Língua Portuguesa, 3ª Ano do Ensino Médio

A Semana de Arte Moderna. A literatura modernista de 22

Imagem: Capa do catálogo da Semana de Arte Moderna,1922 /

Autor Desconhecido / Domínio Público

Brasil, fevereiro de 1922

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A Semana de Arte Moderna. A literatura modernista de 22

Imagem: Ernest
Brooks / Exército
britânico utilizando
uma metralhadora
Vickers, 1917 /
Você sabe qual a ligação
This is photograph
No. 205193139 fro dessas imagens?
m the Imperial War
Museum collection
No. Q 2864 /
Domínio Público

Elas têm tudo a

Imagem: Cartaz da
Semana de Arte
Moderna. Brasil,
cidade de São

ver com
Paulo, 1922 /
Prefeitura de São
Paulo, Brasil /
Domínio Público

Imagem 3, veja
SEMANA DE
ARTE MODERNA
no link:
http://4.bp.blogs
pot.com/_39eph
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BRASILEIRA
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A Semana de Arte Moderna. A literatura modernista de 22

Vamos estudar de modo INTERDISCIPLINAR o que foi a SEMANA

DE ARTE MODERNA de 1922

Imagem: Mário de Andrade (primeiro à esquerda, no alto), Rubens Borba de

Moraes (sentado, segundo da esquerda para a direita) e outros modernistas de
1922, dentre os quais (não identificados) Tácito, Baby, Mário e Guilherme de
Almeida e Yan de Almeida Prado, em São Paulo, Brasil, 1922 / Autor Desconhecido
Para você entender BEM
DIREITINHO, vamos por partes.

Para compreender o “durante”,

/ Disponibilizado por André Koehne / Domínio Público

precisamos analisar o “antes”.
Vamos fazer isso,
compreendendo a história, a
arte e a literatura que
convergiram para esse evento.
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A Semana de Arte Moderna. A literatura modernista de 22

Para compreender a reação do povo brasileiro ao

evento da Semana de Arte Moderna, devemos
levar em consideração:
1) a República do Café-com-Leite;
2) I Guerra Mundial;
3) a Revolução Russa de 1917;
4) a Primeira Grande Greve no Brasil, 1917
5) centenário de Independência do Brasil – 1822/1922.

História
 ecim e n to s c ontribuíram
u e f o rm a e s ses acont rt e M oderna?
De q a d e A
ca m en t e p a ra a Seman
artisti

Artes
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A Semana de Arte Moderna. A literatura modernista de 22

“Inserida nas festividades em comemoração

do centenário da independência do Brasil, em
1922, a Semana de Arte Moderna apresenta-
se como a primeira manifestação coletiva
pública na história cultural brasileira a favor
de um espírito novo e moderno em oposição
à cultura e à arte de teor conservador,
predominantes no país desde o século XIX
[...]” (Itaú Cultural) http://www.itaucultural.org.br/aplicexternas/enciclopedia_ic/index.cfm?fuseaction=marcos_texto&cd_verbete=34
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Como pudemos observar, a SAM (Semana de Arte

Moderna) teve sim um cunho histórico, artístico e claro,
literário.
No viés artístico, vamos destacar as VANGUARDAS
EUROPEIAS
Cubismo Futurismo Dadaísmo Surrealismo

Imagem: Umberto Boccioni (1882–

1916) / The City Rises, 1910 /
Museum of Modern Art, New York /
Domínio Público Imagem: A Persistência da Memória de
Imagem: Juan Salvador Dalí, 1931 /  Museu de Arte
Gris (1887–1927) / A Imagem: Lajos Tihanyi Moderna de NY /
man in a café, (1885–1938) / Portrait http://en.wikipedia.org/wiki/File:The_Per
1914 / Domínio of Tristan Tzara, 1927 / sistence_of_Memory.jpg
Público Hungarian National
Gallery / Domínio
Público 
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Além das pinturas de Anita Malfati,

que em 1917, realizou no Brasil o que
se chamava de “ Primeira Exposição
Modernista Brasileira”

n is m o e
, e xp ressio lvo de
c ub ismo l o e é a
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Imagem: Anita Malfatti (1896-1964) / A
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Estudante, 1916 / Fotógrafo: Luiz
“[...]c o , a expo iro L obato
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Sadaki Hossaka (1928-2009) /
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Disponibilizada por Dornicke / futuris ticas de Mo e M o d
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Agora, vamos à Literatura?

Começaremos com a leitura de trechos de Paranoia ou Mistificação? De

Monteiro Lobato, procurando analisar como a sociedade conservadora via
o movimento modernista naquela época.

Preparado? Então, vem comigo!

Literatura
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Paranoia ou mistificação?
A propósito da Exposição Malfatti

Há duas espécies de artistas. Uma composta dos que veem as coisas e em

consequência fazem arte pura, guardados os eternos ritmos da vida, e
adotados, para a concretização das emoções estéticas, os processos clássicos
dos grandes mestres.

Quem trilha essa senda, se tem gênio é Praxiteles na Grécia, é Rafael na Itália,
é Reynolds na Inglaterra, é Dürer na Alemanha, é Zorn na Suécia, é Rodin na
França, é Zuloaga na Espanha. Se tem apenas talento, vai engrossar a plêiade
de satélites que gravitam em torno desses sóis imorredoiros.

A outra espécie é formada dos que veem anormalmente a natureza e a

interpretam à luz das teorias efêmeras, sob a sugestão estrábica de escolas
rebeldes, surgidas cá e lá como furúnculos da cultura excessiva. São produtos
do cansaço e do sadismo de todos os períodos de decadência; são frutos de
fim de estação, bichados ao nascedouro. Estrelas cadentes, brilham um
instante, as mais das vezes com a luz do escândalo, e somem-se logo nas
trevas do esquecimento [...]
.
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  “[...]Estas considerações são provocadas pela exposição da Sra. Malfatti, onde

se notam acentuadíssimas tendências para uma atitude estética forçada no
sentido das extravagâncias de Picasso & Cia.

Essa artista possui um talento vigoroso, fora do comum. Poucas vezes, através
de uma obra torcida em má direção, notam-se tantas e tão preciosas qualidades
latentes. Percebe-se, de qualquer daqueles quadrinhos, como a sua autora é
independente, como é original, como é inventiva, em que alto grau possui umas
tantas qualidades inatas, das mais fecundas na construção duma sólida
individualidade artística.

Entretanto, seduzida pelas teorias do que ela chama arte moderna, penetrou nos
domínios de um impressionismo discutibilíssimo, e pôs todo o seu talento a
serviço duma nova espécie de caricatura[...]”
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A Semana de Arte Moderna. A literatura modernista de 22

[...]Os homens têm o vezo de não tomar a sério as mulheres artistas. Essa é
a razão de as cumularem de amabilidades sempre que elas pedem opinião.
Tal cavalheirismo é falso; e sobre falso nocivo. Quantos talentos de primeira
água não transviou, não arrastou por maus caminhos, o elogio incondicional
e mentiroso? Se víssemos na Sra. Malfatti apenas a «moça prendada que
pinta», como as há por aí às centenas, calar-nos-íamos, ou talvez lhe
déssemos meia dúzia desses adjetivos bombons que a crítica açucarada
tem sempre à mão em se tratando de moças.
Julgamo-la, porém, merecedora da alta homenagem que é ser tomada a
sério e receber a respeito de sua arte uma opinião sinceríssima – e valiosa
pelo fato de ser o reflexo da opinião geral do público não idiota, dos críticos
não cretinos, dos amadores normais, dos seus colegas de cabeça não
virada – e até dos seus apologistas.

Dos seus apologistas, sim, dona Malfatti, porque eles pensam deste
modo... por trás.
http://www.pitoresco.com/brasil/anita/lobato.htm
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A Semana de Arte Moderna. A literatura modernista de 22

Semana da Arte Moderna:

* foi o marco da modernidade e da renovação da linguagem;

* apresentou novas ideias e conceitos artísticos:

poesia através de declamação, música através de
concerto, e artes plásticas através de telas,
esculturas e maquetes com desenhos arrojados e
modernos; [Profª. Thanmires Ramos]

* ocorreu em um período de turbulências políticas, sociais,

econômicas e culturais;
* não foi bem aceita e nem entendida quando passada,
pois ainda apreciavam formas estéticas europeias mais
conservadoras.
Imagem: Capa do catálogo da
Semana de Arte Moderna,1922 / Autor
Desconhecido / Domínio Público

https://youtu.be/02n2j7vRMuE
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A Semana de Arte Moderna. A literatura modernista de 22

“A semana de arte moderna apresentou-se como a primeira manifestação coletiva pública na

história cultural brasileira a favor de um espírito novo e moderno em oposição à cultura e à
arte de teor conservador. As novas tendências dos artistas modernistas abriram espaço para
uma explosão de ideias inovadoras tanto na pintura, na escultura como na poesia, literatura e
na música.” http://sibiunivasf.blogspot.com.br/p/90-anos-da-semana-da-arte-moderna.html
“O grupo modernista era composto de prosadores e poetas como Oswald de Andrade (1),
Mário de Andrade(2), Menotti Del Picchia(3), Guilherme de Almeida, Agenor Barbosa, Plínio
Salgado, Cândido Motta Filho e Sérgio Milliet. Os pintores eram Anita Malfatti (4), Di
Cavalcanti, (5) Vicente do Rego Monteiro e John Graz. Já os escultores eram compostos por
Victor Brecheret e W. Haeberg. Os arquitetos eram Antonio Moya e George Przirembel. Entre
os simpatizantes das ideias modernistas convidados temos Manuel Bandeira (6), Renato
Almeida, Villa-Lobos (7), Ronald de Carvalho(8), Álvaro Moreyra e Sérgio Buarque de
Hollanda (9).” http://sibiunivasf.blogspot.com.br/p/90-anos-da-semana-da-arte-moderna.html
Vaja no link: Vaja no link: Vaja no link:
http://www.mac http://4.bp.blogs http://www.com
virtual.usp.br/m pot.com/_qsD2 panhiadasletras
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modernidade/ muVd0Q/
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artistas/ Ronald+anivers
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Imagens da esquerda para direita: (a) Auréola / Oswald de Andrade, 1920 / Domínio Público. (b) Michelle Rizzo (1869-1929) / Mário de Andrade at
age 35, 1928 / Disponibilizado por Materialscientist / Domínio Público. (c) Autor Desconhecido / Menotti Del Picchia, 1920 / 100 Anos de República -
Um Retrato Ilustrado da História do Brasil (Nova Cultural, 1989) / Disponibilizado por Viniciusmc / Domínio Público. (d) Autor Desconhecido / Anita
Malfatti, 1920 / Disponibilizado por Dornicke / Domínio Público. (e) Autor Desconhecido / Manuel Bandeira, 1936 / Disponibilizador por Gorigori /
Domínio Público. (f) Autor Desconhecido / Heitor Vila-Lobos, 1922 / Disponibilizado por Dantadd / Domínio Público.
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AS PROPOSTAS MODERNISTAS
01) Adaptar a arte nacional ao momento futurista e tecnológico
“Queremos luz, ar, ventiladores, aeroplanos, motores,
chaminés de fabrica, velocidade...
E que o rufo do automóvel, nos trilhos de dois versos, espante
www.portinari-ba.com.br/upload/modernismo.ppt

da poesia o último deus homérico...”.

02) Combater a cultura formal, gabinetista, acadêmica, livresca:

Ó poetas de gabinete.
Que da vida sabeis apenas a lição dos livros,
Vossa poesia é um jogo de palavras.
Vossa poesia é toda feita de habilidades de
estilo,
Sem a marca um pouco suja de experiências
vividas.
Não sabeis de nenhuma espécie de sofrimento,
De nenhum dos aspectos sedutores do mal,
Não sabeis de nada que está realmente na vida
[...] (Ribeiro Couto)
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03) Destruir os modelos artísticos do Parnasianismo

Estou farto do lirismo comedido.

Do lirismo bem comportado
Do lirismo funcionário público com
livros de ponto expediente protocolo e
manifestações de apreço ao Sr. diretor.
Estou farto do lirismo que para e vai
averiguar no dicionário o cunho
vernáculo de um vocábulo
(...) Quero antes o lirismo dos loucos
O lirismo dos bêbados
O lirismo difícil e pungente dos
bêbados
O lirismo dos clowns de Shakespeare
- Não quero mais saber do lirismo que
não é libertação

(Manuel Bandeira)
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04) Linguagem espontânea, coloquial:

“Irene preta
Irene boa
Irene sempre de bom humor
Imagino Irene entrando no céu:
-Licença , meu branco!
E São Pedro bonachão:
-Entra, Irene, você não precisa pedir
licença.” (Manuel Bandeira)
5) Desprezo pelas normas gramaticais :
“Dê-me um cigarro
Diz a gramática
Do professor e do aluno
E do mulato sabido
Mas o bom negro e o bom branco
Da nação brasileira
Dizem todos os dias
Deixa disso camarada
Me dá um cigarro” (Oswald de Andrade)
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06) Uso da paródia como elemento desmistificador:

Minha terra tem palmares
Onde gorjeia o mar
Os passarinhos daqui
Não cantam como os de lá.
Minha terra tem mais rosas
E quase que mais amores
Minha terra tem mais ouro
Minha terra tem mais terra (Oswald de Andrade)
07) Emprego da ironia e do poema–piada:
Moça linda bem tratada,
Três séculos de família,
Burra como uma porta:
Um amor.
Grã-fino do despudor,
Esporte, ignorância e sexo
Burro como porta:
Um coió.
Mulher gordaça, filó
De ouro por todos os poros
Burra como uma porta:
Paciência...
(Mário de Andrade)