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Barroco no

Brasil
1601 A 1768
 Prosopopéia, Bento Teixeira

 A Ilha da Maré, Manuel Botelho de Oliveira


GREGÓRIO DE MATOS

 Primeiro grande poeta brasileiro


 Exilado
 Produção tardia
 Boca do Inferno
 A.B.L. = Obras Completas
A POESIA DE GREGÓRIO DE MATOS

 Lírico-amorosa
 Lírico-filosófica (ou reflexiva)
 Satírica (Boca do Inferno)
 Erótica
 Religiosa
POESIA LÍRICO-AMOROSA
Anjo no nome, Angélica na cara,
Isso é ser flor, e Anjo juntamente,
Ser Angélica flor, e Anjo florente,
Em quem, senão em vós se uniformara?

Quem veria uma flor, que a não cortara


De verde pé, de rama florescente?
E quem um Anjo vira tão luzente,
Que por seu Deus, o não idolatrara?

Se como Anjo sois dos meus altares,


Fôreis o meu custódio, e minha guarda
Livrara eu de diabólicos azares.

Mas vejo, que tão bela, e tão galharda,


Posto que os Anjos nunca dão pesares,
Sois Anjo, que me tenta, e não me guarda.
POESIA LÍRICO-FILOSÓFICA
Um prazer, e um pesar quase irmanados,
Um pesar, e um prazer, mas divididos
Entraram nesse peito tão unidos,
Que Amor os acredita vinculados.

No prazer acha Amor os esperados


Frutos de seus extremos conseguidos,
No pesar acha a dor amortecidos
Os vínculos do sangue separados.

Mas ai fado cruel! que são azares


Toda a sorte, que dás dos teus haveres,
Pois val o mesmo dares, que não dares.

Emenda-te, fortuna, e quando deres,


Não seja esse prazer em dois pesares,
Nem prazer enterrado nos Prazeres.
POESIA SATÍRICA

Neste mundo é mais rico, o que mais rapa:


Quem mais limpo se faz, tem mais carepa:
Com sua língua ao nobre o vil decepa:
O Velhaco maior sempre tem capa.

Mostra o patife da nobreza o mapa:


Quem tem mão de agarrar, ligeiro trepa
Quem menos falar pode, mais increpa:
Quem dinheiro tiver, pode ser Papa.

A flor baixa se inculca por Tulipa;


Bengala hoje na mão, ontem garlopa:
Mais isento se mostra, o que mais chupa.

Para a tropa do trapo vazo a tripa,


E mais não digo, porque a Musa topa
Em apa, epa, ipa, opa, upa.
Se Pica-Flor me chamais,
Pica-Flor aceito ser,
Mas resta agora saber,
Se no nome que me dais,
Meteia a flor que guardais
No passarinho melhor!
Se me dais este favor,
Sendo só de mim o Pica,
E o mais vosso, claro fica,
Que fico então Pica-Flor.
AO GOVERNADOR ANTONIO LUIZ

Sal, cal e alho


caiam no teu maldito caralho. Amém.
O fogo de Sodoma e de Gomorra
em cinza te reduzam essa porra. Amém.
Tudo em fogo arda.
Tu e teus filhos e o Capitão da Guarda.
POESIA ERÓTICA

Descarto-me da tronga, que me chupa,


Corro por um conchego todo o mapa,
O ar da feia me arrebata a capa,
O gadanho da limpa até a garupa.

Busco uma freira, que me desentupa


A via, que o desuso às vezes tapa,
Topo-a, topando-a todo o bolo rapa,
Que as cartas lhe dão sempre com chalupa.

Que hei de fazer, se sou de boa cepa,


E na hora de ver repleta a tripa,
Darei por quem mo vase toda Europa?

Amigo, quem se alimpa da carepa,


Ou sofre uma muchacha, que o dissipa,
Ou faz da sua mão sua cachopa.
POESIA RELIGIOSA

A vós correndo vou, braços sagrados,


Nessa cruz sacrossanta descobertos
Que, para receber-me, estais abertos,
E, por não castigar-me, estais cravados.

A vós, divinos olhos, eclipsados


De tanto sangue e lágrimas abertos,
Pois, para perdoar-me, estais despertos,
E, por não condenar-me, estais fechados.

A vós, pregados pés, por não deixar-me,


A vós, sangue vertido, para ungir-me,
A vós, cabeça baixa, pra chamar-me

A vós, lado patente, quero unir-me,


A vós, cravos preciosos, quero atar-me,
Para ficar unido, atado e firme.
PADRE ANTÔNIO VIEIRA

 O grande prosador do Barroco


 Importante literariamente, historicamente, politicamente
 O maior intelectual do século XVII, em Portugal
 O “Imperador da Língua Portuguesa”
 Confessor de D. João IV
 Português X Jesuíta
 Estilo Conceptista
 Método parenético
Alguns de seus (inúmeros) sermões

 Sermão do Rosário

 Sermão de Santo Antônio aos Peixes

 Sermão da Sexagésima

 Sermão do Bom Ladrão


“O ladrão que furta para comer, não vai nem leva ao inferno:
os que não só vão, mas levam, de que eu trato, são outros
ladrões de maior calibre e de mais alta esfera; os quais
debaixo do mesmo nome e do mesmo predicamento distingue
muito bem São Basílio Magno. Não só são ladrões, diz o
santo, os que cortam bolsas, ou espreitam os que se vão
banhar para lhes colher a roupa; os ladrões que mais própria
e dignamente merecem este título são aqueles a quem os reis
encomendam os exércitos e legiões ou o governo das
províncias, ou a administração das cidades, os quais já com
manha, já com forças roubam cidades e reinos: os outros
furtam debaixo do seu risco, estes sem temor nem perigo: os
outros se furtam, são enforcados, estes furtam e enforcam. “
Fazer pouco fruto a palavra de Deus no Mundo, pode proceder de um
de três princípios: ou da parte do pregador, ou da parte do ouvinte, ou da
parte de Deus.
Para uma alma se converter por meio de um sermão, há de haver três
concursos: há de concorrer o pregador com a doutrina, persuadindo; há de
concorrer o ouvinte com o entendimento, percebendo; há de concorrer Deus
com a graça, alumiando.
Para um homem se ver a si mesmo, são necessárias três coisas: olhos,
espelho e luz.
Se tem espelho e é cego, não se pode ver por falta de olhos;
se tem espelho e olhos, e é de noite, não se pode ver por falta de luz. Logo, há
mister luz, há mister espelho e há mister olhos.
Que coisa é a conversão de uma alma, senão entrar um homem dentro
em si e ver-se a si mesmo? Para esta vista são necessários olhos, é necessária
luz e é necessário espelho. O pregador concorre com o espelho, que é a
doutrina; Deus concorre com a luz, que é a graça; o homem concorre com os
olhos, que é o conhecimento. (...)

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