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Funções da Literatura
FUNÇÃO LÚDICA:
do latim ludus (jogo), corresponde à O BICHO
capacidade inata de a literatura divertir o Manuel Bandeira
FUNÇÃO EVASIVA:
exatamente o inverso da função social,
corresponde à capacidade que a literatura
tem de retirar o leitor, pelo menos
FUNÇÃO SOCIAL: momentaneamente, de um quadro social
a capacidade que a literatura tem de revelar drástico e opressor. Funcionando como uma
determinados aspectos da sociedade que a espécie de ópio, o texto literário é capaz de
classe dominante geralmente preza por fazer o leitor esquecer os problemas que o
esconder. Corresponde ao viés político do atormentam.
texto literário, que pode facilmente denunciar
as mais variadas realidades sociais.
O-Ú T-UBIXÁ-KATU
José de Anchieta FUNÇÃO ESTÉTICA:
a mais importante de suas funções,
Veio um grande chefe,
de longe para te procurar. corresponde à capacidade de a literatura
Eu também os meus parentes
trazendo-os, faço-os dançar comigo. tornar bela uma realidade que naturalmente
Em tuas mãos os entrego. não é. Todo texto literário, se bem realizado,
é um objeto de beleza; nele, os conceitos
FUNÇÃO SINCRÔNICA:
triviais de bonito e feio se perdem em meio à
corresponde à capacidade que a literatura
investigação profunda e impressionante da
tem de atualizar o tempo, de tornar um
alma humana – seu maior objetivo.
evento sempre atual. Note-se que o leitor é
capaz de entender um texto escrito no século
NAS COVAS DE GUADIX
XV (e de estabelecer relações com o presente) João Cabral de Melo Neto
exatamente porque a literatura permite que
O cigano desliza por em cima da terra
se faça a releitura constante do passado.
não podendo acima dela, sobrepairado;
lhe repugna, ele que pouco a cultiva,
o hálito sexual da terra sob o arado.
AUTO DA BARCA DO INFERNO Contudo, dorme na terra uterinamente,
Gil Vicente dormir de feto, não o dormir de falo;
dentro dela, e nela de corpo inteiro,
[fragmento] dentros mais de ventre que de abraço.
Diabo — Que é isso, padre?! Que vai lá? O cigano foge da terra, de afagá-la,
Frade — Deo gratias! Som cortesão. dela carne nua ou viva, ou esfolado;
Diabo — Sabês também o tordião? jamais a toca, sequer calçadamente,
Frade — Porque não? Como ora sei! senão supercalçado: de cavalo, carro.
Diabo — Pois entrai! Eu tangerei e faremos um De onde quem sabe, o cigano das covas
serão. Essa dama é ela vossa? dormir na entranha da terra, enfiado;
Frade — Por minha la tenho eu, e sempre a tive de escavando a cova sempre, para dormir
meu... mais longe da porta, sexo inevitável.