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NOME: DATA: _____/____/2012

SÉRIE: 2º ANO – ENSINO MÉDIO TURMA: ______

DISCIPLINA: LITERATURA

PROFESSOR: ROGÉRIO RECUPERAÇÃO PARALELA

ESTUDO DIRIGIDO
Objetivo: esta lição continua a abordar o estilo literário Arcadismo, mas com destaque para como este
estilo se desenvolveu aqui no Brasil. Quais seus principais autores, como as ideias árcades influencia-
ram a sociedade, principalmente a elite jovem, que ia buscar conhecimento em Coimbra. Como estes
ideais serviram de base para haver forças para ir contra as ideias do governo, ao ponto de servir de
base para a Inconfidência Mineira.

O ARCADISMO NO BRASIL (1768-1836)


No Brasil, o rompimento com a estética barroca começou com a Publicação de Obras, de Cláudio
Manuel da Costa, em 1768. Este movimento permaneceu como tendência literária até 1836, quando se
inicia o Romantismo.
O Arcadismo também ficou marcado por dois aspectos centrais. O dualismo dos escritores brasi-
leiros do século XVIII, que, ao mesmo tempo, seguiam os modelos culturais europeus e se interessa-
vam pela natureza e pelos problemas específicos da colônia brasileira; e a influência das ideias iluminis-
tas sobre os escritores e intelectuais brasileiros, que resultou no movimento da Inconfidência Mineira e
seus trágicos resultados: prisão, morte, exílio, enforcamento.
Como no Brasil não existiu uma Arcádia como em Portugal, a concentração do Arcadismo brasilei-
ro foi principalmente em Vila Rica (hoje Ouro Preto), Minas Gerais, onde um grupo de intelectuais se
destacou na arte literária e na prática política, com grande participação na Inconfidência Mineira, seu
aparecimento teve relação direta com o grande crescimento urbano verificado nas cidades mineiras do
século XVIII, cuja base econômica era a extração de ouro. Este grupo era constituído por Cláudio Ma-
nuel da Costa, Tomás Antônio Gonzaga, Inácio José de Alvarenga Peixoto e outros.
O crescimento espantoso dessas cidades favorecia tanto a divulgação de ideias políticas quanto o
florescimento de uma literatura cujos modelos os jovens brasileiros - foram buscar em Coimbra, já que a
colônia não lhes oferecia cursos superiores. E, ao retornarem de Portugal, traziam consigo as ideias
iluministas que faziam fermentar a vida cultural portuguesa à época das inovações políticas e culturais
do ministro Marquês de Pombal, adepto de algumas ideias da Ilustração.
Essas ideias, em Vila Rica, levaram vários intelectuais e escritores a desejarem a independência
do Brasil, principalmente após a repercussão da independência dos Estados Unidos da América (1776).
Tais sonhos culminaram na frustrada Inconfidência Mineira (1789).

Características do Arcadismo no Brasil:

- apego aos valores da terra: a simplicidade na poesia e a ideia de abolir as inutilidades


(inutilia truncat) foram os objetivos dos árcades brasileiros. Como a concentração foi em
Minas Gerais, nasce um nativismo que incorporou os valores da terra ao ideário da estáti-
ca bucólica, em alta no arcadismo.
- Incorporação do elemento indígena: a valorização do índio foi destaque nesta época,
era o reflexo do “bom selvagem”, de Rousseau, onde a natureza faz o homem feliz e bom,
mas a sociedade o corrompe.

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- Sátira política: um exemplo foi Cartas Chilenas, onde é bem clara a sátira política aos
tempos difíceis da exploração portuguesa e à corrupção dos governos coloniais.

Os árcades e a Inconfidência:
Os escritores árcades mineiros tiveram participação direta no movimento da Inconfidência Mineira.
Chegados de Coimbra com ideias enciclopedistas e influenciados pela independência dos EUA, divulga-
ram os sonhos de um Brasil independente e contribuíram para a organização do grupo inconfidente.
Esses escritores eram Tomás Antônio Gonzaga, Alvarenga Peixoto e Cláudio Manuel da Costa.
Do grupo, apenas um homem não tinha a mesma formação intelectual dos demais nem era escri-
tor: o alferes Tiradentes (dentista prático), maçom e simpatizante dos ideais iluministas.
Com a traição de Joaquim Silvério dos Reis, que devia vultosas somas ao governo português, o
grupo foi preso. Todos, com exceção de Tiradentes, negaram sua participação no movimento. Cláudio
Manuel da Costa, segundo versão oficial, suicidou-se na prisão antes do julgamento.
No julgamento, vários inconfidentes foram condenados à morte por enforcamento, dentre eles Ti-
radentes e Alvarenga Peixoto. Tomás Antônio Gonzaga e outros foram condenados ao exílio temporário
ou perpétuo. Tiradentes assumiu para si a responsabilidade da liderança do grupo.
No dia 20 de abril de 1792, foi comutada a pena de todos os participantes, excluindo Tiradentes,
enforcado no dia seguinte. Seu corpo foi esquartejado e exposto por Vila Rica; seus bens, confiscados;
sua família, amaldiçoada por quatro gerações; e o chão de sua casa foi salgado, para que dele nada
mais brotasse.

CLÁUDIO MANUEL DA COSTA:

Cláudio Manuel da Costa ( 1729 - 1789), também conhecido pelo pseudônimo pastoral de Glau-
ceste Satúrnio, nasceu em Mariana, Minas Gerais, e, depois de estudar no Brasil com os jesuítas, com-
pletou seus estudos em Coimbra, onde se formou advogado. Em Portugal, tomou contato com as reno-
vações da cultura portuguesa empreendidas por Pombal e Verney. Ali também conheceu as novidades
literárias trazidas pela Arcádia Lusitana.
De volta ao Brasil, Cláudio Manuel da Costa exerceu em Vila Rica a carreira de advogado e ad-
ministrador. Sua carreira de escritor teve início com a publicação de Obras Poéticas. Em 1789, foi acu-
sado de envolvimento na Inconfidência Mineira. Encontrado morto na prisão, a alegação oficial para a
sua morte foi o suicídio.
Com ampla formação cultural, Cláudio liderou o grupo de escritores árcades mineiros e soube dar
continuidade apesar das limitações da colônia, a tradição de poetas clássicos. Seus sonetos apresen-
tam notável afinidade com a lírica de Camões.
O poeta cultivou a poesia lírica e a épica. Na lírica tem destaque o tema de desilusão amorosa.
Na épica, Cláudio escreveu Vila Rica, poema inspirado nas epopeias clássicas, que trata da pe-
netração bandeirante, da descoberta da minas, da fundação de Vila Rica e de revoltas locais. Suas
obras podem ser melhor entendidas se forem analisadas do seguinte modo:

Poesia lírica:

- uma poesia que serviu de transição entre o Barroco e o Arcadismo.


- no Arcadismo, Cláudio Manuel da Costa demonstra o pastoralismo como uma renúncia
à visão religiosa de mundo.
- Em suas Obras, pelo fato da paisagem não ser campestre, há uma quebra das conven-
ções do período, ele apresenta cenários dominados por pedras, rochas, grutas e penhas-
cos, indicando as suas raízes mineiras. Pois ele recorre a fato que lembra a paisagem mi-
neira.

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TOMÁS ANTÔNIO GONZAGA
Tomás Antônio Gonzaga nasceu em Portugal ( Porto, 11/08/1744) e morou em Salvador, Bahia,
entre os 7 e os 17 anos de idade. Formou-se em Direito em Coimbra e permaneceu lá, até 1782, quan-
do foi nomeado ouvidor ( juiz) de Vila Rica e retornou ao Brasil. Logo tornou-se amigo de Cláudio Ma-
nuel da Costa, onde foi influenciado para a produção poética. Sua obra lírica de maior destaque
foi: Marília de Dirceu (um conjunto de liras). Esta poesia foi tipicamente árcade, visto que estava presa
aos esquemas bucólicos e pastoris. Nesta obra, Dirceu, o pastor, é também um funcionário público, juiz,
quarentão, que amava uma moça de uns 17 anos, e com o sonho da estabilidade de um lar burguês
cheio de filhos. A obra foi escrita em três partes que correspondem a momentos históricos diferentes na
vida do poeta. A I parte em liberdade, onde predominam as convenções neoclássicas, como os cortejos
amorosos de pastores, as cançonetas anacreônicas, olocus amoenus, e as referências mitológicas. O
pastor faz a corte à pastora Marília e tenta convencê-la da felicidade no casamento. Também ocorre a
referência ao tema carpe diem, onde aparece a preocupação de Gonzaga com a própria idade. A II na
prisão, é bem notada, devido às referências biográficas, como: o cárcere, o processo judicial, o medo, a
perspectiva da morte, a solidão, e o sentimento de injustiça. E a III, provavelmente logo após o degredo
para a África. A expressão sentimental da obra dá-se, na maior parte das liras, em alguns momentos
das partes II e III, o autor escapa dos padrões árcades e desabafa a sua dor, o sentimento de medo do
futuro e da morte e, sobretudo, a saudade de Marília. Nestes momentos, as liras adquirem um caráter
pré-romântico.

“ Eu tenho um coração maior que o mundo!


Tu, formosa Marília, bem o sabes:
Um coração...,e basta
Onde tu mesma cabes;”

LIRA IV

Marília, teus olhos


são réus, e culpados
que sofra, e que beije
os ferros pesados
de injustos Senhor.
Marília, escuta
Um triste pastor.
Mal vi teu rosto,
O sangue gelou-se,
A língua prendeu-se,
Tremi, e mudou-se
Das faces a cor.
Marília, escuta
Um triste pastor.

Ele também teve destaque com uma obra satírica, onde sob o pseudônimo de Critilo, satirizou os
desmandos do governador de Minas Gerais, ou seja, fez ataques diretos ao despotismo do Fanfarrão
Minésio, em Cartas Chilenas.

FREI SANTA RITA DURÃO

Uma de suas obras de destaque foi Caramuru.

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Tema: A glorificação do colonizador branco e agente da catequese católica, Diogo Álvares Correia,
que maravilhou os índios com um tiro de arcabuz na Bahia do século XVI, casando-se com a filha do
cacique, Paraguaçu, e passando a viver entre eles.
Outros aspectos:
Louvação do índio que se converte à religião do dominador luso e o auxilia na conquista da terra.
A cena mais famosa da epopeia é a morte da índia Moema, após a partida para a França
de Diogo Álvares e sua noiva, Paraguaçu. Moema vai nadando atrás do navio até ser tragada
pelas ondas.

Obs. Há nesta epopeia uma forte influência de Os Lusíadas, de Camões.

PARTE I - OBJETIVAS
01. Entre outras características do Arcadismo, encontramos:
a) utilização, pelos poetas, de pseudônimos pastoris.
b) condenação do Barroco, que prevaleceu no século XVI, nas suas formas de cultismo e conceptismo.
c) a arte não deve ser concebida como imitação da natureza.
d) o subjetivismo e o egocentrismo.

02. O Arcadismo, didaticamente, inicia-se, no Brasil, em 1768:


a) com a fundação de Arcádia de Lusitana.
b) com a publicação de poemas de Cláudio Manuel da Costa (em Lisboa) e pela fundação da Arcádia
Ulissiponense.
c) com a publicação dos poemas de Cláudio Manuel da Costa (em Lisboa) e pela fundação da Arcádia
Ultramarina.
d) pela vinda da família real para o Brasil.

03. Todos os autores abaixo, relacionados pertencem à escola mineira do Arcadismo, exceto:
a) José Basílio da Gama. c) Tomás Antônio Gonzaga.
b) José de Anchieta d) Frei José de Santa Rita Durão.

04. Em Literatura, um grupo de escritores, no século XVIII, defendeu o bucolismo, a necessidade de


revalorização da vida simples, em contato com a natureza. Estamos fazendo referência aos escritores
do:
a) ROMANTISMO, para quem, encontrar-se com a natureza significava alargar a sensibilidade.
b) ARCADISMO, propondo um retorno à ordem natural, como na literatura clássica, à medida que a
natureza adquire um sentido de simplicidade, harmonia e verdade.
c) REALISMO, fugindo às exibições subjetivas e mantendo a neutralidade diante daquilo que era narra-
do; as referências à natureza eram feitas em terceira pessoa.
d) BARROCO, movimento que valorizava a tensão de elementos contrários, celebrando Deus ou as
delícias da vida nas formas da natureza.

05. "Voltaram à baila os deuses esquecidos, as ninfas esquivas, as náiades, as oréades e os pastores
enamorados, as pastoras insensíveis e os rebanhos numerosos das bucólicas de Teócrito e Virgílio."
(Ronald de Carvalho, PEQUENA HISTÓRIA DE LITERATURA BRASILEIRA)

O trecho acima refere-se ao seguinte movimento literário:


a) Romantismo. c) Arcadismo.
b) Barroco. d) Parnasianismo.

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06. Considere as afirmativas sobre Barroco e o Arcadismo:
1. Simplificação da língua literária – ordem direta – imitação dos antigos gregos e romanos.
2. Valorização dos sentidos – imaginação exaltada – emprego dos vocábulos raros.
3. Vida campestre idealizada como verdadeiro estado de poesia-clareza-harmonia.
4. Emprego frequente de trocadilhos e de perífrases – malabarismos verbais – oratória.
5. Sugestões de luz, cor e som – antítese entre a vida e a morte – espírito cristão antiterreno.
Assinale a opção que só contém afirmativas sobre o Arcadismo:
a) 1, 4 e 5
b) 2, 3 e 5
c) 2, 4 e 5
d) 1 e 3

07. Qual dessas afirmações não caracterizava a poesia arcádica realizada no Brasil no século XVIII?
a) A poesia seguia o lema de "cortar o inútil" do texto.
b) As amadas eram ninfas, lembrando a mitologia grega e romana.
c) Os poetas da época não se expressaram no gênero épico.
d) Procurava-se descrever uma atmosfera denominada locus amoenus.

08. "Alguém há de cuidar que é frase inchada Daquela que lá se usa entre essa gente Que julga, que
diz muito, e não diz nada. O nosso humilde gênio não consente, Que outra coisa se diga mais, que
aquilo Que só convém ao espírito inocente." Os versos de Cláudio Manuel da Costa lembram o fato de
que:
a) a expressão exata, contida, que busca os limites do essencial, é traço da literatura colonial brasileira
e dos primeiros movimentos estéticos pós-Independência.
b) o Barroco se esforçou por alcançar uma expressão rigorosa e comedida, a fim de espelhar os gran-
des conflitos do homem.
c) o Arcadismo, buscando simplicidade, se opôs à expressão intrincada a aos excessos do cultismo do
Barroco.
d) o Romantismo, embora tenha refugado os rigores do formalismo neoclássico, tomou por base o sen-
timentalismo originário desse movimento estético.

09. "Eu, Marília, não sou algum vaqueiro, Que vive de guardar alheio gado; / De tosco trato, de expres-
sões grosseiro, / Dos frios gelado e dos sóis queimado. Tenho próprio casal e nele assisto / Dá-me vi-
nho, legume, fruta, azeite; / Das brancas ovelhinhas tiro o leite, / E mais as finas lãs, de que me visto. /
Graças, Marília bela, Graças à minha Estrela!"

10. Uma qualidade patente nesta estrofe do exercício anterior é:


a) o bucolismo;
b) o nacionalismo;
c) o regionalismo;
d) o indianismo.

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PARTE II - DISCURSIVAS
O texto abaixo é um típico poema árcade, da autoria de Manuel Maria Barbosa du Bocage. Leia-o e
responda às perguntas a seguir:
Convite à Marília
Já se afastou de nós o Inverno agreste
Envolto nos seus úmidos vapores;
A fértil Primavera, a mãe das flores
O prado ameno de boninas veste:
Varrendo os ares o sutil nordeste
Os torna azuis; as aves de mil cores
Adejam entre Zéfiros, e Amores,
E toma o fresco Tejo a cor celeste:
Vem, ó Marília, vem lograr comigo
Destes alegres campos a beleza,
Destas copadas árvores o abrigo:
Deixa louvar da corte a vã grandeza:
Quanto me agrada mais estar contigo
Notando as perfeições da Natureza!

Vocabulário:
Boninas: tipo de flor.
Nordeste: vento que sopra do nordeste.
Adejam: voam.
Lograr: gozar, desfrutar.

01. O poema pode ser dividido em duas partes.


a) Quais estrofes compõem essas partes e o que é apresentado em cada uma delas?
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b) Há pelo menos dois temas árcades principais que são desenvolvidos em cada uma das partes do
poema. Diga quais são eles e exemplifique citando passagens do texto.
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02. No poema, há elementos que evocam o Classicismo, tanto na forma quanto no conteúdo. Quais são
eles? Explique.
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03. Releia a última estrofe do poema e responda:


a) Quais são os dois cenários opostos pelo eu lírico e como eles são caracterizados?
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b) Que outro tema árcade é desenvolvido a partir dessa oposição?


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O texto a seguir, da autoria de Tomás Antônio Gonzaga, é considerado um poema pré-romântico. Leia-
o e responda às perguntas abaixo:

Lira XIX (Parte II)


Preso, o eu lírico encontra conforto no seu amor por Marília e nas lembranças que guarda da amada.

Nesta triste masmorra, Enternece-se Amor de estrago tanto;


De um semivivo corpo sepultura, Reclina-me no peito, e com mão terna
Inda, Marília, adoro Me limpa os olhos do salgado pranto.
A tua formosura.
Amor na minha ideia te retrata; Depois que represento
Busca extremoso, que eu assim resista Por largo espaço a imagem de um defunto,
À dor imensa, que me cerca, e mata. Movo os membros, suspiro,
E onde estou pergunto.
Quando em meu mal pondero,
Conheço então que Amor me tem consigo;
Então mais vivamente te diviso:
Ergo a cabeça, que inda mal sustento,
Vejo o teu rosto, e escuto
E com doente voz assim lhe digo:
A tua voz, e riso.
Movo ligeiro para o vulto os passos;
“Se queres ser piedoso,
Eu beijo a tíbia luz em vez de face;
“Procura o sítio em que Marília mora,
E aperto sobre o peito em vão os braços.
“Pinta-lhe o meu estrago,
Conheço a ilusão minha; “E vê, Amor, se chora.
A violência da mágoa não suporto; “Se lágrimas verter, se a dor a arrasta,
Foge-me a vista, e caio, “Uma delas me traze sobre as penas,
Não sei se vivo, ou morto. “E para alívio meu só isto basta.”
Vocabulário:
Inda: ainda.
Enternece-se: sensibiliza-se; compadece-se.

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04. Qual é o assunto desenvolvido na lira apresentada? E de que forma essa situação poética vivida
pelo pastor Dirceu se assemelha à vida do poeta Tomás Antônio Gonzaga?
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05. Quais são os dois interlocutores a quem o eu lírico se dirige no poema? O que ele diz a cada um
deles?
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06. Retire pelo menos dois versos do texto que representam o estado de espírito do eu lírico e, a seguir,
diga o que eles sugerem.
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07. Observe a linguagem utilizada no poema e responda:


a) Que elementos caracterizam a simplicidade formal pretendida pelos poetas árcades?
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b) Que elementos apresentados no poema rompem com o convencionalismo árcade? Explique.


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