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O PROJETO LITERÁRIO DO ARCADISMO

(1768-1836)
“Além do horizonte existe um lugar
Bonito e tranquilo pra gente se
amar”
“Eu quero uma casa no campo...”
MÚSICA: ALÉM DO HORIZONTE
Além do horizonte deve ter Além do horizonte existe um lugar
Algum lugar bonito pra viver em paz Bonito e tranquilo
Onde eu possa encontrar a natureza Pra gente se amar
Alegria e felicidade com certeza
Lá nesse lugar o amanhecer é lindo Mas se você não vem comigo nada disso tem valor
Com flores festejando mais um dia que vem vindo De que vale o paraíso sem amor
Onde a gente pode se deitar no campo Se você não vem comigo tudo isso vai ficar
Se amar na relva escutando o canto dos pássaros No horizonte esperando por nós dois

Aproveitar a tarde sem pensar na vida Além do horizonte existe um lugar


Andar despreocupado sem saber a hora de voltar Bonito e tranqüilo
Bronzear o corpo todo sem censura Pra gente se amar
Gozar a liberdade de uma vida sem frescura
http://www.youtube.com/watch?
Mas se você não vem comigo nada disso tem valor v=12j2IE80Xxg&NR=1
De que vale o paraíso sem o amor
Se você não vem comigo tudo isso vai ficar
No horizonte esperando por nós dois
ORDEM E CONVENCIONALISMO

Havia, na Grécia Antiga,


uma parte central do Peloponeso
denominada Arcádia. De relevo
montanhoso, essa região era habitada
por pastores e vista como um lugar
especial, quase mítico, em que os
habitantes associavam o trabalho à
poesia, cantando o paraíso rústico em
que viviam.
No século XVIII, o termo
Arcádia passou a identificar as
academias ou agremiações de poetas
que se reuniam para restaurar o estilo
dos poetas clássico-renascentistas, com
o objetivo declarado de combater o
rebuscamento barroco.
A IDEALIZAÇÃO DA VIDA NO CAMPO

A estética desenvolvida
nessas academias de poetas
passou a ser chamada
Arcadismo. Tinha como
característica principal a
idealização da vida no
campo. O desejo de seguir
as regras da poesia clássica
fez com que essa estética
também fosse conhecida
como Neoclassicismo.
MARÍLIA DE DIRCEU: LIRA XIX

Enquanto pasta alegre o manso gado,


Minha bela Marília, nos sentemos
À sombra deste cedro levantado.
Um pouco meditemos
Na regular beleza,
Que em tudo quanto vive nos descobre
A sábia Natureza

(Tomás Antônio Gonzaga)


MUDANÇAS
 Reação aos exageros verbais da arte
Barroca, opondo-se aos rebuscamentos,
uma volta à simplicidade e à clareza,
orientadas no sentido da razão, da verdade
e da natureza.
FÉ E RELIGIÃO RAZÃO E CIÊNCIA
DÚVIDA CRENÇA NO VALOR
DA CIÊNCIA
PESSIMISMO OTIMISMO
NEGAÇÃO DO HOMEM O EXERCÍCIO DA
RAZÃO LEVA AO
CONHECIMENTO DE
TODAS AS VERDADES
Ciclo Literário Brasileiro
AUTOR

OBRA LEITOR
CONTEXTO HISTÓRICO NA EUROPA
Séculodas luzes (Iluminismo)
Revolução Francesa
Revolução industrial
CONTEXTO HISTÓRICO NO BRASIL
 Ouro preto/ MG (Vila Rica);
 Ciclo da Mineração (ouro);
 Inconfidência Mineira (impostos);
 Expulsão dos Jesuítas (Pombal).
O ARCADISMO E A INCONFIDÊNCIA
MINEIRA

A descoberta do ouro nas


Minas Gerais deslocou para o
sudeste o desenvolvimento
urbano brasileiro no século
XVIII. A produção cultural,
que no século anterior
acontecia principalmente na
Bahia e em Pernambuco,
passa a se concentrar na
cidade de Vila Rica (atual
Ouro Preto), a mais próspera
da região
VILA RICA (ATUAL OURO PRETO)
O ARCADISMO E A INCONFIDÊNCIA
MINEIRA
A opressão administrativa
portuguesa, o declínio da produção
do ouro, a convivência com as
idéias liberais de Rousseau,
Montesquieu, John Locke e a
revolução na América do Norte
foram os principais fatores que
contribuíram para o início de um
movimento revolucionário em Vila
Rica.
LIBERTAS QUAE SERA TAMEN
Os inconfidentes
pretendiam proclamar a a
República e tornar o Brasil
independente de Portugal. A
bandeira escolhida estamparia
o lema dos inconfidentes,
extraído de um verso de
Virgílio: Libertas quae sera
tamen (liberdade ainda que
tardia).
O FIM: TOMÁS ANTÔNIO GONZAGA
Em sua denúncia, Joaquim Silvério
dos Reis, um dos financistas do
grupo dos inconfidentes, nomeou
Tomás Antônio Gonzaga como
“Primeira cabeça da inconfidência”.
Ele e os demais líderes foram presos
pela coroa portuguesa. Chegava a
um triste fim o primeiro movimento
para tornar o Brasil livre da
exploração econômica da
metrópole. Gonzaga foi deportado
para Moçambique, onde
reconstituiu a vida. Lá faleceu em
1810.
O FIM: CLÁUDIO MANUEL DA COSTA

Foi denunciado e preso.


Enforcou-se, em 1789, na cela
da prisão em que aguardava
julgamento, localizada na Casa
dos Contos.
Marília de Dirceu: Lira
XIII
O BUCOLISMO
Num sítio ameno,
Cheio de rosas
O adjetivo bucólico faz De Brancos lírios,
referência a tudo aquilo Murtas viçosas,
que é relativo a pastores
Dos seus amores
e seus rebanhos, à vida Na companhia,
e aos costumes do Dirceu passava
campo. Alegre o dia.

(Tomás Antônio Gonzaga)


O PASTORALISMO

Um dos aspectos mais


artificiais da estética
árcade é o fato de os
poetas e de suas musas Sou pastor, não te nego; os meus
serem identificados montados
São esses, que aí vês; vivo contente
como pastores e Ao trazer entre a selva florescente
pastoras. A doce companhia dos meus gados;

(Soneto IV - Cláudio Manuel da


Costa)
LINGUAGEM: SIMPLICIDADE ACIMA
DE TUDO
Marília de Dirceu: LIRA XIX

Enquanto pasta alegre o manso


O Arcadismo adota como gado,
missão combater a Minha bela Marília, nos
artificialidade verbal sentemos
(rebuscamento) dos À sombra deste cedro
poetas barrocos. Por isso, levantado.
elege a simplicidade Um pouco meditemos
Na regular beleza,
como norma para a Que em tudo quanto vive nos
criação literária. descobre
A sábia Natureza
(Tomás Antônio Gonzaga)
IMITAÇÃO DOS CLÁSSICOS Pintam, Marília, os poetas
a um menino vendado,
Processa-se um retorno ao universo com uma aljava de setas,
de referências clássicas, que é arco empunhado na mão;
proporcional à reação anti-barroca do ligeiras asas nos ombros,
movimento. O escritor árcade está o terno corpo despido,
preocupado em ser simples, racional, e de Amor ou de Cupido
inteligível. E para atingir esses são os nomes que lhe dão.
requisitos exige-se a imitação dos
autores consagrados da Antiguidade,
preferencialmente os pastoris. Diz um
árcade português:
O poeta que não seguir os antigos,
perderá de todo o caminho, e não
poderá jamais alcançar aquela força,
energia e majestade com quem nos
retratam o formoso e angélico
semblante da natureza.
O RESGATE DE TEMAS CLÁSSICOS
• fugere urbem: fuga da cidade; afirmação das qualidades da vida
no campo.
• aurea mediocritas: valorização das coisas cotidianas, simples,
focalizadas pela razão e pelo bom senso.
• locus amoenus: caracterização de um lugar ameno, onde os
amantes se encontram para desfrutar dos prazeres da natureza.
• inutilia truncat: eliminação dos excessos, evitando qualquer uso
mais elaborado da linguagem.
• carpe diem: cantar o dia; trata da passagem do tempo como algo
que traz a velhice, a fragilidade e a morte, tornando imperativo
aproveitar o momento presente de modo intenso.
Poesia no Arcadismo
brasileiro
POESIA ÉPICA
O esforço neoclássico do século XVIII leva
alguns autores a sonhar com a possibilidade de
um retorno ao sentido épico do mundo antigo.
No entanto, numa era onde as concepções
burguesas, o racionalismo e o Iluminismo
triunfam, o heroísmo guerreiro ou aventureiro
parecem irremediavelmente fora de moda. A
epopeia ressurge, é verdade, mas quase como
farsa.
 Representantes da poesia épica no Arcadismo
brasileiro:

URAGUAI, de Marca a introdução


Basílio da Gama do Indianismo como
tema literário,
ganhando o índio
papel de guerreiro
CARAMURU, de em ação, tomado
Santa Rita Durão como personagem.
POESIA LÍRICA

Oscilando dos resíduos Barrocos às


antecipações do Romantismo:
Cláudio Manuel da Costa,
Silva Alvarenga,
Alvarenga Peixoto
Tomás Antônio Gonzaga,

Em proporções variáveis dentro de suas


obras, reproduzem aqui as formas e
temas do Neoclassicismo europeu.
Pastores, que levais ao monte o gado,
Vêde lá como andais por essa serra;
Que para dar contágio a toda a terra,
Basta ver se o meu rosto magoado:

Eu ando (vós me vêdes) tão pesado;


E a pastora infiel, que me faz guerra,
É a mesma, que em seu semblante encerra
A causa de um martírio tão cansado.

Se a quereis conhecer, vinde comigo,


Vereis a formosura, que eu adoro;
Mas não; tanto não sou vosso inimigo:

Deixai, não a vejais; eu vo-lo imploro;


Que se seguir quiserdes, o que eu sigo,
Chorareis, ó pastores, o que eu choro.
Se sou pobre pastor, se não governo
Reinos, nações, províncias, mundo, e gentes;
Se em frio, calma, e chuvas inclementes
Passo o verão, outono, estio, inverno;

Nem por isso trocara o abrigo terno


Desta choça, em que vivo, coas enchentes
Dessa grande fortuna: assaz presentes
Tenho as paixões desse tormento eterno.

Adorar as traições, amar o engano,


Ouvir dos lastimosos o gemido,
Passar aflito o dia, o mês, e o ano;

Seja embora prazer; que a meu ouvido


Soa melhor a voz do desengano,
Que da torpe lisonja o infame ruído.
POESIA SATÍRICA
 Refletea insatisfação com os desmandos dos
prepostos da Coroa Portuguesa no Brasil,

CARTAS CHILENAS (Tomás Antônio


Gonzaga)

 Essa obra atesta o inconformismo dos habitantes da


colônia em relação à administração portuguesa e aos
seus agentes.

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