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APOSTILA

• Origens da Literatura em Língua Portuguesa: Trovadorismo

Apostila 002 LITERATURA Prof.: MANOEL JR. Série: 1º ANO Data: 201__

Aluno(a):

A mentalidade da época baseada no antropocentrismo


serviu como base para a estrutura da cantiga de amigo,
em que o amor espiritual e inatingível é retratado. As
cantigas, primeiramente destinadas ao canto, foram
São admitidas quatro teses fundamentais para explicar a depois manuscritas em cadernos de apontamentos, que
origem dessa poesia: a tese arábica, que considera a mais tarde foram postas em coletâneas de canções
cultura arábica como sua velha raiz; a tese folclórica, que chamadas Cancioneiros (livros que reuniam grande
a julga criada pelo próprio povo; a tese médio-latinista, número de trovas). São conhecidos três Cancioneiros
segundo a qual essa poesia teria origem na literatura galego-portugueses: o "Cancioneiro da Ajuda", o
latina produzida durante a Idade Média; e, por fim, a "Cancioneiro da Biblioteca Nacional de Lisboa" (Colocci-
tese litúrgica, que a considera fruto da poesia litúrgico- Brancutti) e o "Cancioneiro da Vaticana". Além disso, há
cristã elaborada na mesma época. Todavia, nenhuma das um quarto livro de cantigas dedicadas à Virgem Maria
teses citadas é suficiente em si mesma, deixando-nos na pelo rei Afonso X, o sábio. Surgiram também os textos
posição de aceitá-las conjuntamente, a fim de melhor em prosa de cronistas como Rui de Pina, Fernão Lopes e
abarcar os aspectos constantes dessa poesia. A mais Eanes de Azurara e as novelas de cavalaria, como “A
antiga manifestação literária galego-portuguesa que se Demanda do Santo Graal”.
pode datar é a “cantiga da Ribeirinha” ou “cantiga da
Guarvaia” – por ter sido dedicada à Dona Maria Paes
Ribeiro, a ribeirinha – composta por Paio Soares de
Taveirós, provavelmente por volta do ano 1189 ou 1198. Com base na maioria das cantigas reunidas nos
Por essa cantiga ser a mais antiga datável (por conter cancioneiros podemos, classificá-las da seguinte forma
dados históricos precisos), convém datar daí o início do
Lírica medieval galego-portuguesa. De 1200, a Lírica Gênero lírico
galego-portuguesa se estende até meados do Século
• - Cantigas de amor
XIV, sendo usual referir como termo o ano de 1350, data
• - Cantigas de amigo
do testamento do Conde D. Pedro de Barcelos, filho
primogênito bastardo de D. Dinis, ele próprio trovador e Gênero satírico
provável compilador das cantigas (no testamento, D.
Pedro lega um "Livro das Cantigas" a seu sobrinho, D. • - Cantigas de escárnio
Afonso XI de Castela). • - Cantigas de maldizer
A CANTIGA DE AMOR

O cavalheiro se dirige à mulher amada como uma figura


idealizada, distante. O poeta, na posição de fiel vassalo,
se põe a serviço de sua senhora, dama da corte,
tornando esse amor um objeto de sonho, distante,
impossível. Neste tipo de cantiga, originária de Provença,
no Sul de França, o eu-lírico é masculino e sofredor. Sua
amada é chamada de senhor (as palavras terminadas em
-or como senhor ou pastor, em galego-português não
tinham feminino). Canta as qualidades de seu amor, a
"minha senhor", a quem ele trata como superior
revelando sua condição hierárquica. Ele canta a dor de
amar e está sempre acometido da "coita", palavra
frequente nas cantigas de amor que significa "sofrimento
Trovadores eram aqueles que compunham as poesias e por amor". É à sua amada que se submete e "presta
as melodias que as acompanhavam, e cantigas são as serviço", por isso espera benefício (referido como o bem
poesias cantadas. A designação "trovador" aplicava-se nas trovas).
aos autores de origem nobre, sendo que os autores de
origem vilã tinham o nome de Jogral, termo que Essa relação amorosa vertical é chamada "vassalagem
designava igualmente o seu estatuto de profissional (em amorosa", pois reproduz as relações dos vassalos com os
contraste com o trovador). Ainda que seja coerente a seus senhores feudais. Sua estrutura é mais sofisticada.
afirmação de que quem tocava e cantava as poesias Existem dois tipos de cantigas de amor: as de refrão e as
eram os jograis, é muito possível que a maioria dos de mestria, que não tem refrão.
trovadores interpretasse igualmente as suas próprias
composições.
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Exemplo de lírica galego-portuguesa: CARACTERÍSTICAS
"A dona que eu am'e tenho por Senhor - Eu lírico feminino;
amostrade-mh-a Deus, se vos en prazer for,
se non dade-mh-a morte. - Tratamento dado ao namorado: amigo;
A que tenh'eu por lume d'estes olhos meus
e porque choran sempr(e) amostrade-mh-a Deus, - Expressão da vida campesina e urbana;
se non dade-mh-a morte.
- Amor realizado ou possível sofrimento amoroso;
Essa que Vós fezestes melhor parecer
de quantas sei, ay Deus, fazede-mh-a veer, - Simplicidade - pequenos quadros sentimentais;
se non dade-mh-a morte.
Ay Deus, que mh-a fezestes mais ca min amar, - Paralelismo e refrão;
mostrade-mh-a hu possa con ela falar,
se non dade-mh-a morte." - Origem popular e autóctone (isto é, na própria Pen.
Ibérica).
Bernal de Bonaval
A CANTIGA DE ESCÁRNIO
CARACTERÍSTICAS
Na cantiga de escárnio, o eu-lírico faz uma sátira a
- Eu lírico masculino; alguma pessoa. Essa sátira era indireta, cheia de duplos
sentidos. As cantigas de escárnio (ou "de escarnho", na
- Tratamento dando à mulher: mia senhor;
grafia da época) definem-se, pois, como sendo aquelas
- Expressão da vida da corte; feitas pelos trovadores para dizer mal de alguém, por
meio de ambigüidades, trocadilhos e jogos semânticos,
- Convenções do amor cortês: num processo que os trovadores chamavam "equívoco".
a) Idealização da mulher; O cômico que caracteriza essas cantigas é
b) Vassalagem amorosa; predominantemente verbal, dependente, portanto, do
c) Expressão da coita. emprego de recursos retóricos. A cantiga de escárnio
- Origem provençal. exigindo unicamente a alusão indireta e velada, para que
o destinatário não seja reconhecido, estimula a
A CANTIGA DE AMIGO imaginação do poeta e sugere-lhe uma expressão
irônica, embora, por vezes, bastante mordaz.
São cantigas de origem popular, com marcas evidentes
da literatura oral (reiterações, paralelismo, refrão, Exemplo de cantiga
estribilho), recursos esses próprios dos textos para
serem cantados e que propiciam facilidade na "Ai dona fea! Foste-vos queixar
memorização. Esses recursos são utilizados, ainda hoje, Que vos nunca louv'en meu trobar
nas canções populares. Este tipo de cantiga, que não Mais ora quero fazer un cantar
surgiu em Provença como as outras, teve suas origens En que vos loarei toda via;
na Península Ibérica. Nela, o eu-lírico é uma mulher E vedes como vos quero loar:
(mas o autor era masculino, devido à sociedade feudal e Dona fea, velha e sandia!
o restrito acesso ao conhecimento da época), que canta Ai dona fea! Se Deus mi pardon!
seu amor pelo amigo (amigo = namorado), muitas vezes E pois havedes tan gran coraçon
em ambiente natural, e muitas vezes também em Que vos eu loe en esta razon,
diálogo com sua mãe ou suas amigas. A figura feminina Vos quero já loar toda via;
que as cantigas de amigo desenham é, pois, a da jovem E vedes qual será a loaçon:
que se inicia no universo do amor, por vezes lamentando Dona fea, velha e sandia!
a ausência do amado, por vezes cantando a sua alegria Dona fea, nunca vos eu loei
pelo próximo encontro. Outra diferença da cantiga de En meu trobar, pero muito trobei;
amigo, é que nela não há a relação Suserano x Vassalo, Mais ora já en bom cantar farei
ela é uma mulher do povo. Muitas vezes tal cantiga En que vos loarei toda via;
também revelava a tristeza da mulher, pela ida de seu E direi-vos como vos loarei:
amor à guerra. Dona fea, velha e sandia!"
João Garcia de Guilhade
Exemplo (de D. Dinis) CARACTERÍSTICAS
"Ai flores, ai flores do verde pino,
se sabedes novas do meu amigo! - Indiretas;
ai Deus, e u é? - Uso da ironia e do equívoco.
Ai flores, ai flores do verde ramo,
se sabedes novas do meu amado! A CANTIGA DE MALDIZER
ai Deus, e u é?
Se sabedes novas do meu amigo, Ao contrário da cantiga de escárnio, a cantiga de
aquel que mentiu do que pôs comigo! maldizer traz uma sátira direta e sem duplos sentidos. É
ai Deus, e u é? comum a agressão verbal à pessoa satirizada, e muitas
Se sabedes novas do meu amado, vezes, são utilizados até palavrões. O nome da pessoa
aquel que mentiu do que mi há jurado! satirizada pode ou não ser revelado (depende da
ai Deus, e u é?" intenção do poeta).
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Conheceis uma donzela
por quem trovei e a que um dia
chamei de Dona Beringela?
nunca tamanha porfia 01 – A respeito do Trovadorismo português, assinale V
vi nem mais disparatada. ou F.
Agora que está casada
chamam-lhe Dona Maria. 00 - A “Cantiga da Ribeirinha” costuma ser indicada
como o primeiro documento literário português e seu
Algo me traz enjoado,
autor é o trovador Paio Soares de Taveirós.
assim o céu me defenda:
um que está a bom recato
11 - Dá-se o nome de satíricas às cantigas que
(negra morte o surpreenda
procuram ridicularizar alguém.
e o Demônio cedo o tome!)
quis chamá-la pelo nome
e chamou-lhe Dona Ousenda. 22 - Nas cantigas de maldizer, jamais se utilizavam
termos vulgares ou palavras de baixo calão.
Pois que se tem por formosa
quanto mais achar-se pode, 33 - Nas cantigas de amor, são freqüentes os elementos
pela Virgem gloriosa! descritivos, com o trovador se referindo sempre a
um homem que cheira a bode ambientes familiares e campestres.
e cedo morra na forca
quando lhe cerrava a boca 44 - O idioma empregado na composição das cantigas
chamou-lhe Dona Gondrode. trovadorescas era o galego - português, o que refletia a
Dom Afonso Sanches unidade linguística entre as regiões da Galícia e Portugal.

Este texto é enquadrado como cantiga de maldizer já que 02 – Assinale V ou F:


a sátira é direta (apesar de não citar o nome da pessoa
especifica). Mas, se o nome fosse citado ela seria uma 00 - As poesias trovadorescas receberam o nome de
Cantiga de Maldizer do mesmo jeito, pois contém todas cantigas porque foram feitas para serem cantadas.
as características diretas como sátira da "Dona". Existe a
suposição que Joan Garcia escreveu a cantiga anterior a 11 - Muitas cantigas do período trovadoresco foram
uma senhora que reclamava por ele não ter escrito nada reunidas em livros ou coletâneas que receberam o nome
em homenagem a ela. Joan Garcia de tanto ouvi-la dizer, de cancioneiros.
teria produzido a cantiga.
22 - As cantigas de amor originaram-se na região da
CARACTERÍSTICAS Provença e, de feições aristocráticas, penetraram as
cortes da Península Ibérica.
- Diretas, sem equívocos;
33 - Nas cantigas de amor são freqüentes os elementos
- Intenção difamatória; descritivos, com o trovador se referindo sempre a
- Palavrões e xingamentos. ambientes familiares e campestres.

Na trova lírica galego-portuguesa destacam-se: 44 - A distância que se observa entre o trovador e a


dama nas cantigas de amor reflete as regras de conduta
• Afonso Sanches social da aristocracia.
• Aires Corpancho
• Aires Nunes 03 – Assinale V ou F.

• Bernardo Bonaval
00 - As novelas de cavalaria constituem a prosificação
• Dom Dinis das canções de gesta.
• D. Pedro, Conde de Barcelos
11 - As novelas de cavalaria podem ser consideradas
• João Garcia de Guilhade
reproduções fiéis da vida dos cavaleiros medievais.
• João Soares de Paiva ou João Soares de Pávia
• João Zorro 22 - Esse tipo de ficção em prosa foi escrito em
linguagem vulgar, o que contribuiu muito para a sua
• Paio Gomes Charinho
popularidade.
• Paio Soares de Taveirós (Cantiga da Garvaia)
• Meendinho 33 - As traduções das novelas nas diversas cortes da
Europa sofreram adaptações em função das diferenças
• Martim Codax
do ambiente sócio-cultural.
• Nuno Fernandes Torneol
• Guilherme IX, Duque da Aquitânia 44 - Os valores religiosos cristãos são mais evidentes
em “A Demanda do Santo Graal” do que em “Amadis de
• Pedro III de Aragão
Gaula”.

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04 – Assinale V ou F. 07 – Considere o texto abaixo e, após, assinale V ou F.

00 - Ao agrupamento das novelas de cavalaria em torno "Na Idade Média, a escolha reside, em princípio, apenas
de um assunto comum dá-se o nome de ciclo. entre Deus e o mundo, entre o desprezo e a aceitação
veemente, com perigo para a alma de cada um, de tudo
11 - “Amadis de Gaula” é a única novela de cavalaria o que constitui a beleza e o encanto da vida terrena.
criada na própria Península Ibérica. As demais são todas
traduções de originais franceses ou ingleses. Toda a beleza terrestre traz consigo a marca do pecado.
Mesmo quando a arte e a piedade conseguiram santificá-
22 - O amor cortês das cantigas de amor está presente la, colocando-a ao serviço da religião, o artista ou o
também nas novelas de cavalaria. amador de arte tinha de tomar cuidado e não se deixar
dominar pelos encantos da linha e da cor. Por
33 - Pode-se dizer que as novelas representam a conseqüência toda a vida nobre estava, nas suas
idealização da vida aristocrática da época medieval. manifestações essenciais, cheia de uma beleza
manchada pelo pecado. Os exercícios de cavalaria e
44 - A Obra “D. Quixote”, de Miguel de Cervantes, já modas cortesãs com a sua adoração de força corporal; as
nos apresenta uma época em que os ideais cavaleirescos honras e as dignidades com as suas vaidades e pompas,
são vistos como ultrapassados e anacrônicos. e especialmente o amor - o que era isso senão orgulho,
inveja, avareza e luxúria, tudo condenado pela religião.
Leia a cantiga abaixo para responder às questões
Para serem admitidas como elementos da mais alta
05 e 06.
cultura, todas essas coisas teriam de ser enobrecidas e
BARCAROLA elevadas à categoria de virtudes".
Ondas do mar de Vigo,
(J. Huizinga, O Declínio da Idade
se vistes meu amigo! Média, São Paulo: Verbo - Edusp,
E ai, Deus, se verrá cedo! 978, p. 39)
Ondas do mar levado,
Se vistes meu amado! 00 - Para a mentalidade medieval, as belezas terrenas e
E ai, Deus, se verrá cedo! o mundo divino eram incompatíveis.

Se vistes meu amigo, 11 - Pelo texto, percebe-se que o autor ressalta o


o por que eu suspiro! caráter teocêntrico da vida medieval.
E ai, Deus, se verrá cedo!
Se vistes meu amado, 22 - A arte deixou de ser considerada atividade
o por que ei gran cuidado! pecadora quando colocou sua técnica a serviço da
E ai, Deus, se verrá cedo! religião.
Martim Codax
33 - A vida nobre, com suas manifestações de
05 – Assinale V ou F. ostentação e luxo, estava radicalmente marcada pelo
pecado.
00 - Trata-se de uma cantiga de amigo.

11 - O refrão que se repete no final de cada estrofe 44 - O autor procurou mostrar como as características
interrompe a seqüência das mesmas e sugere a culturais de certa sociedade ou de certo momento
existência primitiva de um coro, que o cantaria após histórico influenciam a maneira de encarar as atividades
cada estrofe, numa espécie de diálogo com a solista. humanas, valorizando-as ou não.

22 - O autor realça a religiosidade do espírito da mulher 08 – Assinale V ou F.


no refrão.
00 - No Trovadorismo, a Literatura Portuguesa apoiou-
33 - A cantiga apresenta variedade vocabular. se, exclusivamente na tradição oral do povo.

44 - Alguns versos são retomados inteiramente pelo 11 - No Trovadorismo, a Literatura Portuguesa apoiou-
trovador, enquanto outros o são apenas com ligeiras se, exclusivamente, na influência dos trovadores de
modificações. Provença.
06 – Assinale V ou F.
22 - O desenvolvimento da poesia é mais significativo
00 - A cantiga foi criada por uma mulher. que o da prosa na Era Medieval, pois a poesia apoiava-se
na música, na tradição pré-literária.
11 - "Verrá" tem o significado de verá.

22 - É uma cantiga com estrutura paralelística, pois não 33 - As cantigas eram escritas e cantadas no idioma
há variações na expressão dos sentimentos. galaico-português, comum à Galiza e Portugal.

33 - Os versos repetem-se com pequenas alterações de 44 - A prosa, nos Séculos XII a XIV, foi principalmente
rima, mas não alteram o significado real. documental, com exceção das novelas de cavalaria.

44 - O 'eu-lírico' é feminino. 09 – Assinale a afirmação falsa sobre as cantigas de


escárnio e maldizer:
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a) A principal diferença entre as duas modalidades nenhuma delas é suficiente para explicar a origem, visto
satíricas está na identificação ou não da pessoa atingida. que cada uma abarca apenas um ângulo da explicação.

b) O elemento das cantigas de escárnio não é temático, 11 - A “nova moda poética” entrou em Portugal pelo sul
nem está na condição de se omitir a identidade do da França, segundo o texto, através do “caminho
ofendido. A distinção está no retórico do “equívoco”, da francês” aberto nos Pirineus.
ambigüidade e da ironia, ausentes na cantiga de
maldizer. 22 - A melhor interpretação para a origem da poesia
trovadoresca é a que diz que a manifestação artística
c) Os alvos prediletos das cantigas satíricas eram os originou-se popularmente em território português.
comportamentos sexuais (homossexualidade, adultério,
padres e freiras libidinosos), as mulheres (soldadeiras, 33 - Para entendermos a origem da poesia trovadoresca
prostitutas, alcoviteiras e dissimuladas), os próprios é necessário que consideremos os aspectos contrastantes
poetas (trovadores e jograis eram freqüentemente das quatro teses de que fala o autor do texto.
ridicularizados), a avareza, a corrupção e a própria arte
44 - Em Portugal, segundo o texto, no Século XII, havia
de trovar.
um grande centro de atividade lírica, mercê das
d) As cantigas satíricas perfazem cerca de uma quarta condições de luxo e fausto oferecidas aos artistas pelos
parte da poesia contida nos cancioneiros galego- senhores feudais.
portugueses. Isso revela que a liberdade da linguagem e
a ausência de preconceito ou censura (institucional, 11 (Alexandre Santos 2004) – Julgue as afirmações:
estética ou pessoal) eram componentes da vida literária 00 - Nas cantigas de amor, o trovador fala das emoções
no período trovadoresco, antes de a repressão
do “eu” masculino, assumindo o ideal do amor cortês.
inquisitorial atirá-las à clandestinidade.
11 - Nas cantigas de amor, note-se, é a experiência de
e) Algumas composições satíricas do Cancioneiro Geral e
sonhar com uma mulher inacessível e quanto mais ela
algumas cenas dos autos gilvicentinos revelam a
for inatingível, mais ela é símbolo da perfeição e da
sobrevivência, já bastante atenuada, da linguagem livre
pureza.
e da violência verbal dos antigos trovadores.
22 - O paralelismo e o refrão são típicos das cantigas
10 (Alexandre Santos 2004) – Julgue as afirmações, trovadorescas, mas aparecem principalmente nas
considerando o texto a seguir: cantigas de amigo.
“(...) A origem remota dessa poesia constitui ainda 33 - As cantigas de Amor caracterizam-se pelo fato de o
assunto controvertido; admitem-se quatro fundamentais trovador cantar a realidade da mulher: o “eu” feminino
teses para explicá-la: a tese arábica, que considera a exterioriza suas emoções, aflições, expectativas,
cultura arábica como sua velha raiz; a tese folclórica, que encontros, desencontros...
a julga criada pelo povo; a tese médio-latinista, segundo
a qual essa poesia ter-se-ía originado da literatura latina 44 - As cantigas de escárnio individualizam uma pessoa
produzida durante a Idade Média; a tese litúrgica satirizada, valendo-se de linguagem de baixo calão.
considera-a fruto da poesia litúrgico-cristã elaborada na
mesma época. Nenhuma delas é suficente, de per si, ATENÇÃO: PARA RESPONDER AS DUAS PRÓXIMAS
para resolver o problema, tal a sua unilateralidade. QUESTÕES LEIA OS TRECHOS A SEGUIR.
Temos de apelar para todas, ecleticamente, a fim de
abarcar a multidão de aspectos contrastantes TEXTO I
apresentada pela primeira floração da poesia medieval. Enquanto Deus me der vida,
viverei triste e coitada,
Todavia, é da Provença que vem o influxo próximo. porque se foi meu amigo,
Aquela região meridional da França tornara-se no século e disso fui a culpada,
XI um grande centro de atividade lírica, mercê das pois que me zanguei com ele
condições de luxo e fausto oferecidas aos artistas pelos quando daqui se partia:
senhores feudais. As Cruzadas, compelindo os fiéis a por Deus, se agira voltasse,
procurar Lisboa como porto mais próximo para embarcar muito alegre eu ficaria.
com destino a Jerusalém, propiciaram a movimentação
duma fauna humana mais ou menos parasitária, em TEXTO II
meio à qual iam os jograis. Estes, penetrando pelo Senhora minha, desde que vos vi,
chamado “caminho francês” aberto nos Pirineus, lutei para ocultar esta paixão
introduziram em Portugal a nova moda poética. que me tomou inteiro o coração;
mas não o posso mais e decidi
Fácil foi sua adaptação à realidade portuguesa, graças a que saibam todos o meu grande amor,
ter encontrado um ambiente favoravelmente predisposto, a tristeza que tenho, a imensa dor
formado por uma espécie de poesia popular de velha que sofro desde o dia em que vos vi.
tradição. A íntima fusão de ambas as correntes ( a
provençal e a popular ) explicaria o caráter próprio TEXTO III
assumido pelo trovadorismo em terras portuguesas”. Conheceis uma donzela
por quem trovei e a que um dia
(Massaud Moisés, in Literatura Portuguesa) chamei de Dona Beringela?
nunca tamanha porfia
00 - Não obstante serem admitidas quatro teses para
vi nem mais disparatada.
explicação da origem das cantigas trovadorescas,
Agora que está casada
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chamam-lhe Dona Maria.
12 (Alexandre Santos 2005) –

00 - Em apenas uma cantiga acima podemos perceber a


concepção platônica do amor.

11 - As cantigas acima já apresentam uma nítida


elaboração artística, em que já se percebem rimas,
estrofes e metrificação.

22 - A leitura do texto III permite-nos inferir que se


trata de uma cantiga de escárnio

33 - A leitura do texto II permite-nos afirmar que se


trata de uma Cantiga de Amigo.

44 - A leitura do texto I permite-nos dizer que se trata


de uma Cantiga de Amor.

13 (Alexandre Santos 2005) – Julgue as afirmações:

00 - Nas Cantigas de Amor, quem fala é a mulher e não


o homem.

11 - Nas Cantigas de Amor, o trovador compõe a


cantiga, mas o ponto de vista é feminino, mostrando o
outro lado do relacionamento amoroso - o sofrimento da
mulher à espera do namorado, chamado "amigo".

22 - Os elementos da natureza estão sempre presentes


nas Cantigas de Amigo, além de pessoas do ambiente
familiar, evidenciando o caráter popular deste tipo de
cantiga.

33 - As Cantigas de Amor tratam, geralmente, de um


relacionamento amoroso, em que o trovador canta seu
amor a uma dama, normalmente de posição social
superior, inatingível.

44 - Refletindo a relação social de servidão, o trovador,


nas Cantigas de Amor, roga a dama que aceite sua
dedicação e submissão.

14 (Alexandre Santos 2005) – Assinale a alternativa


que apresenta uma característica da Cantiga de Amigo:
a) Amor do trovador pela mulher amada.
b) Mulher idealizada.
c) Contemplação platônica.
d) Uso de “meu senhor”.
e) Mulher concreta-real.

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