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Examine a tira.
Bastante comum na fala coloquial, o modo de se empregar o pronome na fala da personagem – Maneiro
encontrar tu
! – também ocorre em:
b) Era uma situação embaraçosa e para eu me livrar dela seria bastante difícil mesmo.
c) Todos tinham certeza de que ela ofereceria para mim o primeiro pedaço de bolo.
d) Quando o pessoal chegou na frente do prédio, viu ali ele com a namorada nova.
e) A todos volto a afirmar que entre mim e ti não existem mais rancores nem tristezas.
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V - O samba
À direita do terreiro, adumbra-se* na escuridão um maciço de construções, ao qual às vezes recortam no azul do céu os trêmulos
vislumbres das labaredas fustigadas pelo vento.
(...)
É aí o quartel ou quadrado da fazenda, nome que tem um grande pátio cercado de senzalas, às vezes com alpendrada corrida em
volta, e um ou dois portões que o fecham como praça d’armas.
Em torno da fogueira, já esbarrondada pelo chão, que ela cobriu de brasido e cinzas, dançam os pretos o samba com um frenesi
que toca o delírio. Não se descreve, nem se imagina esse desesperado saracoteio, no qual todo o corpo estremece, pula, sacode, gira,
bamboleia, como se quisesse desgrudar- se.
Tudo salta, até os crioulinhos que esperneiam no cangote das mães, ou se enrolam nas saias das aparigas. Os mais taludos viram
cambalhotas e pincham à guisa de sapos em roda do terreiro. Um desses corta jaca no espinhaço do pai, negro fornido, que não sabendo
mais como desconjuntar-se, atirou consigo ao chão e começou de rabanar como um peixe em seco. (...)
Para adequar a linguagem ao assunto, o autor lança mão também de um léxico popular, como atestam todas as
palavras listadas na alternativa
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No trecho “pendurou-se-me uma ideia no trapézio que eu tinha no cérebro” (L.2), a combinação dos pronomes
“se” e “me” exemplifica a variante padrão da língua portuguesa à época do texto. No que se refere ao português
contemporâneo, uma estrutura equivalente que manteria a ênfase no sujeito da oração e a correção gramatical
seria a seguinte: uma ideia pendurou-se no trapézio que eu tinha em meu cérebro.
Certo Errado
O livro de língua portuguesa ‘Por uma Vida Melhor’, adotado pelo Ministério da Educação (MEC), contém alguns erros gramaticais. “Nós
pega o peixe” ou “os menino pega o peixe” são dois exemplos de erros. Na avaliação dos autores
do livro, o uso da língua popular, ainda que contendo erros, é válido. Os escritores também ressaltam que, caso deixem a norma culta, os
alunos podem sofrer “preconceito linguístico”. A autora Heloisa Ramos justifica o conteúdo da obra. “O importante é chamar a atenção para
o fato de que a ideia de correto e incorreto no uso da língua deve ser substituída pela ideia de uso da língua adequado e inadequado,
dependendo da situação comunicativa.”
(www.opiniaoenoticia.com.br. Adaptado.)
Texto 2
Ninguém de bom-senso discorda de que a expressão popular tem validade como forma de comunicação. Só que é preciso que se
reconheça que a língua culta reúne infinitamente mais qualidades e valores. Ela é a única que consegue produzir e traduzir os pensamentos
que circulam no mundo da filosofia, da literatura, das artes e das ciências. A linguagem popular a que alguns colegas meus se referem, por
sua vez, não apresenta vocabulário nem tampouco estatura gramatical que permitam desenvolver ideias de maior complexidade – tão caras
a uma sociedade que almeja evoluir. Por isso, é óbvio que não cabe às escolas ensiná-la.
(Evanildo Bechara. Veja, 01.06.2011. Adaptado.)
Assinale a alternativa correta acerca da relação entre linguagem popular e norma culta.
a) Os dois textos apresentam preocupação com a prática do preconceito linguístico sobre pessoas que se
expressam fora dos padrões cultos da língua portuguesa.
b) Os dois textos defendem ser possível expressar ideias filosóficas tanto em linguagem popular quanto
seguindo os padrões da norma culta.
c) Para Evanildo Bechara, não existem critérios que possam definir graus de superioridade ou
inferioridade entre linguagem popular e norma culta.
d) O texto 2 sugere que a norma culta é instrumento de dominação das elites burguesas sobre as
classes populares.
e) Para Evanildo Bechara, a norma culta é superior no que se refere à capacidade de expressão de ideias
complexas no campo cultural.
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a) classifcar os personagens em duas categorias: os que sabem e os que não sabem usar os pronomes
em quaisquer situações.
c) fornecer informações sobre o nível de escolaridade dos personagens, realçando, assim, a origem
humilde dos habitantes ribeirinhos.
d) indicar o nível de formalidade e de distanciamento da mãe em relação ao pai, pois o pronome varia do
menos ao mais formal.
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O parnasianismo, entre nós, foi especialmente uma reação de cultura. É mesmo isso que o torna simpático... As academias de arte,
algumas delas, até ridículas superfetações1 em nosso meio, como a de Belas Artes da Missão Lebreton, mesmo criadas muito anteriormente,
só nesse período começam a produzir verdadeiros frutos nativos, na pintura, na música. Se dava então um progresso cultural
verdadeiramente fatal, escolas que tradicionalizavam seu tipo, maior difusão de leitura, maior difusão da imprensa. Essa difusão de cultura
atingiu também a poesia. Excetuado um Gonçalves Dias, a nossa poesia romântica é fundamentalmente um lirismo inculto. Todo o nosso
romantismo se caracteriza bem brasileiramente por essa poesia analfabeta, canto de passarinho, ou melhor, canto de cantador; em sensível
oposição à poética culteranista anterior. Mesmo da escola mineira, que, se não se poderá dizer culteranista, era bastante cultivada,
principalmente com Cláudio Manuel e Dirceu. É possível reconhecer que os nossos românticos liam muito os poetas e poetastros estrangeiros
do tempo. Isso lhes deu apenas uma chuvarada de citações para epígrafe de seus poemas; por dentro, estes poemas perseveraram
edenicamente analfabetos.
A necessidade nova de cultura, se em grande parte produziu apenas, em nossos parnasianos, maior leitura e consequente enriquecimento
de temática em sua poesia, teve uma consequência que me parece fundamental. Levou poetas e prosadores em geral a um.... culteranismo
novo, o bem falar conforme às regras das gramáticas lusas. Com isso foi abandonada aquela franca tendência pra escrever apenas pondo
em estilo gráfico a linguagem falada, com que os românticos estavam caminhando vertiginosamente para a fixação estilística de uma língua
nacional. Os parnasianos, e foi talvez o seu maior crime, deformaram a língua nascente, “em prol do estilo". [...]
Essa foi a grande transformação. Uma necessidade de maior extensão de cultivo intelectual para o poeta, atingiu também a poesia. Da
língua boa passou-se para a língua certa.
(ANDRADE, Mário de. Parnasianismo. In: ______ O empalhador de passarinhos. 3.ed. São Paulo: Martins; Brasília: INL, 1972, p. 11-2)
superfetações1 : A palavra significa, literalmente, fecundação de um segundo óvulo, no curso de uma gestação. Mário de Andrade a
emprega em sentido figurado.
A construção, empregada por Mário de Andrade, que mais se desvia da norma culta do português escrito, para
expressar tendência da língua coloquial falada, é:
d) Isso lhes deu apenas uma chuvarada de citações para epígrafe de seus poemas.
e) Todo o nosso romantismo se caracteriza bem brasileiramente por essa poesia analfabeta.
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Instrução: A questão toma por base a letra da toada Boiadeiro, de Armando Cavalcante (1914-1964) e Klecius Caldas (1919-2002):
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No texto 3, o autor
III. utiliza interrogações de bom efeito retórico, mas não apresenta respostas para elas.
a) I e II.
b) I e III.
c) III e IV.
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Inverno
A família estava reunida em torno do fogo, Fabiano sentado no pilão caído, sinha Vitória de pernas cruzadas, as coxas servindo de
travesseiros aos filhos. A cachorra Baleia, com o traseiro no chão e o resto do corpo levantado, olhava as brasas que se cobriam de cinza.
Estava um frio medonho, as goteiras pingavam lá fora, o vento sacudia os ramos das catingueiras, e o barulho do rio era como um trovão
distante. Fabiano esfregou as mãos satisfeito e empurrou os tições com a ponta da alpercata. As brasas estalaram, a cinza caiu, um círculo
de luz espalhou-se em redor da trempe de pedras, clareando vagamente os pés do vaqueiro, os joelhos da mulher e os meninos deitados.
De quando em quando estes se mexiam, porque o lume era fraco e apenas aquecia pedaços deles. Outros pedaços esfriavam recebendo o
ar que entrava pelas rachaduras das paredes e pelas gretas da janela. Por isso não podiam dormir. Quando iam pegando no sono,
arrepiavam-se, tinham precisões de virar-se, chegavam-se à trempe e ouviam a conversa dos pais. Não era propriamente conversa, eram
frases soltas, espaçadas, com repetições e incongruências. Às vezes uma interjeição gutural dava energia ao discurso ambíguo. Na verdade
nenhum deles prestava atenção às palavras do outro: iam exibindo as imagens que lhes vinham ao espírito, e as imagens sucediam-se,
deformavamse, não havia meio de dominá-las. Como os recursos de expressão eram minguados, tentavam remediar a deficiência falando
alto. RAMOS, Graciliano. Vidas Secas. 82ª ed. Rio de Janeiro/São Paulo: Record, 2001, p. 63.
A peça O pagador de promessas , de Dias Gomes, é permeada de personagens que refletem diferentes atitudes.
As proposições abaixo estabelecem uma relação entre personagens e atitudes.
I. Zé-do-Burro e a fé; Padre Olavo e o autoritarismo;
II. Bonitão e o amor; Rosa e a infidelidade;
III. Repórter e a vaidade; Marli e a inocência;
IV. Galego e a ambição; Mestre Coca e o sentimento de coletividade.
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O mulato Praxedes se encheu daquela safadeza toda e resolveu se levantar e, de mão na cintura, soltou seu verbo: – Sabe o que mais seu
dotô? Eu vou mais é m’imbora. Deixa esse diabo morrê de uma vez. Então eu, um trabalhadô às direita, pai de família, cambriuzano de
nascimento e de coração, fico dês das 6 damanhã im jejum pra sarvá uma merda dessas e ela ainda me chama de sifilítico? Sifilítico [...]. Me
descurpe da má palavra, eu que não entendo nada de alemão, sou capaz de jurar que foi isso aí que o senhor disse dejahoje pra ela. Eu lhe
peço, seu dotô, deixa esse diabo morrê de uma veiz. Ela não tá xingando só a mim não. Ela tá xingando é a minha raça inteira. É o
brasileiro. E xingou a minha raça, xinga a minha mãe! Quinta coluna dos infernos! Ela que vá pros quinto. O Dr. Büchmann, vermelho como
um pimentão, os dentes cerrados, a boca aberta, agarrou o mulato, deu um safanão, jogou-o na cama e disse com todas as suas forças e
todos os seus erres: “Fai a merrrdaaa!” E isso com os dentes serrilhando. O Praxedes, de mulato que era, passou a meio desbotado e eu
cheguei a pensar que o camarada fosse desmaiar. LAUS, Lausimar. O guarda-roupa alemão. Rio de Janeiro, Pallas S.A., 1975, p. 153.
a) O padrão coloquial de linguagem, no excerto, é utilizado para registrar a fala do personagem, pois a
fala é um elemento de caracterização e verossimilhança na narrativa.
b) Os elementos que marcam a linguagem coloquial, no excerto, constituem um recurso utilizado pelo
autor para caracterizar o personagem e confirmar o processo comunicativo. Os níveis de linguagem
decorrentes das diferenças sociais ocorrem apenas na ficção.
d) Embora a obra tenha como temática central a colonização alemã em SC, ela ainda faz uma
abordagem à miscigenação entre os personagens.
e) A língua falada em “seu dotô" (linha 3), “dês das" (linha 5) e “Me descurpe da má palavra" (linha 6)
pode ser considerada “errada" se comparada à norma culta; no entanto a linguística a considera
“correta", uma vez que representa a fala espontânea de alguns grupos sociais.
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Instrução: A questão toma por base um fragmento do livro Comunicação e folclore, de Luiz Beltrão (1918-1986).
O Bumba-Meu-Boi
Entre os autos populares conhecidos e praticados no Brasil – pastoril, fandango, chegança, reisado, congada, etc. – aquele em que melhor o
povo exprime a sua crítica, aquele que tem maior conteúdo jornalístico, é, realmente, o bumba-meu-boi, ou simplesmente boi.
Para Renato Almeida, é o “bailado mais notável do Brasil, o folguedo brasileiro de maior significação estética e social”. Luís da Câmara
Cascudo, por seu turno, observou a sua superioridade porque “enquanto os outros autos cristalizaram, imóveis, no elenco de outrora, o
bumba-meu-boi é sempre atual, incluindo soluções modernas, figuras de agora, vocabulário, sensação, percepção contemporânea. Na
época da escravidão mostrava os vaqueiros escravos vencendo pela inteligência, astúcia e cinismo. Chibateava a cupidez, a materialidade, o
sensualismo de doutores, padres, delegados, fazendo-os cantar versinhos que eram confissões estertóricas. O capitão-do-mato, preador de
escravos, assombro dos moleques, faz-sono dos negrinhos, vai ‘caçar’ os negros que fugiram, depois da morte do Boi, e em vez de trazê-los
é trazido amarrado, humilhado, tremendo de medo. O valentão mestiço, capoeira, apanha pancada e é mais mofino que todos os
mofinos. Imaginem a alegria negra, vendo e ouvindo essa sublimação aberta, franca, na porta da casa-grande de engenho ou no terreiro da
fazenda, nos pátios das vilas, diante do adro da igreja! A figura dos padres, os padres do interior, vinha arrastada com a violência de um
ajuste de contas. O doutor, o curioso, metido a entender de tudo, o delegado autoritário, valente com a patrulha e covarde sem ela, toda a
galeria perpassa, expondo suas mazelas, vícios, manias, cacoetes, olhada por uma assistência onde estavam muitas vítimas dos personagens
reais, ali subalternizados pela virulência do desabafo”.
Como algumas outras manifestações folclóricas, o bumbameu-boi utiliza uma forma antiga, tradicional; entretanto, fá-la revestir-se de novos
aspectos, atualiza o entrecho, recompõe a trama. Daí “o interesse do tipo solidário que desperta nas camadas populares”, como o assinala
Édison Carneiro. Interesse que só pode manter-se porque o que no auto se apresenta não reflete apenas situações do passado, “mas porque
têm importância para o futuro”. Com efeito, tendo por tema central a morte e a ressurreição do boi, “cerca-se de episódios acessórios, não
essenciais, muito desligados da ação principal, que variam de região para região... em cada lugar, novos personagens são enxertados,
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Aponte a alternativa que indica, entre os quatro termos relacionados a seguir, apenas os que, no fragmento
apresentado, são empregados pelos folcloristas para referir-se ao bumba-meu-boi.
I. Bailado.
II. Ritual.
III. Brincadeira.
IV. Folguedo.
a) I e II.
c) I, II e III.
d) I, III e IV.
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a) no texto 3, discutem-se os vários fatores que provocam as diferenças na fala. Essas diferenças são
ilustradas nas linhas 15 e 16 do texto 4.
b) no texto 4, o uso repetido de palavras com “ch” e “x” provoca uma sonoridade. Essa repetição
compromete o propósito comunicativo do texto.
c) no texto 4, essas diferenças revelam a classe social e o nível de escolaridade dos autores da canção.
Isso se comprova nas linhas 16 e 17 desse texto.
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A partir dessas informações, julgue o item e assinale a opção correta no item 58.
Nas linhas 14 e 15, na fala atribuída ao torturador, foi usada a linguagem coloquial. Esse trecho poderia ser
expresso corretamente em linguagem formal: Não há de se evocar Deus, porque, aqui, Deus somos nós
mesmos.
Certo Errado
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Neste trecho de uma carta de Fernando Sabino a Mário de Andrade, o emprego de linguagem informal é bem
evidente em
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No contexto em que ocorre, a frase “estava devidamente grandezinho, pois devia contar uns trinta anos” (L. 11 e
12 ) constitui
a) recurso expressivo que produz incoerência, uma vez que não se usa o adjetivo “grande” no
diminutivo.
b) exemplo de linguagem regional, que se manifesta também em outras partes do texto, como na
palavra “brandindo”.
c) expressão de nonsense (linguagem surreal, ilógica), que, por sinal, ocorre também quando o autor
afirma ouvir o M maiúsculo de “mormaço”.
e) parte do sonho que está sendo narrado e que é revelado apenas no final do texto, principalmente no
trecho “em meu entredormir”.