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Simulado 179 questões


Questão 1 (UFRGS) Questão 2 (UNIFOR)
Considere as seguintes afirmações sobre Maria Firmina dos Reis e seu romance Úrsula. Canção do exílio

I - O romance Úrsula foi publicado no Maranhão, em 1859, sob o pseudônimo de “Uma Minha terra tem palmeiras,
Maranhense”, e quase não se tem notícia de sua circulação à época da publicação. Recuperado Onde canta o sabiá;
na segunda metade do século XX, só então o livro passa a ser reeditado e minimamente debatido As aves, que aqui gorjeiam,
no meio literário. Não gorjeiam como lá.
II - Nas primeiras páginas do romance, uma voz que pode ser lida como a da autora apresenta, a
modo de prólogo, seu livro ao leitor, consciente das limitações que seriam impostas a ele por ter Nosso céu tem mais estrelas,
sido escrito por uma mulher brasileira de educação acanhada. Nossas várzeas têm mais flores,
III- A circulação limitada de Úrsula dá mostras de que, associados ao valor estético, fatores como Nossos bosques têm mais vida,
classe social, gênero e raça do escritor também participam da definição do cânone literário. Nossa vida mais amores.

Quais estão corretas? Em cismar, sozinho, à noite,


a Apenas I. Mais prazer encontro eu lá;
Minha terra tem palmeiras,
b Apenas III.
Onde canta o Sabiá.
c Apenas I e II.
d Apenas II e III. Minha terra tem primores,
e I, II e III. Que tais não encontro eu cá;
Em cismar – sozinho, à noite –
Mais prazer encontro eu lá;
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá.

Não permita Deus que eu morra,


Sem que eu volte para lá;
Sem que desfrute os primores
Que não encontro por cá;
Sem qu’inda aviste as palmeiras,
Onde canta o Sabiá.
DIAS, Gonçalves. In: RONCARI, Luiz. Literatura Brasileira: dos primeiros cronistas aos últimos românticos. São
Paulo: Edusp, 2002. p. 320.

Considerando o poema “Canção do exílio”, avalie as afirmações a seguir.

(I) Todos os versos são heptassílabos, ou seja, formados por sete sílabas poéticas.
(II) Na segunda estrofe, temos uma figura de linguagem denominada anáfora.
(III) O eu lírico apresenta um sentimento que deve ser classificado como ufanismo.

É correto apenas o que se afirma em


a I.
b II.
c III.
d II e III.
e I, II e III.
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Questão 3 (UNICAMP) Questão 5 (ESPM)


Muito me pesa, leitor amigo, se outra coisa esperavas das minhas Viagens, se te falto, sem o Texto 1
querer, a promessas que julgaste ver nesse título, mas que eu não fiz decerto. Querias talvez que Convencida de que todos os seus inúmeros apaixonados, sem exceção de um, a pretendiam
te contasse, marco a marco, as léguas das estradas? unicamente pela riqueza, Aurélia reagia contra essa afronta, aplicando a esses indivíduos o
(Almeida Garrett, Viagens na minha terra. São Paulo: Ateliê Editorial, 2012, p. 218.) mesmo estalão.
No trecho acima, o narrador garrettiano admite que traiu as expectativas do leitor. Tal fato deveu- Assim costumava ela indicar o merecimento de cada um dos pretendentes, dando-lhes certo
se valor monetário. Em linguagem financeira, Aurélia cotava os seus adoradores pelo preço que
a à descrição pormenorizada da natureza e dos monumentos históricos das cidades razoavelmente poderiam obter no mercado matrimonial.
portuguesas. (Senhora, de José de Alencar)

b ao caráter linear do relato ficcional, que se fixou nos detalhes do percurso realizado durante a
Texto 2
viagem a Santarém.
Tudo veio à tona na última quinta-feira (5/10), quando o jornal norte-americano The New York
c ao caráter digressivo do relato ficcional, que mesclou vários gêneros textuais. Times publicou um artigo acusando Weinstein de praticar abusos contra atrizes que atuaram em
d às posições políticas assumidas pelo narrador, que propõe uma visão conservadora da filmes de sua produtora. Em menos de 24 horas, a história estourou mundialmente, levando
história de Portugal. artistas de alto nível a denunciarem o produtor por assédio em uma linha temporal, desde 1990.
(http://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia/ diversao-e-arte/2017/10/11/interna_diversao_arte,6 33117/a-
Questão 4 (UNIMONTES)
historia-de-assedio-de-weinstein--hollywoo d.shtml)
Sobre Parangolivro, de Aroldo Pereira, NÃO é verdadeira a alternativa Pode-se dizer que o texto 1, literário, do Romantismo brasileiro, e o texto 2, referencial, notícia de
a Os poemas dialogam com artistas que participaram da vivência do poeta e com outros da jornal, possuem um tema comum. Assinale a opção que aborda o referido assunto.
tradição literária universal. a O assédio sexual sobre a mulher em diferentes meios sociais.
b O humor é um dos tons que se encontram nos versos de Aroldo, traduzindo uma atitude b O interesse econômico interferindo nas relações amorosas.
cética e irônica frente a alguns percalços da vida. c A ascensão e o destaque na sociedade através da sexualidade.
c O eu lírico vê o mundo pela fresta da melancolia e do desespero, fazendo concessões à d O interesse por trás da ação masculina sob pretexto de mero relacionamento.
estética romântica.
e A abordagem masculina com conotações de caráter sexual promíscuo.
d O mundo íntimo do eu lírico funde-se ao mundo exterior, com seus apelos e suas
circunstâncias, resultando numa poética comprometida com o ser e o estar no mundo.

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TEXTO BASE 1 [03] que era e naturalmente não acudia. Arminda ia alegando que o senhor
[04] era muito mau, e provavelmente a castigaria com açoutes, - cousa
Poema de Finados [05] que, no estado em que ela estava, seria pior de sentir. Com certeza,
[01] Amanhã que é dia dos mortos [06] ele lhe mandaria dar açoutes.
[02] Vai ao cemitério. Vai [07] — Você é que tem culpa. Quem lhe manda fazer filhos e fugir depois?
[03] E procura entre as sepulturas [08] perguntou Cândido Neves.
[04] A sepultura de meu pai. [09] Não estava em maré de riso, por causa do filho que lá ficara na
[10] farmácia, à espera dele. Também é certo que não costumava dizer
[05] Leva três rosas bem bonitas. [11] grandes cousas. Foi arrastando a escrava pela Rua dos Ourives, em
[06] Ajoelha e reza uma oração. [12] direção à da Alfândega, onde residia o senhor. Na esquina desta a luta
[07] Não pelo pai, mas pelo filho: [13] cresceu; a escrava pôs os pês à parede, recuou com grande esforço,
[08] O filho tem mais precisão. [14] inutilmente. O que alcançou foi, apesar de ser a casa próxima, gastar
[15] mais tempo em lá chegar do que devera. Chegou, enfim, arrastada,
[09] O que resta de mim na vida [16] desesperada, arquejando. Ainda ali ajoelhou-se, mas em vão. O
[10] É a amargura do que sofri. [17] senhor estava em casa, acudiu ao chamado e ao rumor.
[11] Pois nada quero, nada espero. [18] — Aqui está a fujona, disse Cândido Neves.
[12] E em verdade estou morto ali. [19] — É ela mesma.
Manuel Bandeira [20] — Meu senhor!
[21] — Anda, entra...
Versos a um coveiro [22] Arminda caiu no corredor. Ali mesmo o senhor da escrava abriu
[01] Numerar sepulturas e carneiros, [23] a carteira e tirou os cem mil-réis de gratificação. Cândido Neves
[02] Reduzir carnes podres a algarismos, [24] guardou as duas notas de cinquenta mil-réis, enquanto o senhor
[03] Tal é, sem complicados silogismos, [25] novamente dizia à escrava que entrasse. No chão, onde jazia, levada
[04] A aritmética hedionda dos coveiros! [26] do medo e da dor, e após algum tempo de luta a escrava abortou.
[27] O fruto de algum tempo entrou sem vida neste mundo, entre os
[05] Um, dois, três, quatro, cinco... Esoterismos [28] gemidos da mãe e os gestos de desespero do dono.
[06] Da Morte! E eu vejo, em fúlgidos letreiros, Machado de Assis
[07] Na progressão dos números inteiros
[08] A gênese de todos os abismos! Questão 6 (Mackenzie)

[09] Oh! Pitágoras da última aritmética, PARA RESPONDER A QUESTÃO, LEIA O TEXTO BASE 1
[10] Continua a contar na paz ascética
A partir dos três autores selecionados, considere as seguintes afirmações:
[11] Dos tábidos carneiros sepulcrais
I. Manuel Bandeira foi poeta determinante na idealização e na organização da Semana de Arte
Moderna de 1922.
[12] Tíbias, cérebros, crânios, rádios e úmeros,
II. Augusto dos Anjos, em função de sua perfeição métrica e rítmica, é considerado um dos
[13] Porque, infinita como os próprios números
expoentes da tríade parnasiana.
[14] A tua conta não acaba mais!
III. Machado de Assis abandonou a prosa romântica para desenvolver as digressões textuais,
Augusto dos Anjos
característica fundadora da prosa realista.
Assinale a alternativa correta.
Vocabulário:
a Estão corretas as afirmações I e II.
Carneiros - criptas, subterrâneos sepulcrais
Fúlgidos - brilhantes b Estão corretas as afirmações II e III.
Ascética - próprio do asceta, de quem se entrega a práticas espirituais, levando vida c Estão corretas as afirmações I e III.
contemplativa d Todas as afirmações estão corretas.
Tábitos - pobres, corruptos e Nenhuma das afirmações está correta.
Tíbias - ossos que constituem a perna
Rádios - ossos que constituem o antebraço
Úmeros - ossos que vão do cotovelo ao ombro

Pai contra mãe (fragmento)


[01] Houve aqui luta, porque a escrava, gemendo, arrastava-se a si e ao
[02] filho. Quem passava ou estava à porta de uma loja, compreendia o /
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Questão 7 (UFVJM) Questão 8 (UEA - SIS)


Leia o texto a seguir Entre a extensa e significativa obra de José de Alencar contam-se os romances O Guarani,
Lucíola, Iracema, O Gaúcho, O Sertanejo e Senhora.
Texto IV
I O propósito de Alencar, ao produzir esse conjunto de romances tão diversificados, foi
Aqui na floresta a exaltar a figura do indígena como símbolo nacional, porém sob perspectiva menos idealizada
Dos ventos batida, que a de Gonçalves Dias.
Façanhas de bravos
b incentivar a consciência de um Brasil independente por meio de uma literatura que traçasse
Não geram escravos,
um panorama da nação.
Que estimem a vida
Sem guerra e lidar. c refletir sobre as condições burguesas em que viviam os integrantes da Corte, ambiente que
- Ouvi-me, Guerreiros. conhecia bem por ter nascido no Rio de Janeiro.
- Ouvi meu cantar. d ressaltar a exuberância da natureza brasileira e a contribuição vital dos afrodescendentes na
composição de nossa identidade.
II e opor-se à interferência da cultura europeia na formação do Brasil, declarado nação
Valente na guerra independente em 1822.
Quem há, como eu sou?
Quem vibra o tacape Questão 9 (UNIMONTES)
Com mais valentia? Leia o fragmento abaixo, extraído da obra A alma encantadora das ruas: crônicas, de João do
Quem golpes daria Rio, para responder à questão proposta.
Fatais, como eu dou?
- Guerreiros, ouvi-me; As conversas variam, o amor varia, os ideais são completamente outros, e até o namoro, essa
- Quem há, como eu sou? encantadora primeira fase do eclipse do casamento, essa meia ação da simpatia que se funde
em desejo, é absolutamente diverso. Em Botafogo, à sombra das árvores do parque ou no grande
(...) portão, Julieta espera Romeu, elegante e solitária; em Haddock Lobo, Julieta garruleia em bandos
pela calçada; e nas casas humildes da Cidade Nova, Julieta, que trabalhou todo o dia pensando
IX nessa hora fugace, pende à janela o seu busto formoso...
E então se de novo (RIO, 2007, p. 37.)
Eu toco o Boré;
Qual fonte que salta Sobre a obra A alma encantadora das ruas: crônicas, é correto afirmar, EXCETO
De rocha empinada, a Publicada no período do Romantismo, a obra tem, em seu título, a síntese do encantamento
Que vai marulhosa, do narrador diante das experiências da vida.
Fremente e queixosa,
Que a raiva apagada b O narrador, que afirma amar a rua, descreve, com detalhes, as dores e prazeres dos
De todo não é, caminhantes da cidade do Rio de janeiro.
Tal eles se escoam c O livro possui fragmentos poéticos e estabelece intertextualidade com textos de escritores de
Aos sons do Boré. diferentes origens e épocas.
- Guerreiros, dizei-me, d A obra é uma coletânea de textos em que há, não poucas vezes, a ocorrência de um humor
- Tão forte quem é? negro.
Fonte: DIAS, Gonçalves. Primeiros cantos. Domínio público.
ASSINALE a alternativa CORRETA a respeito do eu-lírico do poema O canto do guerreiro.
a O eu-lírico do poema, homem branco, esforça-se em compreender o universo indígena,
ressaltando seus hábitos de guerra.
b O eu-lírico do poema, homem indígena, é constituído por Gonçalves Dias de maneira
fidedigna à realidade do índio, sem influência da cultura europeia.
c O eu-lírico do poema, homem indígena, é constituído por Gonçalves Dias à semelhança da
imagem do cavaleiro medieval europeu, caracterizado por honra, fé e valentia.
d O eu-lírico do poema, homem branco, compreende o universo indígena à semelhança da
imagem do cavaleiro medieval europeu, caracterizado por honra, fé e valentia.

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Questão 10 (CESUPA) Questão 11 (FATEC)


Leia o fragmento da obra “Senhora”, de José de Alencar.

Quando Seixas achava-se ainda sob o império desta nova contrariedade, apareceu na sala a
Aurélia Camargo, que chegara naquele instante. Sua entrada foi como sempre um
deslumbramento; todos os olhos voltaram-se para ela; pela numerosa e brilhante sociedade ali
reunida passou o frêmito das fortes sensações. Parecia que o baile se ajoelhava para recebê-la
com o fervor da adoração. Seixas afastou-se. Essa mulher humilhava-o. Desde a noite de sua
chegada que sofrera a desagradável impressão. Refugiava-se na indiferença, esforçava-se por
combater com o desdém a funesta influência, mas não o conseguia. A presença de Aurélia, sua
Epitáfio é uma inscrição tumular em que é feito um breve elogio a um morto, um enaltecimento. esplêndida beleza, era uma obsessão que o oprimia. Quando, como agora, a tirava da vista
Em que epitáfio o estilo da escrita denuncia o eu lírico como pertencente à estética romântica? fugindo-lhe, não podia arrancá-la da lembrança, nem escapar à admiração que ela causava e que
a “Aqui jaz um grande poeta. o perseguia nos elogios proferidos a cada passo em torno de si. No Cassino, Seixas tivera um
Nada deixou escrito. reduto onde abrigar-se dessa cruel fascinação.
Este silêncio, acredito,
São suas obras completas.” Acesso em: 17.09.2015. Adaptado.
b “O que não escrevi, calou-me.
O que não fiz, partiu-me. É correto afirmar que essa obra pertence ao
O que não senti, doeu-me. a Romantismo, pois ela critica os valores burgueses, exalta a natureza e a vida simples do
O que não vivi, morreu-me. campo, denunciando a corrupção e a hipocrisia na sociedade fluminense do século XX.
O que odiei, adeu-se.” b Romantismo, pois ela enaltece a fragilidade da mulher e exprime de forma contida os
c “Descansem o meu leito solitário sentimentos das personagens, situando-as no contexto da sociedade paulista do século XX.
Na floresta dos homens esquecida, c Romantismo, pois ela exalta a figura feminina, expõe, de maneira exacerbada, os sentimentos
À sombra de uma cruz, e escrevam nela: das personagens, tendo como pano de fundo os costumes da sociedade fluminense do século
Foi poeta - sonhou - e amou na vida.” XIX.
d “Devia ter me importado menos d Modernismo, pois ela idealiza a mulher e a juventude e trata da infelicidade dos amores não
Com problemas pequenos, correspondidos, inserindo as personagens na sociedade fluminense do século XX.
Ter morrido de amor”
e Modernismo, pois ela se opõe ao exagero na expressão dos sentimentos e ao papel de
submissão destinado às mulheres, retratando o cotidiano da sociedade paulista do século XX.

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TEXTO BASE 2 [49] consigo a ponta farpada.


O guerreiro falou:
Texto para o item. — Quebras comigo a flecha da paz?
[52] — Quem te ensinou, guerreiro branco, a linguagem de
Iracema meus irmãos? Donde vieste a estas matas, que nunca viram outro
[1] Além, muito além daquela serra, que ainda azula no guerreiro como tu?
horizonte, nasceu Iracema. [55] — Venho de bem longe, filha das florestas. Venho das
Iracema, a virgem dos lábios de mel, que tinha os terras que teus irmãos já possuíram, e hoje têm os meus.
[4] cabelos mais negros que a asa da graúna, e mais longos que — Bem-vindo seja o estrangeiro aos campos dos
seu talhe de palmeira. [58] tabajaras, senhores das aldeias, e à cabana de Araquém, pai de
O favo da jati não era doce como seu sorriso; nem a Iracema.
[7] baunilha recendia no bosque como seu hálito perfumado. José de Alencar. Iracema. São Paulo: Ed. Ática, 1991, p. 23.
Mais rápida que a ema selvagem, a morena virgem
corria o sertão e as matas do Ipu, onde campeava sua guerreira Considerando o trecho acima, da obra Iracema, de José de Alencar, julgue o item.
[10] tribo, da grande nação tabajara. O pé grácil e nu, mal roçando,
alisava apenas a verde pelúcia que vestia a terra com as Questão 12 (UnB)
primeiras águas.
[13] Um dia, ao pino do Sol, ela repousava em um claro da PARA RESPONDER A QUESTÃO, LEIA O TEXTO BASE 2
floresta. Banhava-lhe o corpo a sombra da oiticica, mais fresca No Romantismo brasileiro, a natureza tropical é caracterizada literariamente como expressão da
do que o orvalho da noite. Os ramos da acácia silvestre nacionalidade, o que se verifica no romance Iracema.
[16] esparziam flores sobre os úmidos cabelos. Escondidos na
folhagem os pássaros ameigavam o canto. a CERTO
Iracema saiu do banho: o aljôfar d’água ainda a roreja, b ERRADO
[19] como à doce mangaba que corou em manhã de chuva.
Enquanto repousa, empluma das penas do guará as Questão 13 (UNIFESP)
flechas de seu arco, e concerta com o sabiá da mata, pousado no Os __________ haviam “civilizado” a imagem do índio, injetando nele os padrões do
[22] galho próximo, o canto agreste. cavalheirismo convencional. Os __________ , ao contrário, procuraram nele e no negro o
A graciosa ará, sua companheira e amiga, brinca junto primitivismo, que injetaram nos padrões da civilização dominante como renovação e quebra das
dela. Às vezes sobe aos ramos da árvore e de lá chama a virgem convenções acadêmicas.
[25] pelo nome; outras remexe o uru de palha matizada, onde traz a (Antonio Candido. Iniciação à literatura brasileira, 2010. Adaptado.)
selvagem seus perfumes, os alvos fios do crautá, as agulhas da
juçara com que tece a renda, e as tintas de que matiza o algodão. As lacunas do texto devem ser preenchidas, respectivamente, por
[28] Rumor suspeito quebra a doce harmonia da sesta. Ergue a românticos e simbolistas.
a virgem os olhos, que o sol não deslumbra; sua vista
b árcades e simbolistas.
perturba-se.
[31] Diante dela e todo a contemplá-la está um guerreiro c árcades e modernistas.
estranho, se é guerreiro e não algum mau espírito da floresta. d românticos e modernistas.
Tem nas faces o branco das areias que bordam o mar; nos olhos e simbolistas e modernistas.
[34] o azul triste das águas profundas. Ignotas armas e tecidos ignotos
cobrem-lhe o corpo.
Foi rápido, como o olhar, o gesto de Iracema. A flecha
[37] embebida no arco partiu. Gotas de sangue borbulham na face do
desconhecido.
De primeiro ímpeto, a mão lesta caiu sobre a cruz da
[40] espada; mas logo sorriu. O moço guerreiro aprendeu na religião
de sua mãe, onde a mulher é símbolo de ternura e amor. Sofreu
mais d’alma que da ferida.
[43] O sentimento que ele pôs nos olhos e no rosto, não o sei
eu. Porém, a virgem lançou de si o arco e a uiraçaba, e correu
para o guerreiro, sentida da mágoa que causara.
[46] A mão que rápida ferira, estancou mais rápida e
compassiva o sangue que gotejava. Depois Iracema quebrou a
flecha homicida: deu a haste ao desconhecido, guardando /
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Questão 14 (UFGD) Questão 16 (UEG)


Leia os fragmentos a seguir, selecionados do 47.livro Silvino Jacques: O último dos Na repartição, os pequenos empregados, amanuenses e escreventes, tendo notícia desse seu
bandoleiros, de Brígido Ibanhes. estudo do idioma tupiniquim, deram não se sabe por que em chamá-lo – Ubirajara.

''O cidadão Silvino Helmiro Jacques, também conhecido como Silvino Hermiro Jacques, Sylvino BARRETO, Lima. Triste fim de Policarpo Quaresma. São Paulo: Penguim, 2011. p. 86.
Jacques, nasceu em 17 de fevereiro de 1906, no Rincão de Santana, distrito de Camaquã,
município de São Borja, na região das Missões do Estado do Rio Grande do Sul. Era um dos Em função de seu extremo patriotismo, o major Quaresma decidiu aprender o tupi-guarani, para
filhos de Leão Pedro Jacques e de Máxima Santa Ana Jacques e afilhado de Getúlio Dornelles ele a língua dos únicos brasileiros puros, os índios. O apelido de Ubirajara, dado pelos colegas de
Vargas. Seu pai trabalhava como carneador no sítio do eminente estadista quando do seu trabalho, refere-se ao
nascimento''. a caso de um índio tupiniquim que aprendeu português com os jesuítas e foi mandado para a
corte, onde chegou a se tornar um mestre-escola.
''Nessa viagem iam o Aniceto, o Bernabé, o Chico Espinosa e outro porterenho num comboio de
quatro carretas. Eles retornaram de Porto Murtinho, chegando ao anoitecer na região do b nome de um guerreiro indígena que lutou contra as tentativas de escravização de sua tribo
Carandazinho. Na hora que desatrelavam as juntas de bois tambeiros, avistaram os cavaleiros por parte dos portugueses, no século XVI.
que vinham pela trilha do lado de Porteiras. c processo de aculturação dos nativos, no qual era comum os brancos adotarem nomes
Foram se achegando devagar e apearam a alguma distância. Largaram os cavalos no pasto e se indígenas, para melhor dominá-los.
encaminharam em direção às carretas. Aniceto reconheceu o Silvino e o Pedro Cruz, equipados d título de um romance de José de Alencar, no qual o protagonista é um índio não corrompido
para viagem. frente aos valores europeus.
- Vocês já tomaram mate? – perguntou o capitão.
- Ainda não... – respondeu Bernabé, convidando-os a se ajeitarem que ele já ia servi-los. Por Questão 17 (UNIFESP)
cortesia e hospitalidade o mascate atendia bem a todos e a qualquer viajante que poderia acabar O crítico Massaud Moisés assinala o filosofismo como uma das características de Memórias
lhe comprando alguma mercadoria''. póstumas de Brás Cubas, romance que inaugura a produção madura de Machado de Assis. Tal
A partir dos trechos destacados, pode-se afirmar que essa obra é filosofismo pode ser identificado na passagem:
a um livro de História, sem estrutura narrativa, que documenta a vida do bandoleiro gaúcho a “O fundador da minha família foi um certo Damião Cubas, que floresceu na primeira metade
Silvino Jacques no Rio Grande do Sul e no Sul do Mato Grosso. do século XVIII. Era tanoeiro de ofício, natural do Rio de Janeiro, onde teria morrido na
b um romance ficcional, com estrutura narrativa, que conta as aventuras do cangaceiro mato- penúria e na obscuridade, se somente exercesse a tanoaria.”
grossense Silvino Jacques, personagem inspirado nas grandes figuras do cangaço brasileiro. b “Entre o queijo e o café, demonstrou-me Quincas Borba que o seu sistema era a destruição
c um romance histórico, que mescla documentação biográfica e elementos narrativos, tais como da dor. A dor, segundo o Humanitismo, é uma pura ilusão. Quando a criança é ameaçada por
flashbacks, clímax e narrativa em 3ª pessoa, dentre outros. um pau, antes mesmo de ter sido espancada, fecha os olhos e treme; essa predisposição, é que
d um livro de crônicas, que descreve a passagem do pistoleiro gaúcho Silvino Jacques pelo Sul constitui a base da ilusão humana, herdada e transmitida.”
do Mato Grosso na primeira metade do século XX. c “Dito isto, expirei às duas horas da tarde de uma sexta-feira do mês de agosto de 1869, na
e um livro de memórias, composto por entrevistas, depoimentos e relatos históricos sobre minha bela chácara de Catumbi. Tinha uns sessenta e quatro anos, rijos e prósperos, era
Silvino Jacques, o maior bandoleiro de Mato Grosso no final da década de 1930. solteiro, possuía cerca de trezentos contos e fui acompanhado ao cemitério por onze amigos.”
d “Não houve nada, mas ele suspeita alguma coisa; está muito sério e não fala; agora saiu.
Questão 15 (FPP) Sorriu uma vez somente, para Nhonhô, depois de o fitar muito tempo, carrancudo. Não me
Entre os princípios estéticos e ideológicos do Romantismo, podemos incluir: tratou mal nem bem. Não sei o que vai acontecer; Deus queira que isto passe. Muita cautela, por
ora, muita cautela.”
a Compromisso com a verossimilhança, transcendência do real, descrição de caracteres e
concepção eufórica da vida. e “Por exemplo, um dia quebrei a cabeça de uma escrava, porque me negara uma colher do
doce de coco que estava fazendo, e, não contente com o malefício, deitei um punhado de
b Contemporaneidade, misticismo, preocupação com o detalhismo e com a forma.
cinza ao tacho, e, não satisfeito da travessura, fui dizer à minha mãe que a escrava é que
c Preferência pelo gênero narrativo (romance e conto) e predominância do espírito dionisíaco estragara o doce ‘por pirraça’; e eu tinha apenas seis anos.”
que enfatiza a liberdade, a desordem e as forças do subconsciente coletivo.
d Representação de uma realidade interior, ênfase na imaginação e fascínio pela força da
natureza.
e Contemporaneidade, descrição fiel dos personagens, detalhismo e lentidão, fascínio pela
força da natureza e otimismo.

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Questão 18 (UPF) Questão 20 (UNIFOR)


Sobre o romance Iracema, de José de Alencar, é incorreto afirmar que: O estilo acadêmico e rígido do Neoclassicismo começa a declinar e vem uma reação às regras e
a apresenta um narrador onisciente, em terceira pessoa. modelos clássicos greco-romanos. Há necessidade de expressão, de emoção, de paixão. O
b incorpora inúmeros termos indígenas, com o intuito de forjar uma língua literária nacional. equilíbrio e a simplicidade deixam de ser os objetivos do artista. Ele quer demonstrar outros
interesses, quer buscar as raízes da nacionalidade, quer enaltecer a natureza tropical, quer voltar
c simboliza o consórcio do português e do indígena na formação da nação rasileira. ao passado histórico, quer abandonar os mitos gregos e aprofundar sua própria religiosidade,
d possui, como argumento histórico, fatos relacionados ao estado de Pernambuco, terra natal quer viver o amor imensamente.
do autor. GARCEZ, Lucília; OLIVEIRA, Jô. Explicando a arte brasileira. Rio de Janeiro: Ediouro, 2004, p.80.
e vale-se da prosa poética na representação do espaço e das personagens. a Realismo.
b Naturalismo.
Questão 19 (UDESC)
c Romantismo.
d Barroco.
e Modernismo.

Analise as afirmações abaixo, em relação ao O Ateneu.

I - O diretor que esse fragmento menciona foi sempre um homem magnânimo e justo, atento às
necessidades dos educandos de seu colégio.
II - O Ateneu é um romance memorialista, com as ações acontecendo em tempo anterior ao da
narração dos fatos.
III - Apresentando características do Romantismo, em seu lançamento o romance foi saudado
pela forma como o autor urdiu uma história repleta de intrigas.
IV - O Ateneu representa um mundo fechado; ao querer moldar os meninos que ali estudam,
acaba por deformar-lhes a personalidade.
V - Ema, esposa de Aristarco, transforma-se em dedicada professora para os alunos.
VI - A história aborda dois anos da vida do narrador, em um internato masculino. É narrada em
primeira pessoa, por Sérgio já adulto.

Assinale a alternativa cujas afirmações se justificam pelo texto.


a Somente as afirmativas II e V são verdadeiras.
b Somente as afirmativas I, III e V são verdadeiras.
c Somente as afirmativas II, IV e VI são verdadeiras.
d Somente as afirmativas I, II e III são verdadeiras.
e Somente as afirmativas IV e VI são verdadeiras.

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Questão 21 (UFT) exposição dos fatos, característica marcante do romance de Manuel Antônio de Almeida.
IV. Pela leitura dos fragmentos 1, 2 e 3 depreende-se que não se pode falar em ironia e humor
Leia os fragmentos de texto abaixo e responda à questão a seguir: como característica marcante do romance de Manuel Antônio de Almeida.
Fragmento de texto 1 Assinale a alternativa CORRETA
_ Nunca pensei - interrompeu Chiquinha dirigindo-se ao Leonardo-Pataca, querendo afear mais o
a apenas I, II e IV estão corretas
caso _ , nunca pensei que na sua companhia se viesse a sofrer semelhante coisa...
_ Não faça caso, menina, isto é um pedaço de mariola a quem hei de ensinar; por causa de b apenas I, II e III estão corretas
ninguém dou-lhe eu uma rodada, se não por tua causa ... c apenas II, III, IV estão corretas
_ Por causa dela!... – atalhou o rapaz - ; tinha que ver! Há de lhe dar bom pago; tão bom como a d Nenhuma está correta
cigana... e Todas estão corretas
_ Mas nunca lhe hei de dar - acudiu Chiquinha enfurecida com este insulto - ; nunca lhe hei de
dar o que lhe deu tua mãe ...
Com isso Leonardo-Pataca desacoroçoou completamente; que dilúvio de amargas recordações
não fizeram tão poucas palavras cair sobre sua cabeça!
_ Espera maltrapilho, espera que te ensino...
E entrando repentinamente no quarto da sala, saiu de lá armado com o espadim do uniforme, e
investiu para o filho. Convém dizer que o espadim ia embainhado.
Manuel Antônio de Almeida in Memórias de um Sargento de Milícias.

Fragmento de texto 2
Se Leonardo não tivesse fugido, e arranjasse depois a soltura por qualquer meio, o Vidigal era até
capaz, por fim das contas, de ser seu amigo; mas tendo-o deixado mal, tinha-o por inimigo
irreconciliável enquanto não lhe desse desforra completa.
Já se vê que as fortunas do Leonardo redundavam-lhe sempre em mal; era realmente um mal
naquele tempo ter por inimigo o Major Vidigal, principalmente quando se tinha, como o Leornardo,
uma vida tão regular e tão lícita (... )
Manuel Antônio de Almeida in Memórias de um Sargento de Milícias.

Fragmento de texto 3
Um dia o toma-largura tinha saído em serviço; ninguém esperava por ele tão cedo: eram onze
horas da manhã. O Leonardo, por um daqueles milhares de escaminhos que existem na Ucharia,
tinha ido ter à casa do toma-largura. Ninguém porém pense que era para maus fins. Pelo
contrário, era para o fim muito louvável de levar à pobre moça uma tigela de caldo que há pouco
fora mandado a el-rei... obséquio de empregado da Ucharia. Não há aqui nada de censurável.
Seria entretanto muito digno de censura de quem recebia tal obséquio não o procurasse pagar
com um extremo de civilidade: a moça convidou pois ao Leonardo para ajudá-la a tomar o caldo.
E que grosseiro seria ele se não aceitasse tão belo oferecimento? Aceitou.
De repente sente-se abrir uma porta: a moça, que tinha na mão a tigela, estremece, e o caldo
entorna-se.
O toma-largura, que acabava de chegar inesperadamente, fora a causa de tudo isso. O Leonardo
correu precipitadamente pelo caminho mais curto que encontrou; sem dúvida em busca de outro
caldo, uma vez que o primeiro se tinha entornado. O toma-largura corre-lhe também ao alcance,
sem dúvida para pedir-lhe que trouxesse desta vez quantidade que chegasse para um terceiro.
Manuel Antônio de Almeida in Memórias de um Sargento de Milícias.
Dos fragmentos de texto de Memórias de um Sargento de Milícias, acima transcritos, pode-se
inferir que:

I. De acordo com o fragmento 1, Chiquinha, a amante de Leonardo-Pataca, era geniosa e não


perdia ocasião para fustigar Leonardinho com constantes brigas.
II. De acordo com o fragmento 1, Chiquinha se queixa a Leonardo-Pataca do comportamento de
Leonardo, e este toma as dores de Chiquinha e volta-se contra o filho.
III. Nos episódios descritos nos fragmentos 2 e 3 percebe-se um forte teor de ironia e humor na /
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Questão 22 (UNISC) Questão 23 (FIP-MoC)


Retrato Texto
Cecília Meireles
Canção do Exílio
Eu não tinha este rosto de hoje, assim calmo, assim triste, assim magro, nem estes olhos tão “Minha terra tem palmeiras,
vazios, nem o lábio amargo. Onde canta o sabiá,
Eu não tinha estas mãos sem força, tão paradas e frias e mortas; eu não tinha este coração que As aves, que aqui gorjeiam,
nem se mostra. Não gorjeiam como lá.
Eu não dei por esta mudança, tão simples, tão certa, tão fácil:
– Em que espelho ficou perdida a minha face? Nosso céu tem mais estrelas,
In: MEIRELES, Cecília. Flor de poemas. Rio de Janeiro: Companhia José Aguilar, 1972, p. 63-64. Nossas várzeas têm mais vida,
Nossos bosques têm mais vida,
Lizongea outra vez impaciente a retenção de sua mesma desgraça, aconselhando a Nossa vida mais amores.
esposa neste regallado soneto
Gregório de Matos Em cismar, sozinho, à noite,
Mais prazer encontro eu lá;
Discreta, e formosíssima Maria, Minha terra tem palmeiras,
Enquanto estamos vendo a qualquer hora Onde canta o Sabiá.
Em tuas faces a rosada Aurora,
Em teus olhos, e boca o Sol, e o dia: Minha terra tem primores,
Enquanto com gentil descortesia Que tais não encontro eu cá;
O ar, que fresco Adônis te namora, Em cismar – sozinho, à noite –
Te espalha a rica trança voadora, Mais prazer encontro eu lá.
Quando vem passear-te pela fria:
Goza, goza da flor da mocidade, Minha terra tem palmeiras,
Que o tempo trota a toda ligeireza, Onde canta o Sabiá.
E imprime em toda a flor sua pisada. Não permita Deus que eu morra,
Oh não aguardes, que a madura idade
Te converta em flor, essa beleza Sem que eu volte para lá.
Em terra, em cinza, em pó, em sobra, em nada. Sem que desfrute os primores,
In: MATOS, Gregório de. Obra poética. v. 1. Rio de Janeiro: Record, 1990, p.507 Que não encontro por cá;
A partir dos poemas, podemos afirmar que Sem qu’inda aviste as palmeiras;
Onde canta o Sabiá.”
I - ambos vinculam-se à mesma escola literária, o Modernismo. Gonçalves Dias. In. Primeiros Cantos)
II - no poema de Cecília Meireles, o sujeito lírico, ao enxergar seu reflexo no espelho, mostra-se
preocupado com a fugacidade da beleza. Texto
III - ambos têm em comum a ideia de que o tempo transforma a aparência das pessoas.
IV - o tom aconselhador do Boca do Inferno, característico de alguns de seus poemas, muitas Nova Canção do Exílio
vezes irônicos e jocosos, mostra-se nas duas últimas estrofes do soneto. Um sabiá
V - Gregório de Matos escreveu o título desse seu soneto em uma linguagem arcaica com a na palmeira, longe.
intenção de aproximá-la das cantigas de escárnio, distantes de seu fazer poético. Estas aves cantam
um outro canto.
Assinale a alternativa correta.
a Somente as afirmativas II e III estão corretas. O céu cintila
b Somente as afirmativas III e IV estão corretas. sobre flores úmidas.
Vozes na mata,
c Somente as afirmativas IV e V estão corretas. e o maior amor.
d Somente a afirmativa I está correta.
e Nenhuma das alternativas está correta. Só, na noite,
seria feliz,
um sabiá,
na palmeira, longe. /
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Questão 24 (UESB)
Onde é tudo belo
e fantástico, — Inocência!...Inocência!...chamou com voz sumida, mas ardente e cheia de súplica. Ninguém
só, na noite, lhe respondeu.
seria feliz. — Inocência, implorou o moço, olhe...abra, tenha pena de mim...Eu morro por sua causa...
(Um sabiá, Depois de breve tempo, que para Cirino pareceu um século, descerrou-se a medo a janela, e
na palmeira, longe.) apareceu a moça toda assustada, sem saber por que razão ali estava nem explicar tudo aquilo.
Parecia-lhe um sonho.
Ainda um grito de vida e Quis, entretanto, dar qualquer desculpa à situação e, fingindo-se admirada, perguntou muito
voltar, baixinho e a balbuciar:
para onde é tudo belo — Que vem...mecê...fazer aqui? ...já...estou boa.
e fantástico: Da parte de fora, agarrou-lhe Cirino nas mãos.
a palmeira, o sabiá, — Oh! disse ele com fogo, doente estou eu agora... Sou eu que vou morrer...porque você me
o longe. enfeitiçou, e não acho remédio para o meu mal.
(Carlos Drummond de Andrade. In: A Rosa do Povo – 1945) TAUNAY, Visconde de. Inocência. São Paulo: Ática, 1996, p. 94-95.
O fragmento em destaque faz parte de uma narrativa do Romantismo e apresenta,
A propósito do texto, seguem duas afirmativas ligadas pela palavra PORQUE: predominantemente, um dos traços marcantes desse estilo de época, que é
Considerando a relação de intertextualidade, o poema de Drummond é uma paráfrase do poema a a idealização física da mulher.
de Gonçalves Dias. b a exacerbação emocional.
c o pensamento antitético.
PORQUE
d a dissimulação dos sentimentos.
O poema de Drummond ridiculariza o sentimento saudosista, revelado pelo eu-lírico de Canção e uma uma linguagem eufemística.
do Exílio em relação a sua terra natal.

Marque:
a se as duas são verdadeiras, mas a segunda não justifica a primeira.
b se as duas são verdadeiras, e a segunda justifica a primeira.
c se a primeira é verdadeira, e a segunda é falsa.
d se a primeira é falsa, e a segunda é verdadeira.
e se as duas são falsas.

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TEXTO BASE 3 Questão 26 (FACISA)


Quem é esta senhora? - Perguntei a Sá. Leia o texto que segue para responder à questão
A resposta foi o sorriso inexprimível, mistura de sarcasmo, de bonomia e fatuidade, que desperta
nos elegantes da corte a ignorância de um amigo, profano na difícil ciência das banalidades CANÇÃO DO EXÍLIO
sociais. Murilo Mendes
— Não é uma senhora, Paulo! É uma mulher bonita. Queres conhecê-la ?. . . Minha terra tem macieiras da Califórnia
Compreendi e corei de minha simplicidade provinciana, que confundira a máscara hipócrita do onde cantam gaturamos de Veneza.
vício com o modesto recato da inocência. Só então notei que aquela moça estava só, e que a Os poetas da minha terra
ausência de um pai, de um marido, ou de um irmão devia-me ter feito suspeitar a verdade. são pretos que vivem em torres de ametista,
Depois de algumas voltas descobrimos ao longe a ondulação do seu vestido, e fomos encontrá- os sargentos do exército são monistas, cubistas,
la, retirada a um canto, distribuindo algumas pequenas moedas de prata à multidão de pobres os filósofos são polacos vendendo a prestações.
que a cercava. Voltou-se confusa ouvindo Sá pronunciar o seu nome: A gente não pode dormir
— Lúcia! com os oradores e os pernilongos.
— Não há modos de livrar-se uma pessoa desta gente! São de uma impertinência! disse ela Os sururus em família têm por testemunha a Gioconda.
mostrando os pobres e esquivando-se aos seus agradecimentos. Eu morro sufocado
Feita a apresentação no tom desdenhoso e altivo com que um moço distinto se dirige a essas em terra estrangeira.
sultanas do ouro, e trocadas algumas palavras triviais, meu amigo perguntoulhe: Nossas flores são mais bonitas
— Vieste só? nossas frutas mais gostosas
— Em corpo e alma. mas custam cem mil réis a dúzia.
— E não tens companhia para a volta? Ela fez um gesto negativo. Ai quem me dera chupar uma carambola de verdade
— Neste caso ofereço-te a minha, ou antes a nossa. e ouvir um sabiá com certidão de idade!
— Em qualquer outra ocasião aceitaria com muito prazer; hoje não posso. O poema de Murilo Mendes nos leva a considerar as seguintes proposições:
— Já vejo que não foste franca!
— Não acredita?. .. Se eu viesse por passeio! I. O poema em pauta é uma paródia, de gosto modernista, a um clássico da literatura romântica
— E qual é o outro motivo que te pode trazer à festa da Glória? brasileira, da autoria de Gonçalves Dias.
— A senhora veio talvez por devoção? disse eu. II. Há, no poema de Murilo, o fenômeno da intertextualidade, já a partir do título e presente no
— A Lúcia devota!.. . Bem se vê que a não conheces. primeiro verso, mas não ao longo do texto, pois para haver intertextualidade deve haver
— Um dia no ano não é muito, respondeu ela sorrindo similaridade sintática.
ALENCAR, José de. Lucíola. 12ª ed., São Paulo: Ática, 1988, capítulo II III. Encontramos também tom parodístico ao poema romântico de Gonçalves Dias no poeta
Oswald de Andrade, no texto Canto de Regresso à Pátria, no qual o escritor diz: “Minha terra tem
Questão 25 (UFGD) palmares / Onde gorjeia o mar / Os passarinhos daqui / Não cantam como os de lá”.
PARA RESPONDER A QUESTÃO, LEIA O TEXTO BASE 3 IV. Mário Quintana é outro poeta que empresta um tom de tristeza corrosiva em sua paródia ao
romântico, quando escreve “Minha terra não tem palmeiras... / E em vez de um mero sabiá,
O fragmento, retirado do início do romance Lucíola, de José de Alencar, representa o momento cantam aves invisíveis / Nas palmeiras que não há”.
em que Paulo é apresentado a Lúcia. Com base na leitura da obra, é possível afirmar que: V. A paródia conserva o tom do texto original; já a paráfrase o destrói. Portanto o poema de Murilo
a a narrativa rompe com o ideal de mulher do século XIX, sugerindo que até mesmo uma Mendes é uma paráfrase e não uma paródia.
prostituta pode se sentir amada e realizada. Estão corretas apenas
b a obra estabelece um confronto com o Romantismo. Em Lucíola, José de Alencar recusa a a I, II e III
ideia do amor platônico e permite que Paulo e Lúcia vivam intensamente seu relacionamento, b I, III e IV
até a morte da protagonista. c II e V
c o livro tece uma crítica à hipocrisia social. Lucíola é fruto de uma sociedade desigual, capaz d III e IV
de provocar a transformação de Maria da Glória em Lúcia. O auge dessa crítica está na morte e I, II e V
da protagonista.
d o romance é fortemente marcado por traços realistas, que fazem de José de Alencar um dos
precursores do realismo brasileiro.
e o romance urbano não se limita a descrever apenas o amor entre Paulo e a prostituta Lúcia. A
narrativa é uma forte crítica à sociedade de sua época, movida pelo poder econômico e pelo
status social. A personagem Couto, nesse sentido, exemplifica a crítica.

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Questão 27 (PUC-SP) Questão 28 (UFN)


Machado de Assis escreveu o romance Dom Casmurro. A respeito desta obra, é correto afirmar TEXTO I
que
a divide-se em duas partes rigorosamente simétricas, das quais a primeira apresenta, seguindo [...] Bem feliz quem ali pode nest'hora
uma ordem temporal rígida, o processo que envolve a promessa da mãe de fazer Bentinho Sentir deste painel a majestade!
padre. Embaixo — o mar em cima — o firmamento...
b é marcada por digressões, técnica em que o narrador interrompe o fluxo narrativo, dirige-se E no mar e no céu — a imensidade!
ao leitor e comenta algo que aparentemente produz um deslocamento do assunto que vinha
sendo tratado. Oh! que doce harmonia traz-me a brisa!
Que música suave ao longe soa!
c apresenta um narrador cuja visão condiciona todos os acontecimentos à sua maneira de vê- Meu Deus! como é sublime um canto ardente
los, induzindo o leitor à aceitação dos fatos, tais como são, impedindo a reflexão e o Pelas vagas sem fim boiando à toa! [...]
afastamento crítico.
d caracteriza a figura de Capitu, particularmente na primeira parte da narrativa, como uma TEXTO 2
jovem voluntariosa, em ações que justificarão sua infidelidade conjugal e a consumação
do adultério. A vez primeira que eu fitei Teresa,
e arrasta seus leitores por aventuras emocionantes, desvendando a vida de pessoas ilustres e Como as plantas que arrasta
dando realce à vida sentimental das personagens, e desinteressando-se, absolutamente, de a correnteza,
casos desimportantes de pessoas comuns. A valsa nos levou nos giros
seus...
E amamos juntos... E depois
na sala
Adeus eu disse-lhe
a tremer co'a fala...
E ela, corando, murmurou-me: "adeus."
(Bueno, Alexei (org). Grandes poemas do romantismo brasileiro. Rio de Janeiro:Nova Fronteira, 1995)

Sobre os textos, é possível afirmar que:

I. Ambos compõem a obra de Castro Alves, poeta romântico, cuja vertente estética é pautada
pela preocupação com temas sociais, históricos e amorosos.
II. O Texto I revela a fase em que o poeta romântico Castro Alves dedica-se às questões sociais,
especificamente àquelas destinadas aos escravos.
III. O Texto II apresenta uma das fases do poeta romântico Castro Alves na qual são expostas as
fragilidades da alma feminina.

Está (ão) correta(s)


a apenas I.
b apenas I e II.
c apenas II.
d apenas II e III.
e apenas III.

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Questão 29 (Unifenas) Da noturna brisa,


E eu, que também morro,
Texto 1 Morro sem consolo,
Se não vens, Elisa!
A MARIA DOS POVOS, SUA FUTURA ESPOSA
Ai nem te humaniza
Discreta e formosíssima Maria, O prato que tanto
Enquanto estamos vendo a qualquer hora, Nas faces desliza
Em tuas faces a rosada Aurora, Do amante que pede
Em teus olhos e boca o Sol, e o dia. Suplicantemente
Teu amor, Elisa!
Enquanto com gentil descortesia
O ar, que fresco Adônis te namora Ri, desdenha, pisa!
Te espalha a rica trança voadora, Meu canto, no entanto,
Quando vem passear-te pela fria: Mais de diviniza,
Mulher diferente,
Goza, goza da flor da mocidade, Tão indiferente,
Que o tempo passa a toda a ligeireza, Desumana Elisa!
E imprime em cada flor sua pisada. (BANDEIRA, Manuel - in: Poesia completa e prosa. 2ª ed. Rio de Janeiro, José Aguilar, 1967, página 326)
Avalie as seguintes afirmações sobre os textos acima.
Oh não aguardes que a madura idade,
Te converta essa flor, essa beleza, I - Constituem, coincidentemente, três “retratos femininos”, compostos conforme os
Em terra, em cinza, em pó, em sombra, em nada. procedimentos estéticos característicos de estilos literários distintos, a saber: Classicismo (texto
(MATOS, Gregório de – in: Poemas Escolhidos. São Paulo Editora Cultrix, 1997, pág. 319.) 1), Romantismo (texto 2) e Parnasianismo (texto 3).
Texto 2 : II – Com exceção do texto 3, nota-se, por parte das respectivas vozes poéticas, um processo de
idealização das figuras femininas retratadas.
MARIETA
III – A subjetividade é flagrante no texto 2 (característica marcante do estilo literário que
Como o gênio da noite, que desata representa): estando completamente ausentes dos demais, representantes de estilos que se
O véu de renda sobre a espádua nua, marcam pela absoluta contenção lírica.
Ela solta os cabelos...Bate a lua
Nas alvas dobras de um lençol de prata. IV – Os textos, quanto ao aspecto formal (métrica, rima, vocabulário etc) são expressos pelo
soneto, espécie lírica de largo uso nos estilos literários aqui representados.
O seio virginal, que a mão recata,
Embalde o prende a mão...cresce...flutua... V – No texto 1, a Natureza é apresentada pela voz poética como uma espécie de artesã; no texto
Sonha a moça ao relento...Além na rua 2, ela compõe o cenário imaginado; no texto 3, não tem presença significativa.
Preludia um violão na serenata!...
a todas corretas, sem exceção.
...Furtivos passos morrem no lajedo... b todas corretas, com única exceção.
Resvala a escada do balcão discreta, c todas corretas, exceto II e III.
Matam lábios os beijos em segredo... d todas incorretas, com única exceção.
e todas incorretas, exceto I e V
Afoga-me os suspiros, Marieta!
Ó surpresa! ó palor! ó pranto! ó medo!
Ai! noites de Romeu e Julieta...
(ALVES, Castro. in: Poesia.4ª ed. Rio de Janeiro, Agir,1972.página 59)

Texto 3
LETRA PARA UMA VALSA ROMÂNTICA

A tarde agoniza
Ao santo acalanto /
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Questão 30 (FDV) Questão 31 (UEFS)


Relacione as afirmativas às escolas literárias em questão e, em seguida, assinale a alternativa PARA RESPONDER A QUESTÃO, LEIA O TEXTO BASE 4
que corresponde à SEQUÊNCIA CORRETA.
Indique V ou F, conforme seja o item verdadeiro ou falso.
a) Barroco. O poema revela
b) Arcadismo.
c) Romantismo. ( ) um eu comandado pelo racionalismo.
d) Simbolismo. ( ) o humor como artifício de ocultamento de um drama.
e) Parnasianismo. ( ) o sentimento irônico em face dos limites da vida prática.
( ) a indignação romântica contra a realidade material da vida.
( ) Período marcado pelo início de um projeto de busca consciente, de expressão da identidade
cultural brasileira. A alternativa que contém a sequência correta, de cima para baixo, é a
( ) Estética relacionada à imitação de modelos da tradição clássica greco-romano. a FVVV
( ) Exageros retóricos e grande densidade emocional.
b FVVF
( ) Período em que os poetas gozavam de grande prestígio popular por sua habilidade de
construir poemas que primavam pela perfeição formal. c VFFV
( ) Poética caracterizada pelo desencanto, desejo de transcendência e de integração com o d VFVF
universo. e VVVV
a a – e – c – b – d.
Questão 32 (FACASPER)
b d – e – a – b – c.
c c – b – a – e – d. Sobre as características do Romantismo, escola literária à qual pertence o romance Til, de José
de Alencar, é correto afirmar que:
d d – a – b – e – c.
a A obsessão do novo a qualquer preço é contraponto de uma retórica já repetida à saciedade.
e d – b – a – e – c. Valoriza-se naturalmente o que não se tem: é mister procurar coisas novas para que o mundo
TEXTO BASE 4 resulte mais rico e mais glorioso.
b O momento literário nasce de um encontro, embora ainda amaneirado, com a natureza e os
TEXTO:
afetos comuns do homem, refletidos através da tradição clássica e de formas bem definidas,
julgadas dignas de imitação.
Minha Desgraça
Minha desgraça, não, não é ser poeta, c A natureza é expressiva. Ela significa e revela. Prefere-se a noite ao dia, pois à luz crua do sol
Nem na terra de amor não ter um eco, o real impõe-se ao indivíduo, mas é na treva que latejam as forças inconscientes da alma: o
E meu anjo de Deus, o meu planeta sonho, a imaginação. O mundo natural encarna as pressões anímicas.
Tratar-me como trata-se um boneco... d Socialismo, freudismo, catolicismo existencial: eis as chaves que serviram para a decifração
do homem em sociedade e sustentariam ideologicamente o romance empenhado desses
Não é andar de cotovelos rotos, anos fecundos para a prosa narrativa
Ter duro como pedra o travesseiro... e Desnudam-se as mazelas da vida pública e os contrastes da vida íntima; e buscam-se para
Eu sei... O mundo é um lodaçal perdido ambas causas naturais (raça, clima, temperamento) ou culturais (meio, educação) que lhe
Cujo sol (quem mo dera!) é o dinheiro... reduzem muito a área de liberdade.

Minha desgraça, ó cândida donzela,


O que faz que o meu peito assim blasfema,
É ter para escrever todo um poema,
E não ter um vintém para uma vela.
AZEVEDO, Álvares de. Minha Desgraça. Lira dos vinte anos. São Paulo: FTD, 1994. p. 194. (Coleção Grandes
Leituras). Língua Portuguesa

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Questão 33 (UFRR) Questão 34 (ACAFE)


Mas Julião indignava-se: Sobre a obra Helena, de Machado de Assis, é correto o que se afirma em:
a A obra, atribuída à primeira fase do autor tem como desfecho a morte de Helena, por
- Estás desmoralizado pela doutrina vitalista, miserável! - Trovejou contra o Vitalismo, que vergonha e por amor, o que é típico do romantismo.
declarou "contrário ao espírito científico". Uma teoria que pretende que as leis que governam os
b O discurso em primeira pessoa favorece o clima da dúvida que paira sobre o adultério da
corpos brutos não são as mesmas que governam os corpos vivos - é uma heresia grotesca - protagonista, pois o que prevalece na narrativa são as impressões de Bentinho, o narrador.
exclamava. - E Bichat que a proclama é uma besta!
O estudante, fora de si, bradou - que chamar a Bichat uma besta era simplesmente de um c A alegoria do tenor italiano, que apresenta a vida como uma ópera composta por Deus e pelo
alarve. Diabo, projeta-se sobre o romance, mostrando que, na luta entre as virtudes e os vícios,
Mas Julião desprezou a injúria, e continuou, exaltado nas suas ideias: sempre prevalece o bem.
- Que nos importa a nós o princípio da vida? Importa-me tanto como a primeira camisa que vesti! d Há indícios no texto de uma perspectiva crítica na interpretação do homem brasileiro que
O princípio da vida é como outro qualquer princípio: um segredo! Havemos de ignorá-lo testemunham uma afinidade entre a ficção realista-naturalista e a ficção moderna.
eternamente! Não podemos saber nenhum princípio. A vida, a morte, as origens, os fins,
Questão 35 (Univag)
mistérios! São causas primárias com que não temos nada a fazer, nada! Podemos batalhar
séculos, que não avançamos uma polegada. O fisiologista, o químico, não têm nada com os Leia o soneto Fanatismo, da poeta portuguesa Florbela Espanca.
princípios das coisas; o que lhes importa são os fenômenos! Ora, os fenômenos e as suas causas
imediatas, meu caro amigo, podem ser determinadas com tanto rigor nos corpos brutos, como Minh'alma, de sonhar-te, anda perdida.
nos corpos vivos — numa pedra, como num desembargador! E a Fisiologia e a Medicina são Meus olhos andam cegos de te ver.
ciências tão exatas como a Química! Isto já vem de Descartes! Não és sequer razão do meu viver
Travaram então um berreiro sobre Descartes. E imediatamente, sem que Sebastião atônito Pois que tu és já toda a minha vida!
tivesse descoberto a transição, encarniçaram-se sobre a ideia de Deus. Não vejo nada assim enlouquecida...
(QUEIRÓS, Eça de. O Primo Basílio. São Paulo: Ateliê Editorial, 2001, com atualização da ortografia, conforme Passo no mundo, meu Amor, a ler
Acordo Ortográfico da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa) No mist'rioso livro do teu ser
Pela leitura do texto é correto afirmar que: A mesma história tantas vezes lida!...
a Julião, personagem dominado pelo desequilíbrio, sentimentalismo e subjetividade, exemplifica "Tudo no mundo é frágil, tudo passa...
o estilo cultural, artístico e literário do Naturalismo, por oposição ao Barroco e ao Quando me dizem isto, toda a graça
Romantismo. Duma boca divina fala em mim!
E, olhos postos em ti, digo de rastros:
b O trecho confirma que o desenvolvimento científico transformou a intelectualidade do final do
"Ah! podem voar mundos, morrer astros,
século XIX. Das cátedras universitárias aos locais de diversão ou repouso, como o quarto de
Que tu és como Deus: princípio e fim!..."
pensão em que se encontravam as personagens, os intelectuais dedicavam-se à busca de
(Sonetos, 1997.)
evidências que justificassem congregar o cientificismo aos ideais da religião.
A temática desse poema pode ser relacionada ao
c Para convencer seu amigo estudante a aderir ao pensamento científico, Julião recorre a
a Modernismo, pois se notam experimentações linguísticas que objetivam dar uma linguagem
doutrinas filosóficas e sociais, demonstrando que somente pelo princípio da autoridade de
rebuscada e hermética ao texto.
Deus poderia se explicar a origem da vida.
b Classicismo, uma vez que a presença de seres da mitologia clássica é evidente na descrição
d Eça de Queiroz insere em sua obra a temática das grandes descobertas científicas, sendo
que o eu lírico faz de si mesmo.
Julião o defensor da ciência. Essa personagem defende o pensamento positivista de que
antes de expor ideias é preciso prová-las cientificamente. c Barroco, visto que o eu lírico condena o fanatismo atrelado a crenças e a misticismos
considerados irracionais.
e O posicionamento do estudante é embasado nas ideias de autores clássicos, seus
contemporâneos, como Bichat e Descartes, defensores das transformações políticas e d Romantismo, visto que o eu lírico despreza a contenção dos sentimentos e expressa suas
econômicas na sociedade do século XIX. emoções de forma exacerbada.
e Arcadismo, pois o eu lírico e o ser amado inserem-se em um ambiente campestre em que os
elementos da natureza são descritos detalhadamente.

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TEXTO BASE 5 Questão 38 (PUC-SP)


TEXTO PARA A QUESTÃO Os dois capítulos iniciais do romance Dom Casmurro, de Machado de Assis, merecem
considerações especiais, porque
O povo que chupa o caju, a manga, o cambucá e a jabuticaba, pode falar uma língua com igual a aparecem apenas para homenagear o poeta que se envolve em incidente, com o narrador,
pronúncia e o mesmo espírito do povo que sorve o figo, a pera, o damasco e a nêspera? durante a viagem de trem.
José de Alencar. Bênção Paterna. Prefácio a Sonhos d’ouro.
b prestam-se para justificar o estranhamento do título e a finalidade de elaboração da obra.
A graciosa ará, sua companheira e amiga, brinca junto dela. Às vezes sobe aos ramos da árvore c são desnecessários, visto que a simples leitura do livro é auto-explicativa.
e de lá chama a virgem pelo nome, outras remexe o uru de palha matizada, onde traz a selvagem d não cumprem nenhuma função, pois não há relação entre eles e o resto da obra.
seus perfumes, os alvos fios do crautá, as agulhas da juçara com que tece a renda e as tintas de e servem para justificar o comportamento anti-social, agressivo e ciumento do narrador.
que matiza o algodão.
José de Alencar. Iracema. Questão 39 (UCS)
Por seu __________, o Simbolismo apresenta algumas semelhanças com a poesia romântica,
Glossário: porém a grande diferença reside na linguagem bem mais trabalhada dos simbolistas, que
“ará”: periquito; “uru”: cesto; “crautá”: espécie de bromélia; “juçara”: tipo de palmeira espinhosa. procuram obter variados efeitos rítmicos e sonoros. Além disso, os simbolistas manifestam
acentuado gosto pelo vocabulário litúrgico e __________, o que dá a seus textos um ar de
Questão 36 (FUVEST) misticismo e espiritualidade ausente do Romantismo.
(In: TUFANO, Douglas. Estudos de literatura brasileira. 4. ed. rev. e ampl. São Paulo: Moderna, 1988. p. 170.)
PARA RESPONDER A QUESTÃO, LEIA O TEXTO BASE 5 No texto acima se estabelece uma comparação entre o Romantismo e o Simbolismo. Assinale a
alternativa correta em relação ao período literário que, na poesia, está entre esses dois estilos de
Com base nos trechos acima, é adequado afirmar: época.
a Para Alencar, a literatura brasileira deveria ser capaz de representar os valores nacionais com a Realismo
o mesmo espírito do europeu que sorve o figo, a pera, o damasco e a nêspera. b Parnasianismo
b Ao discutir, no primeiro trecho, a importação de ideias e costumes, Alencar propõe uma c Modernismo
literatura baseada no abrasileiramento da língua portuguesa, como se verifica no segundo
d Arcadismo
trecho.
e Barroco
c O contraste entre os verbos “chupar” e “sorver”, empregados no primeiro trecho, revela o
rebaixamento de linguagem buscado pelo escritor em Iracema. Questão 40 (FMABC)
d Em Iracema, a construção de uma literatura exótica, tal como se verifica no segundo trecho,
Na obra Memórias Póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis, o narrador protagonista,
pautou‐se pela recusa de nossos elementos naturais.
autodenominado defunto autor, relata seus inúmeros relacionamentos afetivos/amorosos
e Ambos os trechos são representativos da tendência escapista de nosso romantismo, na envolvendo diferentes mulheres. Assim, verifique, na relação abaixo, a alternativa que contém
medida em que valorizam os elementos naturais em detrimento da realidade rotineira. informações que NÃO conferem com as características de cada uma no desenrolar do romance.
Questão 37 (UNIFOR) a Marcela, uma cortesã espanhola, espécie de fantasia amorosa da adolescência, por quem o
narrador se apaixona e que o ama durante quinze meses e onze contos de réis.
“brasília, brasília,
onde estás b Nhâ-loló, apelido de Eulália, uma noiva arranjada ao narrador pela irmã Sabina, mas que
que não respondes morre vitimada por uma epidemia.
em que bloco, c Virgília, com quem o narrador mantém um relacionamento amoroso clandestino e com quem
em que superquadra acaba se casando, num negócio arranjado pelo pai, também preocupado em torná-lo
tu te escondes?!” deputado.
(Nicolas Behr) d Eugênia, uma moça pobre, um tanto bonita, mas manca, lembrada, no texto, como flor da
moita, de quem o narrador tentava se aproveitar.
Na poesia, Nicolas Behr está parafraseando um poema de
a Carlos Drummond de Andrade.
b Manuel Bandeira.
c Castro Alves.
d João Cabral de Melo Neto.
e Gonçalves Dias

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Questão 41 (FDF) Questão 43 (PUC-Campinas)


Viagens na Minha Terra é um romance de Almeida Garrett. Desta obra é INCORRETO afirmar Nos poemas indianistas, o heroísmo dos indígenas em nenhum momento é utilizado como crítica
que à colonização europeia, da qual a elite era a herdeira. Ao contrário, pela resistência ou pela
a escrita em 1846, é um romance que integra a primeira fase do Romantismo Português e colaboração, os indígenas do passado colonial, do ponto de vista dos nossos literatos,
inscreve-se na tradição dos livros de viagem e do estilo digressivo. valorizavam a colonização e deviam servir de inspiração moral à elite brasileira. (...) Já o africano
escravizado demorou para aparecer como protagonista
b faz da viagem pretexto para discussão da realidade passada e presente de Portugal e suporte
na literatura romântica. Na segunda metade do século XIX, Castro Alves, na poesia, e Bernardo
para o relato de uma estória passional
Guimarães, na prosa, destacaram em obras suas o tema da escravidão.
c apresenta, nos capítulos finais, longa carta de Carlos, destinada a Joaninha, como forma de
explicação dos amores em que se envolveu. (Adaptado de: NAPOLITANO, Marcos e VILLAÇA, Mariana. História para o ensino médio. São Paulo: Atual
d utiliza-se da montagem e faz uso de narrativa encaixada ao colocar uma estória dentro da Editora, 2013, p. 436-37)
outra. Entende-se do texto que o Indianismo, no Brasil, identificou- se como um movimento romântico
e preserva a linearidade narrativa para não romper o fio condutor da história e evita explicações que
e procedimentos metalinguísticos, capazes de ferir o estilo do autor. a se dedicou a expressar com fidedignidade o processo de aculturação dos nativos brasileiros.
Questão 42 (PUC-SP) b traduziu os aspectos típicos e essenciais da cultura indígena, exaltando-os em si mesmos.
c se opôs aos rumos tomados pela Abolição, uma vez que se considerava prioritária a atenção
Viagens na Minha Terra é um romance escrito por Almeida Garrett. Desta obra se pode afirmar
aos indígenas.
que
d idealizou o caráter dos indígenas, tomando-o como paradigma de moralidade a ser seguido.
a é um romance cuja prática literária distancia-se das coordenadas conceituais da época, ou
seja, Romantismo, nacionalismo e liberdade formal. e valorizou a bravura dos nossos indígenas, para melhor sublinhar as fraquezas da cultura
civilizada.
b apresenta um estilo ziguezagueante, mas recusa o processo de digressões, com a justificativa
de que isso fere a estrutura da obra e prejudica a interpretação do leitor. Questão 44 (UESB)
c rompe com a linearidade narrativa, utiliza o recurso da montagem e vale-se do processo do [...] O mundo soprando o seu hálito frio na intimidade de nossa existência não tinha podido
enquadramento de uma estória dentro da outra, como é o caso da estória da Menina dos separar Lúcia de mim; porém o estame delicado de sua vida desprendeuse do meu seio, onde ela
Rouxinóis. o escondera e abrigara. A flor mimosa de sua alma talvez sentisse que a sombra das ramas ia
d relata apenas um drama familiar ocorrido no Vale de Santarém como pretexto para analisar as faltar-lhe contra os sóis abrasadores, como a proteção do tronco contra os vendavais. E inclinou-
paixões que acometem os jovens na sociedade repressora e capitalista portuguesa do século se, langue e desfalecida. Eu, que a devia erguer, não o fiz, porque também sentia o mundo que
XIX. me impelia; as aspirações do futuro me chamavam à vida de estudo e trabalho.
e inscreve-se na tradição dos livros de viagem e objetiva contar apenas a história cultural Involuntariamente, pois, sem queixas nem recriminações, apenas com uma doce saudade dos
portuguesa e a valorização de sua origens e de seus monumentos. tempos que fugiam rápidos, ambos cedíamos a uma lei natural, e víamos afrouxarem os laços
que nos uniam. Lúcia, sempre meiga e terna para mim, não podia já esconder a frieza com que
recebia o gozo que outrora era a primeira a provocar. Quando as minhas instâncias redobravam,
ela, que a princípio se expandia entre o rubor, sorria constrangida como uma escrava submissa
ao aceno do senhor.
ALENCAR, José de. Lucíola. São Paulo: FTD, s.d. p. 91-92.
O Romantismo é expresso, no texto, através
a da crítica à hipocrisia socia
b do uso moderado da emoção.
c da narrativa pontilhada de ironia.
d da oposição alma casta/corpo como fonte de praze
e do idealismo na construção de uma identidade cultural.

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Questão 45 (FAMERP) Questão 46 (UFN)


Se eu morresse amanhã! Assinale a alternativa cujo trecho não pertence ao Romantismo.
Se eu morresse amanhã, viria ao menos a Amorosa visão, mulher dos sonhos,
Fechar meus olhos minha triste irmã; Eu sou tão infeliz, eu sofro tanto!
Minha mãe de saudades morreria Nunca virás iluminar meu peito
Se eu morresse amanhã! Com um raio de luz desses teus olhos?
Quanta glória pressinto em meu futuro!
b Oh ! que saudades que eu tenho
Que aurora de porvir e que manhã!
Da aurora da minha vida,
Eu perdera chorando essas coroas Da minha infância querida
Se eu morresse amanhã!
Que os anos não trazem mais !
Que sol! que céu azul! que doce n’alva
Acorda a natureza mais louçã! c Enfim te vejo! — enfim posso,
Não me batera tanto amor no peito, Curvado a teus pés, dizer-te,
Se eu morresse amanhã! Que não cessei de querer-te,
Mas essa dor da vida que devora Pesar de quanto sofri.
A ânsia de glória, o dolorido afã… d Quem és tu, quem és tu, vulto gracioso,
A dor no peito emudecera ao menos Que te elevas da noite na orvalhada?
Se eu morresse amanhã! Tens a face nas sombras mergulhada...
(Lira dos vinte anos, 2000.) Sobre as névoas te libras vaporoso...
O poema apresenta características que permitem situá-lo e Mais claro e fino do que as finas pratas
a na segunda fase do Romantismo, pela presença de sentimentos extremos e do culto à morte. o som da tua voz deliciava…
b no Parnasianismo, devido à defesa e utilização de formas clássicas com ambição à perfeição. Na dolência velada das sonatas
como um perfume a tudo perfumava.
c no Modernismo, devido ao rompimento com os modelos formais tradicionais da poesia
clássica e romântica. Questão 47 (EsPCEx)
d na primeira fase do Romantismo, preocupada com a definição da sociedade brasileira a partir “Além, muito além daquela serra, que ainda azula no horizonte, nasceu Iracema.
dos traços físicos e emocionais de seus indivíduos. Iracema, a virgem dos lábios de mel, que tinha os cabelos mais negros que a asa da graúna, e
e no Classicismo, interessado no equilíbrio formal, associado à temperança dos sentimentos e mais longos que seu talhe de palmeira.
das ações. O favo da jati não era doce como seu sorriso; nem a baunilha recendia no bosque como seu
hálito perfumado.
Mais rápida que a ema selvagem, a morena virgem corria o sertão e as matas do Ipu, onde
campeava sua guerreira tribo, da grande nação tabajara. O pé grácil e nu, mal roçando, alisava
apenas a verde pelúcia que vestia a terra com as primeiras águas.”

Marque a alternativa que aponta a característica do Romantismo presente no fragmento do


Romance “Iracema”, de José de Alencar.
a Idealização da personagem mediante a associação entre aspectos humanos e elementos da
natureza.
b Valorização do regionalismo por meio do registro de palavras e expressões típicas do
vocabulário regional.
c Enaltecimento do indígena com o emprego do locus amoenus exigível em cenas da natureza
das narrativas clássicas.
d Empoderamento de minorias marginalizadas por meio da escolha de uma mulher morena e
indígena para o protagonismo da narrativa.
e Reflexão crítica sobre a formação do povo brasileiro mediante a identificação de uma mulher
como verdadeira representante de nossas origens indígenas.

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Questão 48 (UVA) Questão 49 (ITA)


TEXTO [1] De um dos cabeços da Serra dos Órgãos desliza um fio de água que se dirige para o norte, e
engrossado
[1] Dançava-se a quatragem no mutirão da tia Umbelina. com os mananciais, que recebe no seu curso de dez léguas, torna-se rio caudal.
Margarida estava sentada junto de Eugênio, de cujo lado não se arredara desde que este havia É o Paquequer: saltando de cascata em cascata, enroscando-se como uma serpente, vai depois
chegado. se
Ia-se formar nova roda de dançadores; Luciano, que tinha a viola em punho, dirigiu-se a espreguiçar na várzea e embeber no Paraíba, que rola majestosamente em seu vasto leito.
Margarida, e [5] Dir-se-ia que, vassalo e tributário desse rei das águas, o pequeno rio, altivo e sobranceiro
convidou-a para a dança. Ela recusou-se protestando já ter dançado muito e achar-se fatigada. contra os
[5] – Então venha esse mocinho, que aí está com a senhora — disse Luciano. rochedos, curva-se humildemente aos pés do suserano. Perde então a beleza selvática; suas
Com este convite o rapaz procurava mesmo ocasião de travar-se de razões com o estudante, a ondas são ]
fim de calmas e serenas como as de um lago, e não se revoltam contra os barcos e as canoas que
desabafar o ciúme e o despeito que por dentro o corroíam. resvalam sobre
– Eu não sei dançar — respondeu Eugênio com timidez. elas: escravo submisso, sofre o látego* do senhor.
– Deveras!... não me diga isso, moço; isso é desculpa; falta-nos uma pessoa; venha... não se Não é neste lugar que ele deve ser visto; sim três ou quatro léguas acima de sua foz, onde é
faça de livre ainda,
[10] rogado. [10] como o filho indômito desta pátria da liberdade.
– É deveras; não sei dançar, nunca dancei em dias de minha vida. Aí, Paquequer lança-se rápido sobre o seu leito, e atravessa as florestas como o tapir,
– Então para que vem a estas funções?... espumando,
– Ora essa é boa!... para ver... deixando o pelo esparso pelas pontas do rochedo, e enchendo a solidão com o estampido de sua
– Como quem vem aqui ver... mas ah! já o estou conhecendo; o senhor não é aquele coroinha, carreira. De
que repente, falta-lhe o espaço, foge-lhe a terra; o soberbo rio recua um momento para concentrar as
[15] ultimamente tem ajudado à missa ao vigário lá na vila? suas forças, e
– É ele mesmo — acudiu Margarida, que já se impacientava com as grosserias —, é o filho do precipita-se de um só arremesso, como o tigre sobre a presa.
Sr. capitão (José de Alencar. O Guarani.)
Antunes. (*) látego: chicote
– Do capitão Antunes?... ah!... e o que vem ele aqui fazer?... decerto aqui veio fugido de casa, e
há de ser No contexto da obra, a personificação da natureza
benfeito que o pai lhe passe uma dúzia de bolos, quando souber que já anda metido em
súcias... I. descreve um cenário fiel ao ambiente natural.
(GUIMARÃES, Bernardo. O seminarista. São Paulo: Martin Claret, 2013. p. 70-1). II. exibe a grandiosidade da natureza do país.
III. antecipa as características determinantes dos dois protagonistas masculinos.
Não é característica dessa Escola:
a zoomorfização do homem. Está correto o que se afirma apenas em
b historicismo. a I.
c nacionalismo. b I e II.
d exaltação da natureza pátria c I e III.
d II.
e II e III.

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Questão 50 (UDESC) Questão 51 (UFRR)


A obra Cronistas do descobrimento, Antonio Carlos Olivieri e Marco Antonio Villa, faz referência à Abaixo, encontram-se três títulos de obras literárias, cada um correspondendo a um número. Em
história do descobrimento do Brasil. A literatura está dividida em diversas estéticas literárias que seguida, constam os resumos das três obras. Numere o resumo de acordo com a obra
também pontuam características que se assemelham ou resgatam elementos da história correspondente.
nacional. Com base nesta analogia, relacione as colunas. 1- A Ilustre Casa de Ramires
2- Perto do Coração Selvagem
(1) Literatura de Informação 3- São Bernardo
(2) Romantismo
(3) Modernismo ( ) Romance narrado em primeira pessoa, em tom confessional. O protagonista, um homem
embrutecido, dominador e intransigente, escreve um livro autobiográfico em que expõe as
( ) A gênese da formação literária brasileira se encontra, basicamente, no século XVI, constituem- ambições que balizaram sua vida e o cegaram em relação a sua própria existência, posta à prova
na os relatos dos cronistas viajantes. após o suicídio da esposa, com quem viveu uma relação de desamor e desconfiança. Tal relação
( ) Oswald de Andrade reestrutura a Carta de Caminha em poemas, criando uma paródia e faz com que alguns críticos percebam semelhanças entre esta obra e Dom Casmurro, de
sugerindo uma releitura crítica da história do Brasil. Machado de Assis. A construção de sua própria biografia reflete a necessidade do narrador-
( ) A imagem do índio é resgatada por José de Alencar em obras indianistas. E assim, com tipos personagem de, simbolicamente, ter controle sobre tudo o tempo todo, na medida em que sua
heroicos como Peri e Iracema, o autor cria em seus romances uma imagem gloriosa do povo frustração diante de uma vida marcada pela solidão e pelas perdas tornaram-no amargurado.
indígena.
( ) A produção literária deste período foi marcada pela recuperação do passado histórico ( ) Romance realista, de matiz simbolista, construído a partir do entrelaçamento de duas
brasileiro, visto sob uma ótica às vezes crítica, outras irônica. narrativas: a primeira é o romance em si, que gira em tomo da Vida de um fidalgo, último varão de
( ) Devido à ausência de um passado medieval, o indianismo foi um dos elementos de uma família portuguesa secular e decadente; a segunda é uma novela, escrita pelo protagonista,
sustentação do sentimento nacionalista, o qual era característica deste período literário. que narra um episódio heroico que envolveu um antepassado seu. A obra entrecruza as duas
narrativas de modo a expor o Portugal dos tempos de glória e abastança e aquele outro, do fim
Assinale a alternativa que apresenta a sequência correta, de cima para baixo. do século XIX, marcado pela decadência econômica, política e moral, de modo que o
a 2–2–2–1–3 protagonista acaba se mostrando como uma alegoria do próprio Portugal.
b 1–3–3–3–2
( ) Este romance gira em torno dos conflitos existenciais de uma jovem que, tornando-se órfã
c 1–3–2–3–2 precocemente, vê-se diante de uma vida de pouco afeto e muita dubiedade. A obra gira em torno
d 2–3–2–1–3 das experiências da protagonista, da infância (ainda ao lado do pai) até a vida adulta, passando
e 2–2–3–1–2 por um processo de rejeição por parte da tia, uma adolescência marcada por fortes conflitos e um
casamento aparentemente sem amor. A narrativa, pouco convencional, constrói-se através,
sobretudo, do fluxo de consciência; seu foco principal é a estrutura interna da protagonista, suas
buscas pessoais, incertezas e desejos de uma vida plena e renovada.
Assinale a opção que aponta a ordem correta na correspondência entre títulos e resumos das
obras.
a 1-2-3
b 1-3-2
c 2-3-1
d 3-l-2
e 3-2-1

Questão 52 (FAAP)
Sobre a personagem Iracema, de José de Alencar, apenas está correto afirmar que:
a protagoniza a história de uma virgem indomável que, apaixonada por um colonizador, não
sucumbe ao amor.
b não sofre por amor como as típicas heroínas românticas.
c simboliza a terra americana, vista como mãe fecunda, daí seu nome ser um anagrama de
América.
d não se apresenta idealizada pelo narrador.
e é retratada em desarmonia com a natureza.
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Questão 53 (FATEC) Questão 54 (Univag)


Iracema, obra de José de Alencar, configura-se como um mito que dialoga intertextualmente com Leia o poema “Armas”, do escritor romântico Fagundes Varela.
histórias mais recentes do cinema, tais como Pocahontase Avatar.
Assinale a alternativa em que esse mito está corretamente descrito. – Qual a mais forte das armas,
a Fazendeiros e nativos da floresta enfrentam-se pela posse de escravos. A mais firme, a mais certeira?
b Uma selvagem apaixona-se por um estrangeiro, implicando divergências culturais. A lança, a espada, a clavina1,
c Um casal apaixonado é separado pelos genitores devido às diferenças sociais. Ou a funda2 aventureira?
d A condição física rejeitada e o caráter introvertido fazem nascer um monstro assassino. A pistola? O bacamarte?
e Devido à guarda de um segredo inominável, uma mulher torna-se uma líder respeitada. A espingarda, ou a flecha?
O canhão que em praça forte
Faz em dez minutos brecha?
– Qual a mais firme das armas? –
O terçado3, a fisga4, o chuço5,
O dardo, a maça, o virote6?
A faca, o florete, o laço,
O punhal, ou o chifarote7?...
A mais tremenda das armas,
Pior que a durindana7,
Atendei, meus bons amigos:
Se apelida: – a língua humana! –

(Frederico Barbosa (org.). Cinco séculos de poesia, 2011.)

1 clavina: carabina.
2 funda: tira de couro com que se arremessam pedras.
3 terçado: facão.
4 fisga: arpão.
5 chuço: lança.
6 virote: seta.

7 chifarote e durindana: espadas.


Sobre o poema, é correto afirmar que
a os versos longos e a ausência de rimas conferem ao poema o caráter filosófico pretendido
pelo eu lírico para tratar da linguagem.
b a presença do vocativo “meus bons amigos” sinaliza a intenção do eu lírico de estabelecer
maior proximidade com seus interlocutores.
c a citação em sequência de substantivos que designam diferentes armas caracteriza o poema
como texto narrativo-argumentativo.
d a forma verbal “atendei” está empregada no modo subjuntivo e, no contexto, pode-se atribuir
ao verbo atender os sentidos de escutar e perceber.
e o eu lírico subestima o poder da linguagem humana quando o compara à eficiência de
armamentos de diversas categorias.

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Questão 55 (UNICENTRO) Questão 57 (FUVEST)


Tornou-se Pereira pálido, franzindo os sobrolhos e olhando de esguelha para quem tão Em um poema escrito em louvor de Iracema, Manuel Bandeira afirma que, ao compor esse livro,
imprudentemente elogiava assim, cara a cara, a beleza de sua filha; Inocência enrubesceu que Alencar
nem uma romã; Cirino sentiu um movimento impetuoso, misturado de estranheza e desespero, e,
lá da sua pele de tamanduá-bandeira, ergueu-se meio apavorado o anão. “[...] escreveu o que é mais poema
Nem reparou Meyer e com a habitual ingenuidade prosseguiu: Que romance, e poema menos
–– Aqui, no sertão do Brasil, há o mau costume de esconder as mulheres. Que um mito, melhor que Vênus.”
Viajante não sabe de todo se são bonitas, se feias, e nada pode contar nos livros para o Segundo Bandeira, em Iracema,
conhecimento dos que leem. Mas, palavra de honra, senhor Pereira, se todas se parecem com a Alencar parte da ficção literária em direção à narrativa mítica, dispensando referências a
esta sua filha, é coisa muito e muito digna de ser vista e escrita! Eu... coordenadas e personagens históricas.
–– O senhor não quer retirar-se? Interrompeu Pereira com modo áspero.
b o caráter poemático dado ao texto predomina sobre a narrativa em prosa, sendo, por sua vez,
–– Pois não! Replicou o alemão.
superado pela constituição de um mito literário.
TAUNAY, Visconde de. Inocência. Disponível em: www.nead.unama. br. Acesso em: 19 jun. 2010.
c a mitologia tupi está para a mitologia clássica, predominante no texto, assim como a prosa
O diálogo entre as personagens Meyer, que representa a ideologia europeia, e Pereira, que está para a poesia.
traduz os valores sertanejos, evidencia d ao fundir romance e poema, Alencar, involuntariamente, produziu uma lenda do
a uma convergência ideológica entre culturas tão distintas. Ceará, superior à mitologia clássica.
b a desigualdade social entre a Europa e o Sertão brasileiro. e estabelece-se uma hierarquia de gêneros literários, na qual o termo superior, ou dominante, é
a prosa romanesca, e o termo inferior, o mito.
c o contraste entre o conceito de beleza europeu e o sertanejo.
d a indignação do europeu, que não compreende por que é maltratado por Pereira. Questão 58 (PUC-Campinas)
e a denúncia do choque cultural e ideológico entre os valores do homem europeu e do homem (...) o romantismo no Brasil não foi apenas um projeto estético, mas também um movimento
sertanejo brasileiro. cultural e político, profundamente ligado ao nacionalismo. Diferente do movimento alemão de
finais do século XIX, tão bem descrito por Norbert Elias, o nacionalismo brasileiro, pintado com as
Questão 56 (UCS) cores do lugar, partiu sobretudo das elites cariocas, que, associadas à monarquia, esforçavam-se
Machado de Assis foi um ícone da arte de narrar. Sua obra Memórias Póstumas de Brás Cubas em chegar a uma emancipação em termos culturais. Os temas eram nacionais, mas a cultura, em
causou impacto no leitor da época, acostumado com romances românticos. vez de popular, era cada vez mais palaciana (...). Atacados de frente por um historiador como
Em relação ao romance Memórias Póstumas de Brás Cubas, assinale a alternativa correta. Varhagen, que os chamava de “patriotas caboclos”, os indianistas brasileiros ganharam, porém,
a Marcela é um exemplo de personagem feminina com características típicas do Romantismo. popularidade e tiveram sucesso nesse contexto na imposição da representação romântica do
b O romance é narrado em primeira pessoa pela personagem Quincas Borba, inventor da indígena como símbolo nacional.
filosofia do Humanitismo.
(SCHWARCZ, Lilia Moritz. As barbas do imperador. D. Pedro II, um monarca nos trópicos. São Paulo:
c Brás Cubas empreende vários projetos, que fracassam pelo fato de ele ter um caráter volúvel, Companhia das Letras, 1998, p. 139-140)
egoísta e inconsequente. Para a consolidação dos ideais nacionalistas no Brasil recém-emancipado, foi decisiva a iniciativa
d No romance, o enredo é uma sequência de episódios corriqueiros, que refletem a banalidade de José de Alencar,
da vida das elites brasileiras do século XVIII. a ao desmistificar o artificial indianismo brasileiro, promovendo uma literatura etnográfica de
e A personagem Virgília, esposa de Lobo Neves, envolve-se amorosamente com Quincas caráter científico.
Borba e com Brás Cubas. b que articulou, no romance Iracema, uma sólida e edificante aliança de culturas entre as etnias
formadoras da nossa sociedade.
c ao desenvolver um projeto de escritor no qual se representassem diferentes espaços e
épocas da vida brasileira.
d que lutou incansavelmente para que os ideais republicanos e abolicionistas determinassem o
estilo da nossa literatura.
e ao estabelecer em O Guarani um parâmetro de linguagem popular para identificar nossa
literatura mais genuína.

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Questão 59 (UFRR) Questão 61 (ITA)


“Porque enfim fossem francos: que tinha ela? [...] não era uma amante chique; andava em tipóias Em Senhora, de José de Alencar, há uma cena em que Aurélia sai bruscamente do jardim, onde
de praça; usava meias de tear; casara com um reles indivíduo de secretaria; vivia numa estava com Seixas, vai para a sala e fecha as cortinas para apagar os reflexos da “claridade
casinhola, não possuía relações decentes; jogava naturalmente o quino, e andava por casa de argentina da lua”. Assinale a opção que explica esse comportamento da personagem.
sapatos de ourelo; não tinha espírito, não tinha toalette... Que diabo! Era um trambolho!” a Para Aurélia, assim como para Seixas, a natureza é pouco atrativa.
(QUEIRÓS, Eça de. O Primo Basílio. São Paulo: Ateliê Editorial, 2001).
b A frieza de Aurélia para com Seixas quase foi quebrada no jardim.
O texto se refere a:
c As atitudes tingidas do casal são as mesmas em qualquer lugar.
a Leopoldina.
d Aurélia busca sempre humilhar o marido, ostentando o luxo da casa.
b Joana.
e Ela quer preparar a sala para jogar cartas com Seixas e vencê-lo no jogo.
c Adelaide.
d Luísa. Questão 62 (UNIFESP)
e Alphonsine. Compare o trecho de Memórias Póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis, com o
fragmento do poema O navio negreiro – tragédia no mar, de Castro Alves (questões 11 e 12).
Questão 60 (CESMAC) Indique a alternativa que apresenta aspectos observáveis nos dois textos.
Analise o fragmento de um poema, transcrito abaixo. a Tema da escravidão, contenção expressional, exploração do ritmo da frase, visão crítica da
realidade.
Senhor Deus dos desgraçados! b Ironia, exploração do ritmo da frase, intertextualidade explícita, denúncia de problemas
Dizei-me vós, Senhor Deus! sociais.
Se é loucura... se é verdade!
Tanto horror perante os céus... c Tema da escravidão, visão crítica da realidade, exploração do ritmo da frase, representação
Ó mar! Por que não apagas do homem como objeto do homem.
Co’a esponja de tuas vagas d Estilo apurado, visão crítica da realidade, representação do homem como objeto do homem,
Do teu manto este borrão?... intertextualidade explícita.
Astros! noite! tempestades! e Tema da escravidão, tom arrebatado, visão crítica da realidade, estilo apurado.
Rolai das imensidades!
Varrei os mares, tufão!... TEXTO BASE 6
A questão refere-se à leitura das obras Noite na taverna, Antes do Baile Verde e do conto O
Trata-se de um fragmento do poema Navio Negreiro, da autoria de Castro Alves, em que se pode burrinho Pedrês presente no livro Sagarana.
observar:
Questão 63 (IFSulDeMinas)
1) uma tendência da terceira geração dos poetas românticos, que se interessam mais pelo
conflito entre liberdade e escravidão do que pela idealização do amor. PARA RESPONDER A QUESTÃO, LEIA O TEXTO BASE 6
2) uma produção poética envolvida com os problemas sociais que afligiam a realidade da época. Em Noite na Taverna, Álvares de Azevedo demonstra:
3) a disposição para entrar em interlocução com a entidade divina ou com entidades
supostamente poderosas. a sentimento nacionalista, marcante não só em sua geração brasileira, como no Romantismo de
forma geral.
4) a posição do eu-lírico em relação ao tráfico de escravos, a qual sintonizava com a parcela da
população que queria a extinção da escravidão, mas de forma lenta e gradual. b traços ultrarromânticos, através de narrativas carregadas de sentimentalismo e sensualidade
mórbida.
Estão corretas: c o melhor de sua produção em versos, por meio de uma clara preocupação social.
a 1, 2, 3 e 4 d absoluta destruição de clichês românticos, promovendo uma prosa voltada para relações
b 1, 2 e 3 apenas humanas em seus aspectos corriqueiros.
c 1, 3 e 4 apenas
d 2 e 3 apenas
e 2 e 4 apenas

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Questão 64 (UVA) Questão 65 (FMABC)


TEXTO Til, romance de José de Alencar, pode ser caracterizado como uma narrativa de vingança porque
houve um crime, cometido no passado, e que precisa ser cobrado. Assim, quem consuma a
[1] Dançava-se a quatragem no mutirão da tia Umbelina. vingança é
Margarida estava sentada junto de Eugênio, de cujo lado não se arredara desde que este havia a Ribeiro que, casado com Besita, suspeitou de uma infidelidade conjugal praticada por ela.
chegado. b Luiz Galvão que tinha um segredo em sua vida, talvez uma falta, e o ocultava de todos, mas
Ia-se formar nova roda de dançadores; Luciano, que tinha a viola em punho, dirigiu-se a especialmente da mulher.
Margarida, e
convidou-a para a dança. Ela recusou-se protestando já ter dançado muito e achar-se fatigada. c Jão Fera que ajudara a criar a órfã, tinha jurado que mataria o assassino da mãe dela e
[5] – Então venha esse mocinho, que aí está com a senhora — disse Luciano. consegue fazê-lo antes que outro realizasse o plano.
Com este convite o rapaz procurava mesmo ocasião de travar-se de razões com o estudante, a d Gonçalo Pinta, também chamado de Suçuarana, um valentão que se tinha na conta do mais
fim de façanhudo espoleta de toda a redondeza.
desabafar o ciúme e o despeito que por dentro o corroíam. e Zana que presenciara o assassinato de Besita, e cuja cena ficara gravada em sua memória,
– Eu não sei dançar — respondeu Eugênio com timidez. provocando-lhe alucinações.
– Deveras!... não me diga isso, moço; isso é desculpa; falta-nos uma pessoa; venha... não se
faça de Questão 66 (CESGRANRIO)
[10] rogado. Analise as afirmativas abaixo.
– É deveras; não sei dançar, nunca dancei em dias de minha vida.
– Então para que vem a estas funções?... I - No Realismo, a narrativa procura retratar a realidade exterior, apresentando, por vezes,
– Ora essa é boa!... para ver... situações um tanto artificiais e improváveis.
– Como quem vem aqui ver... mas ah! já o estou conhecendo; o senhor não é aquele coroinha, II - A vida, no Simbolismo, é retratada de forma vaga, imprecisa, mas de modo lógico, direto, o
que que é evidenciado pelos recursos sonoros utilizados.
[15] ultimamente tem ajudado à missa ao vigário lá na vila? III - O Romantismo retrata a realidade interior e emprega vocábulos que, semanticamente,
– É ele mesmo — acudiu Margarida, que já se impacientava com as grosserias —, é o filho do instauram uma ambiência de sonho e de poesia.
Sr. capitão
Antunes. Está correto APENAS o que se afirma em
– Do capitão Antunes?... ah!... e o que vem ele aqui fazer?... decerto aqui veio fugido de casa, e a I.
há de ser
benfeito que o pai lhe passe uma dúzia de bolos, quando souber que já anda metido em b I e II.
súcias... c I e III.
(GUIMARÃES, Bernardo. O seminarista. São Paulo: Martin Claret, 2013. p. 70-1). d II e III.
e III.
Bernardo Guimarães é um autor:
a barroco.
b romântico.
c realista.
d naturalista.

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Questão 67 (UPE) Questão 68 (Unioeste)


Machado de Assis, Guimarães Rosa e Clarice Lispector são romancistas e contistas, cujas Para responder à questão, leia o texto abaixo.
narrativas apresentam observações profundas do comportamento humano. Sobre esse tema,
coloque V nas afirmativas verdadeiras e F nas falsas. Em tempos de depressão
( ) Em Dom Casmurro, conto da primeira fase da obra machadiana, há uma análise minuciosa do
comportamento da mulher pertencente à classe burguesa, pois Capitu se apresenta como Sim! Jovens e velhos, adultos e crianças, vivemos tempos de angústia e depressão.
personagem ambígua e interesseira, que não mede esforços para dilapidar o patrimônio do A luz no fim do túnel – adágio popular bem conhecido – não se apresenta ou é ofuscada por
marido, tal como acontece no capítulo Libras esterlinas. um sistema em que a violência, a insegurança, a corrupção, a falta de emprego e outras mazelas
( ) Laços de família é uma coletânea de Clarice Lispector, composta por 13 contos que, na andam à solta.
maioria, possuem como protagonistas personagens femininas, tomando-se como exemplo Ana, “Mas essa dor da vida que devora/ A ânsia de glória, o dolorido afã...” tem remédio? Ou será
no conto Amor, e Dona Anita, em Feliz aniversário. Nas duas narrativas, elas são idosas e que apenas resta a desesperança? “O meu semblante está enxuto./ Mas a alma, em gotas
lamentam só terem descoberto a si mesmas em idade avançada. mansas,/ Chora abismada no luto/ Das minhas desesperanças...”.
( ) Primeiras histórias, de Guimarães Rosa e Laços de família, de Clarice Lispector demonstram a É irônico perceber que, muitas vezes, as pessoas oferecem aquilo que não possuem ou
preocupação de seus autores com a linguagem, característica peculiar à produção literária tanto desconhecem: “Tanta gente também nos outros insinua/ Crenças, religiões, amor, felicidade”.
do escritor mineiro quanto da autora brasileira, assim considerada, apesar de ter nascido na Talvez nos reste, ao final, como aquele “acrobata da dor”, o sarcasmo pungente do riso: “ri!
Ucrânia. Coração, tristíssimo palhaço”.
( ) Dom Casmurro, de Machado de Assis, Famigerado, de Guimarães Rosa, e Uma galinha, de
Clarice Lispector são três narrativas que têm por narradores-personagens Dom Casmurro , a Assinale a alternativa cujos versos, pela ordem em que são citados no texto, correspondem a
galinha e Famigerado. Por essa razão, os três relatos são protagonizados por figuras ambíguas, seus respectivos autores.
resultantes do comprometimento dos personagens-narradores. a Gregório de Matos, Álvares de Azevedo, Jorge de Lima, Olavo Bilac.
( ) Em Dom Casmurro, são narrados acontecimentos que se passam no Rio de Janeiro; o mesmo b Gregório de Matos, Olavo Bilac, Manuel Bandeira, Cruz e Sousa.
fato ocorre no conto Amor, cuja personagem Ana é identificada por um substantivo que, ao sofrer
inversão, mantém-se inalterado, pois nada se lhe modifica. Já em A menina de lá, o espaço é um c Álvares de Azevedo, Manuel Bandeira, Jorge de Lima, Cruz e Sousa.
lugar que “ficava para trás da Serra do Mim, quase no meio de um brejo de água limpa, lugar d Álvares de Azevedo, Gonçalves Dias, Jorge de Lima, Olavo Bilac.
chamado o Temor-de-Deus”. e Álvares de Azevedo, Jorge de Lima, Olavo Bilac, Manuel Bandeira.

Assinale a alternativa que contém a sequência CORRETA. Questão 69 (Unioeste)


a FFFFF Em Terras do sem fim, quem é a personagem que, caracterizada pelo engrandecimento, aparece
b FFVFV no romance através de histórias marcadas pela superstição, violência e desonestidade: venda da
alma ao diabo, tocaia interesseira e mortes bárbaras: “cortara-lhe as orelhas, a língua, o nariz e
c VVVFF
os ovos”?
d FFVVV
a Coronel Horácio da Silveira.
e VFVFV
b Coronel Teodoro Martins.
c Sinhô Badaró.
d Juca Badaró.
e Negro Damião.

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Questão 70 (ULBRA) TEXTO BASE 7


Considerando a obra Lucíola, de José de Alencar, numere adequadamente os dois blocos e A questão refere-se ao poema de Manuel Bandeira abaixo.
marque a alternativa correta.
Profundamente
I – Paulo Silva
II – Ana Quando ontem adormeci
III – Maria da Glória Na noite de São João
IV – Lúcia Havia alegria e rumor
V – Couto Estrondos de bombas luzes de Bengala
VI – Dr. Sá Vozes cantigas e risos
VII – Nina Ao pé das fogueiras acesas.

( ) Moça pobre, simples, tímida. No meio da noite despertei


( ) Encarna a moral burguesa e suas máscaras: austera com os outros, benigna Não ouvi mais vozes nem risos
consigo. Apenas balões
( ) Senhor dado a jovem galante, com grande obsessão sexual. Representa a Passavam errantes
sociedade que explora e corrompe. Silenciosamente
( ) É o narrador da história e como tal não revela certas informações. Apenas de vez em quando
( ) Sua principal característica é a contradição. O ruído de um bonde
a VII; III; I; V; II. Cortava o silêncio
Como um túnel.
b II; V; VI; III; IV.
Onde estavam todos os que há pouco
c III; VI; V; I; IV. Dançavam
d III; V; I; VI; VII. Cantavam
e IV; V; VI; I; III. E riam
Ao pé das fogueiras acesas?
Questão 71 (UFGD) Estavam todos dormindo
Publicado pela primeira vez em 1932, Menino de Engenho marca a estreia de José Lins do Rego Estavam todos deitados
como romancista. Considerado como um dos principais representantes da estética do chamado Dormindo
“romance de 30”, esse livro exerceu profunda influência na ficção brasileira do século XX. Profundamente
Assinale a alternativa que não se aplica ao romance.
****
a O romance retrata a vida nos engenhos do interior nordestino, enfocando um conjunto de
relações humanas e sociais que acompanha o fim da escravidão e nas quais a dependência Quando eu tinha seis anos
Não pude ver o fim da festa de São João
entre senhores e servos é preservada.
Porque adormeci
b Narrada em primeira pessoa, a história se inicia com a chegada de Carlos de Melo ao
Engenho Santa Rosa, pertencente ao coronel José Paulino, avô da personagem, e termina Hoje não ouço mais as vozes daquele tempo
com a ida do menino para o internato. Minha avó
c Certa precocidade de relações entre homens e mulheres transparece no fato de que o Meu avô
narrador, quando tinha entre 10 e 12 anos, teve seu primeiro contato físico com uma mulher, Totônio Rodrigues
representada pela negra Zefa, que marcaria sua infância. Tomásia
d O autor faz referências também ao coronel Lula de Holanda, proprietário do Engenho Santa Rosa
Fé, apresentando-o como símbolo de relações sociais decadentes, num contraponto aos Onde estão todos eles?
valores vigentes no outro engenho.
e Um evento importante na vida do narrador ocorre no momento em que, contestando a Estão todos dormindo
religiosidade de sua mãe, nega, diante dela, a existência do inferno, num ato de rebeldia que Estão todos deitados
redundaria em punição. Dormindo
Profundamente.

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Questão 72 (ITA) Questão 73 (FAGOC)


PARA RESPONDER A QUESTÃO, LEIA O TEXTO BASE 7
Esse poema, contudo, não é propriamente romântico, não só porque o autor não pertence
historicamente ao Romantismo, mas, sobretudo, porque
a o poema faz uma menção ao universo urbano (“o ruído de um bonde”), o que o afasta da
preferência dos românticos pela natureza.
b as pessoas de que o poeta se lembra estão mortas (“Dormindo / Profundamente”).
c não há no poema o chamado “escapismo” romântico, nem a idealização do passado, mas sim
a consciência de que este não volta mais.
d o poema não possui nenhum traço emotivo explícito, o que o afasta da poesia romântica, que
é marcadamente emotiva e sentimental.
e não há, no poema de Bandeira, a presença do amor, que é um tema recorrente na poesia
romântica.

“Monumento erigido em homenagem a Dom Pedro I. João Mafra, que concebeu o projeto,
pretendia mostrar o imperador e os demais participantes do movimento de independência. Louis
Rochet, escultor responsável pela execução da obra, introduziu figuras de indígenas para
representar simbolicamente os principais rios do Brasil.”

De acordo com a imagem apresentada, é possível identificar a representação da figura


indígena. Em relação ao índio, pode-se afirmar que
a no Romantismo, é considerado o autêntico representante da nacionalidade do país.
b sua força física e seu valor moral apontam para a preocupação da expressão da realidade no
Romantismo.
c na literatura do Quinhentismo, sua idealização tem por objetivo torná-lo o símbolo de uma
identidade nacional.
d é uma figura de presença constante no Naturalismo, estilo de época que marcou a segunda
metade do século XIX.
Questão 74 (UNITAU)
Sobre Memórias de um sargento de milícias, pode-se afirmar:
a É um romance de transição entre o Realismo e o Romantismo.
b É um romance em que a sociedade brasileira do século XIX é representada.
c É um romance que se filia à tradição dos romances picarescos.
d É um romance em que se confundem os hemisférios da ordem e da desordem.
e É um romance decalcado parcialmente da série social.

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Questão 75 (UFRGS) Questão 77 (PUC-Campinas)


Assinale a alternativa que preenche corretamente as lacunas do enunciado abaixo, na ordem em Ora, pegar escravos fugidos era um ofício do tempo. Não seria nobre, mas por ser instrumento
que aparecem. da força com que se mantém a lei e a propriedade, trazia esta outra nobreza das ações
reivindicadoras. Ninguém se metia em tal ofício por desfastio ou estudo: a pobreza,
O projeto literário de ........ consistia em “radiografar” o Brasil em sua totalidade. Assim, narrou o a necessidade de uma achega, a inaptidão para outros trabalhos, o acaso, e alguma vez o gosto
passado indígena, em ........, a sociedade burguesa fluminense do século XIX, em ........, e o de servir também, ainda que por outra via, davam o impulso ao homem que se sentia bastante rijo
mundo rural em ........ . para pôr ordem à desordem.
a José de Alencar – A Moreninha – Til – Iracema (Machado de Assis, “Pai contra mãe”. Os melhores contos de Machado de Assis. Seleção de Domício Proença Filho.
S. Paulo: Global, 1985, p. 282)
b Joaquim Manuel de Macedo – Iracema – Senhora – A Moreninha
c Joaquim Manuel de Macedo – Iracema – A Moreninha – Til
d José de Alencar – Til – A Moreninha – Senhora
e José de Alencar – Iracema – Senhora – Til

Questão 76 (UFN)
Era um sonho dantesco ... O tombadilho
Que das luzernas avermelha o brilho,
Em sangue a se banhar.
Tinir de ferros... estalar do açoite...
Legiões de homens negros como a noite,
Horrendos a dançar...

Como demonstra a estrofe acima, o romantismo de Castro Alves caracteriza-se pelo


a nacionalismo.
b condoreirismo.
c patriotismo.
d sentimentalismo.
e preciosismo.

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Na busca de afirmação internacional, D. Pedro II e seus diplomatas procuraram apresentar no Questão 79 (UDESC)
exterior a imagem de um país jovem, moderno e com grande potencial de desenvolvimento. O fim
do tráfico negreiro, em 1850, era usado como exemplo de que a nação caminhava em direção ao Texto 4
fim da escravidão, prática inaceitável para uma “nação civilizada”. Ao mesmo tempo, o governo
imperial colocou todo o seu empenho na modernização do Rio de Janeiro, principal cartão postal 20
da jovem nação.
(Gislane Azevedo e Reinaldo Seriacopi. História: série Brasil. São Paulo: Ática, 2005, p. 347) [1] Às cinco horas da manhã estava de pé, vestindo-me para ir buscar Lúcia. Na
véspera ao despedir-se de mim ela me dissera:
Uma das táticas do irônico narrador machadiano é simular que está justificando um ato de – Amanhã mudo-me. Venha-me buscar ao romper do dia. Desejo... careço de
violência para assim intensificar essa mesma violência. Tal estratégia se verifica no trecho acima, entrar apoiada ao seu braço na casa onde vou viver a minha nova existência.
mais particularmente no elemento sublinhado em: [5] Achei-a pronta e esperando-me; os vestígios da comoção violenta que haviam
produzido as amargas recordações desapareciam sob a plácida serenidade que
a pegar escravos fugidos era um ofício do tempo.
reslumbrava de sua alma e dava à sua beleza uma suave limpidez.
b a inaptidão para outros trabalhos. Partimos a pé, com a fresca da manhã; fizemos um dos mais belos passeios de
c por ser um instrumento da força. que se pode gozar no Rio de Janeiro.[...]
d com que se mantém a lei e a propriedade. [10] Apesar da revelação da véspera, continuava a dar a Lúcia esse doce nome, que
e esta outra nobreza das ações reivindicadoras. estava tão habituado a pronunciar. Uma vez porém ela olhou-me com uma expressão
de mágoa:
Questão 78 (CESMAC) – Paulo – disse-me com brandura –, chama-me Maria!
Desde então, quando eu pronunciava esse nome, sua alma tinha enlevos, e ela
Em relação à poesia do Romantismo brasileiro analise o esquema abaixo. Em seguida, analise as
[15] acompanhava o movimento de meus lábios estremecendo de gozo, como se todo o seu
afirmações que constam nas alternativas.
corpo sentisse uma doce carícia.
– Quando me chamas assim, Paulo – murmurava ela –, parece-me que tu me
Um quadro que dê conta da poesia romântica brasileira pode ser sintetizado conforme o seguinte
embebes e me afagas num só e imenso beijo que me envolve toda. [...]
esquema:
Almoçamos, como os pastores de Teócrito, frutas, pão e leite cru: ainda não
- a 1ª. geração é chamada de ‘nacionalista ou indianista’;
[20] havia preparos de cozinha, nem fogo. Por volta de onze horas do dia chegou a criada,
- a 2ª. geração é conhecida como a ‘ultrarromântica’;
com uma menina de doze anos, linda e mimosa como um anjinho de Rafael. Era o
- a 3ª. geração é denominada de ‘condoreira’.
retrato de Lúcia, com a única diferença de ter uns longes de louro cinzento nos cabelos
1) Os representantes da 1ª. geração escolheram como tema a natureza tropical, o patriotismo e o
anelados.
elemento indígena brasileiro.
ALENCAR, José de. Lucíola. Porto Alegre: L&PM, 2017. pp. 147 e 148.
2) Foi destaque entre os poetas da primeira geração, o poeta Gonçalves Dias, autor do conhecido
poema Canção do Exílio.
Analise as proposições em relação à obra Lucíola, José de Alencar, e ao Texto 4.
3) Os representantes da 2ª. geração alimentaram uma visão pessimista da vida e da sociedade.
Têm como expoentes Casimiro de Abreu e José de Alencar.
I. Dígrafo é o encontro de duas letras para representar um só fonema. Nos vocábulos “Amanhã”
4) Os representantes da 3ª. geração destacaram-se por uma literatura de caráter social, que
(linha 3), “romper” (linha 3) e “passeios” (linha 8) ocorre dígrafo.
denunciava a desigualdade social e defendia a liberdade.
II. No romance Lucíola, a protagonista, ainda que resgatada pelo amor de Paulo, continua a
5) Na 3ª. geração, merece destaque o poeta Castro Alves, que, em seu poema Navio Negreiro
prostituir-se, levando, também, a irmã, Ana, à prostituição.
critica com veemência a escravidão que imperava no Brasil.
III. Da leitura da estrutura “ Apesar da revelação da véspera” (linha 10), infere-se o momento em
Estão corretas as alternativas:
que Lúcia conta a Paulo sobre a troca do verdadeiro nome dela com o da amiga que morreu
a 1, 2, 3, 4 e 5 tísica, e que isso fez para aliviar o desgosto do pai, ao sabê-la prostituta.
b 1, 2, 4 e 5 apenas IV.Em “fizemos um dos mais belos passeios de que se pode gozar” (linhas 8 e 9) a preposição
c 1, 3, 4 e 5 apenas destacada não pode ser retirada, devido à regência, uma vez que é exigida pela palavra que a
d 2 e 3 apenas antecede.
V. Nas estruturas “Quando me chamas assim” (linha 17) e “beijo que me envolve toda (linha 18),
e 3 e 5 apenas em relação à colocação pronominal, ocorre próclise, de acordo com a língua padrão culta, devido
às partículas atrativas conjunção subordinada temporal e pronome relativo, sequencialmente.

Assinale a alternativa correta.

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a Somente as afirmativas I, III e V são verdadeiras. Questão 81 (Unifenas)
b Somente as afirmativas I, II, III e IV são verdadeiras.
TEXTO 1
c Somente as afirmativas II, III e V são verdadeiras.
d Somente as afirmativas III, IV e V são verdadeiras. Se Eu Morresse Amanhã
e Somente as afirmativas I, III, IV e V são verdadeiras.
Se eu morresse amanhã, viria ao menos
Questão 80 (UFG) Fechar meus olhos minha triste irmã;
Leia o fragmento do relato do viajante Johann Emanuel Pohl, que recolheu impressões do Brasil Minha mãe de saudades morreria
no início do século XIX. Se eu morresse amanhã!

Se algum ponto do Novo Mundo merece, por sua situação e condições naturais, tornar-se um dia Quanta glória pressinto em meu futuro!
teatro de grandes acontecimentos, um foco de civilização e cultura, um empório do comércio Que aurora de porvir e que manhã!
mundial é, ao meu ver, o Rio de Janeiro. Eu perdera chorando essas coroas
POHL, Johann Emanuel. Viagem no interior do Brasil empreendida nos anos de 1817 a 1821. Tradução Milton Se eu morresse amanhã!
Amado e Eugenio Amado. Rio de Janeiro: INL, 1951. p. 38.
O relato de viagem transcrito, tomado como fonte pela História, e a representação ficcional sobre Que sol! Que céu azul! Que doce n’alva
o Rio de Janeiro da época de D. João VI, no romance Memórias de um sargento de milícias, de Acorda a natureza mais louçã!
Manuel Antônio de Almeida, produzem discursos Não me batera tanto amor no peito
Se eu morresse amanhã!
a análogos, porque promovem imagens positivas desse período, ressaltando o desenvolvimento
social da capital da colônia.
Mas essa dor da vida que devora
b díspares, pois o registro histórico positivo desse período opõe-se ao retrato caricaturesco do A ânsia de glória, o dolorido afã...
Rio do “tempo do rei”, no romance. A dor no peito emudecera ao menos
c imparciais, na medida em que representam um quadro despretensioso da sociedade carioca Se eu morresse amanhã!
do “tempo do rei”.
d complementares, pois o fragmento projeta um futuro promissor para o Rio de Janeiro, e o (AZEVEDO, Álvares de. Apud Heller, Bárbara e outros,orgs. Literatura Comentada.SP, Abril Educação,1982, p.51.)
romance confirma essa ideia.
e satíricos, visto que promovem uma visão crítica do Brasil colonial, retratado pelas falhas TEXTO 2
morais de sua sociedade.
Post Mortem

Quando do amor das Formas inefáveis


No teu sangue apagar-se a imensa chama,
Quando os brilhos estranhos e variáveis
Esmorecem-se nos troféus da Fama.

Quando as níveas Estrelas invioláveis,


Doce velário que um luar derrama,
Nas clarezas azuis ilimitáveis
Clamarem tudo o que o teu Verso clama.

Já terás para os báratros descido,


Nos cilícios da Morte revestido,
Pés e faces e mãos gelados...

Mas os teus Sonhos e Visões e Poemas


Pelo alto ficarão de eras supremas
Nos relevos do Sol eternizados!

(Sousa, Cruz e – in Poesias Completas. RJ.Ed. Tecnoprint S.A, s/d.p.29)


Assinale a alternativa em que não se encontra comentário ou juízo crítico adequado sobre os
autores dos textos em questão. /
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a “A exemplo dos companheiros de geração (Geração da Poesia Mal do Século), apresenta Questão 84 (ACAFE)
como característica um lirismo amoroso impregnado de erotismo. No seu caso, porém, trata-
se de um sensualismo intensamente vivenciado, daí ser revestido da autenticidade inexistente Sobre o contexto histórico e social das escolas literárias brasileiras, correlacione as colunas
nos demais autores do período. seguir.
b “Sua trajetória poética evolui do particular para o geral: as primeiras produções são
( 1 ) Proclamada a independência, em 1822, cresce no Brasil o sentimento de nacionalismo,
impregnadas da dor do negro ‘emparedado’, enquanto que as últimas são marcadas pela dor
buscase o passado histórico, exalta-se a natureza da pátria. De 1823 a 1831, o Brasil viveu um
de ser homem, de simplesmente existir.
período difícil com o autoritarismo de D. Pedro I: a dissolução da Assembleia Constituinte; a
c “Introduz na literatura brasileira a ‘linha do humorismo poético’, constituída por poemas que Constituição outorgada; a luta pelo trono português contra seu irmão D. Miguel; e, finalmente, a
dessacralizam aspectos marcantes da poesia romântica como o amor, o namoro e a abdicação. Segue-se o período regencial e a maioridade prematura de Pedro II.
idealização da figura feminina. ( 2 ) O crescimento de algumas cidades de Minas Gerais, cuja base econômica era a exploração
d “Embora antecipe manifestações expressionistas, surrealistas e modernas, revela-se grande do ouro, favorecia tanto a divulgação de ideias políticas quanto o florescimento de uma literatura
cultor do soneto de feição parnasiana, evidenciada no formalismo e cuidado vocabular.” cujos modelos os jovens brasileiros foram buscar em Coimbra, já que a colônia não lhes oferecia
e “De modo geral, a figura feminina é mostrada com ambiguidade, colocada entre o anjo e o cursos superiores. E, ao retornarem de Portugal, traziam consigo as ideias iluministas.
demônio, pois que ora é apresentada como um ser platonizado, ora como um ser decaído.” ( 3 ) O período era sem dúvida de muita opressão. A igreja lutava contra os reformadores por
meio da Inquisição e instaurava um clima de medo constante em seus fiéis, que se viam divididos
TEXTO BASE 8 entre o material e o espiritual, o prazer e o dever. Ao mesmo tempo eram mostradas cenas
[1] No sertão mineiro do século XIX, fazendeiro bíblicas que remetem ao amor e à compaixão, como os momentos de dor imensa do sacrifício de
bruto tranca a sete chaves sua bela filha, prometida em Jesus Cristo.
casamento para um brutamontes. Mas ela se apaixona ( 4 ) A industrialização brasileira, que vinha crescendo desde o começo do século, foi
[4] por médico itinerante e tenta fugir. Walter Lima Júnior, impulsionada com a Primeira Guerra Mundial e estimulou a urbanização das cidades,
em um de seus melhores filmes, homenageia duas principalmente de São Paulo. A capital paulista, com a expansão da cafeicultura começou a
importantes figuras do cinema nacional, Humberto experimentar um enorme crescimento econômico. O período foi marcado também pela chegada
[7] Mauro e Lima Barreto, ao adaptar o romance clássico em massa de imigrantes, principalmente italianos, muitos dos quais haviam vivido a experiência
do Visconde de Taunay, já filmado em 1915 e 1949. O da luta de classes em seus países e divulgaram no país ideias anarquistas e socialistas.
resultado é um filme romântico, bonito e eficiente. Por ( 5 ) Influenciados pelo pensamento evolucionista de Charles Darwin no Brasil e pelo positivismo
[10] exigência dos produtores para conter custos, foi rodado de Augusto Comte, o movimento ficou bastante conhecido por explorar temas como a
na floresta da Tijuca — e não, no sertão mineiro, como homossexualidade, o incesto, o desequilíbrio e a loucura. Os escritores passaram a retratar em
na primeira adaptação —, mas não se perdeu o clima. seus personagens traços de natureza animal, desde impulsos sexuais a comportamentos
desregrados e instintivos. A agressividade, a violência e o erotismo eram considerados parte da
Com relação ao texto acima, aos temas nele abordados e ao romance Inocência, no qual se personalidade humana, já que o indivíduo era visto como fruto do meio em que vivia.
baseia o referido filme, de mesmo título, julgue o item a seguir.
( ) Arcadismo
Questão 82 (UnB) ( ) Romantismo
( ) Naturalismo
PARA RESPONDER A QUESTÃO, LEIA O TEXTO BASE 8 ( ) Modernismo
A obra Inocência, de Visconde de Taunay, é considerada uma das obras-primas do romance ( ) Barroco
regionalista brasileiro. A sequência correta, de cima para baixo, é:
a CERTO a 5-2-3-1-4
b ERRADO b 4-5-1-3-2
c 3-4-2-5-1
Questão 83 (UNEMAT) d 2-1-5-4-3
Sobre o romance Dom Casmurro (1865), obra produzida por Machado de Assis, pode-se afirmar
que o narrador-personagem, Bento Santiago, expressa o desejo de:
a recompor a união matrimonial com Capitu.
b esquecer a sua infância e a sua adolescência, na velhice.
c separar a sua vida presente dos amigos que perdeu na adolescência.
d atar as duas pontas da vida e restaurar, na velhice, a adolescência.
e reconstruir a casa em que viveu na infância, na ilha de Paquetá.

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Questão 85 (UCPEL) Questão 86 (UFPR)


Assinale a única alternativa correta. Leia com atenção dois fragmentos de Lucíola, de José de Alencar.
a Castro Alves também escreveu crônicas de temática monarquista, que foram publicadas após
sua morte. Se tivesse agora ao meu lado o Sr. Couto, estou certo que ele me aconselharia para as ocasiões
b Álvares de Azevedo, em sua obra, retrata o modo de pensar e de agir dos escravos. difíceis uma reticência. Com efeito, a reticência não é a hipocrisia no livro, como a hipocrisia é a
reticência na sociedade?
c Vinícius de Moraes, em sua obra, mostra uma integração perfeita com os dogmas da fé cristã, Sempre tive horror às reticências; nesta ocasião antes queria desistir do meu propósito, do que
com as teorias barrocas da evolução teocêntrica e com as construções oníricas. desdobrar aos seus olhos esse véu de pontinhos, manto espesso, que para os severos moralistas
d Francisco Lobo da Costa apresenta uma obra voltada para a estética romântica, exaltando o da época, aplaca todos os escrúpulos, e que em minha opinião tem o mesmo efeito da máscara,
amor, a tristeza, a saudade, além de temas sociais. o de aguçar a curiosidade. (p.253-254)
e Érico Veríssimo, em sua produção literária, está sempre intimamente relacionado aos Quando a mulher se desnuda para o prazer, os olhos do amante a vestem de um fluido que cega;
problemas e realidades do século XX. quando a mulher se desnuda para a arte, a inspiração a transporta a mundos ideais onde a
matéria se depura ao hálito de Deus; quando porém a mulher se desnuda para cevar, mesmo
com a vista, a concupiscência de muitos, há nisto uma profanação da beleza e da criatura
humana, que não tem nome.
É mais do que a prostituição: é a brutalidade da jumenta ciosa que se precipita pelo campo,
mordendo os cavalos para despertar-lhes o tardo apetite. (p. 258)
ALENCAR, José de. Lucíola. Ficção completa e outros escritos, vol 1. Rio de Janeiro: Aguilar, 1965.
Considere as afirmativas abaixo:

1. A estratégia narrativa de Lucíola superpõe, entre o real e o ficcional, três figuras autorais: José
de Alencar, o escritor do romance; Paulo, o autor das cartas em primeira pessoa; G.M, a
destinatária que as organiza em forma de livro, atribuindo-lhe o título.
2. Apesar de situado no romantismo brasileiro, Lucíola inaugura o naturalismo na literatura
brasileira ao explicar a sensualidade e a prostituição da protagonista como consequência do meio
em que vive: a sociedade degradada da Corte no ano de 1855.
3. O grande amor de Paulo por Lúcia faz com que ele conheça profundamente os sentimentos e
pensamentos da amada, gerando em alguns momentos uma oscilação entre a narração em
primeira pessoa e a narração onisciente.
4. Paulo é ao mesmo tempo personagem do acontecimento passado e narrador do relato
presente. A distância de seis anos possibilita comentários, conclusões e reflexões, deixando clara
a diferença temporal entre viver e narrar o vivido.

Assinale a alternativa correta.


a Somente as afirmativas 2 e 3 são verdadeiras.
b Somente as afirmativas 1 e 4 são verdadeiras.
c Somente as afirmativas 3 e 4 são verdadeiras.
d Somente as afirmativas 1, 2 e 3 são verdadeiras.
e Somente as afirmativas 1, 2 e 4 são verdadeiras.

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Questão 87 (ESPM) Questão 89 (UNISC)


Leia: Considere as afirmativas abaixo, a respeito de José de Alencar.

O Tejo é mais belo que o rio que corre pela minha aldeia, Mas o Tejo não é mais belo que o rio I – Seu romance O Guarani é uma das obras mais importantes do indianismo brasileiro.
que corre pela minha aldeia Porque o Tejo não é o rio que corre pela minha aldeia II – A obra Lucíola inaugurou o Realismo no Brasil.
(Fernando Pessoa, Poemas de Alberto Caeiro) III – O sertanejo é uma das obras do autor a tratar da temática regionalista.
Curiosamente (ou propositadamente), Alberto Caeiro dispensa o substantivo “rio” para Tejo (como IV – Em Escrava Isaura, José de Alencar antecipa, na literatura, a discussão promovida pelo
que suficientemente famoso) e por outro lado não nomeia o rio de sua aldeia (como que movimento abolicionista.
insignificante). Em função disso, pode-se afirmar que nesse trecho há a temática do(a):
a regionalismo, pois o “eu” poético destaca a beleza do rio de sua aldeia, em detrimento do Assinale a alternativa correta.
maior e mais conhecido rio de Portugal. a Somente as afirmativas I e II estão corretas.
b nacionalismo, pois o “eu” poético, embora exalte o rio de sua aldeia, indiretamente valoriza o b Somente as afirmativas I e IV estão corretas.
rio Tejo, que está ligado à história lusa. c Somente as afirmativas II e III estão corretas.
c paradoxo, pois o “eu” poético proclama a beleza do maior e mais famoso rio de Portugal (de lá d Somente as afirmativas I e III estão corretas.
saíram as grandes navegações) e em seguida se contradiz. e Somente as afirmativas II e IV estão corretas.
d individualismo, pois para o “eu” poético um objeto (no caso o rio de sua aldeia) só passará a
ter significado se esse mesmo objeto representar suas origens. Questão 90 (ENEM PPL)
e relatividade, pois a importância significativa de um objeto (no caso o rio de sua aldeia) Soneto
depende da identificação existente entre o “eu” poético e o próprio objeto. Oh! Páginas da vida que eu amava,
Rompei-vos! nunca mais! tão desgraçado!...
Questão 88 (FACASPER) Ardei, lembranças doces do passado!
Sobre A cidade e as serras, de Eça de Queirós, é correto afirmar que o romance: Quero rir-me de tudo que eu amava!
a demonstra detalhadamente o processo que conduz à metamorfose moral do narrador, Zé E que doido que eu fui! como eu pensava
Fernandes, que vai do ceticismo juvenil ao esnobismo vivido na maturidade. Em mãe, amor de irmã! em sossegado
b revela uma multiplicação satírica não somente dos tipos e episódios da alta burguesia Adormecer na vida acalentado
cosmopolita e das sucessivas ou cumulativas atividades sociais, como também do dandismo Pelos lábios que eu tímido beijava!
cultural de Jacinto ou do seu narrador, Zé Fernandes. Embora — é meu destino. Em treva densa
Dentro do peito a existência finda
c explora elementos ora cômicos, como as utopias agronômicas de Jacinto; ora dramáticos, Pressinto a morte na fatal doença!
como a melancólica arrumação das ilustres ossadas genealógicas do protagonista.
A mim solidão da noite infinda!
d constitui uma espirituosa expressão da crença permanente de Jacinto no poder transformador Possa dormir o trovador sem crença.
da tecnologia, da ciência, da filosofia e da religião. Perdoa minha mãe — eu te amo ainda!
e ridiculariza a obsessão de Jacinto e Zé Fernandes pelo consumo, pelos requintes AZEVEDO, A. Lira dos vinte anos. São Paulo: Martins Fontes, 1996.
gastronômicos, pelas bibliotecas monumentais e pelas causas ecológicas. A produção de Álvares de Azevedo situa-se na década de 1850, período conhecido na literatura
brasileira como Ultrarromantismo. Nesse poema, a força expressiva da exacerbação romântica
identifica-se com o (a)
a amor materno, que surge como possibilidade de salvação para o eu lírico.
b saudosismo da infância, indicadopela menção às figuras da mãe e da irmã.
c construção de versos irônicos e sarcásticos, apenas com aparência melancólica.
d presença do tédio sentido pelo eu lírico, indicado pelo seu desejo de dormi
e fixação do eu lírico pela ideia da morte, o que leva a sentir um tornmento constante.

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Questão 91 (UNIFAE) Questão 92 (USF)


O Assinalado Analise as afirmativas que seguem a respeito dos romances lidos para este exame.

Tu és o louco da imortal loucura, I. Marcela, uma linda dama espanhola, configura-se como o primeiro amor de Brás Cubas. Foi
O louco da loucura mais suprema. com ela que o narrador-defunto experimentou o primeiro beijo e o despertar da sexualidade. Foi
A Terra é sempre a tua negra algema, Marcela ainda quem o introduziu nas rodas da alta sociedade fluminense, graças à ótima relação
Prende-te nela a extrema Desventura. que mantinha com pessoas influentes.
II. Iracema representa o perfil de heroína idealizada, típico do Romantismo. Descrita em
Mas essa mesma algema de amargura, comparação com elementos da natureza, a virgem dos lábios de mel sela o próprio destino ao
Mas essa mesma Desventura extrema oferecer a Martim a bebida ritual, a jurema.
Faz que tu’alma suplicando gema III. Do túmulo, Brás Cubas, o autor-defunto, narra cronologicamente a sua história, partindo do
E rebente em estrelas de ternura. momento em que ela termina, num exercício autobiográfico inédito até então na literatura
brasileira. Seu casamento com Virgília, com quem termina seus dias, ocupa lugar de destaque na
Tu és o Poeta, o grande Assinalado narrativa, permeada pela ironia e pelo sarcasmo com que desconstrói os ideais românticos
Que povoas o mundo despovoado, vigentes até então.
De belezas eternas, pouco a pouco... IV. Apesar de amar Iracema, Martim opta por se afastar dela, por saber que o relacionamento
está condenado pelo enorme abismo cultural entre ambos. Além disso, as saudades da formosa
Na Natureza prodigiosa e rica noiva portuguesa, cuja imagem não o abandona, provoca-lhe o desejo de voltar à terra natal, o
Toda a audácia dos nervos justifica que faz em companhia do filho, Moacir.
Os teus espasmos imortais de louco! V. Memórias póstumas de Brás Cubas mostra o “amor à glória”, que movia o narrador. Embora
nunca tenha trabalhado, Cubas dedicou-se durante a vida a imaginar uma série de estratégias e
(Cruz e Souza. Últimos sonetos, 2002.) projetos que pretensamente o tornariam famoso, como a criação do Emplasto Brás Cubas.
O eu lírico concebe que
a a Natureza, por ser prodigiosa e rica, transforma todo tipo de louco em terno poeta, o que É correto o que se afirma em
indica o caráter lírico do poema. a I e III, apenas.
b a Terra é triste e permeada pela desventura, sendo que nela o poeta se transforma em louco, b II e V, apenas.
o que indica o caráter de desesperança do poema. c I e IV, apenas.
c o poeta é um louco cuja alma transforma as experiências negativas em ternura, o que sugere d II, III e V, apenas.
o caráter metalinguístico do poema. e I, II, III, IV e V.
d o grande Assinalado é o poeta cuja arte se opõe à loucura sem limites do mundo, o que indica
o caráter contestador do poema.
e a Desventura carrega em si o real sentido da vida e a loucura está no verdadeiro poeta, o que
sugere o caráter moralizante do poema.

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TEXTO BASE 9 Questão 94 (PUC-Campinas)


Texto para a questão A década de 1950 foi marcada pelo anseio de modernização do país, cujos reflexos se fazem
sentir também no plano da cultura. É de se notar o amadurecimento da poesia de João Cabral,
Sextilhas Românticas poeta que se rebelou contra o que considerava nosso sentimentalismo, nosso “tradicional lirismo
lusitano”, bem como o surgimento de novas tendências experimentalistas, observáveis na
Paisagens da minha terra, linguagem renovadora de Ferreira Gullar e na radicalização dos poetas do Concretismo. As linhas
Onde o rouxinol não canta geométricas da arquitetura de Brasília e o apego ao construtivismo que marca a criação poética
- Mas que importa o rouxinol? parecem, de fato, tendências próximas e interligadas.
Frio, nevoeiros da serra
Quando a manhã se levanta (MOUTINHO, Felipe, inédito)
Toda banhada de sol! Constituem exemplo do construtivismo e do rigor da poesia de João Cabral os seguintes versos:
a A falta que me fazes não é tanto à hora de dormir
Sou romântico? Concedo. Quando dizias “Deus te abençoe”, e a noite abria em
Exibo, sem evasiva, sonho.
A alma ruim que Deus me deu. É quando, ao despertar, revejo a um canto
Decorei "Amor e medo”, A noite acumulada de meus dias (...)
"No lar”, "Meus oito anos”... Viva
b Preso à minha classe e a algumas roupas,
José Casimiro Abreu!
vou de branco pela rua cinzenta.
Melancolias, mercadorias espreitam-me.
Sou assim, por vício inato.
Ainda hoje gosto de Diva, c Catar feijão se limita com escrever:
Nem não posso renegar joga-se os grãos na água do alguidar
Peri tão pouco índio, é fato, e as palavras na da folha de papel;
Mas tão brasileiro... Viva, e depois, joga-se fora o que boiar.
Viva José de Alencar! d Quando o enterro passou
[...] Os homens que se achavam no café
Manuel Bandeira, Estrela da vida inteira. Tiraram o chapéu maquinalmente
e O arranha-céu sobe no ar puro lavado pela chuva
Questão 93 (FGV-RJ) e desce refletido na poça de lama do pátio.
PARA RESPONDER A QUESTÃO, LEIA O TEXTO BASE 9 Entre a realidade e a imagem, no chão seco que as
separa,
Em quatro das alternativas que se seguem, registram-se características que, presentes no quatro pombas passeiam.
excerto, atestam a filiação romântica declarada pelo poeta. A única alternativa em que isso NÃO
ocorre é:
a nacionalismo.
b transfiguração da natureza.
c apreço pela formação da literatura brasileira.
d expressão enfática do sujeito individual.
e ambivalência de sentimentos do poeta quanto ao assunto do texto.

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Questão 95 (PUC-Campinas) Questão 97 (UP)


Teoricamente, o nacionalismo independe do Romantismo, embora tenha encontrado nele o aliado Leia o seguinte trecho do poema “Marabá”, retirado do livro Últimos Cantos (1851), de Gonçalves
decisivo. Há na literatura do período uma aspiração nacional, definida claramente a partir da Dias:
Independência e precedendo o movimento romântico. (...) Nem é de espantar que assim fosse,
pois além da busca das tradições nacionais e o culto da história, o que se chamou em toda a Marabá
Europa “despertar das nacionalidades”, em seguida ao empuxe napoleônico, encontrou
expressão no Romantismo. Sobretudo nos países novos como o nosso o nacionalismo foi Eu vivo sozinha; ninguém me procura!
manifestação de vida, exaltação afetiva, tomada de consciência, afirmação do próprio contra Acaso feitura
o imposto. Não sou de Tupá!
Se algum dentre os homens de mim não se esconde:
(Adaptado de: CANDIDO, Antonio. Formação da Literatura Brasileira. São Paulo: Martins, 1971. 2 v. pp. 14- — “Tu és”, me responde,
15) “Tu és Marabá!”
Consolidada a Independência, e abraçando novas causas libertárias, escritores brasileiros
trilharam o caminho Meus olhos são garços, são cor das safiras,
a das teses abolicionistas republicanas, como bem o ilustra a poesia condoreira de Castro Têm luz das estrelas, têm meigo brilhar;
Alves. Imitam as nuvens de um céu anilado,
As cores imitam das vagas do mar!
b da condenação crítica da nossa formação religiosa, tal como fez Gonçalves de Magalhães.
c da restauração de um regime monárquico mais justo e flexível, como propôs Gonçalves Dias. Se algum dos guerreiros não foge a meus passos:
d da valorização da iniciativa privada e do liberalismo, empreendida por Manuel Antônio de “Teus olhos são garços”,
Almeida. Responde anojado; “mas és Marabá:
e da estética naturalista mais radical, tal como nos romances de tese de Machado de Assis. Quero antes uns olhos bem pretos, luzentes,
Uns olhos fulgentes,
Questão 96 (CESMAC) Bem pretos, retintos, não cor d’anajá!”
Publicado em 1875, Senhora, de José de Alencar, aborda a passagem dos valores morais e
éticos de uma dada sociedade patriarcal — a do Brasil do Século XIX — para os de uma É alvo meu rosto da alvura dos lírios,
sociedade burguesa que começa a ser regida pelo dinheiro. No centro dessa transformação que Da cor das areias batidas do mar;
começa a ser operada na corte imperial, quais personagens do romance de Alencar encerram As aves mais brancas, as conchas mais puras
esse início de uma nova visão de mundo? Não têm mais alvura, não têm mais brilhar.
a Aurélia Camargo e Bentinho
Se ainda me escuta meus agros delírios:
b Bentinho e Virgínia “És alva de lírios”,
c Aurélia Camargo e Fernando Seixas Sorrindo responde, “mas és Marabá:
d Fernando Seixas e Virgínia Quero antes um rosto de jambo corado,
e Capitu e Fernando Seixas. Um rosto crestado
Do sol do deserto, não flor de cajá.”

Meu colo de leve se encurva engraçado,


Como hástea pendente do cacto em flor;
Mimosa, indolente, resvalo no prado,
Como um soluçado suspiro de amor!

“Eu amo a estatura flexível, ligeira,


Qual duma palmeira”,
Então me respondem: “tu és Marabá:
Quero antes o colo da ema orgulhosa,
Que pisa vaidosa,
Que as flóreas campinas governa, onde está.”

Meus loiros cabelos em ondas se anelam,


O oiro mais puro não tem seu fulgor;
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As brisas nos bosques de os ver se enamoram, Questão 98 (UnB)
De os ver tão formosos como um beija-flor!
PARA RESPONDER A QUESTÃO, LEIA O TEXTO BASE 8
Mas eles respondem: “Teus longos cabelos,
São loiros, são belos, Áreas do sertão mineiro do século XIX, época em que transcorre a história do filme referido no
Mas são anelados; tu és Marabá: texto, são atualmente áreas de produção agropecuária moderna, o que demonstra
Quero antes cabelos bem lisos, corridos, transformações no espaço brasileiro nos últimos tempos.
Cabelos compridos, a CERTO
Não cor d’oiro fino, nem cor d’anajá.” b ERRADO
————
E as doces palavras que eu tinha cá dentro Questão 99 (UFN)
A quem nas direi? Relacione as colunas e, depois, assinale a alternativa que apresenta a ordem correta.
O ramo d’acácia na fronte de um homem
Jamais cingirei: I Senhora, de José de Alencar
II Inocência, de Visconde de Taunay
Jamais um guerreiro da minha arazóia III A moreninha, de Joaquim Manuel de Macedo
Me desprenderá:
Eu vivo sozinha, chorando mesquinha, ( ) Narrativa sentimental que aborda o compromisso amoroso entre dois jovens, desde a infância.
Que sou Marabá! ( ) Jovem sertaneja é proibida pelo pai de casar-se com seu legítimo amor.
( ) Casamento por interesse, mas, no final, prevalece o amor.
Com base nesse excerto, considere as seguintes afirmativas:
a III, II, I.
1. O eu lírico feminino se descreve ao revelar o drama que vive em meio ao povo indígena: é uma b II, III, I.
jovem de cor branca (“Da cor das areias batidas do mar”), de olhos verdes (“Meus olhos são c I, II, III.
garços, são cor das safiras”) e de cabelos claros (“O oiro mais puro não tem seu fulgor”), o que d III, I, II.
indica que esse eu-lírico feminino não pertence à taba, pois se trata, e a descrição comprova, de e II, I, III.
uma jovem possivelmente degredada da Europa (“Eu vivo sozinha, chorando mesquinha, / que
sou Marabá!”).
2. O eu-lírico feminino, uma índia mestiça, possivelmente resultado do cruzamento com o francês
ou holandês, é discriminada (“mas és Marabá”) pelos homens indígenas, que se recusam a se
relacionar com o eu-lírico, que carrega em suas feições marcas de sua mestiçagem (cor dos
olhos, da pele e do cabelo).
3. O drama vivido pelo eu-lírico, uma jovem que vive entre os índios, é de ser rejeitada por todos
os homens que vivem em sua comunidade adotiva, que preferem as mulheres de cabelos negros
(“Quero antes cabelos, bem lisos, corridos, /Cabelos compridos, /Não cor d’oiro fino, nem cor
d’anajá”), de olhos escuros (“Bem pretos, retintos, não cor d’anajá”) e de pele morena (“Quero
antes um rosto de jambo corado”).

Assinale a alternativa correta.


a Somente a afirmativa 1 é verdadeira.
b Somente a afirmativa 3 é verdadeira.
c Somente as afirmativas 1 e 2 são verdadeiras.
d Somente as afirmativas 1 e 3 são verdadeiras.
e Somente as afirmativas 2 e 3 são verdadeiras.

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Questão 100 (ESCS) Questão 101 (FPP)


Quando à noite no leito perfumado Leia as seguintes sentenças sobre a obra Iracema, de José de Alencar.
Lânguida fronte no sonhar reclinas,
No vapor da ilusão por que te orvalha I. Constitui obra de exaltação da flora e fauna brasileira, mas apresenta o índio como
Pranto de amor as pálpebras divinas? representante de uma raça inferior e inculta.
E, quando eu te contemplo adormecida, II. A obra representa o mito alencariano composto pelo herói, o índio, resistente à colonização e à
Solto o cabelo no suave leito, presença do ‘outro’, e o branco, colonizador agressivo que deseja destruir o nativo.
Por que um suspiro tépido ressona III. A personagem Martim, representação do colonizador europeu, apesar de seu amor por
E desmaia suavíssimo em teu peito? Iracema, resiste à cultura indígena e rejeita a língua e os costumes nativos.
Virgem do meu amor, o beijo a furto IV. A personagem Iracema, representação do índio exaltado pela literatura do período romântico,
Que pouso em tua face adormecida pode ser considerada um símbolo da terra mãe, o Brasil.
Não te lembra no peito os meus amores V. O romance apresenta, por meio de estilo lírico, uma idealização do índio brasileiro.
E a febre de sonhar da minha vida?
Dorme, ó anjo de amor! no teu silêncio Considerando-se as características da obra e os princípios estéticos e ideológicos do período
O meu peito se afoga de ternura romântico brasileiro, pode-se afirmar que:
E sinto que o porvir não vale um beijo a somente as sentenças I e II estão corretas.
E o céu um teu suspiro de ventura!
b somente as sentenças III, IV e V estão corretas.
Um beijo divinal que acende as veias,
Que de encantos os olhos ilumina, c somente a sentença I está correta.
Colhido a medo como flor da noite d somente a sentença IV está correta.
Do teu lábio na rosa purpurina, e somente as sentenças IV e V estão corretas
E um volver de teus olhos transparentes,
Um olhar dessa pálpebra sombria Questão 102 (PUC-Campinas)
Talvez pudessem reviver-me n’alma Recorda que tempo é dinheiro (...) Recorda que crédito é dinheiro (...) o dinheiro pode gerar
As santas ilusões de que eu vivia! dinheiro (...) O caminho da riqueza depende principalmente de duas palavras: diligência e
Álvares de Azevedo. Obra completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 2000, p. 133-4. frugalidade; isto é, não desperdices tempo nem dinheiro, mas os emprega da melhor maneira
A partir da leitura do poema de Álvares de Azevedo e considerando as características da poesia possível.
romântica brasileira, assinale a opção correta. (Benjamin Franklin, 1748. Apud Leandro Karnal. Estados Unidos: a formação da nação. São Paulo: Contexto, 2001,
a O eu lírico, ao velar a amada enquanto ela dorme, mantém-se a distância e impassível. p. 91)
b A terceira geração da poesia romântica brasileira caracterizouse pela continuidade da poesia Comentada nesse trecho, a onipotência do dinheiro, como elemento que passa a permear todos
produzida por Álvares de Azevedo e Casimiro de Abreu. os valores sociais, é um tema muitas vezes central na literatura, sobretudo nos romances do
século XIX. Entre românticos brasileiros, como José de Alencar, a importância do dinheiro revela-
c Álvares de Azevedo, cuja retórica é mais simples que a de Gonçalves Dias, comunica mais
se sobretudo
diretamente os estados amorosos idealizados.
a como apologia dos hábitos e do status do indivíduo burguês.
d As inovações propostas pela primeira geração romântica, sobretudo no que se refere à
linguagem, estão presentes nos poemas de Álvares de Azevedo. b para contrastar com as mais altas idealizações amorosas.
e Presente no poema acima, de Álvares de Azevedo, o ultrarromantismo é marcado por c para emprestar alguma verossimilhança a narrativas imaginosas.
lamento nostálgico ante o amor e a morte, o qual também se observa na lírica-amorosa de d como índice de desencanto e comicidade da vida urbana.
Castro Alves. e para ratificar a tese de que os homens só valem pelo que possuem.

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Questão 103 (Albert Einstein) Questão 105 (UEG)


Iracema, a virgem dos lábios de mel, que tinha os cabelos mais negros que a asa da graúna, e Lembrança de morrer
mais longos que seu talhe de palmeira.
[...]
O favo da jatí não era doce como seu sorriso; nem a baunilha recendia no bosque como seu Eu deixo a vida como deixa o tédio
hálito perfumado. Do deserto o poento caminheiro,
- Como as horas de um longo pesadelo
Mais rápida que a ema selvagem, a morena virgem corria o sertão e as matas do Ipu, onde Que se desfaz ao dobre sineiro
campeava sua guerreira tribo, da grande nação tabajara. O pé grácil e nu, mal roçando, alisava
apenas a verde pelúcia que vestia a terra com as primeiras águas. [...]

Do trecho acima que integra o romance Iracema, de José de Alencar, não se pode afirmar que AZEVEDO, Alvares de. Poesias completas de Álvares de Azevedo. 7. ed. Rio de Janeiro: Ediouro, 1995. p. 37.
a a caracterização de Iracema, da forma como é feita no romance, revela, acima de tudo, sua Este fragmento mostra uma atitude escapista típica do romantismo. O eu lírico idealiza
alma e o fino tratamento psicológico de uma personagem feminina o qual lhe é atribuído pelo a a vida como um ofício de prazer, destinado à fruição eterna.
autor. b a morte como um meio de libertação do terrível fardo de viver.
b as sucessivas comparações servem para idealizar a protagonista, e em todas elas a c o tédio como a repetição dos fragmentos belos e significativos da vida.
personagem Iracema é dada como superior.
d o deserto como um destino sereno para quem vence as hostilidades da vida.
c a profusão de linguagem figurada, usada ao longo do romance, tanto para caracterizar a
personagem quanto suas ações, pode dar a ele o estatuto de um poema em prosa. Questão 106 (PUC-SP)
d as inúmeras comparações de seus atos com o comportamento de diferentes animais e Do romance Iracema, de José de Alencar, narrativa indianista, é CORRETO afirmar que
vegetais na selva, demonstram que a personagem é pura aparência, reveladora de sua a é um romance desprovido de argumento histórico, o que impede a narrativa de ser
beleza original. representativa da fundação da nação brasileira.
Questão 104 (UNEMAT) b enquadra-se também no modelo da narrartiva mítica por seu caráter primordial, revelado em
techos como: Além, muito além daquela serra, que ainda azula no horizonte, nasceu
Analisando a obra Memórias de um sargento de milícias, de Manuel Antônio de Almeida, no
Iracema... e, Tudo passa sobre a terra.
que tange ao poder judiciário, é incorreto afirmar que:
c apresenta linguagem de belas imagens visuais, de sonoridade e cadência poéticas, mas que
a no tempo do rei, o respeito que tinham os meirinhos era influenciado pelas suas condições
se torna enfadonha pela força repetitiva de figuras de linguagem como a comparação e
físicas
metáforas.
b o romance cita o “canto dos meirinhos”, que era um local, no Rio de Janeiro, onde os
d caracteriza personagens desprovidas de densidade ou correspondência ao real, o que impede
meirinhos se reuniam.
que sejam símbolos do caráter nacional brasileiro.
c no tempo do rei, os meirinhos, nomeados pelo próprio rei, eram bastante considerados.
d os desembargadores exerciam funções diferenciadas dos trabalhos executados pelos
meirinhos.
e meirinhos e desembargadores exerciam as mesmas funções, compondo o judiciário.

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Questão 107 (UFG) [...]


SOUSA, Afonso Felix de. Nova antologia poética. Goiânia: Cegraf/UFG, 1991. p. 125.
Leia os trechos dos poemas a seguir. Nestes trechos encontra-se uma característica esse
Tu, ontem,
A VALSA Na dança
Que cansa,
Tu, ontem, Voavas
Na dança Co'as faces
Que cansa, Em rosas
Voavas Formosas
Co'as faces De vivo,
Em rosas Lascivo
Formosas Carmim;
De vivo, Na valsa
Lascivo Tão falsa,
Carmim; Corrias,
Na valsa Fugias,
Tão falsa, Ardente,
Corrias, Contente,
Fugias, ncial à identificação do gênero lírico, que é a
Ardente,
a alusão a desencontros amorosos.
Contente,
b valorização de um tempo pretérito.
Tranquila, c apresentação de estados de alma.
Serena, d descrição metafórica da mulher.
Sem pena e tematização de ritmos musicais.
De mim!
Quem dera Questão 108 (UDESC)
Que sintas
Leia o Texto 1 para responder à questão 45.
As dores
De amores
TEXTO 1
Que louco
Senti!
Capítulo 48
Quem dera
Conclusão feliz
Que sintas!...
— Não negues,
[...]
Não mintas...
[1] Passado o tempo indispensável do luto, o Leonardo, em uniforme de Sargento de
— Eu vi!...
Milícias, recebeu-se na Sé com Luisinha, assistindo à cerimônia a família em peso.
[…]
Daqui em diante aparece o reverso da medalha. Seguiu-se a morte de Dona Maria, a do
ABREU, Casimiro de. As primaveras. São Paulo: Martin Claret, 2008. p. 83.
Leonardo-Pataca, e uma enfiada de acontecimentos tristes que pouparemos aos leitores,
[5] fazendo aqui o ponto final.
SERESTA
ALMEIDA, Manuel Antônio de. Memórias de um Sargento de Milícias. Rio de Janeiro: Ediouro, p. 121.
Nas alterações da frase “o Leonardo, em uniforme de Sargento de Milícias, recebeu-se na Sé
[...]
com Luisinha” (linhas 1 e 2), uma das alternativas apresenta incorreção quanto ao emprego
Parar à tua porta
formal da vírgula, bem como alteração de sentido em relação à frase original. Assinale-a.
e nem bater... A um canto
ficar como afinando a Em uniforme de Sargento de Milícias, o Leonardo encontrou-se na Sé com Luisinha.
um violão invisível b O Leonardo, encontrou-se na Sé com Luisinha em uniforme de Sargento de Milícias.
que será contracanto c Encontrou-se na Sé, e em uniforme de Sargento de Milícias, o Leonardo com Luisinha.
ao desencanto e ao canto d Na Sé, e em uniforme de Sargento de Milícias, o Leonardo encontrou-se com Luisinha.
que em mim, como falhada
voz de um pássaro, dorme e Encontrou-se o Leonardo, em uniforme de Sargento de Milícias, na Sé com Luisinha.
dentro de mim, bem dentro. /
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Questão 109 (UFPR) Questão 111 (UNIFOR)


Sobre o livro de poesia Últimos Cantos, de Gonçalves Dias, considere as seguintes afirmativas: “brasília, brasília,
onde estás
1. A métrica em “I-Juca-Pirama” é variável e tem conexão com a progressão dos fatos narrados, o que não respondes
que permite dizer que o ritmo se ajusta às reviravoltas da narrativa. em que bloco,
2. “Leito de folhas verdes” e “Marabá” tematizam a miscigenação brasileira ao apresentarem dois em que superquadra
casais inter-raciais. tu te escondes?!”
3. A “Canção do Tamoyo” apresenta o relato de feitos heroicos específicos desse povo para (Nicolas Behr)
exaltar a coragem humana.
4. O poema “Hagaar no deserto” recria um episódio bíblico e apresenta uma escrava escolhida Na poesia, Nicolas Behr está parafraseando um poema de
por Deus para ser mãe de Ismael, o patriarca do povo árabe. a Carlos Drummond de Andrade.
b Manuel Bandeira.
Assinale a alternativa correta.
c Castro Alves.
a Somente as afirmativas 1 e 3 são verdadeiras.
d João Cabral de Melo Neto.
b Somente as afirmativas 2 e 3 são verdadeiras
e Gonçalves Dias.
c Somente as afirmativas 1 e 4 são verdadeiras.
d Somente as afirmativas 1, 2 e 4 são verdadeiras. Questão 112 (FACASPER)
e Somente as afirmativas 2, 3 e 4 são verdadeiras. Tomando por base a seguinte afirmação de Antonio Candido: “O cunho especial [das Memórias
de um sargento de milícias] consiste numa certa ausência de juízo moral e na aceitação risonha
Questão 110 (ENEM PPL) do homem como ele é”, é correto afirmar que o humor explorado por Manuel Antonio de Almeida
Resolvo–me a contar, depois de muita hesitação, casos passados há dez anos — e, antes de é do tipo:
começar, digo os motivos por que silenciei e por que me decido. Não conservo notas: algumas a Absurdo, uma vez que o narrador do romance constantemente afirma o contrário daquilo em
que tomei foram inutilizadas e, assim, com o decorrer do tempo, ia–me parecendo cada dia mais que está pensando ou que está sentindo.
difícil, quase impossível, redigir esta narrativa. Além disso, julgando a matéria superior às minhas
b Grotesco, já que os personagens são retratados pela ótica do desvario ou da loucura.
forças, esperei que outros mais aptos se ocupassem dela. Não vai aqui falsa modéstia, como
adiante se verá. Também me afligiu a idéia de jogar no papel criaturas vivas, sem disfarces, com c Satírico, uma vez que o narrador censura ou ridiculariza os costumes, as instituições e as
os nomes que têm no registro civil. Repugnava–me deformá–las, dar–lhes pseudônimo, fazer do ideias em estilo irônico e mordaz.
livro uma espécie de romance; mas teria eu o direito de utilizá–las em história presumivelmente d Burlesco, já que o narrador constantemente exagera no emprego de processos grosseiros,
verdadeira? Que diriam elas se se vissem impressas, realizando atos esquecidos, repetindo como as incongruências, os equívocos, os enganos e as situações ridículas.
palavras contestáveis e obliteradas? e Engenhoso, por conta do brilho intelectual e inventivo que o narrador emprega na aguda
RAMOS, Graciliano. Memórias do cárcere. Rio de Janeiro: Record, 2000, v.1, p. 33. observação dos costumes.
Em relação ao seu contexto literário e sócio-histórico, esse fragmento da obra Memórias do
Cárcere, do escritor Graciliano Ramos, Questão 113 (UPF)
a inova na ficção intimista que caracteriza a produção romanesca do modernismo da década de A obra que tem como protagonista o maestro Joaquim José de Mendanha é:
30 do século XX. a Música perdida, de Luiz Antonio de Assis Brasil
b aborda literariamente teses socialistas, o que faz do romance de Graciliano Ramos um texto b O continente, de Erico Verissimo
panfletário. c A prole do corvo, de Luiz Antonio de Assis Brasil
c é marcada pelo traço regionalista pitoresco e romântico, que é retomado pelo autor em pleno d Clarissa, de Erico Verissimo
modernismo.
e O ciclo das águas, de Moacyr Scliar
d apresenta, em linguagem conscientemente trabalhada, a tensão entre o eu do escritor e o
contexto que o forma.
e configura-se como uma narrativa de linguagem rebuscada e sintaxe complexa, de difícil
leitura.

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Questão 114 (UFN) Questão 116 (FUVEST)


Gonçalves Dias, Álvares de Azevedo e Castro Alves representam três momentos da poesia PARA RESPONDER A QUESTÃO, LEIA O TEXTO BASE 10
romântica brasileira. Identifique, nas alternativas abaixo, a ordem dos elementos correspondentes
à sequência estabelecida pelos nomes dos poetas. Tal como narradas neste trecho, as circunstâncias que levam ao nascimento de Dona Plácida
a Antíteses, condoreirismo, mal do século. apresentam semelhança maior com as que conduzem ao nascimento da personagem
b Condoreirismo, positivismo, decadentismo. a Leonardo (filho), de Memórias de um sargento de milícias.
c Indianismo, fanatismo, positivismo. b Juliana, de O primo Basílio.
d Indianismo, mal do século, condoreirismo. c Macunaíma, de Macunaíma.
e Mal do século, fanatismo, antíteses. d Augusto Matraga, de Sagarana.
e Olímpico, de A hora da estrela.
Questão 115 (UFT)
A crítica literária denomina gêneros literários as diferentes categorias em que as obras literárias
podem ser agrupadas em função de diferentes interpretações e olhares do escritor diante do
mundo. Com base na teoria dos gêneros literários, considere as afirmações abaixo:

I. Há uma teoria clássica que dominou a literatura até o século XIX, e outra moderna que
começou a manifestar-se a partir do Romantismo.
II. Na teoria clássica consideram-se os três gêneros: épico, lírico e dramático e não se admite
mistura de gêneros.
III. Na teoria moderna considera-se que não há limites para as espécies de gêneros, mas
reconhecem-se três tipos básicos: narrativo, lírico e dramático.
IV. Na teoria moderna admite-se fusão de gêneros, o que amplia as possibilidades do processo
de criação do escritor.
a todas estão corretas
b apenas I e II estão corretas
c apenas II e III estão corretas
d apenas I e IV estão corretas
e apenas III e IV estão corretas

TEXTO BASE 10
“Assim, pois, o sacristão da Sé, um dia, ajudando à missa, viu entrar a dama, que devia ser sua
colaboradora na vida de Dona Plácida. Viu-a outros dias, durante semanas inteiras, gostou, disse-
lhe alguma graça, pisou-lhe o pé, ao acender os altares, nos dias de festa. Ela gostou dele,
acercaram-se, amaram-se. Dessa conjunção de luxúrias vadias brotou Dona Plácida. É de crer
que Dona Plácida não falasse ainda quando nasceu, mas se falasse podia dizer aos autores de
seus dias: ⎯ Aqui estou. Para que me chamastes? E o sacristão e a sacristã naturalmente lhe
responderiam: ⎯ Chamamos-te para queimar os dedos nos tachos, os olhos na costura, comer
mal, ou não comer, andar de um lado para outro, na faina, adoecendo e sarando, com o fim de
tornar a adoecer e sarar outra vez, triste agora, logo desesperada, amanhã resignada, mas
sempre com as mãos no tacho e os olhos na costura, até acabar um dia na lama ou no hospital;
foi para isso que te chamamos, num momento de simpatia”.
(Machado de Assis, Memórias póstumas de Brás Cubas)

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TEXTO BASE 11 Vai daí, atravessou o rio para o lado de cá e ficou uns três dias em São Francisco de Borja,
procurando um lugar
INSTRUÇÃO: A questão baseia-se no texto abaixo. afastado onde os dois apaixonados pudessem viver em paz. Assim, foram parar no Cerro do
Jarau, no Quaraí, onde
A Salamanca do Jarau descobriram uma caverna muito funda e comprida. E lá foram morar, os dois.
[30] Essa caverna, no alto do Cerro, ficou encantada. Virou Salamanca, que quer dizer "gruta
[1] No tempo dos padres jesuítas, existia um moço sacristão no Povo de Santo Tomé, na mágica", a Salamanca do
Argentina, do outro lado do rio Jarau. Quem tivesse coragem de entrar lá, passasse 7 provas e conseguisse sair, ficava com o
Uruguai. Ele morava numa cela de pedra nos fundos da própria igreja, na praça principal da corpo fechado e com sorte
aldeia. no amor e no dinheiro para o resto da vida.
Ora, num verão mui forte, com um sol de rachar, ele não conseguiu dormir a sesta. Vai então, Na Salamanca do Jarau a Teiniaguá e o sacristão se tornaram os pais dos primeiros gaúchos do
levantou-se, assoleado Rio Grande do Sul.
e foi até a beira da lagoa refrescar-se. Levava consigo uma guampa, que usava como copo. Ah, ali vive também a Mãe do Ouro, na forma de uma enorme bola de fogo. Às vezes, nas tardes
[5] Coisa estranha: a lagoa toda fervia e largava um vapor sufocante e qual não é a surpresa do ameaçando chuva, dá
sacristão ao ver sair [35] um grande estouro numa das cabeças do Cerro e pula uma elevação para outra. Muita gente
d'água a própria Teiniaguá, na forma de uma lagartixa com a cabeça de fogo, colorada como um viu.
carbúnculo. Ele, homem (http://www.paginadogaucho.com.br/lend/sala.htm publicado por Roberto Cohen em 18 de dezembro de 2003. Fonte:
religioso, sabia que a Teiniaguá – os padres diziam isso – tinha partes com o Diabo Vermelho, o Livro "Mitos e Lendas do Rio Grande do Sul" de Antonio Augusto Fagundes. Martins Livreiro Editor. 1996. Baseado
Anhangá-Pitã, que tentava na obra de João Simões Lopes Neto. Acesso em: 12 abril 2013. Adaptado.)
os homens e arrastava todos para o inferno. Mas sabia também que a Teiniaguá era mulher, uma
princesa moura Questão 117 (UCS)
encantada jamais tocada por homem. Aquele pelo qual se apaixonasse seria feliz para sempre.
[10] Assim, num gesto rápido, aprisionou a Teiniaguá na guampa e voltou correndo para a igreja, PARA RESPONDER A QUESTÃO, LEIA O TEXTO BASE 11
sem se importar com o A expressão sorte no amor e no dinheiro (linhas 31 e 32) pode ser interpretada como
calor. Passou o dia inteiro metido na cela, inquieto, louco que chegasse a noite. Quando as
sombras finalmente desceram a a influência marxista nas primeiras obras da literatura brasileira.
sobre a aldeia, ele não se sofreu: destampou a guampa para ver a Teiniaguá. Aí, o milagre: a b a transição do feudalismo indígena para o capitalismo europeu no século XVI.
Teiniaguá se transformou na c o lema do modelo político do século XX que estabeleceu as fronteiras da região sul do Brasil.
princesa moura, que sorriu para ele e pediu vinho, com os lábios vermelhos. Ora, vinho só o da d uma síntese do ideal romântico que caracteriza a primeira fase do Romantismo.
Santa Missa. Louco de
e uma previsão do sucesso comercial que a transgenia induzida pelo homem terá no século
amor, ele não pensou duas vezes: roubou o vinho sagrado e assim, bebendo e amando, eles
XIX.
passaram a noite.
[15] No outro dia, o sacristão não prestava para nada. Mas, quando chegou a noite, tudo se
repetiu. E assim foi até que os
padres finalmente desconfiaram e numa madrugada invadiram a cela do sacristão. A princesa
moura transformou-se em
Teiniaguá e fugiu para as barrancas do rio Uruguai, mas o moço, embriagado pelo vinho e de
amor, foi preso e
acorrentado.
Como o crime era horrível – contra Deus e a Igreja – foi condenado a morrer no garrote vil, na
praça, diante da igreja
[20] que ele tinha profanado.
No dia da execução, todo o povo se reuniu diante da igreja de São Tomé. Então, lá das
barrancas do rio Uruguai a
Teiniaguá sentiu que seu amado corria perigo. Aí, com todo o poder de sua magia, começou a
procurar o sacristão abrindo
rombos na terra, uns valos enormes, rasgando tudo. Por um desses valos ela finalmente chegou
à igreja bem na hora em
que o carrasco ia garrotear o sacristão. O que se viu foi um estouro muito grande; nessa hora,
parecia que o mundo inteiro
[25] vinha abaixo: houve fogo, fumaça e enxofre e tudo afundou e tudo desapareceu de vista. E
quando as coisas clarearam, a
Teiniaguá tinha libertado o sacristão e voltado com ele para as barrancas do rio Uruguai. /
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Questão 118 (UPF) Questão 120 (FUVEST)


Assinale com V as afirmativas verdadeiras e com F as falsas, referentes à obra Iracema, de José Com base na leitura da obra A cidade e as serras, de Eça de Queirós, publicada originalmente
de Alencar. em 1901, é correto concluir que, nela, encontra-se
(__) À personagem Iracema é atribuída uma série de traços qualificacionais por meio dos quais a o prenúncio de uma consciência ecológica que iria eclodir com força somente em finais do
ela é comparada à natureza, superando esta em termos de beleza. Nisso se verifica a idealização século XX, mas que, nessa obra, já mostrava um sentido visinário, inspirado pela invenção
da mulher, uma das principais características do romantismo. dos motores a vapor.
(__) Ao longo da história narrada, muitas personagens indígenas vivem em perfeita harmonia com
b uma concepção de hierarquia civilizacional entre as regiões do mundo, na qual, a Europa
a natureza. Entretanto, Iracema se diferencia, pois é caracterizada segundo o modelo de heroína
representaria a modernidade e um modelo a seguir, e a América, o atraso e um modelo a ser
romântica europeia.
evitado.
(__) A história narrada remete os leitores ao processo de constituição do povo brasileiro, que se
faz da fusão do índio com o branco. Essa constituição recebe conotação negativa por parte do c a construção de uma associação entre indivíduo e divindade, já que, no livro, a natureza é,
autor. fundamentamente, símbolo de uma condição interior a ser alcançada por meio da resignação
(__) A miscigenação racial representada na obra, que realiza o projeto nacionalista presente em e penitência.
outras obras indianistas da época, configura a ideia de conflito entreo colonizado e o colonizador d a manifestação de um clima de forte otimismo, decorrente do fim do ciclo bélico mundial do
no processo de formação da nação brasileira. século XIX, que trouxe à tona um anseio de modernização de sociedades em vários
(__) Por meio da linguagem que utiliza, Alencar garante a verossimilhança linguística aos continentes.
indígenas. e uma valorização do meio rural e de modos de vida a ele associados, nostalgia típica de um
A sequência correta de preenchimento dos parênteses, de cima para baixo, é: momento da história marcado pela consolidação da industrialização e da concentração da
a F-V-V-F-F maior parte da população em áreas urbanas.
b V-V-F-F-V Questão 121 (UFAM)
c V-F-F-F-V
Assinale a alternativa INCORRETA quanto ao Romance de 30 no Brasil:
d V-F-F-V-V
a É marcado pelo caráter social de seus enredos.
e F-F-V-F-F
b Pelo teor regionalista, apresenta-se pobre quanto a questões estéticas, restringindo a
Questão 119 (Unaerp) compreensão à região contemplada pelo enredo.
c Marca-se por um retorno à visão menos idealizada da sociedade, vindo a ser chamado de
No romance Memórias de um sargento de milícias, de Manuel Antônio de Almeida, a personagem
Neorrealismo.
central é Leonardinho, de quem se pode afirmar que
d Aprofunda as relações entre as pessoas e o meio/sociedade, apresentando uma visão crítica
a é uma personagem de ambígua, dividida entre sua cultura de origem, mais rude, e as boas
dessas relações.
maneiras, o que lhe facilita o trânsito entre pessoas de uma classe social mais elevada.
e Seu teor crítico advém, de certa forma, do contexto político: a Era Vargas.
b é uma personagem contraditória, cujas sutilezas e capacidade de introspecção o situam no
limiar das personagens do Realismo, quando então se daria maior atenção à análise
psicológica.
c destoa da expectativa do Romantismo, visto que é movido por ações circunstanciais, sem
objetivo definido.
d é um herói tipicamente romântico, tendo como resultado de suas corajosas aventuras o
casamento com sua amada (Luisinha), que lhe proporciona a felicidade pretendida.
e atua como um anti-herói romântico, pois sua personalidade, seu comportamento e sua
trajetória de vida o impedem de realizar plenamente seus ideais cultivados na juventude.

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Questão 122 (UNISC) Questão 124 (UFPA)


“E depois de beber um gole de licor, pousou o cálix, e expôs-me a história da criação, com Considere-se o seguinte trecho de “I-Juca-Pirama”, poema de Gonçalves Dias (1823-1864):
palavras que vou resumir. “No meio das tabas de amenos verdores, / Cercadas de troncos — cobertos de flores, / Alteiam-
Deus é o poeta. A música é de Satanás, jovem maestro de muito futuro, que aprendeu no se os tetos
conservatório do céu. Rival de Miguel, Rafael e Gabriel, não tolerava a precedência que eles d’altiva nação; / São muitos seus filhos, nos ânimos fortes, / Temíveis na guerra, que em densas
tinham na distribuição dos prêmios. Pode ser também que a música em demasia doce e mística coortes /
daqueles outros condiscípulos fosse aborrecível ao seu gênio essencialmente trágico. Tramou Assombram das matas a imensa extensão.”
uma rebelião que foi descoberta a tempo, e ele expulso do conservatório. Tudo se teria passado (DIAS, Gonçalves. Poesia e Prosa Completas. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1998. p. 379).
sem mais nada, se Deus não houvesse escrito um libreto de ópera, do qual abrira mão, por
entender que tal gênero de recreio era impróprio da sua eternidade.” Trata-se de um poema:
a indianista, pela construção de uma imagem heroica do indígena brasileiro.
Dom Casmurro, Machado de Assis.
b modernista, pela apropriação de termos regionais como “taba” e “tronco”.
A partir da leitura do trecho acima, de Dom Casmurro, de Machado de Assis, e dos trechos c nacionalista, pela tematização da luta dos índios contra os portugueses.
apresentados nas questões marque a afirmativa correta. d árcade, pela referência à natureza brasileira (“das matas a imensa extensão”).
a As alegorias construídas pelo narrador de Dom Casmurro e Padre Antônio Vieira são recursos e simbolista, pelo caráter sugestivo das imagens (“amenos verdores” e “densas coortes”).
da oratória, já que tanto um quanto outro compõem sermões.
Questão 125 (EsPCEx)
b O narrador de Dom Casmurro, a exemplo de Padre Antônio Vieira, cria uma alegoria.
Sobre o Romantismo no Brasil, marque a afirmação correta.
c O narrador de Dom Casmurro parafraseia uma personagem, contando uma história que ouviu.
a A arte romântica pôs fim a uma tradição clássica de três séculos e dá início a uma nova etapa
d O narrador de “Verdes canas de agosto” descreve Isabel comparando-a com a personagem
na literatura, voltada aos assuntos contemporâneos – efervescência social e política,
Capitu, de Dom Casmurro, assim como faz Bentinho ao colocar Satanás como “um jovem
esperança e paixão, luta e revolução – e ao cotidiano do homem burguês.
maestro”.
b O lema da bandeira brasileira “Ordem e Progresso” é nitidamente marcado pelos ideais
e Tanto na rubrica de Chico Buarque quanto nos trechos do conto de Faraco e do romance de
românticos: parte da suposição de que é necessário ordem social para que haja o progresso
Machado, sobressai-se o gênero descritivo, a fim de dar a conhecer as personagens.
da sociedade.
Questão 123 (PUC-Campinas) c O romantismo era um movimento antimaterialista e antirracionalista, que usava símbolos,
Teoricamente, o nacionalismo independe do Romantismo, embora tenha encontrado nele o aliado imagens, metáforas e sinestesias com a finalidade de exprimir o mundo interior, intuitivo e
decisivo. Há na literatura do período uma aspiração nacional, definida claramente a partir da antilógico.
Independência e precedendo o movimento romântico. (...) Nem é de espantar que assim fosse, d O movimento inspirou-se em uma lendária região da Grécia Antiga, dominada pelo deus Pan
pois além da busca das tradições nacionais e o culto da história, o que se chamou em toda a e habitada por pastores, que viviam de modo simples e espontâneo e se divertiam cantando,
Europa “despertar das nacionalidades”, em seguida ao empuxe napoleônico, encontrou fazendo disputas poéticas e celebrando o amor e o prazer.
expressão no Romantismo. Sobretudo nos países novos como o nosso o nacionalismo foi e O estilo romântico registra o espírito contraditório de uma época que se divide entre as
manifestação de vida, exaltação afetiva, tomada de consciência, afirmação do próprio contra o influências do Renascimento – o materialismo, o paganismo e o sensualismo – e da onda de
imposto. religiosidade trazida sobretudo pela Contrarreforma.

(Adaptado de: CANDIDO, Antonio. Formação da Literatura Brasileira. São Paulo: Martins, 1971. 2 v. pp. 14-
15)
No quadro histórico de que trata o texto de Antonio Candido, deve-se entender que, no Brasil,
a o indianismo romântico não deixou de ser uma espécie de mítica busca das tradições
nacionais.
b o abolicionismo constituiu-se como nossa principal bandeira do despertar das nacionalidades.
c os romances indianistas de José de Alencar, em seu amplo conjunto, derivaram diretamente
do empuxe napoleônico.
d nossos escritores indianistas, imunes a qualquer influência externa, são uma afirmação do
próprio contra o imposto.
e poetas da geração de Álvares de Azevedo compuseram uma obra definida claramente a partir
da Independência.

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Questão 126 (PUC-PR) Questão 128 (UNISC)


Sobre as obras Dom Casmurro e Inocência, pode-se afirmar: Relacione os autores listados abaixo com as informações apresentadas a seguir.

I. As duas estão inseridas no Realismo. ( 1 ) Gregório de Matos


II. Inocência e Capitu, protagonistas dos romances são, ambas, idealizadas física e moralmente. ( 2 ) Tomás Antônio Gonzaga
III. A linguagem utilizada nas obras diz respeito ao falar da capital, em Dom Casmurro, e o falar ( 3 ) José de Alencar
regional, em Inocência. ( 4 ) Lima Barreto
IV. Capitu e Inocência morrem ao final das narrativas, embora por razões diferentes. ( 5 ) Mario de Andrade

Está(ão) CORRETA(S): ( ) Autor de Triste fim de Policarpo Quaresma, é um importante escritor do chamado Pré-
a Apenas as assertivas III e IV. modernismo brasileiro.
b Apenas as assertivas I e II. ( ) Grande nome do Romantismo brasileiro, publicou obras de temática indianista (Iracema), de
temática regionalista (O gaúcho) e de temática urbana (Senhora).
c Apenas a assertiva I. ( ) Seu romance Macunaíma é uma narrativa representativa do Modernismo brasileiro e uma
d Todas as assertivas. grande obra da nossa literatura.
e Apenas a assertiva II. ( ) Também chamado “Boca do Inferno”, é o mais conhecido poeta da literatura barroca no Brasil.
( ) Poeta do Arcadismo brasileiro, autor da obra Marília de Dirceu.
Questão 127 (UPE)
Bilhete A sequência correta de preenchimento dos parênteses, de cima para baixo, é
Se tu me amas, ama-me baixinho a 2 – 5 – 1 – 3 – 4.
Não o grites de cima dos telhados b 3 – 4 – 2 – 1 – 5.
Deixa em paz os passarinhos
c 5 – 3 – 4 – 1 – 2.
Deixa em paz a mim!
Se me queres, d 1 – 2 – 4 – 5 – 3.
enfim, e 4 – 3 – 5 – 1 – 2.
tem de ser bem devagarinho, Amada,
que a vida é breve, e o amor mais breve ainda... TEXTO BASE 12
(Mario Quintana. Disponível em: http://www.revista.agulha.nom.br/quinta2.html#bilh ete, [1] Ainda que aparentemente movida apenas pelo
consultado em julho de 2013.) sentimento geral de lusofobia, característico da época, a
Considerando o poema em destaque, analise as afirmativas a seguir: geração romântica, fundamentada nas concepções
I. O eu lírico tem certeza de que o amor e a vida são garantias perenizadas pela sorte cotidiana. [4] evolucionistas da linguística da época, segundo as quais as
II. O eu lírico propõe um amor intempestivo e avassalador, produtor de inquestionável frêmito. línguas se comportavam como seres vivos e, portanto, nasciam,
III. O eu lírico propõe que o amor que lhe é possivelmente ofertado considere algumas condições. cresciam, envelheciam e morriam, aspirou a uma língua
IV. Para o eu lírico, o amor é algo íntimo, não precisa ser anunciado de modo ostensivo. [7] própria, a chamada língua brasileira, instalando uma polêmica,
V. O eu lírico, apesar da brevidade de ambos, parece não ter pressa para sentir o amor e que será retomada, de forma mais radical, pela primeira
compreender a vida. geração modernista, a da Semana de Arte Moderna, de 1922.
Está CORRETO o que se afirma em [10] Enquanto os românticos — apesar de acreditarem que o
a I, II e III. nascimento da chamada língua brasileira era fato contra o qual
não se poderiam insurgir — não reivindicavam mais que o
b I, II e IV.
[13] direito a certa originalidade, os escritores modernistas serão os
c I, III e IV. que, de fato, buscarão, na realidade linguística brasileira, as
d II, IV e V. formas que constituirão a sua expressão.
e III, IV e V. Tânia C. F. Lobo. Variantes nacionais do português: sobre a questão da definição do
português do Brasil. In: Revista Internacional de Língua Portuguesa. Lisboa, dez./1994, p. 9-15.
Internet: (com adaptações).

Julgue o item subsequente, relativos ao texto acima e ao tema nele abordado.

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Questão 129 (UnB) TEXTO BASE 13


PARA RESPONDER A QUESTÃO, LEIA O TEXTO BASE 12 Um sarau é o bocado mais delicioso que temos, de telhado abaixo. Em um sarau todo o mundo
tem que fazer. O diplomata ajusta, com um copo de champagne na mão, os mais intrincados
O anseio por uma língua própria foi representado no romance Iracema, obra em que José de negócios; todos murmuram, e não há quem deixe de ser murmurado. O velho lembra-se dos
Alencar inseriu vocábulos e expressões indígenas, a fim de distinguir o português literário do minuetes e das cantigas do seu tempo, e o moço goza todos os regalos da sua época; as moças
Brasil daquele utilizado em Portugal. são no sarau como as estrelas no céu; estão no seu elemento: aqui uma, cantando suave
a CERTO cavatina, eleva-se vaidosa nas asas dos aplausos, por entre os quais surde, às vezes, um
bravíssimo inopinado, que solta de lá da sala do jogo o parceiro que acaba de ganhar sua
b ERRADO
partida no écarté, mesmo na ocasião em que a moça se espicha completamente, desafinando um
Questão 130 (UPE) sustenido; daí a pouco vão outras, pelos braços de seus pares, se deslizando pela sala
e marchando em seu passeio, mais a compasso que qualquer de nossos batalhões da Guarda
Sobre alguns aspectos relevantes da prosa de Alencar e da personagem do Texto 4, considere as Nacional, ao mesmo tempo que conversam sempre sobre objetos inocentes que
afirmativas a seguir. movem olhaduras e risadinhas apreciáveis. Outras criticam de uma gorducha vovó, que ensaca
nos bolsos meia bandeja de doces que veio para o chá, e que ela leva aos pequenos que, diz, lhe
I. Iracema é colocada em um cenário que, como ela mesma, é mostrado com exuberância e ficaram em casa. Ali vê-se um ataviado dandy que dirige mil finezas a uma senhora idosa, tendo
vivacidade, como no trecho: “Mais rápida que a ema selvagem, a morena virgem corria o sertão e os olhos pregados na sinhá, que senta-se ao lado. Finalmente, no sarau não é essencial ter
as matas do Ipu, onde campeava sua guerreira tribo, da grande nação tabajara.”. cabeça nem boca, porque, para alguns é regra, durante ele, pensar pelos pés e falar pelos olhos.
II. Iracema é descrita a partir de um foco que põe em destaque, principalmente, sua sensualidade E o mais é que nós estamos num sarau. Inúmeros batéis conduziram da corte para a ilha de...
e erotismo, como em “Iracema saiu do banho; o aljôfar d\'água ainda a roreja, como à doce senhoras e senhores, recomendáveis por caráter e qualidades; alegre, numerosa e escolhida
mangaba que corou em manhã de chuva.”. sociedade enche a grande casa, que brilha e mostra em toda a parte borbulhar o prazer e o bom
III. Alencar mostra Iracema sob um ponto de vista que realça a sua absoluta integração à gosto.
natureza, como em “Enquanto repousa concerta com o sabiá da mata o canto agreste” e “A Entre todas essas elegantes e agradáveis moças, que com aturado empenho se esforçam para
graciosa ará, sua companheira e amiga, brinca junto dela.”. ver qual delas vence em graças, encantos e donaires, certo sobrepuja a travessa Moreninha,
IV. A prosa de Alencar, de primorosa escolha vocabular e apoiada em ampla pesquisa linguística, princesa daquela festa.
é também permeada de belas imagens, ritmo e sonoridade que resultam em efeitos estéticos que (Joaquim Manuel de Macedo. A Moreninha, 1997.)
a aproximam do texto poético.
Questão 131 (UNIFESP)
Estão CORRETAS, apenas:
PARA RESPONDER A QUESTÃO, LEIA O TEXTO BASE 13
a I, II e III.
b I, II e IV. Considerando os papéis desempenhados pelas personagens no texto, é correto afirmar que
c I, III e IV. a o diplomata é oportunista; o velho, conservador; os rapazes usufruem exageradamente os
d II e IV. prazeres da vida; e as moças são frívolas.
e III e IV. b o diplomata é astuto; o velho, intimista; os rapazes usufruem a vida dentro de suas
possibilidades; e as moças vivem de sonhos.
c o diplomata é perspicaz; o velho, saudosista; os rapazes usufruem prazerosamente a vida; e
as moças encantam a todos.
d o diplomata é trapaceiro; o velho, desencantado; os rapazes usufruem a vida de modo fútil; e
as moças investem tão-somente na beleza exterior.
e o diplomata é esperto; o velho, avançado; os rapazes usufruem a vida com parcimônia; e as
moças vivem de devaneios.

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Questão 132 (UFGD) Questão 133 (UPE)


Leia o Fragmento baixo: A inexistência de uma forma especificamente alemã incomodava determinados músicos, como
Ao chegar pediu o coronel que lhe dessem água do Apa e, ou porque lhe viessem à mente vagas Richard Wagner e, até mesmo, Robert Schumann, uma vez que tais autores identificavam a
reminiscências históricas, a propósito de caudais célebres, ou porque, após tanto abalo de igualdade de temas, porém a indefinição de formas composicionais para um público basicamente
espírito, experimentasse como que uma agitação febril, disse sorrindo: “Notemos a que hora homogêneo.
provamos a água deste rio.” Puxou o relógio, bebeu e acrescentou a gracejar: “Desejo que este (RICON, Leandro Couto Carreira. A Emergência de uma Ópera Alemã no Primeiro Escrito de Richard Wagner. p. 05
incidente seja consignado na história desta expedição, se algum dia a escreverem.” Pareceu In: https://revistahistoriauft.files.wordpress.com/201 2/04/artigo-4.pdf. Adaptado.)
empenhado que se lhe fizesse uma promessa em tal sentido. Foi o autor desta narrativa quem,
em nome de todos, a tanto se comprometeu, e hoje o cumpre com religiosa exação porque a O texto está conectado a uma fase da história europeia, identificada como Romantismo. Sobre a
morte, de que estava o nosso chefe tão próximo, sabe, pela própria natureza enigmática, tudo obra de Richard Wagner, assinale a alternativa CORRETA.
enobrecer, tudo absolver e consagrar. É neste ponto o Apa correntoso; mas as grandes lajes que a Sob uma forte influência judaica, Wagner proporcionou um retorno à mitologia dessa cultura.
lhe calçam o leito como que convidam a entrar em suas belas águas. Foi o que fizeram muitos
b Inspirou-se nos ideais da unidade alemã para defender os princípios do socialismo e a
soldados; passaram vários para a outra margem a dizer que iam conquistar o Paraguai (TAUNAY,
questão judaica.
2006, p. 74-75).
TAUNAY, Alfredo d\'Escragnolle. A Retirada da Laguna. São Paulo: Edições Melhoramentos, 2006 (Fragmento). c Grande parte de sua obra esteve ligada a movimentos estéticos, como o impressionismo e o
expressionismo.
A elaboração de uma voz narrativa peculiar acompanha a trajetória literária de Taunay em A d Realizou a maior abertura musical da Alemanha, cuja grande influência era o modelo de arte
Retirada da Laguna. Nesse fragmento, nota-se essa peculiaridade porque: francesa.
e Caracterizou-se pelo conceito de ‘arte total’, pelo nacionalismo e pela adoção de mitologias
I. o narrador Taunay, embora não seguisse um roteiro organizado da viagem relata a realidade. alemãs como ponto de partida.
Desta forma, constrói imagens fortes dos fatos vividos. Toda a imagem construída antes desse
fato vivido por Taunay tem apenas a visão do Brasil litorâneo, caracterizado pela presença da Questão 134 (UCS)
Corte naquele local; através do relato ele consegue observar aspectos ainda não explorados e Com base no romance Porteira Fechada, de Cyro Martins, considere as seguintes afirmações.
totalmente desconhecidos, usando da sua descrição com objetivo de informar.
II. Visconde de Taunay (1843-1899) narra um episódio da Guerra do Paraguai, considerada a I. O êxodo do homem do campo e sua degradação na cidade são os pontos chave dessa
mais sangrenta da América do Sul. Sua obra destaca o cenário por onde ocorreu um fato histórico narrativa.
(Guerra da Tríplice Aliança contra o Paraguai) e é através desse sertão que Taunay mostra a II. Na obra, o autor constrói, com a força do realismo, um painel da sociedade gaúcha do início do
possível busca pelo desconhecido, na qual o que se pode encontrar nem sempre é o que se século XX.
imagina. III. Ao longo da narrativa, o protagonista vai perdendo a terra, a liberdade, o cavalo, num
III. ao narrar num estilo singelo o fracasso dessa expedição militar, Taunay nos leva a refletir processo de desmistificação da figura do gaúcho.
sobre questões como heroísmo, honra e dever. Dos 1680 homens que invadiram o Paraguai,
apenas 500 voltaram vivos para o Brasil. Das afirmativas acima, pode-se dizer que
a apenas I está correta.
Assinale a alternativa CORRETA:
b apenas II e III estão corretas.
a As alternativas I e II estão incorretas.
c apenas I e II estão corretas.
b As alternativas I e II estão corretas.
d apenas III está correta.
c Apenas a alternativa I está correta.
e I, II e III estão corretas.
d Apenas a alternativa II está correta.
e Apenas a alternativa III está correta.

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Questão 135 (UDESC) Questão 136 (USF)


Uma vez que a literatura é o reflexo de um momento histórico, e que nela podem estar revelados Considere as afirmativas a seguir.
os principais acontecimentos econômicos, políticos e sociais de cada estilo de época, relacione
cada Escola Literária brasileira ao seu devido contexto social. I. José de Alencar é o mais importante escritor do Romantismo brasileiro. Sua obra se
enquadra nas temáticas: social ou urbana, regionalista, indianista e histórica. Til é um romance
(1 ) Barroco romântico regionalista, retrata a linguagem e os costumes da vida rural da época em que foi
( 2 ) Romantismo escrito.
( 3 ) Realismo II. Machado de Assis foi um dos maiores escritores do século XIX e da história brasileira. Dentre
(4 ) Simbolismo as características de suas obras, notamos a descrição psicológica das personagens e um
(5 ) Modernismo retrato crítico da sociedade da época. Um tema bastante explorado em sua obra é o adultério,
dentro de uma proposta do casamento visto de uma forma realista e sem idealizações.
( ) A urbanização da cidade do Rio de Janeiro, agora transformada em Corte, cria uma sociedade III. Carlos Drummond de Andrade foi um poeta da terceira geração modernista. Dentre
consumidora representada pela aristocracia rural, pelos profissionais liberais e jovens estudantes, as características de suas obras, está presente o uso de temas polêmicos, profundos e
todos em busca de entretenimento; o espírito nacionalista passa a exigir uma cor local para a que propõem, dentro de uma forma rigorosa, toda sorte de questionamentos para a sociedade,
literatura, na valorização do índio e das terras brasileiras. como é característica marcante do Modernismo.
( ) No Brasil, havia a presença cada vez mais forte dos comerciantes, com as transformações IV. O cortiço, romance de cunho social com recorte sociológico, publicado em 1890, narrado em
ocorridas no Nordeste em conseqüência das invasões holandesas e, finalmente, com o apogeu e 3.ª pessoa, representa as relações entre o elemento português, e o elemento brasileiro, com a
a decadência da cana-de-açúcar. Na literatura, o homem de tal época vivia em estado de tensão nítida exploração do primeiro sobre o segundo.
e desequilíbrio, em um conflito entre o terreno e o celestial.
( ) Os grandes proprietários rurais de São Paulo e Minas Gerais eram beneficiados pela política Assinale a opção que apresenta todas as afirmativas corretas.
do café-com-leite. Ao mesmo tempo em que os artistas pretendiam colocar a cultura brasileira a a II e III.
par das correntes de vanguarda do pensamento europeu, havia a tomada da consciência da
b I e III.
realidade brasileira, que resultou em uma grande exposição artística.
( ) Transição para o século XX e definição de um mundo novo. As correntes materialistas e c I, II e IV.
racionalistas não mais respondem às exigências de uma nova realidade: as tendências espirituais d II e IV.
renascem, o subconsciente e o inconsciente são valorizados. e I, II e III.
( ) O positivismo, o evolucionismo e, principalmente, a filosofia alemã inspiraram a literatura
brasileira, que vivia um momento histórico conturbado em decorrência do abolicionismo, do ideal
republicano e da crise da Monarquia.
[Adaptações de NICOLA, José de. Literatura brasileira: das origens aos nossos dias. São Paulo: Scipione, 1998.]
Assinale a alternativa que apresenta a seqüência correta, de cima para baixo:
a 4-1-5-3-2
b 2-5-1-4-3
c 2-1-5-4-3
d 1-3-2-5-4
e 3-1-5-2-4

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TEXTO BASE 14 liberdade dos escravos, ainda que tardia, chegava bem.
Machado de Assis Memorial de Aires Internet:
[1] 13 de maio
A respeito do fragmento de texto apresentado, que compõe o romance Memorial de Aires, de
Enfim, lei. Nunca fui, nem o cargo me consentia ser Machado de Assis, e considerando os aspectos que ele suscita, julgue o item seguinte.
propagandista da abolição, mas confesso que senti grande
[4] prazer quando soube da votação final do Senado e da sanção da Questão 137 (UnB)
regente. Estava na rua do Ouvidor, onde a agitação era grande
e a alegria geral. PARA RESPONDER A QUESTÃO, LEIA O TEXTO BASE 14
[7] Um conhecido meu, homem de imprensa, achando-me
A recusa do narrador em juntar-se ao cortejo popular aponta, de forma metafórica, para um traço
ali, ofereceu-me lugar no seu carro, que estava na rua Nova, e
marcante da obra machadiana, o qual prenuncia o modernismo: a defesa da autonomia da
ia enfileirar no cortejo organizado para rodear o paço da literatura em relação aos temas sociais.
[10] cidade, e fazer ovação à regente. Estive quase, quase a aceitar,
tal era o meu atordoamento, mas os meus hábitos quietos, os a Certo
costumes diplomáticos, a própria índole e a idade me retiveram b Errado
[13] melhor que as rédeas do cocheiro aos cavalos do carro, e
recusei. Recusei com pena. Deixei-os ir, a ele e aos outros, que Questão 138 (ACAFE)
se juntaram e partiram da rua Primeiro de Março. Disseram-me Assinale a alternativa que corresponde ao romance “Jorge, um brasileiro”, de Oswaldo França
[16] depois que os manifestantes erguiam-se nos carros, que iam Júnior.
abertos, e faziam grandes aclamações, em frente ao paço, onde a “A essa hora, um viajante, montado numa boa besta tordilho-queimada, gorda e marchadeira,
estavam também todos os ministros. Se eu lá fosse, seguia aquela estrada. A sua fisionomia e maneiras de trajar denunciavam de pronto que não
[19] provavelmente faria o mesmo e ainda agora não me teria era homem de lida fadigosa e comum ou algum fazendeiro daquelas cercanias que voltasse para
entendido... Não, não faria nada; meteria a cara entre os joelhos. casa. Trazia na cabeça um chapéudo-chile de abas amplas e cingido de larga fita preta, sobre os
Ainda bem que acabamos com isto. Era tempo. ombros um poncho-pala de variegadas cores e calçava botas de couro da Rússia bem feitas e em
[22] Embora queimemos todas as leis, decretos e avisos, não bom estado de conservação.”
poderemos acabar com os atos particulares, escrituras e
b "Numa favela tem pedreiros, empregadas domésticas, cobradores. Nem todos são envolvidos
inventários, nem apagar a instituição da História, ou até da
com o crime. Eu mesmo nunca me envolvi. Era uma espécie de mauricinho, um espectador.
[25] Poesia. (...) Éramos pobres, esperando uma ajuda de Deus. Já o bandido se afasta da comunidade quando é
mesmo bandido.”
14 de maio, meia-noite
c “As sementes destes contos não poderiam ser mais diversas: a primeira visita a um bordel em
Não há alegria pública que valha uma boa alegria ‘Varandas da Eva’; uma passagem de Euclides da Cunha em ‘Uma carta de Bancroft’; vida
[28] particular. Saí agora do Flamengo, fazendo esta reflexão, e vim de exilados em ‘Bárbara no inverno’ ou ‘Encontros na península’; o amor platônico por uma
escrevê-la, e mais o que lhe deu origem. inglesinha em ‘Uma estrangeira da nossa rua’. Com mão discreta e madura, o autor trabalha
Era a primeira reunião dos Aguiar; havia alguma gente esses fragmentos da memória até que adquiram, sem que se adivinhe como ou quando, outro
[31] e bastante animação. (...) A alegria dos donos da casa era viva, caráter: frutos do acaso e da biografia pessoal, eles afinal se mostram como imagens exemplares
a tal ponto que não a atribuí somente ao fato dos amigos juntos, do curso de nossos desejos e fracassos.”
mas também ao grande acontecimento do dia. Assim o disse d “A narrativa retorna ao caso do Bananal, e descobre-se que o Fefeu havia sido preso por ter
[34] por esta única palavra, que me pareceu expressiva, dita a brasileiros: sido obrigado a roubar uma correia de ventilador para o seu caminhão, que havia quebrado. O
— Felicito-os. zelador não concordou de maneira alguma em ceder uma para ele, ele tentou tirar e o zelador
— Já sabia? — perguntaram ambos. chamou um soldado e o prendeu.”
[37] Não entendi, não achei que responder. Que era que eu
podia saber já, para os felicitar, se não era o fato público?
Chamei o melhor dos meus sorrisos de acordo e complacência,
[40] ele veio, espraiou-se, e esperei. Velho e velha disseram-me
então rapidamente, dividindo as frases, que a carta viera
dar-lhes grande prazer. (...)
[43] Eis aí como, no meio do prazer geral, pode aparecer
um particular, e dominá-lo. Não me enfadei com isso; ao
contrário, achei-lhes razão, e gostei de os ver sinceros. Por fim,
[46] estimei que a carta do filho postiço viesse após anos de silêncio
pagar-lhes a tristeza que cá deixou. Era devida a carta; como a
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Questão 139 (ESPM) Questão 141 (UFPR)


A colônia só deixa de o ser quando passa a sujeito de sua história.(Alfredo Bosi) Historicamente A respeito dos poemas que compõem o livro Últimos Cantos (1851), do maranhense Gonçalves
pode-se afirmar que a literatura brasileira conseguiu sua efetiva autonomia em relação às Dias, assinale a alternativa correta.
influências da matriz europeia somente no: a O nacionalismo romântico se expressa no antológico poema “Canção do exílio”, que abre o
a Arcadismo, quando Tomás Antonio Gonzaga denunciou os desmandos dos governantes da livro com um tom laudatório: “Nosso céu tem mais estrelas, / Nossas várzeas têm mais flores,
época em “Cartas Chilenas”. / Nossos bosques têm mais vida, / Nossa vida mais amores”.
b Romantismo, quando este tematizou elementos tipicamente brasileiros como o índio, a fauna b O embate entre tribos indígenas, com a consequente prisão de um guerreiro, é narrado em “I-
e a flora e apresentou um eu lírico egocêntrico, centralizador do universo. Juca-Pirama”, poema marcado por variedade métrica: “O prisioneiro, cuja morte anseiam, /
c Naturalismo, quando sob a óptica cientificista da época retrataram-se o coletivo, os desvios de Sentado está, / O prisioneiro, que outro sol no ocaso / Jamais verá!”.
comportamento, o meio degradado dos cortiços e pensões. c A pureza racial dos indígenas brasileiros é exaltada no poema “Marabá” por meio da
d Modernismo da geração de 22, quando houve uma revolução nas artes e na cultura brasileira descrição da personagem-título: “— Meus olhos são garços, são cor das safiras, / — Têm luz
em que se buscaram novas linguagens, formas e abordagens, além de um nacionalismo das estrelas, têm meigo brilhar; / — Imitam as nuvens de um céu anilado, / — As cores imitam
crítico dentre outros. das vagas do mar!”.
e Modernismo da geração de 30, quando se consolidaram as propostas revolucionárias da d O aspecto fúnebre das lendas românticas é representado no poema “O gigante de pedra”, em
primeira fase e se abordaram temas sociais e metafísicos. que se destaca a monstruosidade do personagem: “Gigante orgulhoso, de fero semblante, /
Num leito de pedra lá jaz a dormir! / Em duro granito repousa o gigante, / Que os raios somente
Questão 140 (ACAFE) puderam fundir”.
Sobre a obra Agosto, de Rubem Fonseca, é correto o que se afirma em: e O lirismo romântico prefere temas delicados, como as brincadeiras inocentes da criança em
a Esse romance tem um enredo complexo: o enigma inicial se dá através de um assassino frio “Mãe-d’água”: “Minha mãe, olha aqui dentro, / Olha a bela criatura, / Que dentro d’água se vê!
que desenha, com uma faca, uma letra “P” no rosto de cada vítima. Mas esse não é o único / São d’ouro os longos cabelos, / Gentil a doce figura, / Airosa leve a estatura; / Olha, vê no fundo
crime que o leitor deverá descobrir em parceria com Mandrake e Wexler. d’água / Que bela moça não é!”.
b O comissário Mattos participou ativamente do movimento que culminou no golpe de 64, fiel à Questão 142 (UCPEL)
crença em certos valores capitalistas como o individualismo, que se realiza por meio da
Analise as afirmativas referentes a Francisco Lobo da Costa e assinale a opção correta.
liberdade.
I. Embora sua prosa nem sempre expresse uma visão profunda sobre o homem e sua condição,
c Em relação aos acontecimentos políticos, o livro Agosto se refere ao início do governo Vargas foi o mais jovem e promissor vate simbolista brasileiro.
e ao combate à corrupção que nele ocorria. Este início de governo foi marcado pelo II. Nos seus poemas narrativos, a dominante épica deixa espaço para as formas dramáticas e
famigerado atentado da rua Toneleros, na qual o alvo era o deputado federal Carlos Lacerda, líricas que surgem tecidas com naturalidade, ao sabor do enredo.
maior opositor do presidente recém-empossado. III. Em sua poesia social, apresenta temas como a fome, a escravidão, a discriminação social.
d O espaço é a cidade do Rio de Janeiro (“Vamos para a rua Tonelero, em Copacabana. É lá IV. Por sua condição de poeta espontâneo, ligado à alma de sua gente, produziu uma poesia
que o Corvo mora.”). O tempo é escrito de uma forma que cada um dos capítulos corresponde instintiva, popular.
a um dia do mês de agosto do ano 1954 (“Ao amanhecer daquele dia 1º de Agosto de 1954, o a Somente a afirmação I está incorreta.
comissário de polícia Alberto Mattos, cansado e com dor de estômago, colocou dois comprimidos
b Todas as afirmações estão corretas.
de antiácido na boca.”).
c Todas as afirmações estão incorretas.
d Somente a afirmação II está incorreta.
e Somente a afirmação IV está incorreta.

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Questão 143 (PUC-RS) turbulências: tudo é belo e sossegado, inclusive o mar.

INSTRUÇÃO: Para responder à questão, leia o excerto do poema “Meus oito anos”, e As afirmativas corretas são
analise a pintura “História trágico-marítima”, da portuguesa Maria Helena Vieira da Silva. A
a I e II, apenas.
artista e seu marido, o também pintor húngaro Árpád Szenes, vêm ao Brasil para fugir das
perseguições contra os judeus, e aqui vivem de 1940 a 1947. b II e III, apenas.
c III e IV, apenas.
Oh! que saudades que tenho d I, II e IV, apenas.
Da aurora da minha vida, e I, II, III e IV.
Da minha infância querida
Que os anos não trazem mais! TEXTO BASE 15
Que amor, que sonhos, que flores,
Nasceu o dia e expirou.
Naquelas tardes fagueiras
Já brilha na cabana de Araquém o fogo, companheiro da noite. Correm lentas e silenciosas no
À sombra das bananeiras,
azul do céu, as estrelas, filhas da lua, que esperam a volta da mãe ausente.
Debaixo dos laranjais!(...)
Martim se embala docemente; e como a alva rede que vai e vem, sua vontade oscila de um a
outro pensamento. Lá o espera a virgem loura dos castos afetos; aqui lhe sorri a virgem morena
O mar é – lago sereno,
dos ardentes amores.
O céu – um manto azulado,
Iracema recostase langue ao punho da rede; seus olhos negros e fúlgidos, ternos olhos de
O mundo – um sonho dourado,
sabiá, buscam o estrangeiro, e lhe entram n’alma. O cristão sorri; a virgem palpita; como o saí,
A vida – um hino d’amor!
fascinado pela serpente, vai declinando o lascivo talhe, que se debruça enfim sobre o peito do
guerreiro.
José de Alencar, Iracema

Questão 144 (USP)


PARA RESPONDER A QUESTÃO, LEIA O TEXTO BASE 15
Atente para as seguintes afirmações, extraídas e adaptadas de um estudo do crítico Augusto
Meyer sobre José de Alencar:

I. “Nesta obra, assim como nos ‘poemas americanos’ dos nossos poetas, palpita um sentimento
sincero de distância poética e exotismo, de coisa notável por estranha para nós, embora a
rotulemos como nativa.”
II. “Mais do que diante de um relato, estamos diante de um poema, cujo conteúdo se concentra a
cada passo na magia do ritmo e na graça da imagem.”
III. “O tema do bom selvagem foi, neste caso, aproveitado para um romance histórico, que
reproduz o enredo típico das narrativas de capa e espada, oriundas da novela de cavalaria.”

É compatível com o trecho de Iracema aqui reproduzido, considerado no contexto dessa obra, o
que se afirma e
a I, apenas
b III, apenas
c I e II, apenas
I. A passagem do poema, escrito por Casimiro de Abreu, apresenta as saudades de uma infância d II e III, apenas
mítica, e os elementos da natureza reforçam essa idealização tipicamente romântica.
e I, II e III
II. O título da obra de Vieira da Silva faz referência aos horrores dos naufrágios marítimos, na
época das grandes navegações. No entanto, o contexto da sua criação, 1944, permite-nos afirmar
que a pintura traz o naufrágio como metáfora dos horrores da guerra.
III. É perceptível, na obra de Vieira da Silva, a influência do movimento realista, a partir da
exatidão dos traços sombrios do desenho, na denúncia da guerra.
IV. Comparativamente, o excerto do poema, se um quadro fosse, apresentaria formas claras,
nítidas e estáticas, uma vez que “Meus oito anos” está muito longe das intempéries e
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Questão 145 (UNEMAT) Questão 147 (PUC-RS)


Considerando que José de Alencar, em sua obra Iracema, traz como protagonista uma índia, INSTRUÇÃO: Para responder à questão, leia o excerto abaixo, retirado da obra Macário, de
assinale a alternativa incorreta. Álvares de Azevedo.
a A heroína é representativa do idealismo romântico do período em que o romance foi escrito.
b Iracema não foge aos padrões heróicos vigentes na fase indianista do autor. (O DESCONHECIDO) Eu sou o diabo. Boa-noite, Macário.
(MACÁRIO) Boa-noite, Satã. (Deita-se. O desconhecido sai). O diabo! uma boa fortuna! Há dez
c A protagonista não tem participação relevante na intriga do romance. anos que eu ando para encontrar esse patife! Desta vez agarrei-o pela cauda! A maior desgraça
d A descrição idealizada da natureza é a mesma dedicada à heroína. deste mundo é ser Fausto sem Mefistófeles. Olá, Satã!
e Iracema pode representar a terra virgem brasileira no encontro com o colonizador português. (SATÃ) Macário.
(MACÁRIO) Quando partimos?
Questão 146 (FAG) (SATÃ) Tens sono?
Sobre a Obra de Alvares de Azevedo, “Meu sonho”, é correto afirmar que: (MACÁRIO) Não.
(SATÃ) Então já.
a O cenário e a ação se configuram como delírio, conforme se depreende já da leitura do título.
(MACÁRIO) E o meu burro?
A visão que o eu lírico tem do cavaleiro se dá em um espaço sobrenatural, de pesadelo
(SATÃ) Irás na minha garupa.
espectral e noturno, envolvendo a morte em um contexto gótico, o que vincula o poema à estética
ultrarromântica.
Sobre o movimento literário em que se inscreve Álvares de Azevedo, é INCORRETO afirmar:
b O triunfo final do amor invencível foge a todo realismo e projeta o sonho de uma sociedade
utópica “iluminada por uma aurora de amor”. a A representação de figuras do mundo sobrenatural também constitui uma das características
desse movimento, conforme se lê no excerto acima.
c Conto que expressa um lirismo amargo, em que o personagem-narrador lembra sua
ingratidão e o contraste de sua indiferença com o amor de sua avó. b José de Alencar é o autor de romances mais representativos desse movimento, com obras
como O Guarani, O sertanejo, As minas de prata.
d A musicalidade presente no texto já se mostra pelo título, sendo reforçada pelo ritmo e pelas
rimas, bem ao gosto da autora. c A representação da nação, um dos temas do movimento em que se inscreve a obra de
Álvares de Azevedo, exaltou as belezas naturais da terra brasileira.
e O título, escrito em tupi, pode ser traduzido como “Aquele que há de ser morto, que é digno
de ser morto.”, apontando claramente para a morte como uma honra a ser conquistada pelos d Os estados de alma em que o sujeito poético expressa seus sentimentos de tristeza, dor e
grandes guerreiros. angústia é tema recorrente no movimento em que se inscreve a obra de Álvares de Azevedo.
e A poesia de Álvares de Azevedo, como a dos outros românticos brasileiros, define-se em
torno de dois polos poéticos: a marcante presença da natureza, explorada com destaque em
Noites da taverna, e a constante viagem ao interior do sujeito para exprimir sua dor e seus
sentimentos.
Questão 148 (UNEMAT)
Em relação à obra Memórias de um Sargento de Milícias, assinale a alternativa correta.
a O material social e humano recriado se aproxima de valores da corte.
b A heroicidade ganha força na composição do romance
c Leonardo tem acesso a um contexto social superior por meio de adoção.
d O menino Leonardo revela traços da ordem, da moral e da disciplina.
e O romance expressa dilemas e contradições inerentes ao processo histórico-cultural da
formação do Brasil.
Questão 149 (UnB)
PARA RESPONDER A QUESTÃO, LEIA O TEXTO BASE 8
Em Inocência, de Visconde de Taunay, o leitor deparase com uma mescla de romantismo e
realismo.
a CERTO
b ERRADO

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Questão 150 (UFRGS) Questão 152 (ACAFE)


Considere as seguintes afirmações sobre obras de três escritores do século XIX. Sobre o contexto histórico e social das escolas literárias brasileiras, correlacione as colunas
seguir.
I - O Ateneu, de Raul Pompeia, examina e avalia, mediante narrador em primeira pessoa, a
experiência do menino Sérgio, que tenta adaptar-se, contestar, estabelecer amizades, etc., no ( 1 ) Proclamada a independência, em 1822, cresce no Brasil o sentimento de nacionalismo,
ambiente hostil do colégio, sob a autoridade de Aristarco. buscase o passado histórico, exalta-se a natureza da pátria. De 1823 a 1831, o Brasil viveu um
II - O Cortiço, de Aluísio Azevedo, registra o árduo cotidiano das camadas populares, na segunda período difícil com o autoritarismo de D. Pedro I: a dissolução da Assembleia Constituinte; a
metade do século XIX, através de um relato pontuado de comentários irônicos quanto às Constituição outorgada; a luta pelo trono português contra seu irmão D. Miguel; e, finalmente, a
explicações pretensamente científicas do comportamento humano. abdicação. Segue-se o período regencial e a maioridade prematura de Pedro II.
III - Triste Fim de Policarpo Quaresma, de Lima Barreto, narra as desventuras de um burocrata ( 2 ) O crescimento de algumas cidades de Minas Gerais, cuja base econômica era a exploração
patriota que, antes de combater a Revolta da Armada, tenta incrementar a produtividade rural do ouro, favorecia tanto a divulgação de ideias políticas quanto o florescimento de uma literatura
mediante distribuição de terras e diálogo com os lavradores. cujos modelos os jovens brasileiros foram buscar em Coimbra, já que a colônia não lhes oferecia
cursos superiores. E, ao retornarem de Portugal, traziam consigo as ideias iluministas.
Quais estão corretas? ( 3 ) O período era sem dúvida de muita opressão. A igreja lutava contra os reformadores por
a Apenas I. meio da Inquisição e instaurava um clima de medo constante em seus fiéis, que se viam divididos
entre o material e o espiritual, o prazer e o dever. Ao mesmo tempo eram mostradas cenas
b Apenas III.
bíblicas que remetem ao amor e à compaixão, como os momentos de dor imensa do sacrifício de
c Apenas I e II. Jesus Cristo.
d Apenas II e III. ( 4 ) A industrialização brasileira, que vinha crescendo desde o começo do século, foi
e I, II e III. impulsionada com a Primeira Guerra Mundial e estimulou a urbanização das cidades,
principalmente de São Paulo. A capital paulista, com a expansão da cafeicultura começou a
Questão 151 (UPF) experimentar um enorme crescimento econômico. O período foi marcado também pela chegada
Considere as afirmações a seguir em relação a “Teoria do medalhão”, de Machado de Assis. em massa de imigrantes, principalmente italianos, muitos dos quais haviam vivido a experiência
I. No conto, o professor dá conselhos a um de seus alunos, ensinando-lhe como obter riqueza e da luta de classes em seus países e divulgaram no país ideias anarquistas e socialistas.
fama. ( 5 ) Influenciados pelo pensamento evolucionista de Charles Darwin no Brasil e pelo positivismo
II. A exposição da teoria que visa à conquista de uma posição social considerada privilegiada de Augusto Comte, o movimento ficou bastante conhecido por explorar temas como a
evidencia os mecanismos que resultam na aniquilação do indivíduo. homossexualidade, o incesto, o desequilíbrio e a loucura. Os escritores passaram a retratar em
III. Por meio do diálogo entre as personagens, o conto dirige uma crítica à sociedade brasileira, seus personagens traços de natureza animal, desde impulsos sexuais a comportamentos
que valoriza as aparências. desregrados e instintivos. A agressividade, a violência e o erotismo eram considerados parte da
Está correto apenas o que se afirma em personalidade humana, já que o indivíduo era visto como fruto do meio em que vivia.
a II e III.
( ) Arcadismo
b I. ( ) Romantismo
c II. ( ) Naturalismo
d I e II. ( ) Modernismo
e I e III. ( ) Barroco
A sequência correta, de cima para baixo, é:
a 2-1-5-4-3
b 4-5-1-3-2
c 3-4-2-5-1
d 5-2-3-1-4

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Questão 153 (UENP) Questão 154 (FMABC)


Leia o trecho a seguir, que dá início à quarta parte – “Resgate”, de Senhora, O romance Til, de José de Alencar é considerado uma das obras importantes do autor, por suas
Havia baile em São Clemente. Aurélia ali estava como sempre, deslumbrante de formosura, de características românticas. Dele NÃO se pode afirmar que
espírito e de luxo. Seu traje era um primor de elegância; suas jóias valiam um tesouro, mas a se enquadra na categoria de narrativa de vingança, pois há um crime cometido no passado
ninguém apercebiase disso. O que se via e admirava era ela, sua beleza, que enchia a sala, que precisa ser cobrado.
como um esplendor. O baile em vez de fatigá-la, ao contrário a expandia. Semelhante às flores
b integra o conjunto de obras que se classificam como “Perfis de mulher”, porque o objetivo dele
tropicais, filhas do sol, que ostentam o brilhante matiz nas horas mais ardentes do dia, era é elaborar a história de uma menina com bondade prodigiosa.
justamente nesse pélago de luz e paixões, que Aurélia revelava toda a opulência de sua beleza.
Seixas a contemplava de parte. As outras moças, de meia noite em diante, começavam a c é o romance que configura uma alegoria sertaneja da luta entre o Bem e o Mal, construída
murchar-se; o cansaço desbotava-lhes a cor, ou afogueavalhes o rosto. O talhe denunciava o sob o foco narrativo da onisciência.
excesso da fadiga na languidez das inflexões ou na rispidez do gesto. Aurélia ao contrário, à d denominado pelo autor de romance brasileiro, é ambientado em fazenda do interior de São
medida que adiantava-se a noite, desferia de si mais seduções, e parecia entrar na plenitude de Paulo, com características de romance regionalista.
sua graça. A correção artística de seu traje ia desaparecendo no bulício do baile. Como o primeiro e desenvolve uma história de amor, com final feliz, consumado na concretização amorosa entre
esboço que surge afinal do cinzel impetuoso do artista, ao fogo da inspiração, sua estátua recebia Berta e Miguel.
da admiração da turba os últimos toques. Quando em torno se revolvia o turbilhão, ela
conservava sua inalterável serenidade. O colo arfava-lhe mansamente, ao influxo das brandas Questão 155 (ACAFE)
emoções; o sorriso coalhava-se em enlevos nos lábios entreabertos, por onde escapava-se a Em relação a Cirino, personagem da obra Inocência, de Visconde de Taunay, é correto o que se
respiração calma. Desprendia-se de seus olhos, de toda sua pessoa, uma efusão celeste que era afirma em:
como a sua irradiação. Quando completou-se esta assunção de sua beleza, o baile estava a a “Homem já de alguma idade, o recémchegado era gordo, de compleição sanguínea, rosto
terminar. expressivo e franco. Trajava à mineira e parecia, como realmente era, morador daquela
(ALENCAR, J. de. Senhora. Rio de Janeiro: Edições de Ouro, 1971. p. 225-6.)
localidade.”
Com base no trecho e no romance, considere as afirmativas a seguir.
b Depois de descobrir uma nova espécie de borboleta e denominá-la Papilio Innocentia, em
I. O contraste entre Aurélia e as outras moças atende ao propósito de singularização da heroína homenagem à beleza de Inocência, continua a sua viagem.
romântica. c Padrinho de Inocência, morava “para lá das Parnaíbas, já nos terrenos Gerais”.
II. A graça com que Aurélia transita no baile contrasta com a rispidez expressa em diversos d Aprendeu a receitar e passou a fazer excursões pelo interior, medicando as pessoas,
momentos íntimos de seu convívio com Seixas. utilizando-se “de alguns conhecimentos de valor positivo, outros que a experiência lhe ia
III. A focalização do baile decorre da ambientação urbana do romance, que põe em evidência as indicando ou que a voz do povo e a superstição ministravam”.
relações sociais daquele tempo.
IV. A desenvoltura e o êxito de Aurélia no baile confirmam a degradação moral da protagonista
que contraiu casamento por interesses financeiros.

Assinale a alternativa correta.


a Somente as afirmativas I e II são corretas.
b Somente as afirmativas I e IV são corretas.
c Somente as afirmativas III e IV são corretas.
d Somente as afirmativas I, II e III são corretas.
e Somente as afirmativas II, III e IV são corretas.

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Questão 156 (UDESC) Questão 157 (USF)


TEXTO 3 A respeito da obra Memórias póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis, assinale a
opção incorreta.
a No capítulo Ao leitor, o narrador afirma que adotou uma forma livre. Essa forma pode
O grupo parou a alguma distância; eu reconheci o Couto no momento em que se ser exemplificada pela inversão temporal que há na obra, iniciada pelo fim, e por muitas
adiantava com um movimento de espanto. Corri para fazer Lúcia retirar-se antes de vê- digressões reflexivas.
lo; mas estava distante, e, quando cheguei, já a mais velha das moças se tinha
b O capítulo IX – Transição – começa “E vejam agora com que destreza, com que arte eu faço
aproximado e, arrancando a pulseira das mãos de sua irmã, atirou-a por cima da
a maior transição deste livro.” No trecho, percebe-se a função metalinguística, quando o
[5] grade:
autor discute o fazer artístico, o que também acontece em “De modo que o livro fica assim com
– Não toques em coisa que pertença a esta mulher! É uma perdida!
todas as vantagens do método, sem a rigidez do método.”
Lúcia tinha erguido a cabeça no primeiro instante de surpresa; nada porém perturbava
a serenidade e quietude de seu rosto iluminado por uma doce altivez; circulou com um c No capítulo LXX – D. Plácida – , aparece “ Custou-lhe muito a aceitar a casa; farejava a
olhar límpido os atores desta cena, como se lhes pedisse a explicação do intenção, e doía-lhe o ofício... tinha nojo de si mesma. (...) “... fiz-lhe um pecúlio de cinco
[10] desagradável incidente; e, tomando Ana pela mão e passando o braço pelo meu, contos... (...) Foi assim que lhe acabou o nojo.” A afirmativa do narrador ironiza a atitude de D.
afastou-se com uma dignidade meiga e nobre. Plácida, que aceita como real uma história inventada por Brás Cubas para convencê-la a
Contudo pensei que esse sossego era aparente, e que sua alma devia ter sido acobertar o relacionamento às escondidas.
traspassada por aquele ultraje. Ela respondeu à interrogação muda do meu olhar d Em relação ao enredo da obra, pode-se destacar como tema mais importante a história
murmurando-me ao ouvido para que sua irmã não a ouvisse: de Quincas Borba, colega de faculdade de Brás Cubas, que desenvolve a teoria do
[15] – Elas não sabem, como tu, que eu tenho outra virgindade, a virgindade do Humanitismo, marcada pela profunda reflexão sobre o bem-estar e a ética do ser humano. A
coração! Perdoa-lhes, Paulo. importância de tal personagem vai ser mais enfatizada no próximo romance de Machado de Assis
E o sorriso, que banhou estas palavras como de uma luz divina, parecia abrir o céu – Quincas Borba.
aos arroubos de sua alma. e “Não houve nada, mas ele suspeita alguma coisa; está muito sério e não fala; agora saiu.
ALENCAR. José de. Lucíola. Porto Alegre: L&PM, 2017. p.154 Sorriu uma vez somente, para Nhonhô, depois de o fitar muito tempo, carrancudo. Não me
tratou mal nem bem. Não sei o que vai acontecer; Deus queira que isto passe. Muita cautela, por
Assinale a alternativa incorreta em relação à obra Lucíola, José de Alencar, e ao Texto 3. ora, muita cautela.” O capítulo CVII – Bilhete – reproduz o bilhete enviado por Virgília a Brás
a A leitura do primeiro parágrafo leva o leitor a inferir que há repúdio e preconceito por Lúcia, Cubas. Tal bilhete foi escrito em meio à desconfiança de Lobo Neves sobre o possível adultério
reforçados, ainda, pelo período “Não toques em coisa que pertença a esta mulher” (linha 6). de Virgília.
b Na oração “Perdoa-lhes, Paulo” (linha 16), quanto à morfossintaxe, a palavra destacada TEXTO BASE 16
classifica-se como pronome oblíquo/objeto indireto.
Leia o trecho de Quincas Borba, de Machado de Assis, para responder às questão.
c No sintagma “Ela respondeu à interrogação” (linha 13), o sinal gráfico da crase justifica-se
pela regência do verbo, pois é transitivo indireto e a sua regência exige a preposição a, e o
E enquanto uma chora, outra ri; é a lei do mundo, meu rico senhor; é a perfeição universal.
complemento é uma palavra feminina.
Tudo chorando seria monótono, tudo rindo cansativo; mas uma boa distribuição de lágrimas e
d O período “já a mais velha das moças se tinha aproximado e, arrancando a pulseira das mãos
de sua irmã, atirou-a por cima da grade” (linhas 3 a 5) justifica a atitude da moça, que era filha polcas1, soluços e sarabandas2, acaba por trazer à alma do mundo a variedade necessária, e
de Couto, ao descobrir Lúcia como amante de seu pai. faz-se o equilíbrio da vida.
(Quincas Borba, 1992.)
e Da leitura da obra, infere-se que a forma como o narrador caracteriza a personagem Lucíola,
e se detém nela, intriga o leitor, pois a descrição leva à ambiguidade, algumas vezes ela se 1 polca: tipo de dança.
mostra casta, outras uma mulher sedutora, a verdadeira cortesã.
2 sarabanda: tipo de dança.

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Questão 158 (UEA) Questão 162 (FMABC)

PARA RESPONDER A QUESTÃO, LEIA O TEXTO BASE 16 O romance Iracema, de José de Alencar, é considerado um verdadeiro poema em prosa. Há nele
um proposital trabalho com a linguagem marcado por expressivo uso de figuras de estilo. Assim,
O vocativo “meu rico senhor” evidencia um procedimento recorrente na prosa de Machado de indique abaixo o enunciado que apresenta uma prosopopeia.
Assis, que diz respeito ao modo como o narrador a Em torno carpe a natureza o dia que expira. Soluça a onda trépida e lacrimosa; geme a brisa
a expõe sua intimidade de forma sincera e espontânea, configurando uma narrativa subjetiva. na folhagem; o mesmo silêncio anela de opresso.
b zomba com sarcasmo de si próprio, pois reconhece que não é rico: passa por dificuldades. b O mel dos lábios de Iracema é como o favo que a abelha fabrica no tronco da andiroba: tem
c conversa diretamente com o leitor, incluindo-o como seu interlocutor na narrativa. na doçura o veneno.
d ironiza a fragilidade da condição do protagonista, que ainda não se equilibrou na vida. c Iracema, a virgem dos lábios de mel, que tinha os cabelos mais negros que a asa da graúna,
e mais longos que seu talhe de palmeira.
e expressa seu pessimismo, já que a riqueza de seu interlocutor não existe sem a pobreza.
d A tarde é a tristeza do sol. Os dias de Iracema vão ser longas tardes sem manhã, até que
Questão 159 (URCA) venha para ela a grande noite
Marque a alternativa INCORRETA acerca de Alexandre Herculano e/ou sua obra: Questão 163 (PUC-Campinas)
a Viagens na minha Terra é uma obra de Alexandre Herculano que se classifica entre a prosa
No século XVIII, emergiu nas Minas Gerais uma pequena elite, culta e letrada, que se ocupava de
de ficção e as memórias de viagens.
tarefas burocráticas e administrativas e se dedicava às artes e à literatura.
b Eurico, o Presbítero é considerado o melhor romance de Alexandre Herculano. Atraída pelo ideal iluminista, essa elite foi protagonista de um surto literário inédito no Brasil,
c O Monge de Cister aborda aspectos históricos e culturais de Portugal. produzindo obras de natureza poética. Os poetas líricos Tomás Antonio Gonzaga e Cláudio
d Sua obra insere-se no contexto do Romantismo português. Manuel da Costa exaltavam a vida bucólica e os amores tranquilos, seguindo a tradição dos
modelos clássicos, em um movimento literário que ficou conhecido como Arcadismo. Formados
e Temas religiosos, históricos e medievais estão presentes na prosa de Alexandre Herculano.
em Coimbra, Portugal, ambos ocupavam cargos públicos nas Minas Gerais e, em 1789,
Questão 160 (UnB) protagonizaram uma das primeiras conspiraç ões separatistas na colônia: a Conjuração Mineira.

PARA RESPONDER A QUESTÃO, LEIA O TEXTO BASE 2 (NAPOLITANO, Marcos; VILLAÇA, Mariana. História para o ensino médio. São Paulo: Saraiva,
2013. p. 293)
A figura do índio apresentada por José de Alencar em Iracema e a criada por Mário de Andrade Os eventos da vida pessoal e política de importantes figuras da Vila Rica do século XVIII foram
em Macunaíma são semelhantes e fortemente influenciadas pelo conceito do bom selvagem, representados,
formulado por Rousseau.
a no auge do Romantismo, na ficção de Manuel Antonio de Almeida.
a CERTO
b no nascedouro do Naturalismo, nos romances de Aluísio Azevedo.
b ERRADO
c já em meados do século XX, na poesia de Cecília Meireles.
Questão 161 (UFRGS) d ao fim do século XX, em uma dura sátira concebida pelos poetas concretos.
A protagonista de Lucíola, romance de José de Alencar, e mais recentemente, em reportagens romanceadas de Antonio Callado.
a recusa-se a receber Paulo em seus aposentos, pois quer evitar o ciúme de seus pretendentes
TEXTO BASE 17
e de seus clientes.
b assume o papel de mulher fatal, a fim de garantir que o homem que desonrou sua família seja Leia o texto para responder à questão.
punido e abandonado pela esposa.
Metaforicamente, o Brasil vive com um pé no campo e outro na cidade, o que se reflete na
c participa de uma orgia em que se embebeda, canta cançonetas obscenas e ofende os literatura, que sempre espelha imagens sutis da nação. Amadurecemos mantendo uma divisão
convidados com insinuações sobre a honra masculina. marcante entre esses dois mundos, a um tempo geográficos e ideológicos. José de Alencar
d evita casar com Couto, com o propósito de preservar o patrimônio da família dele, pois ela (1829-1877) fez do exotismo brasileiro a chave da nacionalidade (do “nacionalismo”, diríamos
não controlava seu ímpeto de consumo e de ostentação. hoje), de acordo com o ideário de poder do longo período de Dom Pedro II: seus romances eram
e apaixona-se por Paulo – que retribui o sentimento –, abandona a prostituição e vem a morrer mapas geográfico-mentais que nos definiam brasileiros (numa imagem, aliás, em que o negro
nos braços de seu amado. ainda estava ausente, embora fosse visto em toda parte). Já o mulato Machado de Assis (1839-
1908), criador da literatura mais refinada das Américas do seu tempo, jamais gastou duas linhas
para descrever a natureza, o exótico, o peculiar – todo o seu universo é puramente urbano e
mental. Nessas duas vertentes, encontramos duas imagens culturais do Brasil, que se
entrecruzam numa tensão que permanece vivíssima entre nós.
(Cristovão Tezza. “Mundo rural, mundo urbano, e o Brasil no meio”. www.gazetadopovo.com.br, 27.10.2014.)

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Questão 164 (Univag) Questão 166 (PUC-Campinas)


PARA RESPONDER A QUESTÃO, LEIA O TEXTO BASE 17 Antes mesmo do indianismo e do regionalismo, a ficção brasileira, desde os anos de 1840, se
orientou para outra vertente de identificação nacional através da literatura: a descrição da vida
O autor se refere a José de Alencar e a Machado de Assis partindo do pressuposto de que nas cidades grandes, sobretudo o Rio de Janeiro e áreas de influência, o que sobrepunha à
a a obra de Machado de Assis só não se tornou a maisrefinada das Américas de todos os diversidade do pitoresco regional uma visão unificadora. Se por um lado isto favoreceu a
tempos por ter ignorado a relevância da natureza. imitação mecânica da Europa, e portanto uma certa alienação, de outro contribuiu para dissolver
as forças centrífugas, estendendo sobre o País uma espécie de linguagem culta comum a todos e
b ambos trataram de temas distintos explorando o mesmo estilo literário, o que explica a grande
a todos dirigida (...), que contrabalança o particular de cada zona.
semelhança entre suas obras.
(Antonio Candido. A educação pela noite. São Paulo: Ática, 1987. p. 203)
c a obra de José de Alencar pode ser considerada mais abrangente que a de Machado de Elementos importantes da vida no Rio de Janeiro, entre os quais se destacam tipos
Assis, pois o primeiro enfocou as peculiaridades das regiões brasileiras. representativos da sociedade do “tempo do Rei”, ganharam relevo
d ambos representaram tendências da sociedade brasileira de seu tempo, as quais ainda a nos contos de Noite na taverna, nos quais Álvares de Azevedo aproxima poeticamente os
permanecem vigentes. registros da reportagem e da imaginação.
e a obra de José de Alencar não deve ser considerada útil para se refletir sobre a sociedade b no romance Memórias de um sargento de milícias, no qual Manuel Antonio de Almeida se
brasileira, devido a seu propósito nacionalista. porta como um cronista de costumes.
TEXTO BASE 18 c na peça Macário, exemplo de como o nosso romantismo ainda imaturo se apropria de temas
e linguagens da dramaturgia alemã.
Texto para a questão
d no romance O Ateneu, pelo qual Raul Pompeia dá voz a seu talento de jornalista
Era no tempo do rei. investigando documentação do Rio colonial.
Uma das quatro esquinas que formam as ruas do Ouvidor e da Quitanda, cortando-se e nos contos de Várias Histórias, em que Machado de Assis intensifica seu talento satírico ao
mutuamente, chamava-se nesse tempo - O canto dos meirinhos -; e bem lhe assentava o nome, criticar duramente os mandatários da cidade.
porque era aí o lugar de encontro favorito de todos os indivíduos dessa classe (que gozava então
Questão 167 (UDESC)
de não pequena consideração). Os meirinhos de hoje não são mais do que a sombra caricata dos
meirinhos do tempo do rei; esses eram gente temível e temida, respeitável e respeitada; Analise as afirmativas em relação aos contos Missa do Galo e Cantiga dos Esponsais,
formavam um dos extremos da formidável cadeia judiciária que envolvia todo o Rio de Janeiro no de Machado de Assis.
tempo em que a demanda era entre nós um elemento de vida: o extremo oposto eram os
desembargadores. Ora, os extremos se tocam, e estes, tocando-se, fechavam o círculo dentro do I - Em Missa do Galo, Conceição traz traços marcantes das personagens femininas machadianas,
qual se passavam os terríveis combates das citações, provarás, razões principais e finais, e todos como a dissimulação e a ausência de descrições idealizadoras.
esses trejeitos judiciais que se chamava o processo. II - Em Missa do Galo, o narrador, marido de Conceição, instala-se na casa de um amigo e lá se
Daí sua influência moral. envolve emocionalmente com uma jovem senhora durante as horas em que espera a missa do
Manuel Antônio de Almeida, Memórias de um sargento de milícias. galo.
III - No conto Cantiga de Esponsais, o amor de um jovem casal recém-casado, vizinho de Mestre
Questão 165 (FGV-SP) Romão, foi o responsável por inspirá-lo a compor sua derradeira canção, intitulada Esponsais.
IV - Missa do Galo instiga o narrador a desconfiar das intenções da santa Conceição, a partir do
PARA RESPONDER A QUESTÃO, LEIA O TEXTO BASE 18
episódio em que ele aguardava o horário da missa do galo e ela lhe fazia companhia.
Já na frase de abertura das Memórias de um sargento de milícias – “Era no tempo do rei.” –, que V - Embora benquisto pela comunidade, em Cantiga dos Esponsais, Mestre Romão tornou-se
remete ao mesmo tempo à abertura-padrão dos contos da carochinha e ao período joanino da melancólico, por não conseguir traduzir para o papel o que sentia, não conseguir compor uma
história do Brasil, manifestam-se as duas modalidades do tempo presentes nessa obra: uma, de única música.
caráter lendário e intemporal e, outra, de caráter histórico bem determinado.
O convívio dessas duas modalidades do tempo indica que, do ponto de vista dessa obra, a Assinale a alternativa correta.
história brasileira caracterizou-se pela conjunção de a Somente as afirmativas II e IV são verdadeiras.
a mudança e imobilismo. b Somente a afirmativa I é verdadeira.
b realismo e alucinação. c Somente as afirmativas II e III são verdadeiras.
c religiosidade e materialismo. d Somente as afirmativas I, IV e V são verdadeiras.
d liberdade e opressão. e Todas as afirmativas são verdadeiras.
e localismo e cosmopolitismo.

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Questão 168 (UCS) TEXTO BASE 19


Os excertos abaixo são cantados por Lulu Santos e fazem parte da música “O último romântico”. I.
Ternura
Talvez eu seja o último romântico
Dos litorais desse Oceano Atlântico Eu te peço perdão por te amar de repente
Só falta reunir a zona norte à zona sul Embora o meu amor seja uma velha canção nos teus
Iluminar a vida já que a morte cai do azul [ouvidos.
Das horas que passei à sombra dos teus gestos
[...] Bebendo em tua boca o perfume dos sorrisos
Tolice é viver a vida assim sem aventura 5 Das noites que vivi acalentado
Deixa ser Pela graça indizível dos teus passos eternamente fugindo
Pelo coração Trago a doçura dos que aceitam melancolicamente.
Se é loucura então melhor não ter razão E posso te dizer que o grande afeto que te deixo
Fonte: SANTOS, Lulu. O último romântico. Composição de: Lulu Santos, Antonio Cícero e S. Souza. Álbum Tudo Não traz o exaspero das lágrimas nem a fascinação das
azul. 1984. Disponível em: < http://www.vagalume.com.br/lulu-santos/o-ultimo-ro mantico.html#ixzz396NxiaEM>. [promessas
Acesso em: 10 out. 14. 10 Nem as misteriosas palavras dos véus da alma...
É um sossego, uma unção, um transbordamento de
Como o título da canção indica, é correto afirmar que a composição recupera traços do [carícias
Romantismo ao E só te pede que te repouses quieta, muito quieta
a satirizar os costumes e valores burgueses, marcando as distinções sociais, expressas na E deixes que as mãos cálidas da noite encontrem sem
divisão entre a zona norte e a zona sul. [fatalidade o olhar extático aurora.
MORAES, Vinícius de. Ternura. Antologia poética. 16. ed. Rio de Janeiro: José Olympio, 1978. p. 76.
b enfatizar o conflito entre corpo e alma, expresso na relação entre as palavras coração e
razão, nos últimos versos.
II.
c explorar a antítese como recurso para exprimir a dualidade humana, manifestada no terceiro Amar e ser amado
verso.
d tematizar o amor e o arrebatamento passional que pode conduzir à loucura, valorizando o Amar e ser amado! Com que anelo
sentimento em oposição à razão. Com quanto ardor este adorado sonho
e contrariar o subjetivismo e o desabafo sentimental. Acalentei em meu delírio ardente
Por essas doces noites de desvelo!
Questão 169 (FAG) 5 Ser amado por ti, o teu alento
A respeito do conto “Pai contra mãe” de Machado de Assis, assinale a alternativa CORRETA: A bafejar-me a abrasadora frente!
Em teus olhos mirar meu pensamento,
a A felicidade, para o narrador, foi ter acesso àquele livro, mas, para ele, o prazer maior estava
Sentir em mim tu’alma, ter só vida
no fato de ter em mãos um livro “proibido”, “impossível”, “inacessível”; como se aquela
felicidade estivesse no prazer de usufruir algo proibido, no prazer de cometer uma transgressão. P’ra tão puro e celeste sentimento:
10 Ver nossas vidas quais dois mansos rios,
b O conto tem início com uma explanação do autor a respeito de algumas atividades e produtos Juntos, juntos perderem-se no oceano —,
relacionados ao período da escravidão no Brasil, particularmente a repressão aos negros Beijar teus dedos em delírio insano
fujões: a máscara de ferro, que impedia a alimentação, era utilizada para afastar o vício da Nossas almas unidas, nosso alento,
cachaça, que geralmente conduzia ao roubo; a coleira de ferro, castigo aplicado a escravos Confundido também, amante — amado —
recapturados; para a produção de tais artefatos, recorria-se a funileiros e ferreiros, atividade 15 Como um anjo feliz... que pensamento!?
então próspera. ALVES, Castro. Amar sem ser amado. Disponível em:. Acesso em: 16 out. 2013.
c O conto mostra um retrato do Brasil e do brasileiro. A vocação para o improviso, a
malandragem, a lei do levar vantagens e mais do que isso, a cultura de valorizar o status, as
aparências.
d O golpe do narrador vira uma piada que ridiculariza ainda mais todos os que acreditaram nele,
tornando-os caricaturas grotescas de ingenuidade, da estupidez.
e O conto traz a história de um menino que não sabia se era ou não inteligente: às vezes dizia
algo que despertava nos adultos um olhar de satisfação e quando resolvia repetir o que tinha
dito, muitas vezes, esses adultos não davam a atenção como ele esperava que devessem dar.

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Questão 170 (UEFS) Questão 172 (ENEM PPL)

PARA RESPONDER A QUESTÃO, LEIA O TEXTO BASE 19 Estas palavras ecoavam docemente pelos atentos ouvidos de Guaraciaba, e lhe ressoavam
n'alma como um hino celestial. Ela sentia-se ao mesmo tempo enternecida e ufana por ouvir
Referendado pelas condições de produção do Romantismo, o sujeito poético, no texto II, vê o aquele altivo e indômito guerreiro pronunciar a seus pés palavras do mais submisso e mavioso
amor como amor, e respondeu-lhe cheia de emoção: - ltajiba, tuas falas são mais doces para minha alma que
a um sentimento incapaz de mudar a realidade, caracterizado pelo pessimismo e pela os favos da jataí, ou o suco delicioso do abacaxi. Elas fazem-me palpitar o coração como a flor
insatisfação existencial. que estremece ao bafejo perfumado das brisas da manhã. Tu me amas, bem o sei, e o amor que
te consagro também não é para ti nenhum segredo, embora meus lábios não o tenham revelado.
b uma constante evasão através de um sonho capaz de idealizar a relação amorosa intensa em
Aflor, mesmo nas trevas, se trai pelo seu perfume; a fonte do deserto, escondida entre os
que os amantes se fundem em um único ser.
rochedos, se revela por seu murmúrio ao caminhante sequioso. Desde os primeiros momentos tu
c uma metáfora da união dos amantes, mesmo diante de todas as dificuldades descritas para a viste meu coração abrir-se para ti, como a flor do manacá aos primeiros raios do sol.
realização da experiência amorosa. GUIMARÃES, B. O ermitão de Muquém. Disponível em: www.dominiopublico.gov.br. Acesso em: 7 out. 2015.
d uma idealização do sentimento platônico que se torna suficiente para satisfazer o eu poético e
abandonar o seu projeto de concretização amorosa. O texto de Bernardo Guimarães é representativo da estética romântica. Entre as marcas textuais
e uma expressão carregada de sensualidade que descreve, de forma surrealista, o contato que evidenciam a filiação a esse movimento literário está em destaque a
físico entre o ser que ama e que é amado. a referência a elementos da natureza local.
Questão 171 (FAG) b exaltação de Itajiba como nobre guerreiro.
c cumplicidade entre o narrador e a paisagem.
Considerando a obra Senhora, de José de Alencar, como um todo, indique a alternativa que não
condiz com o enredo do romance: d representação idealizada do cenário descrito.
a O casamento é apresentado como uma transação comercial e, por isso, o romance estrutura- e expressão da desilusão amorosa de Guaraciaba.
se em quatro partes: preço, quitação, posse, resgate. Questão 173 (UPF)
b Aurélia Camargo, preferida por Fernando Seixas, compra-o e ele, contumaz caça-dote,
sujeita-se ao constrangimento de uma união por interesse. A literatura _______________ representa frequentemente o indivíduo que, impelido por forte
emoção e pelo senso de liberdade, entra em choque com o mundo real que o cerca.
c A narrativa marca-se pelo choque entre o mundo do amor idealizado e o mundo da A narrativa _______________ representa de modo objetivo e minucioso personagens,
experiência degradante governado pelo dinheiro. comportamentos e relações sociais, com a finalidade moral de desvelar os vícios e a
d O romance gira em torno de intrigas amorosas, de desigualdade econômica, mas, com final mediocridade que os caracterizam.
feliz, porque, nele, o amor tudo vence. A poesia _______________ busca, pelas associações imagísticas, pela sonoridade e pelo ritmo,
e O casamento é só de fachada e a união não se consuma, visto que resulta de acordo no qual sugerir um mundo superior, que transcenda o mundo apreendido pelos órgãos dos sentidos.
as aparências sociais devem ser mantidas. A poesia _______________, por meio de um estilo exuberante, feito frequentemente de antíteses
e paradoxos, exprime uma visão de mundo contraditória, dividida entre os valores espirituais
cristãos, próprios da Idade Média, e os valores racionais e sensoriais, próprios do Renascimento.
As palavras que preenchem corretamente as lacunas nas frases são, respectivamente:
a barroca – realista – romântica – simbolista.
b realista – barroca – simbolista – romântica.
c realista – romântica – barroca – simbolista.
d romântica – realista – simbolista – barroca.
e romântica – simbolista – realista – barroca.

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Questão 174 (ESPM) Questão 176 (IFSulDeMinas)


(...) É para mim uma das coisas mais admiráveis que tenho visto nesta terra, o caráter desse Assinale a afirmativa CORRETA sobre o livro O Seminarista, de Bernardo Guimarães.
índio. Desde o primeiro dia que aqui entrou, salvando minha filha, a sua vida tem sido um só ato a Há, no romance, características predominantes do Realismo, estilo que predominou na
de abnegação e heroísmo. Crede-me, Álvaro, é um cavalheiro português no corpo de um segunda metade do século XIX.
selvagem! b O espaço do livro é o interior de Minas Gerais, especialmente a cidade de Congonhas, onde
(O Guarani, de José de Alencar)
Eugênio cursa o seminário.
Sobre O Guarani, afirma Temístocles Linhares: “(...) o selvagem é um ideal, que o escritor c O foco narrativo do romance está em primeira pessoa. Quem conta a história é Eugênio, em
intenta poetizar, despindo-o da crosta grosseira de que o envolveram os cronistas, e arrancando- forma de flashback, quando, já adulto, relembra sua desventura amorosa.
o ao ridículo que sobre ele projetam os restos embrutecidos da quase extinta raça.” d Quase não há diálogos no livro, o autor, assim como seus contemporâneos folhetinescos,
(História Crítica do Romance Brasileiro: 1728-1981, 1.º Tomo, Editora da Universidade de São Paulo, 1987, pág. 87) privilegia do discurso indireto.
Baseando-se nos dois textos, considere as seguintes afirmações:
Questão 177 (FACASPER)
I. A literatura romântica indianista procurou atribuir ao nativo brasileiro aspectos e virtudes de
fidalguia europeia. Sobre as características da prosa de ficção de José Alencar, presentes em Til, é correto afirmar
II. O princípio nacionalista que o Romantismo explorou fez com que o índio do Brasil tivesse que:
qualidades heroicas sobre-humanas. a À idolatria do dinheiro, que aviltaria a nova sociedade do Segundo Império, Alencar opusera
III. Os cronistas da primeira era do Brasil salientaram nos nativos elementos grosseiros do ponto seu desprezo impotente. Daí os enredos valerem como documento apenas indireto de um
de vista europeu, valores esses que o Romantismo sublimou. estado de coisas, no caso, o tomar corpo de uma ética burguesa e realista das conveniências
Está correto o que se afirma apenas em: durante o Segundo Reinado.
a I. b O regionalismo de Alencar mistura elementos tomados à narrativa oral, os “causos” e as
b II. “estórias” do interior do Brasil, com uma boa dose de idealização. Esta é responsável por uma
c I e II. linguagem adjetivosa e convencional na maioria dos quadros agrestes.
d I e III. c Alencar explora o dom do memorialista e a finura da observação moral, mas no uso desses
dotes deixa atuar tal carga de passionalidade que o estilo de seu romance mal se pode definir,
e II e III.
em sentido estrito, romântico, afetado que é pela plasticidade nervosa de alguns retratos e
Questão 175 (EsPCEx) ambientes.
“O Piaga nos disse que breve seria, d Em Alencar predomina o gosto da fala regional em si mesma: sintaxe, modismos, léxico,
A que nos afliges cruel punição; fonética, quase tudo se acha colado à vivência dos homens e das coisas do interior,
E os teus inda vagam por serras por vales, configurando uma linguagem cuja camada verbal serve de instrumento eficaz à representação
dos dramas caboclos.
Buscando um asilo por ínvio sertão
e O Brasil ideal de Alencar seria uma espécie de cenário selvagem onde, expulsos os
Descobre o teu rosto, ressurjam os bravos, portugueses, reinariam capitães altivos, senhores do baraço e cutelo rodeados de sertanejos
Que eu vi combatendo no albor da manhã; e peões, livres, sim, mas fiéis até a morte. Alguma coisa assim como a Europa pré-industrial, mas
Conheçam-te os feros, confessem vencidos regenerada pela seiva da natureza americana.
Que és grande e te vingas, que és Deus, ó Tupã!

Nas estrofes acima, é possível reconhecer o estilo de:


a Gonçalves Dias
b José de Alencar
c Castro Alves
d Tomás Antônio Gonzaga
e Padre Anchieta

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Questão 178 (UFAM) Questão 179 (UVA)


O trecho abaixo foi extraído do romance A Moreninha, de Joaquim Manuel de Macedo: TEXTO

[1] No pavimento térreo, ao lado esquerdo, havia na casa das Laranjeiras uma varanda de estilo
Entre todas essas elegantes e agradáveis moças, que com aturado empenho se esforçam por campestre,
ver qual delas vence em graças, encantos e donaires, certo que sobrepuja a travessa Moreninha, decorada com palmeiras vivas e corbelhas de parasitas.
princesa daquela festa. Servia de sala de bilhar, e aí costumava Aurélia e o marido passarem a tarde, quando o tempo
Hábil menina é ela! Nunca seu amor-próprio produziu com tanto estudo seu toucador e, não
contudo, dir se-ia que o gênio da simplicidade a penteara e vestira. Enquanto as outras moças convidava ao passeio no jardim.
haviam esgotado a paciência de seus cabeleireiros, posto em tributo toda a habilidade das [5] Aí foi Seixas encontrar dois grandes quadros, colocados nos respectivos cavaletes. Na tela
modistas da Rua do Ouvidor e coberto seus colos com as mais ricas e preciosas joias, D. viam-se
Carolina dividiu seus cabelos em duas tranças, que deixou cair pelas costas; não quis ornar o esboços de dois retratos, o de Aurélia, e o seu, que um pintor notável, êmulo de Vítor Meireles e
pescoço com seu adereço de brilhantes nem com seu lindo colar de esmeraldas; vestiu um Pedro
finíssimo, mas simples vestido de garça, que até pecava contra a moda reinante, por não ser Américo, havia delineado à vista de alguma fotografia, para retocá-lo em face dos modelos.
sobejamente comprido. Vindo assim aparecer na sala, arrebatou todas as vistas e atenções. Ao olhar interrogador do marido, Aurélia respondeu:
Porém, se um atento observador a estudasse, descobriria que ela adrede se mostrava assim, – É um ornato indispensável à sala.
para ostentar as longas e ondeadas madeixas negras, em belo contraste com a alvura de seu [10] – Julga que seja indispensável? Parecia-me ao contrário inconveniente reproduzir ainda que
vestido branco, e para mostrar, todo nu, elevado colo de alabastro. seja por esse
modo, uma presença que tanto lhe deve importunar.
A partir do excerto acima, afirma-se: – Não se tira retrato d’alma. Felizmente!... observou Aurélia com o misterioso sorriso que desde
certo
I. Observa-se nele uma das características românticas mais marcantes: a idealização da mulher, tempo acompanhava essas palavras de sentido recôndito.
como forma de valorizá-la. Seixas prestou-se passivamente ao papel de modelo. As sessões à tarde tinham ficado
II. Como o público consumidor de folhetins era, basicamente, o feminino, os escritores reservadas para ele
procuravam descrever o vestuário das heroínas dos romances. [15] a fim de não estorvar-lhe o trabalho da repartição.
III. Os ambientes dos romances urbanos eram, em maioria, burgueses, pois a descrição de (ALENCAR, José de. Senhora. 34ª ed. São Paulo: Ática, 2005. pg. 160)
espaços miseráveis não atrairia público para os folhetins.
IV. D. Carolina, chamada de Moreninha, para sobressair na festa, opta pela simplicidade, Pertence à mesma Escola que Alencar:
conseguindo, com esse artifício, o destaque que desejara. a Murilo Mendes.
V. O “colo de alabastro” revela que a Moreninha era branca, pois alabastro é uma pedra de cor b Ariano Suassuna.
clara; sendo assim, seu apelido se justifica no sentido europeu, a de ser branca com cabelos
negros. c Inglês de Sousa.
d Bernardo Guimarães.
Assinale a afirmativa correta:
a Somente as afirmativas I, II e IV estão corretas
b Somente as afirmativas I, III e IV estão corretas
c Somente as afirmativas II, III e V estão corretas
d Somente as afirmativas II, IV e V estão corretas
e Todas as afirmativas estão corretas

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