Você está na página 1de 19

TODAS AS CARTAS

DE AMOR SÃO
RIDÍCULAS
Álvaro de Campos - Fernando Pessoa
Conteúdos

01 Fernando Pessoa 02 Álvaro de Campos

03 Poema
04 Conclusão
01
Fernando
Pessoa
Fernando Pessoa
É um dos mais importantes escritores portugueses do modernismo
e poetas de língua portuguesa.

Destacou-se na poesia, com a criação dos seus heterônimos, sendo


Ricardo Reis, Alberto Caeiro e Álvaro de Campos uns dos mais
importantes e trabalhou como crítico literário, crítico político,
editor, jornalista, publicitário, empresário e astrólogo.

Desenvolveu algumas temáticas ao longo da sua escrita como o


fingimento artístico, a dor de pensar, o sonho e a realidade e a
nostalgia da infância.
Álvaro de
Campos 02
Álvaro de Campos
Foi criado em 1915 em Tavira e, segundo o seu criador, Fernando Pessoa,
nasceu a 15 de outubro de 1890. Fez engenharia mecânica e naval na
Universidade de Glasgow, na Escócia, no entanto, não exerceu a profissão
por não poder suportar viver confinado em escritórios.

É o poeta da modernidade e vive as ideologias do século XX, vendo o


mundo com a inteligência concreta de um homem dominado pela
máquina.

A poesia de Álvaro de Campos apresenta características como traços


modernistas, marcas futurísticas, culto à máquina, sensacionismo
(valorização das emoções ), acentuada emoção, linguagem agressiva,
melancolia, desencanto perante a modernidade, versos soltos e livres.
01
Poema
Todas as cartas de amor são ridículas Quem me dera no tempo em que escrevia
Sem dar por isso
Todas as cartas de amor são Cartas de amor
Ridículas. Ridículas.
Não seriam cartas de amor se não fossem
Ridículas. A verdade é que hoje
As minhas memórias
Também escrevi em meu tempo cartas de amor, Dessas cartas de amor
Como as outras, É que são
Ridículas. Ridículas.

As cartas de amor, se há amor, (Todas as palavras esdrúxulas,


Têm de ser Como os sentimentos esdrúxulos,
Ridículas. São naturalmente
Ridículas.)
Mas, afinal,
Só as criaturas que nunca escreveram
Cartas de amor
É que são
Ridículas.
Análise do poema
Podemos verificar que estamos perante um poema modernista devido à sua
liberdade formal: estrofes e métrica irregulares, ausência de rimas e vocabulário
próximo de uma linguagem informal.

Álvaro de Campos utiliza termos que não eram comuns na poesia, refletindo o seu
ponto de vista sobre a temática do amor.

O que mais se destaca neste poema é a repetição da palavra “Ridículas” e da


expressão “cartas de amor” ao longo de toda a composição, mostrando assim
presente o recurso expressivo anáfora, como se o “eu” poético não só estivesse a
tentar reforçar uma ideia mas também a convencer a si próprio de que elas são
ridículas, como se precisasse de acreditar nisso.
Primeira estrofe
Os primeiros versos constituem uma quadra e ditam um facto,
na visão do “eu” poético, as cartas de amor são, por natureza,
ridículas.

Esta estrofe deixa-nos a impressão de que será um poema que Todas as cartas de amor são
consiste na desvalorização das cartas de amor ou do amor em Ridículas.
Não seriam cartas de amor se não fossem
si.
Ridículas.
Nos dois primeiros versos está presente uma personificação,
que é a atribuição de características humanas a seres não
humanos.
Segunda estrofe

Na segunda estrofe, um terceto, o sujeito inclui-se na


matéria e confessa que, no passado também já escreveu
cartas assim e que, olhando para trás, ele percebe que as Também escrevi em meu tempo cartas de amor,
suas declarações de amor eram tão ridículas quanto as Como as outras,
outras, mostrando isso através de uma comparação. Ridículas.
Terceira estrofe

Retomando a sua teoria, na terceira estrofe, mais uma vez um


terceto, o sujeito explica que, quando existe um amor As cartas de amor, se há amor,
verdadeiro, é impossível contornar esse tom exageradamente Têm de ser
sentimental. Ridículas.
Quarta estrofe

É nesta quintilha que conseguimos entender o verdadeiro


sentido do poema. Mas, afinal,
Só as criaturas que nunca escreveram
Cartas de amor
Aqui, o sujeito conclui que ridículas são as pessoas que nunca
É que são
expressaram as suas emoções de uma maneira tão simples
Ridículas.
como cartas.
Quinta estrofe

Nesta estrofe, uma quadra, ele assume as saudades que tem


desses tempos, lembrando-os com nostalgia.
Quem me dera no tempo em que escrevia
Sem dar por isso
Na época em que escrevia cartas de amor, o poeta não tinha
Cartas de amor
consciência de que as mesmas eram ridículas perante o olhar Ridículas.
dos outros.
Sexta estrofe

A sexta estrofe é uma quintilha, onde o sujeito poético A verdade é que hoje
aparenta ter vergonha daquilo que antes escreveu e reconhece As minhas memórias
que o que é verdadeiramente ridículo é o modo como recorda Dessas cartas de amor
tudo isso. É que são
Ridículas.
Sétima estrofe

Na última estrofe, uma quadra, o poeta utiliza o recurso (Todas as palavras esdrúxulas,
expressivo comparação, para reforçar tudo o que disse ao Como os sentimentos esdrúxulos,
longo do poema, através de um tom mais confessional. São naturalmente
Ridículas.)
Conclusão
04
Conclusão
Na minha opinião, com este poema, o poeta quis mostrar
que as cartas de amor podem provocar estranheza para
quem lê, mas que, no entanto, amar também pode
representar uma certa perda da racionalidade.

Todos os sentimentos, assim como as palavras que usamos


para expressá-los, podem parecer bizarros para quem está
em volta.
Curiosidade:
Pessoa realmente escreveu muitas cartas de amor para Ofélia
Queiroz, a única namorada de que existe conhecimento.

Em 1920, ele começou a trocar correspondências com a


jovem, enviando dezenas de bilhetes românticos que hoje se
encontram publicados.

Você também pode gostar