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Assinale a alternativa em que há dois registros da linguagem informal.

a) Eu tava triste ------------------------------- (1ª coluna)


De mandar flores ao delegado ------------- (3ª coluna)

b) Na hora que cai o pano -------------- (1ª coluna)


E desejar bom-dia -------------------(3ª coluna)

c) Tava mais bobo | que banda de rock ---------(1ª coluna)


Dizendo: | Nego, sinta-se feliz -----------------(2ª coluna)

d) Eu recebi um Telegrama --------- (2ª coluna)


Com uma vontade danada ------- (3ª coluna)

e) Que um palhaço | Do circo Vostok ------------------ (1ª coluna)


Porque no mundo | Tem alguém que diz ----------- (2ª coluna)

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Kamila Aiane Alves Silva - kamilaaiane@gmail.com - CPF: 038.372.351-57


Assinale a alternativa em que o pronome em destaque está empregado de acordo com o uso coloquial da língua.

a) só lhe dará tranquilidade.

b) Nem que a tristeza lhe consuma.

c) No entanto, aquele alguém, que goza de saúde.

d) No mais será tudo igual.

e) Não subestime a sua incapacidade.

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Examine a tira.

Bastante comum na fala coloquial, o modo de se empregar o pronome na fala da personagem – Maneiro
encontrar tu
! – também ocorre em:

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a) Aquele livro era para nós uma joia, pois tinha sido de nosso avô e de nosso pai.

b) Era uma situação embaraçosa e para eu me livrar dela seria bastante difícil mesmo.

c) Todos tinham certeza de que ela ofereceria para mim o primeiro pedaço de bolo.

d) Quando o pessoal chegou na frente do prédio, viu ali ele com a namorada nova.

e) A todos volto a afirmar que entre mim e ti não existem mais rancores nem tristezas.

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No último período do texto, a discrepância dos possessivos teu tua


e (segunda pessoa do singular) com relação ao
pronome de tratamento você (terceira pessoa do singular) justifica-se como

a) possibilidade permitida pelo novo sistema ortográfico da língua portuguesa.

b) um modo de escrever característico da linguagem jornalística.

c) emprego perfeitamente correto, segundo a gramática normativa.

d) aproveitamento estilístico de um uso do discurso coloquial.

e) intenção de agredir com mau discurso os donos da comunicação.

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V - O samba

À direita do terreiro, adumbra-se* na escuridão um maciço de construções, ao qual às vezes recortam no azul do céu os trêmulos
vislumbres das labaredas fustigadas pelo vento.
(...)
É aí o quartel ou quadrado da fazenda, nome que tem um grande pátio cercado de senzalas, às vezes com alpendrada corrida em
volta, e um ou dois portões que o fecham como praça d’armas.
Em torno da fogueira, já esbarrondada pelo chão, que ela cobriu de brasido e cinzas, dançam os pretos o samba com um frenesi
que toca o delírio. Não se descreve, nem se imagina esse desesperado saracoteio, no qual todo o corpo estremece, pula, sacode, gira,
bamboleia, como se quisesse desgrudar- se.
Tudo salta, até os crioulinhos que esperneiam no cangote das mães, ou se enrolam nas saias das aparigas. Os mais taludos viram
cambalhotas e pincham à guisa de sapos em roda do terreiro. Um desses corta jaca no espinhaço do pai, negro fornido, que não sabendo
mais como desconjuntar-se, atirou consigo ao chão e começou de rabanar como um peixe em seco. (...)

José de Alencar, Til.

(*) “adumbra-se” = delineia-se, esboça-se.

Para adequar a linguagem ao assunto, o autor lança mão também de um léxico popular, como atestam todas as
palavras listadas na alternativa

a) saracoteio, brasido, rabanar, senzalas.

b) esperneiam, senzalas, pincham, delírio.

c) saracoteio, rabanar, cangote, pincham.

d) fazenda, rabanar, cinzas, esperneiam.

e) delírio, cambalhotas, cangote, fazenda.

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Com relação ao texto acima, à obra Memórias Póstumas de Brás Cubas e a aspectos por eles suscitados, julgue os itens de
64 a 75 e assinale a opção correta no item 76, que é do tipo C.

No trecho “pendurou-se-me uma ideia no trapézio que eu tinha no cérebro” (L.2), a combinação dos pronomes
“se” e “me” exemplifica a variante padrão da língua portuguesa à época do texto. No que se refere ao português
contemporâneo, uma estrutura equivalente que manteria a ênfase no sujeito da oração e a correção gramatical
seria a seguinte: uma ideia pendurou-se no trapézio que eu tinha em meu cérebro.

Certo Errado

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Leia os dois textos.


Texto 1

O livro de língua portuguesa ‘Por uma Vida Melhor’, adotado pelo Ministério da Educação (MEC), contém alguns erros gramaticais. “Nós
pega o peixe” ou “os menino pega o peixe” são dois exemplos de erros. Na avaliação dos autores
do livro, o uso da língua popular, ainda que contendo erros, é válido. Os escritores também ressaltam que, caso deixem a norma culta, os
alunos podem sofrer “preconceito linguístico”. A autora Heloisa Ramos justifica o conteúdo da obra. “O importante é chamar a atenção para
o fato de que a ideia de correto e incorreto no uso da língua deve ser substituída pela ideia de uso da língua adequado e inadequado,
dependendo da situação comunicativa.”
(www.opiniaoenoticia.com.br. Adaptado.)

Texto 2

Ninguém de bom-senso discorda de que a expressão popular tem validade como forma de comunicação. Só que é preciso que se
reconheça que a língua culta reúne infinitamente mais qualidades e valores. Ela é a única que consegue produzir e traduzir os pensamentos
que circulam no mundo da filosofia, da literatura, das artes e das ciências. A linguagem popular a que alguns colegas meus se referem, por
sua vez, não apresenta vocabulário nem tampouco estatura gramatical que permitam desenvolver ideias de maior complexidade – tão caras
a uma sociedade que almeja evoluir. Por isso, é óbvio que não cabe às escolas ensiná-la.
(Evanildo Bechara. Veja, 01.06.2011. Adaptado.)

Assinale a alternativa correta acerca da relação entre linguagem popular e norma culta.

a) Os dois textos apresentam preocupação com a prática do preconceito linguístico sobre pessoas que se
expressam fora dos padrões cultos da língua portuguesa.

b) Os dois textos defendem ser possível expressar ideias filosóficas tanto em linguagem popular quanto
seguindo os padrões da norma culta.

c) Para Evanildo Bechara, não existem critérios que possam definir graus de superioridade ou
inferioridade entre linguagem popular e norma culta.

d) O texto 2 sugere que a norma culta é instrumento de dominação das elites burguesas sobre as
classes populares.

e) Para Evanildo Bechara, a norma culta é superior no que se refere à capacidade de expressão de ideias
complexas no campo cultural.

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Este é um trecho do conto A terceira margem do rio


, de João Guimarães Rosa. Neste trecho, o narrador descreve
o momento em que o pai, de posse de sua canoa, se despede da família.

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A variação linguística negritada nesse trecho do conto é responsável por

a) classifcar os personagens em duas categorias: os que sabem e os que não sabem usar os pronomes
em quaisquer situações.

b) destacar um importante aspecto da oralidade que é responsável pela construção do perfl da


personagem humilde e ingênua.

c) fornecer informações sobre o nível de escolaridade dos personagens, realçando, assim, a origem
humilde dos habitantes ribeirinhos.

d) indicar o nível de formalidade e de distanciamento da mãe em relação ao pai, pois o pronome varia do
menos ao mais formal.

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O parnasianismo, entre nós, foi especialmente uma reação de cultura. É mesmo isso que o torna simpático... As academias de arte,
algumas delas, até ridículas superfetações1 em nosso meio, como a de Belas Artes da Missão Lebreton, mesmo criadas muito anteriormente,
só nesse período começam a produzir verdadeiros frutos nativos, na pintura, na música. Se dava então um progresso cultural
verdadeiramente fatal, escolas que tradicionalizavam seu tipo, maior difusão de leitura, maior difusão da imprensa. Essa difusão de cultura
atingiu também a poesia. Excetuado um Gonçalves Dias, a nossa poesia romântica é fundamentalmente um lirismo inculto. Todo o nosso
romantismo se caracteriza bem brasileiramente por essa poesia analfabeta, canto de passarinho, ou melhor, canto de cantador; em sensível
oposição à poética culteranista anterior. Mesmo da escola mineira, que, se não se poderá dizer culteranista, era bastante cultivada,
principalmente com Cláudio Manuel e Dirceu. É possível reconhecer que os nossos românticos liam muito os poetas e poetastros estrangeiros
do tempo. Isso lhes deu apenas uma chuvarada de citações para epígrafe de seus poemas; por dentro, estes poemas perseveraram
edenicamente analfabetos.

A necessidade nova de cultura, se em grande parte produziu apenas, em nossos parnasianos, maior leitura e consequente enriquecimento
de temática em sua poesia, teve uma consequência que me parece fundamental. Levou poetas e prosadores em geral a um.... culteranismo
novo, o bem falar conforme às regras das gramáticas lusas. Com isso foi abandonada aquela franca tendência pra escrever apenas pondo
em estilo gráfico a linguagem falada, com que os românticos estavam caminhando vertiginosamente para a fixação estilística de uma língua
nacional. Os parnasianos, e foi talvez o seu maior crime, deformaram a língua nascente, “em prol do estilo". [...]

Essa foi a grande transformação. Uma necessidade de maior extensão de cultivo intelectual para o poeta, atingiu também a poesia. Da
língua boa passou-se para a língua certa.

(ANDRADE, Mário de. Parnasianismo. In: ______ O empalhador de passarinhos. 3.ed. São Paulo: Martins; Brasília: INL, 1972, p. 11-2)
superfetações1 : A palavra significa, literalmente, fecundação de um segundo óvulo, no curso de uma gestação. Mário de Andrade a
emprega em sentido figurado.

A construção, empregada por Mário de Andrade, que mais se desvia da norma culta do português escrito, para
expressar tendência da língua coloquial falada, é:

a) Se dava então um progresso cultural verdadeiramente fatal.

b) É mesmo isso que o torna simpático...

c) ...o bem falar conforme às regras das gramáticas lusas.

d) Isso lhes deu apenas uma chuvarada de citações para epígrafe de seus poemas.

e) Todo o nosso romantismo se caracteriza bem brasileiramente por essa poesia analfabeta.

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Instrução: A questão toma por base a letra da toada Boiadeiro, de Armando Cavalcante (1914-1964) e Klecius Caldas (1919-2002):

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Mas não tem outras mais bonitas no lugar.
O emprego da forma verbal tem em vez de há no verso mencionado se deve

a) à necessidade de substituir um monossílabo tônico por um átono.

b) à exigência métrica de uma sílaba a mais.

c) à intenção de reforçar o sentido de “existir" nos versos.

d) à obediência ao disposto pela norma-padrão.

e) ao objetivo dos compositores de representar a fala regional, popular.

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INSTRUÇÃO: Responder à questão 27 com base nas afirmativas abaixo.

No texto 3, o autor

I. adota diferentes recursos de linguagem, como expressões metafóricas.

II. apresenta dados da realidade para sustentar seu ponto de vista.

III. utiliza interrogações de bom efeito retórico, mas não apresenta respostas para elas.

IV. dirige- se a um público leitor especializado em ecossistemas.

Estão corretas apenas as afirmativas

a) I e II.

b) I e III.

c) III e IV.

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d) I, II e IV.

e) II, III e IV.

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Inverno

A família estava reunida em torno do fogo, Fabiano sentado no pilão caído, sinha Vitória de pernas cruzadas, as coxas servindo de
travesseiros aos filhos. A cachorra Baleia, com o traseiro no chão e o resto do corpo levantado, olhava as brasas que se cobriam de cinza.
Estava um frio medonho, as goteiras pingavam lá fora, o vento sacudia os ramos das catingueiras, e o barulho do rio era como um trovão
distante. Fabiano esfregou as mãos satisfeito e empurrou os tições com a ponta da alpercata. As brasas estalaram, a cinza caiu, um círculo
de luz espalhou-se em redor da trempe de pedras, clareando vagamente os pés do vaqueiro, os joelhos da mulher e os meninos deitados.
De quando em quando estes se mexiam, porque o lume era fraco e apenas aquecia pedaços deles. Outros pedaços esfriavam recebendo o
ar que entrava pelas rachaduras das paredes e pelas gretas da janela. Por isso não podiam dormir. Quando iam pegando no sono,
arrepiavam-se, tinham precisões de virar-se, chegavam-se à trempe e ouviam a conversa dos pais. Não era propriamente conversa, eram
frases soltas, espaçadas, com repetições e incongruências. Às vezes uma interjeição gutural dava energia ao discurso ambíguo. Na verdade
nenhum deles prestava atenção às palavras do outro: iam exibindo as imagens que lhes vinham ao espírito, e as imagens sucediam-se,
deformavamse, não havia meio de dominá-las. Como os recursos de expressão eram minguados, tentavam remediar a deficiência falando
alto. RAMOS, Graciliano. Vidas Secas. 82ª ed. Rio de Janeiro/São Paulo: Record, 2001, p. 63.

A peça O pagador de promessas , de Dias Gomes, é permeada de personagens que refletem diferentes atitudes.
As proposições abaixo estabelecem uma relação entre personagens e atitudes.
I. Zé-do-Burro e a fé; Padre Olavo e o autoritarismo;
II. Bonitão e o amor; Rosa e a infidelidade;
III. Repórter e a vaidade; Marli e a inocência;
IV. Galego e a ambição; Mestre Coca e o sentimento de coletividade.

Assinale a alternativa correta:

a) Somente as afirmativas I e III são verdadeiras.

b) Somente as afirmativas II e IV são verdadeiras.

c) Somente as afirmativas I e IV são verdadeiras.

d) Somente as afirmativas II e III são verdadeiras.

e) Todas as afirmativas são verdadeiras.

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O mulato Praxedes se encheu daquela safadeza toda e resolveu se levantar e, de mão na cintura, soltou seu verbo: – Sabe o que mais seu
dotô? Eu vou mais é m’imbora. Deixa esse diabo morrê de uma vez. Então eu, um trabalhadô às direita, pai de família, cambriuzano de
nascimento e de coração, fico dês das 6 damanhã im jejum pra sarvá uma merda dessas e ela ainda me chama de sifilítico? Sifilítico [...]. Me
descurpe da má palavra, eu que não entendo nada de alemão, sou capaz de jurar que foi isso aí que o senhor disse dejahoje pra ela. Eu lhe
peço, seu dotô, deixa esse diabo morrê de uma veiz. Ela não tá xingando só a mim não. Ela tá xingando é a minha raça inteira. É o
brasileiro. E xingou a minha raça, xinga a minha mãe! Quinta coluna dos infernos! Ela que vá pros quinto. O Dr. Büchmann, vermelho como
um pimentão, os dentes cerrados, a boca aberta, agarrou o mulato, deu um safanão, jogou-o na cama e disse com todas as suas forças e
todos os seus erres: “Fai a merrrdaaa!” E isso com os dentes serrilhando. O Praxedes, de mulato que era, passou a meio desbotado e eu
cheguei a pensar que o camarada fosse desmaiar. LAUS, Lausimar. O guarda-roupa alemão. Rio de Janeiro, Pallas S.A., 1975, p. 153.

Considerando o Texto 4, a obra O guarda-roupa alemão e as variações linguísticas, assinale a alternativa


incorreta.

a) O padrão coloquial de linguagem, no excerto, é utilizado para registrar a fala do personagem, pois a
fala é um elemento de caracterização e verossimilhança na narrativa.

b) Os elementos que marcam a linguagem coloquial, no excerto, constituem um recurso utilizado pelo
autor para caracterizar o personagem e confirmar o processo comunicativo. Os níveis de linguagem
decorrentes das diferenças sociais ocorrem apenas na ficção.

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c) Pela fala do personagem Praxedes, pode-se inferir que, embora seja ele uma pessoa simples, sabe
defender sua opinião.

d) Embora a obra tenha como temática central a colonização alemã em SC, ela ainda faz uma
abordagem à miscigenação entre os personagens.

e) A língua falada em “seu dotô" (linha 3), “dês das" (linha 5) e “Me descurpe da má palavra" (linha 6)
pode ser considerada “errada" se comparada à norma culta; no entanto a linguística a considera
“correta", uma vez que representa a fala espontânea de alguns grupos sociais.

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Em relação ao Texto 4, leia e analise as proposições que seguem.


I. Se a expressão “E isso com os dentes serrilhando" (linha 13) for substituída por E isso entre dentes
, mantém-se
o sentido original da oração.
II. As expressões “m'imbora" (linha 3), “cambriuzano" (linha 4), “damanhã" (linha 5), “im jejum" (linha 5) e
“descurpe" (linha 6) são vocábulos que caracterizam somente o linguajar africano – a fala dos escravos.
III. Da expressão “e disse com todas as suas forças e todos os seus erres" (linhas 12 e 13) infere- se que a autora
quis ressaltar o sotaque alemão do Dr. Büchmann.
IV. A oração destacada no período “eu cheguei a pensar que o camarada fosse desmaiar" (linha 14)
sintaticamente é classificada como uma oração subordinada substantiva subjetiva.
V. O sentido do verbo passar (linha 14) é equivalente a tornar-se, portanto pode ser classificado como verbo de
ligação, na oração.

Assinale a alternativa correta.

a) Somente as afirmativas II e V são verdadeiras.

b) Somente as afirmativas II e IV são verdadeiras.

c) Somente as afirmativas I, III e V são verdadeiras.

d) Somente as afirmativas I, III e IV são verdadeiras.

e) Todas as afirmativas são verdadeiras.

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Instrução: A questão toma por base um fragmento do livro Comunicação e folclore, de Luiz Beltrão (1918-1986).
O Bumba-Meu-Boi
Entre os autos populares conhecidos e praticados no Brasil – pastoril, fandango, chegança, reisado, congada, etc. – aquele em que melhor o
povo exprime a sua crítica, aquele que tem maior conteúdo jornalístico, é, realmente, o bumba-meu-boi, ou simplesmente boi.
Para Renato Almeida, é o “bailado mais notável do Brasil, o folguedo brasileiro de maior significação estética e social”. Luís da Câmara
Cascudo, por seu turno, observou a sua superioridade porque “enquanto os outros autos cristalizaram, imóveis, no elenco de outrora, o
bumba-meu-boi é sempre atual, incluindo soluções modernas, figuras de agora, vocabulário, sensação, percepção contemporânea. Na
época da escravidão mostrava os vaqueiros escravos vencendo pela inteligência, astúcia e cinismo. Chibateava a cupidez, a materialidade, o
sensualismo de doutores, padres, delegados, fazendo-os cantar versinhos que eram confissões estertóricas. O capitão-do-mato, preador de
escravos, assombro dos moleques, faz-sono dos negrinhos, vai ‘caçar’ os negros que fugiram, depois da morte do Boi, e em vez de trazê-los
é trazido amarrado, humilhado, tremendo de medo. O valentão mestiço, capoeira, apanha pancada e é mais mofino que todos os
mofinos. Imaginem a alegria negra, vendo e ouvindo essa sublimação aberta, franca, na porta da casa-grande de engenho ou no terreiro da
fazenda, nos pátios das vilas, diante do adro da igreja! A figura dos padres, os padres do interior, vinha arrastada com a violência de um
ajuste de contas. O doutor, o curioso, metido a entender de tudo, o delegado autoritário, valente com a patrulha e covarde sem ela, toda a
galeria perpassa, expondo suas mazelas, vícios, manias, cacoetes, olhada por uma assistência onde estavam muitas vítimas dos personagens
reais, ali subalternizados pela virulência do desabafo”.
Como algumas outras manifestações folclóricas, o bumbameu-boi utiliza uma forma antiga, tradicional; entretanto, fá-la revestir-se de novos
aspectos, atualiza o entrecho, recompõe a trama. Daí “o interesse do tipo solidário que desperta nas camadas populares”, como o assinala
Édison Carneiro. Interesse que só pode manter-se porque o que no auto se apresenta não reflete apenas situações do passado, “mas porque
têm importância para o futuro”. Com efeito, tendo por tema central a morte e a ressurreição do boi, “cerca-se de episódios acessórios, não
essenciais, muito desligados da ação principal, que variam de região para região... em cada lugar, novos personagens são enxertados,

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aparentemente sem outro objetivo senão o de prolongar e variar a brincadeira”. Contudo, dentre esses personagens, os que representam as
classes superiores são caricaturados, cobrindo-se de ridículo, o que torna “o folguedo, em si mesmo, uma reivindicação”.
Sílvio Romero recolheu os versos de um bumba-meu-boi, através dos quais se constata a intenção caricaturesca nos personagens do
folguedo. Como o Padre, que recita:
Não sou padre, não sou nada
“Quem me ver estar dançando
Não julgue que estou louco;
Secular sou como os outros”.

Ou como o Capitão-do-Mato que, dando com o negro Fidélis, vai prendê-lo:


“CAPITÃO – Eu te atiro, negro
Eu te amarro, ladrão,
Eu te acabo, cão.”
Mas, ao contrário, quem vai sobre o Capitão e o amarra é o Fidélis:
“CORO – Capitão de campo
Veja que o mundo virou
Foi ao mato pegar negro
Mas o negro lhe amarrou.
CAPITÃO – Sou valente afamado
Como eu não pode haver;
Qualquer susto que me fazem
Logo me ponho a correr”.
(Luiz Beltrão. Comunicação e folclore. São Paulo: Edições Melhoramentos, 1971.)
O fragmento apresentado focaliza, por meio da opinião do autor e de outros folcloristas mencionados, o bumba-
meu-boi, auto popular brasileiro bastante conhecido. A leitura do fragmento, como um todo, deixa claro que o
núcleo temático do bumba-meu-boi é sempre,

a) a perseguição aos escravos que fugiram das fazendas.

b) a vingança dos escravos contra o capitão-do-mato.

c) a morte e a ressurreição do boi.

d) o castigo dos valentões, que acabam se mostrando covardes.

e) a crítica aos padres e religiosos em geral pela sensualidade.

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Aponte a alternativa que indica, entre os quatro termos relacionados a seguir, apenas os que, no fragmento
apresentado, são empregados pelos folcloristas para referir-se ao bumba-meu-boi.

I. Bailado.
II. Ritual.
III. Brincadeira.
IV. Folguedo.

a) I e II.

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b) II e III.

c) I, II e III.

d) I, III e IV.

e) II, III e IV.

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As questões 2, 3 e 4 referem-se aos textos 3 e 4 abaixo

Com relação ao uso diferenciado da língua,

a) no texto 3, discutem-se os vários fatores que provocam as diferenças na fala. Essas diferenças são
ilustradas nas linhas 15 e 16 do texto 4.

b) no texto 4, o uso repetido de palavras com “ch” e “x” provoca uma sonoridade. Essa repetição
compromete o propósito comunicativo do texto.

c) no texto 4, essas diferenças revelam a classe social e o nível de escolaridade dos autores da canção.
Isso se comprova nas linhas 16 e 17 desse texto.

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d) nos textos 3 e 4, apresenta-se um conteúdo que reforça o preconceito quanto às diferentes formas de
falar. Esse preconceito é, predominantemente, regional.

58

A partir dessas informações, julgue o item e assinale a opção correta no item 58.

Nas linhas 14 e 15, na fala atribuída ao torturador, foi usada a linguagem coloquial. Esse trecho poderia ser
expresso corretamente em linguagem formal: Não há de se evocar Deus, porque, aqui, Deus somos nós
mesmos.

Certo Errado

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Neste trecho de uma carta de Fernando Sabino a Mário de Andrade, o emprego de linguagem informal é bem
evidente em

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a) “se bem que haja”.

b) “que acabei de ler agora”.

c) “Vem-me uma vontade”.

d) “tudo o que ela me fez sentir”.

e) “tomar seu tempo e te chatear”.

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No contexto em que ocorre, a frase “estava devidamente grandezinho, pois devia contar uns trinta anos” (L. 11 e
12 ) constitui

a) recurso expressivo que produz incoerência, uma vez que não se usa o adjetivo “grande” no
diminutivo.

b) exemplo de linguagem regional, que se manifesta também em outras partes do texto, como na
palavra “brandindo”.

c) expressão de nonsense (linguagem surreal, ilógica), que, por sinal, ocorre também quando o autor
afirma ouvir o M maiúsculo de “mormaço”.

d) manifestação de humor irônico, o qual, aliás, corresponde ao tom predominante no texto.

e) parte do sonho que está sendo narrado e que é revelado apenas no final do texto, principalmente no
trecho “em meu entredormir”.

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Respostas 41: 42: 43: 44: 45: 46: 47: 48: 49: 50: 51: 52: 53: 54:
55: 56: 57: 58: 59: 60:

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