas dos pastores..." - Como o eu-lírico faz um convite à audição das
flautas dos pastores, poderia ser empregada a forma OUÇA, no lugar de OLHA.
II. "VÊ como ali, beijando-se, os Amores..." - A forma verbal, no imperativo, expressa um
convite do eu-lírico para que a amada se delicie, junto a ele, com o belo cenário.
III. "Mas ah! Tudo o que VÊS..." - A forma verbal, também no imperativo, sugere que, neste
ponto do poema, a amada já viu tudo o que o seu amado lhe mostrou.

2/8/2002 15:381
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Está correto o que se afirma apenas em


a) I.
b) II.
c) III.
d) I e II.
e) I e III.

Resposta:

[B]

52. (Unifesp 2007) O emprego de "Mas", na última estrofe do poema, permite entender que
a) todo o belo cenário só tem tais qualidades se a mulher amada fizer parte dele.
b) a ausência da mulher amada pode levar o eu-lírico à morte.
c) a morte é uma forma de o eu-lírico deixar de sofrer pela mulher amada.
d) a mulher amada morreu e, por essa razão, o eu-lírico sofre.
e) o eu-lírico sofre toda manhã pela ausência da mulher amada.

Resposta:

[A]

53. (Unifesp 2007) O soneto de Bocage é uma obra do Arcadismo português, que apresenta,
dentre suas características, o bucolismo e a valorização da cultura greco-romana, que estão
exemplificados, respectivamente, em
a) Tudo o que vês, se eu te não vira/Olha, Marília, as flautas dos pastores.
b) Ei-las de planta em planta as inocentes/Naquele arbusto o rouxinol suspira.
c) Que bem que soam, como estão cadentes!/Os Zéfiros brincar por entre flores?
d) Mais tristeza que a morte me causara./Olha o Tejo a sorrir-se! Olha, não sentes.
e) Que alegre campo! Que manhã tão clara!/Vê como ali, beijando-se, os Amores.

Resposta:

[E]

54. (Ufu 2006) Leia as afirmativas seguintes e marque a correta.


a) "Assim procedo. Minha pena/ Segue esta norma,/ Por te servir, Deusa serena,/ Serena
Forma!" (Olavo Bilac). Estes versos falam dos sofrimentos do poeta que, mesmo penando,
serve à sua formosa mulher amada, procedimento típico daquele amor exacerbado que
caracteriza o Romantismo.

2/8/2002 15:381
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b) "Adeus, meus sonhos, eu pranteio e morro!/ Não levo da existência uma saudade!/ E tanta
vida que meu peito enchia/ Morreu na minha triste mocidade!" (Álvares de Azevedo). Estes
versos mostram desencanto, ao falarem das esperanças que morrem cedo e da existência
como um fardo, caracterizando a geração dos poetas realistas.
c) "Quando levares, Marília,/ Teu ledo rebanho ao prado,/ Tu dirás: Aqui trazia/ Dirceu também
o seu gado." (Tomás A. Gonzaga). São características do Arcadismo, período literário a que
pertencem estes versos, o poeta e a amada transformados em pastores, a linguagem clara e
objetiva.
d) "tchi tchi/ trã trã trã/ tarã Tarã Tarã / tchi tchi tchi tchi tchi/ Tarã Tarã Tarã Tarã Tarã"
(Ferreira Gullar). Estes versos, que imitam os sons de uma locomotiva, fazem de seu autor
um dos representantes do Simbolismo, período literário caracterizado pela musicalidade da
linguagem.

Resposta:

[C]

55. (Ufrgs 2006) Assinale a alternativa correta em relação a "Marília de Dirceu", de Tomás
Antonio Gonzaga.
a) No livro, é estabelecido um contraste entre a paisagem, bucólica e amena, e o cenário da
masmorra, opressivo e triste.
b) Trata-se de um conjunto de cartas de amor, enviadas por Marília, de Minas Gerais, a Dirceu,
que se encontra em Moçambique.
c) Na obra, o pensamento racional é anulado em favor do sentimentalismo romântico.
d) Nas liras de Gonzaga, Marília é uma mulher irreal, incorpórea, imaginada pelo pastor Dirceu.
e) Trata-se de um livro satírico, carregado de termos pejorativos em relação às convenções da
época.

Resposta:

[A]

56. (Espm 2005) Em todas as alternativas a seguir, há versos característicos do Arcadismo,


exceto em:
a) Eu vi o meu semblante numa fonte:
Dos anos inda não está cortado;
Os Pastores, que habitam este monte,
Respeitam o poder do meu cajado;
b) Ah! enquanto os Destinos impiedosos
Não voltam contra nós a face irada,
Façamos, sim façamos, doce amada,
Os nossos breves dias mais ditosos;
c) Os teus cabelos são uns fios d'ouro;
Teu lindo corpo bálsamos vapora.
Ah! não, não fez o Céu, gentil Pastora,
Para glória de Amor igual tesouro;

2/8/2002 15:381
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d) Se estou, Marília, contigo,


Não tenho um leve cuidado;
Nem me lembra se são horas
De levar à fonte o gado;
e) Ó florestas! ó relva amolecida,
A cuja sombra, em cujo doce leito
É tão macio descansar nos sonhos!
Arvoredo do vale! derramai-me
Sobre o corpo estendido na indolência
O tépido frescor e o doce aroma!.

Resposta:

[E]

57. (Ufrgs 2005) Com base nos fragmentos a seguir, extraídos da Lira II, da obra "Marília de
Dirceu", de Tomás Antônio Gonzaga, assinale com V (verdadeiro) ou F (falso) as afirmações
que seguem.

"Pintam, Marília, os Poetas


A um menino vendado,
Com uma aljava de setas,
Arco empunhado na mão;
Ligeiras asas nos ombros,
O tenro corpo despido,
E de Amor ou de Cupido
São os nomes, que lhe dão."
[...]
"Tu, Marília, agora vendo
De Amor o lindo retrato,
Contigo estarás dizendo
Que é este o retrato teu.
Sim, Marília, a cópia é tua,
Que Cupido é Deus suposto:
Se há Cupido, é só teu rosto,
Que ele foi quem me venceu."

( ) Na primeira estrofe, o poeta descreve uma figura representativa do amor na mitologia


clássica.
( ) Na primeira estrofe, a amada Marília é alertada sobre a violência que se esconde por
detrás da superfície do amor.
( ) Na segunda estrofe, o poeta transfere o retrato de Cupido para o rosto vencedor de
Marília.
( ) Na segunda estrofe, o poeta confessa à amada a sua rendição em relação aos poderes
do amor.

A sequência correta de preenchimento dos parênteses, de cima para baixo, é

2/8/2002 15:381
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a) V - V - F - F.
b) V - F - V - V.
c) F - F - V - V.
d) V - F - F - V.
e) F - V - F - F.

Resposta:

[B]

58. (Ufu 2004) Compare as seguintes estrofes:

"Vem sentar-te comigo, Lídia, à beira do rio.


Sossegadamente fitemos o seu curso e aprendamos
Que a vida passa, e não estamos de mãos enlaçadas.
(Enlacemos as mãos.)

(...)
Desenlacemos as mãos, porque não vale a pena cansarmo-nos.
Quer gozemos, quer não gozemos, passamos como o rio.
Mais vale saber passar silenciosamente
E sem desassossegos grandes."
(Ricardo Reis/Fernando Pessoa)

"Enquanto pasta alegre o manso gado,


Minha bela Marília, nos sentemos
À sombra deste cedro levantado.
Um pouco meditemos
Na regular beleza,
Que em tudo quanto vive nos descobre
A sábia natureza."
(Tomás Antônio Gonzaga)

Marque a afirmativa INCORRETA.


a) Ricardo Reis e Tomás Antônio Gonzaga são considerados neoclássicos por que resgatam
elementos da tradição literária greco-romana. Uma das características do neoclassicismo é
tomar a natureza como modelo, procedimento observado nos versos destes poetas.
b) Os poetas sentam-se e meditam à beira do rio e à sombra do cedro. Ricardo Reis e Tomás
A. Gonzaga valem-se desses elementos, rio e cedro, como imagens comparativas do fluir
incessante da vida.
c) Ricardo Reis trabalha com a consciência da efemeridade da vida: tudo é breve. Dessa
consciência, surge a necessidade de se aproveitar o tempo presente ('carpe diem'), convite
que o poeta faz à amada.
d) Aproveitar o tempo, para Ricardo Reis, é simplesmente viver, deixar a vida decorrer, sem
nada desejar, como se percebe no verso "Desenlacemos as mãos, porque não vale a pena
cansarmo-nos."

2/8/2002 15:381
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Resposta:

[B]

59. (Ufrgs 2004) Leia os excertos abaixo, extraídos de "Marília de Dirceu" (Lira XIV), de Tomás
Antônio Gonzaga.

"Minha bela Marília, tudo passa;


A sorte deste mundo é mal segura;
Se vem depois dos males a ventura,
Vem depois dos prazeres a desgraça."

"Ornemos nossas testas com as flores


E façamos de feno um brando leito;
Prendamo-nos, Marília, em laço estreito,
Gozemos do prazer de sãos Amores.
Sobre as nossas cabeças,
Sem que o possam deter, o tempo corre;
E para nós o tempo, que se passa,
Também, Marília, morre."

"Ah, não, minha Marília,


Aproveite-se o tempo, antes que faça
O estrago de roubar ao corpo as forças,
E ao semblante a graça."

Considere as seguintes afirmações sobre esses excertos.

I - Os versos chamam a atenção para a passagem do tempo e expressam um convite aos


prazeres de um amor sadio.
II - Os versos 05 a 12 descrevem uma cena amorosa ambientada na paisagem mineira da
cidade então chamada de Vila Rica.
III - Marília é um nome literário adotado para referir a noiva do poeta inconfidente, cujo nome
verdadeiro era Maria Dorotéia de Seixas Brandão.

Quais estão corretas?


a) Apenas I.
b) Apenas II.
c) Apenas III.
d) Apenas I e III.
e) I, II e III.

Resposta:

[D]

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60. (Uel 2003) Texto 1


"Desenlacemos as mãos, porque não vale a pena
casarmo-nos
Quer gozemos, quer não gozemos, passamos como o rio.
Mais vale passar silenciosamente
E sem desassossegos grandes.
[...]
E se antes do que eu levares o óbolo ao barqueiro sombrio,
Eu nada terei que sofrer ao lembrar-me de ti.
Ser-me-ás suave à memória lembrando-te assim - à beira-rio,
Pagã triste e com flores no regaço."
(PESSOA, Fernando. "Obra Poética". Rio de Janeiro: Aguilar, 1965. p. 257 - sob o heterônimo
de Ricardo Reis.)
óbolo: esmola

Texto 2
"Depois que nos ferir a mão da morte,
Ou seja neste monte, ou noutra serra,
Nossos corpos terão, terão a sorte
De consumir os dous a mesma terra.
Na campa, rodeada de ciprestes,
Lerão estas palavras os Pastores:
'Quem quiser ser feliz nos seus amores,
Siga os exemplos que nos deram estes'."
(GONZAGA, Tomás Antônio. "Marília de Dirceu". In: PROENÇA FILHO, Domício (Org.). "A
poesia dos Inconfidentes". Rio de Janeiro: Aguilar, 1966. Lira I, p. 573.)

Em relação aos textos acima, é correto afirmar:


a) Ambos os textos expressam a ideia de que o sentimento amoroso pode ser preservado
mesmo depois da morte, conforme atestam os versos "ser-me-ás suave à memória
lembrando-te assim - à beira-rio" e "Quem quiser ser feliz nos seus amores/ Siga os
exemplos que nos deram estes".
b) Ambos os textos expressam a representação de uma natureza idealizada, conforme retratam
os versos "E se antes do que eu levares o óbolo ao barqueiro sombrio" e "Na campa,
rodeada de ciprestes".
c) Ambos os textos expressam uma visão do amor impossível, conforme retratam os versos
"Quer gozemos, quer não gozemos, passamos como o rio" e "Quem quiser ser feliz nos seus
amores/ Siga os exemplos que nos deram estes".
d) Ambos os textos apresentam linguagem rebuscada, que reflete homens em conflito consigo
mesmos, devido aos valores mundanos e espirituais neles inseridos.
e) Ambos os textos expressam um sentimento de tristeza e de desespero em relação à morte,
como se lê nos versos "Quer gozemos, quer não gozemos, passamos como o rio" e "Quem
quiser ser feliz nos seus amores/ Siga os exemplos que nos deram estes".

Resposta:

[A]

2/8/2002 15:381
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61. (Ufpe 2003) "Basta senhor, porque roubo em uma barca sou ladrão, e vós que roubais em
uma armada sois imperador? Assim é. Roubar pouco é culpa, roubar muito é grandeza. O
ladrão que furta para comer, não vai nem leva ao inferno: os que não só vão, mas que levam
de que eu trato, são os outros... ladrões de maior calibre e mais alta esfera... Os outros ladrões
roubam um homem, estes roubam cidades e reinos, os outros furtam debaixo de seu risco,
estes sem temor nem perigo; os outros se furtam são enforcados, e o bucolismo estes furtam e
enforcam."
(Pe. Antonio Vieira. Sermão do bom ladrão.)

"Que havemos de esperar, Marília bela?


Que vão passando os florescentes dias?
As glórias que vêm tarde já vêm frias;
E pode enfim mudar-se a nossa estrela.

Ah! Não, minha Marília,


Aproveite-se o tempo, antes que faça
O estrago de roubar ao corpo as forças
E ao semblante a graça.
(Tomás Antônio Gonzaga. Lira XIV)

Sobre a obra desses autores, analise as afirmativas a seguir.

1) A obra de Gonzaga é exemplar do Arcadismo. O tema dos versos acima é o "carpe diem"
(gozar a vida presente), escrito numa linguagem amena, sem arroubos, própria do
Arcadismo.
2) Despojada de ousadias sintáticas e vocabulares, a linguagem arcádica, no poema de
Gonzaga, diferencia-se da linguagem rebuscada, usada pelo Barroco.
3) O texto de Vieira, sendo Barroco, está pleno de metáforas, de linguagem figurada, de termos
inusitados e eruditos, sendo de difícil compreensão.
4) Vieira adota a tendência barroca conceptista que leva para o texto o predomínio das ideias,
do raciocínio, da lógica, procurando adequar os textos religiosos à realidade circundante.

Está(ão) correta(s) apenas:


a) 1, 2 e 3
b) 1
c) 2
d) 1, 2 e 4
e) 2, 3 e 4

Resposta:

[D]

62. (Ufrrj 2003) LIRA XI

Não toques, minha musa, não, não toques

2/8/2002 15:381
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Na sonorosa lira,
Que às almas, como a minha, namoradas
Doces canções inspira:
Assopra no clarim que apenas soa,
Enche de assombro a terra!
Naquele, a cujo som cantou Homero,
Cantou Virgílio a guerra.

GONZAGA, T. A. "Marília de Dirceu". Rio de Janeiro: Anuário do Brasil, s/d. p. 30.


"Marília de Dirceu" apresenta um dos principais traços do arcadismo.
A opção que aponta esta característica temática, presente no texto, é
a) o bucolismo.
b) a presença de valores ou elementos clássicos.
c) o pessimismo e negatividade.
d) a fixação do momento presente.
e) a descrição sensual da mulher amada.

Resposta:

[B]

63. (Ufsm 2002) "Tu não verás, Marília, cem cativos


tirarem o cascalho e a rica terra,
ou dos cercos dos rios caudalosos,
ou da minada serra.

Não verás separar ao hábil negro


do pesado esmeril a grossa areia,
e já brilharem os granetes de oiro
no fundo da bateia."

No trecho de "Marília de Dirceu", expressões como "cem cativos", "rios caudalosos" e "granetes
de oiro" remetem para
a) a profissão de minerador exercida por Dirceu.
b) uma atividade econômica exercida na época.
c) o desagrado de Dirceu em relação à atividade do pai de Marília.
d) preocupações de Dirceu relativas à poluição dos rios.
e) a prosperidade em que vivia o povo brasileiro.

Resposta:

[B]

2/8/2002 15:381
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64. (Ufla 2000) "Que diversas que são, Marília, as horas


Que passo na masmorra imunda, e feia,
Dessas horas felizes já passadas
Na tua pátria aldeia!"

Esses versos de "Marília de Dirceu", de Tomás Antônio Gonzaga, caracterizam:


a) a primeira parte da obra, o namoro.
b) a felicidade da futura família.
c) o sonho de realizar a Inconfidência.
d) a segunda parte da obra, a cadeia.
e) o sonho de um futuro feliz ao lado da amada.

Resposta:

[D]

65. (Ufla 2000) Apresentam-se em seguida, três proposições I, II e III.

I. "O momento ideológico, na literatura dos Setecentos, traduz a crítica da burguesia culta aos
abusos da nobreza e do clero."
II. "O momento poético, na literatura do Arcadismo, nasce de um encontro, embora ainda
amaneirado, com a natureza e os afetos comuns do homem."
III. "Façamos, sim, façamos, doce amada,
Os nossos breves dias mais ditosos."
A característica que está presente nestes versos de Marília de Dirceu, de Tomás Antônio
Gonzaga, é o "carpe diem" ("gozar a vida").

Marque:
a) se só a proposição I é correta.
b) se só a proposição II é correta.
c) se só a proposição III é correta.
d) se só são corretas as proposições I e II.
e) se todas as proposições são corretas.

Resposta:

[E]

66. (Ufla 2000) Leia os seguintes fragmentos de "Marília de Dirceu", de Tomás Antônio
Gonzaga.

Texto 1

Verás em cima de espaçosa mesa

2/8/2002 15:381
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Altos volumes de enredados feitos;


Ver-me-ás folhear os grandes livros,
E decidir os pleitos.

Texto 2

Os Pastores, que habitam este monte,


Respeitam o poder do meu cajado;
Com tal destreza toco a sanfoninha,
Que inveja me tem o próprio Alceste.

Responda:

a) Em qual dos fragmentos o sujeito lírico é caracterizado de acordo com a convenção


arcádica?

b) Explique.

Resposta:

No texto 2, o sujeito lírico apresenta características da convenção arcádica. Há presença dos


pastores, a vida campestre ("monte"), para se tornar "agradável" ao leitor, para lhe proporcionar
o prazer da fantasia, longe da agitação da vida urbana.

67. (Ufrn 2000) A resposta à próxima questão, deverá basear-se, exclusivamente, nos dois
textos literários abaixo: um fragmento da "Lira II" da obra "Marília de Dirceu", de Tomás Antônio
Gonzaga, e o poema TERESA, integrante do livro "Libertinagem", de Manuel Bandeira.

LIRA II

Pintam, Marília, os Poetas


A um menino vendado,
Com uma aljava de setas,
Arco empunhado na mão;
Ligeiras asas nos ombros
O tenro corpo despido,
E de Amor, ou de Cupido
São os nomes, que lhe dão.

Os seus compridos cabelos,


Que sobre as costas ondeiam,
São que os de Apolo mais belos;
Mas de louras cor não são.
Têm a cor da negra noite;
E com o branco do rosto
Fazem, Marília, um composto

2/8/2002 15:381
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Da mais formosa união

Na sua face mimosa,


Marília, estão misturadas
Purpúreas folhas de rosa,
Brancas folhas de rosa,
Brancas folhas de jasmim.
Dos rubins mais preciosos
Os seus beiços são formados;
Os seus dentes delicados
São pedaços de marfim.

Tu, Marília, agora vendo


De Amor o lindo retrato
Contigo estarás dizendo,
Que é este o retrato teu.
Sim, Marília, a cópia é tua,
Cupido é Deus suposto:
Se há Cupido, é só teu rosto,
Que ele foi quem me venceu.
Teresa

A primeira vez que vi Teresa


Achei que ela tinha pernas estúpidas
Achei também que a cara parecia uma perna

Quando vi Teresa de novo


Achei que os olhos eram muito mais velhos
[que o resto do corpo
(Os olhos nasceram e ficaram dez anos esperando
[que o resto do corpo nascesse)

Da terceira vez não vi mais nada


Os céus misturavam com a terra
E o espírito de Deus voltou a se mover sobre
[a face das águas.

Marília e Teresa são representadas de formas diferentes, nos poemas acima reproduzidos.
Estabeleça uma comparação entre os personagens, considerando

a) a linguagem utilizada nos poemas;


b) o estilo de época da Literatura Brasileira a que pertence cada texto.

Resposta:

a) Na "Lira II" o vocabulário é simples, a ordem das frases é, quase sempre, direta, os versos
hexassílabos entremeados quebram a monotonia rítmica dos decassílabos heroicos,
predominam os versos brancos.

2/8/2002 15:381
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Em "Teresa", a descrição da mulher é de forma cômica e irônica. Não há uma idealização. Os


versos são brancos, com liberdade formal.

b) A "Lira II" pertence ao Arcadismo. "Teresa" pertence ao Modernismo.

68. (Ufal 1999) Considere as seguintes afirmações:

I. Gregório de Matos e Tomás Antônio Gonzaga compuseram poesia lírica, mas o talento de
ambos encontrou sua expressão máxima nas sátiras.
II. Em MARÍLIA DE DIRCEU, o árcade mineiro buscou figurar um equilíbrio entre a vida rústica
e a cultura ilustrada.
III. Cláudio Manuel da Costa confronta a paisagem bucólica idealizada com a de sua terra
natal.

Está inteiramente correto o que vem afirmado SOMENTE em


a) I.
b) II.
c) III.
d) I e II.
e) II e III.

Resposta:

[E]

TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:


As questões seguintes tomam por base um soneto do poeta neoclássico português Bocage
(Manuel Maria Barbosa du Bocage, 1765-1805) e diálogos de uma sequência do filme Bye Bye
Brasil (1979), escrito e dirigido pelo cineasta brasileiro Carlos Diegues.

CONVITE A MARÍLIA

Já se afastou de nós o Inverno agreste


Envolto nos seus úmidos vapores;
A fértil primavera, a mãe das flores
O prado ameno de boninas veste:

Varrendo os ares o sutil nordeste


Os torna azuis; as aves de mil cores
Adejam entre Zéfiros e Amores,
E toma o fresco Tejo a cor celeste:

Vem, ó Marília, vem lograr comigo


Destes alegres campos a beleza,

2/8/2002 15:381
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Destas copadas árvores o abrigo:

Deixa louvar da corte a vã grandeza:


Quanto me agrada mais estar contigo
Notando as perfeições da Natureza!

(BOCAGE. Obras de Bocage. Porto: Lello & Irmão, 1968, p. 142.)

BYE BYE BRASIL

Mulher Nordestina:
- Meu santo, minha família foi embora, meu santo. Filho, nora, neto..., fiquei só com o meu
velho que morreu na semana passada. Agora, quero ver o meu povo. Meu santo, me diga,
onde é que eles foram, meu santo?

Lord Cigano:
- E eu sei lá? Como é que eu vô saber? Quer dizer... eu sei... eu... Eu tô vendo. Eu estou vendo
a sua família, eles estão a muitas léguas daqui.

Mulher Nordestina:
- Vivos?

Lord Cigano:
- É, vivos, se acostumando ao lugar novo.

Mulher Nordestina:
- A gente se acostuma com tudo... Onde é que eles estão agora, meu santo?

Lord Cigano:
- Ah, pera aí, deixa eu ver! Eu tô vendo: eles estão num vale muito verde onde chove muito, as
árvores são muito compridas e os rios são grandes feito o mar. Tem tanta riqueza lá, Que..
ninguém precisa trabalhar. Os velhos não morrem nunca e os jovens não perdem sua força. É
uma terra tão verde... Altamira!

(In: filme BYE BYE BRASIL (1979). Produzido por Lucy Barreto. Escrito e dirigido por Carlos
Diegues.)

69. (Unesp 1998) Os escritores clássicos gregos e latinos produziram certas fórmulas de
expressão que, retomadas ao longo dos tempos, chegaram até nossa modernidade. Uma
dessas fórmulas é a chamada tópica do lugar ameno, ou seja, a evocação literária de um
recanto ideal, delicado, geralmente bucólico, cuja paz e tranquilidade servem de palco ao idílio
dos amantes e ao sossego da vida. Simboliza o porto almejado ou o retorno à felicidade
perdida. Tomando por base este comentário, releia os textos em pauta e, a seguir,
a) aponte, na sequência de "Bye Bye Brasil", dois elementos da paisagem descrita por Lord
Cigano que caracterizam Altamira como um lugar ameno;
b) localize, no segundo terceto de Bocage, o verso em que se estabelece relação opositiva com
a tópica do lugar ameno.

2/8/2002 15:381
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Resposta:

a) "vale muito verde... as árvores são muito compridas e os rios são grandes feito o mar"...

b) Em "Deixa louvar da corte a vã grandeza" o poeta contrapõe a natureza ao artificialismo dos


palácios.

70. (Mackenzie 1997) Amigo Doroteu, prezado amigo,


abre os olhos, boceja, estende os braços
e limpa das pestanas carregadas
o pegajoso humor que o sono ajunta.
Critilo, o teu Critilo é quem te chama;
ergue a cabeça da engomada fronha,
acorda, se ouvir queres coisas raras.

O trecho anterior faz parte:


a) das CARTAS CHILENAS.
b) das LIRAS DE MARÍLIA DE DIRCEU.
c) de O URAGUAI.
d) de CARAMURU.
e) de VILA RICA.

Resposta:

[A]

TEXTO PARA AS PRÓXIMAS 2 QUESTÕES:


LIRA III

Tu não verás, Marília, cem cativos


Tirarem o cascalho, e a rica terra,
Ou dos cercos dos rios caudalosos,
Ou da minada serra.

Não verás separar ao hábil negro


Do pesado esmeril a grossa areia,
E já brilharem os granetes de ouro
No fundo da bateia.

Não verás derrubar os virgens matos;


Queimar as capoeiras ainda novas;
Servir de adubo à terra a fértil cinza;
Lançar os grãos nas covas.

2/8/2002 15:381
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Não verás enrolar negros pacotes


Das secas folhas do cheiroso fumo;
Nem espremer entre as dentadas rodas
Da doce cana o sumo.

Verás em cima da espaçosa mesa


Altos volumes de enredados feitos:
Ver-me-ás folhear os grandes livros,
E decidir os pleitos.

Enquanto revolver os meus consultos,


Tu me farás gostosa companhia,
Lendo os fastos da sábia mestra história,
E os cantos da poesia.

Lerás em alta voz a imagem bela,


E eu, vendo que lhe dás o justo apreço,
Gostoso tornarei a ler de novo
O cansado processo.
(...)

NOTA: fastos = anais, registros.

71. (Ufrgs 1997) O autor dos versos citados é


a) Alvarenga Peixoto.
b) Tomás Antônio Gonzaga.
c) Cláudio Manuel da Costa
d) Silva Alvarenga.
e) Basílio da Gama.

Resposta:

[B]

72. (Ufrgs 1997) Considere as afirmativas seguintes.

I - O poeta critica Marília por não enxergar as atividades produtivas que proveem o sustento e a
riqueza do casal, mas elogia o senso estético da amada, capaz de discernir entre boa e má
poesia.
II - Em estrofes de quatro versos, todas elas com rima entre o 20. e o 40. versos, o poeta
contrasta a paisagem externa com o ambiente doméstico em que ele e Marília dividem tarefas.
III - A cena doméstica descrita pelo poeta demonstra a harmonia entre o casal que se dedica a
atividades intelectuais, sendo que Marília complementa e suaviza o cotidiano do marido.

Quais estão corretas?

2/8/2002 15:381
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a) Apenas I
b) Apenas III
c) Apenas I e II
d) Apenas II e III
e) I, II e III

Resposta:

[D]

73. (Ufv 1996) Leia o fragmento de texto a seguir e faça o que se pede:

Esprema a vil calúnia muito embora


Entre as mãos denegridas, e insolentes,
Os venenos das plantas,
E das bravas serpentes.

Chovam raios e raios, no seu rosto


Não hás de ver, Marília, o medo escrito:
O medo perturbador,
Que infunde o vil delito.

[...]

Eu tenho um coração maior que o mundo.


Tu, formosa Marília, bem o sabes:
Eu tenho um coração maior que o mundo.
Tu, formosa Marília, bem o sabes:

Um coração .... e basta,


Onde tu mesma cabes.

(TAG, MD, Parte II, Lira II)

Sobre o fragmento de texto de Tomás Antônio Gonzaga, Marília de Dirceu, assinale a


alternativa FALSA:
a) a interferência do mito na tessitura dos poemas, mantendo o poeta dentro dos padrões
poéticos clássicos, impede-o de abordar problemas pessoais.
b) a interpelação feita a Marília muitas vezes é pretexto para o poeta celebrar sua inocência e
seu destemor diante das acusações feitas contra ele.
c) a revelação sincera de si próprio e a confissão do padecimento que o inquieta levam o poeta
a romper com o decálogo arcádico, prenunciando a poética romântica.
d) a desesperança, o abatimento e a solidão, presentes nas liras escritas depois da prisão do
autor, revelam contraste com as primeiras, concentradas na conquista galante da mulher
amada.
e) embora tenha a estrutura de um diálogo, o texto é um monólogo - só Gonzaga fala e
raciocina.

2/8/2002 15:381
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Resposta:

[A]

74. (Mackenzie 1996) Sobre o Arcadismo no Brasil, é incorreto afirmar que:


a) Cláudio Manuel da Costa, um de seus autores mais importantes, embora tenha assumido
uma atitude pastoril, traz, em parte de sua obra poética, aspectos ligados à lírica camoniana.
b) em "Liras de Marília de Dirceu", Tomás Antônio Gonzaga não segue aspectos formais
rígidos, como o soneto e a redondilha em todas as partes da obra.
c) nas "Cartas Chilenas", o autor satiriza Luís da Cunha Menezes por suas arbitrariedades
como governador da capitania de Minas.
d) Basílio da Gama, em "O Uraguai", seguiu a rígida estrutura camoniana de "Os Lusíadas",
usando versos decassílabos em oitava-rima.
e) "Caramuru" tem, como tema principal, o descobrimento da Bahia por Diogo Álvares Correia,
apresentando, também, os rituais e as tradições indígenas.

Resposta:

[D]

75. (Ufv 1996) Leia o texto a seguir e faça o que se pede:

Ornemos nossas testas com as flores


E façamos de feno um brando leito;
Prendamo-nos, Marília, em laço estreito,
Gozemos do prazer de sãos amores.
Sobre as nossas cabeças,
Sem que o possam deter, o tempo corre,
E para nós o tempo, que se passa,
Também, Marília, morre.
(TAG, MD, Lira XIV)

Todas as alternativas a seguir apresentam características do Arcadismo, presentes na estrofe


anterior, EXCETO:
a) Ideal de ÁUREA MEDIOCRIDADE, que leva o poeta a exaltar o cotidiano prosaico da classe
média.
b) Tema do CARPE DIEM - uma proposta para se aproveitar a vida, desfrutando o ócio com
dignidade.
c) Ideal de uma existência tranquila, sem extremos, espelhada na pureza e amenidade da
natureza.
d) Fugacidade do tempo, fatalidade do destino, necessidade de envelhecer com sabedoria.
e) Concepção da natureza como permanente reflexo dos sentimentos e paixões do "eu" lírico.

Resposta:

2/8/2002 15:381
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[A]

76. (Ufv 1996) Leia a estrofe de Tomás Antônio Gonzaga e faça o que se pede:

Os teus olhos espalham a luz divina,


A quem a luz do sol em vão se atreve;
Papoila ou rosa delicada e fina
Te cobre as faces, que são cor da neve.
Os teus cabelos são uns fios de ouro;
Teu lindo corpo bálsamo vapora.
Ah! não, não fez o Céu, gentil Pastora,
Para glória de amor igual Tesouro.
(TAG, MD, Parte I, Lira I)

Sobre a personagem central feminina, podemos afirmar que:


a) Marília é mostrada, ao mesmo tempo, como pessoa e como encarnação do Amor, como
categoria absoluta.
b) Apesar da beleza deslumbrante da amada, não se verifica, na construção dessa
personagem, qualquer idealização clássica da mulher.
c) O poeta dirige-se a Marília unicamente como sua noiva e futura esposa.
d) A beleza luxuriante de Marília contrasta com o ideal de serena fruição dos prazeres sadios
da vida.
e) Marília, pela sua intensa sensualidade, representa o ideal de amante e não o de noiva ou
esposa.

Resposta:

[D]

77. (Uel 1996) Assinale a letra correspondente à alternativa que preenche corretamente as
lacunas do trecho apresentado.

Simplificando a linguagem lírica de Cláudio Manuel da Costa, mas evitando igualmente a


diluição dos valores poéticos no sentimentalismo, as ...... mais densas, dedicadas a ......,
fizeram de ...... uma figura central do nosso Arcadismo.
a) crônicas - Marília - Dirceu
b) crônicas - Gonzaga - Dirceu
c) sátiras - Dirceu - Gonzaga
d) liras - Gonzaga - Dirceu
e) liras - Marília - Gonzaga

Resposta:

2/8/2002 15:381
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[E]

78. (Unicamp 1995) Nos dois poemas a seguir, Tomás Antônio Gonzaga e Ricardo Reis
refletem, de maneira diferente, sobre a passagem do tempo, dela extraindo uma "filosofia de
vida". Leia-os com atenção:

LIRA 14 (Parte I)

Minha bela Marília, tudo passa;


a sorte deste mundo é mal segura;
se vem depois dos males a ventura,
vem depois dos prazeres a desgraça.
....................................................................
Que havemos de esperar, Marília bela?
que vão passando os florescentes dias?
As glórias, que vêm tarde, já vêm frias;
e pode enfim mudar-se a nossa estrela.
Ah! não, minha Marília,
Aproveite-se o tempo, antes que faça
o estrago de roubar ao corpo as forças
e ao semblante a graça.
(TOMÁS ANTÔNIO GONZAGA," Marília de Dirceu")
Quando, Lídia, vier o nosso outono
Com o inverno que há nele, reservemos
Um pensamento, não para a futura
Primavera, que é de outrem,
Nem para o estio, de quem somos mortos,
Senão para o que fica do que passa -
O amarelo atual que as folhas vivem
E as torna diferentes.
(RICARDO REIS, "Odes")

a) Em que consiste a "filosofia de vida" que a passagem do tempo sugere ao eu lírico do


poema de Tomás Antônio Gonzaga?
b) Ricardo Reis associa a passagem do tempo às estações do ano. Que sentido é dado, em
seu poema, ao outono?
c) Os dois poetas valorizam o momento presente, embora o façam de maneira diferente. Em
que consiste essa diferença?

Resposta:

a) Carpe diem, aproveitar o presente.


b) O declínio da vida.
c) Em Gonzaga a vida está em sua plenitude, enquanto em Reis ela parte para o fim.

2/8/2002 15:381
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79. (Fuvest 1995) O verso "Só se estivesse alienado", que funciona como um refrão no
"Romance LXXIII ou da inconformada Marília", registra a reação desta personagem do
"Romanceiro da Inconfidência" à informação de que:
a) seu amado, o inconfidente e poeta Cláudio Manuel da Costa, se suicidara na prisão.
b) seu primo-irmão, o inconfidente Joaquim Silvério dos Reis, traíra os companheiros de
conjura, delatando-os.
c) seu noivo, o poeta e inconfidente Tomás Antônio Gonzaga, se casara em África.
d) seu prometido, o árcade e inconfidente Dirceu, se suicidara na prisão.
e) seu companheiro na Inconfidência, o alferes Tiradentes, assumira sozinho toda a culpa da
conjuração.

Resposta:

[C]

TEXTO PARA AS PRÓXIMAS 3 QUESTÕES:


Recreios Campestres na Companhia de Marília

Olha, Marília, as flautas dos pastores


Que bem que soam, como estão cadentes!
Olha o Tejo a sorrir-se! Olha, não sentes
Os Zéfiros brincar por entre as flores?

Vê como ali beijando-se os Amores


Incitam nossos ósculos ardentes!
Ei-las de planta em planta as inocentes,
As vagas borboletas de mil cores!

Naquele arbusto o rouxinol suspira,


Ora nas folhas a abelhinha para,
Ora nos ares sussurrando gira:

Que alegre campo! Que manhã tão clara!


Mas ah! Tudo o que vêz, se eu te não vira,
Mais tristeza que a morte me causara.
(Bocage, OBRAS DE BOCAGE, Porto: Lello & Irmão Editores, 1968. p. 152)

80. (Unesp 1992) No soneto acima citado de Manuel Maria Barbosa du Bocage (1765-1805),
verificam-se características do estilo neoclássico, de que Bocage é o máximo representante em
Portugal. Indique duas dessas características, exemplificando cada uma delas com palavras,
expressões ou passagens do poema.

2/8/2002 15:381
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Resposta:

Pastoralismo: "Olha, Marília, as flautas dos pastores".


Utilização dos "locos amoenus": "Que alegre campo! Que manhã tão clara!"

81. (Unesp 1992) Podemos afirmar, sem exagero, que este soneto de Bocage, pelas
características formais e pelo conteúdo, poderia ser assinado por poetas do neoclassicismo
brasileiro. Encontra-se no poema aliás, uma palavra que remete ao título de um livro de
poemas de um dos mais destacados neoclássicos do Brasil. Depois de avaliar no soneto de
Bocage o dado que mencionamos,
a) aponte o nome do poeta e da obra do neoclassicismo brasileiro a que nos referimos;
b) faça um breve comentário sobre o que representa o título com relação ao conteúdo dessa
obra.

Resposta:

a) Tomás Antônio Gonzaga, com a obra MARÍLIA DE DIRCEU.


b) Gonzaga usa o pseudônimo Dirceu para contar seu amor por Maria Dorotéia, que aparece
como Marília.

82. (Unesp 1992) Dois versos seguidos deste poema, contrastados com outros doze, revelam
que o poeta pode ter duas reações diferentes e opostas ante a paisagem que descreve, de
acordo com a ocorrência ou não de um determinado fato. Partindo deste dado, responda:
a) quais os dois versos a que nos referimos?
b) o que nos revela o poeta neles?

Resposta:

a) "Mas ah! Tudo o que vês, se eu te vira,


Mais tristeza que a morte me causara."

b) Que a sua felicidade está condicionada à presença da amada. Sem ela não é possível a
postura epicurista típica dos árcades.

2/8/2002 15:381
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Resumo das questões selecionadas nesta atividade

Data de elaboração: 07/12/2021 às 11:02


Nome do arquivo: Arcadismo - aula

Legenda:
Q/Prova = número da questão na prova
Q/DB = número da questão no banco de dados do SuperPro®

Q/prova Q/DB Grau/Dif. Matéria Fonte Tipo

1.............199216.....Elevada.........Português......Ufjf-pism 3/2021...................Múltipla escolha

2.............182037.....Elevada.........Português......Ufpr/2019.............................Múltipla escolha

3.............150872.....Média.............Português......Imed/2016............................Múltipla escolha

4.............137354.....Elevada.........Português......Ufsm/2015............................Múltipla escolha

5.............147525.....Elevada.........Português......Ueg/2015..............................Múltipla escolha

6.............134233.....Média.............Português......Ufsm/2014............................Múltipla escolha

7.............130987.....Elevada.........Português......Upe/2014..............................Múltipla escolha

8.............134360.....Elevada.........Português......Ucs/2014..............................Múltipla escolha

9.............114948.....Elevada.........Português......Unb/2012..............................Analítica

10...........112715.....Média.............Português......Ufrgs/2012............................Múltipla escolha

11...........113041.....Elevada.........Português......Ufsm/2012............................Múltipla escolha

12...........40753.......Não definida. .Português......Ufrgs/2000............................Múltipla escolha

13...........24130.......Não definida. .Português......Ita/1997................................Múltipla escolha

14...........24222.......Não definida. .Português......Ufrgs/1996............................Múltipla escolha

15...........24221.......Não definida. .Português......Ufrgs/1996............................Múltipla escolha

16...........8048.........Não definida. .Português......Unesp/1994..........................Analítica

17...........191280.....Média.............Português......Unifesp/2020........................Múltipla escolha .

18...........190889.....Média.............Português......G1 - cftmg/2020...................Múltipla escolha

19...........187879.....Elevada.........Português......Espm/2019...........................Múltipla escolha

20...........176224.....Média.............Português......Ita/2018................................Múltipla escolha

21...........176223.....Média.............Português......Ita/2018................................Múltipla escolha

22...........176222.....Média.............Português......Ita/2018................................Múltipla escolha

2/8/2002 15:381
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23...........166843.....Média.............Português......G1 - cftmg/2017...................Múltipla escolha

24...........170393.....Média.............Português......Uefs/2017.............................Múltipla escolha

25...........152789.....Média.............Português......Unifesp/2016........................Múltipla escolha

26...........157322.....Elevada.........Português......Upe-ssa 1/2016....................Múltipla escolha

27...........148868.....Média.............Português......Fgvrj/2016............................Múltipla escolha

28...........137645.....Elevada.........Português......Upe/2015..............................Múltipla escolha

29...........123748.....Baixa.............Português......G1 - cftmg/2013...................Múltipla escolha

30...........123747.....Média.............Português......G1 - cftmg/2013...................Múltipla escolha

31...........123749.....Média.............Português......G1 - cftmg/2013...................Múltipla escolha

32...........116305.....Média.............Português......Ucs/2012..............................Múltipla escolha

33...........109505.....Média.............Português......Ufpe/2012.............................Verdadeiro/Falso

34...........111314.....Baixa.............Português......G1 - ifsp/2012.......................Múltipla escolha

35...........111312.....Baixa.............Português......G1 - ifsp/2012.......................Múltipla escolha

36...........113040.....Média.............Português......Ufsm/2012............................Múltipla escolha

37...........113039.....Média.............Português......Ufsm/2012............................Múltipla escolha

38...........113038.....Média.............Português......Ufsm/2012............................Múltipla escolha

39...........115155.....Média.............Português......Unesp/2012..........................Múltipla escolha

40...........115157.....Elevada.........Português......Unesp/2012..........................Múltipla escolha

41...........115159.....Baixa.............Português......Unesp/2012..........................Múltipla escolha

42...........115156.....Média.............Português......Unesp/2012..........................Múltipla escolha

43...........115158.....Baixa.............Português......Unesp/2012..........................Múltipla escolha

44...........93144.......Média.............Português......G1 - cftmg/2010...................Múltipla escolha

45...........93142.......Baixa.............Português......G1 - cftmg/2010...................Múltipla escolha

46...........95945.......Baixa.............Português......Uel/2010...............................Múltipla escolha

47...........95878.......Elevada.........Português......Uel/2010...............................Múltipla escolha

48...........95946.......Baixa.............Português......Uel/2010...............................Múltipla escolha

49...........86686.......Não definida. .Português......Unifesp/2009........................Múltipla escolha

50...........73461.......Não definida. .Português......Unifesp/2007........................Múltipla escolha

2/8/2002 15:381
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51...........73464.......Não definida. .Português......Unifesp/2007........................Múltipla escolha

52...........73463.......Não definida. .Português......Unifesp/2007........................Múltipla escolha

53...........73466.......Não definida. .Português......Unifesp/2007........................Múltipla escolha

54...........68795.......Não definida. .Português......Ufu/2006...............................Múltipla escolha

55...........67110.......Não definida. .Português......Ufrgs/2006............................Múltipla escolha

56...........81090.......Não definida. .Português......Espm/2005...........................Múltipla escolha

57...........71432.......Não definida. .Português......Ufrgs/2005............................Múltipla escolha

58...........57629.......Não definida. .Português......Ufu/2004...............................Múltipla escolha

59...........57627.......Não definida. .Português......Ufrgs/2004............................Múltipla escolha

60...........51855.......Não definida. .Português......Uel/2003...............................Múltipla escolha

61...........48849.......Não definida. .Português......Ufpe/2003.............................Múltipla escolha

62...........51837.......Não definida. .Português......Ufrrj/2003.............................Múltipla escolha

63...........48367.......Não definida. .Português......Ufsm/2002............................Múltipla escolha

64...........48122.......Não definida. .Português......Ufla/2000..............................Múltipla escolha

65...........48145.......Não definida. .Português......Ufla/2000..............................Múltipla escolha

66...........48133.......Não definida. .Português......Ufla/2000..............................Analítica

67...........48207.......Não definida. .Português......Ufrn/2000.............................Analítica

68...........47835.......Não definida. .Português......Ufal/1999..............................Múltipla escolha

69...........23866.......Não definida. .Português......Unesp/1998..........................Analítica

70...........24335.......Não definida. .Português......Mackenzie/1997...................Múltipla escolha

71...........23982.......Não definida. .Português......Ufrgs/1997............................Múltipla escolha

72...........23983.......Não definida. .Português......Ufrgs/1997............................Múltipla escolha

73...........11156.......Não definida. .Português......Ufv/1996...............................Múltipla escolha

74...........13789.......Não definida. .Português......Mackenzie/1996...................Múltipla escolha

75...........11155.......Não definida. .Português......Ufv/1996...............................Múltipla escolha

76...........11157.......Não definida. .Português......Ufv/1996...............................Múltipla escolha

77...........7820.........Média.............Português......Uel/1996...............................Múltipla escolha

78...........1296.........Não definida. .Português......Unicamp/1995......................Analítica

79...........655...........Não definida. .Português......Fuvest/1995.........................Múltipla escolha

2/8/2002 15:381
Interbits – SuperPro ® Web

80...........1680.........Não definida. .Português......Unesp/1992..........................Analítica

81...........1682.........Não definida. .Português......Unesp/1992..........................Analítica

82...........1681.........Não definida. .Português......Unesp/1992..........................Analítica

2/8/2002 15:381

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