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PORTUGUÊS
POESIA TROVADORESCA
10ºANO
SISTEMATIZAÇÃO DA MATÉRIA
CONTEXTO HISTÓRICO
remontam à Idade Média, a um período de cerca de 150 ano (dos finais do século XII a
meados do século XIV) ) a um período de cerca de 150 anos {de finais do século XII a meados
do século XIV), num momento marcado pelo nascimento das nacionalidades ibéricas e pela
Reconquista Cristã;
foram feitas em Galego-Português por um conjunto de trovadores e jograis provenientes dos
reinos de Leão e Galiza, de Portugal e de Castela;
foram recolhidas em três cancioneiros: o Cancioneiro da Ajuda, o Cancioneiro da Biblioteca
Nacional e o Cancioneiro da Biblioteca Vaticano;
pertencem a três géneros: cantiga de amor, cantiga de amigo e cantiga de escárnio e
maldizer.
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CANTIGAS DE AMIGO
CARACTERIZAÇÃO FORMAL
Do ponto de vista formal, as cantigas de amigo são constituídas por estrofes (também designadas coplas
ou cobras) breves, nas quais predominam repetições, genericamente designadas paralelismo. Nas
cantigas de amigo, encontram-se geralmente repetições:
o De versos inteiros, com função de refrão;
o palavras ou expressões no início dos versos ou estrofes;
o a nível estrófico. com sequências de dísticos monórrimos, seguidos de um refrão, e ligados dois a
dois;
o a nível semântico, muito frequentemente com a utilização de sinónimos.
Há um tipo particular de
composições muito característico
na lírica galego-português a; a
cantiga paralelística com refrão e
leixa-pren.
Nestas cantigas, as estrofes são
constituídas por dísticos que se
repetem uma vez com variações
mínimas. sendo o último verso de
cada par de estrofes retomado no
par de estrofes seguinte. Neste
esquema, as estrofes encadeiam-se
alternadamente da seguinte forma:
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2.º verso da 1.ª estrofe é igual ao 1.º verso da 2.ª estrofe. De igual modo o 2.º verso da 2.ª estrofe é
igual ao 1.º verso da 3.ª estrofe
Assunto/tema: num ambiente rural e florido, logo convidativo ao amor e à alegria, as donzelas aprestam-
se para bailar e dessa forma atraírem os amigos. Portanto há um convite às amigas para dançar, com o objetivo
de sedução dos amigos
Personagens:
os amigos: ausentes, mas sempre presentes (no coração e pensamento das donzelas)
Ação: o baile debaixo das avelaneiras – dança = sedução. A donzela incita as amigas a bailar
consequência → as donzelas amigas, belas e apaixonadas, dançarão como ela.
Tempo: o ambiente primaveril / a primavera (pois é a época em que florescem as avelaneiras árvores em flor)
analogia entre o aspeto, a natureza primaveril e o estado de alma da donzela (alegria de viver)
CANTIGAS DE AMOR
A) Sujeito poético
a. Voz masculina (trovador), que se dirige à mulher amada (“senhor”), elogiando-a e/ou
expressando a sua “coita de amor”.
B) Temas
a. Representação de afetos e emoções
i. “Coita de amor”: sofrimento amoroso provocado pela não correspondência amorosa e
que conduz à “morte de amor”.
ii. Elogio cortês: panegírico da “senhor”, modelo de beleza e de virtude.
C) Ambiente (espaços, protagonistas e circunstâncias)
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i. Espaço aristocrático/ambiente palaciano (corte).
ii. Vassalagem amorosa; obediência ao código da mesura (não revelação da identidade da
“senhor”).
D) Linguagem e estilo
a. número variável de estrofes;
b. número variável de rimas;
c. por vezes têm refrão, mas nem sempre acontece;
d. existe progressão de sentido;
e. linguagem mais próxima da Provençal (sul de França).
Assunto: Quando se lembra da sua senhora e das suas palavras doces e acertadas, o trovador sente uma
saudade imensa. E pede então a Deus (que tem o poder para isso) que lhe permita vê-la em breve. Porque, se a
não vir em breve, a ela, que é a melhor das melhores, não pode evitar enlouquecer ou morrer de dor. Pois Deus a
fez de tal forma que, sem ela, ele não pode viver.
Estrutura interna
2.ª parte (vv. 7-12) - Consequências de não ver a amada: a loucura ou a morte.
3.ª parte (vv. 13-20) - Exaltação das qualidades da mulher amada ("non lhi fez par", "fez das melhores melhor") e
confissão da certeza de que morrerá se não vir rapidamente a "senhor" (dependência total em relação à mulher
amada).
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CANTIGAS DE ESCÁRNIO E MALDIZER
A) Sujeito poético
a. Voz masculina (trovador), que faz uma crítica, de forma direta ou velada.
B) Caracterização temática
a. Representação de afetos e emoções
b. Dimensão satírica:
i. paródia do amor cortês: crítica das regras do amor cortês de matriz provençal.
ii. crítica de costumes: deserção, cobardia de vassalos nobres em campo de batalha; falta de
dotes poéticos dos jograis.
Assunto: o sujeito poético elenca os defeitos da mulher a quem se dirige, os quais o impedem de lhe dedicar
uma cantiga de amor. De facto, perante a queixa de uma “dona fea, velha e sandia” que o sujeito nunca a louvara
nos seus poemas, apesar de já ter trovado muito, ele dispõe-se agora a louvá-la.
Tema: ridicularização do amor cortês e da imagem da mulher ideal e perfeita, através do elogio a uma “dona
fea, velha e sandia”.
Objeto da crítica: uma dama feia que desejava ser cantada, representando todas aquelas que expressavam
esse desejo.
Razão da queixa: a “dona” queixa-se de nunca ter sido louvada nos cantares do trovador / sujeito poético,
isto é, de este não compor cantigas sobre ela.
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alguém é quase negar a sua existência como pessoa.
Crítica
Em síntese...
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As primeiras manifestações escritas da nossa literatura datam de meados do século XII,
consistindo em textos poéticos em galego-português compostos para serem cantados, daí o nome pelo
qual ficaram conhecidos.
Cantigas
refletem o ser medieval: a religião, as lutas entre senhores e reinos (a formação das
nacionalidades), as guerras contra os muçulmanos (no período das Cruzadas e da Reconquista
Cristã), o regime de dependência entre senhores e vassalos (ou feudalismo);
escritas e compostas pelos trovadores, habitualmente de origem nobre, eram executadas por
segréis, jograis e jogralesas e, muitas vezes, cantadas e dançadas pelas soldadeiras, mulheres que
acompanhavam os jograis;
classificam-se segundo três géneros: de amigo, de amor, de escárnio e maldizer, consoante o
tema e assunto tratados, a representação de afetos e emoções, a linguagem, o estilo e a
estrutura adotados bem como a recriação de espaços medievais de protagonistas e
circunstâncias.
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