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AMOR DE PERDIÇÃO: ESTUDO DO

NARRADOR
Lia Almeida
Bárbara Almeida
Cátia Ferreira
Rodrigo Nogueira
O AUTOR E O SEU REFLEXO NA OBRA

 Nasce 1825, Lisboa


 Órfão, passa grande parte da vida no norte do país, em casa da
sua tia
 Foi o primeiro português a viver inteiramente da escrita
 É preso na Cadeia da Relação do Porto, devido ao caso
amoroso que teve com Ana Plácido
 Escreve Amor de Perdição na cadeia, em apenas 15 dias
 Em 1890 suicida-se
“Folheando os livros de antigos assentamentos, no cartório das
cadeias da Relação do Porto, li, no das entradas dos presos desde
1803 a 1805, as folhas 232, o seguinte: Simão António Botelho,
que assim disse chamar-se, ser solteiro, e estudante na
Universidade de Coimbra, natural da cidade de Lisboa, e
assistente na ocasião de sua prisão na cidade de Viseu, idade de
dezoito anos, filho de Domingos José Correia Botelho e de D. Rita
Preciosa Caldeirão Castelo Branco.”
-Introdução
ASPETOS DA VIDA DE CAMILO QUE SE
REFLETEM NAS SUAS OBRAS:

• Orfandade • Lances da vida boémia e turbulenta;


• As tradições romanescas da família • Pobreza
• Educação religiosa • Desgostos
• Convívio com a paisagem física e humana das • Doença
províncias do Norte • Isolamento
• Conhecimento íntimo do meio portuense • Profissionalismo na carreira das letras
• Aventuras sentimentais
AUTOR SIMÃO

• Simão é preso na cadeia da • Camilo é preso na cadeia da


Relação do Porto por ter Relação do Porto, por
assassinado o homem que se consequência do seu caso de
interpunha entre si e Teres adultério com Ana Plácido, que é
presa também

• Simão sente-se abandonado por


toda a família • Camilo fica órfão em tenra idade
• Camilo envolveu-se com várias
• Simão sente que fez muita gente à mulheres que acabou por
sua volta desgraçada. abandonar.
Sabias que…

SIMÃO FOI UMA PESSOA REAL, NO CASO O


TIO DE CAMILO. A IRMÃ MAIS NOVA DE
SIMÃO E DO PAI DE CAMILO, RITA, FOI A TIA
QUE ACOLHEU CAMILO DEPOIS DA MORTE
DOS PAIS. FOI ESTA TIA QUE CONTOU A
HISTÓRIA QUE SERVIU DE MOTE À OBRA
AMOR DE PERDIÇÃO ...
INTENÇÃO DO AUTOR COM A OBRA-
AS CRÍTICAS SOCIAIS

 Crítica à subordinação do amor a preconceitos de geração ou cálculos


materiais
 Crítica à sociedade aristocrática e fradesca, anterior a 1832, e à nova
sociedade burguesa do Constitucionalismo
 Condenação dos privilégios da aristocracia em relação a outras classes
sociais
 Crítica ao sistema judicial e burocrático que se deixa dominar pelos
poderosos
 Falta de autonomia social das mulheres na época
INTENÇÃO DO AUTOR COM A OBRA-
AS CRÍTICAS SOCIAIS

 Crítica à subordinação do amor a preconceitos de geração ou cálculos


materiais
“O pai de Teresa não embicaria na impureza do sangue do corregedor se o
ajustarem-se os dois filhos em casamento se compadece-se com o ódio de um
e o desprezo do outro. O magistrado mofava do rancor do seu vizinho, e o
vizinho malsinava de venalidade e reputação do magistrado.”
-capítulo III
INTENÇÃO DO AUTOR COM A OBRA-
AS CRÍTICAS SOCIAIS

 Falta de autonomia social das mulheres na época


“-Hás de casar! Quero que cases! Quero!... Quando não, amaldiçoada serás
para sempre, Teresa! Morrerás num convento! Esta casa irá para teu primo!
Nenhum infame há de aqui por um pé nas alcatifas de meus avós. Se és uma
alma vil, não pertences, não és minha filha, não podes herdar apelidos
honrosos, que foram pela primeira vez insultados pelo pai desse miserável
que tu amas! Maldita sejas! Entra nesse quarto , e espera que daí te
arranquem para outro, onde não verás um raio de sol.”
-capítulo IV
TIPOS DE NARRADOR E FOCALIZAÇÃO
DA NARRATIVA

heterodiegético

Narrador

homodiegético
TIPOS DE NARRADOR E FOCALIZAÇÃO
DA NARRATIVA

HETERODIEGÉTICO HOMODIEGÉTICO

Predominante na obra Formas verbais na primeira pessoa


Formas verbais na terceira pessoa Pronomes/determinantes na primeira pessoa
Pronomes/determinantes na terceira É o caso de João da Cruz, que se assume
pessoa narrador no episódio com o almocreve
As marcas linguísticas ajudam ao
anonimato do narrador Não confundir com narrador diegético- aquele que
relata as suas vivências como personagem central da
Emite opiniões e faz comentários,
obra. Embora o narrador esteja envolvido na
mas não intervém na narrativa narrativa, não é nele que ela se centra.
FOCALIZAÇÃO DA NARRATIVA

Focalização omnisciente:
Este tipo de focalização está presente quando o narrador mostra
um conhecimento global das personagens e dos acontecimentos.
FOCALIZAÇÃO DA NARRATIVA

“Viram-na, um momento, bracejar, não para resistir à morte, mas para abraçar-se
ao cadáver de Simão, que uma onda lhe atirou dos braços. O comandante olhou
para o sítio donde Mariana se atirava, e viu, enleado no cordame, o avental, e à
flor da água, um rolo de papéis, que os marujos recolheram na lancha.
Eram, como sabem, a correspondência de Teresa e Simão.”
-Conclusão
“O juiz de fora de Cascais, solicitando lugar de mais graduado banco, demorava
em Lisboa, na freguesia da Ajuda, em 1784. Neste ano é que nasceu Simão, o
penúltimo dos seus filhos. Conseguiu ele, sempre balanceando da fortuna,
transferência para Vila real, sua ambição suprema.”
- capítulo I
FOCALIZAÇÃO DA NARRATIVA

Focalização externa:
Apresenta a descrição do aspeto exterior das personagens
(fisionomia, trajes, gestos, …) e na descrição de espaços,
enfatizando o estado de espírito das personagens ou a sua relação
com o espaço no qual se inserem.
FOCALIZAÇÃO DA NARRATIVA

“O académico, chegando ao período das ameaças, já não tinha clara luz


nos olhos para decifrar o restante da carta. Tremia sezões, e as artérias
frontais arfavam-lhe entumecidas. (…)
Neste propósito, saiu, alugou cavalo, e recolheu a vestir-se de jornada. Já
preparado, a cada minuto de espera assomava-se em frenesis.”
- capítulo IV
“O carcereiro recebeu respeitosamente o preso, e alojou-o num dos
quartos melhores de cárcere; mas nu e desprovido ´do mínimo conforto.”
- capítulo XI
FOCALIZAÇÃO DA NARRATIVA

Focalização interna:
Como se o narrador penetrasse no interior das personagens,
revelando ao leitor as suas ideias, pensamentos e emoções.
A focalização interna surge, por exemplo, quando o narrador
descreve os sentimentos e emoções de Simão.
FOCALIZAÇÃO DA NARRATIVA

“E Simão Botelho, fugindo a claridade da luz e o voejar das aves, meditando,


chorava e escrevia assim as suas meditações:
O pão do trabalho de cada dia e o teu seio para repousar uma hora a face, pura de
manchas: não pedi mais ao Céu.
Achei-me homem aos dezasseis anos. Vi a virtude à luz do teu amor. Cuidei que era
santa a paixão que absorvia todas as outras ou as depurava com o seu fogo sagrado.
Nunca os meus pensamentos foram denegridos por um desejo que eu não possa
confessar alto diante de todo o mundo. (…)
Mas tu eras sozinha e infeliz, e eu cuidei que o teu algoz não devia sobreviver-te.
Eis-me aqui homicida e sem remorsos. A insânia do crime aturde a minha
consciência; não a minha, que se não temia das escadas da forca, nos dias em que o
meu despertar era sempre o estrebuchamento da sufocação.”
-capítulo XV
FOCALIZAÇÃO DA NARRATIVA

Focalização interventiva:
Este tipo de focalização encontra-se nos comentários que o
narrador vem a fazer ao longo da obra.
FOCALIZAÇÃO DA NARRATIVA

“Dezoito anos!... E degredado da pátria, do amor e da família (…)


É triste!”
-Introdução

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