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Conversas

Conversas com
com
Michèle
Michèle Petit:
Petit:
ensinamentos
ensinamentos para
para
(re)pensarmos
(re)pensarmos práticas
práticas
de
de leitura
leitura literária
literária
na
na escola
escola profª. Drª.
Caroline
Valada
(CAp/UFRGS) Becker
Por
Por que
que
Recordar que Poetizar a Michèle
Michèle
somos animais leitura
poéticos literária no Petit?
Petit?
tempo e espaço
Compreender as escolar
inscrições
subjetivas
inerentes à
leitura Promover “uma relação afetiva,
literária emotiva e sensorial com o livro,
[e] não apenas cognitiva”
(PETIT, 2009b, p. 58)
um livro
"Percebi que estava cada vez mais inutilista e que
que traduz
pensava em coisas só pela sua beleza e não queria saber
do seu valor monetário ou instrumental
minha
Estava cada vez mais esquisita, como dizia meu irmão. ideia de
Por vezes, também eu ficava a olhar para um inseto, para poetizar:
um padrão de um tapete, para um copo de chá com um roda
de limão. Ou pior, para a marca que um copo de chá
deixava na toalha da mesa (patrocinada por uma marca de
frigoríficos).
No outro dia, na escola, perguntaram-me para que é que
eu queria um poeta.
Disse que gostava de poemas.
Inutilista!, gritaram." (CRUZ, 2020, p. 59)
Por que Michèle Petit?

"O que encontramos em muitas cenas consideradas 'fundadoras' do gosto de ler por
aqueles que as evocam é algo paradoxal, um momento em que se celebrava o fato de
estar juntos, uma intensidade de emoções compartilhadas, uma proximidade carnal, a
carícia da voz sobre o corpo, e em que se experimentava, simultanemente, um certo
distanciamento. Uma outra dimensão, um 'longe', um outro tempo, outros mundos se
revelavam: havia também uma promessa de autonomia. Se os livros foram associados a
esses momentos, seja porque o adulto buscava ali as histórias que lia, seja porque a
criança tenha imaginado que as narrativas provinham deles, há grandes chances de
que eles se tornem os objetos de escolha para reencontrar, na infância e além, aquele
tempo em que as palavras ainda estavam impregnadas com a presença dos seres e das
coisas, graças à sua materialidade sonora e sua capacidade de intrigar, não somente
seu significado; e todo um mundo de possíveis que se abria." (2019, p. 163)
Sobre o que trago nesta conversa:
"Eu lhe dou "Lanço palavras para aqueles que
vão me ler ou escutar, com a
aquilo que a meus caráter subjetivo
esperança de que recolham
olhos é o mais algumas, enquanto outras vão
bonito, você fará permanecer na areia. [...] Assim
antologia

e afetos!
como eu faço com as palavras que
disso o uso que seleção ouço ou leio. E se soubéssemos o
quiser e passará, recorte que as outras pessoas fabricam com
por sua vez, aquilo que lhes damos, ficaríamos
Leitura muito espantados. A linguagem é
aquilo de que
desordenada de feita assim, de desvios,
gostar a seus apropriações, alterações.
excertos retirados
filhos ou àqueles das quatro obras da
Não tenho certeza de que ela sirva
que cruzarem seu para 'comunicar', mas sim para
autora traduzidas
criar mal-entendidos
caminhos." para o português incessantemente renovados [...]."
(2019, p. 22) o material (2019, p. 83-4)
A perspectiva de Michèle Petit...
CONVERSAR COM PESSOAS & RECOLHER RELATOS (antropologia): "Resolvi me
situações de crise (sujeitos refugiados, espaços colocar, nas
minhas
marginalizados): Argentina, Colômbia, França pesquisas, do
a vida no espaço rural lado dos leitores,
de suas
experiências
SELECIONAR DISCURSOS/FALAS DE ESCRITORES E DE ESCRITORAS singulares"
(2009a, p.20)
RECUPERAR REFLEXÕES TEÓRICAS SOBRE A HISTÓRIA DA LEITURA
TRAZER OUTRO PARADIGMA:
a literatura e a arte em tempo e espaço não escolar

INSCRIÇÕES DA PSICANÁLISE
SITUAÇÕES DE CRISE...
"Hoje, é possível dizer que
crise de 1930, o mundo inteiro é um
nos Estados 'espaço em crise'" (p. 20)
Unidos
"Mais recentemente, no dia seguinte ao 11 de setembro de
Segunda 2001, em um tempo em que o audiovisual já era onipresente,
Guerra uma multidão acorria às livrarias nova-iorquinas,
Mundial enquanto a frequência em todos os outros comércios
diminuía: 'o público se volta para a leitura para
11 de compreender a crise', relata Le Monde de 22 de setembro de
setembro, 2001. Após o primeiro impacto, as pessoas 'vieram procurar
nos Estados os livros para superar a dificuldade', comentou a diretora
Unidos de uma grande livraria. Na França, os livreiros também
constataram um movimento semelhante." (p. 20)
Literatura e momentos de crise

Essa narrativa, escrita em 1947 pelo


franco-argelino Albert Camus, tem
atraído muitos leitores em diversos
países da Europa, em meio à
pandemia de coronavírus.
Não só ela — livros de ficção que se
passam em situações de epidemias ou
pandemias, como Ensaio Sobre a
Cegueira (1995), do português José
Saramago, e de não-ficção que
descrevem a disseminação de doenças
no passado estão constantemente nas
listas de mais vendidos.
Literatura e momentos de crise
ANTROPOLOGIA + ETNOGRAFIA
90 jovens entrevistados
Duração de cada entrevista: 2 horas

"Quando eu era criança, às vezes o bibliotecário parava


seu trabalho e contava histórias para nós. Isso me tocou
muito, a sensação, a emocação que senti naquele instante,
permaneceu. É algo parecido com um encontro. Ninguém me
disse: faça isso, faça aquilo [...]. Mas, me mostraram alguma
coisa, fizeram-me entrar em um mundo. Abriram-me uma
porta, uma possibilidade, uma alternativa entre milhares
Ridha talvez, uma maneira de ver que talvez não seja
22 anos necessariamente a minha, mas que vai mudar alguma coisa
da Argélia na minha vida porque existem outras portas." (2009a, p.30)
PSICANÁLISE

"Meu itinerário intelectual e pessoal tinha sido


profundamente marcado por meu encontro com a
psicanálise. Aprendi que, embora os determinimos sociais e
familiares pesem muito, cada destino é também uma história
particular, constituída de uma memória e de suas lacunas
de acontecimentos, de encontros, de movimento." (2009a, p.
52)

"A experiência da psicanálise ensinou-me também que o que


determina em grande medida a vida dos seres humanos é o
peso das palavras ou o peso de sua ausência." (2009, p. 53)
TEMPO E ESPAÇO NÃO ESCOLAR
TRAZER
OUTRO
PARADIGMA:
a literatura e a
arte em tempo e
espaço não
escolar

Marie Ange Bordas

escrita que vem da convivência


TEMPO E ESPAÇO NÃO ESCOLAR

"Centro de Leitura Para Todos"


TRAZER Javier Maidana
OUTRO
PARADIGMA: ação dentro de um colégio em Buenos
ressignificar do
tempo e do espaço Aires
escolar o "Centro..." é, segundo os frequentadores,
"um espaço de não obrigação
no meio da obrigação"
TEMPO E ESPAÇO NÃO ESCOLAR

TRAZER
OUTRO
PARADIGMA:
o que fazemos com
a literatura?

Mirta Colángelo

oficinas
sumário

"Eu lhe apresento o mundo"


"Lançar sobre o céu, o mar, a cidade uma
rede de palavras e de histórias"
"Situar na sucessão das gerações
"O papel da família e dos amigos... mas
também dos transmissores culturais"

"Para que serve a leitura?"

Livro de 2014 Petit "Variações sobre três vocábulos: palavras,


Publicado no apresenta comunicar, narração"
Brasil em 2019 o conceito ou a
ideia "Os livros, a arte e a vida de todos os dias"
de transmissão
cultural "Celebração do imaginário"
sumário

"Anos de guerra, 'anos-biblioteca'"

"Tudo começa por uma recepção" [...]


"Espaços não submetidos ao rendimento
escolar [...]
"A oralidade na origem do gosto pela leitura"

"Saltar para o outro lado" [...]


"Uma oferta de espaço"
Reflexões sobre Livro de 2008
"A simbolização da narrativa" [...] a potência da Publicado no
"Ler indiretamente as páginas dolorosas da literatura em Brasil em 2009
vida" contextos de
crise e relatos da
pesquisa etnográfica
sumário

[...] "'Construir' leitores'"

"Leituras de obras literárias e construção de


si mesmo" [...]
"Leitura para si mesmo e leitura escolar: uma
contradição irremediável?" [...]

"A leitura reparadora" [...]

"Do espaço íntimo ao espaço público" Reunião de Publicado no


"Leituras de dia e de noite" conferências Brasil em 2013
[...] Elaborar a própria história" ministradas
pela autora
[...] "O direito à metáfora" em 2000
sumário

[...]
"O que está em jogo na leitura hoje em dia"
"Ter acesso ao saber"
"Apropriar-se da língua"
"Construir-se a si próprio"
"Um outro lugar, um outro tempo"
"Conjugar as relações de inclusão"
"Círculos de pertencimento mais amplos"

Livro de 1998 O livro retoma "O medo do livro"


Publicado no conferências [...] "O medo da interioridade"
Brasil em 2008 lidas em 1998, no
(1ª edição) México "O papel do mediador"
[...] a hospitalidade do bibliotecário"
Conferência
"Las palabras
habitables
(y las que
no lo son)"
Abril 2015
Feira do Livro
em Buenos Aires

https://www.youtube.com/watch?v=OixNnz3EV2U
"no a figura
princípio feminina que
não era o Ouvir histórias
narra ou canta
verbo e na infância
ou declama palavra e ritmo
sim a voz"
(2019, p.77) a música da língua
relatar (aprender a
(transmitida)
sentar e a caminhar):
ligar elementos o lúdico, o
descontínuos
No vídeo...

linguagem
ficcional e do corpo
relatar sua própria o poético
história (apropriação do
linguagem utilitária e
que já ouviram)
linguagem do relato
(nova relação com o tempo)
pensamento e
linguagem
Ouvir narrativas e
aprender a narrar necessidade
antropológica
"Hoje [...] muitas pessoas sabem que desde a mais tenra idade é
essencial propor às crianças alimentos culturais,
narrativas, e que um bebê necessita de literatura para para
crescer e se pensar, pouco a pouco, como um pequeno sujeito
distinto de sua mãe e começar a formular sua própria
história. [...]
Sem nem pensar, a mãe ou a pessoa que cuida da criança
reforça sua capacidade narrativa posterior traduzindo o que
ela experimenta nessas historinhas [...] Da mesma maneira,
ela conta lhe conta histórias de sua vida cotidiana ou lê
belos contos por prazer, sem se preocupar muito em fazer com Ler o mundo
que a criança capte o sentido deles. Fazendo isso, ela
antecipa o processo de ligação entre o pensamento e a
linguagem ainda em estado embrionário nas crianças
pequenas." (p. 89-91)
o leitor não é
PARA COMEÇAR... passivo, ele
reescreve
PARA COMEÇAR (um pouco mais)
muito importante para
nós, professores e
professoras

"[...] a leitura pode reforçar a autonomia, mas o fato de


alguém se entregar a ela já pressupõe uma certa
autonomia. A leitura ajuda a pessoa a se construir, mas
pressupõem talvez, que ela já tenha se construído o
suficiente e que suporte ficar a sós, confrontada
consigo mesma. [...]

Então, o que fazer para que os rapazes tenham menos


medo da interioridade, da sensibilidade?" (p. 134)
Por que ler?

EMPATIA
ALTERIDADE

PERTENCIMENTO "Ler também permite "Ler todo dia obras


aventurar-se no Outro, literárias serve
"Ler serve para explorá-lo, apaziguar também para que os
descobrir, não por sua estranheza." médicos, no exercício
meio do raciocínio, (2019, p. 54) das especialidades
mas de uma decifração mais árduas,
inconsciente, que encontrem forças para
aquilo que nos SONHO exercer sua arte com
assombra, nos uma grande
intimida, pertence a "Ler serve para humanidade, mas
todos." (2019, p. 54) reavivar o devaneio, a também para irrigar
criatividade [...]" seu pensamento."
(2019, p. 65) (2019, p. 58)
Por que ler?
"O que a experiência da leitura tem de insubstituível
talvez seja o fato de abrir os olhos e provocar esse
pensamento vivo, o fato de atrair ideias, sugerir
EXPERIÊNCIA
comparações insólitas, inspirar, despertar. O que
CRIATIVIDADE
constitui seu valor são esses momentos em que as palavras
surgem, os elos são tecidos, em que somos de certa forma
fecundados - e eis que os leitores estão do lado da
feminilidade. É por isso que tantos escritores leem antes
de começar a escrever, é por isso que tantos sábios gostam
da poesia ou dos romances para reavivar sua atividade
inventiva, para que surjam conexões inesperadas. Trata-
se de todo um pensamento aberto para o exterior, e talvez
seja por isso que olhamos ao longe quando erguemos os
olhos de um livro." (2019, p. 66)
Por que ler?

"[...] mesmo que a leitura não faça de nós escritores,


ela pode, por mecanismo parecido, nos tornar mais
AUTORES aptos a enunciar nossas próprias palavras, nosso
próprio texto, e a ser mais autores de nossas vidas."
(2009a, p. 37)

“A leitura contribui assim para criar um pouco de


‘jogo’ no tabuleiro social, para que os jovens se MOBILIDADE
tornem um pouco mais atores de suas vidas, um pouco SOCIAL
mais donos de seus destinos e não somente objetos do
discurso dos outros.” (PETIT, 2009a, p. 100)
Por que ler? A LEITURA ENQUANTO "LUGAR"
o livro e o ler tornam-se
“morada provisória” (PETIT, 2009b, p. 90)
“um teto todo seu” (PETIT, 2009a, p. 27)

AO LER "acontece uma


suspensão do espaço e
do tempo, uma vez que A LEITURA COMO ESPAÇO ÍNTIMO....
nosso corpo figura
como lugar, e nosso “Esse espaço íntimo aberto pela leitura
pensamento (por meio da não é apenas uma ilusão ou uma válvula
de escape. Às vezes pode ser: nós nos
imaginação, da memória
consolamos das vidas, dos amores que
e da projeção) visita vivemos, com as histórias dos outros.
outras paisagens, Mas é sobretudo uma fuga para um lugar
recompondo geografias em que não se depende dos outros [...]. E
e épocas." esse espaço íntimo nos dá um lugar.”
(PETIT, 2009b, p. 94) (PETIT, 2009a, p. 40)
Por que ler? LER E CONVERSAR, LER E COMPARTILHAR

"[...] ler faz com que as


crianças, os adolescentes, as
pessoas idosas falem por si
mesmos, ou uns com os outros."
(PETIT, 2009b, p. 103)

"Assim, quanto à formação do gosto pela leitura, as pesquisas dão


destaque à importância da presença de livros na casa, sobretudo no
quarto da criança; Todavia, essa presença parece ter uma influência
positiva sobretudo se o livro vive com a família e constitui
especialmente um objeto de conversas e partilhas. A capacidade de
estabelecer com os livros uma relação afetiva, emocional, e não
somente cognitiva, parece determinante." (2019, p. 153)
Por que ler?

"Nos livros, nós nos apoderamos de fragmentos de


A POTÊNCIA DA
LITERATURA...
espaços fictícios para depositar ali nossa alma e dar
forma a lugares onde viver, porque não moramos na
coração do euro ou do índice da Bolsa de Valores, no
temor das loucuras fanáticas ou das catástrofes
naturais. Moramos em meio a objetos que projetam em
nosso cotidiano um pouco de beleza, de fábulas, de
devaneios, de histórias que jamais aconteceram, que
talvez jamais aconteçam, mas que ainda assim
contribuem para nos definir." (2019, p. 139)
TRANSMISSÃO CULTIRAL NÃO é reprodução

"Cada pessoa dá a uma "Pois é exatamente disso


criança aquilo que tem que se trata a transmissão
mais sentido pra ela. cultural e, mais
Ela lhe abre essas particularmente, a leitura:
portas. Mais tarde, a construir um mundo
criança tomará posse habitável, humano, poder
daquilo ou não. Ela encontrar ali o seu lugar e
abrirá outras portas. locomover-se; celebrar a
Muitas vezes só nos vida no cotidiano, oferecer "Frases muito
transmissão apropriamos do legado as coisas poeticamente; simples, mas
cultural: recebido muito tempo inspirar as narrativas que que lhe davam o
diversos depois [...]." (p. 23) cada pessoa fará da sua mundo, esse
lugares e própria vida [...]." (p. 23) mundo que era
agentes o mundo dela."
(p. 26)
"Apresento a você aqueles que lhe precederam e o mundo de
onde você veio, mas apresento também outros universos para
que você seja livre, para que não fique enredada demais no
território de seus antepassados. Eu lhe dou canções e
histórias para que você as repita até atravessar a noite,
para não ter tanto medo do escurso e das sombras. Para que
você possa pouco a pouco viver sem mim, pensar em si como
uma pessoinha distinta, e em seguida elaborar as múltiplas
separações que precisará enfrentar. Eu lhe entrego fiapos de
saber e ficções para que você seja capaz de simbolizara
ausência e enfrentar, tanto quanto possível, as grandes pertencimento
questões humanas, os mistérios da vida e da morte, da
diferença entre os sexos, do medo do abandono, do repertório
desconhecido, o amor, a rivalidade. Para que escreva sua
apropriação
própria história entre as linhas lidas." (p. 21-22)"
dar sentido à vida a
Mediador... partir do que foi lido
Tudo é pretexto para
Transmissor/Mediador cultural ABRIR OS OLHOS, SENTIR,
PROFESSORES e PROFESSORAS
LER E ESCREVER" (p. 31)

"A arte desses mediadores é


também uma arte de acolhimento, "Os mediadores culturais -
de disponibilidade." professores, escritores, artistas,
cientistas, bibliotecários,
(2019, p. 32)
promotores de leitura, psicólogos... -
permitem, assim, uma nova travessia
"Graças à arte de um mediador (pai, com esses momentos nos quais, passo a
amigo, professor, bibliotecário...), passo, se constrói um mundo
elas [as pessoas que vivem na zona habitável."
rural] compreenderam um dia que o que (2019, p. 34)
deve ser lido, pelo atalho das páginas,
somos nós mesmos e este mundo."
(2019, p. 68) "lançam passarelas"
(2019, p. 32)
O PROFESSOR E A PROFESSORA SÃO SUJEITOS

A ARTE "[...] a arte da mediação supõe um trabalho sobre si


DA MEDIAÇÃO mesmo, sobre seu lugar, sobre sua própria relação
com os livros ou obras de arte, para que aqueles a
quem nos dirigimos não se digam: 'Mas o que esse
cara tem? Por que ele quer me fazer ler (ou
escrever, desenhar, dançar...)?'. E sobre sua
relação com os outros. Essa arte talvez seja, antes
de tudo, saber escutar, observar e receber [...]."
Entusiasmo...

"Jovens que não são amáveis com a escola, no meio


de uma frase, evocam que um professor que soube
lhes transmitir sua paixão, sua curiosidade, seu
desejo de ler, de descobrir. E inclusive fazê-los
gostar dos textos difíceis." (2009a, p. 62)

"Entre nossos entrevistados, muitos concordam, por exemplo, que o


ensino tem um efeito dissuasivo sobre o gosto pela leitura.
Queixam-se dos cursos em que se dissecam textos, nos quais não
conseguem se reconhecer. Das abomináveis 'fichas de leitura', dos
programas de curso que rendem culto ao passado, de todo o jargão
tomado de empréstimo à linguagem com o qual são sufocados etc."
(PETIT, 2019a, p. 124)
FORMAR (?) LEITORES

?
"O gosto pela leitura não pode surgir da
simples proximidade material com os
livros. Um conhecimento, um patrimônio
cultural, uma biblioteca, podem se tornar
letra morta se ninguém lhes der vida. Se a
pessoa se sente pouco à vontade em
aventurar-se na cultura letrada devido à
"A leitura é uma
arte que se
transmite, mais
do que se ensina"
sua origem social, ao seu distanciamento
dos lugares do saber, a dimensão do (2009b, p. 22)
encontro com um mediador, das trocas, das
palavras 'verdadeiras', é essencial."

(PETIT, 2009a, p. 154)


SUGESTÃO
DE VÍDEOS
A conferência
dedica-se a
refletir sobre a
relação dos
imigrantes com a
língua e com a
literatura

https://www.youtube.com/watch?v=fe4bMLheqow
Comentário sobre
as definições do
tempo e espaço
"biblioteca"

https://www.youtube.com/watch?v=ubAmR7Tlkno
PETIT, Michèle. Os jovens e a leitura: uma nova perspectiva. 2ª edição.
Tradução de Celine Olga de Souza. São Paulo: Editora 34, 2009a.

PETIT, Michèle. A arte de ler ou como resistir à adversidade. Tradução


de Arthur Bueno e Camila Boldrini. São Paulo: Editora 34, 2009b.

PETIT, Michèle. Leituras: do espaço íntimo ao espaço público. Tradução


de Celine Olga de Souza. São Paulo: Editora 34, 2013.

PETIT, Michèle. Ler o mundo: experiências de transmissão cultural nos


dias de hoje. Tradução de Julia Vidile. São Paulo: Editora 34, 2019.

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