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FUNDAMENTOS DE ÁLGEBRA

SUBGRUPOS E GRUPOS CÍCLICOS

-1-
Olá!
Boa tarde, null!

Nesta aula, vamos conhecer a definição de “subgrupos”, que nada mais são do que grupos dentro de grupos.

Veremos suas propriedades e formas mais simples de identificarmos se um determinado subconjunto é um

subgrupo de um grupo G.

Essa análise será feita através das principais proposições de subgrupos. Abordaremos as potências de um grupo,

subgrupos gerados por elementos do grupo, grupos cíclicos e ordem de um elemento do grupo.

Bons estudos!

Objetivos:

· Definir “subgrupo” e seus principais resultados e verificar se um determinado subconjunto de um grupo é

subgrupo dele;

· Definir “potência de um grupo” e identificar subgrupos gerados por elementos do grupo;

· Observar os grupos cíclicos e a ordem de um elemento do grupo.

1 Subgrupos
Vamos iniciar esta aula conhecendo a definição de Subgrupos. Veja:

Seja G um grupo e ⊆ um subconjunto não vazio de G. Diremos que H é um subgrupo de G quando a operação de

G, restrita a H, também for um grupo.

Notação: ≤

Sendo assim, H é um subgrupo de G se, e somente se,

∀h ,h ∈, temos h h ∈ (Lei do fechamento).


1 2 1 2

II

∀h ,h ,h ∈, temos
1 2 3

h (h h )=(h h )h (Propriedade associativa).


1 2 3 1 2 3

III

∃e ∈, tal que e h = he = h,
h h h

∀h ∈, (Elemento neutro).

-2-
IV

∀h∈, ∃h′∈, tal que hh′=h′h=e (Elemento simétrico).


h

ATENÇÃO

1. Podemos usar, simplesmente, h h no lugar de h * h .


1 2 1 2

2. O elemento neutro e ∈ deve ser igual ao neutro de G.


h

Vamos considerar e o elemento neutro de H e e o elemento neutro de G.


h

-1 -1 -1
Note que, dado h∈⊆, temos e h=h. Multiplicando essa igualdade à direita por h encontraremos e hh = hh =
h h

e⇒e =e
h

3. O elemento simétrico de h∈ é o mesmo simétrico de h em G.

Note que h′ é o simétrico de h em G, temos hh′=e. Como e =e em (2) podemos escrever que hh′=hh´, em que h'G é
h

o elemento simétrico de G. Multiplicando essa igualdade por h', teremos h´hh´G ⇒ h′=h´G.

4. Todo grupo G admite pelo menos dois subgrupos: G e {e}. Eles são chamados de subgrupos triviais de G.

2 Subgrupos e proposições
Como analisar todas as propriedades que vimos anteriormente é muito trabalhoso, destacamos as principais

proposições sobre os subgrupos por meio das quais poderemos verificar, de maneira mais simples, que H é

um subgrupo do grupo G. Observe:

Proposição 1

Seja H um subconjunto não vazio de um grupo G. Então, H é um subgrupo de G se, e somente se, são satisfeitas as

seguintes propriedades:

a) ∀h1, h2 ∈ , temos h1 h2 ∈ ;

b) ∀h∈, ∃h′ ∈ , tal que h′∈ .

Demonstração:

Nesta demonstração, provaremos a ida e a volta da proposição:

(Ida)

Suponhamos H um subgrupo de G.

Da definição (I), segue (a) ∀h1,h2∈, temos h1 h2∈

Seja h∈. Da definição (IV) e da observação (3), que diz que o elemento simétrico de h∈ é o mesmo simétrico de h

em G, podemos concluir que h′∈. Assim, fica verificada a propriedade (b).

(Volta)

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Suponhamos válidas as propriedades (a) e (b). Então, a propriedade

(I) é verificada por (a).

(II) é válida em H, pois em G vale a propriedade associativa.

(III) Por (b), ∀h∈, ∃h′∈, tal que h′∈ e por (a), hh′∈⇒hh′=∈

(IV) De (b), h∈, h′∈ hh′=h′h=

Para visualizar alguns exemplos de subgrupos encontrados na literatura, clique no botão ao lado:

http://estaciodocente.webaula.com.br/cursos/gon535/docs/a03_t03_1.pdf

Proposição 2:

Seja (G,*) um grupo. Se R e S são subgrupos de G, então, R∩S é um subgrupo de G.

Demonstração:

Temos por hipótese que G é um grupo e R e S são subgrupos de G. Pela hipótese, temos que R e S contêm o

elemento e ∈, ou seja e ∈ e e ∈. Portanto, e ∈∩. Isso nos mostra que ∩≠∅. Além disso, ∩⊂G, pois ⊂ ⊂G. Vamos

considerar dois elementos ,∈∩. Pela teoria dos conjuntos, temos que ,∈ ,∈ . Pela hipótese, temos que ∈ ∈ ⇒∈∩ .

Agora, considerando um elemento x ∈∩, temos que ∈ ∈, pela hipótese, ′∈ ′∈⇒′∈∩. Portanto, ∩ é um subgrupo de

G.

ATENÇÃO

Note que é falso dizer que, se R e S são subgrupos do grupo G, então ∪ é subgrupo de G. Veja que, supondo ser G

um grupo aditivo dos inteiros, R um subgrupo dos inteiros pares e S um subgrupo dos múltiplos de 3, então, 3 +

2 = 5 ∉∪. Portanto, ∪ não é subgrupo de G.


2
O mesmo ocorre se considerarmos os conjuntos A = {(a,0) / ∈ } e B = {(0,b) / ∈} subgrupos de R . Veja que a
2
união ∪ não é um subgrupo de R . Por exemplo, vamos considerar dois elementos: (1,0) ∈ e (0,1) ∈ , note que

(1,0) + (0,1) = (1,1) ∉∪ .

Proposição 3:

Determinação de todos os subgrupos de (Z, +)

Se H é um subgrupo de (Z, +) então H = nZ para algum ∈, ≥0.

Observação: nZ = {nk, ∈}

Veja que nZ = (-n)Z, para todo n em Z. Por esse motivo, consideramos n>0 quando vamos encontrar os

subconjuntos nZ.

Com essa proposição, podemos verificar que 4Z é subgrupo de 2Z, ou seja, o conjunto dos múltiplos de 4 é um

subgrupo aditivo do grupo formado pelos números pares.

Proposição 4:

Seja G um grupo. Um subconjunto não vazio H de G é um subgrupo de G, se e somente se, para qualquer h ,h ∈,
1 2

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h h′ ∈ .
1 2

Demonstração:

(Ida)

Por hipótese, temos que H é um subgrupo de G. Sejam dois elementos h ,h ∈. Então,


1 2

h' ∈. Portanto, h h′ ∈.
2 1 2

(Volta)

Suponhamos que, para quaisquer h ,h ∈, h h′ ∈. Como H ≠ Ø, existe um elemento x em H. Segue-se que e = x.x' ∈
1 2 1 2

. Seja h∈. Então, h' = e.h' ∈. Temos, também, que h h′ ∈ e, portanto, h ,h =h (h' )′∈. Pela proposição 1, H é um
1 2 1 2 1 2

subgrupo de G.

3 Potências de um grupo
Após conhecer a definição de subgrupos e as suas proposições, vamos definir as potências de um grupo.

Observe:

Seja G um grupo com uma operação * . Vamos considerar e o elemento neutro do grupo G, a um elemento de G e

m um inteiro qualquer. Vamos definir a potência de base a e expoente m, denotada por am, como sendo o

elemento do grupo G definido por:

Sendo (G,* ) um grupo onde o elemento neutro é "e" podemos dizer que
1 0
a =a =a=e*a=a
2 1
a =a *a=a*a
3 2
a = a * a = (a * a) * a
-2 2 -1 -1 -1 -1
a = (a ) = (a*a) = a * a
-3 -1 -1 -1
a =a *a *a

Para visualizar alguns exemplos de potências de grupo, clique no link ao lado: http://estaciodocente.webaula.

com.br/cursos/gon535/docs/a03_t04.pdf

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4 Potência de uma operação
Agora vamos definir potência de uma operação. observe:

Veja alguns exemplos:

1) Considere o grupo (Z,+) e a = 4.


2 2
a = 4 = 4 + 4 = 8 , veja que a potência é da operação adição.
6
2) Considere o grupo (Z ,+) e a = 4.

a2 = 42 = 4 + 4 = 8 = 2 (resto)

5 Potências do elemento 2 no conjunto (Z8,+)


Agora, observe todas as potências do elemento 2 no conjunto (Z8,+):

a=2
1
2 =2
2
2 =2+2=4
3 2
2 =2 +2=4+2=6
4 3
2 =2 +2=6+2=8=0
5 4
2 =2 +2=0+2=2

Veja que voltamos ao primeiro valor encontrado na primeira potência.


n
Então, podemos escrever: 2 = {2,4,6,0}.

ATENÇÃO

Veja que {2,4,6,0} é um subconjunto de Z8 obtido a partir das potências de 2. Vamos chamá-lo de H = {2,4,6,0}.

Assim, podemos dizer que H é um subgrupo gerado por 2. Denotamos por H = [2] ou H = 〈2〉 .

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6 Subgrupo gerado por elementos
A partir da definição de potência no elemento 2, podemos apresentar a definição de subgrupo gerado por

elementos. Veja:

Seja G um grupo e a um elemento de G. Denominamos subgrupo gerado por a o conjunto de todas as potências

inteiras de a, isto é:
−2 −1 0 1 2 0
〈〉={…, , , , , ,…}, em que a = e (elemento neutro do grupo G para todo elemento a de G).
G

〈〉→ representa o subgrupo gerado por a, e a é dito gerador do subgrupo.

Para visualizar alguns exemplos de subgrupo gerado por elementos, clique no link ao lado:

http://estaciodocente.webaula.com.br/cursos/gon535/docs/a03_t07.pdf

7 Grupo Cíclico
Podemos definir Grupo Cíclico como sendo um grupo que coincide com um subgrupo gerado por seus

elementos. Veja:

Seja G um grupo. Dizemos que G é um grupo cíclico se existe um elemento a de G, tal que o grupo G coincide

como subgrupo gerado pelos elementos de a.

Se G é grupo cíclico, então, ∃∈, 

G=〈〉 = {=; ∈}

Podemos usar as seguintes notações: G = [a] ou G = 〈〉

Veja alguns exemplos:


m
1: O grupo multiplicativo G = {1, -1} é cíclico, pois [-1] = {(-1) / m ∈ Z} = {1,-1} = G.

2: O grupo G = {1, i, -1, i} é um grupo cíclico, em que i e -1 são os geradores do grupo G.

3: O grupo multiplicativo dos números reais positivos não é cíclico, pois não é possível encontrar um número

real positivo em que as potências gerem todo o grupo.

4: Se G for um grupo aditivo, então usaremos o conceito de múltiplo no lugar de potência de um elemento. G será

cíclico quando existir um elemento a em G tal que =[] = {; ∈}. Por exemplo, o grupo (Z, +) é cíclico, pois Z = [1].

Separamos algumas proposições sobre Grupo Cíclico, para visualizá-las clique no link ao lado:

http://estaciodocente.webaula.com.br/cursos/gon535/docs/a03_t08.pdf

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Saiba mais
Para saber mais sobre os assuntos estudados nesta aula, leia os seguintes artigos:
P-Grupos. Disponível aqui.
Grupos de Permutações e Grupos Finitos Simples. Disponível aqui.
Uma análise histórico-epistemológica do conceito de grupo. Disponível aqui.
Grupos e Simetria – UNIFEMM. Disponível aqui.
Leia o seguinte livro:
FARMER, D. W. Grupos e Simetrias: um guia para descobrir a Matemática. Série “A Matemática
em Construção”. Tradução: Cristina Isabel Januario. Editora Gradiva. Portugal, 1999.
Acesse o seguinte site:
Grupos Finitos Gerados por dois elementos a e b. Disponível aqui.

O que vem na próxima aula


• Classes laterais;
• Subgrupo normal;
• Grupo quociente.

CONCLUSÃO
Nesta aula, você:
• Reconheceu a definição de “subgrupo” e seus principais resultados;
• Aprendeu a verificar se um determinado subconjunto de um grupo é subgrupo desse grupo;
• Verificou a definição de “potência de um grupo”;
• Aprendeu a determinar subgrupos gerados por elementos do grupo;
• Identificou a definição de “grupos cíclicos” e a ordem de um elemento do grupo.

Referências
DOMINGUES, Hygino H.; IEZZI, G. Álgebra moderna. 3. ed. São Paulo: Atual, 2000.

DURBIN, J. R. Modern Algebra: an introduction. 4. ed. Wiley, 2000.

GARCIA, A. Álgebra: um curso de introdução. Rio de Janeiro: IMPA-Projeto Euclides, 2003.

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GONÇALVES, A. Introdução à algebra. 5. ed. Rio de Janeiro: IMPA, 2003.

LANG, S. Álgebra para Graduação. Rio de Janeiro: Editora Ciência Moderna Ltda, 2008.

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