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ARCADISMO NO BRASIL

• TOMÁS ANTÔNIO GONZAGA


• CLAUDIO MANOEL DA COSTA
• SANTA RITA DURÃO
• BASÍLIO DA GAMA
TOMAS ANTÔNIO GONZAGA

• PRINCIPAL ÁRCADE DO BRASIL


• DIRCEU
• PARTICIPOU DA INCONFIDÊNCIA MINEIRA
• OBRAS: MARÍLIA DE DIRCEU E CARTAS CHILENAS
Lira XVIII
Não vês aquele velho respeitável
Que à muleta encostado
Apenas mal se move, e mal se arrasta?
Oh! quanto estrago não lhe fez o tempo!
O tempo arrebatado,
Que o mesmo bronze gasta.

Enrugaram-se as faces, e perderam


Seus olhos a viveza;
Voltou-se o seu cabelo em branca neve:
Já lhe treme a cabeça, a mão, o queixo,
Não tem uma beleza
Das belezas, que teve.

Assim também serei, minha Marília,


Daqui a poucos anos;
Que o impio tempo para todos corre.
Os dentes cairão, e os meus cabelos,
Ah! sentirei os danos,
Que evita só quem morre.
Mas sempre passarei uma velhice
Muito menos penosa.
Não trarei a muleta carregada:
Descansarei o já vergado corpo
Na tua mão piedosa,
Na tua mão nevada.

Nas frias tardes, em que negra nuvem


Os chuveiros não lance,
Irei contigo ao prado florescente:
Aqui me buscarás um sítio ameno;
Onde os membros descanse,
E o brando sol me aquente.

Apenas me sentar, então movendo


Os olhos por aquela
Vistosa parte, que ficar fronteira;
Apontando direi: "Ali falamos,
"Ali, ó minha bela,
"Te vi a vez primeira."
Verterão os meus olhos duas fontes,
Nascidas de alegria:
Farão teus olhos ternos outro tanto:
Então darei, Marília, frios beijos
Na mão formosa, e pia,
Que me limpar o pranto.

Assim irá, Marília, docemente


Meu corpo suportando
Do tempo desumano a dura guerra.
Contente morrerei, por ser Marília
Quem sentida chorando
Meus baços olhos cerra.
CLÁUDIO MANOEL DA COSTA

• SONETOS À SEMELHANÇA DE CAMÕES


• PARTICIPANTE DA INCONFIDÊNCIA MINEIRA
• INICIA O ARCADISMO NO BRASIL COM “OBRAS POÉTICAS”
• TRAÇOS BARROCOS
• NATUREZA DA REGIÃO DE VILA RICA (PENHA, PENHASCO ETC)
Destes penhascos fez a natureza
O berço em que nasci! Oh quem cuidara,
Que entre penhas tão duras se criara
Uma alma terna, um peito sem dureza!

Amor, que vence os tigres por empresa


Tomou logo render-me; ele declara
Contra o meu coração guerra tão rara,
Que não me foi bastante a fortaleza.

Por mais que eu mesmo conhecesse o dano,


A que dava ocasião minha brandura,
Nunca pude fugir ao cego engano:

Vós, que ostentais a condição mais dura,


Temei, penhas, temei; que Amor tirano,
Onde há mais resistência, mais se apura.
EPOPEIAS ÁRCADES BRASILEIRAS

O URAGUAI – BASÍLIO DA GAMA


(TRATADO DE MADRI) PORTUGUESES E ESPANHÓIS X JESUÍTAS E INDÍGENAS
PERSONAGENS: GOMES FREIRE DE ANDRADE, CACAMBO, LINDOIA, PE. BALDA

CARAMURU – SANTA RITA DURÃO


HISTÓRIA DO “DESCOBRIMENTO DA BAHIA”
PERSONAGENS: DIOGO ÁLVARES CORREIA, PARAGUAÇU, MOEMA
A MORTE DE LINDOIA
Este lugar delicioso e triste,
Cansada de viver, tinha escolhido
Para morrer a mísera Lindóia.
Lá reclinada, como que dormia,
Na branda relva e nas mimosas flores,
Tinha a face na mão e a mão no tronco
Dum fúnebre cipreste, que espalhava
Melancólica sombra. Mais de perto
Descobrem que se enrola no seu corpo
Verde serpente, e lhe passeia e cinge
Pescoço e braços, e lhe lambe o seio.
Fogem de a ver assim sobressaltados
E param cheios de temor ao longe;
E nem se atrevem a chamá-la e temem
Que desperte assustada e irrite o monstro,
E fuja e apresse no fugir a morte.
Porém o destro Caitutu, que treme
Do perigo da irmã, sem mais demora
Dobrou as pontas do arco, e quis três vezes
Soltar o tiro, e vacilou três vezes
Entre a ira e o temor. Enfim sacode
O arco e faz voar a aguda seta,
Que toca o peito de Lindóia e fere
A serpente na testa, e a boca e os dentes
Deixou cravados no vizinho tronco.
Açoita o campo com a ligeira cauda
O irado monstro, e em tortuosos giros
Se enrosca no cipreste, e verte envolto
Em negro sangue o lívido veneno.
Leva nos braços a infeliz Lindóia
O desgraçado irmão, que ao despertá-la
Conhece, com que dor! no frio rosto
Os sinais do veneno, e vê ferido
Pelo dente sutil o brando peito.
Os olhos, em que Amor reinava, um dia,
Cheios de morte; e muda aquela língua,
Que ao surdo vento e aos ecos tantas vezes
Contou a larga história de seus males.
Nos olhos Caitutu não sofre o pranto,
E rompe em profundíssimos suspiros,
Lendo na testa da fronteira gruta
De sua mão já trêmula gravado
O alheio crime, e a voluntária morte.
E por todas as partes repetido
O suspirado nome de Cacambo.
Inda conserva o pálido semblante
Um não sei quê de magoado, e triste,
Que os corações mais duros enternece.
Tanto era bela no seu rosto a morte!
A MORTE DE MOEMA
Copiosa multidão da nau francesa
Corre a ver o espetáculo assombrada;
E ignorando a ocasião da estranha empresa,
Pasma da turba feminil, que nada.
Uma, que às mais precede em gentileza,
Não vinha menos bela, do que irada;
Era Moema, que de inveja geme,
E já vizinha à nau se apega ao leme.

“Bárbaro (a bela diz:) tigre e não homem…


Porém o tigre, por cruel que brame,
Acha forças amor, que enfim o domem;
Só a ti não domou, por mais que eu te ame.
Fúrias, raios, coriscos, que o ar consomem,
Como não consumis aquele infame?
Mas pagar tanto amor com tédio, e asco…
Ah! que o corisco és tu… raio… penhasco!.
Perde o lume dos olhos, pasma e treme,
Pálida a cor, o aspecto moribundo;
Com mão já sem vigor, soltando o leme,
Entre as salsas escumas desce ao fundo.
Mas na onda do mar, que, irado, freme,
Tornando a aparecer desde o profundo,
– Ah Diogo cruel! – disse com mágoa,-
E sem mais vista ser, sorveu-se na água.

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