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Arcadismo

O Arcadismo é uma escola literária que teve início na Europa. Uma das suas principais
características é a sua oposição ao Barroco, escola literária anterior. Enquanto o
Arcadismo apresenta obras de vocabulário simples - mas com o formalismo e o
equilíbrio das obras do Classicismo - as obras barrocas apresentam vocabulário culto,
linguagem complexa e são elaboradas com exagero.

Pelo fato de buscar inspiração na tradição clássica, o Arcadismo é chamado de


Neoclassicismo. Além desse nome, também é conhecido como Setecentismo, por ter
início nos anos 1700.

No Brasil, o Arcadismo compreende o período entre 1768 e 1808, e em Portugal,


compreende o período entre 1756 e 1825.

O Arcadismo foi muito influenciado pelo Iluminismo, movimento intelectual que surgiu
na Europa no século XVII e que se caracterizou principalmente pelo fato de defender o
racionalismo em vez da religiosidade.

O Iluminismo impulsionou o início da Revolução Francesa, movimento que trouxe


consequências para vários países no mundo.

No Brasil, o Arcadismo surge no momento em que os brasileiros manifestavam o


desejo de se tornarem livres. Dois dos seus principais autores, Cláudio Manuel da
Costa e Tomás Antônio Gonzaga, estavam entre os líderes da Inconfidência Mineira,
que pretendia tornar Minas Geria independente de Portugal.

Assim, o Arcadismo é a última escola literária brasileira da era colonial. As escolas


coloniais são Quinhentismo, Barroco e Arcadismo. Com o fim da era colonial, tem
início a era nacional, cuja primeira escola literária é o Romantismo, que surge no
nosso país quatorze anos depois da Independência do País.

No Arcadismo brasileiro, os principais autores são Cláudio Manuel da Costa, Basílio


da Gama, Santa Rita Durão e Tomás Antônio Gonzaga.

Arcadismo no Brasil
Daniela Diana Escrito por Daniela Diana Professora licenciada em Letras
No Brasil, o Arcadismo teve como marco inicial a publicação de “Obras Poéticas”, de
Cláudio Manuel da Costa em 1768 e, ademais, a fundação da “Arcádia Ultramarina”,
em Vila Rica.

Vale lembrar que o nome dessa escola literária provém das Arcádias, ou seja, das
sociedades literárias da época.

Os principais escritores brasileiros desse período são: Cláudio Manuel da Costa,


Santa Rita Durão, Basílio da Gama e Tomás Antônio Gonzaga.

Características do Arcadismo
Exaltação da natureza
Valorização do cotidiano e da vida simples, pastoril e no campo (bucolismo)
Crítica a vida nos centros urbanos
Modelo clássico
Linguagem simples
Utilização de pseudônimos
Objetividade
Temas simples: amor, vida, casamento, paisagem
Fugere Urbem (fugir da cidade)
Inutilia Truncat (cortar o inútil)
Aurea Mediocritas (mediocridade áurea/vida comum)
Locus Amoenus (refúgio ameno/agradável)
Saiba mais sobre o tema com a leitura dos artigos:

A Linguagem do Arcadismo
Características do Arcadismo
Autores Brasileiros do Arcadismo
Cláudio Manuel da Costa (1729-1789)
Poeta, advogado e jurista brasileiro, Cláudio Manuel da Costa é considerado o
precursor do Arcadismo no Brasil e destacou -se por sua obra literária, mais
precisamente, a poesia.

O poeta mineiro em seus textos, aborda elementos locais, descrevendo paisagens,


temática pastoril e expressando um forte sentimento nacionalista.

Acusado de participar da Inconfidência Mineira junto com Tiradentes, foi preso em


1789 e suicidou-se na cadeia. Suas obras que merecem destaque: Obras Poéticas
(1768) e Villa Rica (1773).

José de Santa Rita Durão (1722-1784)


Autor do poema épico Caramuru (1781), Freire Santa Rita Durão foi poeta e orador,
considerado um dos precursores do indianismo no Brasil.

Influenciado por Camões, o poema Caramuru, com subtítulo “Poema épico do


Descobrimento da Bahia”, é baseado no modelo da epopeia tradicional: proposição,
invocação, dedicatória, narração e epílogo. É composto de dez cantos e versos
decassílabos em oitava rima.

O texto conta a história de um português, o Caramuru, que após ter naufragado em


terras brasileiras, começa a viver com os índios Tupinambás.

Suas principais obras: Pro anmia studiorum instauratione oratio (1778) e Caramuru
(1781).

José Basílio da Gama (1741-1795)


Poeta mineiro e autor do poema épico O Uraguai (1769), Basílio da Gama, nesse
texto, aborda as disputas entre os europeus, os jesuítas e os índios sendo
considerado um marco na literatura brasileira.

Diferente do poema épico clássico, O Uraguai é composto de cinco cantos, com


ausência de rima (rima branca) e estrofação.

Participou da Arcádia Romana na Itália e foi preso em Portugal em 1768, acusado de


manter relações de amizades com os jesuítas.

Suas Principais obras são: O Uraguai (1769), Epitalâmio às Núpcias da Senhora Dona
Maria Amália (1769), A Declamação Trágica (1772) e Quitúbia (1791).

Tomás Antônio Gonzaga (1744-1810)


Jurista, Político e Poeta luso-brasileiro, Tomás Antônio Gonzaga é um dos grandes
poetas árcades de pseudônimo Dirceu.
A obra que merece destaque é Marília de Dirceu (1792) carregada de lirismo e
baseada no seu romance com a brasileira Maria Doroteia Joaquina de Seixas.

Com fortes impulsos afetivos, Dirceu declara-se para sua pastora idealizada: Marília.
Suas principais obras: Marília de Dirceu e Cartas Chilenas (1863).]

Saiba também como foi o movimento árcade em Portugal: Arcadismo em Portugal.

Curiosidades
Os autores árcades portugueses que merecem destaque são: Manuel Maria Barbosa
du Bocage, António Dinis da Cruz e Silva, Correia Garção, Marquesa de Alorna e
Francisco José Freire.
Outros escritores brasileiros que merecem destaque são: Inácio José de Alvarenga
Peixoto (1744-1793) e Silva Alvarenga (1749-1814).
Apesar de ser um poeta nascido em Portugal, a cidade de Marília, no estado de São
Paulo, recebe esse nome em homenagem ao escritor Tomás Antônio Gonzaga.

Em Portugal, o Arcadismo surge num momento de transformações na sociedade


portuguesa, quando, por exemplo, os jesuítas foram expulsos de Portugal e de suas
colônias.

No Arcadismo português Bocage é o autor de maior destaque.

O nome Arcadismo vem de “arcádia”, academia onde os poetas se reuniam para falar
de literatura.

Os poetas chamavam as academias de arcádia, porque havia uma província na Grécia


com esse nome, onde as pessoas imaginavam que os pastores encontravam a
felicidade plena na sua vida simples.

Tópicos do conteúdo
- Principais características do Arcadismo
- Arcadismo no Brasil
- Contexto histórico do Arcadismo
- Diferenças entre Barroco e Arcadismo
- Principais autores e obras do Arcadismo
- Arcadismo em Portugal
Principais características do Arcadismo
Oposição ao Barroco

O Arcadismo se opõe ao Barroco, porque é simples e não exagerado como as obras


barrocas. A expressão em latim inutilia truncat, que significa “cortar o inútil”, transmite
o desejo dos árcades em deixar de lado os exageros - que eles consideram inútil -
para manter o equilíbrio nas suas obras.

A literatura árcade busca a beleza que se encontra na simplicidade das coisas.

Linguagem simples

Os autores do Arcadismo utilizam vocabulário simples nas suas obras, ou seja,


palavras que são usadas diariamente pelas pessoas.

Além disso, as frases são escritas na ordem direta (sujeito e predicado). Por exemplo:
“Ele ficou encantado com essa paisagem.”, em vez de serem escritas na ordem
indireta (predicado e sujeito). Por exemplo: “Encantado com essa paisagem ele ficou”.
A literatura árcade não costuma recorrer ao uso de figuras de linguagem, ou seja, as
palavras são utilizadas no seu sentido próprio, o que torna os textos mais
compreensíveis.

Influência do Iluminismo

As obras do Arcadismo apresentam ideias que pertencem ao movimento intelectual


que ficou conhecido como Iluminismo. Uma das características mais importantes do
Iluminismo era utilizar o racionalismo em vez da fé e da religiosidade.

Tradição clássica

O Arcadismo busca inspiração no Classicismo, que também se caracteriza pela razão


e pelo equilíbrio.

Tal como os autores do Classicismo, os árcades dão preferência aos sonetos, e


muitas vezes mencionam figuras mitológicas nas suas obras.

Pseudônimos

Os autores do Arcadismo costumavam utilizar pseudônimos, ou seja, usavam nomes


falsos em vez de usarem os seus próprios nomes, por isso, eram chamados de
“poetas fingidores”.

Expressões em latim

As obras do Arcadismo transmitem ideias que estão presentes em expressões em


latim. São exemplos:

carpe diem, que significa “aproveitar a vida agora”, porque a vida é temporária;
locus amoenus, que significa “lugar agradável”, um lugar onde as pessoas vivam em
paz e sossego;
fugere urbem, que significa “valorizar a vida do campo” em vez da vida urbana.
Bucolismo, pastoralismo

A vida pastoril é um tema recorrente nas obras do Arcadismo. Personagens e o


próprio ambiente servem de cenário para os textos, em que a natureza é valorizada.
Esta é a forma encontrada pelos autores árcades de se distanciar da vida agitada das
cidades.

Saiba mais: Características do Arcadismo e Linguagem do Arcadismo.

Arcadismo no Brasil
No Brasil, o Arcadismo começa em 1768 com a publicação de Obras Poéticas, de
Cláudio Manuel da Costa.

Mas é em Vila Rica (1773), também da autoria de Cláudio Manuel da Costa, que o
Arcadismo transmite o desejo pela liberdade que as pessoas sentiam na época.

O Arcadismo brasileiro tem início no momento em que se manifesta o desejo pela


independência entre os brasileiros. Cláudio Manuel da Costa e Tomás Antônio
Gonzaga - outro importante escritor da época - estavam entre os líderes da
Inconfidência Mineira, que tinha como objetivo tornar Minas Gerais independente de
Portugal.
Com a obra Uraguai, Basílio da Gama manifesta sua mentalidade anti-jesuítica, o que
revela a influência da racionalidade da filosofia iluminista (fé x razão).

Por sua vez, Santa Rita Durão segue o modelo clássico de Camões, um retorno aos
ideais do Classicismo, que é uma característica do Arcadismo.

Os principais autores do Arcadismo no Brasil são: Cláudio Manuel da Costa, Basílio da


Gama, Santa Rita Durão e Tomás Antônio Gonzaga.

Leia também: Arcadismo no Brasil

Contexto histórico do Arcadismo


No período do Arcadismo, século XVIII, as ideias do Iluminismo se tornaram
populares.

O Iluminismo foi um movimento intelectual que retomou as ideias do século XVII do


movimento cultural, econômico e político chamado Renascimento. Tanto o Iluminismo
como o Renascimento defendiam o uso da razão em detrimento do uso da fé.

Assim, a escola literária recebeu, por exemplo, as influências de um momento em que


a visão religiosa dava lugar à visão racional do conhecimento.

É dessa época, a Revolução Francesa - que teve início no dia 17 de junho de 1789 - e
a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, assinada no dia 26 de agosto de
1789.

Em Portugal, ocorria a reforma pombalina, que propunha uma série de transformações


na sociedade portuguesa. Foi nesse momento da história que os jesuítas foram
expulsos de Portugal e de suas colônias, e o ensino religioso foi abandonado.

No Brasil, as ideias iluministas que apregoavam a liberdade influenciaram a


Inconfidência Mineira e a Independência do Brasil.

Assim, o Arcadismo é anterior ao Romantismo, sendo a última escola literária da era


colonial. As escolas da era colonial são: Quinhentismo, Barroco e Arcadismo.

O Romantismo, por sua vez, surge no nosso país quatorze anos depois da
Independência do País, dando início às escolas literárias da era nacional. As escolas
da era nacional são: Romantismo, Realismo, Naturalismo, Parnasianismo,
Simbolismo, Pré-modernismo, Modernismo e Pós-modernismo.

Diferenças entre Barroco e Arcadismo


As características do Arcadismo mostra sua oposição ao Barroco, que o antecede:

Barroco Arcadismo
religiosidade e fé

racionalismo
cristianismo paganismo
complexidade na exposição de ideias simplicidade na exposição de ideias
escrita complexa (vocabulário culto e construção de frases na ordem indireta)
escrita simples (vocabulário simples e construção de frases na ordem direta)
uso frequente de figuras de linguagem uso de figuras de linguagem quase
ausente
Abaixo, trechos de obras do Barroco e do Arcadismo em que se fala em morte. Neles,
é possível verificar as diferenças especialmente na linguagem utilizada:

Troca em cinza voraz lustrosa prata,


Brota em pranto cruel púrpura viva,
Profana em turvo pez prata nativa,
Muda em luto infeliz tersa escarlata.

(Exemplo de poema do Barroco: trecho de A morte de F., de Francisco de


Vasconcelos)

Depois que nos ferir a mão da morte,


Ou seja neste monte, ou noutra serra,
Nossos corpos terão, terão a sorte
De consumir os dois a mesma terra.
Na campa, rodeada de ciprestes,
Lerão estas palavras os pastores:
"Quem quiser ser feliz nos seus amores,
Siga os exemplos que nos deram estes."

(Exemplo de poema do Arcadismo: trecho de Marília de Dirceu, de Tomás Antônio


Gonzaga)

Principais autores e obras do Arcadismo


Cláudio Manuel da Costa
Cláudio Manuel da Costa (1729-1789), pseudônimo Glauceste Satúrnio, inaugurou o
Arcadismo no Brasil com a publicação de Obras Poéticas, em 1768. Além disso, criou
a Arcádia Ultramarina, que era uma academia literária brasileira.

As obras de Cláudio Manuel da Costa se caracterizam pela presença de pastores e


outras referências à vida no campo. Além disso, seus poemas indicam as influências
do Classicismo de Camões.

Principais obras:

Culto Métrico (1749)


Munúsculo Métrico (1751)
Labirinto de Amor (1753)
Epicédio (1753)
Lírica Ressonância (1753)
Obras Poéticas (1768)
Vila Rica (1773)
Poesias Manuscritas (1779)
Pastores, que levais ao monte o gado,
Vêde lá como andais por essa serra;
Que para dar contágio a toda a terra,
Basta ver se o meu rosto magoado:

Eu ando (vós me vêdes) tão pesado;


E a pastora infiel, que me faz guerra,
É a mesma, que em seu semblante encerra
A causa de um martírio tão cansado.
Se a quereis conhecer, vinde comigo,
Vereis a formosura, que eu adoro;
Mas não; tanto não sou vosso inimigo:

Deixai, não a vejais; eu vo-lo imploro;


Que se seguir quiserdes, o que eu sigo,
Chorareis, ó pastores, o que eu choro.

(Soneto de Cláudio Manuel da Costa)

Basílio da Gama
Basílio da Gama (1741-1795) é o autor de Uraguai (1769), poema épico que critica os
jesuítas. O escritor, de pseudônimo Termindo Sipílio é um adepto das transformações
portuguesas concretizadas pelo marquês de Pombal - as reformas pombalinas.

Depois de haver marchado muitos dias


Enfim junto a um ribeiro, que atravessa
Sereno e manso um curvo e fresco vale,
Acharam, os que o campo descobriram,
Um cavalo anelante, e o peito e as ancas
Coberto de suor e branca escuma.
Temos perto o inimigo: aos seus dizia
O esperto General: Sei que costumam Trazer os índios um volúvel laço,
Com o qual tomam no espaçoso campo
Os cavalos que encontram; e rendidos
Aqui e ali com o continuado

(Trecho do Canto Segundo de Uraguai, de Basílio da Gama)

Santa Rita Durão


Santa Rita Durão, ou Frei José de Santa Rita Durão (1722-1784), foi um religioso que
escreveu Caramuru - Poema Épico do Descobrimento da Bahia (1781).

Caramuru é um poema que conta a história de um náufrago português que passou a


viver com índios Tupinambás, e mostra o choque da cultura indígena com a cultura
portuguesa.

As obras de Santa Rita Durão são caracterizadas pela valorização da natureza, pela
presença de figuras mitológicas e pelo racionalismo.

Obras de Santa Rita Durão: Pro anmia studiorum instauratione oratio (1778) e
Caramuru - Poema Épico do Descobrimento da Bahia (1781).

De um varão em mil casos agitado,


Que as praias discorrendo do Ocidente
Descobriu o Recôncavo afamado
Da capital brasílica potente:
Do Filho do Trovão denominado,
Que o peito domar soube à fera gente;
O valor cantarei na adversa sorte,
Pois só conheço herói quem nela é forte.

(Trecho de Caramuru, de Santa Rita Durão)

Tomás Antônio Gonzaga


Tomás Antônio Gonzaga (1744-1810), com pseudônimo Dirceu, é o autor de Marília
de Dirceu (1792), em que estão presentes características do Arcadismo, tais como
bucolismo e simplicidade.

Além desse poema lírico, escreveu apenas mais uma obra de forma anônima, Cartas
Chilenas, que é uma sátira contra o governo de Minas Gerais.

Obras de Tomás Antônio Gonzaga: Marília de Dirceu (1792) e Cartas Chilenas (1863).

Já disse, Doroteu, que o nosso chefe,


Apenas principia a governar-nos,
Nos pretende mostrar que tem um peito
Muito mais terno e brando, do que pedem
Os severos ofícios do seu cargo.

Agora, cuidarás, prezado amigo,


Que as chaves das cadeias já não abrem,
Comidas da ferrugem? Que as algemas,
Como trastes inúteis, se furtaram?
Que o torpe executor das graves penas

Liberdade ganhou? Que já não temos


Descalços guardiães, que à fonte levem,
Metidos nas correntes, os forçados?
Assim, prezado amigo, assim devia
Em Chile acontecer, se o nosso chefe

Tivesse, em governar, algum sistema.


Mas, meu bom Doroteu, os homens néscios
As folhas dos olmeiros se comparam:
São como o leve fumo, que se move
Para partes diversas, mal os ventos

(Trecho de Cartas Chilenas, de Tomás Antônio Gonzaga)

Leia também: Resumo do Obra Marília de Dirceu

Arcadismo em Portugal
Em Portugal, o Arcadismo tem início em 1756 com a criação da Arcádia Lusitana,
academia literária onde os seus membros deveriam obedecer regras clássicas e, entre
outros, deveriam adotar pseudônimos (nomes falsos) que fossem nomes de pastores.
Correia Garção foi o autor mais influente da Arcádia.

O Arcadismo português acontece no mesmo tempo da reforma pombalina, em que a


filosofia iluminista (fé x razão) influencia a transformação do ensino. Assim, a
educação religiosa foi substituída pela educação laica, ou seja, pela educação não
religiosa.

O português Bocage (1765-1805), um dos maiores poetas portugueses, é considerado


o maior autor árcade. Bocage satirizou a Igreja e a monarquia, motivo que o levou a
ser preso. Suas obras são caracterizadas pela presença do bucolismo e da mitologia,
características que se destacam no Arcadismo.

O pseudônimo de Bocage era Elmano Sadino e suas principais obras são: Morte de D.
Ignez de Castro, Elegia, Idílios Marítimos.
«Teu coração desafoga,
Que entre temores fluctua;
Não desconfies, Elmano,
Não temas, pastor, sou tua.»

Cuidei que a voz da verdade


Soava na voz de Armia…
Deuses! Céos! Que horror! Que assombro!
A deshumana mentia.

(Estrofes de Armia (Patoril), de Bocage)

Os principais autores do Arcadismo em Portugal são: Bocage, Correia Garção, Reis


Quinta, Cruz e Silva e Filinto Elísio.

Arcadismo em Portugal
Daniela Diana Escrito por Daniela Diana Professora licenciada em Letras
O Arcadismo em Portugal teve início em 1756 com a fundação da Arcádia Lusitânia na
capital do país: Lisboa.

Posterior ao movimento artístico do Barroco, o arcadismo português foi inspirado na


Arcádia Italiana, fundada em 1690.

Vale lembrar que a Arcádia era uma academia literária que reunia escritores
empenhados em apresentar um novo estilo, alijado do anterior: o barroco.

De tal modo, o arcadismo esteve marcado por uma arte menos rebuscada e
extravagante que representava o movimento anterior.

O Arcadismo Português terminou em 1825, com a publicação do poema “Camões”, de


Almeida Garrett, o qual inaugura uma nova fase: o Romantismo.
O maior destaque na produção árcade portuguesa foram os poemas, sendo Bocage
um dos maiores representantes.

A Arcádia Lusitânia foi fundada pelos poetas Cruz e Silva, Manuel Nicolau Esteves
Negrão e Teotónio Gomes de Carvalho extinguindo-se em 1776. Em seu lugar foi
criada a Nova Arcádia, em 1790 em Lisboa.

Movimento Árcade
O Arcadismo (Setecentismo ou Neoclassicismo) é uma escola literária empenhada em
apresentar um estilo de vida simples e bucólica, longe dos centros urbanos.

Desse modo, ele propõe a busca do equilíbrio e retorno aos clássicos, sendo os
principais conceitos:

Fugere Urbem: fuga da cidade


Locus Amoenus: lugar ameno
Aurea Mediocritas: equilíbrio de outro
Inutilia Truncat: cortar o inútil
Carpe Diem: aproveite o momento

Contexto Histórico: Resumo


Em pelo século XVIII e os ideais iluministas surge a escola literária árcade. O "século
das luzes", como é chamado, foi marcado por um avanço e desenvolvimento
tecnológico, científico e social, o qual influenciou profundamente a cultura europeia.

Em Portugal, o país passava por uma fase de transformações e renovações após a


Guerra da Restauração, a qual concedeu a Independência ao país que estava sob
domínio espanhol, desde 1580.

Além da reestruturação econômica, política e social, as reformas no campo de


educação foram essenciais para propulsionar um espírito de renovação e incentivo
aos estudos científicos.

Assim, o arcadismo dá lugar a razão, deixando um pouco de lado, a religiosidade que


ainda era possível encontrar no barroco.

Características do Arcadismo
As principais características do arcadismo são:

Objetividade e racionalismo
Linguagem simples
Bucolismo (vida no campo) e pastoralismo
Simplicidade e exaltação da natureza
Crítica a burguesia e aos centros urbanos
Uso de pseudônimos

Autores e Obras
Os principais autores do arcadismo português foram:

Manuel Maria Barbosa du Bocage (1765-1805): "Morte de D. Ignez de Castro",


"Elegia", "Idílios Marítimos".
António Dinis da Cruz e Silva (1731-1799): "O Hissope", "Odes Pindáricas", "A
Degolação do Baptista".
Pedro António Correia Garção (1724-1772): "Obras Poéticas", "Teatro Novo" e
"Assembleia ou Partida".
Marquesa de Alorna (1750-1839): "Obras Poéticas" (seis volumes).
Francisco José Freire (1719-1773): "Vieira Defendido", "Arte Poética ou Regras da
Verdadeira Poesia", "Cartas Poéticas e Criticas (…) de Poesia (…) e Poetas".
Domingos dos Reis Quita (1728-1770): "Obras Poéticas" (dois volumes da obra
completa).
Nicolau Tolentino de Almeida (1740-1811): "Miscelânea Curiosa e Proveitosa",
"Passeio", "Amantes".
Filinto Elísio (1734-1819): "Obras Completas".

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