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02/07/2020

1527  Sá de Miranda retorna da Itália


1580  Morte de Luis de Camões

Da crença à razão

Tentação na
montanha, de
Duccio di
Buoningsegna
(+- 1300)

IDADE
MÉDIA

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Primavera, de Sandro Botticelli (1482)


RENASCIMENTO
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Gian Lorenzo Bernini


Rapto de Perséfone

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Tornai essa brancura à alva açucena Volta ao Clássico pela mitologia:


Sirena: Sereia;
Tornai essa brancura à alva açucena, Graças: Representação da Beleza;
e essa purpúrea cor às puras rosas; Vênus: deusa latina do amor;
tornai ao sol as chamas luminosas Luis Vaz
Minerva: deusa do pensamento e das
dessa vista que a roubos vos condena. ciências; de
Tornai à suavíssima sirena Diana: deusa daCamões
caça e dos bosques.
dessa voz as cadências deleitosas;
tornai a graça às Graças, que queixosas
estão de a ter por vós menos serena. • A temática do soneto é a mulher amada,
que é idealizada pelo eu lírico;
Tornai à bela Vênus a beleza; • Ela tem características da Natureza;
a Minerva o saber, o engenho e a arte; • É associada a divindades;
e a pureza à castíssima Diana. • Se ‘desendeusada’ a mulher torna a ser
apenas humana, entretanto sem
Despojai-vos de toda essa grandeza corresponder ao am0r do eu lírico.
de dões; e ficareis em toda a arte
convosco só, que é só ser inumana.

Séc. XII a XIV Séc. XV Séc. XVI

Trovadorismo Humanismo Classicismo

Era Média – Idade Média Era Clássica

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• Imitação dos Clássicos (gregos e romanos);


• Retomada da mitologia pagã;
• Ideal de perfeição formal;
• Racionalismo: equilíbrio entre razão e emoção;
• Impessoalidade;
• Universalismo;
• Valores ideais do Bem, da Beleza e da Verdade;
• Amor platônico. Por ser idealizado o amor nunca seria
consolidado.
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1527 – Retorno de Francisco de Sá Miranda à Portugal.


Junto com a concepção de arte como imitação da vida, Sá de
Miranda introduz em Portugal novas formas literárias. Entre
elas o dolce stil nuovo (doce estilo novo), que é o soneto.
A principal inovação se da na substituição dos tradicionais
versos rendondilhos, chamados pelos renascentistas de
medida velha, pela chamada medida nova, versos de dez
sílabas poéticas.

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Camões é considerado o maior poeta renascentista português e


uma das mais expressivas vozes de nossa língua.
Serviu como militar no norte da África, onde, perde o olho
direito. Foi preso por ferir um funcionário do paço.
Embarca para o oriente e mora em vários países por 17 anos,
tendo vivido inclusive em Macau.
Só retorna à Portugal em 1570, após a morte de D. João III, já
com Os lusíadas terminado. Em 1572 é publicada a primeira edição
do poema. Morre na miséria em 1580.

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Sua obra é composta de poesias líricas, uma poesia


épica, três peças para o teatro e algumas cartas. Entretanto
a s obras mais importantes são sua lírica e sua épica.

Lírica camoniana
Camões produziu tanto em medida velha como em
medida nova.
Assim, essas influências aparecem misturadas, fundidas,
resultando daí uma obra típica do século XVI.

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CANTIGAS ALHEIAS Esta cantiga ainda guarda


características das cantigas
Na fonte está Lianor
trovadorescas.
lavando a talha e chorando,
Permanece a mesma temática
às amigas perguntando:
das cantigas de amigo, só que
-Vistes lá o meu amor?
agora escrita em 3ª pessoa, ou
Posto o pensamento nele, seja, o poeta não mais escreve
porque a tudo o Amor a obriga, colocando-se no lugar da mulher,
cantava; mas a cantiga mas escreve sobre a mulher
eram suspiros por ele. angustiada esperando seu
Nisto estava Lianor namorado.
o seu desejo enganando, Mantém a medida velha, ou
às amigas perguntando: seja redondilha maior.
-Vistes lá o meu amor?

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Os temas mais importantes são o neoplatonismo amoroso, a reflexão


filosófica (sobre os desconcertos do mundo) e a natureza (confidente do
amante que sofre).

A lírica amorosa está ligada à concepção platônica de amor. Isso quer


dizer que para Camões, o Amor é um ideal superior. Mas como somos
seres imperfeitos, incapazes de atingirmos esse ideal. Resta-nos o amor
físico, simples imitação do Amor ideal. A constante tensão entre esses
dois pólos gera toda a angústia e insatisfação da alma humana.
A mulher, objeto do desejo, também ela um ser imperfeito, é
espiritualizada em suas poesias, tornando-se a imagem da Mulher ideal.

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Transforma-se o amador na cousa amada,


Por virtude do muito imaginar;
Não tenho logo mais que desejar,
Pois em mim tenho a parte desejada. Nas duas primeiras estrofes a realização
amorosa se dá pela imaginação. Não é preciso
Se nela está minha alma transformada,
ter a pessoa amada fisicamente, o eu lírico
Que mais deseja o corpo de alcançar?
Em si somente pode descansar, funde-se na pessoa amada, dessa forma, já a
Pois consigo tal alma está liada. tem.
Nas duas últimas estrofes abandona o
Mas esta linda e pura semideia, neoplatonismo e, com uma comparação,
Que, como o acidente em seu sujeito, manifesta seu desejo físico pela mulher amada.
Assim co'a alma minha se conforma, Do mesmo modo como toda matéria busca
uma forma, o seu amor puro, amor ideia , busca
Está no pensamento como ideia;
[E] o vivo e puro amor de que sou feito, o objeto desse amor, ou seja a mulher real.
Como matéria simples busca a forma.

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Esse foi um dos temas que mais perturbaram o


poeta português; está presente nos poemas que
tratam das injustiças, do prêmio aos maus e do
castigo aos bons; da ambição e da tentativa de
guardar bens que acabam no nada da morte; dos
sofrimentos constantes que aniquilam as prováveis
conquistas; enfim, de um conflito violento entre o
ser e o dever ser.
Disso resulta sua visão extremamente pessimista
da vida.

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Ao desconcerto do mundo
Os bons vi sempre passar O poema ao lado
No mundo graves tormentos; manifesta claramente o
E para mais me espantar, inconformismo do poeta
Os maus vi sempre nadar em relação ao mundo
Em mar de contentamentos. que premia os maus e
Cuidando alcançar assim castiga os bons.
O bem tão mal ordenado, Esse é o desconcerto do
Fui mau, mas fui castigado: mundo, exemplificado por
Assim que, só para mim essasredondilhas.
Anda o mundo concertado.

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Publicada em 1572, narra os feitios heróicos dos portugueses que,


em 1498, se lançaram ao mar, numa época em que ainda se
acreditava em monstros marinhos e abismo. Liderados por Vasco da
Gama, os lusos (daí o nome da obra) ultrapassaram os limites
marítimos conhecidos – cabo das Tormentas – e chegaram até
Calicute, na Índia.
Ao mesmo tempo que se volta para fatos históricos relativamente
recentes, as aventuras de viagens também são pretexto para narrar
a própria história de Portugal.
Como epopeia, a obra segue a estrutura própria do gênero.

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Seguindo as tendências de recuperação dos ideais clássicos ,


Camões adota a estrutura de composição das epopeias greco-
latinas. Assim, divide o poema em cinco partes: proposição,
invocação, dedicatória, narração e epílogo.
O herói, diferentemente de seus modelos clássicos, é todo o
povo português, que é celebrado coletivamente por todas suas
conquistas.

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As armas e os barões assinalados,


Que da ocidental praia Lusitana,
Por mares nunca de antes navegados,
Passaram ainda além da Taprobana,
Em perigos e guerras esforçados,
Mais do que prometia a força humana,
E entre gente remota edificaram
Novo Reino, que tanto sublimaram;
E também as memórias gloriosas
Daqueles Reis, que foram dilatando
A Fé, o Império, e as terras viciosas
De África e de Ásia andaram devastando;
E aqueles, que por obras valerosas
Se vão da lei da morte libertando;
Cantando espalharei por toda parte,
Se a tanto me ajudar o engenho e arte.

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Se o meu talento e a minha capacidade de


escrever forem suficientes, espalharei por
toda parte os feitos dos barões importantes
que partiram da praia ocidental de Lisboa e
passaram por mares nunca antes navegados
até chegarem além da Taprobana. E também
espalharei as glórias imortais dos reis que
foram expandindo a fé e o império para terras
da África e Ásia que não eram cristãs.

Lusíadas I Lusíadas II Lusíadas III

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