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A FILOSOFIA HERMÉTICA
o conhecimento do pensamento fllosóflco-hermético de Femando Pes-
soa é de uma fundamental Importância para a leitura e compreensão da
sua obra, tanto poética como ensaistica. Nesta edição foram reunidos,
pela poetisa e investigadora Yvette Centeno, alguns fragmentos do espó-
lio ainda inédito. É o caso dos textos extraidos de O Caminho da Ser-
pente, do Ensaio da IniciaçSo, de A Ordem do Subsolo e A Ordem do Átrio.
A presente edição reproduz também, em fac-slml/e, os papéis em que
Femando Pessoa dactilografou estes textos, bem como manuscritos, es-
tudos e ainda alguns daqueles simbolos alquimicos, maçónicos e caba-
listicos, que, no dizer de Yvette Centeno, teceram o destino deste poeta
e pensador, ele próprio simbolo do Homem Modemo, do Homem Futuro,
ou de algum sonhado Quinto Império ...
TEMAS E
DOCUMENTOS
Y. K. CENTENO
FERNANDO PESSOA,
E A FILOSOFIA HERMETICA
FRAGMENTOS DO ESPóLIO
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das Idades do Mundo do Abade Joaquim - do Pai, do Filho e do Es-
pírito Santo. O «Adeptus Exemptus», como lhe chama Pesso~ no mais No documento 53B-54 faz-se alusão a uma ordem de ciência, ou de
alto grau de completude é «Mágico, Santo e Génio» (Esp.' 54A-49). sabedoria, que é a da emoção: «Ha tres ordens da sc&: a da vontade, a
Assim se verá que a busca, como a iniciação, diz respeito a «trez da intelligencia, a da emoção. A intuição é a intelligencia da emoção.
ordens de coisas: (1) a verdadeira natureza da alma humana da vida Mas a emoção pura - eis a sciencia.» E adiante, no mesmo documento:
e da morte, (2) a verdadeira. ,
maneira de entrar em contacto' com as «O mystério (que é tudo) não é comprehensível senão á emoção. A in-
forças secretas da natureza e manipulá-las, e (3) a verdadeira natu- telligencia não pode compreender o mysterio.»
reza de Deus ou dos Deuses e da creação do mundo» (Esp. 54-97). A ordem do Subsolo (<<or the like»), como também se diz, por exem-
É interessante o que Pessoa escreve acerca da morte de D. Sebas-
plo nos documentos Esp. 54-90 e 54-97, seria próxima da Grande Re-
tião (Esp. 54-93) e da sua passagem (pela espada) ao grau de Mago. forma pensada pela Ordem de Cristo, e cujos pontos fundamentais se
Mago é, nas várias listas que o poeta organiza, um dos graus máximos encontram, escreve o poeta, «no 42 Evangelho» (Esp., 34-74). Para ele os
na escala de iniciações (Cf. Esp. 53-96; 53A-20; 53A-71; 54-28). Evangelhos são «rituaes dramaticos, nada tendo que ver com qualquer
Interessante, porque se prende a uma dita Ordem Sebástica todo um realidade historica» (ibid.).
s,:nho d.e regeneração espiritual e teI?plária por parte do poeta, que Os símbolos e ritos de que pensa tratar não são fáceis de entender.
nao hesita em ~roclamar o seu desejo de um destino outro, para si Dirigem-se à «intelligencia analogica». tntrapassam a nossa capacidade
e para o seu paiS. de entendimento (Esp. 54-75).
Num outro. conjunto de tex!os, fala Pe~soa do ano da fundação da No documento 54-85, refere-se o poeta à S.J. (Sociedade de Jesus)
Ordem de Cnsto, 1318, a partir do qual, Juntando o número da Besta, e relaciona-a, «por dentro», com a O.C. (Ordem de Cristo). E noutros
666, se chega a 1984. E interroga: «que anno?» (Esp. 53-79). documentos inicia uma análise do Antigo Testamento à luz de uma
Mas a Bula Papal de João XXII data de 1319. E somando a este possível interpretação ocultista, maçónica. Faz depois uma série de co-
ano o número da Besta chega-se a 1985. Que ano? Para Fernando mentários sobre as infiltrações de umas Ordens nas outras, referindo
Pessoa, volvido meio século sobre a sua morte, e para Portugal? por exemplo o caso do célebre Nunes, que «quis fundar uma Ordem
de Cristo dentro da Maçonaria», o que estava «de antemão condemna-
do ... » (Esp. 54-87); afirma ainda que a iniciação na Ordem de Cristo
2. Subsolo teria sido a causa da destruição de outro adepto, Antero de Quental.
No documento 54-90 alude a vários capítulos do projectado ensaio.
<?s textos apresent~dosnão passam de fragmentos, ou projectos semi- No primeiro tratar-se-ia das iniciações e das leis da «vida occulta»,
-almha~ados de e~sruos,. que o poeta não chegou a acabar. O que con- segundo a célebre regra do Pimandro de Hermes: «o que está em baixo
tudo nao lhes retira o mteresse. Se é verdade que é na obra poética é como o que está em cima» (Esp. 54A-29). No segundo capítulo
que se dá a grande realização de Fernando Pessoa, não é menos ver- dar-se-ia informação acerca das altas ordens, como são constituídas
dade que a contínua reflexão filosófica e religiosa, a contínua busca e como a sua constituição pode ser «chave» do governo secreto do
de um rumo em experiências ditas à margem da ortodoxia são uma mundo. Pois em tudo há uma «dupla vida», uma «ordem externa» e
faceta igualmente importante, que convém revelar. Não para' que abafe uma «ordem interna».
c?m o seu peso e desordem a «unidade» que ele tanto procurou «Orga- Fernando Pessoa continua com várias indicações em que tenta ex-
niza a" tua vida como uma obra literária, pondo nela toda a unidade plicar «todas as Ordens», e «todas as maneiras de Ordens», pois «tudo
que for possível» (Esp. 28-43), mas simplesmente para que se vá co- é o mesmo» (Esp. 54-91). E também para os símbolos procede a uma
nhecendo melhor o seu génio complexo, e a vastidão dos problemas análise em que quer demonstrar que «tudo é um». Não entrarei nos
a que durante toda a vida se entregou. detalhes das suas congeminações, porque difícil seria discuti-los e chegar
Subsolo organiza-se à volta de um projecto, a criação de uma or- a alguma conclusão. O «Subsolo» parece ser o esboço de uma estrutura
dem interior, «Ordem da Emoção», com os seus graus próprios, que simbólica servindo de suporte às ordens iniciáticas conhecidas, uma
o autor enumera, ainda que a título provisório, como se conclui espécie de «assinatura», de «fundamento» de todas as que o poeta pro-
das anotações manuscritas em que diz «Isto é a Ordem Interna», e curasse organizar. Ordem simbólica, para o seu entendimento contribui
«Notas a Externa» (Esp. 54-96). Os documentos 54A47/50 todos em o texto em que se indica a gradação dos vários sentidos do símbolo,
inglês excepto .0 último, e todos dactilografados, são ta~bém notas literal, alegórico, moral, espiritual e divino. Para concluir que «numa
sobre a ordem mterna (<<Notes on the Inner Order»), e contêm esqu~ cadeia racional, tudo é um» (Esp. 54-91).
mas e tabelas de correspondências entre a ordem interna e a externa. Estamos em plena filosofia hermética. É Hermes Trismegisto quem,
na Tabula Smaragdina, diz que tudo é um, o que está em cima como
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E como sabeis tudo isto, deixarei o que isto é e significa; passarei de
o que estâ em baixo, o que estâ em baixo como o que estâ em. cima. novo voltando sobre os antigos passos, o atrio e a porta do Templo,
Do mesmo modo não hã separação e~tre as Or?en~ do Átn~, do e, olhando para fóra, dir-vos-hei o que vejo. Se. o vejo bem ou mal,
Claustro e do Templo. As do Átrio eqUIvalem à P?meIr~ gra~aç~o. do vós o medireis (?); se digo bem ou mal o que veJo, estâ em vós o com
símbolo, as do Claustro à segunda, as do Templo a terceIra, Jâ dlVlna. que medil-o.»
São vârios os documentos em que Fernando Pessoa se ocupa da
Ordem do Templo, de que se disse filiado, afirmand<? que ela se encon- Por aqui vemos como a tríade da iniciação se define por um~ r~
trava em «dormência» desde 1888 (data do seu naSCImento). flexão política (e de facto a política não está menos presente na IdeIa
Herdeira da Ordem do Templo, surge em Portugal a Or~em de de Pessoa do que a filosofia), uma reflexão metafísica e um~ reflexão
Cristo cujo ideârio é o mesmo. Mas Fernando Pessoa alude aInda ao verdadeiramente respeitante à alma (à sombra), oculta, esoténca. O Sa-
movi~ento da Reintegração, do judeu talvez português Martines de tan de que se fala é como a Serpente, um portador de luz. Não se
Pasqually, autor do célebre tratado do mesmo nome. U chega ao céu sem passar pelo inferno do mundo.
Numa «Oração ante o Throno» (Esp. 54A-71), descreve Pessoa a Fernando Pessoa alude, nestes documentos, a Zacharias Werner, autor
situação do iniciado ao Grau de Mestre do Átrio na Ordem de Christo de Os Filhos do Vale (1803), drama esotérico que teve na altura grande
de Portugal com as seguintes palavras, que passo a transcrever: repercussão. Henry Corbin, em Templo e Contemplação12 faz uma
«Chegado's, meus Irmãos, a esta encruzilhada de todas as coisas,. e~ anâlise detalhada desta obra, pois vê nela o desejo de recuperação do
que nem disciplina de fóra tem espirito que nos convença, nem dISCI- ideal templârio - reconstruir o Templo, criar o espaço adequado à Je-
plina de dentro força que nos compilla, nós, os que somos europeus, rusalém Celeste, onde perenemente se ficarâ ao serviço do Espírito.
e com sei-o creâmos este mundo inteiro (social, prolixo) em que huma- Prende-se esta visão do Templo (e do Reino do Espírito) à idade do
namente se vive, temos que, um momento que seja, e porque estamos Evangelh~ Eterno, proclamada pelo abade Joaquim de Flora, à Ter-
na sombra, meditar comnosco - não já como europeus mas como ceira Idade (a do Espírito Santo) e à Terceira Ordem de que se ocupa
homens, nem jâ como homens mas como iniciados - o 9ue é e~te Fernando Pessoa. Como em Zacharias Werner, esta Terceira Ordem
mundo (esta sociedade) em que estamos (que vemos), o que e esta VIda é uma Ordem mística, interior, «oculta» até mesmo no sentido de «es-
que vivemos, e, tambem, o que somos nós nelIes (nelIas). A primeira condida» - no caso do autor alemão num misterioso vale (o vale de
meditação p6de dizer-se politica, e elIa compete a cada homem que Josaphat), no caso do nosso autor neste Subsolo (que mais não é do
neste mundo se move com a consciencia intelIectual dos outros. A se- que a variante encontrada para a Sombra, o segredo da alma, onde
gunda meditação póde dizer-se metaphysica, e ella compete a cada a busca e a transmutação do negro em luz virâ a ter lugar). O dra-
homem (alma) que nesta vida pensa com a consciencia intelIectual do maturgo alemão, na sua obra, faz uma crítica aos maçons do seu tempo,
mundo. A terceira, que é nossa, não tem nome, porque estâ na sombra, contaminados pelo racionalismo e mais vocacionados para a política
como nós (mesmos) estamos, mas compete-nos, a cada um de nós, por- do que para a prática interior, e um apelo: ao ressurgimento da alma,
que, na theoria, quando não na practica, estamos libertos das illusões do verdadeiro Templo, que a história, com as suas vicissitudes, não
do poder externo e da sciencia interna, scientes de que, na ordem das pode degradar. Desde o sacrifício de Jacques de Molay que Robert de
coisas e das almas, somos subditos do a quem S. Paulo, alto iniciado, Heredom, na Escócia, protege o santuârio e o seu segredo. O seg~edo
chamou o Principe d'este Mundo. é o do Vale, tão bem guardado como outrora o Graal no seu reCInto
Esse Principe, como todos sabemos, é Satan, porque este mundo é mâgico.
o Inferno de que falIam. O fogo eterno é aqui - não eterno porque A imagem do Vale, com o seu simbolismo hermético, prende-se à
dure sempre para cada um, mas (porém) eterno porque dura sempre. descrição, na Bíblia, de um lugar santo descrito pelo profeta Joel (Joel,
Pela Lei da Morte (de Adão ou da Morte), que é a Vida, nos podemos 3/2): o vale de Josaphat. Mas esse vale é, para Werner, um puro, es-
libertar d'elIe durante um tempo, e até que regressemos. Pela Lei do paço interior: «eu - em mim - nós somos - o Ser», exclam~ o fIlho
Christo (de Deus ou do Christo), que é a Vida Eterna, nos podemos do Templo, ao ser iniciado. descobrindo esta verdade esqueCIda (Cor-
libertar d'elIe para sempre, (e) para não regressar nunca. bin, p. 404). Fernando Pessoa alude a este vale, no seu poema Do Vale
Tudo isto sabeis vós, meus Irmãos, e eu comvosco, e sabemos tam- à Montanha. A Montanha é a montanha sagrada de Heredom, na Es-
bém como haveremos, se pudermos, resistir aos trez assassin.o~ e guar- cócia, Mas para lâ chegar é preciso receber a iniciação, atravessar o
dar comnosco ainda que mortos para os outros, a Palavra DlVIna, para Vale. Num documento do espólio, que eu jâ transcrevi noutro estudolB
que outros, e~ seu modo breve e em nossa obscura similhança, sejam Fernando Pessoa estabelece a relação com a iniciação maçónica, que
levantados de onde nós o fomos, e attinjam, -buscando, o que nós com permite situar e entender o seu poema. Enquadrados também, do mesmo
buscar attingimos.
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modo, os fragmentos do Subsolo, o espaço oculto da alma o~de busca de vida. São o que, na simbólica alquímica, se designa pelos «quatro
e revelação têm lugar, podemos passar ao novo grupo, do Átno. estados da Grande Obra» e de que a putrefacção (a nigredo) é o pri-
meiro, representando a morte para o mundo, e a rubedo o último, e
3. Átrio mais perfeito, em que se assiste ao casamento químico da alma consigo
mesma, depois de regenerada.
No documento 54A-29 do Espólio, Fernando Pessoa refere-se ao ce- Nesta fase as verdades do Átrio e as do Claustro, aparentemente
lebrado pymandro de Hermes: «O que está em baixo é como o que opostas entre si, unem-se numa mesma verdade. O inferior liga-se ao
está em cima». Por esta citação se estabelece o elo (que ele deseja ra- superior. Melhor: o inferior revela-se o superior, pois tudo é um. Mas
cional, mas que não precisa de o ser, quando se trata do oculto) do aqui já não se pode, por palavras, dar ideia do que é a revelação (Esp.
Subsolo ao Átrio. Como Pessoa diz, a organização das chamadas Baixas 54A-89).
Ordens copia, «guardadas as diferenças obrigatórias», a organização Oswald Wirth, estudioso da maçonaria citado várias vezes por Pessoa,
das Altas Ordens. As Ordens do Átrio iniciam por meio de símbolos, escreve a propósito do simbolismo oculto da Franco-Maçonaria que só
as Ordens do Claustro, superiores às primeiras, por meio de chaves se pode captar a sua essência viva compreendendo que ela se põe ao ser-
herméticas, e as Ordens do Templo «iniciam plenariamente - isto é, viço da Vida e ensina a viver «como artista iniciado na Arte de Viver».a
dizendo e explicando os mysterios» (Esp. 54A-99). Esta ideia da arte ligada à iniciação é importante, como sabemos, para
Mas o iniciado pode, logo no primeiro grau, ascender aos últimos Pessoa. Os Superiores Desconhecidos são, como ele, discretos artistas
mistérios. Para Pessoa o grau de Aprendiz não é um grau menor senão da alma, que em silêncio modelam. O verdadeiro Mestre opera (<uniti-
em aparência, pois é «o símbolo de toda a iniciação», no mais elevado vamente), pela imaginação (a estrela no homem, como diz Parace1co),
sentido (:&p. 54B-6). e é também isso que ele procura fazer estudando a Alquimia, a Kabala,
Ao adepto são pedidas várias vitórias: a vitória sobre o Mundo, o Rosicrucismo, a Maçonaria, a Astrologia, a Teosofia, etc. - e pro-
a vitória sobre a Carne, a vitória sobre o Diabo (Esp. 53-59/60). Mas curando, de todas as maneiras, o essencial, o vivo, das .doutrinas.
quando chega ao fim do seu caminho descobre que «terá o que sempre
teve», isto é, que nada lhe é dado exteriormente que ele já não possua 4. Ensaio sobre a Iniciação
primeiro, interiormente.
:&te é o sentido místico de toda a iniciação. Dá-se no «Ego íntimo» Quando preparava os fragmentos do Subsolo surgiu-me no meio desse
(Esp. 53-78), em quem morreu o mundo, a carne, o diabo (a tentação material outro igualmente interessante, embora igualmente fragmen-
de ambos) e que ressurge para uma vida nova, esclarecida (iluminada). tário - o ensaio sobre a Iniciação, escrito em inglês'·.
Mas a vida, diz Fernando Pessoa, é uma «symbolologia confusa» O Subsolo era uma Ordem Interna, e estes documentos permitirão
(Esp. 53B-79), e nada deve ser tido por definitivamente adquirido. O melhor o seu entendimento, explicando o que é a iniciação numa Ordem
perigo do erro e da ilusão está sempre subjacente a este género de desse género.
experiências: A maçonaria é, para Fernando Pessoa, «uma vida» mais do que uma
«O caminho dos symbolos é perigoso, porque é facil e seductor, sociedade, ou uma Ordem. O objectivo final que se pretende atingir
e é particularmente facil e seductor para os de imaginação viva, que é, na sua opinião, a sabedoria, e não um Grau. Entendido pela intuição
são precisamente os mais faceis de induzir-se em erro e, tambem, de (que é a inteligência da emoção, como ele diz), o significado dos sím-
romancear para os outros, formando fraudes por vezes innocentes, por bolos ritualmente recebidos, o adepto transforma-se em filósofo.
vezes um pouco menos que isso. Nada ha mais facil que interpretar Ao filósofo ele aconselha como regra o silêncio, o estudo e o trabalho.
qualquer coisa symbolicamente; é ainda mais facil que interpretar E que organize a sua vida «como uma obra literária», pondo nela a
prophecias.» (Esp. 53B-80). maior unidade possível (Esp. 28-43).
Feito o aviso aos incautos, para quem tudo é fácil, o poeta continua, Os erros são frequentes, em qualquer das vias que se escolher, caba-
desenvolvendo a ideia de que a iniciação tem a ver com a alma, sendo lística, maçónica ou tântrica. São várias as formas de iniciação apon-
<<uma espécie de nova região por onde se a alma transforma.» (Esp. tadas, mas sobre elas não chega Fernando Pessoa a conclusões defini-
53B-83). tivas. Interroga-se e faz com que nos interroguemos também. Diz con-
Para Fernando Pessoa a Maçonaria, em qualquer dos seus graus, tudo que «o significado real da iniciação é, para este mundo em que
Menores ou Maiores, é «uma vida nova, e uma alma nova», que se vivemos, um símbolo e uma sombra, que esta vida que conhecemos
ganham no contacto com os seus mistérios. Os graus de iniciação pelos sentidos é uma morte e um sono, ou, por outras palavras, que
representam estados de conhecimento que são simultaneamente estados o que vemos é uma ilusão» (Esp. 54A-55). A iniciação é o dispersar
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a literatura, que é a UOlca verdade, com o pensamento, que é afinal
dessa ilusão. E é simbólica porque «a iniciação não é um conhecimento a única maneira de conhecer e sentir.
mas uma vida» (ibid.). Na .biblioteca de Fernando Pessoa encontram-se As Confissões do
Acima de tudo confia-se no estudo e na intuição. A intuição é reve- mago inglês Aleister Crowley, por quem o poeta se interessou ao ponto
ladora de conteúdos profundos, espirituais. Permite «a união com Demm de trocar correspondência com ele, lhe traduzir um longo poema
de que se fala (Esp. 54A-63). Aquele que procura ~iciar-se to~a-se mágico, o «Hino a Pã», de escrever outros, como o «último Sortilégio»
adepto da «Ordem Interior». Despe-se de pre~onceltos dogmahcos. de nítida marca ritual e sob a sua influência, tudo isto culminando no
A iniciação não se obtém na Igreja, ~ necessárIO conhecer todos os encontro lisboeta e na farsa do desaparecimento do mago na Boca do
sistemas religiosos e filosóficos que eXIstem, bem como os modernos Inferno a que o nosso poeta deu também cobertura. Por intermédio
contributos da ciência (Esp. 54 B-I6). de Crowley e da Ordem rosicrucista da Golden Dawn, a que este per-
Mais tarde, já o adepto pode elaborar o seu próprio sistema, inter- tenceu, juntamente com S. L. MacGregor Mathers,16 se abre a porta
pretando o universo na sua «tripla linha de. v.erdade, beleza e conduta~). da alta magia para Pessoa.
Depois de elaborado, deverá abandoná-lo (/b/d.). O seu crer vale maIs A magia e a astrologia merecem um estudo à parte, mas não posso
do que os outros existentes. Dos três caminhos à escolha poderá seguir deixar de referir a relação existente entre os graus e as experiências
o místico, o mágico ou o gnóstico. (Mas só aparentemente, pois a ver- iniciáticas da Golden Dawn e as próprias meditações de Pessoa, tal
dadeira iniciação inclui os três.) como chegaram até nós. 17 A distinção entre Ordem Exterior e Interior,
Os graus também são três: Neófito, Adepto, Mestre. Ou melhor, são a alusão à existência de Mestres Superiores, ao contacto com os Anjos
dez: quatro em Neófito, três em Adepto e três em Mestre. E pelo meio da Guarda, à prática da escrita automática como meio de revelação,
outros graus, não numerados. O Neófito é essencialmente um estu- a fusão que propõe entre a Kabala, a magia dos Egípcios e a alquimia,
dioso. No Adepto há o progresso da unificação do conhecimento com - todo este universo é o mesmo em que Pessoa se move, buscando
a vida. No Mestre há a destruição desta unidade por via de uma unidade ultrapassar a mediania da condição humana. Os graus de Neófito, Ze-
mais alta (Esp. 54 B-17). lator, Theoricus, Praticus, Philosophus, da Primeira Ordem da Golden
Suponhamos, diz ainda Pessoa, para exemplificar melhor, que es- Dawn, são os mesmos que encontramos nos escritos do poeta. E na
crever grande poesia é o objectivo da iniciação. O grau de Neófito Segunda Ordem, os de Adeptus Minor, Adeptus Major e Adeptus
será a aquisição dos elementos culturais com que o poeta terá de lidar Exemptus são igualmente os mesmos. Quanto à Terceira Ordem - a
ao escrever poesia, o grau de Adepto será o de escrever simples poesia Ordem Interna, sobre a qual também escreve, contém os graus de Ma-
lírica, o grau de Me'ltre será o de escrever poesia épica, poesia dramática, gister Templi, Magus e Ipsissimus (seres supra-humanos já libertos do
e a fusão de toda a poesia, lírica, épica e dramática, em algo de peso da existência física). No grau de Adeptus Minor vive-se uma morte
superior que as transcenda (Esp. 54 B-18). simbólica, seguida de uma ressurreição. No grau de Exemptus, atra-
Muito do que nestes fragmentos se diz é discutível. Aliás, o próprio vessado o abismo, perde-se a consciência do eu, sofre-se o «solve» da
autor muitas vezes discute logo a seguir a ter dito. Pretende lançar transmutação alquímica, o que permIte chegar à ftxaçao da Consciência
ideias, mais do que dar certezas. Contudo, é para nós sempre interes- Suprema, descobrindo-se o Nada que é Tudo, como tantas vezes o
sante ver de que modo lhe corre o pensamento: sempre ocupado com vemos repetir.
a obra literária. O que a nós, seus leitores, faz pensar: será a escrita As «Notas sobre a Ordem Interna», e a reflexão sobre a Terceira
a grande revelação? Ordem, adequada ao caso português, serão objecto de um próximo es-
tudo. 18 Saliento no entanto, e só para terminar, que Fernando Pessoa
Fernando Pessoa encontra na filosofia hermética uma via para o privilegia a busca individual, «interna», mais do que qualquer outra
instruir sobre a natureza do homem (e da arte, como sua mais elevada (por isso, ao fim e ao cabo, dificilmente poderia ter seguido a via do
dimensão), a natureza do universo e de Deus. Alcança deste modo mago Crowley). Mas faz um esforço no sentido de não a desgarrar
uma forma de sabedoria, a que lhe permite fechar o círculo da serpente de um certo destino mítico, lido na colectividade e sobre o qual tece
ouroboros, descobrindo e afirmando que «tudo é um» e que ao artista, as considerações que o levam da Ordem do Templo à Ordem de Cristo
como ao adepto, compete «reconhecer a verdade como verdade. e ao de Portugal, e à que denominará Terceira Ordem de Portugal.
mesmo tempo como erro; viver os contrários, não os aceitando; sentir
tudo de todas as maneiras, e não ser nada, no fim, senão o entendi- Lisboa, 1985
mento de tudo ...
Para lá de todas as ficções, com que verdade se fica, com que conhe- Y. K. CENTENO
cimento? Retomando as palavras do Livro do Desassossego, fica-se com
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1. CI. Y. K. Centeno/Stephen Reckert, Fernando Pessoa: Tempo. Solidão.
Hermetismo, Moraes Editores, Lisboa, 1978; e Y. K. Ce~teno, Fernando Pessoa,
O Amor, A Morte, A Iniciação, Ed. A Regra do Jogo, Lisboa, 1985.
2 Fernando Pessoa noutro lugar, aponta leituras feitas na Biblioteca Nacional
(Bsp. 144-Q3): Banda:.ra descoberto nas suas trovas (1810) e Explicaç~o do Ter-
ceiro Corpo das Prophecias d~ Gonçalo. Jannes de Bandarra (185~);. amda a res-
peito da sua tendência profétlca, é curioso lembrar a correspondencla com Sam-
paio Bruno que em carta hoje arquivada na Biblioteca Nacional lhe recomenda
que leia O 'Encoberto. Quanto aos livros da sua biblioteca: a catalogação encon-
tra-se já feita por Jaime Herculano da Silva em Fernando Pessoa and the English
Romantic Tradition (dissertação para Doutoramento, Harvard University, 1980).
8 Fernando Pessoa, Sobre Portugal, Ed. Atica, Lisboa, 1979.
• Ibid., p. 174. FRAGMENTOS DO ESPóLIO
lbid., p. 177.
Bernard Gorceix (trad.), La Bible des Rose-Croix, P.U.F., Paris, 1970.
1 Fernando Pessoa, Páginas Intimas e de Auto-Interpretação, Ed. Atica, Lis-
boa, s. d., pp. 252-53; Sobre Portugal, pp. 84 e 189.
S Localizei fragmentos do poema Luci/er no espólio (Bsp. 30A-18/19 e
30A-24). Têm a indicação de serem para integrar no Fausto.
Fernando Pessoa, Obra Poética, Ed. Aguilar, Rio de Janeiro, 1972, p. 691.
10 Cf. Denis de Rougemont, L'Amour et l'Occident, Ed. Plon, Paris, 1972, p. 333.
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1.
o CAMINHO DA SERPENTE
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Na ordem externa inferior direita, Ordo Signit, a congregação dos É ignobil na terra porque não é da terra. É subtil porque estâ f6ra.
fieis externos, que aceitam não propugnar senão certos principias
abstractos e christãos, cuja similhança com outros não vêem. A tentação de Eva é a admissão da Intelligencia na Vida. O fructo
Na ordem interna-externa inferior, Ordo a congregação dos prohibido é
ingressos, sub modo, na O. de C.
Conto: «O Senhor das Sete Ordens», indicando exactamente o que
Na ordem media esquerda, Ordo Serpentis, a congregação dos ini- se queria fazer.
ciados da o. Solis. (Esp. 54A-2)
Na ordem media direita, Ordo Sepulchri, a congregação dos in
Na ordem media central (a occulta e sem exterior); Ordo Sebastica,
a congregação Ordo Sallctissimorum.
(Esp. 53-80) Way of lhe Serpento
Os Evangelhos Synopticos não são mais do que o Quarto Evangelho o Caminho da Serpente.
em processo de formação ...
(Esp. 54A-l) Manuscripto por encontrar.
A Serpente, que, na ordem divina é o SS, na ordem Foi a Cobra3 do Eden, mas s6 em sua pelle, e largou a pene. Foi
espiritual direita e na esquerda Saturno do Mundo, mas s6 em sua pene, e largou a pelle. Foi Satan
é na ordem material direita Portugal. 2 de Deus, mas só em sua pene, e largou a pelle.
A Serpente é o entendimento de todas as coisas e a comprehensão
inteIlectual da vacuidade d'ellas. Seguindo um caminho que não é o de A sua fuga é o seu mysterio, e o seu caminho a chave de todos os
nenhuma ordem nem destino, ena ergue-se â Altura que é a sua origem mysterios. Mas ella não sabe nem do seu mysterio nem de todos os
e evita os lagares por onde os homens passam. O entendimento de tudo, mysterios, porque conhece tudo, e conhecer é não existir.
a fusão dos oppostos, a sciencia da indifferença do bem e do mal, a
sciencia da valia da emoção como emoção e da vontade como vontade, (Esp. 54A-3)
a egual ironia para com os sabias como para com os nescios. No seu
culto adultaram os últimos maghos no seu nome adolesceram os pri-
meiros.
A consciencia transcende a unidade. É o ponto absoluto que só
S 'existe' porque para que qualquer cousa exista, tem elle q~e exi~tir
E R P infinitamente nella. O ponto, sendo a negação do espaço e a vlda
E N S d'elle.
1 Varo «Sotis».
2 Está assim no original. a Varo «Serpente».
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Way of lhe Serpento
Wav of the Serpento
No seu feitio de S (que, se se considerar fechado, é 8, e, deitado, Sendo os numeros e as figuras os typos externos da ordem e destino
egualmente serpentino, Infinito), a Serpente inclue dois espaços, que do mundo, a mais simples operação arithmetica, algebrica ou geome·
rodeia e transcende. (O primeiro espaço é o mundo inferior, o segundo trica, desde que seja bem feita, contém grandes revelações; e, sem
o mundo superior.) Em outra figuração serpentina - a da cobra em precisão de mais signaes, na mathematica estão as chaves de todos os
circulo, a bocca mordendo a cauda - reproduz·se, não o S, de que a mysterios. Isto não quere dizer - o que seria absurdo - que todos os
letra é signal, mas o circulo, symbolo da terra, ou do mundo tal qual mathematicos conscientemente nos estão communicando os signaes de
o temos. No feitio de S a Serpente evade·se das duas Realidades e de. segredos, quando fazem os seus calculoso Assim, não ha razão para
sapparece dos Mundos e Universos. suppor que Euclides, nos livros da sua Geometria, tenha tido outra
especulação senão a geometrica; mas os livros de Euclides, da primeira
A illusão é a substancia do mundo, e, segundo a Regra, tanto no proposição á ultima, são signaes reveladores, para quem os saiba ler.
mundo superior como no mundo inferior, no occulto como no patente. Nos proprios irracionaes da algebra estão contidos grandes mysterios.
Assim, quando fugimos do mundo inferior, por elle ser illusorio, o
(Esp. 54A-5)
mundo superior, onde nos refugiamos, não é menos illusorio; é illu·
sorio de outra, da sua, maneira. Só a Serpente, contornando os infinitos
abertos - ou os circulas «incompletos» - dos dois mundos foge á illu· Way of the Serpento
são e conhece o principio da verdade.
A magia e a alchimia teem ilusões como a sciencia e a sexualidade, Todo homem, que tenha que talhar para si um caminho para o Alto,
que são as suas figurações no baixo mundo. Construimos ficções, com encontrará obstaculos incomprehensiveis e constantes. Se não fôssem
a nossa imaginação, tanto na terra como no céu. O mago, que evoca mais que os obstaculos que se atravessam e estimulam, pelo perigo ou
determinado demonio, e vê apparecer materialmente esse demonio, pela resistencia directa, bem iria, e os proprios obstaculos seriam o
póde crer que esse demonio existe; mas não está provado que elle exista. clarim para o avanço. Mas encontrará outros - os obstaculos réles que
vexam e vergam, os obstaculos suaves que adormecem e viciam, os
Existe. porventura, só porque foi creado; e ser creado não é existir,
obstaculos ternos que o farão, como Drpheu, volver o erro do olhar
no sentido real da palavra. Existir, no sentido real da palavra, é ser para o vedado Avemo. Cercal-o-hão, não só resistencias duras, como
Deus - isto é, ter·se creado a si·mesmo; em outras palavras. não de. as que os penhascos erguem como tropeço, mas resistencias brandas,
pender substancialmente de nada e de ninguem. como as memorias dos valles, e a dos lares nas faldas. E o triumpho
A G.D. é a libertação, no homem, de Deus, a crucifixão do des. consiste na força para, sabendo sentir essas attracções intensamente
folhavel no morto, do perecivel no perecido, para que nada pereça. (pois não sabeI-as sentir é não ter alma para a subida), as submeter á
A G.D., em outras palavras, é a creação de Deus. emoção superior; sabendo organizar as vontades do amor e da terra,
A magia e a alchimia são caminhos de illusão. A verdade está só saber submettel-as á vontade do espirito do mundo. Este processo de
no instincto directo (representado nos symbolos pelos cornos) e na linha victoria, figuram-o os emblemadores no symbolo da Crucifixão da
directa da. sua ascenção ao instincto supremo; no instincto directo, cuja Rosa - ou seja no sacrificio da emoção do mundo (a Rosa, que é o
fórma actIva é a sexualidade, cuja fórma intermedia é a imaginação circulo em flor) nas linhas cruzadas da vontade fundamental e da emo-
fantasia, ou creação pelo espirito, cuja fórma final é a creação de Deus: ção fundamental, que formam o substrato do Mundo, não como Rea-
a união com Deus, a identificação abstracta e absoluta comsigo mesmo, lidade (que isso é o Orculo) mas como producto do Espirito (que isso
a verdade. é a Cruz).
(Esp. 54A-6)
(Esp. 54A·4)
Way of the Serpento
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2.
SUBSOLO
Os Ev.· são rituaes dramaticos, nada tendo que ver com qualquer
realidade historica.
(Esp. 54-74)
SS.
Todos os symbolos e ritos dirigem-se, não á intelligencia discursiva e
racional, mas á intelligencia analogica. Porisso não ha absurdo em se
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das outras linhas - na Egreja e na Ordem Menor da linha da Frater-
dizer que, ainda que se quizesse revelar claramente o occulto, se não ~dade. Os Chefes S~cretos da Egreja podem fazer o mesmo, como já
poderia revelar, por não haver para elle palavras com que se diga. fIZeram, na Maçonana, onde ha ritos que são d'esta origem. E é sabido
O symbolo é naturalmente a linguagem das verdades superiores à nossa q~e o ~esm<: su~cedeu com as ordens maiores dependentes da Frater-
intelligencia, sendo a palavra naturalmente a linguagem d'aquellas que mdadei a acçao d ellas deve a Maçonaria grande parte da sua formação.
a nossa intelligencia abrange, pois existe para as abranger. Tudo Isto se passa, 0.'1 por combates no Além, ou por entendimentos
(Esp. 54-75) no Abysmo, e está aCIma da nossa comprehensão humana.
O q.ue nunca há, nem pode haver, é infiltração de egual para egual.
O maI~ que pode haver, neste caso, é erro ou confusão humana. Um
Cathohco pode, d~ facto, entrar para a Maçonaria, ou, pelo menos, para
Sub-Solo. alg~ns dos se,us ntos, pois .ella o não exclue - pelo menos por essa s6
raza~. Mas e mau cathol~co o que entra para a Maçonaria, pois a
E é de notar que, estando a S.J. dentro da O.C. e fazendo d'ella Eg~eJa expressamente pr~hlbe aos seus fieis que ingressem em qualquer
parte, os Chefes Secretos de uma e de outra são todavia differentes socIedade secreta, de maIS a mais profana. .
(diversos, distinctos). (Nunes quiz fundar uma O.C. dentro da M. Isso estava de antemão
_ O proprio nome S.J. não é senão o nome O.C. traduzido para a
condenado ......... )
designação de uma Ordem do Atrio (Pateo): onde está Ordem em cima (As provas da OCo Sob ellas ficou esmagado Anthero de Quental, que
está Sociedade em baixo; onde está Christo em cima está em baixo nunca passou de escudeiro. A sua associação com elementos maçonicos
Jesus, que é a incarnação de Christo. e similhantes em parte contribuiu para a sua derrota astral.
r (Esp. 54-85)
(Esp. 54-87)
SS (1)
Mais propriamente se chamará aos judeus o Povo Excluso pois ado-
ss.
ram a Jehovah que é o Deus deitado abaixo do abysmo, se bem que
O nome B.andarra, que é de facto o appellido do sapateiro propheta,
o creador do nosso mundo - o Satan-Deus manifestado, mero atrio da
passou a deSIgnar, a dentro da Ordem de Christo, qualquer dos Irmãos
Ordem Divina.
que. assumir~ a mesma luz, ou, fallando figurativamente, o mesmo grau.
O Atrio da Divindade patente consiste nas duas columnas do templo, ASSIm a maIor parte das prophecias, ou trovas, ditas do Bandarra nada
symbolos da Dyade do Abysmo, e no espaço, que é a entrada, entre teem que ver com a pessoa humana do sapateiro de Trancoso. Sobre-
ellas, symbolo da admissão á Divindade além de Deus - Balança, inter- tudo o não tem o chamado Terceiro Corpo, a obra prophetica mais
calação de liberdade entre a scisão da Dyade, Jakin Scorpio e Boaz completa (no sentido, por assim dizer, artistico ou intellectual) que se
Virgem. tem visto no mundo. Em vez da desordem da intelligencia, que se pode
dizer que distingue toda a prophetica, desde o Apocalypse a Nostradamo,
Jehovah como Adam Kadmon. A adoração de Jehovah como culto ha uma systematização rigorosa, uma geometria do predizer. A lin-
do manifesto, em vez de culto. atravez do manifesto, do não-manifestado. guagem, certo, é symbolica, mas assim é a linguagem geralm dos ensi-
namentos superiores, dos quaes a prophecia é tamsômente um caso
(Esp. 54-86)
particular.
O Apocalypse, por exemplo, é uma visão mystica; o Terceiro Corpo
do Bandarra é uma visão racional.
SS.
(Esp. 54-88)
As infiltrações de uma linha na outra são sempre feitas de Alta Ordem
para Baixa Ordem, nunca entre Ordens de egual nivel. Assim os Chefes
Secretos da Maçonaria podem fazer infiltrações nas Ordens Menores
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Subsolo. A Stricta Observancia, recebendo a alma da sua missão da Ordem de
Christo, ficou com certa parte da informação sobre a alma do Templo
o Papa está no nivel dos Altos Graus da Maçonaria, e pode ser des- dos Templários. Isto explica porque é que o poeta allemão Werner, es-
cripto, analogicamente, como o Supremo Commendador do Ultimo crevendo um drama meio-esoterico, nelle incluisse, sem talvez bem saber
Grau abaixo dos Crypticos. Acima d'elle estão os Chefes Secretos da como ou porquê, o cavalleiro escocez Robert de Heredom, afinal, o fun-
Egreja Catholica, sob a Obediencia do Grande Concilio Romano, que dador da M.
está já fóra do Atrio. usou do nome do cavalleiro escocez R. de H.,
ainda que num sentido deslocado e attributivo.
(Esp. 54-90)
Convém que rigorosamente se saiba que por Graus Crypticos da
Maçonaria se não entendem os graus onde está já desdobrado no seu
ulterior sentido o ensinamento que se contém nos symbolos e ritos da Subsolo.
Ordem. Isso acontece s6 nas Altas Ordens. Os Graus Crypticos são
simples Graus de Passagem, mas nelles - ou, antes, nos que os teem, Ha,. em
. as ordens menores, ordem externa e ordem interna·, formam
está o Governo Supremo e Secreto da Maçonaria. Os Graus Crypticos, a pnmem~ os. neophytos e zeladores, a segunda os practicos e phil os 0-
entenda-se, não são Graus das Altas Ordens, mas tamsomente Graus de phos; a pnmeIra abrange app. e comp. os simples iniciados (Neophytos)
Passagem para ellas, quer ellas se attinjam por elles quer não. e os Mestres (Zeladores), e a segunda os graduados dos Altos Graus, e
De resto, pode attingir-se uma alta Ordem, ainda das que exigem, os g.raduados dos Graus de Passagem - practicos e philosophos res-
para a entrada n'ellas, a preparação maçonica, sem ser mais que Mestre pectIvamente.
Maçon. Não é necessário passar pelos Altos Graus, nem até pelos Graus Nas ordens maiores, ha a ordem externa e a ordem interna também·
Crypticos. O Grau de Mestre é já Grau de Passagem, se fôr completado, a ordem externa consiste numa organização que parte do l.!! e vae a~
ou complementado, por determinados attributos pessoaes do Aspirante lO.!! grau, exactamente como está indicado; a ordem interna, visto que
ao Limiar. se trata de altas ordens (e a ordem interna é que é a verdadeira, sendo
(Esp. 54-89) a exter~a apparente), começa no Adepto Menor, que é Neophyto da
ordem lOterna. Segue no Adepto Maior que é o Zelador da Ordem
Interna; no Adepto Exempto, que é o Pratico da ordem interna fóra
e o Philosopho da ordem interna dentro. O Mestre do Templo da Ordem
Subsolo (or the like). Externa é o Adepto Menor da Ordem Interna; o Mago da Ordem
Externa é o Adepto Maior da Ordem Interna· o Ipsissimo da Ordem
O primeiro capitulo trata das iniciações e expõe as trez leis da «vida Externa é o Adepto Exempto, f6ra, e o Me~tre do Templo, dentro,
occulta» - (1) o que está em baixo é como o que está em cima, (2) da Ordem Interna.
quando o discipulo está prompto, o mestre está prompto também, Nestas disposições interpretativas se contém a explicação de todas as
(3) cada coisa tem cinco sentidos. ç>rdens e de toda.s .as maneiras de <?rdens. Ellas se applicam, por egual,
No segundo capitulo dá-se a informação da constituição das altas as Ord~ns que dIr.Igem a ~açonana, ás que governam a Egreja, e ás
ordens e da maneira como essa constituição pode ser applicada, como que ammam os LI~r<?s, pOIS tudo é o mesmo, porque vem do mesmo,
chave, á interpretação do governo secreto do mundo e das sociedades SIm, do mesmo IpsIssImo (que quer dizer «mesmo») da Ordem Interna.
que nelle participam, de uma ou de outra maneira.
. ............................................................................................ .
I. - A dupla vida religiosa - a dupla vida-
Dos quatro sentidos do symbolo, a gradação é assim:
Em todas as ordens definidas, mas com fundamento occulto, ha a prof. sentido literal
ordem externa e a ordem interna. Assim nos Templarios, na data da N. - sentido literal do symbolo
sua extincção violenta, era Chefe Externo (Grão Mestre) o cavalleiro Z. - sentido allegorico do symbolo, Atrio (Pateo)
francez Jacques de Molay, e era Mestre Interno (Mestre do Templo) Pr. - sentido moral do symbolo sent. alleg.
o cavalleiro escocez Robert de Heredom. Ph. - sentido espiritual literal do symbolo.
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AMin - sentido espiritual allegorico do symbolo Claustro mais violento, e tanto mais duradouro, quanto se empregou para exter-
AMaj. - sentido espiritual moral do symbolo sent. Moral minar o Grão Mestre o processo do Fogo, sendo que os iniciados da
AEx. - sentido inteiramente espiritual do symbolo. Ordem o eram do Fogo. Assim o Adepto Exempto, em vez de passar a
Mestre do Templo recebeu logo o grau de Mago, apto a pronunciar
AEX (dentro) - sentido divino literal do symbolo Templo a palavra do aeon seguinte. E elle pronunciou-a contra a Egreja.
M. T. - sentido divino allegorico do symbolo sent.
Mago ... - sentido divino moral do symbolo spirit. Toda a acção contra as ordens, baixas ou altas, tem que ser orientada
Ipsissimo - sentido divino espiritual do symbolo no nivel a que ellas pertencem, e pelos processos que competem a esse
nivel.
Assim, numa cadeia racional, tudo é um.
(Esp. 54-91)
Tut-ank-amen ...... abertura physica do tumulo.
Milton, «Comus», o erro magico.
(Esp. 54-92)
SUBSOLO
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) '" l t,
.
/
1
3.
ATRIO
FM (Air).
(Esp. 53-78)
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A TRIO.
Atrio.
~. calminho dos srmbolos é perigoso, porque é facil e seductor e é
A expressão «valle», de que se usa para definir o logar das institui- par ~cu armente fac.iI e sc:duct~r para os de imaginação viva, qu~ são
ções m-cas, é um acto de humildade e verdade que a Ordem seguiu preCIsamente os maIS facels de mduzir-se em erro e tambem d
por indicação superior. É a definição da baixa qualidade da iniciação cear para os outros, f?rmando fraudes por vezes innocente~ ;o~o~~~;
que ella ministra, em relação á alta iniciação, nas Altas Ordens, referida u",l pouco m~nos que I~SO .. Nada ~a mais facil que interpret~r qualquer
sempre a uma montanha, seja a de Heredom, seja a de Abiegno. Pode COIsa symboI.camente; e amda maIS faci! que interpretar prophecias.
bem ser que estas coisas nunca houvessem sido combinadas em palavras,
mas ficaram certas nos factos. Em tudo qualquer coisa de superior s~cc~de, aind~, que os grandes symbolos são relativamente simples
dirigiu e firmou. f:i~~ a~ o-s~ aSSIm a uma série infinita de interpretações. Figure-se ~
ás dr, Imarnando, qua~tos valores symbolicos se não poderão attribuir
Em meio d'isto tudo, ha desvios e erros. Intervém, umas vezes, a es- duas fO umnas no atno do Templo de Salomão, ou, aliás, a quaesquer
peculação não-iniciada, outras a especulação claramente fraudulenta. ,uas co umnas em qualquer parte. Tudo quanto na vida ou no sonho
Mas nem uma nem outra, nem outras que diversamente participam ~ composto de ~ma dualidade - e quasi tudo' na vida ou no sonh~
de uma e de outra, conseguem obliterar, para quem saiba lêr as pistas, mvolve u~a dualIdade qualquer -, tudo isso se pode suppor symbolizado
o caminho essencial para o Magno Fim. E é evidente para todos: desde por aq~e as duas columnas. EUas, porém, não podem destinar-se a
que a Palavra se perdeu, quantos maus caminhos e fingimentos de symbohzar tudo quanto se queira. Algum ou alguns h- d
veros s f d . . , " ao e ser os
caminho não haverá que encontrar na sua busca? Ainda os que mentem, t' en I os mtImos d eU~. O que se pergunta, pois, é isto: que cri-
mentem por devoção a um anseio de busca. Ainda os que viciam, vi- :no temos ~6s para detern,tmar, entre tantos symbolos ossiveis uaes
ciam para, fingindo que encontraram, satisfazer a sua sêde de encontrar. sao os que sao deveras apphcaveis, os verdadeiros? p , q
O filtro da Palavra Perdida tornou-os seus amantes, e seguem atraz d'ella,
cavelleiros errantes sem dama certa, por vias e florestas de sonho e Para . isto ~xiste o ~riterio do quintuplo sentido: cada coisa tem na
symbollca, CInCO sentIdos; e esses cinco sentidos estão uns dentro' d
erro, na eterna selva escura do conseguimento imperfeito. ~~tro:~ sendo cada u~ ? desenvolvimento do anterior. Quando Pi~:
(Esp. 53B-77) dist~ t ha'lara a mal?na dos symbolos maçonicos, quatro atribuições
rof c as, IZ bem,. po~s, como. é de ver, exclue o sentido litteral, ou
~ ~o, que ,é o pnmeIro ~os cmco e não entra na consideração d'elle
. ~an o, porem, passa a dizer que um é o sentido moral outro o .
htIC~d vae maIl, poisque o s~ntido politico, não é o desen~olvimentoP;~
A trio. sen I o mora, mas uma COIsa de outra ordem.
No espirito confuso de muitos a Kabbala tem a preeminencia de uma (Esp. 53B-80)
verdade. A Kabbala, porém, não é necessariamente uma verdade. pode
seI-o; pode não seI-o. É tamsomente uma especulação metaphysica feita A TRIO.
sobre dados mais completos do que os que o phiIosopho profano ordi-
nariamente tem. É sujeita aos mesmos perigos de erro e de illusão que ~ompõe-se ~ste livro de uma série connexa de especulações ociosas
as especulações profanas, pois as melhores premissas não dão aos espe- s re a matena que possa haver para um profano no que se conhece
culadores a logica ou o entendimento com que d'ellas forçosamente dos symbolos e seus modos da Fr. M .
extraiam melhores conclusões. Trabalhando sobre os dados mortos do (Esp. 53B-81)
mundo visivel, póde Kant, por sua qualidade de genio, chegar-se mais
à verdade do que o Rabbi Akiba, que tinha o poder de trabalhar sobre
A trio.
os dados vivos do mundo invisivel.
O:. caminh?s do sym,?olism_o, sobretudo desde que se entra na estrada
Toda a vida é uma symbolologia confusa. (Esp. 53B-79) ~ys ~ca ~ mterpretatIVa, sao cheios de illusões de devaneios e de
rau es. profano a elles não sabe em que fundar-se do que lê nos
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auctores da especialidade, de tal modo se mixturam, nas obras de quasi e não propriamente idéa, não é transmissivel verbalmente nem ainda
todos elles o sentido certo, a fantasia delirante e a fraude consciente pelas palavras que claramente dissessem os seus mysterios: se taes pa-
e semi-co~sciente. E isto é extensivo ás proprias personalidades dos lavras se devessem, ou sequer pudessem, dizer ou escrever.
mystos e dos epoptas antigos e modernos. É fóra de du.vida que Caglios-
tro era um charlatão; mas não é menos fóra de duvIda que era tam- Os grados são essencialmente estados; se o não são, nada são.
bem, e parallelamente, um alto iniciado. É fóra de duvida que Madame
Blavatzky era um espirito confuso e fraudoso; mas também é fóra de .... ... ...... .... ....... ..... ............... .......... .... .. ..................................
duvida que recebera uma mensagem e uma missão de Superiores In-
cognitos. Nos nossos dias ha um exemplo estrondoso da mesma mixtura;l . Os graus de iniciação representam estados de conhecimento que são
não o cito explicitamente por motivos faceis de comprehender. slmultaneamente estados de vida.
Os pri~eiros grau~ são graus de provação, os segundos graus de ÍD-
Estas coisas desorientam os profanos, e ainda mais os sinceros que os terpretaçao~ os terc:lro~ graus de comprehensão, os quartos, e ultimos,
curiosos. É natural que o individuo, dentro ou fóra da O. M., que saiba graus de rel~tegraça? (mtegraç~~).. Na via maçonica estes quatro typos
que o REAA - que nem é e. nem ant. nem ac. - é baseado numa de graus estao perfeItamente dlVldldos, salvo que os ultimos como até
complexa sobreposição de fraudes, incluindo um diploma falsificado, ce!to ponto os terceiros, estão jâ fóra d'ella, sendo elIa todavia o ca-
immediatamente conclua que todo o rito é da mesma ordem e do mesmo mmho para elles.
valor que esses seus titulos. Esta conclusão seria erronea. Ha muito
de valia no rito, mas o peor é que o elemento fraudulento se introduz É isto que na symbolica dos alchimistas se designa pelos quatro-
na propria substancia da estructura dos graus e dos rituaes, de sorte -estados d~ Grande Obra - putrefacção, pois o iniciado tem que mor-
que só quem tenha conhecimentos superiores aos que o rito inteiro mi- rer para SI mesmo, ou, antes que morrer-se;2
nistra pode, em certo modo, destrinçar o que estâ certo do que é falso
ou errado; e, pela natureza das coisas, os que estão passando atravez (Esp. 53B-83)
do rito raras vezes terão graus ou conhecimentos que excedam o con-
teudo d'elle e portanto os habilitem a conhecer o caminho.
A trio.
(Esp. 53B-82)
No ultimo e excelso sentido, a Loja é o arcano ou arca da Verdade
O Mestre e os Dois que estão com elle no governo da Loja são ~
A trio. symbolo das Trez Verdades fundamentaes ou cabalísticas. Os dois que,
com es!es t~ez~ ~ormam os Cinco que completam a Loja, são symbolo
Cada religião é um mundo àparte, mas mais particularmente o é dos Do:s pnnclplOs externos ou de Relação, per meio dos quaes a Ver-
quando é essencialmente iniciatoria. Isto é, uma religião composta de dade . nao ~ Erro. E os outros dois, per meio dos quaes a Loja fica
mysterios, no conhecimento dos quaes se sobe por grados, é uma especie perfeIta, sao os symbolos dos Dois ultimos principios, per meio dos
de nova região por onde se a alma transforma. qua.es a Verdade pode descer ao nosso conhecimento se nós soubermos
subIr a ella. '
Isto é eminentemente verdade da FM, que é a unica religião mo-
derna de typo iniciatorio puro. Nas outras os graus são estados de Os trez p,:inclpioS que formam a Loja são: (1) Jehovah não é Deus,
emoção; nesta são estados de entendimento, e até o são para o profano, (2) Adam nao e .Homem, (3) Eva nunca existiu. Os dois principios que
se elle consegue - pois isso não é impossivel- entrar, por meio de fio completam a LOJa são: (4) No principio foi (ou era) o Verbo (5) E o
proprio, no labyrintho dos seus segredos. Verbo se torn?u C~rne. Os dois ultimos principios, pelos qua~s a Loja
se .torna perfeIta, sao: (6) O que estâ em cima é como o que estâ em
É, de facto, uma vida nova, e uma alma nova, a que se ganha no baIXO, e (7) Quando o discípulo estâ prompto o Mestre estâ prompto
contacto com estes mysterios, e o modo, o typo, a fórma d'essa vida tambem. '
nova, não se pode expôr nem explicar, pois como é vida propriamente,
1 Provavelmente tratar-se-ia de Aleister Crowley. 2 Está incompleto no texto.
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(6) De Deus nascemos, em Jesus morremos, pelo Spirito Sancto re- O sen~ido profano é como o tacto das coisas, obscuro e material'
surgimos, (7) Bemdito seja Deus nosso Senhor, que nos deu o Verbo. e allegonco como o gosto, que é um tacto intimo, material ainda mas:
o moral como o olfacto, que é o gosto desfeito mentalizado entendid~
Assim, em seu intimo e verdadeiro sentido, exposto entre nevoas para na sua essencia e na definição de que o deu; o ~spiritual co~o o ouvido
que se perca quem não sente o caminho, se descobre a verdade da F.M.,
como um Magno Mysterio Christão. S6 no divi.?o, que ~~o podemos ter, sendo homens, se attinge a plenitude
do conheCimento, Ja sem tacto, sem contacto, sem que é repre-
I ou, Em Deus somos entrados, em Jesus passados, pelo Spirito Sancto sentado pela vista. .
erguidos. Se isto for comprehendido, e, sobretudo, meditado, haverá entendi-
mento de muitas coisas.
Na FM não estão, é certo, tão patentes os mysterios sagrados como (Esp. 54A-29)
no Rito Latino, nem ha grau ou ordem nella que attinja a altura em
que está o Pontifice Romano. Mas assim como a Rocha de Pedro é
um dos Symbolos da Verdade, assim o é a Maré de Paulo - outro modo, Oe.
devidamente entendido da Scylla e da Charybdes, a rocha e o rede-
moinho, entre os quaes singra a Realidade material, na velha symbo- <? ~rranjo e .a estructura das ordens iniciaticas baseiam-se numa dis-
logia pagã. poslçao symbohca do Templo de Salomão.
(EsP. 53B-84)
N~sse schema symbolico, entende-se que o Templo é construido da
segumte. maneira. É dividido em trez partes, num andar só. Abre com
um. Atn<:- para o qual se entra por um Limiar, e logo na entrada do
A grande regra do Occulto é aquella do Pymandro de Hermes: «o ~t~o estao duas columnas. Este Atrio é quadrado quanto à sua super-
que está em baixo é como o que está em cima». Assim, a organização flcle, mas em altura, pé direito como se costuma dizer tem o dobro
das Baixas Ordens copia, guardadas as differenças obrigatorias, a or- da largura ou do comprimento. '
ganização das altas ordens; reproduzem-se os mesmos transes, por vezes
as mesmas especies de symbolos; o sentido é outro e menor, mas a D'esse Atrio se pass~ para uma outra parte, chamada Claustro, e
regra da similhança tem que ser mantida, pois, de contrario, a ordem tam.bem Cam ara do ~elO; esta expressão deve, porém, ser evitada, pois
menor não vive e abatem, por si, as columnas do seu templo. Parece, ,
~
colhde com .a expressao :gual, usada na Maçonaria, que serve de designar
ãs vezes, que é dos graus simples que se desinvolvem os altos graus, outra espe_cle ~e sala, nao no andar terreo, e que, portanto, no presente
e que foi nos altos graus que as altas ordens foram buscar (alargando schema nao figura. A passagem do Atrio para o Claustro chama-se
o sentindo) os seus aditos e cursos. Não é, porém, assim. Vemos o ca- o Transepto.
minho como o trilhamos, mas foi de lá para cá que elle foi construido.
E, de facto, as altas ordens começaram por fabricar os graus simples, 9 Claustro é como que o Atrio deitado; isto é, o tecto, ou altura,
convertendo certos gremios profanos em templos menores por um pro- b.roxa a metade do que era no Atrio, e o comprimento sobe ao dobro
cesso enblematico, a princípio fechado, como um leque, depois gradual- fIcando a largura a mesma. '
mente abrindo-se, como esse mesmo leque que se abrisse, ou, talvez,
que abrissem. Mais tarde, e foi esse a especie de abrir o leque que Do Claustro se passa para o .Sa~r~rio,. e a passagem de um para outro
revelou os desenhos nelle - se bem que o exacto entendimento das fi- se chama '? Adyto. O Sacrano e mtelramente cubico: tem a largura
guras não possa ser dado só com vel-as - e assim permitiu que os altos e, o compnmento, eguaes, do Atrio; tem a altura, egual a qualquer
d essas, do Claustro.
graus se formassem por evolução intima, emblematica, ou especulativa,
dos graus da base ou fundamento. De modo que, quando, depois ainda,
de alguns altos graus, e em virtude do ensinamento contido nelles, al- .Todas ~stas medidas teem um sentido symbolico, e qualquer, que
saIba medI!ar, poderá chegar perto de o descobrir. Deverá reparar em
gumas altas ordens se fizeram ou foi permitido que se fizessem, não
q~e o Atno e o Claustro são. a mesma coisa imperfeita em posições
houve nisso, no fundo e no intimo, mais que uma Devolução, o regresso d~ffere~tes, mas 9ue o Sacra no tem tudo egual e perfeito, nenhuma
à origem, a Reintegração, como também se diz. dimensao predommando sobre outra. A11i se attinge, neste schema de
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architectura mystica, a perfeita harmonia, ou, em outra linguagem, A~ O:dens do Claustro, ou Altas Ordens, não iniciam, porém em
a paz. exphcaçoes de symbolos, mas tamsômente conferem aos seus iniciados
as chaves hermeticas~ por meio das quaes, se eIles souberem applical-as,
Segundo este schema se organisam, como disse.. as ordens iniciatica~, os symbolos do Atno, a Formula do Atrio, poderão ser entendidos.
mas deve entender-se que, não havendo em mUitos dos que nellas fi- Isto é, ao passo que no Atrio os symbolos (os regulares bem enten-
guram ou mandam o conhecimento perfeito do que faze_m, resultam did~) estão certos e firmes, mas são desvios os discurso's e interpre-
contradicções com as formulas do Templo, e essas ordens sao, portanto, taçoes~ nas Ordens do Claustro, os symbolos (se os ha) são indirectos
illicitas. São-o, importa que se diga, na maioria dos casos. e de~vlados,. sendo com tudo certas e firmes as explicações dadas, e que
se nao apphcam a esses symbolos
As Ordens do Atrio, que servem de ministrar os primeiros conheci-
mentos do que está occulto, e que são pois, por assim dizer, a instrucção Pass~do o Adyto, as verdades do Atrio e as do Claustro, oppostas
primaria da iniciação, seguem a lei que lhes é imposta pela primeira e~t!e SI, un..em-se numa mesma verdade. Mas ahi a iniciação é plenaria,
presença do Atrio, que são as duas columnas que nelle se encontram. dlVlna, e nao se.póde. dar idéa d'~lla por meio de quaesquer palavras,
Quere isto dizer que ha duas ordens do Atrio, e só duas. Uma d'ellas qualquer que seja a lInguagem, directa ou indirecta, que se lhes faça
é a Maçonaria. Não direi qual é a outra. Não deixarei, porém, de dizer, fallar.
para que o comprehenda quem possa, que a Maçonaria corresponde
à columna da esquerda do Atrio, isto é, a que nos fica à direita se Tudo isto, que será sempre confuso para muitos, ainda que clara-
olhamos para o templo. A columna da ·direita corresponde a outra mente se exponha, póde talvez ser illustrado por um exemplo. E esse
Ordem, a irmã e complementar da maçonica. exemplo será o de como se escreve um ritual atravez das trez ordens.
Seguem-se passado o Transepto - ou regularmente, por iniciação Supponhamos os Mestres ou Sacerdotes de uma Ordem do Templo,
plenaria em' qualquer das duas ordens citadas; ou irregularmente, por de posse" como taes, de uma verdade divina, e supponhamos que essa
contacto directo com os Altos Iniciadores, e sem necessidade portanto verdade e a do Verbo incarnado e sacrificado para a redempção do
de passar por qualquer d'essas ordens - as chamadas Ordens do Claus- Mundo. Supp,?nhamos, .ainda, que esses sacerdotes, de posse d'essa ver-
tro ou Altas Ordens. Mais tarde';" passado o Adyto, e do mesmo modo dade. real e nao ~y'mbohca, vivem num mundo pagão, crente nos deuses
regular ou irregularmente, se attingem as Ordens do Sacrario, ou, em multIplos da relilpão grega ou romana. Supponhamos, mais, que esses
termo mais vulgar, do Templo, poisque, attingido o amago do Templo, mestres da doutnna secreta querem ~ommunicar aos que o mereçam,
o mesmo Templo se attinge, em todo o seu sentido. por provarem que merecem, a doutnna secreta de que são senhores.
Formarão para isso Mysterios, ou Iniciações. E, na formação do ritual
As Ordens do Atrio iniciam por meio de symbolos (a Maçonaria) d'esses Mysterios, procederão da seguinte maneira.
ou de linguagem symbolica (a outra ordem). Tudo quanto nellas se
explique ou se revele, é só em apparencia que se explica ou se revela. Buscarão, primeiro, entre os deuses pagãos qual é aquelle cuja historia
O que h~ de vâlido nellas é os symbolos: os discursos, as interpretações, possa conformar-se, como a sombra ao corpo que a projecta à vida
ou são da superficie, e portanto profanos (quando menos o pareçam); e.à .morte do Ver~o. En~ontrarão, por exemplo, Baccho, em cuja' historia
ou são falsos, e feitos para despistar os iniciados nos graus, quando dlVln~ ha ~naloglas eVidentes com a do Verbo incarnado, ainda que
sejam incompetentes para elles lhes serem conferidos; ou são, por sua em Dlv~l ~hfferente, que. é o que é preciso. Redigirão uma formula em
vez, symbolicos, sendo, quer o mostrem ou não, como uma decifração que, eh~maD:do os accldentes que perturbem a similhança, consigam
que está numa segunda cifra. dar, na hlstona de Baccho, por symbolo e analogia, a historia do Verbo.
E esta formula, uma vez encontrada, chamar-se-ha a Formula do Tran-
As Ordens do Atrio a quem é dado um symbolo, ou explicação septo. NeIla está obti?o o segredo supremo da Ordem ou Mysterio a
symbolica, central, a q~e se chama a Formula do Limiar, culminam, crear, mas o verdadeiro segredo está guardado por eIles altos inicia-
para os que verdadeiramente aproveitam da iniciação symbolica, e nella dores, pois o que vão transmitir como verdade suprema' nesse mundo
conseguem lêr o que ella é, numa nova formula, communicada fóra dos pagão é ainda uma sombra da verdade.
rituaes, a que se chama a Formula do Transepto. Por meio d'ella se
obtém o accesso ás Ordens do Claustro, ou Altas Ordens, ou ao que Feito isto, prosseguem. E buscam então uma figura, real ou mythica,
irregularmente a eIlas seja par. para quem possam transpôr os incidentes, não já da vida e da morte
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do Verbo mas da vida e da morte de Baccho. Qualquer figura servirá,
desde qu; nella não haja baixeza, e o que com ella se passa possa attrahir
de uma maneira indirecta; e será preferivel uma figura, ou inteiramente
mythica, ou de quem tam pouco conste na historia, que tudo que se
queira se lhe possa sem risco ser attribuido. Para essa figura transpõem
os pormenores da vida e da morte de Baccho, ém maneira translata
- isto é, a figura não pode ser de um Deus, nem de qualquer modo
II revelar que occulta a de Baccho. Haverá mais intimo afastamento en.tre
esta figura e a de Baccho, que entre a de Baccho e a do Verbo. Obt~da
esta figura, faz-se a equivalência da sua vida e morte, com a v.Ida
e a morte de Baccho; e é em torno d'esta figura, duplamente symbolrca,
que se escreve o ritual. Assim, todo o ritual é o symbolo de um sym- 4.
bolo a sombra de uma sombra. E é a esse ritual, que por iniciação
se c~mmunica aos candidatos, que se chama a Formula do Limiar. ENSAIO SOBRE A INICIAÇÃO
(Esp. 54A-88j90) (tradução de Maria Helena Rodrigues de Carvalho)
Iniciação.
Posso passar sem o ascetismo, mas não sem a verdade, nem creio
que Deus se me não manifeste a não ser que eu fique sentado imóvel
durante cinco horas, ou que seja capaz de respirar naturalm~nte po;
qualquer das narinas à escolha.
(Esp. 54A-58)
Iniciação.
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I
d
preender; de símbolos, para que o candidato fosse forçado a abrir o
Dir-se-á que isto torna a iniciação uma tarefa muito difícil. Torna-a, seu próprio caminho, lutando por interpretar os símbolos, em vez de
porque assim é. Por que é que a iniciação havia de ser fácil? Dir-se-á se julgar cheio de conhecimento se a comunicação tivesse sido feita
que só um homem de especial inteligência pode tomar os graus de por ensinamento dogmático ou filosófico.
neófito, uma vez que é necessário ter capacidade de reflexão abstracta
para se ser apto em filosofia, e nem toda a gente a possui. Mas por que Não digo que estas três razões se apresentassem claras ou em sepa-
é que toda a gente havia de estar em condições de ser iniciado? Se se rado ou em conjunto, embora assim divididas, nos espíritos dos antigos,
disser que isto é injusto, podemos replicar assim: Porque é que o uni- sacerdotes ou leigos das suas religiões. Mas digo que, quando não
verso havia de ser justo? - o que é talvez uma resposta errada, mas por inteligência directa, ao menos por intuição, eles basearam as suas
certamente suficiente, - ou que a questão se baseia no pressuposto religiões neste esquema divisional.
de que não há desenvolvimento no mundo; ou, por outras palavras,
que o homem termina num curto lapso de vida terrena e que é possível As religiões dos Antigos, e sobretudo as religiões pagãs da Grécia
que a reencarnação seja verdadeira quando não há injustiça, mas apenas e Roma, que são as que mais nos interessam, uma vez que os nossos
graus, porque na própria vida exterior há graus de força, beleza, inte- espíritos são seus filhos, estavam divididas em três formas. Havia uma
ligência e outras coisas idênticas. forma social, o culto, que era do homem como cidadão. Havia uma
forma individual, a poesia, que era do homem como não-cidadão; cum-
Um homem pode, pelo menos, aspirar à iniciação e, se a inteligência prido o culto devidamente, ele podia interpretar para si os deuses como
abstracta é o primeiro grau no caminho e ele não tem inteligência entendesse e elaborar as suas lendas como lhe parecesse mais adequado.
abstracta, pode pelo menos aspirar a ela; custa-lhe tanto ou tão pouco E havia uma forma secreta, a iniciação, que participava em segredo das
aspirar à inteligência como à iniciação, e realmente ele aspira à mesma características de ambas: era individual porque, mesmo quando a ini-
coisa na ordem própria quando aspira à inteligência. ciação era colectiva como nos grandes Mistérios pagãos, era sempre
o indivíduo o iniciado e não o grupo; era social, porque a iniciação
(O místico sem inteligência não atingiu o primeiro Grau de Adepto: era comunicada em ritual e o ritual é social.
ele não fez mais do que atingir o grau intermédio entre os Graus de
Neófito e de Adepto, o purgatório vazio da ascensão errada). O que com os Cristãos raramente está associado ou fundido com a
poesia como acontecia com os pagãos. (Não compreenderemos a Idade
(Esp. 54B-I6) Média até .que compreendamos que a teologia era a sua poesia, que a
ausência de poesia então mais não era que a presença da poesia sob
outra forma).
o ensaio sobre a Iniciação.
Todas as religiões, porém, estão no mesmo estado que as grandes
Havia três razões pelas quais nas religiões pagãs certas verdades, ou religiões pagãs. As três formas de religião serão encontradas de uma
coisas supostas serem verdades, eram transmitidas só em segredo e forma ou de outra em todas. Nas religiões cristãs, por exemplo, temos
reclusão, por iniciação. A primeira era uma razão social: pensava-se o culto público, quer seja altamente cerimonial como na Igreja Romana,
que essas tais verdades eram impróprias para transmissão a qualquer
quer pobre até à nudez como nas seitas protestantes extremistas; temos
homem, a não ser que ele estivesse em certa medida preparado para
as receber, e que elas teriam resultados sociais desastrosos se fossem a religião individual significando a reflexão pessoal sobre os dogmas
tornadas públicas, pois isso significaria que seriam mal compreen- e fórmulas de fé, e isto é teologia onde (com os pagãos), era antes
didas. «Etiamsi revelare destruere est...» A segunda era uma razão poesia; e temos a vida interior do cristão, que é a sua iniciação, porque
filosófica: supunha-se que, em si próprias, essas verdades não eram de nas religiões cristãs a iniciação é considerada como dada por Cristo, SÓ,
um género que o homem comum pudesse compreender e que lhe pode- misticamente, e não por qualquer sacerdote ou hierofante ritualmente
ria advir confusão mental e desequilíbrio na conduta se lhe fossem ou ceremonialmente. Por outras palavras - cujo sentido mais exacto
inutilmente comunicadas. A terceira era, por assim dizer, uma razão será compreendido mais tarde - a iniciação pagã encaminhou-se para
espiritual: pensava-se que, por serem verdades da vida interior, essas a Magia, como fazem todas as iniciações rituais, e a iniciação cristã
verdades não deviam ser comunicadas, mas sugeridas, e que a sugestão encaminhou-se para o Misticismo, como fazem todas as iniciações me-
devia ser impressiva, rodeada de secretismo, para que pudesse ser ditativas.
sentida como de valor; de ritual, para que pudesse impressionar e sur-
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Qualquer que seja o número de graus, exteriores ou interiores, na que funde a sua fé e a sua vida, atingiu o começo da iniciação real,
escala de ascensão para a verdade, eles podem ser considerados como enquanto o neófito aperfeiçoado, no qual a fé (ou conhecimento) e
três - Neófito, Adepto e Mestre. Na realidade, os graus são dez - qua- a vida ainda estão separados, não a atingiu. Mas se o Adepto espon-
, tro para o Neófito, três para o Adepto e três, por assim dizer, para
o Mestre. Hã realmente também dois intergraus que ficam entre o pri- .
tâ.neo tiver atingido o Quinto Grau sem ter passado pelos cinco pri-
meiros (que incluem o grau Zero), terã de permanecer largo tempo à
meiro e o segundo, e entre o segundo e o terceiro hã ordens, estas tam- entrada da Câmara do Meio, onde se pode adequadamente dizer estar
bém não numeradas. Os graus não numerados são graus de noviciado, «colocado» o primeiro grau de Adepto. Para passar ao Sexto Grau ele
enquanto os outros são, cada um na sua medida, graus de realização. terã, em certo sentido, de voltar ao princípio.
O Neófito, ao longo dos graus que esta expressão descreve, é essen- (Esp. 54B-17/18)
cialmente um aprendiz; o seu caminho é em direcção à realização do
conhecimento na esfera exterior. No Adepto, ao longo dos seus três
passos, hã um progresso na unificação do conhecimento com a vida.
No Mestre hã, ou diz-se que hã, uma distribuição da unidade assim Initiation (original inglês)
atingida em virtude de uma unidade mais elevada.
Uma comparação com coisas mais simples tomarã isto mais claro, There are many Kabbalas, and it is hard to believe that we cannot
creio. Suponhamos que o escrever . grande poesia é o fim da iniciação. attain to union with God, whatever that may mean, unless we are
O grau de Neófito serã a aquisição dos elementos culturais com que acquainted with the Hebrew alphabet.
o poeta terã de tratar ao escrever poesia e que são, grau a grau e no
que se afigura ser uma analogia exacta: O) gramãtica, 1) cultura geral, There are Errors of the Path, Errors of the Inn and Errors of the
2) cultura literãria particular, 3)8 Cave. Those are errors of the path where the path itself is taken for
O grau de Adepto serã, extraindo a analogia da mesma maneira 5) its purpose. Those are errors of the Inn where half-way is taken for all
o escrever poesia lírica simples como num poema lírico comum, 6) o the way. Those are errors of the Cave where the cave, which is at the
escrever poesia lírica complexa como em, 7)4 o escrever poesia lírica base of the Castle, is taken for the CastIe itself (is taken for the Hall
ordenada ou filosófica como na ode. of the CastIe).
O grau de Mestre serã, da mesma maneira: 8) o escrever poesia
épica, 9) o escrever poesia dramãtica, 10) a fusão de toda a poesia, These errors are common to all paths, and that of Gnosis is no more
lírica, épica e dramãtica em algo para lã de todas elas. free from them than the mystical and the magicaI paths.
Ao leitor desta analogia literãria ocorrerão três observações. A pri- I can dispense with asceticism, but not with truth, nor will I believe
meira é que se pode ser poeta sem os graus de Neófito, Adepto do that God will not be manifest to me unless I can sit still for five hours
primeiro grau de Adepto sem sequer se «tomar» o primeiro grau de or can breathe naturally through either nostril at will.
neófito. A segunda é que a progressão descrita não corresponde à que
habitualmente acontece na vida, seja ela a de um poeta ou a de qual- The fact is, however, that whatever the path that is taken, it should
quer outro homem. A terceira é que a função de toda a poesia, lírica, not .be taken before the preparatory grades, the neophyte grades, have
épica e dramãtica, em algo que fica para além das três, é uma reali- been traversed. Mysticism seeks to transcend the intellect (by intuition),
zação que excede a compreensão. magic to transcend the intellect by power; gnosis to transcend the
intellect by a higher intellect. But to transcend a thing rightIy you
Levei o leitor a fazer estas observações para que eu pudesse, repli- must first pass through that thing. The advantage of the gnostic path
cando-lhes, completar a analogia com uma explicação. is that there is less temptation to reach the higher intellect without
Quanto à primeira observação: O primeiro grau de Adepto é, mi passing through the lower, since both are intellect and there is a diffe-
verdade, o primeiro grau real da iniciação real. Um místico simples, rence of quantity between the one and the other, than in the mystic
and the magic paths, where there is a difference of quality, not quantity,
between emotion and intellect; between the will and intellect.
8 Incompleto no original. t
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;;---_.-
I
Oe. To say that Xt. is a symbol of the sun is to put the initiatory process
I the wrong way about. It is the sun that is the symbol of Xt. ln other
I I There are three distinct types of initiation - symbolic or ou ter, ÍD- words, Xt. is the reality and the sun the illusion, Xt. the light and the
tellectual (ou ter of inner), and vital (inner). ln the symbolic initiations, sun the shadow. (The Ineffable is light, the GA body, the world shadow
! which reinforce the wi11 and therefore lead to Magic as attainment, - the shadow cast by the dense when lit by the subtle. The light is in
the candidate does not pass through stages of understanding, but through the circumference (1) and the shadow cast into the centre (?) - Has
ii stages of intuition, so to speak; he is continually on the surface this anything to do with the pt. within the c.?) (ef. the kabbalistic idea
and appearance of things, and, though he attains the highest degree of En Soph drawing inwards, manifesting in and not out).
in whatever order or orders he goes through, that highest degree
need not correspond (generally does not correspond) to anything like To initiate a man by a complicated and more or less impressive ritual
a parallel degree in any of the inner initiations. ln the intellectual ini- and then confide to him, under pledges of secrecy and oaths more or
tiations, which reinforce the intellect and therefore lead to Mysticism less terrible, that spring comes after winter - this could never have
as attainment, the candidate passes through stages of understanding, been the device of any initiatory .body or system. Rather will it have
but not through stages of life; he may know much, hut he need not been to teach him the contrary - that spring following winter is a
live that which he knows on the sarne leveI as he knows it. ln the vital symbol of greater things, that the natural is a figurement of the su-
initiations, which reinforce the emotion and therefore lead to Alchemy perna tural.
as an attainment, the candidate lives that which he feels and knows.
This, carried to more or less detail, in symbol, then in doctrine, then
(Is this right? Do not rather these initiations differ on another in revelation, is the essence of all real initiations, from Eleusis to
score, whereas the difference between Magic, Mysticism and Alchemy Kilwinning.
(what of Gnosis?) lies on another plane' of interpretation? Are not these
initiations rather physical, etheric and astral? (or, perhaps, etheric, Orders of init: (1) through symbols and (later) explanations in them-
astral and spiritual, or astral, mental and spiritual?) selves symbolic - cf. Pike; (2) through symbolic doctrine, true on its
leveI, and explanations no longer symbolic; (3) through direct though
- Possibly there are three modes in which initiations can be inter- not necessarily spoken or uttered communication.
preted: (1) the three ways of attainment, magical, mystical and gnostic,
(2) the three stages of attainment, Neophyte, Adept and Master, (3) the
three degrees of attainment, astral, mental and spiritual.
.
•
I do not say that these things represent a truth and I do not say that
they do not. I say that this is the meaning of initiation, that it is thus
that initiation exists and that it is for those purposes that it exists.
(Esp. 54A-52)
(Esp. 54A-55)
Oe.
Essay on Initiation
But the real meaning of initiation is that this visible world we live in is
a symbol and a shadow, that this life we know through the senses is The difficulties of the subject are many. We Can never be sure whether
a death and a sleep, or, in other words, that what we see is an illusion. we are reading a work which is worth reading or the rant of one who
knows something. It is not the case of catching an «occul!» writer in
lnitiation is the dispelling - a gradual, partial dispelling - of that
flagrant nonsense in something we know; that is insufficient. His know-
illusion. The reason for its secret is that most men are not adapted ledge may be weak in that point and strong in another. If we are
to understand it and will therefore misunderstand and confuse it if it astrologers and read a book dealing, arnong other things, with alchemy
be made publico The reason for its being symbolic is that initiation is and astrology and find, by the light of our knowledge, that the astro-
not a knowledge but a life, and that man must therefore think out for
himself what the symbols show, for thus he will live their life and not .
•
logical part is nonsense, we need not hurry to presume that the alche-
mical part (in which we are unversed) is equally wrong. The fact that
only learn the words in which they are shown. a newspaper publishes false news on something we have witnessed or
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j
know of will naturally lead us to doubt its news on any other subject. it be, points to this work having been written by John Valentine Andrea;
This need not be soo ' the book is high1y imagina tive and Andrea was not. AlI evidence seems
to show that it was written by Andrea when about 17 years of age;
The fact that a man is a charlatan is not sufficient to prove that and the work is of a kind as to render that normally impossible. All
he always writes like a charlatan, any more than the fact that Words- evidence seems to show that it was written as a joke, even a boy's joke;
worth often wrote so wretchedly is proof that he is a wretched poet. and the work is one of the deepest symbolism. We cannot evade the
A charlatan need not be a charlatan in everything or always a charlatan; issue by making Andreas a genius or an initiate. We cannot evade the
a charlatan may be inspired. issue by supposing he stole the work or passed it under his name by
the author's order or request (unless this be meant in a certain sense).
Even the writing of conscious, deliberate nonsense does not necessarily
mean that real nonsense results. The old tag about many a true word ,',, Shakespeare's Caliban is a manifest satire. on modem democracy.
being often spoken in jest is here applicable. It is on record that John It does not seem to be such a satire; it is. Yet Shakespeare did not live
Valentine Andrea wrote, when only 16 or 17, the Chemiçal Nuptials in our times, nor was he what is normally called a prophet, meaning
of Christian Rosencreutz as a jest. It is hard to dispute that he did currentIy one.
write the book. Yet the book, written at that age, and (if we believe (Esp. 54A-59)
his words, and there is no reason not to believe them) in jest, is a great
symbolical story, valid in itself. I have known a person blurt out a
wrong date - year, month, day, everything wrong - as his birthdate,
yet the horoscope erected for that date coincide in the main points, Initiation
even in directions, with the true one.
(Esp. 54A-58) The paths of Mysticism and of Magic are often paths of delusion
and of error. Mysticism means essentially trust in intuition; Magic
means essentiaIly trust in power. lntuition is an operation of the mind
by which the results of intelligence are obtained without the use of
Essay on lnitiation intelligence. Power, in the sense of magical power, is an operation of
the mind by which the results of continuous effort are obtained without
Not only, however, can inspiration, or what is so called, operate with the use of continuous effort. Both, however long they may take to
a conscious medium - meaning one who knows that he is writing operate, are short cuts to knowledge.
something which he is normally incompetent to write, not only can
it operate with an unconscious medium - meaning one who writes ln a certain sense both Mysticism and Magic are confessions of impo-
something he neither can write nor understands after it is written, tence. The Mystic is a man who feels that he has not the strength of
whether because he writes in trance or in direct mediumship, but inspi- thinking in him to get to truth by thinking. The Magician is a man
ration can operate with a wrongly conscious medium, that is to say, who feels he has not the strength of will in him to get to truth (or to
with one who supposes he is writing something whereas he is really power) by strength of will. The idle girl who guesses things, or guesses
writing something else, or who supposed he is writing something with at things, is a mystic within her shaIlow province; she is too lazy to try
one meaning and the thing written is found to have more than one. to know. The peasant woman who tries to keep her husband's love by
This is probably the reason why deep meanings emerge so easily from charms and potions is a magician within her garret-frontiers; she is too
fables, even those of uncuItured peoples; why the work of great poets ignorant and too weak to strive to do so by direct charm, by persistent
reveals such understandings that we cannot conceive the poet to have seduction. ln both cases there is an evasion.
been conscious of them; why works written for children tum out to
elaborate things out of the Kabbala or other hidden knowledge, why This does not mean - or, at least, it needs not mean - that the results
purposed jokes tum out to have a terribly serious meaning. of Mysticism or of Magic are necessarily wrong. It does mean, however,
that there is no criterion by which we can distinguish a wrong from
No case is as curious, perhaps, and in part because it is an extreme a right result in one path or the other. ln the Gnosis, where we employ
case, than that of the authorship and manner of authorship of The inteIlect, we have at least the baIlast of reasoning; we can at least
Chemical Nuptials of Christian Rosencreutz. All evidence, littIe though compare one «result» with another, examine whether they be contra-
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I
dictory either each within itself, or one in respect of the other. We may
not reason weIl, but we do reason. If we 'go wrong it is because we go to the temptation of the World, the magician to the' temptation of the
wrong and not because we are wrong, as in the other two paths. It is Flesh, the gnostic to the temptation of the Devil.
, like adding up wrong, where the mistake is not in adding but in not
adding weIl; adding is, nevertheless, the right system to get a total. The World means the
This will be clear if we take simple, we might say current, examples There is scarcely a competent magician who does not falI a prey to
! things which reveal the weakness of the will. The terrible end of
II: of mysticism and of magico A simple case of mysticism is the common
type of intuition that is calIed «a hunch» in vulgar speech. A man has MacGregor Mathers, in sodden drunkenness, is a poignant case. He
a hunch that a certain number will have the first prize in a lottery. might perhaps control Abremalin's devils; he could not control his own.
Now and again the hunch comes out right, but we alI know that for (- be it lust, drink or dishonesty).
I every time it comes out right there are thousands it comes out wrong. (Esp. 54A-62)
If it were not so, a gambling club would not be the great business pro-
position it always is. ln this case, indeed, there is an easy way to check
the rightness of the hunch: the lottery, once drawn, will show. But
how is the mystic's hunch that he has attained unity with Christ to lnit. (Occ.)
be proved or disproved? He says he knows, he feels ... But the madman
who thinks himself Christ or the king of some country is as sure of It is difficult, of course, to understand what is meant by Union with
that as the mystic of his intuition. God, but some idea may be given of what it is intended to mean. If we
assume that, whatsoever may have been (apart from the falseness of
Take, again, a simple case of magic - spiritism. Spiritism is magic using a tense, which implies time) the manner of God's creation of the
because it is evocation of the spirits of the dead to this life. A séance world, the substance of that creation was the conversion by God of
is made, the spirit of the departed X is evoked, the voice of the me- His own consciousness into the plural consciousness of separate beings.
dium, the three-Iegged table or the planchette announces that it has The great cry of the Indian Deity, «Oh that I might be many!» gives
appeared. How do we know that it has? The communication of things the idea without the ideia of reality.
known only to one present may be a projection of the mind of that
one present. The communication of things known only to the dead Union with God means therefore the repetition by the Adept of the
man, and afterwards verified, may be a communication from some force, Divine Act of Creation, by which he is identical with God in act, or
or even spirit, other than the dead man's. And when the spirit gives manner of act, but, at the sarne time, an inversion of the Divine Act,
information of its present abode, by what method do we ascertain if by which he is still divided from God, or God's opposite, else he were
that information is right or wrong? I do not say that alI that emerges God Himself and no union were required.
in a séance or has emerged in séances is wrong; neither do I say that
it is right: I say that there is no means of knowing the origin of the The Adept, if he succeed in making his consciousness one with the
information thus received and where the information is concerning consciousness of alI things, in making it an unconsciousness (or
other worlds, or things otherwise unverifiable here, no means of knowing unselfconsciousness) which is conscious, repeats within himself the Di-
either its origin or its truth. vine Act, which is the conversion of God's individual consciousness into
(Esp. 54A-61) God's plural consciousness in individuals. But, at the sarne time, he
thus reaches back to the plurality God attained when making that
whole of which he is a part, and, in repeating God's Act, he is really
lnitiation inverting it, and, in inverting it, going back on the way to God, and
thus attaining union with God.
The first temptation to be conquered, that the Errors of the Path
be avoided, is the World. The second temptation to be conquered, that If we represent the whole scheme of this by two equilateral triangles
the Errors of the Inn be avoided, is the Flesh. The third temptation on the sarne base, each, so to speak, opposite to the other, we shalI
to be conquered, that the Errors of the Crypt be avoided, is the Devil. obtain a clear idea, or an idea as clear as possible, of the method of
The temptations are common to alI paths, but the mystic is most liable attainment. God, apex of the upper triangle, opens out into the base,
and the base narrows down into the cast-down apex of the lower triangle.
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From the apex of the lower triangle there is ascent into the base-line He will then proceed to abandon the system he has formed. He will
of both: thus the descent of God is repeated upwards, and, at the sarne have come to Iove it, but it is now for him to reflect, that it is not
time, there is ascent towards God. worth more than the other philosophic systems, which has compared
among themseIves, and, since he has established his own system, rejected.
Now this, whichever way it be considered, leads us to the peculiar
theory of three types of consciousness: the Divine Consciousness, the He will thus have traversed the four stages which are the temptation
World Consciousness, and the Individual Consciousness. ln the first of the World - Dogma, Concrete Intelligence or Science, Abstract In-
I identity is absolute, there being neither subject nor object. ln the second telligence or Philosophy, and Critical Intelligence.
the subject has made itself its own object, and, ,being infinite because
indivisibIe, becomes objectively infinite, that is infinite because infinitely Dogma, by which he is tied to others; Science, by which he is tied
divisible. ln the third the subject has made itself as object its own to Nature; Philosophy, by wich he is tied to the minds of others; his
subject, and has taken consciousness of itself, and therefore consciousness own philosophy, by which he is tied to himself. For the World is alI
, of itself in every infinitesimal element of that object. these. Once he has passed these four stages of the Neophyte stage, he
is ready for initiation. It lies then with him to choose on which path
The more each infinitesimal subject makes itself an object unto itself, he shalI make it - if on the mysticaI, the magicaI ar the gnostic path.
the more it approaches the first back-step to the Supreme Consciousness. It is juster to say the path on which he shall begin to make it, for the
From this it will eventualIy pass to annulling this, and going back to
full initiation in the Adept Stage includes alI three. ln the first Adept
the primaI stage of Divine consciousness.
(Esp. 54A-63) Grade he wilI take the one path he has chosen and complete his way
in it; in the second Adept Grade he will take one of the other two
paths; in the third Adept Grade he will take the one that remains.
lnitiation He has to conquer the three temptations which are under the FIesh
-Iusts, which are conquered by mysticism; indecisions, which are con-
How, then, is a man who seeks «initiation» to train himself for it? quered by magic; deIusions, which are conquered by the gnosis. He has
I! How, in other words, is he to take within himself the Neophyte Grades to conquer
of the Inner Order? He should begin by making himself acquainted
with philosophical systems and with such philosophy as emerges, right1y It will be said that this makes initiation 3. very difficult task. It makes
or wrongly, from the more recent acquisitions of science. Once thus it because so it is. Why should initiation be easy? It will be said that
grounded, he should reflect and compare, putting system against system, onIy a man of special intelligence can take the neophyte grades, since
theory against theory, and part of each system against other parts. He to be grounded in philosophy the capacity for abstract reasoning is
will thus develop his abstract intelligence, without which the intuition required, and not alI men possess it. But why should alI men be fit for
he seeks to deveIop will be no more than emotion. initiation? If it be said that that is unjust we may repIy, either that why
should the universe be just? which is perhaps a wrong, but is certainly
He should begin by stripping himself of alI dogmatic prejudices, of a sufficient, reply; or that the question is put on the assumption that
alI things that have been put into his mind by education and custom. there is no deveIopment in the world, otherwise that the man is ended
The path of initiation cannot be reached through the portaIs of any in one span of earthly life, and that it is possibIe that reincarnation
of the churches, but either through the portaIs of alI at the sarne time,
or by the portals of none. He should next make himself acquainted be true, when there is no injustice but onIy degrees, as in outer life
with religious systems of all kinds, with philosophic systems and ... ... (ut itself there are degrees in strength, beauty, intelligence and the like.
supra).
A man can at least yearn for initiatioo, and, if abstract iotelligence
He shouId then elaborate, as welI as he can, a system of his own, is the first stage in the path and he has oot abstract intelligence, he can
build up sIowIy, out of what he has Iearnt, and not necessarily writing at least yearn for it; it costs him as much, or as littIe to yearn for
it, a system, as coherent as he can make it, of the interpretation of intelligeoce as for initiatioo, aod he is really yearning for the sarne
the universe in the tripIe lines of truth, beauty and conduct. thing in the proper order when he yearns for intelligeoce.
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(The mystic without intelligence has not attained the first Adept Which with the Christians is rarely linked or fused with poetry as
Grade: he has no more than attained the intergrade between the Neo- it was with the pagans. (We will not understand the middle ages until
phyte and the Adept Grades, the blank purgatory of wrong ascent). we understand that theology was their poetry, that the lack of poetry
then was but the presence of poetry under another form).
(Esp. 54B-16)
: All religions, however, are in the sarne state as the great pagan re-
ligions. The three forms of religion will be found, one way or another,
lhe essay on INITIATION in all. ln the Christian religions, for instance, we have the public cult,
! be it highly ceremonial, as in the Roman Church, or poor to nakedness,
There were three reasons why, in the pagan religions,. certain truths, as in the extreme Protestant dissensions; we have the individual religion,
or things thought to be truths, were delivered. only l~ secrecy and meaning the personal reflection on the dogmas and formulae of faith,
apartness, by initiation. The first r~ason was. a socIal one:'lt was thought and this is theology where (with the pagans) it was rather poetry; and
that those certain truths were unflt for delivery to any man, unless he we have the inner life of the Christian, which is his initiation, for in
was in a certain measure prepared to receive, a~d that they would have the Christian religions initiation is considered as given by Christ alone
disastrous social effects if they were made publIc, for that would mean mystically, not by any priest or hierophant ritually or ceremonially.
that they would be misunderstood. «Etiamsi revelare destruer.e est. .. » ln other words - the exacter meaning of which will be understood
The second reason was a philosophic one: it was thought that, 10 them- later -, pagan initiation moved towards Magic, as all ritual initiations
selves, such truths were not of a kind that the common man cou!d do, Christian initiation moved towards Mysticism, as do all meditative
understand, and that mental confusion and therefore. unbalance. 10 initiations; it will also be seen later that there is a third type of initiation.
conduct would result from their being ~s~lessly co~uDlcated to hlm.
The third reason was, so to speak, a spmtual one: It was though~ that Whatever be the number of grades, outward or inward, in the scale
such truths, being truths of the inner life, should ~ot be ~om~umcated of ascent towards Truth, they may be considered as three - Neophyte,
but suggested, and that the sugge~ti011: should be ImpresslVe, It had. to Adept and Master. ln reality the grades are ten - four under Neophyte,
be girt round with secrecy, that It ml~ht be. felt to be valuable, wlth three under Adept and three (so to speak) under Master. There are
ritual, that it might impress and astoDlsh, wlth s~~bols, t~at the can- really five under Neophyte, but the first grade is not numbered. There
didate be forced to work out his own way, by stnvm~ to mterp~et !he are also two intergrades, falling between the first and second, and the
symbols, instead of thinking himsel! full o! knowl 7dge, If commuDlcahon second and third orders, and these are unnumbered too. The unnum-
had been ma de by dogmatic or philosophic teachlOg. bered grades are grades of probation whereas the others are, each
within its measure, grades of attainment.
I do not say that these three reasons stood c1~ar, eith~r severally or
together yet divided thus, in the minds.of the anc~ents, pnes~s or laymen The Neophyte, throughout the grades which this expression describes,
of their religions. But I do say th~t, If .n?t by dlre~t l.n~e~lgence, then is essential1y a learner; his way is towards the completion of knowledge
at least by intuition, they based thelr religlOns on this dlVlslOnal scheme. in the outer sphere. ln the Adept, throughout his three steps, there is
a progress ín the unifying of knowledge with life. ln the Master there is,
The religions of the ancients, and preeminently so the pagan ~eligions or is said to be, a destruction of the unity thus attained in virtue of
a higher unity.
of Greece and Rome, which are those that most concern US, SlOce our
minds are their children, were divided into three f0x:n?-s. There was a A comparison with simpler things will, I think, render this c1ear.
social form, the cultus, which was of the man as cIÍlzen. Ther~. was Let us suppose that the writing of great poetry is the end of initiation.
an individual form, the poetry, which was of the man as non-cIÍlzen; The Neophyte stage will be the acquisition of the cultural elements
the cultus duly fulfilled, he could interpret to himse~f the gods as he which the poet will have to deal with in writing poetry - being, grade
chose and elaborate their legends as he best thought flt. And there was by grade and in what seems to me to be an exact analogy: (O) grammar,
a secret form, initiation, which participated in secrecy of t~e. ~h~ract7- (1) general culture, (2) particular literary culture, (3)
ristics of both: it was individual, because (even when Imtlaho~ ~s The Adept stage will be, drawing out the analogy in the sarne manner:
collective, as it was in the great pagan ~ysteries) ~t is always .t~e. I~dl (4) the writing of simple lyrical poetry, as in a common lyric, (5) the
vi dual who is initiated and not the group; It was SOCIal, because lDltiahon writing of complex lyrical poetry, as in (7) the writing of ordered or
was communicated in ritual and ritual is social. philosophical lyrical poetry, as in the ode.
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I
The Master stage will be, in the sarne manner: (8) the writing of epic
poetry, (9) the writing of dramatic poetry, (lO) the fusing of all poetry,
lyric, epic and dramatic, into something beyond all these.
Three remarks will occur to the reader of this literary analogy. The
first is that one can be a poet without the Neophyte grades, an Adept
of the first Adept grade without even «taking» the first Neophyte one.
The second is that, the progression stated throughout does not corres-
pond to what usually happens in life, be it that of a poet or of any
other mano The third is that a fusing of all poetry, lyric, epic dramatic,
into something beyond all three is an attainment passing understanding.
íNDICE
I have made the reader make these remarks that I may, by replying
to them, complete the analogy with an explanation.
As to the first remark. The first Adept grade is indeed the first real Introdução 7
grade of real initiation. A simple mystic, who fuses his faith and his life, Fragmentos do Espólio 25
has attained to the beginning of real initiation, whereas the perfected L O Caminho da Serpente 27
neophyte, in whom faith (or knowledge) and life are still separate, has
not attained it. But if the spontaneous Adept has reached the Fifth 2. Subsolo ... .., ... . .. 37
Grade without having passed the first five (wich include the Zero grade) 3. Átrio ... '" ." .. . . .. 49
he will be kept standing for a long time at the entry of the Middle
4. Ensaio sobre a Iniciação: versão portuguesa seguida do original inglês ... 59
Chamber, where the first grade of adeptship may conveniently be said
to be «placed». To pass to the Sixth Grade he will have to come back,
in a sense, to the beginning.
(Esp. 54B-17/18)
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