Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Géneros Literários
Literatura
Arte de compor ou escrever trabalhos artísticos em prosa ou verso.
O conjunto de trabalhos literários dum país ou duma época.
Manifestação artística que faz da palavra uma arte.
Géneros Literários
1. Género lírico - seu nome vem de lira, instrumento musical que acompanhava
os cantos dos gregos. Por muito tempo, até o final da Idade Média, as poesias eram
feitas para serem cantadas. Nas obras líricas notamos o predomínio dos sentimentos, da
emoção, o que as torna subjectivas. O eu-lírico é o próprio sentimento do poeta naquela
poesia. Pertencem a este género os poemas em geral, destacando-se:
- Ode e hino: os dois nomes vêm da Grécia e significam canto. Ode é mais a poesia
entusiástica, de exaltação. Hino é a poesia destinada a glorificar a pátria ou dar louvores
às divindades.
- Elegia: é a poesia de ‘um canto lírico de tom triste’. Fala de acontecimentos tristes ou
da morte de alguém. O “Cântico do Calvário”, de Fagundes Varela, é, sem dúvida, a
mais famosa elegia da literatura brasileira, inspirada na morte prematura de seu filho.
- Idílio e écloga: são poesias pastoris, bucólicas. A écloga difere do idílio por apresentar
diálogo.
Quanto ao aspecto formal, as poesias podem apresentar forma fixa ou livre. Das poesias
de forma fixa, a que resistiu ao tempo, aparecendo até nossos dias, foi o soneto.
- Soneto: composição poética de 14 versos distribuídos em dois quartetos e dois
tercetos. Apresenta sempre uma métrica - mais usualmente, versos decassílabos e versos
alexandrinos - e uma rima. Soneto significa ‘pequeno som’ e teria sido usado pela
primeira vez por Jacopo de Lentini, da Escola Siciliana (século XIII). Tendo sido mais
tarde difundido por Petrarca (século XIV).
3. Género narrativo - O género narrativo nada mais faz do que relatar um enredo,
sendo ele imaginário ou não, situado em tempo e lugar determinados, envolvendo uma
ou mais personagens, e assim o faz de diversas formas. Caracteriza-se por apresentar em
prosa.
- Novela: breve mas viva narração de um fato humano notável, mais verosímil que
imaginário. É como um pequeno quadro da vida, com um único conflito. Muitas vezes
confundida em suas características com o Romance e com o Conto, é um tipo de
narrativa menos longa que o Romance, possui apenas um núcleo, ou em outras palavras,
a narrativa acompanha a trajetória de apenas uma personagem. Em comparação ao
Romance, se utiliza de menos recursos narrativos e em comparação ao Conto tem maior
extensão e uma quantidade maior de personagens.
- Conto: é uma narrativa curta. O tempo em que se passa é reduzido e contém poucas
personagens que existem em função de um núcleo. É o relato de uma situação que pode
acontecer na vida das personagens, porém não é comum que ocorra com todo mundo.
Pode ter um caráter real ou fantástico da mesma forma que o tempo pode ser
cronológico ou psicológico. Apresenta-se como a novela, mas com uma narração mais
densa e breve.
- Fábula: narrativa inverosímil, com fundo didáctico; tem como objectivo transmitir
uma lição de moral.
- Epopeia ou Épico: é uma narrativa feita em versos, num longo poema que ressalta os
feitos de um herói ou as aventuras de um povo. Quatro belos exemplos são O Senhor
dos Anéis, de J. R. R. Tolkien, Os Lusíadas, de Luís de Camões, Ilíada e Odisséia, de
Homero.
Crônica: por vezes é confundida com o conto. A diferença básica entre os dois é que a
crônica narra fatos do dia a dia, relata o cotidiano das pessoas, situações que
presenciamos e já até prevemos o desenrolar dos fatos. A crônica também se utiliza da
ironia e às vezes até do sarcasmo. Não necessariamente precisa se passar em um
intervalo de tempo, quando o tempo é utilizado, é um tempo curto, de minutos ou horas
normalmente.
Apólogo: é semelhante à fábula e à parábola, mas pode se utilizar das mais diversas e
alegóricas personagens: animadas ou inanimadas, reais ou fantásticas, humanas ou não.
Da mesma forma que as outras duas, ilustra uma lição de sabedoria.
Lenda: é uma história fictícia a respeito de personagens ou lugares reais, sendo assim a
realidade dos fatos e a fantasia estão diretamente ligadas. A lenda é sustentada por meio
da oralidade, torna-se conhecida e só depois é registrada através da escrita. O autor,
portanto é o tempo, o povo e a cultura. Normalmente fala de personagens conhecidas,
santas ou revolucionárias.
Estes acima citados são os mais conhecidos tipos de textos narrativos, mas podemos
ainda destacar uma parcela dos textos jornalísticos que são escritos no gênero narrativo,
muitos outros tipos que fazem parte da história, mas atualmente não são mais
produzidos, como as novelas de cavalaria, epopéias, entre outros. E ainda as muitas
narrativas de caráter popular (feitas pelo povo) como as piadas, a literatura de cordel,
etc.
Devido à enorme variedade de textos narrativos, não é possível abordar todos ao mesmo
tempo, até mesmo porque cotidianamente novas formas de narrar vão sendo criadas
tanto na linguagem escrita quanto na oral, e a partir destas vão surgindo novos tipos de
textos narrativos.
Conto
A palavra conto deriva do termo latino compŭtus, que significa “conta”. O
conceito faz, ainda, referência a uma narrativa breve e fictícia.
Características de um Conto
Qualquer conto:
É uma narrativa breve e curta;
Tem unidade dramática (Uma só acção);
Tem poucas personagens;
Espaço e tempo limitados;
Tipos de Conto
A BELA E A COBRA
Era uma vez um rei que tinha três filhas, uma das quais era muito formosa e ao mesmo
tempo dotada de boas qualidades. Chamava-se Bela. O rei tinha sido muito rico, mas,
por causa de um naufrágio, ficou completamente pobre.
Um dia foi fazer uma viagem. Antes, porém, perguntou às filhas o que queriam que ele
lhes trouxesse.
– Eu – disse a mais velha – quero um vestido e um chapéu de seda.
– Eu – disse a do meio – quero um guarda-sol de cetim.
– E tu, que queres? – perguntou ele à mais nova.
– Uma rosa tão linda como eu – respondeu ela.
– Pois sim – disse ele.
E partiu.
Passado algum tempo, trouxe as prendas de suas filhas. E disse à mais nova:
– Pega lá esta linda rosa. Bem cara me ficou ela!
Bela ficou muito surpreendida e perguntou ao pai porque é que lhe tinha dito aquilo.
Ele, a princípio, não lho queria dizer, mas ela tantas instâncias fez que ele lhe respondeu
que no jardim onde tinha colhido aquela rosa encontrara uma cobra, que lhe perguntou
para quem ela era. Respondeu-lhe que era para a sua filha mais nova e ela disse que lha
havia de levar, senão que era morto.
Consolou-o a menina:
– Meu pai, não tenha pena, que eu vou.
Assim foi. Logo que ela entrou naquele palácio, ficou admirada de ver tudo tão asseado,
mas ia com muito medo. O pai esteve lá um pouco de tempo e depois foi-se embora.
Bela, quando ficou só, dirigiu-se a uma sala e viu a cobra. Ia deitar-se quando
começaram a ajudá-la a despir. Estava ela na cama quando sentiu uma coisa fria. Deu
um grito e disse-lhe uma voz:
– Não tenhas medo.
Em seguida foi ver o que era e apareceu-lhe a cobra. A menina, a princípio, assustou-se,
mas depois começou a afagá-la. Ao outro dia de manhã apareceu-lhe a mesa posta com
o almoço. Ao jantar viu pôr a mesa, mas não lobrigou ninguém. À noite foi-se deitar e
encontrou a mesma cobra. Assim viveu durante muito tempo, até que um dia foi visitar
o pai. Mas quando ia a sair ouviu uma voz que lhe disse:
– Não te demores acima de três dias, senão morrerás.
Lá seguiu o seu caminho, já esquecida do que a voz lhe tinha dito. E chegou a casa do
pai. Iam a passar os três dias quando se lembrou que tinha de voltar. Despediu-se de
toda a família e partiu a galope. Chegou já à noite e foi deitar-se, como tinha de
costume, mas já não sentiu o tal bichinho. Cheia de tristeza, levantou-se pela manhã
muito cedo, foi procurá-lo no jardim e qual não foi a sua admiração ao vê-lo no fundo
dum poço! Ela começou a afagá-lo, chorando, e caiu-lhe uma lágrima no peito. Assim
que a lágrima lhe tocou, a cobra transformou-se num príncipe, que ao mesmo tempo lhe
disse:
– Só tu, minha donzela, me podias salvar! Estou aqui há uns poucos de anos e, senão
chorasses sobre o meu peito, ainda aqui estaria cem anos mais!
O príncipe gostou tanto dela que casaram e viveram durante muitos anos.
Se eu fosse esqueleto
Se eu fosse esqueleto não ia poder tomar água nem suco porque ia vazar tudo e
molhar a casa inteira. Tirando isso, ia acordar e pular da cama feliz como um passarinho. É que
ser uma caveira de verdade deve ser muito divertido. Por exemplo. Faz de conta que um banco
está sendo assaltado. Aqueles bandidões nojentões, mauzões, armados até os dentões,
berrando:
- Na moral! Cadê a grana?
Se eu fosse esqueleto, entrava no banco e gritava: bu! Bastaria um simples bu e aquela
bandidagem ia cair dura no chão, com as calças molhadas de úmido pavor. O gerente e os
clientes do banco iam agradecer e até me abraçar, só um pouco, mas tenho certeza de que
iam.
Se eu fosse caveira, de repente vai ver que eu ia ser considerado um grande herói.
Fora isso, um esqueleto perambulando na rua em plena luz do dia causaria uma baita
confusão. O povo correndo sem saber para onde, sirenes gemendo, gente que nunca rezou
rezando, o Exército batendo em retirada, aquele mundaréu desesperado e eu lá, todo
contente, assobiando na calçada.
Um repórter de TV, segurando o microfone, até podia chegar para me entrevistar:
- Quem é você?
E eu:
- Sou um esqueleto.
E o repórter:
- O senhor fugiu do cemitério?
Aí eu fingia que era surdo:
- Ser mistério?
E o repórter, de novo, mais alto:
- O senhor fugiu do cemitério?
- Assumiu no magistério?
- Cemitério!
- Fala sério? Quem?
Aí o repórter perdia a paciência:
- O senhor é surdo?
E eu:
- Claro que sou! Não está vendo que não tenho nem orelha?
Se eu fosse esqueleto talvez me levassem para a aula de Biologia de alguma escola. Já
imagino eu lá parado e o professor tentando me explicar osso por osso, dente por dente,
dizendo que os esqueletos são uma espécie de estrutura que segura nossas carnes, órgãos,
nervos e músculos.
Fico pensando nas perguntas e nos comentários dos alunos:
- Como ele se chamava?
- É macho ou fêmea?
- Quantos anos ele tem?
- Tem ou tinha?
- Magrinho, não?
- O cara sabia ler ou era analfabeto?
- E a família dele?
- Era rico ou pobre?
- O coitado está rindo de quê?
E ainda:
- Professor, ele era careca?
Enquanto isso, eu lá, no meio da aula, com aquela cara de caveira, sem falar nada para
não assustar os alunos e matar o professor do coração. Uma coisa é certa. Deve ser muito bom
ser esqueleto quando chega o Carnaval. Aí a gente nem precisa se fantasiar. Pode sair de casa
numa boa, cair no samba, virar folião e seguir pela rua dançando, brincando e sacudindo os
ossos. Parece mentira, mas, no Carnaval, porque é tudo brincadeira, a gente sempre acaba
sendo do jeito que a gente é de verdade.
Se eu fosse esqueleto, quando chegasse o Carnaval, ia sair cantando:
Quando eu morrer
Não quero choro nem vela
Quero uma fita amarela
Gravada com o nome dela
Todo mundo sabe que o maior amigo do homem é o cachorro. O que a maioria
infelizmente desconhece e a ciência moderna esqueceu de pesquisar é que o pior inimigo do
esqueleto late, morde, abana o rabo, carrega pulgas e aprecia fazer xixi no poste.
E se eu fosse esqueleto e por acaso um vira-lata me visse na rua, corresse atrás de mim
e fugisse com algum osso dos meus?