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EDUARDO BAHIANA
ALUNO ___________________________________________
DATA____/___/_____ - SÉRIE: 2º3º Ano - TURMA: _________
PROFESSOR: Claudio Sousa Pereira
DISCIPLINA: Português/Literatura Brasileira e Portuguesa
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TEXTUALIDADE LITERÁRIA
▪ A literatura pertence ao domínio da linguagem, EM GERAL.
▪ Qualquer signo, qualquer linguagem é fatalmente transparência e obstáculo. O uso
cotidiano da linguagem procura fazer-se esquecer logo se faz compreender enquanto a
linguagem literária cultiva sua própria opacidade.
▪ O uso cotidiano da linguagem é referencial e pragmático, o uso literário da íngua é
imaginário e estético. No dizer de Lêdo Ivo: o texto literário pertence à linhagem
especial dentro de uma linguagem geral.
O autor de literatura se insere dentro de uma tradição de uma arte, usando recursos criados
no decorrer da história. Afinal, há uma clara distinção do que é um escritor profissional, e um
autor literário que se distingue de um usuário da língua. O autor se inscreve sinceramente
dentro de uma tradição de uma arte. Os recursos são criados, acumulados, transmitidos e
mesclados, criando novos estilos; com o decorrer do tempo você pode se situar onde está
historicamente esse sujeito. Caso o escritor não se inscreva em um lugar dentro desta
evolução da arte da escrita, ele não se enquadra com autor literário, e sim num mero
usuário da escrita.
GÊNERO ÉPICO
GÊNERO DRAMÁTICO
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“…(Julieta aparece na janela.) Mas que silêncio! Que luz se escoa agora da janela? Será Julieta
o sol daquele oriente? Surge, formoso sol, e mata a lua cheia de inveja, que se mostra pálida e
doente de tristeza, por ter visto que, como serva, és mais formosa que ela. Deixa, pois, de
servi-la; ela é invejosa. Somente os tolos usam sua túnica de vestal, verde e doente; joga-a
fora. Eis minha dama. Oh, sim! é o meu amor. Se ela soubesse disso! Ela fala; contudo, não
diz nada. Que importa? Com o olhar está falando.
“Vem, noite! Vem, Romeu! tu, noite e dia, pois vais ficar nas asas desta noite mais
branco do que neve sobre um corvo. Vem, gentil noite! vem, noite amorosa de escuras
sobrancelhas! Restitui-me o meu Romeu, e quando, mais adiante, ele vier a morrer, em
pedacinhos o corta, como estrelas bem pequenas, e ele a face do céu fará tão bela que
apaixonado o mundo vai mostrar-se da morte, sem que o sol esplendoroso continue a
cultuar”.
GÊNERO LÍRICO
Gênero no qual um sujeito lírico (a voz que fala no poema) expressa suas emoções e
ideias. Predomina a função emotiva.
➢ Este gênero se subdivide em alguns:
➢ ODE
➢ ELEGIA
➢ EPITALÂMIO
➢ SÁTIRA
➢ IDÍLIO E ECLOGA
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O autor de um romance célebre na literatura realista: Raul Pompeia
De família com posses, estudou por
alguns anos em colégio interno, o Abílio, que
influenciou diretamente a sua obra mais
conhecida, O Ateneu.
Em 1880 publica a primeira obra: Uma
Tragédia no rio Amazonas. No ano seguinte,
adere à causa abolicionista e republicana, o que
diretamente abordou em suas narrativas. Estudou
Direito, em São Paulo e no Recife.
Em 1888, ano da abolição da escravatura,
publica sua principal obra: O Ateneu, obra com
características estéticas realista, naturalista e
expressionista. No ano seguinte se envolve em
muitas polêmicas com alguns escritores e
intelectuais, devido a sua postura ortodoxamente
republicana. De caráter sensível e melancólico,
suicida-se na noite de natal de 1895, aos 32 anos
Raul D’Ávila Pompeia (1863-1895) nasceu em de idade. .
Angra dos Reis (RJ) e faleceu na cidade do Rio Principais Obras: Uma Tragédia no rio
de Janeiro (RJ). Amazonas (1880); As joias da Coroa (1882),
Canções sem Metro (1885) e O Ateneu (1888).
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Porém, auxiliado por este nos estudos, Sérgio aproxima-se do novo colega. Até que a insinuação
de uma relação mais íntima surpreende o narrador. A partir daí, o convívio entre os dois esfria e, com o
rompimento definitivo, Sanches passa a prejudicar Sérgio.
Com notas ruins e sozinho, o narrador procura refúgio na religião – torna-se devoto de Santa
Rosália. Aos poucos, estreita relacionamento com Franco, que compartilhava características em comum:
notas baixas, nenhum amigo e alvo de chacotas. Em uma das folgas de fim de semana, Sérgio conta ao pai
sobre seu rendimento e suas dificuldades. Volta ao Ateneu renovado e mais confiante, não respondendo
as provocações de Barbalho e Sanches.
Um dia acontece um crime no colégio: Bento Alves, um jovem estudante, domina o assassino, o
jardineiro que havia esfaqueado um criado na casa de Aristarco. O motivo seria Ângela, uma camareira
que estaria se envolvendo com os dois pretendentes. Sérgio admira o jeito de Bento Alves. Este, por sua
vez, transforma-se em seu novo protetor. Os dois estreitam a amizade e o amigo chega a presentear o
narrador com flores. Instigado por Barbalho, Malheiro briga com Bento Alves no jardim do colégio.
Na volta as aulas, após as férias, Sérgio sai á tapa com Rômulo, um estudante querido por
Aristarco. O próprio diretor se envolve na discussão e acaba agredido. Sérgio espera um castigo exemplar
que poderia culminar com a sua expulsão. Para a sua surpresa, porém, passam-se os dias e não houve
nenhuma discriminação. Como ninguém testemunhou a briga, selou-se um pacto de silêncio entre os
dois. Pouco depois, nasce a amizade com Egbert, que a Sérgio parece ser verdadeira. Mas durou pouco.
Por conta das notas boas, os dois são convidados para jantar na casa do Diretor, porém, Sérgio somente
tem olhos para D. Ema, que por sua vez, lhe repassa um caminho materno.
Outra morte abate-se sobre o Ateneu. Franco enfrenta vários dias de febre, agravada de propósito
como vingança por tudo o que ele tem de suportar no colégio. O médico diagnostica como uma febre
qualquer. Todavia, Franco amanhece morto em um domingo inicialmente alegre. Para desviar o luto,
Aristarco organiza uma solenidade bienal de distribuição de prêmios, com o anfiteatro cheio e com a
presença da Princesa Imperial, além de pessoas ilustres.
Sérgio contrai sarampo. Recebe os cuidados na casa de Aristarco, sob observação de D. Ema. O
aconchego de mãe faz o rapaz sentir-se melhor. Ao término do ano letivo, os alunos cotizaram-se e
mandaram erigir um busto em bronze do diretor que, orgulhoso, primeiramente se sente lisonjeado com a
homenagem e, posteriormente, em insensata competição com a estátua. "O Ateneu" termina com o fim da
própria instituição, consumida por um incêndio que acreditam ser criminoso, causado por um aluno
recém-admitido, Américo, que ali estava forçado pelo pai. Aristarco viu seu patrimônio ser dilapidado
pelas chamas, enquanto Sérgio, que por dias e dias estava na casa do diretor sob os cuidados de D. Ema,
que demonstrou ter imenso amor maternal pelo jovem, acompanhava a derrota final do impassível
diretor.
INTEPRETAÇÃO DO TEXTO I
1. Explique, em suas palavras, de que assunto o TEXTO 02 e o TEXTO 03 trata, mostrando
exemplos da temática abordada.
2. No trecho “O romance é um diário de um internato: as aulas, a sala de estudos, a
diversão nos banhos de piscina, as leituras, o recreio, o que acontecia nos dormitórios, no
refeitório e as disputas. O mundo da escola é sempre visto e retratado a partir da
perspectiva particular de Sérgio”, retrata aspectos da nossa vida escolar atual. Em que
ponto a narrativa se assemelha a nossa realidade? Explique a sua opinião.
3. Por que o personagem principal de 'O Ateneu', o menino Sérgio, é considerado um
narrador-protagonista?
4. Em relação à obra O Ateneu com a vida real, existe relação de dependência entre os
alunos? Explique com suas próprias palavras.
5. Quais são os acontecimentos, no TEXTO 03, que mostravam o colégio Ateneu como um
lugar violento?
6. A obra O Ateneu foi escrita por ser exemplo de um acontecimento na história ligado à
vida do autor. Do que se trata? Que instituição social a narrativa criticava? Justifique a sua
resposta.
8. O livro O Ateneu enquadra-se em qual escola literária propriamente dita? Justifique a sua
resposta.
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O introdutor da tendência Naturalista no Brasil: Aluísio Azevedo
Aluísio Tancredo Gonçalves de Azevedo (1857-
1913) foi um romancista, cronista, contista,
diplomata, jornalista, desenhista e pintor
brasileiro.
Estudou na Academia Imperial das Artes no Rio,
para onde foi em 1876. Pouco depois, teve de
retornar para São Luís, lugar que inicia a
atividade literária. Publica O Mulato em 1881,
dando lhe notoriedade nas letras e perseguição
política naquela província. Decide deixar o
Maranhão, retornando para o Rio de Janeiro.
Duas curiosidades: Sobreviveu à custas de ser
escritor, publicando duas séries de narrativas
distintas, a Realista-Naturalista (onde se
esmerava e lhe deu sobrevivência literária) e a
Romântica-Folhetinesca, em livros que atendiam
ao público comum dos jornais, mas sem
densidade estética e qualidade sofrível.
Aluísio deixou de produzir romances em 1895,
quando, por concurso, tomou posse de cargo
diplomático, morando em vários países. Morreu
com 55 anos de idade, na Argentina, onde era,
até esse momento, embaixador. Principais
Obras: O Mulato (1881), O Cortiço (1890), Casa
de Pensão (1894).
Sem entrar nos detalhes da concepção da trama – o que, pensamos, apareceram ao longo da
análise – podemos argumentar que Raimundo, o personagem principal de O Mulato, é completamente
inconsciente de seu caráter étnico. O próprio leitor desconfia se ele é ou não um mulato no sentido
restrito do termo. Decorre daí que suas ações não preveem a lógica do preconceito racial. Viajando a
velha fazenda da família, investigando a identidade e o paradeiro da mãe, tentando entender a confusa
e trágica história de suas origens, Raimundo empreende uma jornada que vai muita além das terras de
seu falecido pai e seus casos extraconjugais. Raimundo penetra nas complicadas tramas de uma
sociedade que tudo faz para esconder a sua realidade. E a realidade uma vez conhecida nem sempre
pode ser facilmente compreendida.
A busca que Raimundo empreende por suas origens é uma busca para saber quem era, é,
enfim, a busca de um mulato, filho de homem branco português com mulher negra brasileira, por sua
ontologia étnica e por seu lugar na sociedade, busca inconsciente de uma grande massa de mulatos
brasileiros da segunda metade do século XIX por sua razão de ser.
Em O Mulato, Raimundo é doutor e tem posses, qualidades de branco. A princípio parece
estar habilitado a acessar de maneira sólida o mundo dos brancos, pois se casando com Ana Rosa
consolidaria o seu lugar na família e estaria definido o seu lugar nas classes. Mas o fato de ser mulato é
obstáculo instransponível para a realização. A questão abolicionista era tema palpitante na corte do
Rio, mas no Maranhão mantinha-se, ainda naquela época, como uma das províncias mais escravistas
do Brasil. A pesar da obra ser considerada do movimento Realista-Naturalista, é impossível não
perceber traços do Romantismo, uma vez que o enredo se desenrola numa atmosfera de mistério que
termina em uma trágica história de amor.
TEXTO 02 - ENREDO DE “O MULATO”:
Saindo criança de São Luís para Lisboa, Raimundo viajava órfão de pai, um ex-comerciante
português, e afastado da mãe, Domingas, uma ex-escrava do pai. Depois de anos na Europa, Raimundo
volta formado para o Brasil. Passa um ano no Rio e decide regressar a São Luís para rever seu tutor e
tio, Manuel Pescada. Bem recebido pela família do tio, Raimundo desperta logo as atenções de sua
prima Ana Rosa que, em dado momento, lhe declara seu amor.
Todos três conheciam as origens étnicas de Raimundo. E o Cônego Diogo era o mais
empenhado em impedir a ligação, uma vez que fora responsável pela morte do pai do jovem. Foi
assim: depois que Raimundo nasceu, seu pai, José Pedro da Silva, casou-se com Quitéria Inocência de
Freitas Santiago, mulher branca. Suspeitando da atenção particular que José Pedro dedicava ao
pequeno Raimundo e à escrava Domingas, Quitéria ordena que açoitem a negra e lhe queimem as
partes genitais.
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Desesperado, José Pedro carrega o filho e leva-o para a casa do irmão, em São Luís. De volta à
fazenda, imaginando Quitéria ainda refugiada na casa da mãe, José Pedro ouve vozes em seu quarto.
Invadindo-o, o fazendeiro surpreende Quitéria e o então Padre Diogo em pleno adultério.
Desonrado, o pai de Raimundo mata Quitéria, tendo Diogo como testemunha. Graças à culpa
do adultério e à culpa do homicídio, forma-se um pacto de cumplicidade entre ambos. Diante de mais
essa desgraça, José Pedro abandona a fazenda, retira-se para a casa do irmão e adoece. Algum tempo
depois, já restabelecido, José Pedro resolve voltar à fazenda, mas, no meio do caminho, é tocaiado e
morto.
Em São Luís, já adulto, sua preocupação básica é a de desvendar suas origens e, por isso,
insiste com o tio em visitar a fazenda onde nascera. Raimundo começa a descobrir os primeiros dados
sobre suas origens e insiste com o tio para que lhe conceda a mão de Ana Rosa. Depois de várias
recusas, Raimundo fica sabendo que o motivo da proibição devia-se à cor de sua pele. De volta a São
Luís, Raimundo muda-se da casa do tio, decide voltar para o Rio, confessa em carta a Ana Rosa seu
amor, mas acaba não viajando.
Apesar das proibições, Ana Rosa e ele concertam um plano de fuga. No entanto, a carta
principal fora interceptada por um cúmplice do Cônego Diogo, o caixeiro Dias, empregado de Manuel
Pescada e forte pretendente, sempre rejeitada à mão de Ana Rosa. Na hora da fuga, os namorados são
surpreendidos. Arma-se o escândalo, do qual o cônego é o grande regente. Raimundo retira-se
desolado e, ao abrir a porta de casa, um tiro acerta-o pelas costas. Com uma arma que lhe emprestara o
Cônego Diogo, o caixeiro Dias assassina o rival.
Ana Rosa aborta.
Entretanto, seis anos depois, vemo-la saindo de uma recepção oficial, de braço com o Sr. Dias
e preocupada com os "três filhinhos que ficaram em casa, a dormir".
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O trecho abaixo conta como a influência portuguesa no Maranhão ainda era forte o suficiente
para distinguir pessoas somente levando em conta a nacionalidade, sumariamente.
TEXTO 03
Maria Bárbara tinha grande admiração pelos portugueses, dedicava-lhes um entusiasmo
sem limites, preferia-os em tudo aos brasileiros. Quando a filha foi pedida por Manuel Pedro,
então principiante no comércio da capital, ela dissera: "Bem! Ao menos tenho a certeza de que é
branco!"
Mas o Pescada não compreendeu a esposa, nem foi amado por ela; a virtude, ou talvez
simplesmente a maternidade, apenas conseguiu fazer de Mariana uma companheira fie!; viveu
exclusivamente para a filha. É que a desgraçada, desde os quinze anos, ainda no irresponsável
arrebatamento do primeiro amor, havia eleito já o homem a quem sua alma teria de pertencer por
toda a vida. Esse homem existe hoje na história do Maranhão, era o agitador José Candido de
Moraes e Silva conhecido popularmente pelo "Farol". Fez todo o possível para casar com ele, mas
foram baldados os seus esforços, nem só em virtude das perseguições políticas que, tão cedo,
atribularam a curta existência daquela fenomenal criatura, como também pela inflexível oposição
que tal ideia encontrou na própria família da rapariga.
Entretanto, o destino dela se havia prendido à sorte do desventurado maranhense. Quem
diria que aquela pobre moça, nascida e criada nos sertões do Norte, sentiria, como qualquer filha
das grandes capitais, a mágica influência que os homens superiores exercem sobre o espírito
feminino? Amou-o, sem saber por que. Sentira-lhe a força dominadora do olhar, os ímpetos
revolucionários do seu caráter americano, o heroísmo patriótico da sua individualidade tão
superior ao meio em que floresceu; decorara-lhe as frases apaixonadas e vibrantes de indignação,
com que ele fulminava os exploradores da sua pátria estremecida e os inimigos da integridade
nacional; e tudo isso, sem que ela soubesse explicar, arrebatou-a para o belo e destemido moço
com todo o ardor do seu primeiro desejo de mulher.
Quando, na Rua dos Remédios, que nesse tempo era ainda um arrabalde, o desditoso
herói, apenas com pouco mais de vinte e cinco anos de idade sucumbiu ao jugo do seu próprio
talento e da sua honra política, oculto, foragido, cheio de miséria, odiado por uns como um
assassino e adorado por outros como um deus, a pobre senhora deixou-se possuir de uma grande
tristeza e foi enfraquecendo e ficando doente. e ficando feia e cada vez mais triste, até morrer
silenciosamente poucos anos depois do seu amado.
(AZEVEDO, Aluísio. O Mulato. São Paulo: Ed. Ática, 1992)
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INTEPRETAÇÃO DO TEXTO II
01. De acordo com o trecho do livro acima, qual destino já se percebia de Ana Rosa que
Maria Bárbara desejava? Justifique sua resposta.
02. A partir do Texto 02, explique porque as pessoas de origens étnicas tão díspares
(tais como os mulatos ou pardos) buscavam entender o sentido de sua existência.
Justifique a sua resposta.
03. O caráter naturalista nessa obra de Aluísio Azevedo oferece de maneira figurada um
retrato do nosso país no século XIX, desta forma, é correto afirmar que:
a) A sociedade escravocrata na segunda metade do século XIX estava em franca
decadência;
b) O regime da Monarquia no Brasil vivia um período de estabilidade política e financeira;
c) No momento de publicação de O Mulato, ainda vivia-se o período romântico no Brasil;
d) Já se vivia, em 1881, o período no qual os escravos já estavam livres;
e) O tema do livro é menor, sem grande importância para uma eventual discussão;
04. Que características do Realismo (ou do Naturalismo) podem ser encontradas no
TEXTO 03?
06. De acordo com o conteúdo em sala, quais são os três eventos históricos que
ajudaram a formação da escola literária do Realismo-Naturalismo?
a) Proclamação da República, Lei Áurea e o fim da Monarquia.
b) O Iluminismo, a Revolução Francesa e a Independência do Brasil;
c) A queda do Império Romano, a formação dos Estados Europeus e a Revolução
Comercial;
d) O Evolucionismo, o Marxismo e o Positivismo;
e) A negação da Metafísica, a oposição ao Cristianismo e a Maçonaria;
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O C O R T I Ç O – 1º B I M – OFICINA 02 - Aluísio Azevedo
grande prestígio na Europa. O livro é
composto de 23 capítulos, que relatam a vida
em uma habitação coletiva de pessoas
pobres (cortiço) na cidade do Rio de Janeiro.
O romance tornou-se peça-chave para o
melhor entendimento do Brasil do século XIX.
Evidentemente, como obra literária, ele não
pode ser entendido como um documento
histórico da época. Mas não há como ignorar
que a ideologia e as relações sociais
representadas de modo fictício em O Cortiço
estavam muito presentes no país.
Mais do que empregar os preceitos do
naturalismo, a obra mostra práticas recorrentes
no Brasil do século XIX. Na situação de
capitalismo incipiente, o explorador vivia muito
próximo ao explorado, daí a estalagem de João
Romão estar junto aos pobres moradores do
cortiço. Ao lado, o burguês Miranda, de projeção
social mais elevada que João Romão, vive em
seu palacete com ares aristocráticos e teme o
TEXTO 01 - Ao ser lançado, em crescimento do cortiço. Por isso pode-se dizer
1890, O Cortiço teve boa recepção da crítica, que O Cortiço não é somente um romance
chegando a obscurecer escritores do nível de naturalista, mas uma alegoria (representação
Machado de Assis. Isso se deve ao fato de imaginativa) do Brasil.
Aluísio de Azevedo estar mais em sintonia
com a doutrina naturalista, que gozava de
João Romão é um português muito ambicioso que, juntando dinheiro à custa de muito
sacrifício, consegue comprar um estabelecimento comercial no subúrbio da cidade do Rio de
Janeiro. Ao lado de seu estabelecimento mora uma escrava fugida, chamada Bertoleza, que possui
uma quitanda e algumas economias guardadas. Os dois passam a morar juntos e a escrava passa a
trabalhar arduamente para o português que, para agradá-la, falsifica sua carta de alforria. Com as
economias de Bertoleza, João Romão compra um pedaço de terra e aumenta sua propriedade.
Com o esforço do seu trabalho e o da escrava, o português compra mais terras e expande seus
empreendimentos, construindo três casinhas de são alugadas de imediato. Como a procura de
casas para alugar era grande e a ganância do português também, ele vai construindo cada vez
mais cubículos e amontoando aos outros já existentes até formar um vasto cortiço.
Ao lado do cortiço havia um sobrado, no qual fora morar Sr. Miranda, português de classe
elevada, dono de um atacado de fazendas (tecidos), cuja mulher levava uma vida adúltera.
Miranda não gosta do Cortiço ao lado do seu sobrado e nem de João Romão, que era o dono de
tudo aquilo e também de uma pedreira que ficava atrás do terreno do cortiço e lhe dava muito
dinheiro. Nesse imenso cortiço moram pessoas dos mais variados tipos: lavadeiras, vadios,
trabalhadores, benzedeiras, brancos, pretos, mulatos; demonstrando a grande variedade de raças
e gêneros encontrados no país.
Rita Baiana, mulata sensual e dançarina provocante, encanta Jerônimo, um português
casado que tinha muita saudade de sua terra natal até então. Rita vira sua cabeça e ele, já com
hábitos brasileiros e não suportando mais o cheiro de sua mulher, briga com Firmo, companheiro
da Baiana e capoeirista bom de briga. Este abre a barriga do rival com uma navalha. Na confusão,
Firmo foge e Jerônimo é levado para o hospital.
Nesse ínterim, surge um novo cortiço na região, cujos moradores são chamados de
“Cabeça-de-gato” pelos moradores do cortiço de João Romão, que acabaram recebendo o apelido
de “Carapicus”, como forma de revide. Os moradores dos dois cortiços acabaram se tornando
inimigos entre si. Firmo vai morar no “Cabeça-de-gato” e passa a exercer grande influência lá
dentro, tornando-se uma espécie de líder. Quando Jerônimo sai do hospital, ele resolve se vingar,
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armando uma emboscada e matando Firmo a pauladas. Em seguida, Jerônimo foge com Rita
Baiana, abandonando sua mulher.
Revoltados com a morte de seu líder, os moradores do Cabeça-de-gato invadem o cortiço
para se vingarem. No meio da confusão, alguns barracos do cortiço começam a pegar fogo e
colocam fim ao confronto entre os dois grupos rivais. João Romão, dispondo de muitos bens e
dinheiro recebido do seguro contra incêndio que havia feito, reconstrói o cortiço, com feições
muito melhores e mais organizado. Agora, a intenção dele é casar-se com Zulmira, a filha de
Miranda, moça de fina educação. Porém, Bertoleza, depois de ter trabalhado duro e ajudado a
construir tudo o que o português tinha, acabou tornando-se um problema para ele.
Com Bertoleza em casa, o português não poderia casar-se com Zulmira, casamento esse
que já tinha o consentimento do Sr. Miranda. A única solução encontrada por João Romão foi
mandar uma carta para os antigos proprietários da escrava, advertindo-os sobre seu paradeiro. A
polícia, em pouco tempo, aparece na casa do português acompanhada de seus antigos senhores
para levar Bertoleza. Ela, compreendendo o seu destino, comete suicídio cortando o ventre com a
faca que estava limpando peixe para a refeição de João Romão.
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13. O que acontece com João Romão e Bertoleza após o contato inicial dos dois?
a) Se tornam amigos.
b) O contrário, se estabelece uma rixa entre eles.
c) João Romão rouba-lhes as economias.
d) Bertoleza passa a viver em Botafogo.
e) Os dois passam a viver juntos, maritalmente.
14. Bertoleza era escrava de um homem velho e cego que vivia em Juiz de Fora. De
acordo com a leitura da obra, o que acontece?
a) João Romão compra a alforria de Bertoleza do cego de Juiz de Fora.
b) Bertoleza cede sua condição de escrava para ser administrada por João Romão.
c) O homem cego dono de Bertoleza morre e João Romão fica com o dinheiro da alforria
dela.
d) A família do homem cego doa a carta de alforria a João Romão.
e) Ela repassa o dinheiro ao novo marido, João Romão.
15. Que características do Realismo (ou do Naturalismo) podem ser encontradas no
TEXTO 02?
16. Estabeleça um comparativo entre o personagem João Romão, protagonista da
história e Miranda, conterrâneo dele.
17. Assinale a alternativa INCORRETA feita a propósito do romance O Cortiço, de
Aluísio Azevedo:
a) É também uma história de corrupção, centrada na animalização humana estimulada pelo
sexo e pelo dinheiro.
b) O verdadeiro protagonista desse romance é uma comunidade popular explorada em
proveito da burguesia ascendente da época.
c) Observam-se sátiras a alguns tipos predominantes na época: o comerciante rico e
grosseiro, a velha beata e raivosa, o velho relaxado e comilão.
d) O enredo não gira em função de pessoas, havendo muitas descrições precisas onde
cenas coletivas e tipos psicologicamente primários fazem o conjunto.
e) Existe uma divisão clara entre a vida dos que venceram, como João Romão, senhor da
pedreira e do cortiço, e a labuta dos humildes que se exaurem na luta pela sobrevivência.
18. Sobre João Romão, no meio da narrativa, vai mudando de postura. Percebe-se que:
a) A inveja do Barão de Freixal e o convívio caótico dos habitantes do cortiço vão enojando-
o, a ponto de refazer o local para “limpar” o cortiço dos desordeiros e do povo
degenerado socialmente.
b) A própria ganância o acondicionou para uma visão mais “paternalista” do cortiço.
c) Ele assume publicamente o casamento com Bertoleza, mesmo com o regime escravista
em oposição.
d) Ele perde condôminos para o Cortiço “Balaio de Gato”, estabelecido logo a frente do seu
empreendimento.
e) Ele perde a postura, pois vai ficando cada vez mais pobre.
19. Estabeleça o que aconteceu com o triangulo amoroso de Firmo/Rita
Baiana/Jerônimo.
20. A partir da leitura do livro e do conteúdo estabelecido, na parte final fica evidenciado:
a) Os parentes do velho cego aparecem para levar Bertoleza, pois a carta de alforria era
falsa. Ela acaba encravando uma faca no peito e se suicida.
b) Após o casamento de João Romão com a filha do Barão do Freixal.
c) O sucesso dos empreendimentos de João Romão, com a avenida construída no antigo
local do cortiço.
d) Bertoleza vai presa por tentar assassinar João Romão e o filho do cego de Juiz de Fora.
e) A cena final é uma metáfora e antítese para a situação de Bertoleza.
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COLÉGIO ESTADUAL DR. EDUARDO BAHIANA
ALUNO ___________________________________________
DATA____/___/_____ - SÉRIE: 2º3º Ano - TURMA: _________
PROFESSOR: Claudio Sousa Pereira
DISCIPLINA: Português/Literatura Brasileira e Portuguesa
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Póstumas de Brás Cubas -- que foi considerado, juntamente com O Mulato, de
Aluísio de Azevedo, o marco do realismo na literatura brasileira.
Extraordinário contista, publica Papéis Avulsos em 1882, Histórias sem data
(1884), Vária Histórias (1896), Páginas Recolhidas (1889), e Relíquias da casa velha
(1906). Torna-se diretor da Diretoria do Comércio no Ministério em que servia, no
ano de 1889. Grande amigo de vários intelectuais que se identificaram com a ideia
de criar uma Academia Brasileira de Letras. Machado desde o princípio a apoiou e
compareceu às reuniões preparatórias e, no dia 28 de janeiro de 1897, quando se
instalou a Academia, foi eleito presidente da instituição, cargo que ocupou até sua
morte, ocorrida no Rio de Janeiro em 29 de setembro de 1908. Por sua importância,
a Academia Brasileira de Letras passou a ser chamada de Casa de Machado de Assis.
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foi andando. E era tudo silêncio na saleta de costura. Caindo o sol, a costureira
dobrou a costura, para o dia seguinte.
Veio à noite do baile, e a Baronesa vestiu-se. A costureira, que a ajudou a
vestir-se, levava a Agulha espetada no corpinho, para dar algum ponto necessário. A
linha para mofar da agulha, perguntou-lhe:
— Ora, agora, me diga, quem é que vai ao baile, no corpo da baronesa,
fazendo parte do vestido e da elegância? Quem é que vai dançar com ministros e
diplomatas, enquanto você volta para a caixinha da costureira, antes de ir para o
balaio das mucamas? Vamos, diga lá!
Parece que a agulha não disse nada; mas um alfinete, de cabeça grande e não
menor experiência, acabou murmurando à pobre agulha:
— Anda, aprende, tola! Cansa-te em abrir caminho para ela e é ela que vai
gozar da vida, enquanto aí ficas na caixinha de costura. Faze como eu, que não abro
caminho para ninguém. Onde me espetam, fico.
Contei esta história a um professor de melancolia, que me disse, abanando a
cabeça:
— Também eu tenho servido de agulha a muita linha ordinária!
In: ASSIS, Machado de. Obra Completa. RJ: Nova Aguilar, 1994.
1. Analise as afirmativas que seguem abaixo sobre o texto extraído do texto acima. O texto
tem o Foco Narrativo em
2. Durante o diálogo a agulha diz: “... Que a deixe? Que a deixe por quê? Porque lhe digo
que está com ar insuportável: Essa fala revela a inveja da agulha em relação à linha?
Justifique a sua resposta.
4. Na discussão entre a linha e a agulha quem acaba se saindo melhor? Por quê?
5. Na vida real, existe relação de dependência entre os profissionais? Explique com suas
próprias palavras.
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COLÉGIO ESTADUAL DR. EDUARDO BAHIANA
ALUNO ___________________________________________
DATA____/___/_____ - SÉRIE: 2º3º Ano - TURMA: _________
PROFESSOR: Claudio Sousa Pereira
DISCIPLINA: Português/Literatura Brasileira e Portuguesa
Aos dezessete anos, Brás Cubas apaixona-se por Marcela, "amiga de rapazes e de
dinheiro", prostituta de luxo, um amor que durou "quinze meses e onze contos de réis", e que
quase acabou com a fortuna da família.
A fim de se esquecer dessa decepção amorosa, o protagonista foi enviado a Coimbra, onde
se formou em Direito, após alguns anos de boêmia desbravada, "fazendo romantismo prático e
liberalismo teórico". Retorna ao Rio de Janeiro por ocasião da morte da mãe. Depois de namorar
inconsequentemente Eugênia, "coxa de nascença", filha de D. Eusébia, amiga pobre da família, o
pai planeja induzi-lo na política através do casamento e encaminha o relacionamento do filho com
Virgília, filha do Conselheiro Dutra, que apadrinharia o futuro genro. Porém Virgília prefere
casar-se com Lobo Neves, também candidato a uma carreira política.
Quando Virgília reaparece, anunciada pelo primo Luís Dutra, reencontra-se com Brás
Cubas e tornam-se amantes, vivendo no adultério a paixão que não tiveram quando noivos.
Virgília engravida, no entanto, a criança morre antes de nascer. Então segue-se o encontro do
protagonista com Quincas Borba, amigo de infância que agora miserável lhe rouba o relógio,
devolvendo-lhe depois. Quincas Borba, filósofo doido, apresenta ao amigo o Humanitismo.
Perseguindo a celebridade ou procurando uma vida menos tediosa, Brás Cubas torna-se
deputado, enquanto Lobo Neves é nomeado presidente de uma província e parte com Virgília
para o Norte, porquanto que termina a relação dos amantes. Sabina arranja uma noiva para Brás
Cubas, a Nhã-Loló, sobrinha de Cotrim, de 19 anos, mas ela morre de febre amarela e Brás Cubas
torna-se definitivamente um solteirão. Tenta ser ministro de estado mas fracassa; funda um
jornal de oposição e fracassa. A última tentativa de glória, portanto, é o "emplasto Brás Cubas",
remédio que curaria todas as doenças; ironicamente, numa de suas saídas à rua para cuidar de
seu projeto, molha-se na chuva e apanha uma pneumonia, da qual vem a falecer, aos 64 anos.
Virgília, acompanhada do filho, vai visitá-lo na cama e, após longo delírio, morre assistido por
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alguns familiares. Depois de morto, começa a contar, de trás para frente, a história de sua vida e
escreve assim as últimas linhas do capítulo derradeiro:
“Este último capítulo é todo de negativas. Não alcancei a celebridade
do emplasto, não fui ministro, não fui califa, não conheci o casamento.
Verdade é que, ao lado dessas faltas, coube-me a boa fortuna de não comprar
o pão com o suor do meu rosto. Mais; não padeci a morte de D. Plácida, nem
a semidemência do Quincas Borba. Somadas umas coisas e outras, qualquer
pessoa imaginará que não houve míngua nem sobra, e conseguintemente que
saí quite com a vida. E imaginará mal; porque ao chegar a este outro lado do
mistério, achei-me com um pequeno saldo, que é a derradeira negativa deste
capítulo de negativas: — Não tive filhos, não transmiti a nenhuma criatura o
legado da nossa miséria.”
INTEPRETAÇÃO DO TEXTO IV
1. Explique porque se pode dizer que esse trecho é metalinguístico.
2. Explicite um trecho em que se encontre a famosa “ironia machadiana”.
3. Em que pessoa é narrado o texto?
4. Quem é o narrador?
5. Ao dizer “Onze amigos!”, o narrador mostra que é pequeno o número de pessoas com
que se pode realmente contar. Isso revela uma certa atitude do narrador diante da
amizade e das relações interpessoais. Que atitude é essa?
6. Qual a diferença que se pode estabelecer entre “autor defunto” e “defunto autor”?
7. Como se caracteriza o personagem principal?
8. Que rompimento evidente fica exposto em relação ao Romantismo, período literário
anterior?
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COLÉGIO ESTADUAL DR. EDUARDO BAHIANA
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DATA____/___/_____ - SÉRIE: 2º3º Ano - TURMA: _________
PROFESSOR: Claudio Sousa Pereira
DISCIPLINA: Português/Literatura Brasileira e Portuguesa
DOM CASMURRO
Uma das histórias mais completas da Literatura
Brasileira foi escrita por Machado de Assis. Chama-
se Dom Casmurro, publicado em 1899, em livro.
Bento era filho de D. Glória, uma mulher
bondosa. Vivia em sua casa em Matacavalos. Dona
Glória, que havia perdido o primeiro filho, fez uma
promessa a Deus, que se lhe concedesse um filho
vivo esse iria para o seminário quando fosse o tempo
e se tornaria padre. Nasceu Bento. Quando ele tinha
seus quinze anos foi lembrada a sua mãe a
promessa que fizera e que já era tempo de cumpri-la.
Bento, sabendo da sua partida próxima para
o seminário, foi ter com sua amiga, Capitu. Os dois
eram amigos de infância e dessa amizade nasceu
um amor. Ele lhe contou sobre a promessa e os dois
desde já começaram a lutar buscando formas de
evitar a separação que viria. Decidiram então pedir
que José Dias lutasse por eles. Mais tarde então
juraram um ao outro que se casariam.
O novo ano chegou e Bento foi para o seminário. Lá fez um amigo, Escobar, foi o único com
quem cogitou contar a jura feita à Capitu, mas essa não lhe permitiu. Sempre aos sábados ele retornava
a sua casa onde revia seus familiares e Capitu. D. Glória e Capitu se aproximavam e isso alegrava Bento
que via a aprovação de sua mãe. Escobar logo passou a frequentar a casa dele e toda a família aprovou.
Era agora amigo de Capitu também. Sendo assim, estando os dois no seminário trocaram segredos,
Bento lhe contou sobre o seu juramento e Escobar lhe contou que também não seria padre, amava o
comércio.
Em uma das visitas, Bentinho teve por Capitu uma crise de ciúme acreditando que ela lhe traia
apenas por olhar com um rapaz que passava na rua. Capitu lhe disse que por mais uma lhe rompia o
juramento.
A essa altura D. Glória queria que Bento voltasse. Muitos planos para o abandono da promessa
vieram, por fim ela tomou um órfão e esse foi encaminhado ao seminário, Bentinho aos vinte e dois
anos era bacharel em Direito. Como tinha a aprovação da mãe casou-se com Capitu e foram pra Tijuca.
Escobar havia casado com outra mulher, uma grande amiga de Capitu, sendo assim se alternavam
entre jantares na Tijuca e no Flamengo. Algum tempo depois, Escobar morre, e durante seu velório,
Bentinho notou em Capitu um sentimento diferente embora ela não tenha chorado, a viúva de Escobar
partiu para o Paraná.
Ezequiel ia crescendo e nele se via Escobar rapaz. Bento via no filho o jeito de andar, rir,
conversar, comer do amigo morto. Bento se mantinha longe e recluso; Ezequiel acabou indo para um
colégio interno. Bento já atordoado resolve suicidar, tentou, mas abandonou o plano. Por fim foram
para Europa de onde apenas ele regressou, vivia então só, e às vezes viajava até a Europa apenas como
disfarce ao povo que lhe perguntava sobre a mulher e o filho, quando ia lá não os procurava. Capitu
havia morrido e estava enterrada na Suíça. Ver Ezequiel era ver Escobar, no jeito de rir, comer, falar,
andar, em tudo.
Mesmo assim Bento fez o papel de pai, financiou lhe uma viagem à Grécia, Egito e Palestina,
pois Ezequiel amava a arqueologia. Por fim, Ezequiel, suposto filho de Bento, morreu de febre tifoide,
sendo enterrado em Jerusalém. Dom Casmurro apenas conclui que sua maior amiga e seu melhor
amigo foram unidos pelo destino e que na visão dele, foi enganado.
(ASSIS, Machado de. Dom Casmurro. SP: Editora Ática, 1999).
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INTEPRETAÇÃO DO TEXTO V
1. No texto acima, chamado de resumo, traz o enredo do romance Dom Casmurro, uma
das obras clássicas da Literatura Brasileira. Em que ano esse livro foi publicado?
3. Qual era o desejo da mãe de Bentinho? Ele conseguiu seguir à risca o desejo da
mãe? Por quê?
4. Retire do texto uma pista que mostre que o personagem Bentinho (O Dom
Casmurro) não está feliz. Transcreva e explique o porquê da escolha.
5. De acordo com as aulas e o conhecimento da obra Dom Casmurro, esta foi escrita
em que pessoa do discurso?
6. Por que, em sua opinião, se deu o inusitado – e triste – desfecho dessa história?
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b) Bentinho teve por Capitu uma crise de ciúme acreditando que ela lhe traia apenas por olhar
com um rapaz que passava na rua.
c) Mais tarde então juraram um ao outro que se casariam.
d) Bento já atordoado resolve suicidar, tentou, mas abandonou o plano.
11. No entendimento do texto, é possível estabelecer que:
I. Houve a traição de Capitu com Escobar.
II. O discurso da narrativa é direto, comprovado pela ausência de
travessões.
III. Escobar é o Antagonista da História.
IV. Não é possível saber se Ezequiel é filho ou não de Bentinho.
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criaturas que prometiam ficar por muito tempo unidas. De quando em quando enxugava os
olhos. O cocheiro aventurou duas ou três perguntas sobre a minha situação moral; não me
arrancando nada, continuou o seu ofício.
Chegando a casa, deitei aquelas emoções ao papel; tal seria o discurso.
Enfim, chegou a hora da encomendação e da partida. Sancha quis despedir-se do
marido, e o desespero daquele lance consternou a todos. Muitos homens choravam também,
as mulheres todas.
Só Capitu, amparando a viúva, parecia vencer-se a si mesma. Consolava a outra,
queria arrancá-la dali. A confusão era geral. No meio dela, Capitu olhou alguns instantes
para o cadáver tão fixa, tão apaixonadamente fixa, que não admira lhe saltassem algumas
lágrimas poucas e caladas...
As minhas cessaram logo. Fiquei a ver as dela; Capitu enxugou-as depressa, olhando
a furto para a gente que estava na sala. Redobrou de carícias para a amiga, e quis levá-la; mas
o cadáver parece que a retinha também. Momento houve em que os olhos de Capitu fitaram
o defunto, quais os da viúva, sem o pranto nem palavras desta, mas grandes e abertos, como
a vaga do mar lá fora, como se quisesse tragar também o nadador Escobar da manhã...
(ASSIS, Machado de. Dom Casmurro. SP: Editora Ática, 1999).
INTEPRETAÇÃO DO TEXTO - VI
1. No texto acima, traz no enredo do romance Dom Casmurro, mostra o falecimento de
Escobar, assim como seu enterro e a tomada definitiva de desconfiança por parte de
Bentinho a atitude de Capitu. Em que ano, na memória de Bentinho, se deu o fato?
3. Descreva como foi o comportamento de Capitu no treco citado. Desta forma, você
considera a atitude de Capitu suspeita? Justifique a sua resposta
4. Retire do texto uma pista que mostre que o personagem Bentinho (O Dom Casmurro)
ficou transtornado com a atitude de Capitu no enterro. Transcreva e explique essa
passagem.
6. Conceitue, com suas próprias palavras, o que é Descrição. Justifique a sua resposta.
O copeiro trouxe o café. Ergui-me, guardei o livro, e fui para a mesa onde ficara a
xícara. Já a casa estava em rumores; era tempo de acabar comigo. A mão tremeu-me ao abrir
o papel em que trazia a droga embrulhada. Ainda assim tive animo de despejar a substancia
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na xícara, e comecei a mexer o café, os olhos vagos... Mas a fotografia de Escobar deu-me o
animo que me ia faltando; lá estava ele, com a mão nas costas da cadeira, a olhar ao longe...
"Acabemos com isto", pensei. Quando ia a beber, cogitei se não seria melhor esperar que
Capitu e o filho saíssem para a missa; beberia depois; era melhor. Assim disposto, entrei a
passear no gabinete. Ouvi a voz de Ezequiel no corredor, vi-o entrar e correr a mim
bradando:
— Papai! papai!
Leitor, houve aqui um gesto que eu não descrevo por havê-lo inteiramente esquecido,
mas crê que foi belo e trágico. Efetivamente, a figura do pequeno fez-me recuar até dar de
costas na estante. Ezequiel abraçou-me os joelhos, esticou-se na ponta dos pés, como que
rendo subir e dar-me o beijo do costume; e repetia, puxando-me:
— Papai! papai!
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CAPÍTULO CXXXVII – SEGUNDO IMPULSO
Se eu não olhasse para Ezequiel, é provável que não estivesse aqui escrevendo este
livro, porque o meu primeiro ímpeto foi correr ao café e bebê-lo. Cheguei a pegar na xícara,
mas o pequeno beijava-me a mão, como de costume, e a vista dele, como o gesto, deu-me
outro impulso que me custa dizer aqui;- mas vá lá, diga-se tudo. Chamem-me embora
assassino; não serei eu que os desdiga ou contradiga; o meu segundo impulso foi criminoso.
Inclinei-me e perguntei a Ezequiel se já tomara café.
—Já, papai; vou à missa com mamãe.
—Toma outra xícara, meia xícara só.
—E papai?
— Eu mando vir mais; anda, bebe!
Ezequiel abriu a boca. Cheguei-lhe a xícara, tão trêmulo que quase a entornei, mas
disposto a fazê-la cair pela goela abaixo, caso o sabor lhe repugnasse, ou a temperatura,
porque o café estava frio... Mas não sei que senti que me fez recuar. Pus a xícara em cima da
mesa, e dei por mim a beijar doidamente a cabeça do menino.
—Papai! papai! exclamava Ezequiel.
—Não, não, eu não sou teu pai!
___________________________________________________________________________
CAPÍTULO CXXXVIII / CAPITU QUE ENTRA
Quando levantei a cabeça, dei com a figura de Capitu diante de mim. E Capitu não
saía sem falar-me. Era já um falar seco e breve; a maior parte das vezes, eu nem olhava para
ela. Ela olhava sempre, esperando. Desta vez, ao dar com ela, não sei se era dos meus olhos,
mas Capitu pareceu-me lívida. Seguiu-se nas grandes crises. Capitu recompôs-se; disse ao
filho que se fosse embora, e pediu-me que lhe explicasse...
—Não há que explicar, disse eu.
—Há tudo, não entendo as tuas lágrimas nem as de Ezequiel. Que houve entre vocês?
—Não ouviu o que lhe disse?
Capitu respondeu que ouvira choro e rumor de palavras. Eu creio que ouvira tudo
claramente mas confessá-lo seria perder a esperança do silêncio e da reconciliação por isso
negou a audiência e confirmou unicamente a vista. Sem lhe contar o episódio do café, repeti-
lhe as palavras:
—O quê? perguntou ela como se ouvira mal.
—Que não é meu filho.
Grande foi à decepção de Capitu, e não menor a indignação que lhe sucedeu, tão
naturais ambas que fariam duvidar as primeiras testemunhas de vista do nosso foro. Assim
que, sem atender à linguagem de Capitu, aos seus gestos, à dor que a retorcia, a cousa
nenhuma, repeti as palavras ditas duas vezes com tal resolução que a fizeram afrouxar. Após
alguns instantes, disse-me ela:
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—Só se pode explicar tal injúria pela convicção sincera; entretanto você que era tão
cioso dos menores gestos, nunca revelou a menor sombra de desconfiança. Que é que lhe
deu tal ideia?
Diga, — continuou vendo que eu não respondia nada — diga tudo; depois do que
ouvi, posso ouvir o resto, não pode ser muito. Que é que lhe deu agora tal convicção? Ande,
Bentinho, fale! fale! Despeça-me daqui, mas diga tudo primeiro.
—Há cousas que não se dizem.
—Que se não dizem só metade; mas já que disse metade, diga tudo.
Tinha-se sentado numa cadeira ao pé da mesa. Podia estar um tanto confusa, o porte
não era de acusada. Pedi-lhe ainda uma vez que não teimasse.
—Não, Bentinho, ou conte o resto, para que eu me defenda, se você acha que tenho
defesa, ou escolhe desde já a nossa separação: não posso mais!
—A separação é coisa decidida, respondi pegando-lhe na proposta. Era melhor que a
fizéssemos por meias palavras ou em silêncio; cada um iria com a sua ferida. Uma vez,
porém, que a senhora insiste, aqui vai o que lhe posso dizer, e é tudo. Não disse tudo; mas
pude aludir aos amores de Escobar sem preferir-lhe o nome. Capitu não pôde deixar de rir,
de um riso que eu sinto não poder transcrever aqui; depois, em um tom juntamente irônico e
melancólico:
— Pois até os defuntos! Nem os mortos escapam aos seus ciúmes!
In: ASSIS, Machado de. Obra Completa. RJ: Nova Aguilar, 1994. Adaptado.
3. De acordo com o capítulo CXXXVIII (CAPITU QUE ENTRA), marque verdadeiro (V) ou
Falso (F), os termos apresentados abaixo:
(1) ( ) Capitu fica indignada com as atitudes de Dom Casmurro com o suposto filho;
(2) ( ) Ocorre um longo bate-boca entre o casal;
(3) ( ) Capitu pede a separação, sendo que Dom Casmurro não aceita o pedido;
(4) ( ) Bentinho está convencido de que a Capitu traiu a ele.
5. Discorra, com as suas próprias palavras qual é o enredo principal do romance Dom
Casmurro, de Machado de Assis.
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