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I - O romance Úrsula foi publicado no Maranhão, em 1859, sob o pseudônimo de “Uma Minha terra tem palmeiras,
Maranhense”, e quase não se tem notícia de sua circulação à época da publicação. Recuperado Onde canta o sabiá;
na segunda metade do século XX, só então o livro passa a ser reeditado e minimamente debatido As aves, que aqui gorjeiam,
no meio literário. Não gorjeiam como lá.
II - Nas primeiras páginas do romance, uma voz que pode ser lida como a da autora apresenta, a
modo de prólogo, seu livro ao leitor, consciente das limitações que seriam impostas a ele por ter Nosso céu tem mais estrelas,
sido escrito por uma mulher brasileira de educação acanhada. Nossas várzeas têm mais flores,
III- A circulação limitada de Úrsula dá mostras de que, associados ao valor estético, fatores como Nossos bosques têm mais vida,
classe social, gênero e raça do escritor também participam da definição do cânone literário. Nossa vida mais amores.
(I) Todos os versos são heptassílabos, ou seja, formados por sete sílabas poéticas.
(II) Na segunda estrofe, temos uma figura de linguagem denominada anáfora.
(III) O eu lírico apresenta um sentimento que deve ser classificado como ufanismo.
b ao caráter linear do relato ficcional, que se fixou nos detalhes do percurso realizado durante a
Texto 2
viagem a Santarém.
Tudo veio à tona na última quinta-feira (5/10), quando o jornal norte-americano The New York
c ao caráter digressivo do relato ficcional, que mesclou vários gêneros textuais. Times publicou um artigo acusando Weinstein de praticar abusos contra atrizes que atuaram em
d às posições políticas assumidas pelo narrador, que propõe uma visão conservadora da filmes de sua produtora. Em menos de 24 horas, a história estourou mundialmente, levando
história de Portugal. artistas de alto nível a denunciarem o produtor por assédio em uma linha temporal, desde 1990.
(http://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia/ diversao-e-arte/2017/10/11/interna_diversao_arte,6 33117/a-
Questão 4 (UNIMONTES)
historia-de-assedio-de-weinstein--hollywoo d.shtml)
Sobre Parangolivro, de Aroldo Pereira, NÃO é verdadeira a alternativa Pode-se dizer que o texto 1, literário, do Romantismo brasileiro, e o texto 2, referencial, notícia de
a Os poemas dialogam com artistas que participaram da vivência do poeta e com outros da jornal, possuem um tema comum. Assinale a opção que aborda o referido assunto.
tradição literária universal. a O assédio sexual sobre a mulher em diferentes meios sociais.
b O humor é um dos tons que se encontram nos versos de Aroldo, traduzindo uma atitude b O interesse econômico interferindo nas relações amorosas.
cética e irônica frente a alguns percalços da vida. c A ascensão e o destaque na sociedade através da sexualidade.
c O eu lírico vê o mundo pela fresta da melancolia e do desespero, fazendo concessões à d O interesse por trás da ação masculina sob pretexto de mero relacionamento.
estética romântica.
e A abordagem masculina com conotações de caráter sexual promíscuo.
d O mundo íntimo do eu lírico funde-se ao mundo exterior, com seus apelos e suas
circunstâncias, resultando numa poética comprometida com o ser e o estar no mundo.
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TEXTO BASE 1 [03] que era e naturalmente não acudia. Arminda ia alegando que o senhor
[04] era muito mau, e provavelmente a castigaria com açoutes, - cousa
Poema de Finados [05] que, no estado em que ela estava, seria pior de sentir. Com certeza,
[01] Amanhã que é dia dos mortos [06] ele lhe mandaria dar açoutes.
[02] Vai ao cemitério. Vai [07] — Você é que tem culpa. Quem lhe manda fazer filhos e fugir depois?
[03] E procura entre as sepulturas [08] perguntou Cândido Neves.
[04] A sepultura de meu pai. [09] Não estava em maré de riso, por causa do filho que lá ficara na
[10] farmácia, à espera dele. Também é certo que não costumava dizer
[05] Leva três rosas bem bonitas. [11] grandes cousas. Foi arrastando a escrava pela Rua dos Ourives, em
[06] Ajoelha e reza uma oração. [12] direção à da Alfândega, onde residia o senhor. Na esquina desta a luta
[07] Não pelo pai, mas pelo filho: [13] cresceu; a escrava pôs os pês à parede, recuou com grande esforço,
[08] O filho tem mais precisão. [14] inutilmente. O que alcançou foi, apesar de ser a casa próxima, gastar
[15] mais tempo em lá chegar do que devera. Chegou, enfim, arrastada,
[09] O que resta de mim na vida [16] desesperada, arquejando. Ainda ali ajoelhou-se, mas em vão. O
[10] É a amargura do que sofri. [17] senhor estava em casa, acudiu ao chamado e ao rumor.
[11] Pois nada quero, nada espero. [18] — Aqui está a fujona, disse Cândido Neves.
[12] E em verdade estou morto ali. [19] — É ela mesma.
Manuel Bandeira [20] — Meu senhor!
[21] — Anda, entra...
Versos a um coveiro [22] Arminda caiu no corredor. Ali mesmo o senhor da escrava abriu
[01] Numerar sepulturas e carneiros, [23] a carteira e tirou os cem mil-réis de gratificação. Cândido Neves
[02] Reduzir carnes podres a algarismos, [24] guardou as duas notas de cinquenta mil-réis, enquanto o senhor
[03] Tal é, sem complicados silogismos, [25] novamente dizia à escrava que entrasse. No chão, onde jazia, levada
[04] A aritmética hedionda dos coveiros! [26] do medo e da dor, e após algum tempo de luta a escrava abortou.
[27] O fruto de algum tempo entrou sem vida neste mundo, entre os
[05] Um, dois, três, quatro, cinco... Esoterismos [28] gemidos da mãe e os gestos de desespero do dono.
[06] Da Morte! E eu vejo, em fúlgidos letreiros, Machado de Assis
[07] Na progressão dos números inteiros
[08] A gênese de todos os abismos! Questão 6 (Mackenzie)
[09] Oh! Pitágoras da última aritmética, PARA RESPONDER A QUESTÃO, LEIA O TEXTO BASE 1
[10] Continua a contar na paz ascética
A partir dos três autores selecionados, considere as seguintes afirmações:
[11] Dos tábidos carneiros sepulcrais
I. Manuel Bandeira foi poeta determinante na idealização e na organização da Semana de Arte
Moderna de 1922.
[12] Tíbias, cérebros, crânios, rádios e úmeros,
II. Augusto dos Anjos, em função de sua perfeição métrica e rítmica, é considerado um dos
[13] Porque, infinita como os próprios números
expoentes da tríade parnasiana.
[14] A tua conta não acaba mais!
III. Machado de Assis abandonou a prosa romântica para desenvolver as digressões textuais,
Augusto dos Anjos
característica fundadora da prosa realista.
Assinale a alternativa correta.
Vocabulário:
a Estão corretas as afirmações I e II.
Carneiros - criptas, subterrâneos sepulcrais
Fúlgidos - brilhantes b Estão corretas as afirmações II e III.
Ascética - próprio do asceta, de quem se entrega a práticas espirituais, levando vida c Estão corretas as afirmações I e III.
contemplativa d Todas as afirmações estão corretas.
Tábitos - pobres, corruptos e Nenhuma das afirmações está correta.
Tíbias - ossos que constituem a perna
Rádios - ossos que constituem o antebraço
Úmeros - ossos que vão do cotovelo ao ombro
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Quando Seixas achava-se ainda sob o império desta nova contrariedade, apareceu na sala a
Aurélia Camargo, que chegara naquele instante. Sua entrada foi como sempre um
deslumbramento; todos os olhos voltaram-se para ela; pela numerosa e brilhante sociedade ali
reunida passou o frêmito das fortes sensações. Parecia que o baile se ajoelhava para recebê-la
com o fervor da adoração. Seixas afastou-se. Essa mulher humilhava-o. Desde a noite de sua
chegada que sofrera a desagradável impressão. Refugiava-se na indiferença, esforçava-se por
combater com o desdém a funesta influência, mas não o conseguia. A presença de Aurélia, sua
Epitáfio é uma inscrição tumular em que é feito um breve elogio a um morto, um enaltecimento. esplêndida beleza, era uma obsessão que o oprimia. Quando, como agora, a tirava da vista
Em que epitáfio o estilo da escrita denuncia o eu lírico como pertencente à estética romântica? fugindo-lhe, não podia arrancá-la da lembrança, nem escapar à admiração que ela causava e que
a “Aqui jaz um grande poeta. o perseguia nos elogios proferidos a cada passo em torno de si. No Cassino, Seixas tivera um
Nada deixou escrito. reduto onde abrigar-se dessa cruel fascinação.
Este silêncio, acredito,
São suas obras completas.” Acesso em: 17.09.2015. Adaptado.
b “O que não escrevi, calou-me.
O que não fiz, partiu-me. É correto afirmar que essa obra pertence ao
O que não senti, doeu-me. a Romantismo, pois ela critica os valores burgueses, exalta a natureza e a vida simples do
O que não vivi, morreu-me. campo, denunciando a corrupção e a hipocrisia na sociedade fluminense do século XX.
O que odiei, adeu-se.” b Romantismo, pois ela enaltece a fragilidade da mulher e exprime de forma contida os
c “Descansem o meu leito solitário sentimentos das personagens, situando-as no contexto da sociedade paulista do século XX.
Na floresta dos homens esquecida, c Romantismo, pois ela exalta a figura feminina, expõe, de maneira exacerbada, os sentimentos
À sombra de uma cruz, e escrevam nela: das personagens, tendo como pano de fundo os costumes da sociedade fluminense do século
Foi poeta - sonhou - e amou na vida.” XIX.
d “Devia ter me importado menos d Modernismo, pois ela idealiza a mulher e a juventude e trata da infelicidade dos amores não
Com problemas pequenos, correspondidos, inserindo as personagens na sociedade fluminense do século XX.
Ter morrido de amor”
e Modernismo, pois ela se opõe ao exagero na expressão dos sentimentos e ao papel de
submissão destinado às mulheres, retratando o cotidiano da sociedade paulista do século XX.
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''O cidadão Silvino Helmiro Jacques, também conhecido como Silvino Hermiro Jacques, Sylvino BARRETO, Lima. Triste fim de Policarpo Quaresma. São Paulo: Penguim, 2011. p. 86.
Jacques, nasceu em 17 de fevereiro de 1906, no Rincão de Santana, distrito de Camaquã,
município de São Borja, na região das Missões do Estado do Rio Grande do Sul. Era um dos Em função de seu extremo patriotismo, o major Quaresma decidiu aprender o tupi-guarani, para
filhos de Leão Pedro Jacques e de Máxima Santa Ana Jacques e afilhado de Getúlio Dornelles ele a língua dos únicos brasileiros puros, os índios. O apelido de Ubirajara, dado pelos colegas de
Vargas. Seu pai trabalhava como carneador no sítio do eminente estadista quando do seu trabalho, refere-se ao
nascimento''. a caso de um índio tupiniquim que aprendeu português com os jesuítas e foi mandado para a
corte, onde chegou a se tornar um mestre-escola.
''Nessa viagem iam o Aniceto, o Bernabé, o Chico Espinosa e outro porterenho num comboio de
quatro carretas. Eles retornaram de Porto Murtinho, chegando ao anoitecer na região do b nome de um guerreiro indígena que lutou contra as tentativas de escravização de sua tribo
Carandazinho. Na hora que desatrelavam as juntas de bois tambeiros, avistaram os cavaleiros por parte dos portugueses, no século XVI.
que vinham pela trilha do lado de Porteiras. c processo de aculturação dos nativos, no qual era comum os brancos adotarem nomes
Foram se achegando devagar e apearam a alguma distância. Largaram os cavalos no pasto e se indígenas, para melhor dominá-los.
encaminharam em direção às carretas. Aniceto reconheceu o Silvino e o Pedro Cruz, equipados d título de um romance de José de Alencar, no qual o protagonista é um índio não corrompido
para viagem. frente aos valores europeus.
- Vocês já tomaram mate? – perguntou o capitão.
- Ainda não... – respondeu Bernabé, convidando-os a se ajeitarem que ele já ia servi-los. Por Questão 17 (UNIFESP)
cortesia e hospitalidade o mascate atendia bem a todos e a qualquer viajante que poderia acabar O crítico Massaud Moisés assinala o filosofismo como uma das características de Memórias
lhe comprando alguma mercadoria''. póstumas de Brás Cubas, romance que inaugura a produção madura de Machado de Assis. Tal
A partir dos trechos destacados, pode-se afirmar que essa obra é filosofismo pode ser identificado na passagem:
a um livro de História, sem estrutura narrativa, que documenta a vida do bandoleiro gaúcho a “O fundador da minha família foi um certo Damião Cubas, que floresceu na primeira metade
Silvino Jacques no Rio Grande do Sul e no Sul do Mato Grosso. do século XVIII. Era tanoeiro de ofício, natural do Rio de Janeiro, onde teria morrido na
b um romance ficcional, com estrutura narrativa, que conta as aventuras do cangaceiro mato- penúria e na obscuridade, se somente exercesse a tanoaria.”
grossense Silvino Jacques, personagem inspirado nas grandes figuras do cangaço brasileiro. b “Entre o queijo e o café, demonstrou-me Quincas Borba que o seu sistema era a destruição
c um romance histórico, que mescla documentação biográfica e elementos narrativos, tais como da dor. A dor, segundo o Humanitismo, é uma pura ilusão. Quando a criança é ameaçada por
flashbacks, clímax e narrativa em 3ª pessoa, dentre outros. um pau, antes mesmo de ter sido espancada, fecha os olhos e treme; essa predisposição, é que
d um livro de crônicas, que descreve a passagem do pistoleiro gaúcho Silvino Jacques pelo Sul constitui a base da ilusão humana, herdada e transmitida.”
do Mato Grosso na primeira metade do século XX. c “Dito isto, expirei às duas horas da tarde de uma sexta-feira do mês de agosto de 1869, na
e um livro de memórias, composto por entrevistas, depoimentos e relatos históricos sobre minha bela chácara de Catumbi. Tinha uns sessenta e quatro anos, rijos e prósperos, era
Silvino Jacques, o maior bandoleiro de Mato Grosso no final da década de 1930. solteiro, possuía cerca de trezentos contos e fui acompanhado ao cemitério por onze amigos.”
d “Não houve nada, mas ele suspeita alguma coisa; está muito sério e não fala; agora saiu.
Questão 15 (FPP) Sorriu uma vez somente, para Nhonhô, depois de o fitar muito tempo, carrancudo. Não me
Entre os princípios estéticos e ideológicos do Romantismo, podemos incluir: tratou mal nem bem. Não sei o que vai acontecer; Deus queira que isto passe. Muita cautela, por
ora, muita cautela.”
a Compromisso com a verossimilhança, transcendência do real, descrição de caracteres e
concepção eufórica da vida. e “Por exemplo, um dia quebrei a cabeça de uma escrava, porque me negara uma colher do
doce de coco que estava fazendo, e, não contente com o malefício, deitei um punhado de
b Contemporaneidade, misticismo, preocupação com o detalhismo e com a forma.
cinza ao tacho, e, não satisfeito da travessura, fui dizer à minha mãe que a escrava é que
c Preferência pelo gênero narrativo (romance e conto) e predominância do espírito dionisíaco estragara o doce ‘por pirraça’; e eu tinha apenas seis anos.”
que enfatiza a liberdade, a desordem e as forças do subconsciente coletivo.
d Representação de uma realidade interior, ênfase na imaginação e fascínio pela força da
natureza.
e Contemporaneidade, descrição fiel dos personagens, detalhismo e lentidão, fascínio pela
força da natureza e otimismo.
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I - O diretor que esse fragmento menciona foi sempre um homem magnânimo e justo, atento às
necessidades dos educandos de seu colégio.
II - O Ateneu é um romance memorialista, com as ações acontecendo em tempo anterior ao da
narração dos fatos.
III - Apresentando características do Romantismo, em seu lançamento o romance foi saudado
pela forma como o autor urdiu uma história repleta de intrigas.
IV - O Ateneu representa um mundo fechado; ao querer moldar os meninos que ali estudam,
acaba por deformar-lhes a personalidade.
V - Ema, esposa de Aristarco, transforma-se em dedicada professora para os alunos.
VI - A história aborda dois anos da vida do narrador, em um internato masculino. É narrada em
primeira pessoa, por Sérgio já adulto.
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Questão 21 (UFT) exposição dos fatos, característica marcante do romance de Manuel Antônio de Almeida.
IV. Pela leitura dos fragmentos 1, 2 e 3 depreende-se que não se pode falar em ironia e humor
Leia os fragmentos de texto abaixo e responda à questão a seguir: como característica marcante do romance de Manuel Antônio de Almeida.
Fragmento de texto 1 Assinale a alternativa CORRETA
_ Nunca pensei - interrompeu Chiquinha dirigindo-se ao Leonardo-Pataca, querendo afear mais o
a apenas I, II e IV estão corretas
caso _ , nunca pensei que na sua companhia se viesse a sofrer semelhante coisa...
_ Não faça caso, menina, isto é um pedaço de mariola a quem hei de ensinar; por causa de b apenas I, II e III estão corretas
ninguém dou-lhe eu uma rodada, se não por tua causa ... c apenas II, III, IV estão corretas
_ Por causa dela!... – atalhou o rapaz - ; tinha que ver! Há de lhe dar bom pago; tão bom como a d Nenhuma está correta
cigana... e Todas estão corretas
_ Mas nunca lhe hei de dar - acudiu Chiquinha enfurecida com este insulto - ; nunca lhe hei de
dar o que lhe deu tua mãe ...
Com isso Leonardo-Pataca desacoroçoou completamente; que dilúvio de amargas recordações
não fizeram tão poucas palavras cair sobre sua cabeça!
_ Espera maltrapilho, espera que te ensino...
E entrando repentinamente no quarto da sala, saiu de lá armado com o espadim do uniforme, e
investiu para o filho. Convém dizer que o espadim ia embainhado.
Manuel Antônio de Almeida in Memórias de um Sargento de Milícias.
Fragmento de texto 2
Se Leonardo não tivesse fugido, e arranjasse depois a soltura por qualquer meio, o Vidigal era até
capaz, por fim das contas, de ser seu amigo; mas tendo-o deixado mal, tinha-o por inimigo
irreconciliável enquanto não lhe desse desforra completa.
Já se vê que as fortunas do Leonardo redundavam-lhe sempre em mal; era realmente um mal
naquele tempo ter por inimigo o Major Vidigal, principalmente quando se tinha, como o Leornardo,
uma vida tão regular e tão lícita (... )
Manuel Antônio de Almeida in Memórias de um Sargento de Milícias.
Fragmento de texto 3
Um dia o toma-largura tinha saído em serviço; ninguém esperava por ele tão cedo: eram onze
horas da manhã. O Leonardo, por um daqueles milhares de escaminhos que existem na Ucharia,
tinha ido ter à casa do toma-largura. Ninguém porém pense que era para maus fins. Pelo
contrário, era para o fim muito louvável de levar à pobre moça uma tigela de caldo que há pouco
fora mandado a el-rei... obséquio de empregado da Ucharia. Não há aqui nada de censurável.
Seria entretanto muito digno de censura de quem recebia tal obséquio não o procurasse pagar
com um extremo de civilidade: a moça convidou pois ao Leonardo para ajudá-la a tomar o caldo.
E que grosseiro seria ele se não aceitasse tão belo oferecimento? Aceitou.
De repente sente-se abrir uma porta: a moça, que tinha na mão a tigela, estremece, e o caldo
entorna-se.
O toma-largura, que acabava de chegar inesperadamente, fora a causa de tudo isso. O Leonardo
correu precipitadamente pelo caminho mais curto que encontrou; sem dúvida em busca de outro
caldo, uma vez que o primeiro se tinha entornado. O toma-largura corre-lhe também ao alcance,
sem dúvida para pedir-lhe que trouxesse desta vez quantidade que chegasse para um terceiro.
Manuel Antônio de Almeida in Memórias de um Sargento de Milícias.
Dos fragmentos de texto de Memórias de um Sargento de Milícias, acima transcritos, pode-se
inferir que:
Questão 24 (UESB)
Onde é tudo belo
e fantástico, — Inocência!...Inocência!...chamou com voz sumida, mas ardente e cheia de súplica. Ninguém
só, na noite, lhe respondeu.
seria feliz. — Inocência, implorou o moço, olhe...abra, tenha pena de mim...Eu morro por sua causa...
(Um sabiá, Depois de breve tempo, que para Cirino pareceu um século, descerrou-se a medo a janela, e
na palmeira, longe.) apareceu a moça toda assustada, sem saber por que razão ali estava nem explicar tudo aquilo.
Parecia-lhe um sonho.
Ainda um grito de vida e Quis, entretanto, dar qualquer desculpa à situação e, fingindo-se admirada, perguntou muito
voltar, baixinho e a balbuciar:
para onde é tudo belo — Que vem...mecê...fazer aqui? ...já...estou boa.
e fantástico: Da parte de fora, agarrou-lhe Cirino nas mãos.
a palmeira, o sabiá, — Oh! disse ele com fogo, doente estou eu agora... Sou eu que vou morrer...porque você me
o longe. enfeitiçou, e não acho remédio para o meu mal.
(Carlos Drummond de Andrade. In: A Rosa do Povo – 1945) TAUNAY, Visconde de. Inocência. São Paulo: Ática, 1996, p. 94-95.
O fragmento em destaque faz parte de uma narrativa do Romantismo e apresenta,
A propósito do texto, seguem duas afirmativas ligadas pela palavra PORQUE: predominantemente, um dos traços marcantes desse estilo de época, que é
Considerando a relação de intertextualidade, o poema de Drummond é uma paráfrase do poema a a idealização física da mulher.
de Gonçalves Dias. b a exacerbação emocional.
c o pensamento antitético.
PORQUE
d a dissimulação dos sentimentos.
O poema de Drummond ridiculariza o sentimento saudosista, revelado pelo eu-lírico de Canção e uma uma linguagem eufemística.
do Exílio em relação a sua terra natal.
Marque:
a se as duas são verdadeiras, mas a segunda não justifica a primeira.
b se as duas são verdadeiras, e a segunda justifica a primeira.
c se a primeira é verdadeira, e a segunda é falsa.
d se a primeira é falsa, e a segunda é verdadeira.
e se as duas são falsas.
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I. Ambos compõem a obra de Castro Alves, poeta romântico, cuja vertente estética é pautada
pela preocupação com temas sociais, históricos e amorosos.
II. O Texto I revela a fase em que o poeta romântico Castro Alves dedica-se às questões sociais,
especificamente àquelas destinadas aos escravos.
III. O Texto II apresenta uma das fases do poeta romântico Castro Alves na qual são expostas as
fragilidades da alma feminina.
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Texto 3
LETRA PARA UMA VALSA ROMÂNTICA
A tarde agoniza
Ao santo acalanto /
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Questão 52 (FAAP)
Sobre a personagem Iracema, de José de Alencar, apenas está correto afirmar que:
a protagoniza a história de uma virgem indomável que, apaixonada por um colonizador, não
sucumbe ao amor.
b não sofre por amor como as típicas heroínas românticas.
c simboliza a terra americana, vista como mãe fecunda, daí seu nome ser um anagrama de
América.
d não se apresenta idealizada pelo narrador.
e é retratada em desarmonia com a natureza.
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1 clavina: carabina.
2 funda: tira de couro com que se arremessam pedras.
3 terçado: facão.
4 fisga: arpão.
5 chuço: lança.
6 virote: seta.
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“Monumento erigido em homenagem a Dom Pedro I. João Mafra, que concebeu o projeto,
pretendia mostrar o imperador e os demais participantes do movimento de independência. Louis
Rochet, escultor responsável pela execução da obra, introduziu figuras de indígenas para
representar simbolicamente os principais rios do Brasil.”
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Questão 76 (UFN)
Era um sonho dantesco ... O tombadilho
Que das luzernas avermelha o brilho,
Em sangue a se banhar.
Tinir de ferros... estalar do açoite...
Legiões de homens negros como a noite,
Horrendos a dançar...
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Na busca de afirmação internacional, D. Pedro II e seus diplomatas procuraram apresentar no Questão 79 (UDESC)
exterior a imagem de um país jovem, moderno e com grande potencial de desenvolvimento. O fim
do tráfico negreiro, em 1850, era usado como exemplo de que a nação caminhava em direção ao Texto 4
fim da escravidão, prática inaceitável para uma “nação civilizada”. Ao mesmo tempo, o governo
imperial colocou todo o seu empenho na modernização do Rio de Janeiro, principal cartão postal 20
da jovem nação.
(Gislane Azevedo e Reinaldo Seriacopi. História: série Brasil. São Paulo: Ática, 2005, p. 347) [1] Às cinco horas da manhã estava de pé, vestindo-me para ir buscar Lúcia. Na
véspera ao despedir-se de mim ela me dissera:
Uma das táticas do irônico narrador machadiano é simular que está justificando um ato de – Amanhã mudo-me. Venha-me buscar ao romper do dia. Desejo... careço de
violência para assim intensificar essa mesma violência. Tal estratégia se verifica no trecho acima, entrar apoiada ao seu braço na casa onde vou viver a minha nova existência.
mais particularmente no elemento sublinhado em: [5] Achei-a pronta e esperando-me; os vestígios da comoção violenta que haviam
produzido as amargas recordações desapareciam sob a plácida serenidade que
a pegar escravos fugidos era um ofício do tempo.
reslumbrava de sua alma e dava à sua beleza uma suave limpidez.
b a inaptidão para outros trabalhos. Partimos a pé, com a fresca da manhã; fizemos um dos mais belos passeios de
c por ser um instrumento da força. que se pode gozar no Rio de Janeiro.[...]
d com que se mantém a lei e a propriedade. [10] Apesar da revelação da véspera, continuava a dar a Lúcia esse doce nome, que
e esta outra nobreza das ações reivindicadoras. estava tão habituado a pronunciar. Uma vez porém ela olhou-me com uma expressão
de mágoa:
Questão 78 (CESMAC) – Paulo – disse-me com brandura –, chama-me Maria!
Desde então, quando eu pronunciava esse nome, sua alma tinha enlevos, e ela
Em relação à poesia do Romantismo brasileiro analise o esquema abaixo. Em seguida, analise as
[15] acompanhava o movimento de meus lábios estremecendo de gozo, como se todo o seu
afirmações que constam nas alternativas.
corpo sentisse uma doce carícia.
– Quando me chamas assim, Paulo – murmurava ela –, parece-me que tu me
Um quadro que dê conta da poesia romântica brasileira pode ser sintetizado conforme o seguinte
embebes e me afagas num só e imenso beijo que me envolve toda. [...]
esquema:
Almoçamos, como os pastores de Teócrito, frutas, pão e leite cru: ainda não
- a 1ª. geração é chamada de ‘nacionalista ou indianista’;
[20] havia preparos de cozinha, nem fogo. Por volta de onze horas do dia chegou a criada,
- a 2ª. geração é conhecida como a ‘ultrarromântica’;
com uma menina de doze anos, linda e mimosa como um anjinho de Rafael. Era o
- a 3ª. geração é denominada de ‘condoreira’.
retrato de Lúcia, com a única diferença de ter uns longes de louro cinzento nos cabelos
1) Os representantes da 1ª. geração escolheram como tema a natureza tropical, o patriotismo e o
anelados.
elemento indígena brasileiro.
ALENCAR, José de. Lucíola. Porto Alegre: L&PM, 2017. pp. 147 e 148.
2) Foi destaque entre os poetas da primeira geração, o poeta Gonçalves Dias, autor do conhecido
poema Canção do Exílio.
Analise as proposições em relação à obra Lucíola, José de Alencar, e ao Texto 4.
3) Os representantes da 2ª. geração alimentaram uma visão pessimista da vida e da sociedade.
Têm como expoentes Casimiro de Abreu e José de Alencar.
I. Dígrafo é o encontro de duas letras para representar um só fonema. Nos vocábulos “Amanhã”
4) Os representantes da 3ª. geração destacaram-se por uma literatura de caráter social, que
(linha 3), “romper” (linha 3) e “passeios” (linha 8) ocorre dígrafo.
denunciava a desigualdade social e defendia a liberdade.
II. No romance Lucíola, a protagonista, ainda que resgatada pelo amor de Paulo, continua a
5) Na 3ª. geração, merece destaque o poeta Castro Alves, que, em seu poema Navio Negreiro
prostituir-se, levando, também, a irmã, Ana, à prostituição.
critica com veemência a escravidão que imperava no Brasil.
III. Da leitura da estrutura “ Apesar da revelação da véspera” (linha 10), infere-se o momento em
Estão corretas as alternativas:
que Lúcia conta a Paulo sobre a troca do verdadeiro nome dela com o da amiga que morreu
a 1, 2, 3, 4 e 5 tísica, e que isso fez para aliviar o desgosto do pai, ao sabê-la prostituta.
b 1, 2, 4 e 5 apenas IV.Em “fizemos um dos mais belos passeios de que se pode gozar” (linhas 8 e 9) a preposição
c 1, 3, 4 e 5 apenas destacada não pode ser retirada, devido à regência, uma vez que é exigida pela palavra que a
d 2 e 3 apenas antecede.
V. Nas estruturas “Quando me chamas assim” (linha 17) e “beijo que me envolve toda (linha 18),
e 3 e 5 apenas em relação à colocação pronominal, ocorre próclise, de acordo com a língua padrão culta, devido
às partículas atrativas conjunção subordinada temporal e pronome relativo, sequencialmente.
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a Somente as afirmativas I, III e V são verdadeiras. Questão 81 (Unifenas)
b Somente as afirmativas I, II, III e IV são verdadeiras.
TEXTO 1
c Somente as afirmativas II, III e V são verdadeiras.
d Somente as afirmativas III, IV e V são verdadeiras. Se Eu Morresse Amanhã
e Somente as afirmativas I, III, IV e V são verdadeiras.
Se eu morresse amanhã, viria ao menos
Questão 80 (UFG) Fechar meus olhos minha triste irmã;
Leia o fragmento do relato do viajante Johann Emanuel Pohl, que recolheu impressões do Brasil Minha mãe de saudades morreria
no início do século XIX. Se eu morresse amanhã!
Se algum ponto do Novo Mundo merece, por sua situação e condições naturais, tornar-se um dia Quanta glória pressinto em meu futuro!
teatro de grandes acontecimentos, um foco de civilização e cultura, um empório do comércio Que aurora de porvir e que manhã!
mundial é, ao meu ver, o Rio de Janeiro. Eu perdera chorando essas coroas
POHL, Johann Emanuel. Viagem no interior do Brasil empreendida nos anos de 1817 a 1821. Tradução Milton Se eu morresse amanhã!
Amado e Eugenio Amado. Rio de Janeiro: INL, 1951. p. 38.
O relato de viagem transcrito, tomado como fonte pela História, e a representação ficcional sobre Que sol! Que céu azul! Que doce n’alva
o Rio de Janeiro da época de D. João VI, no romance Memórias de um sargento de milícias, de Acorda a natureza mais louçã!
Manuel Antônio de Almeida, produzem discursos Não me batera tanto amor no peito
Se eu morresse amanhã!
a análogos, porque promovem imagens positivas desse período, ressaltando o desenvolvimento
social da capital da colônia.
Mas essa dor da vida que devora
b díspares, pois o registro histórico positivo desse período opõe-se ao retrato caricaturesco do A ânsia de glória, o dolorido afã...
Rio do “tempo do rei”, no romance. A dor no peito emudecera ao menos
c imparciais, na medida em que representam um quadro despretensioso da sociedade carioca Se eu morresse amanhã!
do “tempo do rei”.
d complementares, pois o fragmento projeta um futuro promissor para o Rio de Janeiro, e o (AZEVEDO, Álvares de. Apud Heller, Bárbara e outros,orgs. Literatura Comentada.SP, Abril Educação,1982, p.51.)
romance confirma essa ideia.
e satíricos, visto que promovem uma visão crítica do Brasil colonial, retratado pelas falhas TEXTO 2
morais de sua sociedade.
Post Mortem
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1. A estratégia narrativa de Lucíola superpõe, entre o real e o ficcional, três figuras autorais: José
de Alencar, o escritor do romance; Paulo, o autor das cartas em primeira pessoa; G.M, a
destinatária que as organiza em forma de livro, atribuindo-lhe o título.
2. Apesar de situado no romantismo brasileiro, Lucíola inaugura o naturalismo na literatura
brasileira ao explicar a sensualidade e a prostituição da protagonista como consequência do meio
em que vive: a sociedade degradada da Corte no ano de 1855.
3. O grande amor de Paulo por Lúcia faz com que ele conheça profundamente os sentimentos e
pensamentos da amada, gerando em alguns momentos uma oscilação entre a narração em
primeira pessoa e a narração onisciente.
4. Paulo é ao mesmo tempo personagem do acontecimento passado e narrador do relato
presente. A distância de seis anos possibilita comentários, conclusões e reflexões, deixando clara
a diferença temporal entre viver e narrar o vivido.
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O Tejo é mais belo que o rio que corre pela minha aldeia, Mas o Tejo não é mais belo que o rio I – Seu romance O Guarani é uma das obras mais importantes do indianismo brasileiro.
que corre pela minha aldeia Porque o Tejo não é o rio que corre pela minha aldeia II – A obra Lucíola inaugurou o Realismo no Brasil.
(Fernando Pessoa, Poemas de Alberto Caeiro) III – O sertanejo é uma das obras do autor a tratar da temática regionalista.
Curiosamente (ou propositadamente), Alberto Caeiro dispensa o substantivo “rio” para Tejo (como IV – Em Escrava Isaura, José de Alencar antecipa, na literatura, a discussão promovida pelo
que suficientemente famoso) e por outro lado não nomeia o rio de sua aldeia (como que movimento abolicionista.
insignificante). Em função disso, pode-se afirmar que nesse trecho há a temática do(a):
a regionalismo, pois o “eu” poético destaca a beleza do rio de sua aldeia, em detrimento do Assinale a alternativa correta.
maior e mais conhecido rio de Portugal. a Somente as afirmativas I e II estão corretas.
b nacionalismo, pois o “eu” poético, embora exalte o rio de sua aldeia, indiretamente valoriza o b Somente as afirmativas I e IV estão corretas.
rio Tejo, que está ligado à história lusa. c Somente as afirmativas II e III estão corretas.
c paradoxo, pois o “eu” poético proclama a beleza do maior e mais famoso rio de Portugal (de lá d Somente as afirmativas I e III estão corretas.
saíram as grandes navegações) e em seguida se contradiz. e Somente as afirmativas II e IV estão corretas.
d individualismo, pois para o “eu” poético um objeto (no caso o rio de sua aldeia) só passará a
ter significado se esse mesmo objeto representar suas origens. Questão 90 (ENEM PPL)
e relatividade, pois a importância significativa de um objeto (no caso o rio de sua aldeia) Soneto
depende da identificação existente entre o “eu” poético e o próprio objeto. Oh! Páginas da vida que eu amava,
Rompei-vos! nunca mais! tão desgraçado!...
Questão 88 (FACASPER) Ardei, lembranças doces do passado!
Sobre A cidade e as serras, de Eça de Queirós, é correto afirmar que o romance: Quero rir-me de tudo que eu amava!
a demonstra detalhadamente o processo que conduz à metamorfose moral do narrador, Zé E que doido que eu fui! como eu pensava
Fernandes, que vai do ceticismo juvenil ao esnobismo vivido na maturidade. Em mãe, amor de irmã! em sossegado
b revela uma multiplicação satírica não somente dos tipos e episódios da alta burguesia Adormecer na vida acalentado
cosmopolita e das sucessivas ou cumulativas atividades sociais, como também do dandismo Pelos lábios que eu tímido beijava!
cultural de Jacinto ou do seu narrador, Zé Fernandes. Embora — é meu destino. Em treva densa
Dentro do peito a existência finda
c explora elementos ora cômicos, como as utopias agronômicas de Jacinto; ora dramáticos, Pressinto a morte na fatal doença!
como a melancólica arrumação das ilustres ossadas genealógicas do protagonista.
A mim solidão da noite infinda!
d constitui uma espirituosa expressão da crença permanente de Jacinto no poder transformador Possa dormir o trovador sem crença.
da tecnologia, da ciência, da filosofia e da religião. Perdoa minha mãe — eu te amo ainda!
e ridiculariza a obsessão de Jacinto e Zé Fernandes pelo consumo, pelos requintes AZEVEDO, A. Lira dos vinte anos. São Paulo: Martins Fontes, 1996.
gastronômicos, pelas bibliotecas monumentais e pelas causas ecológicas. A produção de Álvares de Azevedo situa-se na década de 1850, período conhecido na literatura
brasileira como Ultrarromantismo. Nesse poema, a força expressiva da exacerbação romântica
identifica-se com o (a)
a amor materno, que surge como possibilidade de salvação para o eu lírico.
b saudosismo da infância, indicadopela menção às figuras da mãe e da irmã.
c construção de versos irônicos e sarcásticos, apenas com aparência melancólica.
d presença do tédio sentido pelo eu lírico, indicado pelo seu desejo de dormi
e fixação do eu lírico pela ideia da morte, o que leva a sentir um tornmento constante.
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Tu és o louco da imortal loucura, I. Marcela, uma linda dama espanhola, configura-se como o primeiro amor de Brás Cubas. Foi
O louco da loucura mais suprema. com ela que o narrador-defunto experimentou o primeiro beijo e o despertar da sexualidade. Foi
A Terra é sempre a tua negra algema, Marcela ainda quem o introduziu nas rodas da alta sociedade fluminense, graças à ótima relação
Prende-te nela a extrema Desventura. que mantinha com pessoas influentes.
II. Iracema representa o perfil de heroína idealizada, típico do Romantismo. Descrita em
Mas essa mesma algema de amargura, comparação com elementos da natureza, a virgem dos lábios de mel sela o próprio destino ao
Mas essa mesma Desventura extrema oferecer a Martim a bebida ritual, a jurema.
Faz que tu’alma suplicando gema III. Do túmulo, Brás Cubas, o autor-defunto, narra cronologicamente a sua história, partindo do
E rebente em estrelas de ternura. momento em que ela termina, num exercício autobiográfico inédito até então na literatura
brasileira. Seu casamento com Virgília, com quem termina seus dias, ocupa lugar de destaque na
Tu és o Poeta, o grande Assinalado narrativa, permeada pela ironia e pelo sarcasmo com que desconstrói os ideais românticos
Que povoas o mundo despovoado, vigentes até então.
De belezas eternas, pouco a pouco... IV. Apesar de amar Iracema, Martim opta por se afastar dela, por saber que o relacionamento
está condenado pelo enorme abismo cultural entre ambos. Além disso, as saudades da formosa
Na Natureza prodigiosa e rica noiva portuguesa, cuja imagem não o abandona, provoca-lhe o desejo de voltar à terra natal, o
Toda a audácia dos nervos justifica que faz em companhia do filho, Moacir.
Os teus espasmos imortais de louco! V. Memórias póstumas de Brás Cubas mostra o “amor à glória”, que movia o narrador. Embora
nunca tenha trabalhado, Cubas dedicou-se durante a vida a imaginar uma série de estratégias e
(Cruz e Souza. Últimos sonetos, 2002.) projetos que pretensamente o tornariam famoso, como a criação do Emplasto Brás Cubas.
O eu lírico concebe que
a a Natureza, por ser prodigiosa e rica, transforma todo tipo de louco em terno poeta, o que É correto o que se afirma em
indica o caráter lírico do poema. a I e III, apenas.
b a Terra é triste e permeada pela desventura, sendo que nela o poeta se transforma em louco, b II e V, apenas.
o que indica o caráter de desesperança do poema. c I e IV, apenas.
c o poeta é um louco cuja alma transforma as experiências negativas em ternura, o que sugere d II, III e V, apenas.
o caráter metalinguístico do poema. e I, II, III, IV e V.
d o grande Assinalado é o poeta cuja arte se opõe à loucura sem limites do mundo, o que indica
o caráter contestador do poema.
e a Desventura carrega em si o real sentido da vida e a loucura está no verdadeiro poeta, o que
sugere o caráter moralizante do poema.
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Do trecho acima que integra o romance Iracema, de José de Alencar, não se pode afirmar que AZEVEDO, Alvares de. Poesias completas de Álvares de Azevedo. 7. ed. Rio de Janeiro: Ediouro, 1995. p. 37.
a a caracterização de Iracema, da forma como é feita no romance, revela, acima de tudo, sua Este fragmento mostra uma atitude escapista típica do romantismo. O eu lírico idealiza
alma e o fino tratamento psicológico de uma personagem feminina o qual lhe é atribuído pelo a a vida como um ofício de prazer, destinado à fruição eterna.
autor. b a morte como um meio de libertação do terrível fardo de viver.
b as sucessivas comparações servem para idealizar a protagonista, e em todas elas a c o tédio como a repetição dos fragmentos belos e significativos da vida.
personagem Iracema é dada como superior.
d o deserto como um destino sereno para quem vence as hostilidades da vida.
c a profusão de linguagem figurada, usada ao longo do romance, tanto para caracterizar a
personagem quanto suas ações, pode dar a ele o estatuto de um poema em prosa. Questão 106 (PUC-SP)
d as inúmeras comparações de seus atos com o comportamento de diferentes animais e Do romance Iracema, de José de Alencar, narrativa indianista, é CORRETO afirmar que
vegetais na selva, demonstram que a personagem é pura aparência, reveladora de sua a é um romance desprovido de argumento histórico, o que impede a narrativa de ser
beleza original. representativa da fundação da nação brasileira.
Questão 104 (UNEMAT) b enquadra-se também no modelo da narrartiva mítica por seu caráter primordial, revelado em
techos como: Além, muito além daquela serra, que ainda azula no horizonte, nasceu
Analisando a obra Memórias de um sargento de milícias, de Manuel Antônio de Almeida, no
Iracema... e, Tudo passa sobre a terra.
que tange ao poder judiciário, é incorreto afirmar que:
c apresenta linguagem de belas imagens visuais, de sonoridade e cadência poéticas, mas que
a no tempo do rei, o respeito que tinham os meirinhos era influenciado pelas suas condições
se torna enfadonha pela força repetitiva de figuras de linguagem como a comparação e
físicas
metáforas.
b o romance cita o “canto dos meirinhos”, que era um local, no Rio de Janeiro, onde os
d caracteriza personagens desprovidas de densidade ou correspondência ao real, o que impede
meirinhos se reuniam.
que sejam símbolos do caráter nacional brasileiro.
c no tempo do rei, os meirinhos, nomeados pelo próprio rei, eram bastante considerados.
d os desembargadores exerciam funções diferenciadas dos trabalhos executados pelos
meirinhos.
e meirinhos e desembargadores exerciam as mesmas funções, compondo o judiciário.
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I. Há uma teoria clássica que dominou a literatura até o século XIX, e outra moderna que
começou a manifestar-se a partir do Romantismo.
II. Na teoria clássica consideram-se os três gêneros: épico, lírico e dramático e não se admite
mistura de gêneros.
III. Na teoria moderna considera-se que não há limites para as espécies de gêneros, mas
reconhecem-se três tipos básicos: narrativo, lírico e dramático.
IV. Na teoria moderna admite-se fusão de gêneros, o que amplia as possibilidades do processo
de criação do escritor.
a todas estão corretas
b apenas I e II estão corretas
c apenas II e III estão corretas
d apenas I e IV estão corretas
e apenas III e IV estão corretas
TEXTO BASE 10
“Assim, pois, o sacristão da Sé, um dia, ajudando à missa, viu entrar a dama, que devia ser sua
colaboradora na vida de Dona Plácida. Viu-a outros dias, durante semanas inteiras, gostou, disse-
lhe alguma graça, pisou-lhe o pé, ao acender os altares, nos dias de festa. Ela gostou dele,
acercaram-se, amaram-se. Dessa conjunção de luxúrias vadias brotou Dona Plácida. É de crer
que Dona Plácida não falasse ainda quando nasceu, mas se falasse podia dizer aos autores de
seus dias: ⎯ Aqui estou. Para que me chamastes? E o sacristão e a sacristã naturalmente lhe
responderiam: ⎯ Chamamos-te para queimar os dedos nos tachos, os olhos na costura, comer
mal, ou não comer, andar de um lado para outro, na faina, adoecendo e sarando, com o fim de
tornar a adoecer e sarar outra vez, triste agora, logo desesperada, amanhã resignada, mas
sempre com as mãos no tacho e os olhos na costura, até acabar um dia na lama ou no hospital;
foi para isso que te chamamos, num momento de simpatia”.
(Machado de Assis, Memórias póstumas de Brás Cubas)
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TEXTO BASE 11 Vai daí, atravessou o rio para o lado de cá e ficou uns três dias em São Francisco de Borja,
procurando um lugar
INSTRUÇÃO: A questão baseia-se no texto abaixo. afastado onde os dois apaixonados pudessem viver em paz. Assim, foram parar no Cerro do
Jarau, no Quaraí, onde
A Salamanca do Jarau descobriram uma caverna muito funda e comprida. E lá foram morar, os dois.
[30] Essa caverna, no alto do Cerro, ficou encantada. Virou Salamanca, que quer dizer "gruta
[1] No tempo dos padres jesuítas, existia um moço sacristão no Povo de Santo Tomé, na mágica", a Salamanca do
Argentina, do outro lado do rio Jarau. Quem tivesse coragem de entrar lá, passasse 7 provas e conseguisse sair, ficava com o
Uruguai. Ele morava numa cela de pedra nos fundos da própria igreja, na praça principal da corpo fechado e com sorte
aldeia. no amor e no dinheiro para o resto da vida.
Ora, num verão mui forte, com um sol de rachar, ele não conseguiu dormir a sesta. Vai então, Na Salamanca do Jarau a Teiniaguá e o sacristão se tornaram os pais dos primeiros gaúchos do
levantou-se, assoleado Rio Grande do Sul.
e foi até a beira da lagoa refrescar-se. Levava consigo uma guampa, que usava como copo. Ah, ali vive também a Mãe do Ouro, na forma de uma enorme bola de fogo. Às vezes, nas tardes
[5] Coisa estranha: a lagoa toda fervia e largava um vapor sufocante e qual não é a surpresa do ameaçando chuva, dá
sacristão ao ver sair [35] um grande estouro numa das cabeças do Cerro e pula uma elevação para outra. Muita gente
d'água a própria Teiniaguá, na forma de uma lagartixa com a cabeça de fogo, colorada como um viu.
carbúnculo. Ele, homem (http://www.paginadogaucho.com.br/lend/sala.htm publicado por Roberto Cohen em 18 de dezembro de 2003. Fonte:
religioso, sabia que a Teiniaguá – os padres diziam isso – tinha partes com o Diabo Vermelho, o Livro "Mitos e Lendas do Rio Grande do Sul" de Antonio Augusto Fagundes. Martins Livreiro Editor. 1996. Baseado
Anhangá-Pitã, que tentava na obra de João Simões Lopes Neto. Acesso em: 12 abril 2013. Adaptado.)
os homens e arrastava todos para o inferno. Mas sabia também que a Teiniaguá era mulher, uma
princesa moura Questão 117 (UCS)
encantada jamais tocada por homem. Aquele pelo qual se apaixonasse seria feliz para sempre.
[10] Assim, num gesto rápido, aprisionou a Teiniaguá na guampa e voltou correndo para a igreja, PARA RESPONDER A QUESTÃO, LEIA O TEXTO BASE 11
sem se importar com o A expressão sorte no amor e no dinheiro (linhas 31 e 32) pode ser interpretada como
calor. Passou o dia inteiro metido na cela, inquieto, louco que chegasse a noite. Quando as
sombras finalmente desceram a a influência marxista nas primeiras obras da literatura brasileira.
sobre a aldeia, ele não se sofreu: destampou a guampa para ver a Teiniaguá. Aí, o milagre: a b a transição do feudalismo indígena para o capitalismo europeu no século XVI.
Teiniaguá se transformou na c o lema do modelo político do século XX que estabeleceu as fronteiras da região sul do Brasil.
princesa moura, que sorriu para ele e pediu vinho, com os lábios vermelhos. Ora, vinho só o da d uma síntese do ideal romântico que caracteriza a primeira fase do Romantismo.
Santa Missa. Louco de
e uma previsão do sucesso comercial que a transgenia induzida pelo homem terá no século
amor, ele não pensou duas vezes: roubou o vinho sagrado e assim, bebendo e amando, eles
XIX.
passaram a noite.
[15] No outro dia, o sacristão não prestava para nada. Mas, quando chegou a noite, tudo se
repetiu. E assim foi até que os
padres finalmente desconfiaram e numa madrugada invadiram a cela do sacristão. A princesa
moura transformou-se em
Teiniaguá e fugiu para as barrancas do rio Uruguai, mas o moço, embriagado pelo vinho e de
amor, foi preso e
acorrentado.
Como o crime era horrível – contra Deus e a Igreja – foi condenado a morrer no garrote vil, na
praça, diante da igreja
[20] que ele tinha profanado.
No dia da execução, todo o povo se reuniu diante da igreja de São Tomé. Então, lá das
barrancas do rio Uruguai a
Teiniaguá sentiu que seu amado corria perigo. Aí, com todo o poder de sua magia, começou a
procurar o sacristão abrindo
rombos na terra, uns valos enormes, rasgando tudo. Por um desses valos ela finalmente chegou
à igreja bem na hora em
que o carrasco ia garrotear o sacristão. O que se viu foi um estouro muito grande; nessa hora,
parecia que o mundo inteiro
[25] vinha abaixo: houve fogo, fumaça e enxofre e tudo afundou e tudo desapareceu de vista. E
quando as coisas clarearam, a
Teiniaguá tinha libertado o sacristão e voltado com ele para as barrancas do rio Uruguai. /
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(Adaptado de: CANDIDO, Antonio. Formação da Literatura Brasileira. São Paulo: Martins, 1971. 2 v. pp. 14-
15)
No quadro histórico de que trata o texto de Antonio Candido, deve-se entender que, no Brasil,
a o indianismo romântico não deixou de ser uma espécie de mítica busca das tradições
nacionais.
b o abolicionismo constituiu-se como nossa principal bandeira do despertar das nacionalidades.
c os romances indianistas de José de Alencar, em seu amplo conjunto, derivaram diretamente
do empuxe napoleônico.
d nossos escritores indianistas, imunes a qualquer influência externa, são uma afirmação do
próprio contra o imposto.
e poetas da geração de Álvares de Azevedo compuseram uma obra definida claramente a partir
da Independência.
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Está(ão) CORRETA(S): ( ) Autor de Triste fim de Policarpo Quaresma, é um importante escritor do chamado Pré-
a Apenas as assertivas III e IV. modernismo brasileiro.
b Apenas as assertivas I e II. ( ) Grande nome do Romantismo brasileiro, publicou obras de temática indianista (Iracema), de
temática regionalista (O gaúcho) e de temática urbana (Senhora).
c Apenas a assertiva I. ( ) Seu romance Macunaíma é uma narrativa representativa do Modernismo brasileiro e uma
d Todas as assertivas. grande obra da nossa literatura.
e Apenas a assertiva II. ( ) Também chamado “Boca do Inferno”, é o mais conhecido poeta da literatura barroca no Brasil.
( ) Poeta do Arcadismo brasileiro, autor da obra Marília de Dirceu.
Questão 127 (UPE)
Bilhete A sequência correta de preenchimento dos parênteses, de cima para baixo, é
Se tu me amas, ama-me baixinho a 2 – 5 – 1 – 3 – 4.
Não o grites de cima dos telhados b 3 – 4 – 2 – 1 – 5.
Deixa em paz os passarinhos
c 5 – 3 – 4 – 1 – 2.
Deixa em paz a mim!
Se me queres, d 1 – 2 – 4 – 5 – 3.
enfim, e 4 – 3 – 5 – 1 – 2.
tem de ser bem devagarinho, Amada,
que a vida é breve, e o amor mais breve ainda... TEXTO BASE 12
(Mario Quintana. Disponível em: http://www.revista.agulha.nom.br/quinta2.html#bilh ete, [1] Ainda que aparentemente movida apenas pelo
consultado em julho de 2013.) sentimento geral de lusofobia, característico da época, a
Considerando o poema em destaque, analise as afirmativas a seguir: geração romântica, fundamentada nas concepções
I. O eu lírico tem certeza de que o amor e a vida são garantias perenizadas pela sorte cotidiana. [4] evolucionistas da linguística da época, segundo as quais as
II. O eu lírico propõe um amor intempestivo e avassalador, produtor de inquestionável frêmito. línguas se comportavam como seres vivos e, portanto, nasciam,
III. O eu lírico propõe que o amor que lhe é possivelmente ofertado considere algumas condições. cresciam, envelheciam e morriam, aspirou a uma língua
IV. Para o eu lírico, o amor é algo íntimo, não precisa ser anunciado de modo ostensivo. [7] própria, a chamada língua brasileira, instalando uma polêmica,
V. O eu lírico, apesar da brevidade de ambos, parece não ter pressa para sentir o amor e que será retomada, de forma mais radical, pela primeira
compreender a vida. geração modernista, a da Semana de Arte Moderna, de 1922.
Está CORRETO o que se afirma em [10] Enquanto os românticos — apesar de acreditarem que o
a I, II e III. nascimento da chamada língua brasileira era fato contra o qual
não se poderiam insurgir — não reivindicavam mais que o
b I, II e IV.
[13] direito a certa originalidade, os escritores modernistas serão os
c I, III e IV. que, de fato, buscarão, na realidade linguística brasileira, as
d II, IV e V. formas que constituirão a sua expressão.
e III, IV e V. Tânia C. F. Lobo. Variantes nacionais do português: sobre a questão da definição do
português do Brasil. In: Revista Internacional de Língua Portuguesa. Lisboa, dez./1994, p. 9-15.
Internet: (com adaptações).
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TEXTO BASE 14 liberdade dos escravos, ainda que tardia, chegava bem.
Machado de Assis Memorial de Aires Internet:
[1] 13 de maio
A respeito do fragmento de texto apresentado, que compõe o romance Memorial de Aires, de
Enfim, lei. Nunca fui, nem o cargo me consentia ser Machado de Assis, e considerando os aspectos que ele suscita, julgue o item seguinte.
propagandista da abolição, mas confesso que senti grande
[4] prazer quando soube da votação final do Senado e da sanção da Questão 137 (UnB)
regente. Estava na rua do Ouvidor, onde a agitação era grande
e a alegria geral. PARA RESPONDER A QUESTÃO, LEIA O TEXTO BASE 14
[7] Um conhecido meu, homem de imprensa, achando-me
A recusa do narrador em juntar-se ao cortejo popular aponta, de forma metafórica, para um traço
ali, ofereceu-me lugar no seu carro, que estava na rua Nova, e
marcante da obra machadiana, o qual prenuncia o modernismo: a defesa da autonomia da
ia enfileirar no cortejo organizado para rodear o paço da literatura em relação aos temas sociais.
[10] cidade, e fazer ovação à regente. Estive quase, quase a aceitar,
tal era o meu atordoamento, mas os meus hábitos quietos, os a Certo
costumes diplomáticos, a própria índole e a idade me retiveram b Errado
[13] melhor que as rédeas do cocheiro aos cavalos do carro, e
recusei. Recusei com pena. Deixei-os ir, a ele e aos outros, que Questão 138 (ACAFE)
se juntaram e partiram da rua Primeiro de Março. Disseram-me Assinale a alternativa que corresponde ao romance “Jorge, um brasileiro”, de Oswaldo França
[16] depois que os manifestantes erguiam-se nos carros, que iam Júnior.
abertos, e faziam grandes aclamações, em frente ao paço, onde a “A essa hora, um viajante, montado numa boa besta tordilho-queimada, gorda e marchadeira,
estavam também todos os ministros. Se eu lá fosse, seguia aquela estrada. A sua fisionomia e maneiras de trajar denunciavam de pronto que não
[19] provavelmente faria o mesmo e ainda agora não me teria era homem de lida fadigosa e comum ou algum fazendeiro daquelas cercanias que voltasse para
entendido... Não, não faria nada; meteria a cara entre os joelhos. casa. Trazia na cabeça um chapéudo-chile de abas amplas e cingido de larga fita preta, sobre os
Ainda bem que acabamos com isto. Era tempo. ombros um poncho-pala de variegadas cores e calçava botas de couro da Rússia bem feitas e em
[22] Embora queimemos todas as leis, decretos e avisos, não bom estado de conservação.”
poderemos acabar com os atos particulares, escrituras e
b "Numa favela tem pedreiros, empregadas domésticas, cobradores. Nem todos são envolvidos
inventários, nem apagar a instituição da História, ou até da
com o crime. Eu mesmo nunca me envolvi. Era uma espécie de mauricinho, um espectador.
[25] Poesia. (...) Éramos pobres, esperando uma ajuda de Deus. Já o bandido se afasta da comunidade quando é
mesmo bandido.”
14 de maio, meia-noite
c “As sementes destes contos não poderiam ser mais diversas: a primeira visita a um bordel em
Não há alegria pública que valha uma boa alegria ‘Varandas da Eva’; uma passagem de Euclides da Cunha em ‘Uma carta de Bancroft’; vida
[28] particular. Saí agora do Flamengo, fazendo esta reflexão, e vim de exilados em ‘Bárbara no inverno’ ou ‘Encontros na península’; o amor platônico por uma
escrevê-la, e mais o que lhe deu origem. inglesinha em ‘Uma estrangeira da nossa rua’. Com mão discreta e madura, o autor trabalha
Era a primeira reunião dos Aguiar; havia alguma gente esses fragmentos da memória até que adquiram, sem que se adivinhe como ou quando, outro
[31] e bastante animação. (...) A alegria dos donos da casa era viva, caráter: frutos do acaso e da biografia pessoal, eles afinal se mostram como imagens exemplares
a tal ponto que não a atribuí somente ao fato dos amigos juntos, do curso de nossos desejos e fracassos.”
mas também ao grande acontecimento do dia. Assim o disse d “A narrativa retorna ao caso do Bananal, e descobre-se que o Fefeu havia sido preso por ter
[34] por esta única palavra, que me pareceu expressiva, dita a brasileiros: sido obrigado a roubar uma correia de ventilador para o seu caminhão, que havia quebrado. O
— Felicito-os. zelador não concordou de maneira alguma em ceder uma para ele, ele tentou tirar e o zelador
— Já sabia? — perguntaram ambos. chamou um soldado e o prendeu.”
[37] Não entendi, não achei que responder. Que era que eu
podia saber já, para os felicitar, se não era o fato público?
Chamei o melhor dos meus sorrisos de acordo e complacência,
[40] ele veio, espraiou-se, e esperei. Velho e velha disseram-me
então rapidamente, dividindo as frases, que a carta viera
dar-lhes grande prazer. (...)
[43] Eis aí como, no meio do prazer geral, pode aparecer
um particular, e dominá-lo. Não me enfadei com isso; ao
contrário, achei-lhes razão, e gostei de os ver sinceros. Por fim,
[46] estimei que a carta do filho postiço viesse após anos de silêncio
pagar-lhes a tristeza que cá deixou. Era devida a carta; como a
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INSTRUÇÃO: Para responder à questão, leia o excerto do poema “Meus oito anos”, e As afirmativas corretas são
analise a pintura “História trágico-marítima”, da portuguesa Maria Helena Vieira da Silva. A
a I e II, apenas.
artista e seu marido, o também pintor húngaro Árpád Szenes, vêm ao Brasil para fugir das
perseguições contra os judeus, e aqui vivem de 1940 a 1947. b II e III, apenas.
c III e IV, apenas.
Oh! que saudades que tenho d I, II e IV, apenas.
Da aurora da minha vida, e I, II, III e IV.
Da minha infância querida
Que os anos não trazem mais! TEXTO BASE 15
Que amor, que sonhos, que flores,
Nasceu o dia e expirou.
Naquelas tardes fagueiras
Já brilha na cabana de Araquém o fogo, companheiro da noite. Correm lentas e silenciosas no
À sombra das bananeiras,
azul do céu, as estrelas, filhas da lua, que esperam a volta da mãe ausente.
Debaixo dos laranjais!(...)
Martim se embala docemente; e como a alva rede que vai e vem, sua vontade oscila de um a
outro pensamento. Lá o espera a virgem loura dos castos afetos; aqui lhe sorri a virgem morena
O mar é – lago sereno,
dos ardentes amores.
O céu – um manto azulado,
Iracema recostase langue ao punho da rede; seus olhos negros e fúlgidos, ternos olhos de
O mundo – um sonho dourado,
sabiá, buscam o estrangeiro, e lhe entram n’alma. O cristão sorri; a virgem palpita; como o saí,
A vida – um hino d’amor!
fascinado pela serpente, vai declinando o lascivo talhe, que se debruça enfim sobre o peito do
guerreiro.
José de Alencar, Iracema
I. “Nesta obra, assim como nos ‘poemas americanos’ dos nossos poetas, palpita um sentimento
sincero de distância poética e exotismo, de coisa notável por estranha para nós, embora a
rotulemos como nativa.”
II. “Mais do que diante de um relato, estamos diante de um poema, cujo conteúdo se concentra a
cada passo na magia do ritmo e na graça da imagem.”
III. “O tema do bom selvagem foi, neste caso, aproveitado para um romance histórico, que
reproduz o enredo típico das narrativas de capa e espada, oriundas da novela de cavalaria.”
É compatível com o trecho de Iracema aqui reproduzido, considerado no contexto dessa obra, o
que se afirma e
a I, apenas
b III, apenas
c I e II, apenas
I. A passagem do poema, escrito por Casimiro de Abreu, apresenta as saudades de uma infância d II e III, apenas
mítica, e os elementos da natureza reforçam essa idealização tipicamente romântica.
e I, II e III
II. O título da obra de Vieira da Silva faz referência aos horrores dos naufrágios marítimos, na
época das grandes navegações. No entanto, o contexto da sua criação, 1944, permite-nos afirmar
que a pintura traz o naufrágio como metáfora dos horrores da guerra.
III. É perceptível, na obra de Vieira da Silva, a influência do movimento realista, a partir da
exatidão dos traços sombrios do desenho, na denúncia da guerra.
IV. Comparativamente, o excerto do poema, se um quadro fosse, apresentaria formas claras,
nítidas e estáticas, uma vez que “Meus oito anos” está muito longe das intempéries e
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PARA RESPONDER A QUESTÃO, LEIA O TEXTO BASE 16 O romance Iracema, de José de Alencar, é considerado um verdadeiro poema em prosa. Há nele
um proposital trabalho com a linguagem marcado por expressivo uso de figuras de estilo. Assim,
O vocativo “meu rico senhor” evidencia um procedimento recorrente na prosa de Machado de indique abaixo o enunciado que apresenta uma prosopopeia.
Assis, que diz respeito ao modo como o narrador a Em torno carpe a natureza o dia que expira. Soluça a onda trépida e lacrimosa; geme a brisa
a expõe sua intimidade de forma sincera e espontânea, configurando uma narrativa subjetiva. na folhagem; o mesmo silêncio anela de opresso.
b zomba com sarcasmo de si próprio, pois reconhece que não é rico: passa por dificuldades. b O mel dos lábios de Iracema é como o favo que a abelha fabrica no tronco da andiroba: tem
c conversa diretamente com o leitor, incluindo-o como seu interlocutor na narrativa. na doçura o veneno.
d ironiza a fragilidade da condição do protagonista, que ainda não se equilibrou na vida. c Iracema, a virgem dos lábios de mel, que tinha os cabelos mais negros que a asa da graúna,
e mais longos que seu talhe de palmeira.
e expressa seu pessimismo, já que a riqueza de seu interlocutor não existe sem a pobreza.
d A tarde é a tristeza do sol. Os dias de Iracema vão ser longas tardes sem manhã, até que
Questão 159 (URCA) venha para ela a grande noite
Marque a alternativa INCORRETA acerca de Alexandre Herculano e/ou sua obra: Questão 163 (PUC-Campinas)
a Viagens na minha Terra é uma obra de Alexandre Herculano que se classifica entre a prosa
No século XVIII, emergiu nas Minas Gerais uma pequena elite, culta e letrada, que se ocupava de
de ficção e as memórias de viagens.
tarefas burocráticas e administrativas e se dedicava às artes e à literatura.
b Eurico, o Presbítero é considerado o melhor romance de Alexandre Herculano. Atraída pelo ideal iluminista, essa elite foi protagonista de um surto literário inédito no Brasil,
c O Monge de Cister aborda aspectos históricos e culturais de Portugal. produzindo obras de natureza poética. Os poetas líricos Tomás Antonio Gonzaga e Cláudio
d Sua obra insere-se no contexto do Romantismo português. Manuel da Costa exaltavam a vida bucólica e os amores tranquilos, seguindo a tradição dos
modelos clássicos, em um movimento literário que ficou conhecido como Arcadismo. Formados
e Temas religiosos, históricos e medievais estão presentes na prosa de Alexandre Herculano.
em Coimbra, Portugal, ambos ocupavam cargos públicos nas Minas Gerais e, em 1789,
Questão 160 (UnB) protagonizaram uma das primeiras conspiraç ões separatistas na colônia: a Conjuração Mineira.
PARA RESPONDER A QUESTÃO, LEIA O TEXTO BASE 2 (NAPOLITANO, Marcos; VILLAÇA, Mariana. História para o ensino médio. São Paulo: Saraiva,
2013. p. 293)
A figura do índio apresentada por José de Alencar em Iracema e a criada por Mário de Andrade Os eventos da vida pessoal e política de importantes figuras da Vila Rica do século XVIII foram
em Macunaíma são semelhantes e fortemente influenciadas pelo conceito do bom selvagem, representados,
formulado por Rousseau.
a no auge do Romantismo, na ficção de Manuel Antonio de Almeida.
a CERTO
b no nascedouro do Naturalismo, nos romances de Aluísio Azevedo.
b ERRADO
c já em meados do século XX, na poesia de Cecília Meireles.
Questão 161 (UFRGS) d ao fim do século XX, em uma dura sátira concebida pelos poetas concretos.
A protagonista de Lucíola, romance de José de Alencar, e mais recentemente, em reportagens romanceadas de Antonio Callado.
a recusa-se a receber Paulo em seus aposentos, pois quer evitar o ciúme de seus pretendentes
TEXTO BASE 17
e de seus clientes.
b assume o papel de mulher fatal, a fim de garantir que o homem que desonrou sua família seja Leia o texto para responder à questão.
punido e abandonado pela esposa.
Metaforicamente, o Brasil vive com um pé no campo e outro na cidade, o que se reflete na
c participa de uma orgia em que se embebeda, canta cançonetas obscenas e ofende os literatura, que sempre espelha imagens sutis da nação. Amadurecemos mantendo uma divisão
convidados com insinuações sobre a honra masculina. marcante entre esses dois mundos, a um tempo geográficos e ideológicos. José de Alencar
d evita casar com Couto, com o propósito de preservar o patrimônio da família dele, pois ela (1829-1877) fez do exotismo brasileiro a chave da nacionalidade (do “nacionalismo”, diríamos
não controlava seu ímpeto de consumo e de ostentação. hoje), de acordo com o ideário de poder do longo período de Dom Pedro II: seus romances eram
e apaixona-se por Paulo – que retribui o sentimento –, abandona a prostituição e vem a morrer mapas geográfico-mentais que nos definiam brasileiros (numa imagem, aliás, em que o negro
nos braços de seu amado. ainda estava ausente, embora fosse visto em toda parte). Já o mulato Machado de Assis (1839-
1908), criador da literatura mais refinada das Américas do seu tempo, jamais gastou duas linhas
para descrever a natureza, o exótico, o peculiar – todo o seu universo é puramente urbano e
mental. Nessas duas vertentes, encontramos duas imagens culturais do Brasil, que se
entrecruzam numa tensão que permanece vivíssima entre nós.
(Cristovão Tezza. “Mundo rural, mundo urbano, e o Brasil no meio”. www.gazetadopovo.com.br, 27.10.2014.)
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PARA RESPONDER A QUESTÃO, LEIA O TEXTO BASE 19 Estas palavras ecoavam docemente pelos atentos ouvidos de Guaraciaba, e lhe ressoavam
n'alma como um hino celestial. Ela sentia-se ao mesmo tempo enternecida e ufana por ouvir
Referendado pelas condições de produção do Romantismo, o sujeito poético, no texto II, vê o aquele altivo e indômito guerreiro pronunciar a seus pés palavras do mais submisso e mavioso
amor como amor, e respondeu-lhe cheia de emoção: - ltajiba, tuas falas são mais doces para minha alma que
a um sentimento incapaz de mudar a realidade, caracterizado pelo pessimismo e pela os favos da jataí, ou o suco delicioso do abacaxi. Elas fazem-me palpitar o coração como a flor
insatisfação existencial. que estremece ao bafejo perfumado das brisas da manhã. Tu me amas, bem o sei, e o amor que
te consagro também não é para ti nenhum segredo, embora meus lábios não o tenham revelado.
b uma constante evasão através de um sonho capaz de idealizar a relação amorosa intensa em
Aflor, mesmo nas trevas, se trai pelo seu perfume; a fonte do deserto, escondida entre os
que os amantes se fundem em um único ser.
rochedos, se revela por seu murmúrio ao caminhante sequioso. Desde os primeiros momentos tu
c uma metáfora da união dos amantes, mesmo diante de todas as dificuldades descritas para a viste meu coração abrir-se para ti, como a flor do manacá aos primeiros raios do sol.
realização da experiência amorosa. GUIMARÃES, B. O ermitão de Muquém. Disponível em: www.dominiopublico.gov.br. Acesso em: 7 out. 2015.
d uma idealização do sentimento platônico que se torna suficiente para satisfazer o eu poético e
abandonar o seu projeto de concretização amorosa. O texto de Bernardo Guimarães é representativo da estética romântica. Entre as marcas textuais
e uma expressão carregada de sensualidade que descreve, de forma surrealista, o contato que evidenciam a filiação a esse movimento literário está em destaque a
físico entre o ser que ama e que é amado. a referência a elementos da natureza local.
Questão 171 (FAG) b exaltação de Itajiba como nobre guerreiro.
c cumplicidade entre o narrador e a paisagem.
Considerando a obra Senhora, de José de Alencar, como um todo, indique a alternativa que não
condiz com o enredo do romance: d representação idealizada do cenário descrito.
a O casamento é apresentado como uma transação comercial e, por isso, o romance estrutura- e expressão da desilusão amorosa de Guaraciaba.
se em quatro partes: preço, quitação, posse, resgate. Questão 173 (UPF)
b Aurélia Camargo, preferida por Fernando Seixas, compra-o e ele, contumaz caça-dote,
sujeita-se ao constrangimento de uma união por interesse. A literatura _______________ representa frequentemente o indivíduo que, impelido por forte
emoção e pelo senso de liberdade, entra em choque com o mundo real que o cerca.
c A narrativa marca-se pelo choque entre o mundo do amor idealizado e o mundo da A narrativa _______________ representa de modo objetivo e minucioso personagens,
experiência degradante governado pelo dinheiro. comportamentos e relações sociais, com a finalidade moral de desvelar os vícios e a
d O romance gira em torno de intrigas amorosas, de desigualdade econômica, mas, com final mediocridade que os caracterizam.
feliz, porque, nele, o amor tudo vence. A poesia _______________ busca, pelas associações imagísticas, pela sonoridade e pelo ritmo,
e O casamento é só de fachada e a união não se consuma, visto que resulta de acordo no qual sugerir um mundo superior, que transcenda o mundo apreendido pelos órgãos dos sentidos.
as aparências sociais devem ser mantidas. A poesia _______________, por meio de um estilo exuberante, feito frequentemente de antíteses
e paradoxos, exprime uma visão de mundo contraditória, dividida entre os valores espirituais
cristãos, próprios da Idade Média, e os valores racionais e sensoriais, próprios do Renascimento.
As palavras que preenchem corretamente as lacunas nas frases são, respectivamente:
a barroca – realista – romântica – simbolista.
b realista – barroca – simbolista – romântica.
c realista – romântica – barroca – simbolista.
d romântica – realista – simbolista – barroca.
e romântica – simbolista – realista – barroca.
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[1] No pavimento térreo, ao lado esquerdo, havia na casa das Laranjeiras uma varanda de estilo
Entre todas essas elegantes e agradáveis moças, que com aturado empenho se esforçam por campestre,
ver qual delas vence em graças, encantos e donaires, certo que sobrepuja a travessa Moreninha, decorada com palmeiras vivas e corbelhas de parasitas.
princesa daquela festa. Servia de sala de bilhar, e aí costumava Aurélia e o marido passarem a tarde, quando o tempo
Hábil menina é ela! Nunca seu amor-próprio produziu com tanto estudo seu toucador e, não
contudo, dir se-ia que o gênio da simplicidade a penteara e vestira. Enquanto as outras moças convidava ao passeio no jardim.
haviam esgotado a paciência de seus cabeleireiros, posto em tributo toda a habilidade das [5] Aí foi Seixas encontrar dois grandes quadros, colocados nos respectivos cavaletes. Na tela
modistas da Rua do Ouvidor e coberto seus colos com as mais ricas e preciosas joias, D. viam-se
Carolina dividiu seus cabelos em duas tranças, que deixou cair pelas costas; não quis ornar o esboços de dois retratos, o de Aurélia, e o seu, que um pintor notável, êmulo de Vítor Meireles e
pescoço com seu adereço de brilhantes nem com seu lindo colar de esmeraldas; vestiu um Pedro
finíssimo, mas simples vestido de garça, que até pecava contra a moda reinante, por não ser Américo, havia delineado à vista de alguma fotografia, para retocá-lo em face dos modelos.
sobejamente comprido. Vindo assim aparecer na sala, arrebatou todas as vistas e atenções. Ao olhar interrogador do marido, Aurélia respondeu:
Porém, se um atento observador a estudasse, descobriria que ela adrede se mostrava assim, – É um ornato indispensável à sala.
para ostentar as longas e ondeadas madeixas negras, em belo contraste com a alvura de seu [10] – Julga que seja indispensável? Parecia-me ao contrário inconveniente reproduzir ainda que
vestido branco, e para mostrar, todo nu, elevado colo de alabastro. seja por esse
modo, uma presença que tanto lhe deve importunar.
A partir do excerto acima, afirma-se: – Não se tira retrato d’alma. Felizmente!... observou Aurélia com o misterioso sorriso que desde
certo
I. Observa-se nele uma das características românticas mais marcantes: a idealização da mulher, tempo acompanhava essas palavras de sentido recôndito.
como forma de valorizá-la. Seixas prestou-se passivamente ao papel de modelo. As sessões à tarde tinham ficado
II. Como o público consumidor de folhetins era, basicamente, o feminino, os escritores reservadas para ele
procuravam descrever o vestuário das heroínas dos romances. [15] a fim de não estorvar-lhe o trabalho da repartição.
III. Os ambientes dos romances urbanos eram, em maioria, burgueses, pois a descrição de (ALENCAR, José de. Senhora. 34ª ed. São Paulo: Ática, 2005. pg. 160)
espaços miseráveis não atrairia público para os folhetins.
IV. D. Carolina, chamada de Moreninha, para sobressair na festa, opta pela simplicidade, Pertence à mesma Escola que Alencar:
conseguindo, com esse artifício, o destaque que desejara. a Murilo Mendes.
V. O “colo de alabastro” revela que a Moreninha era branca, pois alabastro é uma pedra de cor b Ariano Suassuna.
clara; sendo assim, seu apelido se justifica no sentido europeu, a de ser branca com cabelos
negros. c Inglês de Sousa.
d Bernardo Guimarães.
Assinale a afirmativa correta:
a Somente as afirmativas I, II e IV estão corretas
b Somente as afirmativas I, III e IV estão corretas
c Somente as afirmativas II, III e V estão corretas
d Somente as afirmativas II, IV e V estão corretas
e Todas as afirmativas estão corretas