AULÃO DE LÍNGUA PORTUGUESA nesses (e em outros) formatos, não importa se é
Moby Dick ou Viagem a São Saruê , se é Macbeth
1-(ENEM-MEC) Motivadas ou não ou O livro de piadas de Casseta & Planeta. historicamente, normas prestigiadas ou TAVARES, Bráulio. estigmatizadas pela comunidade sobrepõem-se ao longo do território, seja numa relação de oposição, Ao refletir sobre a possível extinção do livro seja de complementaridade, sem, contudo, anular impresso e o surgimento de outros suportes em a interseção de usos que configuram uma norma via eletrônica, o cronista manifesta seu ponto nacional distinta da do português europeu. Ao de vista, defendendo que focalizar essa questão, que opõe não só as normas do português de Portugal às normas do português (A) o cordel é um dos gêneros textuais, por brasileiro, mas também as chamadas normas exemplo, que será extinto com o avanço da cultas locais às populares ou vernáculas, deve-se tecnologia. insistir na ideia de que essas normas se (B) o livro impresso permanecerá como objeto consolidaram em diferentes momentos da nossa cultural veiculador de impressões e de valores história e que só a partir do século XVIII se pode culturais. começar a pensar na bifurcação das variantes (C) o surgimento da mídia eletrônica decretou o continentais, ora em consequência de mudanças fim do prazer de se ler textos em livros e suportes ocorridas no Brasil, ora em Portugal, ora, ainda, impressos. em ambos os territórios. (D) os textos continuarão vivos e passíveis de O português do Brasil não é uma língua reprodução em novas tecnologias, mesmo que os uniforme. A variação linguística é um livros desapareçam. fenômeno natural, ao qual todas as línguas (E) os livros impressos desaparecerão e, com eles, estão sujeitas. Ao considerar as variedades a possibilidade de se ler obras literárias dos mais linguísticas, o texto mostra que as normas diversos gêneros. podem ser aprovadas ou condenadas socialmente, chamando a atenção do leitor para 3-O tema da velhice foi objeto de estudo de a brilhantes filósofos ao longo dos tempos. Um dos melhores livros sobre o assunto foi escrito pelo (A) desconsideração da existência das normas pensador e orador romano Cícero: A Arte do populares pelos falantes da norma culta. Envelhecimento. Cícero nota, primeiramente, que (B) difusão do português de Portugal em todas as todas as idades têm seus encantos e suas regiões do Brasil só a partir do século XVIII. dificuldades. E depois aponta para um paradoxo (C) existência de usos da língua que caracterizam da humanidade. Todos sonhamos ter uma vida uma norma nacional do Brasil, distinta da de longa, o que significa viver muitos anos. Quando Portugal. realizamos a meta, em vez de celebrar o feito, nos (D) inexistência de normas cultas locais e atiramos a um estado de melancolia e amargura. populares ou vernáculas em um determinado país. Ler as palavras de Cícero sobre envelhecimento (E) necessidade de se rejeitar a ideia de que os pode ajudar a aceitar melhor a passagem do usos frequentes de uma língua devem ser aceitos. tempo.
2- (ENEM-MEC) A discussão sobre “o fim do O autor discute problemas relacionados ao
livro de papel” com a chegada da mídia eletrônica envelhecimento, apresentando argumentos que me lembra a discussão idêntica sobre a levam a inferir que seu objetivo é obsolescência do folheto de cordel. Os folhetos talvez não existam mais daqui a 100 ou 200 anos, (A) esclarecer que a velhice é inevitável. mas, mesmo que isso aconteça, os poemas de (B) contar fatos sobre a arte de envelhecer. Leandro Gomes de Barros ou Manuel Camilo dos (C) defender a ideia de que a velhice é Santos continuarão sendo publicados e lidos — desagradável. em CD-ROM, em livro eletrônico, em “chips (D) influenciar o leitor para que lute contra o quânticos”, sei lá o quê. O texto é uma espécie de envelhecimento. alma imortal, capaz de reencarnar em corpos (E) mostrar às pessoas que é possível aceitar, sem variados: página impressa, livro em braile, angústia, o envelhecimento. folheto, “coffee-table book”, cópia manuscrita, arquivo PDF... Qualquer texto pode se reencarnar Texto para as questões 4 e 5. A) o vocábulo "que", no primeiro desses versos, — Mandaram ler este livro... Se o tal do livro for configura-se como um pronome relativo. fraquinho, o desprazer pode significar um B) o pronome "Todas" remete a figuras e tem precipitado mas decisivo adeus à literatura; se for valor adverbial. estimulante, outros virão sem o peso da obrigação. C) a expressão "Nossa Senhora" cumpre a função As experiências com que o leitor se identifica não sintática de sujeito da oração em que ela está são necessariamente as mais familiares, mas as inserida. que mostram o quanto é vivo um repertório de D) essa passagem apresenta um exemplo de novas questões. Uma leitura proveitosa leva à infração à norma gramatical muito comum na convicção de que as palavras podem constituir um oralidade brasileira. movimento profundamente revelador do próximo, E) o sujeito de todas as orações que formam esses do mundo, de nós mesmos. Tal convicção faz versos recebem a mesma classificação. caminhar para uma outra, mais ampla, que um antigo pensador romano assim formulou: Nada do 7- SONETO DE FIDELIDADE que é humano me é alheio. De tudo ao meu amor serei atento Antes e com tal zelo, e sempre, e tanto 4- (FUVEST-SP) De acordo com o texto, a Que mesmo em face do maior encanto identificação do leitor com o que lê ocorre Dele se encante mais meu pensamento. sobretudo quando: Quero vivê-lo em cada vão momento (A) ele sabe reconhecer na obra o valor E em seu louvor hei de espalhar meu canto consagrado pela tradição da crítica literária. E rir meu riso e derramar meu pranto (B) ele já conhece, com alguma intimidade, as Ao seu pesar ou ao seu contentamento. experiências representadas numa obra. E assim, quando mais tarde me procure (C) a obra expressa, em fórmulas sintéticas, a Quem sabe a morte, angústia de quem vive sabedoria dos antigos humanistas. Quem sabe a solidão, fim de quem ama. (D) a obra o introduz num campo de questões cuja Eu possa me dizer do amor (que tive): vitalidade ele pode reconhecer. Que não seja imortal, posto que é chama (E) a obra expressa convicções tão verdadeiras Mas que seja infinito enquanto dure. que se furtam à discussão. A palavra mesmo pode assumir diferentes 5- (FUVEST-SP) O sentido da frase “Nada do significados, de acordo com a sua função na que é humano me é alheio” é equivalente ao desta frase. Assinale a alternativa em que o sentido outra construção: de mesmo equivale ao que se verifica no 3º. (A) O que não diz respeito ao Homem não deixa verso da 1ª. estrofe do poema de Vinícius de de me interessar. Moraes. (B) Tudo o que se refere ao Homem diz respeito a mim. (A) “Pai, para onde fores, / irei também trilhando (C) Como sou humano, não me alheio a nada. as mesmas ruas...” (Augusto dos Anjos) (D) Para ser humano, mantenho interesse por (B) “Agora, como outrora, há aqui o mesmo tudo. contraste da vida interior, que é modesta, com a (E) A nada me sinto alheio que não seja humano. exterior, que é ruidosa.” (Machado de Assis) (C) “Havia o mal, profundo e persistente, para o 6- Antes de ler, que bom passar a mão qual o remédio não surtiu efeito, mesmo em doses no som da percalina, esse cristal variáveis.” (Raimundo Faoro) de fluida transparência: verde, verde. (D) “Mas, olhe cá, Mana Glória, há mesmo Amanhã começo a ler. Agora não. necessidade de fazê-lo padre?” (Machado de Agora quero ver figuras. Todas. Assis) Templo de Tebas, Osíris, Medusa, (E) “Vamos de qualquer maneira, mas vamos Apolo nu, Vênus nua... Nossa mesmo.” (Aurélio) Senhora, tem disso tudo nos livros? Depressa, as letras. Careço ler tudo. Brasil O Zé Pereira chegou de caravela Pode-se depreender da correta análise de E preguntou pro guarani da mata virgem elementos integrantes dos versos acima que ― Sois cristão? ― Não. Sou bravo, sou forte, sou filho da Morte TeterêtetêQuizáQuizáQuecê! (Vinicius de Morais) Lá longe a onça resmungava Uu! ua! uu! b) “Proponho-me a que não seja complexo o que O negro zonzo saído da fornalha escreverei, embora obrigada a usar as palavras Tomou a palavra e respondeu que vos sustentam.” (Clarice Lispector) ― Sim pela graça de Deus c) “Não narro mais pelo prazer de saber. Narro Canhem Babá Canhem Babá Cum Cum! pelo gosto de narrar, sopro palavras e mais E fizeram o Carnaval palavras, componho frases e mais frases.” (Oswald de Andrade) (Silviano Santiago) d) “Agarro o azul do poema pelo fio mais delgado Questão 8 de lã de seu discurso e vou traçando as linhas do Este texto apresenta uma versão humorística da relâmpago no vidro opaco da janela.” (Gilberto formação do Brasil, mostrando-a como uma Mendonça Teles) junção de elementos diferentes. e) Que é Poesia? Uma ilha cercada de palavras por Considerando-se esse aspecto, é correto todos os lados.” (Cassiano Ricardo) afirmar que a visão apresentada pelo texto é a) ambígua, pois tanto aponta o caráter 11- desconjuntado da formação nacional, quanto parece sugerir que esse processo, apesar de tudo, acaba bem. b)inovadora, pois mostra que as três raças formadoras – portugueses, negros e índios – pouco contribuíram para a formação da identidade brasileira. c)moralizante, na medida em que aponta a precariedade da formação cristã do Brasil como causa da predominância de elementos primitivos e pagãos. d)preconceituosa, pois critica tanto índios quanto negros, representando de modo positivo apenas o elemento europeu, vindo com as caravelas. e) negativa, pois retrata a formação do Brasil como incoerente e defeituosa, resultando em anarquia e falta de seriedade.
Questão 9 11-Pela evolução do texto, no que se refere à
A polifonia, variedade de vozes, presente no linguagem empregada, percebe-se que a garota poema resulta da manifestação do a) poeta e do colonizador apenas. a) deseja afirmar-se como nora por meio de b) colonizador e do negro apenas. uma fala poética. c) negro e do índio apenas. b) utiliza expressões linguísticas próprias do d) colonizador, do poeta e do negro apenas. discurso infantil. e) poeta, do colonizador, do índio e do negro. c) usa apenas expressões linguísticas presentes no discurso formal. 10 - (UFVI) Quando uma linguagem trata de si d) se expressa utilizando marcas do discurso própria – por exemplo um filme falando sobre formal e do informal. os processos de filmagem, um poema e) usa palavras com sentido pejorativo para desvendando o ato de criação poética, um assustar o interlocutor. romance questionando o ato de narrar – temos a metalinguagem. Esta forma de LINGUAGEM predomina em todos os fragmentos, exceto
a) “Amo-te como um bicho simplesmente
de um amor sem mistério e sem virtude com um desejo maciço e permanente.” As marcas da variedade regional registradas pelos compositores de Assum preto resultam da aplicação de um conjunto de princípios ou regras gerais que alteram a pronúncia, a morfologia, a sintaxe ou o léxico. No texto, é resultado de uma mesma regra a: a) pronúncia das palavras “vorta” e “veve” b) pronúncia das palavras “tarvez” e “sorto”. c) flexão verbal encontrada em “furaro” e “cantá. d) redundância nas expressões “cego dos óio” e 12- “mata em frô” e) pronúncia das palavras “ignorança” e “avuá”.
14-(Ifsp 2011) Leia o poema de Francisco
Dia do Músico, do Professor, da Secretária, do Veterinário... Muitas são as datas comemoradas ao Otaviano. longo do ano e elas, ao darem visibilidade a Ilusões da Vida segmentos específicos da sociedade, oportunizam Quem passou pela vida em branca nuvem, uma reflexão sobre a responsabilidade social E em plácido repouso adormeceu; desses segmentos. Nesse contexto, está inserida a Quem não sentiu o frio da desgraça, propaganda da Associação Brasileira de Imprensa Quem passou pela vida e não sofreu; (ABI), em que se combinam elementos verbais e Foi espectro de homem, não foi homem, não verbais para se abordar a estreita relação entre Só passou pela vida, não viveu. imprensa, cidadania, informação e opinião. Sobre (SECCHIN, Antonio Carlos. Roteiro da poesia essa relação, depreende-se do texto da ABI que brasileira – Romantismo. São Paulo: Global, 2007.) A) para a imprensa exercer seu papel social, Este poema pertence à estética romântica ela deve transformar opinião em porque informação. a) sugere que o leitor, para ser feliz, viva alienado e B) para a imprensa democratizar a opinião, distante da realidade. ela deve selecionar a informação. b) são explícitas as referências a alguns cânones do C) para o cidadão expressar sua opinião, ele Catolicismo. deve democratizar a informação. c) expõe os problemas sociais que afetavam a D) para a imprensa gerar informação, ela deve sociedade da época. fundamentar-se em opinião. d) nele se percebe a vassalagem amorosa, isto é, a E) para o cidadão formar sua opinião, ele submissão do homem em relação à mulher. deve ter acesso à informação. e) sugere que é importante viver, de forma intensa e profunda, as experiências da existência humana. 13- Assum preto
Tudo em vorta é só beleza
Sol de abril e a mata em frô Mas assum preto, cego dos óio Num vendo a luz, ai, canta de dor Tarvez por ignorança Ou mardade das pió Furaro os óio do assum preto Pra ele assim, ai, cantá mió Assum preto veve sorto Mas num pode avuá Mil veiz a sina de uma gaiola Desde que o céu, ai, pudesse oiá GONZAGA, L.; TEIXEIRA, H. Disponível em: www.luizgonzaga.mus.br. Acesso em: 30 jul. 2012 (fragmento).
Os Cavaleiros da Triste Figura: uma experiência decolonial do Dom Quixote do Bugio: um processo artístico de criação cênica com o Grupo Teatral Boca de Cena de Aracaju - SE