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Arcadismo

Literatura
Prof.ª Renata Cavalheiro
Introdução
Período literário que faz parte dos últimos momentos do
Brasil como colônia de Portugal.
É uma escola literária muito conectada com o
Iluminismo.

Iluminismo – movimento intelectual e filosófico que aconteceu


na virada do século XVII – XVIII. Para os Iluministas as palavras
razão e ciência deveriam ser utilizadas para explicar o mundo.
Esse racionalismo da época não está ligado somente ao
Iluminismo, mas aos avanços científicos daquele tempo.

-Isaac Newton – Lei da gravidade


-Classificação dos seres vivos
Introdução
Havia uma efervescência cultural, filosófica e científica.

O nome do movimento, não por acaso, faz uma referência às


“luzes” do conhecimento, responsáveis por tirar o homem
europeu das trevas causadas por todos os anos em que, do
ponto de vista dos iluministas, havia ficado imerso no
obscurantismo e na ignorância.

Essa exaltação da racionalidade intensificou-se no século XVIII,


incentivando a produção de intelectuais como Voltaire, Diderot
e Rousseau (mito do bom selvagem).
Introdução
Tudo o que o Barroco valorizava passou a ser
considerado de “mau gosto” (exagero). Preconizava um
equilíbrio entre ciência e filosofia, isso permitiu um
retorno aos valores clássicos, por isso o Arcadismo
também é conhecido como Neoclassicismo.

- Equilíbrio
- Perfeição
- Razão
- Elementos da Mitologia
Arcadismo
Seu nome deriva do termo “arcádia”, que, na Grécia Antiga,
nomeava uma região montanhosa da parte central do Peloponeso,
habitada por pastores. A referência era motivada pelo fato de os
poetas árcades enxergarem nela um local ideal, no qual reinava a
felicidade provinda de uma vida simples de comunhão com a
natureza, em que trabalho e poesia andavam juntos.

Tudo o que o Barroco valorizava passou a ser considerado de “mau


gosto” (exagero). Preconizava um equilíbrio entre ciência e filosofia,
isso permitiu um retorno aos valores clássicos, por isso o Arcadismo
também é conhecido como Neoclassicismo.

- Equilíbrio
- Perfeição
- Razão
- Elementos da Mitologia
Características
A idealização da natureza ocorrida no contexto histórico do século XVIII
influenciou a principal característica temática do Arcadismo, que era a
tentativa de remontar, por meio da palavra, o espaço bucólico da
arcádia. Dessa forma, os poemas árcades têm como principal
ambientação o campo, repleto de vegetação e de animais. Ou seja,
trazem à tona a natureza e todo o seu equilíbrio e a sua harmonia.

- Valorização da natureza
- Bucolismo
- Pastoralismo
- Tranquilidade no relacionamento amoroso
- Predomínio da lógica – equilíbrio racional
- Utilização de pseudônimos pastoris
- Carpe diem (expressão em latim = Aproveite o dia) - Fugere urbem
- Inutilia truncat – Locus amoenus
Arcadismo em Portugal
Começa em 1756 com a fundação da “Arcádia
Lusitana” (academia literária que queria implantar um novo
gosto estético).

O nome se refere à lendária região grega da Arcádia, na qual


teria habitado Pã – deus de campos, bosques e rebanhos. Ela
era habitada por pastores de ovelhas e era considerada um
lugar mítico, em que os habitantes associavam o trabalho à
poesia e cantavam sobre o paraíso em que viviam. Com o
tempo, virou o nome de um país imaginário, criado e descrito
por diversos poetas e artistas. Nesse lugar, acreditava-se reinar
a felicidade, a simplicidade, a paz e o contato pleno com a
natureza.
Arcadismo em Portugal
Principal autor: Bocage

Manuel Maria Barbosa du Bocage ( 1765 – 1805) é


considerado o mais célebre nome da literatura árcade
portuguesa. Adotou o pseudônimo árcade de Elmano Sadino,
o poeta se declarou discípulo de Camões e procurou, em sua
obra, aproximar-se do mais renomado poeta da literatura
portuguesa até então. A produção bocagiana é dividida em
duas vertentes: a satírica e a lírica.
Arcadismo no Brasil
O Arcadismo brasileiro se desenvolveu no século XVIII, no Estado de Minas
Gerais, onde haviam sido descobertos ouro e metais preciosos, o que marcou
a mudança do centro político e intelectual do Brasil Colônia de Salvador para
Minas Gerais e Rio de Janeiro. Com a exploração do ouro das terras
brasileiras, Portugal pôde exibir para o restante do mundo uma riqueza
excepcional, com a qual poucos países podiam competir.
O rico ambiente urbano de Minas Gerais proporcionou também o
surgimento de uma consciência crítica frente à exploração ambiciosa da
metrópole. As ideias do Iluminismo fomentaram essa consciência, que se
expressou em momentos de revolta, como o da Inconfidência Mineira, que
envolveu alguns dos mais importantes poetas do Arcadismo.

Inicia-se em 1768 com a publicação de “Obras poéticas” de Claudio


Manoel da Costa.
Principais autores
Cláudio Manoel da Costa
Obras poéticas, publicação de 1768, marcou formalmente o início
do Arcadismo no Brasil. Nessa obra, Cláudio Manuel da Costa
expressou toda a ambiguidade de sua formação intelectual, que se
dividia entre o requinte das cidades metropolitanas (Coimbra e Lisboa)
e a simplicidade das cidades mineiras. Glauceste Satúrnio era o
pseudônimo pastoril utilizado por Cláudio Manuel da Costa, poeta que
nasceu em Mariana, cidade de Minas Gerais. Apesar de ter escrito
também poesia épica, Cláudio Manuel foi essencialmente um poeta
lírico. No poema “Vila Rica”, o eu lírico narra passagens da história de
sua capitania e descreve as paisagens mineiras.
Principais autores
Cláudio Manoel da Costa
Destes penhascos fez a natureza
O berço em que nasci: oh! quem cuidara
Que entre penhas tão duras se criara
Uma alma terna, um peito sem dureza!

Amor, que vence os tigres, por empresa


Tomou logo render-me; ele declara
Contra meu coração guerra tão rara
Que não me foi bastante a fortaleza.

Por mais que eu mesmo conhecesse o dano


A que dava ocasião minha brandura,
Nunca pude fugir ao cego engano;

Vós que ostentais a condição mais dura,


Temei, penhas, temei: que Amor tirano
Onde há mais resistência mais se apura.
Principais autores
Tomas Antônio Gonzaga
O poeta escreveu o livro mais popular do Arcadismo
brasileiro, Marília de Dirceu (1792), no qual há a reunião
de seus poemas líricos, que apresentam a descrição de
sua amada e o relato de sua prisão e exílio para
Moçambique.
Dirceu era o pseudônimo pastoril que Gonzaga
adotava em suas composições árcades. A Marília, por sua
vez, era Maria Dorotéia Joaquina de Seixas Brandão. O
romance foi conturbado e nunca se concretizou, pois
“Marília” era muito mais nova que ele, e Tomás também
era um dos nomes da Inconfidência.
Principais autores
Tomas Antônio Gonzaga
Nessa época ainda não há prosa, ou seja, longos
romances. Tudo é poesia. Nesse livro, Dirceu e Marília são
pastores e vivem seu grande amor em sintonia.

Eu tenho um coração maior que o mundo!


Tu, formosa Marília, bem o sabes:
Um coração..., e basta,
Onde tu mesma cabes.
Principais autores
Tomas Antônio Gonzaga
Já viste, Doroteu, que o grande Chefe,
Além de sua poesia lírica, Gonzaga O defensor das Leis, o mesmo seja,
também escreveu textos satíricos. Cartas Que insulte, que ameace ao bom Vassalo,
chilenas (1789) é o título de um longo poema Que intenta obedecer ao seu Monarca?
Pois inda, Doroteu, não viste nada.
satírico que circulou em Vila Rica pouco antes
Um monstro, um monstro destes não conhece,
dos acontecimentos da Inconfidência Mineira. Que exista algum maior, que ousado possa
As cartas criticavam o governador da Capitania Ou na terra, ou no Céu tomar-lhe conta.
de Minas Luís da Cunha Meneses, então Infeliz, Doroteu, de quem habita
governador de Minas Gerais, conhecido por seus Conquistas do seu dono tão remotas!
desmandos e truculências e chamado, nos Aqui o povo geme, e os seus gemidos
Não podem, Doroteu, chegar ao Trono;
versos mordazes do poema, de “Fanfarrão
E se chegam, sucede quase sempre
Minésio”. O texto foi supostamente escrito por O mesmo, que sucede nas tormentas
Critilo, mas esse não passava de um Aonde o leve barco se soçobra,
pseudônimo utilizado pelo seu verdadeiro autor. Aonde a grande Nau resiste ao vento.
As Cartas chilenas são dirigidas a Doroteu, que
representa, na obra, Cláudio Manuel da Costa, GONZAGA, Tomás Antônio. Cartas chilenas.
São Paulo: Martin Claret, 2007
amigo de Gonzaga. Veja, a seguir, um trecho da
obra:
Principais autores Canto I
Fumam ainda nas desertas praias

Basílio da Gama Lagos de sangue tépidos, e impuros,


Em que ondeiam cadáveres despidos,
Pasto de corvos. Dura inda nos vales
O rouco som da irada artilharia.
Musa, honremos o Herói, que o povo rude
A forma como a literatura do
Subjugou do Uraguai, e no seu sangue
Arcadismo se baseou no modelo do Dos decretos reais lavou a afronta.
Classicismo do século XVI fez Ai tantas custas, ambição de império!
ressurgir também o interesse pela E Vós, por quem o Maranhão pendura
poesia épica. Escrito em 1769 por Rotas cadeias, e grilhões pesados,
Basílio da Gama, o poema épico O Herói, e Irmão de heróis, saudosa, e triste,
Se ao longe a vossa América vos lembra,
Uraguai tem como tema a
Protegei os meus versos. Possa entanto
expedição formada por portugueses Acostumar ao voo as novas asas,
e espanhóis contra as missões Em que um dia vos leve. Desta sorte
jesuítas na região dos Sete Povos Medrosa deixa o ninho a vez primeira
das Missões, e segue a estrutura de Águia, que depois foge à humilde terra.
uma epopeia ao narrar a luta dos E vai ver de mais perto no ar vazio
O espaço azul, onde não chega o raio.
indígenas em defesa da terra.
GAMA, José Basílio da. Canto I. In: ______. O
Uraguai. Porto Alegre: L&PM, 2009.
Principais autores
Frei José de Santa Rita Durão

É o autor de uma obra que traz a descrição detalhada de


vários elementos tipicamente brasileiros: Caramuru. Esse
poema épico diferencia-se formalmente de O Uraguai, de Basílio
da Gama. Assim, Durão pretendia, quando escreveu Caramuru,
compor um texto em que seu amor à pátria ficasse claramente
expresso.
A obra conta a história de Diogo Álvares Correia, um português
que naufragou no litoral brasileiro, próximo às terras onde hoje
está a Bahia. Depois de se salvar das águas turbulentas e chegar
à praia, Diogo teria encontrado os indígenas, que passaram a
chamá-lo de Caramuru, termo indígena que significa “filho do
trovão”.
Resumindo...
 O século XVIII, também conhecido como Século das Luzes, teve
como características o gosto pela investigação científica, o culto ao
racionalismo e as reivindicações democráticas, modificando-se,
assim, a maneira de entender o mundo.
 O Arcadismo se caracterizou pelo bucolismo e pelo uso dos
conceitos relacionados à literatura clássica: carpe diem, fugere
urbem, aurea mediocritas, inutilia truncat e locus amoenus.
 Em Portugal, o Arcadismo tem como figura de destaque Manuel
Maria du Bocage.
 No Brasil, o Arcadismo possui como principais nomes: Cláudio
Manuel da Costa, Tomás Antônio Gonzaga, Basílio da Gama e Frei
Santa Rita Durão.
 Tomás Antônio Gonzaga, cujo pseudônimo era Dirceu, destacou-se
pela obra Marília de Dirceu, na qual exalta uma vida de simplicidade
e tranquilidade no campo ao lado de sua musa.
Até a próxima!

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