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POESIA TROVADORESCA

A poesia trovadoresca, ou poesia galego-portuguesa, é um vasto conjunto de textos poéticos


produzidos e divulgados pelos trovadores e jograis na península ibérica, nos primórdios da
nacionalidade, nos reinos de Portugal, de Leão (Galiza) e de Castela.
São textos com marcas de tradição oral, que na origem seriam acompanhados com música e
dança, e estão escritos em linguagem arcaica galaico-portuguesa.
A poesia trovadoresca subdivide-se em três categorias:
cantigas de amigo,
cantigas de amor e
cantigas de escárnio e maldizer.
As cantigas do período trovadoresco são textos marcados por afetos e emoções:
da donzela (C. amigo) – temática feminina ‒ e
do trovador (C. amor e na C. de Escárnio e Maldizer) ‒ temática masculina.

Chegaram até nós três coletâneas de poesias: o Cancioneiro da Vaticana, o Cancioneiro da


Biblioteca Nacional e o Cancioneiro da Ajuda, todos eles contendo composições que vão do
século XII ao século XIV.
Os trovadores mais famosos (os autores) foram o rei Afonso X de Castela e o rei D. Dinis de
Portugal.

* As cantigas de escárnio e maldizer são cantigas de voz masculina. Os trovadores usam-nas


para dizer mal de algo ou de alguém, usando a crítica e a sátira.
Nas cantigas de escárnio há uma crítica indireta, com ironia e ambiguidades que impedem a
clara referência a quem se dirigem;
Nas cantigas de maldizer há uma referência direta e clara ao objeto dessa crítica (uma
senhora, um nobre, um trovador)

As cantigas de amigo caracterizam-se pelo recurso em maior ou menor grau ao


paralelismo, que consiste na repetição da ideia expressa numa estrofe na estrofe
seguinte, formando pares, sendo cada uma delas encerrada por um refrão.

As cantigas paralelísticas perfeitas têm as seguintes características:

 Coplas de dois versos (dísticos), seguidos de refrão (um verso);


 As coplas organizam-se em pares, de tal modo que a copla par repete
integralmente as ideias expressas na copla ímpar anterior – paralelismo
semântico (1-2, 3-4, 5-6, ...);
 Utilização do leixa-prem — o 2º verso da copla 1 é o 1º verso da copla 3; o 2º
verso da copla 2 é o primeiro da copla 4, etc.

Uma cantiga paralelística perfeita obedece, portanto, ao seguinte esquema:

Verso A Verso B
Copla 1 Verso B Copla 3 Verso C
Refrão Refrão
1º par 2º par
Verso A' Verso B'
Copla 2 Verso B' Copla 4 Verso C'
Refrão Refrão
A cantiga de amor

É uma cantiga trovadoresca, de temática masculina. Tem claramente influência provençal. É


mais elaborada e retrata sentimentos amorosos, afetos e emoções do trovador em relação à
sua Senhor(a).

Reflete os sentimentos masculinos no elogio da figura feminina, no queixume pelo seu


desprezo, na vassalagem que lhe presta, no sofrimento (coita) que ela lhe provoca.

O ambiente é não rural e rústico mas o palaciano, da corte. A Senhor(a) é normalmente uma
mulher casada, comprometida, que não corresponde aos desejos do trovador. Por isso trata-se
de um jogo cortês, conhecido e tolerado socialmente.

Normalmente é uma cantiga sem paralelismo e sem leixa-pren. Poderá ter refrão ou não (de
mestria).

Usa outros recursos na sua elaboração: finda, atafinda, dobre, mordrobe …

CANTIGAS DE ESCÁRNIO E DE MALDIZER

São cantigas de voz masculina. Os trovadores usam-nas para dizer mal de algo ou de alguém,
usando a crítica e a sátira.

São cantigas que satirizam ou ridicularizam certos hábitos e costumes da corte, ou certas
personagens que a frequentam.

Nas cantigas de escárnio há uma crítica indireta, com ironia e ambiguidades que impedem a
clara referência a quem se dirigem; nas cantigas de maldizer há uma referência direta e clara
ao objeto dessa crítica, às vezes usando palavras ofensivas ou a difamação.

Em ambos os casos, a intenção é atingir os mesmos alvos: por exemplo, uma senhora
convencida, um nobre pelintra, um trovador sem inspiração, uma infidelidade descoberta,
etc…)

Estas cantigas podem recorrer às características formais comuns das cantigas de amigo e de
amor: De refrão ou de mestria, com ou sem com paralelismo, etc.

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