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ARCADISMO

Eu, Marília, não sou algum vaqueiro,


Que viva de guardar alheio gado;
De tosco trato, d’expressões grosseiro,
Dos frios gelos, e dos sóis queimado.
Tenho próprio casal e nele assisto;
Dá-me vinho, legume, fruta, azeite;
Das brancas ovelhinhas tiro o leite,
E mais as finas lãs de que me visto.

Graças, Marília bela,


Graças à minha
Estrela!

Tomás Antônio Gonzaga


CONTEXTO
HISTÓRICO

a. INTENSO PROGRESSO CIENTÍFICO


• Newton formula a lei da gravidade
• A Psicologia aborda as leis das
sensações
• A Biologia classifica os seres vivos

b. DESSE PROGRESSO RESULTA A


TECNOLOGIA E O CONSEQÜENTE
AUMENTO DA PRODUÇÃO.
NEGÓCIOS E CIÊNCIAS SEPARAM-
SE DA RELIGIÃO.
CONTEXTO HISTÓRICO

INTENSO PROGRESSO CIENTÍFICO


• Newton formula a lei da gravidade
• A Psicologia aborda as leis das
sensações
• A Biologia classifica os seres vivos

DESSE PROGRESSO RESULTA A


TECNOLOGIA E O CONSEQÜENTE
AUMENTO DA PRODUÇÃO.

NEGÓCIOS E CIÊNCIAS SEPARAM-SE


DA RELIGIÃO.
Todas essas mudanças caracterizam
um movimento cultural:
O ILUMINISMO
(iluminar, esclarecer)
ILUMINISMO

“Esforço cultural
cujo objetivo era a
atualização de
conceitos, leis e
técnicas, assim
como uma maior
eficácia na ordem
social”
SÉCULO DAS LUZES
XVIII

Tudo pode ser


explicado
pela ciência
e pela
razão!!
ENCICLOPÉDIA Publicada
na França, em 1751.
Diderot e D’Alembert
NEOCLASSICISMO

Os escritores imitavam os
clássicos, voltando-se à
Antigüidade greco-romana
BUCOLISMO
Eu quero uma casa no campo
Onde eu possa compor muitos rocks rurais
E tenha somente a certeza dos amigos do peito e
nada mais
Eu quero carneiros e cabras pastando solenes
No meu jardim
Eu quero plantar e colher com a mão
A pimenta e o sal
Onde eu possa plantar meus amigos
Meus discos
Meus livros
E nada mais
Zé Rodrix e Tavito
AUREA MEDIOCRITAS

Ideal de vida simples, desprezando o luxo.

FUGERE URBEM

O campo é considerado uma espécie de paraíso


perdido, sobretudo pelo homem europeu.

CARPE DIEM
Aproveitar o dia intensamente.
ARCÁDIA

LENDÁRIA REGIÃO DA GRÉCIA


ANTIGA, ONDE OS PASTORES,
LIDERADOS POR PÃ,
DEDICAVAM-SE À
POESIA E AO PASTOREIO,
CELEBRANDO O AMOR
E O PRAZER!!!
ARCADISMO no
BRASIL

Período: 1768-1836

Marco Inicial: Obras,


de Cláudio Manoel da
Costa
Características
•Vocabulário simples
•Objetividade
•Pastoralismo
•Bucolismo - fugere urbem
•Vida pobre, mas feliz -
aurea mediocritas
•Desejo de aproveitar a
vida - carpe diem
cenário
CLÁUDIO MANOEL
DA COSTA
(Glauceste Satúrnio)

Mariana-MG, 1729 – Vila Rica-MG, 1789.

•Formou-se em Direito pela


Faculdade de Coimbra.
•Participou da Inconfidência Mineira.
•Preso, é encontrado morto
(enforcado) na cadeia, em 4 de julho
de 1789.
•Foi um dos fundadores da Arcádia
Ultramarina.
•Sua forma preferida de poesia era o
SONETO.
“Cláudio Manuel da Costa
era, realmente, um homem
muito rico – tinha clientela
importante, muitos
escravos e sociedade em
minas de ouro, possuindo
uma fazenda de criação de
gado e de porcos, além de
um negócio de grandes
proporções de concessão de
créditos. Sua espaçosa
mansão em Vila Rica era
ponto de reunião da
intelectualidade da
capitania.”
Kenneth Maxwell
Soneto VIII

Já rompe, Nise, a matutina Aurora


O negro manto, com que a noite escura,
Sufocando do Sol a face pura.
Tinha escondido a chama brilhadora.

Que alegre, que suave, que sonora,


Aquela fontezinha aqui murmura!
E nestes campos cheios de verdura
Que avultado o prazer tanto melhora!

Só minha alma em fatal melancolia,


Por te não poder ver, Nise adorada,
Não sabe inda, que coisa é alegria;

E a suavidade do prazer trocada,


Tanto mais aborrece a luz do dia,
Quanto a sombra da noite mais lhe agrada.

Cláudio Manuel da Costa


INTERIOR DA CASA ONDE
CLÁUDIO MANUEL DA COSTA
FOI PRESO.
SONETO DE CLÁUDIO MANUEL DA
COSTA, COLOCADO NA PORTA AO
LADO ONDE ELE FOI
ENCONTRADO MORTO.
TOMÁS ANTÔNIO
GONZAGA
(DIRCEU)

Porto-Portugal, 1744 – Moçambique, 1810.

•Formou-se em Direito pela


Faculdade de Coimbra.
•Foi juiz em Vila Rica.
•Participou da Inconfidência Mineira.
•Preso, foi degredado para
Moçambique.
•Casou com Juliana de Sousa
Mascarenhas, “pessoa de mujtas
posses e poucas letras”.
RETRATO DE DOROTÉIA, NOIVA
DE TOMÁS ANTÔNIO GONZAGA.

Alberto Guignard
RETRATO DE MARÍLIA, MUSA
INSPIRADORA A QUEM O PASTOR
E POETA DIRCEU DEDICOU SEU
POEMA: MARÍLIA DE DIRCEU

Alberto Guignard
“Enquanto pasta alegre o
manso gado,
Minha bela Marília, nos
sentemos
À sombra deste cedro
levantado.
Um pouco meditemos
Na regular beleza,
Que em tudo quanto
vive, nos descobre
A sábia natureza.”
OUTROS AUTORES

•ALVARENGA PEIXOTO
(Eureste Fenício)

•SILVA ALVARENGA
(Alcindo Palmireno)
•Glaura
•O desertor
AUTORES
ÉPICOS

•BASÍLIO DA GAMA

•FREI DE SANTA

RITA DURÃO
BASÍLIO DA GAMA

Tiradentes-MG, 1741 – Lisboa-Portugal, 1795.

•Estudou em Portugal e esteve na


Itália, onde ingressou com o
pseudônimo de Termindo Sipílio.

•Foi preso, acusado de estar ligado


à Companhia de Jesus.

•Condenado ao degredo em Angola,


consegue comutação da pena por
ter escrito um poema nupcial à filha
do Marquês de Pombal.
O URAGUAI

•É um poema épico.

•Antijesuítico.

•Melhor poema épico


brasileiro.

•Visava imitar o modelo


camoniano, mas é menor e
apresenta versos brancos e
sem estrofação.
O URAGUAI

Tema: Destruição das missões


jesuíticas

Personagens:
•General Gomes Freire de
Andrade, herói do poema
•Cacambo, herói indígena
•Pe. Lourenço Balda, vilão da
história
•Lindóia, esposa de Cacambo

•Cepê, Caitutu, Tanajura


Narra as lutas entre os índios
de Sete Povos das Missões do
Uruguai contra o exército
espanhol, que vinha pôr em
prática o Tratado de Madri, o
qual transferia aos
portugueses as Missões e
deixava aos espanhóis a
Colônia de Sacramento.
O POEMA QUESTIONA A
GUERRA COMO FORMA DE
ATUAÇÃO POLÍTICA, NUMA
VISÃO TIPICAMENTE
ILUMINISTA

“E vendendo a vil preço o sangue


e a vida
Move, e nem sabe por que move a
guerra.”
O HERÓI ÉPICO É GOMES
FREIRE DE ANDRADA,
LÍDER DAS TROPAS LUSO-
ESPANHOLAS, MAS É
APRESENTADO DE FORMA
DIFERENTE, SEM
ENTUSIASMO

“... Descontente e triste


Marchava o general: não sofre o
peito
Compadecido e generoso à vista
Daqueles frios e sangrados
corpos,
Vítimas da ambição de injusto
império.
Leva nos braços a infeliz Lindóia
O desgraçado irmão, que ao despertá-la
Conhece, com que dor! No frio rosto
Os sinais do veneno, e vê ferido
Pelo dente sutil o brando peito.
Os olhos, em que Amor reinava, um dia,
Cheios de morte; e muda aquela língua
Que ao surdo vento e aos ecos tantas vezes
Contou a longa história dos seus males.
Basílio da Gama
FREI DE SANTA
RITA DURÃO
Cata Preta-MG, 1722 – Lisboa-Portugal, 1784.

•Ordenou-se padre na Europa e


nunca mais retornou ao Brasil.

•Foi professor na Universidade de


Coimbra.
CARAMURU

•É um poema épico, sendo


publicado 12 anos após O
Uraguai.

•Propõe a oposição dos


mundos cristão e pagão.

•Reflete certo artificialismo.

•Segue o modelo camoniano.


CARAMURU

Tema: colonização da Bahia no


século XVI

Personagens:

•Diogo Álvares Correia, o


Caramuru (Filho do Trovão)
•Paraguaçu, esposa de Diogo
•Moema, apaixonada por Diogo
CARAMURU

•A história gira em torno do


descobrimento da Bahia,
levado a efeito por Diogo
Álvares Correia, misto de
missionário e colono
português.

•O autor incorpora ainda


costumes e tradições do índio
brasileiro, que é considerado
inferior ao homem branco
europeu.
CARAMURU

•O episódio mais conhecido é a


morte da índia Moema.

•Diogo – o Caramuru -, por


quem Moema se apaixona,
embarca para a França como
sua mulher, a índia
Paraguaçu. Juntamente com
outras índias, Moema se atira
ao mar e tenta seguir a nado,
vindo a morrer afogada.
“Perde o lume dos olhos, pasma e treme,
Pálida a cor, o aspecto moribundo,
Com mão já sem vigor, soltando o leme,
Entre as salsas escumas desce ao fundo:
Mas na onda do mar, que irado freme,
Tornando a aparecer desde o profundo:
“Ah! Diogo cruel!” disse com mágoa,
E sem mais vista ser, sorveu-se n’água.”

Santa Rita Durão

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