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LINGUAGENS, CÓDIGOS

E SUAS TECNOLOGIAS
FRENTE: PORTUGUÊS II
EAD – MEDICINA
PROFESSOR(A): SOUSA NUNES

AULA 01

ASSUNTO: CONCEITO DE LEITURA E NOÇÕES DE GÊNEROS LITERÁRIOS

muito bem da importância da imaginação criadora quando escreveu:


“A imaginação é mais importante do que o conhecimento.” Este é o
Resumo Teórico fator que a diferencia dos textos não literários, aqueles trabalham a
função referencial da linguagem, ou seja, a linguagem objetiva (como
jornais, revistas, anúncios).
A vida só é possível reinventada A literatura também tem a função de causar prazer, retratando
o Belo. Tal conceito foi muito difundido na Grécia Antiga, sendo feito
Esse verso de Cecília Meireles é um dos mais felizes que a por meio do ritmo das palavras, sons e imagens conduzidas pelos
poetisa mineira já criou para referir-se, talvez, ao poder transformador escritores, com a função de conduzir o leitor a mundos imaginários,
da Arte e da Literatura. É por meio da palavra que nós reinventamos causando prazer aos sentidos e à sensibilidade do homem.
a vida; reinventamo-la para viver com sensibilidade, para evitar Basicamente, a literatura se divide em três gêneros literários,
que a preciosa existência se banalize. O cotidiano, com sua rotina são eles: o épico, o lírico e o dramático.
que tudo tende a empedernir, petrificar, precisa ser transcendido,
ultrapassado, e a palavra, literariamente trabalhada, que recria ou
reinventa a vida, é o meio mais prático e eficaz de nos devolver
Noções de gêneros literários
a sensibilidade. O mundo, visto sem o olhar renovador da arte, Gênero: modo de veiculação da mensagem literária.
soa-nos insuportável, monótono. A arte, especialmente aquela que se Há divergências de conteúdo e forma entre textos. Uma novela de
expressa por meio da palavra, devolve-nos a estesia (estética, sensação) televisão, por exemplo, caracteriza-se bem diferentemente de um
da vida, que a rotina havia convertido em anestesia (ausência de conto, e um romance diverge de uma peça teatral.
sensação, insensibilidade). É preciso dizer que, ao transportar o leitor Formalmente, a obra literária pode expressar-se em poesia
para outra esfera da vida, a verdadeira literatura não o aliena, mas o ou prosa. A poesia tem linguagem codificada e concisa; o poema
deixa mais sensível, mais humano, mais vivo. apresenta-se graficamente em versos, que podem organizar-se em
De origem latina, “literatura” filia-se ao étimo littera, que estrofes. Já a prosa é referencial; sua organização espacial não é
significa “Ietra”. Daí ser a arte da palavra. Para Massaud Moisés, simétrica – as linhas são cheias.
“literatura” seria a “expressão dos conteúdos da ficção, ou da O conteúdo pode ser classificado em três gêneros: épico,
imaginação, por meio de palavras, polivalentes, ou metáforas.” lírico ou dramático.
É através dessa arte que os escritores buscam demonstrar a sua
mundividência (cosmovisão) ou visão particular do seu conhecimento Épico
de mundo, da realidade e de seu tempo.
Sua função é narrar histórias reais ou fictícias, ambientadas em
A linguagem literária por natureza é polissêmica, pois sua
locais e tempos definidos, com um enredo que envolve as personagens
função é despertar as mais variadas nuanças semânticas (sentidos) que
e as situações em que elas se encontram. O narrador conta a história,
a palavra humana possa conotar. Como se disse, ela tira o leitor do
podendo ser onisciente (terceira pessoa, observador, com percepção
cotidiano banal e o transporta a um mundo particular, diferente, cheio
neutra da história, conhece bem suas personagens, observa e relata o
de possibilidades. Para isso, o escritor adota os mais variados recursos
que está ocorrendo ou ocorreu) ou personagem (em primeira pessoa;
e técnicas para despertar a sensibilidade do leitor. Nesse sentido,
narra e participa da história, contudo, narra os fatos à medida
Ezra Pound define a literatura: “Literatura é linguagem carregada
que acontecem, incapaz de prever o que sucederá com as outras
de significado até o máximo grau”. Assim, o que faz a diferença no
personagens). O gênero épico assim se subdivide: conto, novela,
texto literário é o arranjo (disposição) das palavras e a multiplicidade
crônica, romance, fábula, epopeia etc.
de sentidos que elas possibilitam. Daí a importância da conotação
(linguagem figurada) e da criatividade com que o autor as trabalha.
Conto
Dentre as várias funções da literatura, está a preocupação
com a sociedade e seus problemas. Trata-se da função utilitária, Narrativa curta, focada em um único episódio. Apresenta um
conforme a visão aristotélica da arte. O papel do escritor pode ser de momento de tensão (clímax) próximo ao desfecho. Trabalha com um
engajamento e denúncia das crises de seu tempo, pois a literatura é número de personagens, tempo e espaço reduzido.
um objeto vivo, resultado das relações dinâmicas entre escritor, público
e sociedade. Por outro lado, a literatura é livre para criar e recriar, pois Exemplos: “A missa do galo” (Machado de Assis), “Amor” (Clarice
não precisa estar necessariamente presa à realidade. Einstein sabia Lispector), “O menino do boné cinzento” (Murilo Rubião).

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Esquema de um conto Anedota


Breve relato de um episódio curioso ou espirituoso.
Univocidade dramática (um só conflito)
A anedota, fora da tradição oral, encontra-se inserida em textos
Número reduzido de personagens literários: “O asno de ouro”, do escritor latino Apuleio, é uma
constelação de pequenas aventuras picantes. Leia a síntese da anedota
Lapso temporal muito limitado “O amante no vaso”:
Enquanto o marido vai trabalhar, sua esposa o trai com o
Espaço único
amante no quarto. O marido retorna horas antes do previsto e a
mulher, após esconder o amante dentro de um grande vaso, pede-
Diálogo
lhe explicação pela chegada inesperada. O marido justifica-se dizendo
Narração
que voltara antes para vender o vaso. A mulher inventa, então, que já
presentes e mesclados
vendera o vaso por um preço maior para outro comprador que estava
Descrição naquele momento dentro do vaso para examiná-lo. O marido acredita
e passa a substituir o falso comprador na limpeza da parte interior do
vaso, enquanto a esposa e o amante continuam fazendo sexo. Depois
Novela carrega o vaso até a residência do amante de sua mulher.

Narrativa em prosa, mais breve que o romance, porém mais Apólogo


extensa que o conto.
Breve história de objetos inanimados, com uma moral implícita
Exemplos: A hora e a vez de Augusto Matraga (Guimarães Rosa) e ou explícita. Notório é “Um apólogo”, de Machado de Assis, que
Os crimes da Rua Morgue (Edgar Allan Poe). narra a discussão entre uma agulha e uma linha sobre quem é mais
importante. Leia o último parágrafo, onde está implícita a moral:
Crônica
Contei esta história a um professor de melancolia, que me
Narrativa ligada ao cotidiano, com linguagem coloquial, breve, disse, abanando a cabeça: — Também eu tenho servido de agulha a
com um toque de humor e crítica. muita linha ordinária!

Exemplos: “A traição das elegantes” (Rubem Braga), “Comédias da Fábula


vida privada” (Luís Fernando Veríssimo).
Narrativa breve, dialogada, cujas personagens são animais.
Esse gênero teve notáveis cultores na literatura ocidental, como Esopo,
Romance
Fedro e La Fontaine.
Narrativa longa, com número de personagens maior, mais
densidade psicológica e maior número de núcleos conflitivos. Lírico
Exemplos: A hora da estrela (Clarice Lispector). Grande Sertão: Gênero poético centrado na expressão do “eu” (voz que
veredas (Guimarães Rosa), São Bernardo (Graciliano fala no poema, que nem sempre corresponde à do autor). Usam-se
Ramos). pronomes e verbos em 1ª pessoa, com o predomínio das emoções e
da musicalidade (recursos usados pelo poeta como rimas, metáforas,
No romance há um grande conflito central e vários outros repetições, entre outras figuras de linguagem). O gênero lírico é
secundários. Comporta grande número de personagens. subdividido em: soneto, elegia, ode, madrigal etc.

Esquema de um romance Soneto


Poema escrito em quatorze versos, com dois quartetos e dois
Pluralidade e simultaneidade dramática
tercetos.
Número ilimitado de personagens
Liberdade total de tempo/espaço Exemplo: “Soneto da fidelidade” (Vinicius de Moraes).
Diálogo
presentes e, às
Narração
vezes, mesclados
Elegia
Descrição
Dissertação pode estar presente Poema de tom triste e fúnebre, especialmente composto com
música para funeral ou lamento de morte.
Exemplo: “Elegia na sombra” (Fernando Pessoa).

Epopeia Ode
Poema elogioso e lírico que, entre os antigos gregos, era
Narrativa em versos, em forma de poema de longa extensão
destinado ao canto. É composto de estrofes de versos simétricos e
que destaca as aventuras de um povo através de feitos heroicos e
sempre apresenta um tom alegre e entusiástico.
memoráveis. Exemplos: Os Lusíadas, de Luís de Camões; Ilíada e
Odisseia, de Homero. Exemplo: “Ode ao gato” (Pablo Neruda).

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Madrigal
Composição poética que trata de assuntos heroicos e pastoris.
Exemplo: “Madrigal Melancólico” (Manuel Bandeira).

Dramático
Gênero teatral que comporta três características básicas: ausência de narrador, utilização do discurso direto (estrutura dialogada) e
uso de rubricas (inscrições que indicam ao diretor e aos atores a postura no palco, o tom de voz e tudo mais, geralmente vêm entre parênteses).
Subdivide-se em três categorias: tragédia, comédia, drama e farsa.

Tragédia
Focaliza episódios de natureza destrutiva. Baseados nos mitos e histórias já conhecidas do público, os textos trágicos querem causar
no espectador terror e piedade. Geralmente, há um personagem lutando contra forças mais poderosas que ele e, na maioria das vezes, acaba
derrotado.
Exemplo: Édipo Rei (Sófocles).

Comédia
Explora enfaticamente o comportamento ridículo do ser humano ao criticar os costumes dele perante a sociedade.
Exemplos: O doente imaginário (Molière), A tempestade (William Shakespeare), Lisístrata (Aristófanes).

Drama
Peça que mistura tragédia e comédia, porém sem forças exteriores grandiosas do teatro grego antigo. Os fatos trabalhados são corriqueiros.
Exemplos: Leonor de Mendonça (Gonçalves Dias), Macário (Álvares de Azevedo).

Farsa
Peça teatral que critica a sociedade e apresenta um caráter puramente caricatural, porém sem a preocupação com o questionamento de valores.
Exemplo: A farsa de Inês Pereira (Gil Vicente).

Quadro geral dos gêneros

Lírico Épico Dramático

Função da
linguagem Emotiva Referencial Apelativa
predominante

Expressão de aspectos pessoais, Representação de ações num palco,


Narração de feitos heroicos, históricos,
subjetivos, sentimentais, sempre numa tela, ao ar livre, sempre para um
com grande ênfase nos atos de bravura.
envolvendo emoção. público presente. Há grande ênfase
Conteúdo
no diálogo, que é uma forma de
Narração de fatos ocorridos numa
No lirismo poético há predominância comunicação muito viva.
determinada sequência temporal.
de um “eu” que expressa as emoções.

Poemas chamados sonetos, odes,


Longos poemas chamados epopeias.
baladas, elegias, canções.
Peças de teatro, filmes, novelas de TV,
Forma
Prosa: romances, contos, novelas, circo-teatro, shows etc.
Eventualmente, pode ocorrer em prosa
fábulas.
– como na crônica.

Aspecto
O presente do artista. O passado presentificado. Ações presentes.
temporal

Efeito e tom Emoção; simpatia; exaltação. Admiração; surpresa; orgulho. Riso; piedade; revolta; aversão; comoção.

Adaptado de: Fonte: CAMPEDELLI, Samira Yousseff. Literaturas: brasileira e portuguesa, teoria e texto. Volume único. São Paulo: Saraiva, 2003. p.66.

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MOVIMENTOS
GÊNEROS PREVALENTES
Exercícios LITERÁRIOS
A) 2ª geração romântica romance e poema
B) 3ª geração romântica soneto e sermão
• Texto para as questões 01 e 02.
C) Arcadismo folhetim e poema
Texto I D) Barroco soneto, tragédia
A LITERATURA E) 1ª Geração romântica poema-épico e novela de
cavalaria
Ainda que nasça e morra só, o indivíduo tem a sua
existência marcada pela coletividade de que faz parte e que
funciona segundo “leis” e “regras” preestabelecidas. Um dos 04. Leia as duas estrofes do Canto V de Os Lusíadas, narrando a
primeiros desafios a serem enfrentados pelo ser humano é passagem da esquadra de Vasco da Gama pela costa africana.
compreender que leis e regras são essas, decidir quais delas deve
seguir e quais precisam ser questionadas de modo a permitir que “Assim fomos abrindo aqueles mares,
Que geração alguma não abriu,
sua jornada individual tenha identidade própria.
As novas Ilhas vendo e os novos ares
Nos textos literários, de certo modo, entramos em contato
Que o generoso Henrique descobriu;
com a nossa história, o que nos dá a chance de compreender De Mauritânia os montes e lugares,
melhor nosso tempo, nossa trajetória. O interessante, porém, Terra que Anteu num tempo possuiu,
é que essa “história” coletiva é recriada por meio das histórias Deixando à mão esquerda, que à direita
individuais, das inúmeras personagens presentes nos textos que Não há certeza doutra, mas suspeita.
lemos, ou pelos poemas que nos tocam de alguma maneira.
Como leitores, interagimos com o que lemos. Somos tocados Passamos a grande Ilha da Madeira,
pelas experiências de leituras que, muitas vezes, evocam nossas Que do muito arvoredo assim se chama;
vivências pessoais e nos ajudam a refletir sobre nossa identidade Das que nós povoamos a primeira,
e também a construí-la. Mais célebre por nome que por fama.
Mas, nem por ser do mundo a derradeira,
Maria Luiza M. Abaurre; Marcela Pontara. Literatura Brasileira – tempos, Se lhe aventajam quantas Vénus ama;
leitores e leituras. Ensino Médio. São Paulo: Antes, sendo esta sua, se esquecera
Moderna, 2005, pp., 10-11. Adaptado.
De Cipro, Gnido, Pafos e Citera.

01. No texto, a literatura é apresentada como tendo também a função Luís de Camões
de
A) informar a coletividade sobre o funcionamento das “leis” e Considerando o gênero a que pertence o texto de Camões, é
“regras” que regem seus grupos de atuação. correto afirmar que se trata de um(uma)
B) orientar o ser humano quanto à escolha das leis e regras que A) elegia
devem ser seguidas nas comunidades em que vivem. B) égloga
C) soneto
C) promover o contato com a nossa história e o nosso tempo; isso
D) epopeia
nos deixa conscientes e participativos. E) madrigal
D) controlar o leitor em seus questionamentos sobre a validade da
organização social, de modo a garantir sua própria identidade. • Leia os fragmentos a seguir para responder à questão.
E) impedir que, em histórias individuais, se criem modelos de
personagens que firam a história coletiva de cada grupo. I.
“Canta, ó Musa, a ira de Aquiles, filho de Peleu,
02. A concepção de leitura que domina todo o segundo parágrafo que incontáveis males trouxe às hostes dos aqueus.
do texto I está vinculada aos princípios da leitura: Muitas almas de heróis desceram à casa de Hades
I. interacionista: “Como leitores, interagimos com o que e seus corpos foram presa dos cães e das aves de rapina,
lemos”; enquanto se fazia a vontade de Zeus,
II. mnemônica: “Somos tocados pelas experiências de leituras a partir do dia em que se desavieram o filho de Atreu,
rei dos homens, e Aquiles, semelhante aos deuses.”
que (...) evocam nossas vivências pessoais”;
III. informativa: “entramos em contato com a nossa história”; A Ilíada, de Homero.
IV. flexível: “essa ‘história’ coletiva é recriada por meio das
histórias individuais”. II.
DESDÊMONA - Quem está aí? Otelo?
Está(ão) correta(s) as seguintes alternativas OTELO - Sim, Desdêmona.
A) I, apenas. DESDÊMONA - Não vindes para o leito, meu senhor?
B) II, apenas. OTELO - Desdêmona, rezastes esta noite?
C) I e II, apenas. DESDÊMONA - Oh, decerto, senhor!
D) III e IV, apenas. OTELO - Se vos lembrardes de alguma falta não perdoada ainda
E) I, II, III e IV. pelo céu e sua graça, cuidai logo de tê-la redimida.
DESDÊMONA - O meu senhor! Que pretendeis dizer com isso?
03. (Ufal/2009 – Adaptada) A expressão gênero esteve, na tradição OTELO - Bem; fazei o que vos disse e sede breve. Passarei nesse
ocidental, especialmente ligada aos gêneros literários. Assinale a em meio; não desejo trucidar-vos o espírito manchado. Não pelo
alternativa em que a relação entre os movimentos literários e os céu! Não vos matarei a alma.
gêneros que neles prevaleceram está correta. Otelo, William Shakespeare.

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III. • (Insper/2011) Utilize o excerto abaixo para responder à questão


Era uma vez uma agulha, que disse a um novelo de linha. seguinte.
–– Por que está você com esse ar, toda cheia de si, toda enrolada,

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para fingir que vale alguma cousa neste mundo?
–– Deixe-me, senhora.
–– Que a deixe? Que a deixe, por quê? Porque lhe digo que está
com um ar insuportável? Repito que sim, e falarei sempre que me
der na cabeça.
–– Que cabeça senhora? A senhora não é alfinete, é agulha.
Agulha não tem cabeça. Que lhe importa o meu ar? Cada qual
tem o ar que Deus lhe deu. Importe-se com a sua vida e deixe a
dos outros.
–– Mas você é orgulhosa.
–– Decerto que sou.
(...)
Um apólogo, Machado de Assis.
Álvares de Azevedo (1831-1852)

05. Os fragmentos acima representam, respectivamente, os seguintes


VAGABUNDO
gêneros
A) lírico – dramático – narrativo. Eu durmo e vivo ao sol como um cigano,
B) épico – dramático – narrativo. Fumando meu cigarro vaporoso;
C) dramático – épico – lírico. Nas noites de verão namoro estrelas;
D) épico – narrativo – dramático. Sou pobre, sou mendigo e sou ditoso!
E) narrativo – lírico – épico. Ando roto, sem bolsos nem dinheiro;
Mas tenho na viola uma riqueza:
06. O gênero dramático, entre outros aspectos, apresenta como Canto à lua de noite serenatas,
característica essencial E quem vive de amor não tem pobrezas.
A) a presença de um narrador.
B) a estrutura dialógica. Álvares de Azevedo.
C) o extravasamento lírico.
D) a musicalidade. 09. (Insper/2011) A visão de mundo expressa pelo eu lírico nos versos
E) o versilibrismo. de Álvares de Azevedo revela o(a)
A) desequilíbrio do poeta adolescente e indeciso, que não é capaz
07. Assinale o item que traz o conceito correto do gênero literário de amar uma mulher nem a si próprio.
especificado. B) valorização da vida boêmia que proporciona outro tipo de
A) Drama – peça que dissocia tragédia e comédia, mas com a felicidade, desvinculada de valores materiais.
presença de forças exteriores grandiosas do teatro grego antigo. C) postura acrítica que o poeta tem diante da realidade, seja em
B) Farsa – peça teatral que exalta a sociedade e apresenta um relação ao amor, seja em relação à vida social.
caráter puramente sentimental. D) lamento do poeta que leva a vida peregrina e pobre, sem bens
C) Comédia – enfatiza o comportamento nobre do ser humano materiais e nenhuma forma de felicidade.
ao elogiar costumes dele perante a sociedade. E) constatação de que a música é o único expediente capaz de
D) Elegia – poema em tom alegre e agradável. levá-lo à obtenção de recursos materiais.
E) Epopeia – narrativa feita em versos, num poema de longa
extensão que ressalta as aventuras de um povo através de 10. (UFMT) Sobre literatura, gênero e estilos literários, pode-se dizer
feitos heroicos e memoráveis. que
A) tanto no verso quanto na prosa pode haver poesia.
08. (UFU-MG – Adaptada) Assinale a alternativa que relaciona B) todo momento histórico apresenta um conjunto de normas
corretamente a espécie literária com a respectiva característica. que caracteriza suas manifestações culturais, constituindo o
A) Modalidade de texto literário que oferece uma amostra da estilo da época.
vida através de um episódio, um flagrante ou instantâneo, um C) o texto literário é aquele em que predominam a repetição da
momento singular e representativo; possui economia de meios realidade, a linguagem linear, a unidade de sentido.
narrativos e densidade na construção das personagens: crônica. D) no gênero lírico, os elementos do mundo exterior predominam
B) À intensidade expressiva desse tipo de texto literário, à sua sobre os do mundo interior do eu poético.
concentração e ao seu caráter imediato, associa-se, como E) o gênero teatral pode prescindir do diálogo, o qual, via de
traço estético importante, o uso do ritmo e da musicalidade: regra, pode ser suprido pelo narrador.
poema lírico.
C) Essa modalidade de texto literário prende-se a uma vasta 11. (UEFS/2010) No caderno: A vida é servidão, descubro olhando
área de vivência, faz-se geralmente de uma história longa e meus sapatos. Tenho pertences: o relógio, a bota, o argumento
apresenta uma estrutura complexa: texto teatral. terrível. Deus não tem nada. Já fui lépida e límpida, tinha o dente
D) Nos textos do gênero, o narrador parece estar ausente da obra, ridente, ia arranjar um marido. Eu não me engano mais. Mesmo o
ainda que, muitas vezes, se revele nas rubricas ou nos diálogos; canto de liberdade está preso a seu ritmo. O Senhor é meu Pastor
neles impõe-se rigoroso encadeamento causal: romance. e tudo me falta, tenho onde cair morto, certamente terei quem
E) Espécie narrativa entre literatura e jornalismo, subjetiva, breve com um olho me chore e outro me ria. Bom é ser como a pedra
e leve, na qual muitas vezes autor, narrador e protagonista se que é vazia de si. M.G. Fraga.
identificam: conto. PRADO, Adélia. Cacos para um vitral. 4. ed. São Paulo: Siciliano. 1991. p. 64-65.

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Indique (V) ou (F), conforme sejam as afirmativas verdadeiras ou uma ordem composta de exposição, conflito, complicação, clímax
falsas. e desfecho; 3) pela situação ou ambiente, que é o conjunto de
O texto apresenta circunstâncias físicas, sociais, espirituais em que se situa a ação; 4)
( ) uma voz enunciadora consciente de plenitude de sua vida. pelo tema, ou seja, a ideia que o autor (dramaturgo) deseja expor,
( ) uma dimensão simbólica dos objetos para configurar um ou sua interpretação real por meio da representação.
estado de espírito.
COUTINHO, A. Notas de teoria literária. Rio de Janeiro:
( ) a subversão de ideias expressas por lugares-comuns, o que Civilização Brasileira, 1973. Adaptado.
lhes confere valor poético.
( ) um ser apegado ao religioso, daí a humildade com que aceita
Considerando o texto e analisando os elementos que constituem
as restrições que a vida lhe impõe.
um espetáculo teatral, conclui-se que
( ) a figura feminina em busca da recuperação do tempo vivido.
A) a criação do espetáculo teatral apresenta-se como um
fenômeno de ordem individual, pois não é possível sua
A alternativa que contém a sequência correta, de cima para baixo,
concepção de forma coletiva.
éa
B) o cenário onde se desenrola a ação cênica é concebido e
A) F, V, V, F, F B) V, F, F, F, V
construído pelo cenógrafo de modo autônomo e independente
C) V, V, F, F, V D) F, V, F, V, F
do tema da peça e do trabalho interpretativo dos atores.
E) V, F, V, V, F
C) o texto cênico pode originar-se dos mais variados gêneros
textuais, como contos, lendas, romances, poesias, crônicas,
12. (UEFS/2010) Cheguei aqui nuns outubros de um ano que não sei, notícias, imagens e fragmentos textuais, entre outros.
não estava velha nem estou, talvez jamais ficarei porque faz-se D) o corpo do ator na cena tem pouca importância na comunicação
há muito tempo nos adentros importante saber e sentimento. teatral, visto que o mais importante é a expressão verbal, base
Amei de maneira escura porque pertenço à Terra, Matamoros da comunicação cênica em toda a trajetória do teatro até os
me sei desde menina, nome de luta que com prazer carrego e dias atuais.
cuja origem longínqua desconheço, Matamoros talvez porque E) a iluminação e o som de um espetáculo cênico independem
mato-me a mim mesma desde pequenina, não sei, toquei os meninos do processo de produção/recepção do espetáculo teatral, já
da aldeia, me tocavam, deitava-me nos ramos e era afagada por que se trata de linguagens artísticas diferentes, agregadas
meninos tantos, o suor que era o deles se entranhava no meu, posteriormente à cena teatral.
acariciávamo-nos junto às vacas, eu espremia os ubres, deleitávamo-
nos em suor e leite e quando a mãe chamava o prazer se fazia
15. (UFRGS) O soneto é uma das formas poéticas mais tradicionais
violento e isso me encantava, desde sempre tudo toquei, só assim é
e difundidas nas literaturas ocidentais e expressa, quase sempre,
que conheço o que vejo [...].
conteúdo
HILST, Hilda. Tu não te moves de ti. São Paulo: Globo, 2004. p. 61. A) dramático.
B) satírico.
A enunciadora C) lírico.
A) define com precisão o seu estar-no-mundo. D) épico.
B) mostra-se resignada em face dos desencontros amorosos.
E) cronístico.
C) prioriza a percepção sensorial como forma de apreensão da
realidade.
D) considera-se impotente para ultrapassar os efeitos da ação do
tempo.
E) vê com temor a transgressão dos valores convencionados pela Anotações
sociedade.

13. (UEFS/2010) No texto, o fluir do tempo é visto como


A) algo que marca negativamente o gênero humano.
B) processo que comporta aniquilamento e ressurreição.
C) sensação angustiante para o ser humano que não aceita a
finitude.
D) fato compensador para os que anseiam por alcançar a harmonia
espiritual.
E) transcurso gerador, na enunciadora, de expectativas baixas na
busca de realização de seus projetos.

14. (Enem/2009) Gênero dramático é aquele em que o artista


usa como intermediária entre si e o público a representação.
A palavra vem do grego drao (fazer) e quer dizer ação.
A peça teatral é, pois, uma composição literária destinada à
apresentação por atores em um palco, atuando e dialogando entre
si. O texto dramático é complementado pela atuação dos atores no
espetáculo teatral e possui uma estrutura específica, caracterizada:
1) pela presença de personagens que devem estar ligados com
lógica uns aos outros e à ação; 2) pela ação dramática (trama,
enredo), que é o conjunto de atos dramáticos, maneiras de ser e de SUPERVISOR/DIRETOR: MARCELO PENA – AUTOR: SOUSA NUNES
agir das personagens encadeadas à unidade do efeito e segundo DIG.: SAMUEL – 16/08/17 – REV.: AMÉLIA

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PORTUGUÊS II
RESOLUÇÃO
CONCEITO DE LITERATURA
E NOÇÕES DE GÊNEROS
LITERÁRIOS
AULA 01
EXERCÍCIOS

01. Segundo o texto em exame, a literatura é apresentada como tendo a função de “promover o contato com a nossa história e nosso
tempo”, porque, por meio dos textos literários, de certo modo, “entramos em contato com a nossa história, o que nos dá a chance
de compreender melhor nosso tempo, nossa trajetória”. Consequentemente, “Isso nos deixa conscientes e participativos”, pois
“como leitores somos tocados pelas experiências de leituras que, muitas vezes, evocam nossas vivências pessoais e nos ajudam a
refletir sobre nossa identidade e também a construí-la.” Observe que reflexão implica consciência e participação, o que encerra
a ideia de construção.

Resposta: C

02. A noção ou concepção de leitura que orienta o segundo parágrafo está de fato vinculada aos quatro princípios de leitura mencionados.
Senão vejamos:
I. Se a construção dos sentidos durante a recepção do texto ocorre de modo mútuo, interativo, conforme se diz na passagem “Como
leitores, interagimos com o que lemos”, trata-se, portanto, de uma leitura interacionista;
II. Se a técnica para desenvolver a memória e memorizar coisas é definida como mnemônica, a leitura que “evoca (lembra) nossas
vivências (memórias) pessoais” está seguramente vinculada a esse princípio;
III. Se a leitura nos permite entrar em contato com nossa história, consoante se diz no segundo parágrafo, trata-se de fato de uma
leitura informativa, isto é, cognitiva;
IV. Se o leitor pode interagir com o que lê, recriando a história coletiva por meio das histórias individuais, conforme se diz no parágrafo
em questão, tal concepção leitora norteia-se, sem dúvida, pelo princípio da leitura flexível.

Resposta: E

03. A Justificativa: a alternativa A está correta: prevalecem o romance e os poemas na 2ª geração do Romantismo brasileiro. A alternativa
B está incorreta: soneto e sermões não foram os gêneros que prevaleceram na 3ª geração do Romantismo brasileiro. A alternativa C
está incorreta: durante o Arcadismo, não prevaleceram os gêneros folhetim e poema. A alternativa D está incorreta: durante o Barroco
brasileiro, os gêneros prevalentes não foram o soneto e a tragédia. A alternativa E está incorreta: ao longo da 1ª geração romântica,
não prevaleceram o poema épico e a novela de cavalaria.

Resposta: A

04. Trata-se de uma epopeia. A obra Os Lusíadas, de Luís de Camões, a que pertencem às estrofes, é exemplo das grandes epopeias
na literatura. Nela, o autor português exalta a glória do povo navegador português, desenvolvendo a ação em torno da viagem do
“herói” navegador Vasco da Gama às Índias, buscando expandir a fé e conquistar novas terras para Portugal. Enfim, as epopeias eram
narrativas literárias de grande extensão, que tratavam de grandes viagens, guerras, aventuras, atos heroicos, sempre enaltecendo e
valorizando os heróis e seus feitos.

Resposta: D

05. A “Ilíada”, de Homero, pertence ao gênero épico, uma vez que se trata de um grande poema narrativo cuja finalidade é contar a
história de um herói, Aquiles, sua grandeza e façanhas. “Otelo” é uma peça de Shakespeare, que se inscreve no gênero dramático
ou teatral. O texto “Um apólogo” pertence ao gênero narrativo.

Resposta: B

06. Para muitos estudiosos, a essência da arte dramática repousa no princípio do conflito, no choque entre vontades opostas, na colisão
entre os diferentes objetivos das personagens. Conflito que gera constantemente surpresa e tensão. Tensão expressa formalmente
através do diálogo. Aliás, a forma dialógica é a característica mais marcante da arte dramática, tornando-se, portanto, a
característica essencial desse gênero. Enquanto no gênero narrativo predomina o ponto de vista de um narrador e no lírico a focalização
está centrada no eu poemático, no teatro temos várias perspectivas ideológicas: o espectador fica sabendo dos fatos através da fala
das personagens, cada qual expondo ideias e sentimentos do seu ponto de vista, geralmente em conflito com a visão das demais
personagens.

Resposta: B

07. Drama – peça que funde tragédia e comédia, mas sem a presença das forças exteriores grandiosas do teatro grego antigo.
Farsa – peça teatral que critica a sociedade e apresenta caráter puramente caricatural.
Comédia – enfatiza o comportamento ridículo do ser humano ao criticar costumes dele perante a sociedade.
Elegia – poema em tom triste e fúnebre.
Epopeia – conceito correto.

Resposta: E

FB ONL INE .CO M. BR OSG.: 117905/17

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RESOLUÇÃO – PORTUGUÊS II

08. Está correta a alternativa B, que define precisamente o poema lírico. As demais alternativas estão equivocadas. Veja a correspondência
correta: A – conto; C – Romance; D – Texto teatral; E – Crônica.

Resposta: B

09. A visão de mundo expressa pelo eu lírico nos versos de Álvares de Azevedo revela a valorização da vida boêmia (“Eu durmo e vivo ao
sol como um cigano, – fumando meu cigarro vaporoso;”), que proporciona outro tipo de felicidade, desvinculada de valores materiais
(“Sou pobre, sou mendigo e sou ditoso (...) / E quem vive de amor não tem pobreza”).

Resposta: B

10. De fato, a poesia tanto pode existir na prosa, como em Iracema, de José de Alencar, quanto nos versos de Cecília Meireles.

Nem todo momento histórico constitui um estilo de época; o texto literário ultrapassa os limites da realidade, sua linguagem extrapola
a linearidade e ocorre subversão da unidade de sentido muitas vezes; o gênero lírico utiliza predominantemente os elementos do
mundo interior; o gênero dramático ou teatral, entre outros aspectos, apresenta como característica essencial a estrutura dialógica,
ou seja, não pode prescindir do diálogo.

Resposta: A

11. A voz enunciadora diz que “tudo me falta”, o que torna falsa a primeira afirmação (consciente da plenitude de sua vida – F); a
mesma voz enunciadora, para falar do seu estado de espírito, reporta-se a certos objetos para descrevê-lo, para configurá-lo. Assim,
os pertences que ela enumera ( relógio, bota ...) contrastam com seu estado de espírito, que é o sentimento de vazio que lhe domina
a alma, o que significa que objetos externos não preenchem vazios internos, porque estes pertencem a outra dimensão (verdadeira,
portanto, a afirmação em análise); de fato, ocorre subversão de lugares-comuns (contrariar, por exemplo, “o Senhor é o meu Pastor
e tudo me falta/nada me faltará; não tenho onde cair morto/tenho onde cair morto), o que empresta ao texto certo valor poético
pela liberdade de expressão (verdadeira também a afirmação em causa); a voz enunciadora não se revela como um ser religioso nem
aceita com humildade as restrições da vida, mas assume uma postura crítica em face de tudo isso, desconstruindo ou contrariando
chavões, afirmando ser bom mesmo é ser como pedra, empedernido, petrificado (falsa, portanto, a afirmação em questão); a leitura
do texto não nos permite concluir que a figura feminina esteja em busca do tempo perdido. Como se disse antes, ele assume uma
visão questionadora da existência (A vida é servidão), procurando mostrar que somos escravos dos objetos que julgamos possuir,
quando muitas vezes somos possuídos por eles. Num paradoxo ela diz: Mesmo o canto de liberdade está preso a seu ritmo (Está
falsa também a afirmação em análise).

Resposta: A

12. A enunciadora, valendo-se das impressões táteis (do tato: toquei os meninos, me tocavam, era afagada, desde menina tudo toquei...),
apreende a realidade da vida, conforme ela diz: “só assim é que conheço o que vejo”.

Resposta: C

13. Ao refletir sobre sua vida, a voz enunciadora afirma que, quando chegou a Matamoros, não estava velha nem estou (referindo ao presente)
e depois afirma que “mato-me a mim mesma desde pequenina” e tudo se faz ressurreição pelo tato, por meio do qual ela conhece
o mundo, vê o mundo. Assim, o fluir do tempo, conforme nos relata a autora, é visto como processo que comporta aniquilamento
(mato-me a mim mesma desde pequenina) e ressurreição (não estou velha, talvez jamais ficarei porque saber e sentimentos, que muito
ela cultiva, faz-se há muito tempo nos adentros).

Resposta: B

14. Dentre as opções, aquela que se apresenta de acordo com o texto do estudioso Afrânio Coutinho é a letra C. Diferentes gêneros
literários podem ser convertidos na linguagem teatral, bastando adaptá-los ao gênero dramático.

Resposta: C

15. O soneto é uma pequena composição poética que, quase sempre, expressa conteúdo lírico (expressão dos sentimentos) e é composto
de 14 versos, com número variável de sílabas, sendo o mais frequente o decassílabo, e cujo último verso (dito chave de ouro) concentra
em si a ideia principal do poema ou deve encerrá-lo de maneira a encantar ou surpreender o leitor. Pode ter a forma do ‘soneto italiano’
(o mais praticado) ou do ‘soneto inglês’.

Resposta: C

SUPERVISOR/DIRETOR: MARCELO PENA – AUTOR: SOUSA NUNES


DIG.: SAMUEL – 16/08/17 – REV.: AMÉLIA

OSG.: 117905/17
2 FBO NLI NE.C O M. B R
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