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Brasileiro
Contexto Histórico
Portugal, no século XVII, encontra-se economicamente decadente,
dependendo do capitalismo inglês. E, para contrabalançar seu comércio
deficitário, procura explorar suas colônias, em especial o Brasil.
Exige que um maior número de colonos passe a trabalhar na mineração,
proibindo o estabelecimento dos engenhos na região de Minas Gerais.
Por volta de 1750, as minas de ouro começaram a diminuir drasticamente a
sua produção, não sendo possível os colonos pagar os impostos
estabelecidos pela metrópole.
As ideias revolucionárias desenvolvidas na Europa, a Revolução
Industrial, a Revolução Francesa, a independência das colônias inglesas na
América (Estados Unidos) e a cobrança de impostos altíssimos em ouro
feitos por Portugal aos colonos brasileiros despertaram a necessidade da
busca da independência do Brasil, desencadeando uma serie de revoltas.
Todo o contexto favorecia uma transformação social. E a intelectualidade
colonial brasileira será uma das responsáveis por ela.
A palavra arcádia, que dá origem a Arcadismo, é grega e
designa uma sociedade literária típica da última fase do
Classicismo, cujos membros adotam nomes poéticos pastoris,
em homenagem à vida simples dos pastores, em comunhão
com a natureza.
As manifestações da estética arcádica começam a ocorrer no
Brasil na segunda metade do século XVIII, mais precisamente
em 1768, quando Cláudio Manuel da Costa publica Obras
Poéticas.
Ideais Iluministas
Era o esboço de uma classe mediana que, disposta a
defender seus próprios interesses, adotou a ideologia
liberal burguesa vinda da França: o Iluminismo. A
difusão do pensamento iluminista que apregoava a
liberdade de propriedade e a igualdade de poderes,
criticando o estado absolutista, tinha as suas palavras
de ordem: Liberdade, Igualdade, Fraternidade. Em
1789, esse espírito culminou na Revolução Francesa,
que modificou o conceito de classe social trazendo ao
topo do poder os burgueses.
Inconfidência Mineira
Os escritores árcades mineiros tiveram participação direta
no movimento da Inconfidência Mineira. Chegados de
Coimbra com ideias enciclopedistas e influenciados pela
independência dos EUA, provavelmente não apenas
engrossaram as fileiras dos revoltos contra erário régio,
que confiscava a maior parte do ouro extraído na Colônia,
mais também divulgaram os sonhos de um país
independente e contribuíram para a organização do grupo
inconfidente. Esses escritores eram Tomás Antônio
Gonzaga, Alvarenga Peixoto e Cláudio Manuel da Costa.
Do grupo apenas um homem não tinha a mesma formação intelectual
dos demais, nem era escritor: o alferes Tiradentes (dentista Prático).
Com a traição de Joaquim Silvério dos Reis, que devia vultosas somas
ao governo português, o grupo foi preso. Todos, com exceção de
Tiradentes, negaram sua participação no movimento. Cláudio Manuel da
Costa, segundo versão oficial, suicidou-se na prisão antes do
julgamento.
Em 1773, escreveu seu poema mais eloquente “Vila Rica”, o qual foi publicado somente
após sua morte. Nesse poema há exaltação dos feitos dos bandeirantes, fundadores de
diversas cidades da região mineira, além de narrar a história da atual Ouro Preto.
O poeta gerou forte influência nas obras dos autores árcades Tomás Antônio Gonzaga e
Inácio da Silva Alvarenga, considerado como precursor do Arcadismo brasileiro.
Cláudio Manuel produziu poemas com temática pastoril, com estrutura perfeita de
soneto, além de trazer reflexões sobre a vida, sobre a moral e sobre o amor.
Foi preso em 1789, acusado de participar da Inconfidência Mineira, logo após, foi
encontrado morto na cela. Alguns acreditam que foi suicídio, outros que foi assassinato.
As principais obras do poeta são: Obras poéticas (1768) e Vila Rica (1837).
Tomás Antônio Gonzaga
Tomás Antônio Gonzaga (
Miragaia, Porto, 11 de agosto de
1744 — Ilha de Moçambique,
1810),
cujo nome arcádico é Dirceu, foi
um jurista, poeta e ativista
político luso-brasileiro.
Considerado o mais proeminente
dos poetas árcades, é ainda hoje
estudado em
escolas e universidades por seu
“Marília de Dirceu" (versos
notadamente árcades feitos para
sua amada).
Marília de Dirceu
As liras a sua pastora idealizada refletem a trajetória do
poeta, na qual a prisão atua como um divisor de águas.
Antes do encarceramento, num tom de fidelidade, canta a
ventura da iniciação amorosa, a satisfação do amante, que,
valorizando o momento presente, busca a simplicidade do
refúgio na natureza amena, que ora é europeia, artificial,
virgiliana e ora mineira. Depois da reclusão, num tom
trágico de desalento, canta o infortúnio, a justiça (ele se
considera inocente, portanto, injustiçado), o destino e a
eterna consolação no amor da figura de Marília. São
compostas em recondilha menor ou decassílabos
quebrados.
Lira I
Eu, Marília, não sou algum vaqueiro,
Que viva de guardar alheio gado;
De tosco trato, de expressões grosseiro,
Dos frios gelos e dos sóis queimado.
Tenho próprio casal e nele assisto;
Dá-me vinho, legume, fruta, azeite;
Das brancas ovelhinhas tiro o leite
E mais as finas lãs, de que me visto.
Graças, Marília bela,
Graças à minha estrela!
Eu vi o meu semblante numa fonte:
Dos anos inda não está cortado;
Os pastores que habitam este monte
Respeitam o poder de meu cajado.
Com tal destreza toco a sanfoninha,
Que inveja até me tem o próprio Alceste:
Ao som dela concerto a voz celeste;
Nem canto letra que não seja minha,
Graças, Marília bela,
Graças à minha estrela!
Lira IV
Marília, teus olhos Mal vi o teu rosto,
São réus e culpados O sangue gelou-se,
Que sofra e que beije A língua prendeu-se,
Os ferros pesados Tremi e mudou-se
De injusto senhor. Das faces a cor.
Marília, escuta Marília, escuta
Um triste pastor. Um triste pastor.
A vista furtiva, Dispus-me a servir-te;
O riso imperfeito, Levava o teu gado
Fizeram a chaga, À fonte mais clara,
Que abriste no peito, À vargem e prado
Mais funda e maior. De relva melhor.
Marília, escuta Marília, escuta
Um triste Pastor. Um triste pastor.
Cartas Chilenas
CartasChilenas é um conjunto de poemas, escritos em versos
decassílabos e brancos, com uma metrificação parecida com a
da epopeia, e circularam anonimamente em Vila Rica, entre
1787 e 1788, seus versos assumem um tom satírico.
Critilo (Tomás Antônio Gonzaga) aplica-se de tal modo na sátira, que a beleza mal
o preocupa. Os versos brancos concentram-se no ataque. Sente-se um poeta capaz
de escrever no tom familiar que caracteriza o realismo dos neoclássicos, com certa
inclinação para a pintura da vida doméstica.