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Resumos Português

Português (Ensino Médio - Portugal)

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RESUMOS
DE
PORTUGUÊS

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Conteúdo

POESIA TROVADORESCA.......................................................................................................3
CRÓNICA DE D. JOÃO I – FERNÃO LOPES..............................................................................5
FARSA DE INÊS PEREIRA – GIL VICENTE................................................................................8
RIMAS - LUÍS DE CAMÕES...................................................................................................10
OS LUSÍADAS – LUÍS DE CAMÕES........................................................................................13
SERMÃO DE SANTO ANTÓNIO AOS PEIXES – PADRE ANTÓNIO VIEIRA...............................19
FREI LUÍS DE SOUSA – ALMEIDA GARRETT.........................................................................23
AMOR DE PERDIÇÃO – CAMILO CASTELO BRANCO............................................................27
OS MAIAS – EÇA DE QUEIRÓS.............................................................................................35
SONETOS COMPLETOS - ANTERO DE QUENTAL..................................................................44
CÂNTICOS DO REALISMO – CESÁRIO VERDE.......................................................................45
POESIA DO ORTÓNIMO – FERNANDO PESSOA...................................................................48
POESIA DOS HETERÓNIMOS – FERNANDO PESSOA............................................................49
MENSAGEM – FERNANDO PESSOA.....................................................................................54
CONTOS..............................................................................................................................59
POETAS CONTEMPORÂNEOS..............................................................................................64
MEMORIAL DO CONVENTO – JOSÉ SARAMAGO.................................................................65
GRAMÁTICA........................................................................................................................77

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10º ANO
POESIA TROVADORESCA
A poesia trovadoresca e a designação dada ao conjunto de composições poéticas medievais,
assim, as poesias trovadorescas remontam à Idade Média. Estas composições poéticas foram
feitas em galego-português e divididas em 3 tipos de poemas:

1. Poesia de Amigo
As cantigas de amigo apresentam, na voz de uma donzela, os sentimentos por ela vividos
relativamente ao seu amigo que pode estar longe e ausente, levando-a assim a manifestar
saudade, tristeza, mágoa angústia e temor. Contudo o sentimento que nutre pelo amigo pode
levá-la a expressar alegria, sensualidade, confiança em romarias ou festas.

SUJEITO TEMAS AMBIENTES (ESPAÇOS, PROTAGONISTAS E CIRCUNSTÂNCIAS)


POÉTICO
Variedade do Natureza ao ar livre (campo, fonte, rio, mar)
sentimento - A Ambiente coletivo (romarias e santuários)
A “donzela” Confidência Ambiente doméstico (casa e família – amigas, irmãs ou mãe)
ou “jovem amorosa - B
enamorada” Relação com a Vivências quotidianas relacionadas com a experiência do amor – a
natureza - C iniciação do amor, o encontro amoroso, a ausência do amado.

A – Variedade do sentimento:

 Saudosa e expectante pela ausência do amado


 Triste e saudosa pela partida do amado
 Feliz a dançar com as amigas em romarias, para seduzir os moços, ou porque é
correspondida
 Desconfiada e triste, por temer uma traição
 Temerosa da mãe, por lhe mentir sobre a sua relação com o amado

B – Confidência amorosa:

 Diálogos com a mãe, irmãs, as amigas ou ainda a Natureza sobre os seus sentimentos
do momento relativamente ao amado presente ou ausente
 Monólogos de verbalização do sentimento amoroso – feliz ou frustrado

C – Relação com a Natureza:

 A Natureza (campestre ou marítima / fauna ou flora) está sempre de acordo com o


estado de espírito da jovem, tornando-se até um prolongamento desse estado
 Como confidente, a Natureza surge frequentemente personificada

Linguage - Estrofes breves (também designadas como coblas)


m e estilo - Têm refrão – versos inteiros repetidos diversas vezes
- Uso de recursos expressivos, tais como, personificação, comparação, apóstrofe e
paralelismo (repetição do 1º verso de uma estrofe, no 1º verso de outra estrofe)
- Presença de leixa-pren (estratégia de pegar no 2º verso de uma estrofe e repeti-lo
no 1º verso de uma outra estrofe) para ligar as estrofes

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2. Poesia de Amor
Nas cantigas de amor a voz é masculina e o sentimento amoroso é vivido por um homem que
se coloca ao serviço de uma mulher, regra geral, casada. A dama mostra-se normalmente
distante, fria e até indiferente, contudo é colocada numa posição superior pelo poeta, que lhe
presta um serviço de vassalagem seguindo o código de amor cortês. O sujeito masculino vive
assim, numa paixão infeliz – coita de amor – porque não pode ser concretizado.

Nestas composições vamos encontrar por um lado, emoções em crescendo que dizem respeito
a esse sofrimento de amor, como a dor, a angústia, o desespero, a loucura e a própria morte; e
por outro lado, emoções que fazem parte do quadro do elogio cortês. O amador louva a sua
amada, a sua senhor, e traça todo um retrato idealizado na mesma, realçando quer as suas
características físicas (cabelo loiro e pele clara), quer as suas características morais (bom senso,
bem falar).

SUJEITO TEMAS AMBIENTES (ESPAÇOS, PROTAGONISTAS E CIRCUNSTÂNCIAS)


POÉTICO
Trovador da Espaços nobres, palacianos ou cortesãos
corte (nobre Coita de amor -A
ou do próprio
A senhor inatingível e imaterial
rei), homem
Elogio / Amor O poeta servidor canta a beleza e as qualidades da sua senhor,
que canta a
cortês - B expressa-lhe o seu amor a que ela é indiferente
sua senhor

A – Coita de amor:

 Sofrimento amoroso, por vários motivos – a senhor não lhe corresponde, está ausente,
causa-lhe mais desamor do que amor

B – Elogio/Amor cortês:

 O objeto é a mulher da nobreza ou da corte, cujo estatuto social lhe confere um certo
endeusamento
 O trovador segue as regras da “mesura” ou cortejar da dama – linguagem formal e
respeito evidentes

- Número variável de estrofes (mas, em geral, é curta)


- Número variável de rimas
Linguagem - Por vezes têm refrão (na norma provençal, a cantiga de mestria não apresenta
e estilo refrão)
- Existe progressão de sentido
- Linguagem mais próxima da provençal
- Recursos expressivo, tais como a comparação e a personificação

3. Poesia de Escárnio e Maldizer

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SUJEITO POÉTICO TEMAS AMBIENTES (ESPAÇOS, PROTAGONISTAS E


CIRCUNSTÂNCIAS)
Trovador ou jogral – o ambiente Paródia do amor Espaços sociais diversos por onde
de festa permite-lhe usar da cortês – A circulam as personagens criticadas pelo
palavra para as suas críticas trovador ou pelo jogral
Critica de costumes
–B

A – Parodia do amor cortês:

 Louvor à mulher amada (nobre, cortesã ou real), mas com ironia e sarcasmo, exaltando
as suas faltas, os seus defeitos e as suas características físicas ou de personalidade, que
o autor quer denunciar
 Crítica ao tópico da coita de amor, sugerindo ser um fingimento

B – Critica de costumes:

 Toda a sociedade medieval é alvo de críticas: todos os que o trovador entender criticar
pela denúncia de escândalos e perversidades – mulheres e homens do povo, nobres,
religiosos, o rei e outros jograis.

- Críticas por meio de sátiras e sarcasmos


Linguagem - Recurso a calão, trocadilhos
e estilo - Seleção de vocábulos que surtem efeitos cómicos
- Recursos expressivos, nomeadamente, a comparação, a ironia e a
personificação

CRÓNICA DE D. JOÃO I – FERNÃO LOPES

Contexto Histórico

 A Crónica D. João I (1ª parte) diz respeito a um período marcado por tensões políticas
devido à crise económica e social do século XIV.
 Com a morte do rei D. Fernando, o Formoso, surge um problema de sucessão.
 É proclamada regente sua mulher, D. Leonor Teles, apoiada pelo manipulador e
“astuciosa fidalgo galego” Conde Andeiro (que pretende a anexação de Portugal a
Castela).
 Álvaro Pais, antigo chanceler-mor dos reis D. Pedro e D. Fernando, toma a iniciativa de
matar o Conde Andeiro e escolhe para essa tarefa D. João, Mestre de Avis (irmão do
falecido D. Fernando e filho ilegítimo de D. Pedro e D. Teresa Lourenço), que aceita a
incumbência.
 Eis o esquema de Álvaro Pais: “à mesma hora em que o Mestre fosse matar o conde, a
população seria alarmada com a notícia que no paço queriam matar o Mestre, e era
urgente acudir-lhe. A multidão acorreria ao paço e ninguém ousaria fazer mal ao
Mestre”. As coisas passaram-se exatamente como Álvaro Pais previa – o Mestre entrou
cilada, o que levou a multidão a aclamá-lo em delírio “Regedor e defensor do Reino”.
 Estes factos desencadeiam levantamentos populares em várias regiões. O rei de
Castela tenta sufocar a revolução (com o Cerco de Lisboa), mas a peste dizima as forças
invasoras e obriga-as a retirar”.

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 O Mestre de Avis é aclamado rei de Portugal nas Cortes de Coimbra de 1385. “A


monarquia nascida da revolução depressa reencontra o equilíbrio e restabelece, sob a
égide de um poder real robustecido a primazia política da nobreza.
A prosa do cronista Fernão Lopes

 Cumprindo a missão que lhe tinha sido atribuída de registar a história dos reis de
Portugal, Fernão Lopes (século XV) criou um novo estilo e afirma-se como um notável
prosador:
- Com o objetivo de relatar os factos históricos tal como eles teriam acontecido e de
levar o leitor a “presenciar a cena” (tendência visualista), a sua escrita é marcada por
uma “minúcia descritiva” (abundam pormenores) que se traduz num forte realismo;
- Na Crónica de D. João I, que descreve, na 1ª parte, os acontecimentos mais marcantes
da crise de 1383-1385, Fernão Lopes atribui particular importância aos seguintes
“quadros”.

 Na cronica de D. João I (1ª parte), testemunhamos a afirmação da consciência coletiva,


ou seja, o papel do povo, como herói colético, que age unido por um mesmo propósito,
acudindo ao Mestre e resistindo durante o Cerco.
 Na mesma crónica, verificamos a presença de atores individuais e coletivos: os
primeiros são o Mestre de Avis e Álvaro Pais; os segundos correspondem à “arraia
miúda” (populares).

1. Capítulo 11
“Do alvoroço que foi a cidade cuidando que matavam o Mestre, e como aló foi Alvoro Paaez e
muitas gentes com ele”

 O pajem do palácio vai a cavalo gritar ao povo que estão a matar o “Mestre de Avis nos
Paços da Rainha”.
 Os populares da cidade, ao ouvirem tal notícia, alvoroçam-se e começam a servir-se
das armas que tem à sua disposição para acudir o Mestre.
 Álvaro Pais já vem pronto para o combate com uma 2coifa” (parte da armadura que
protegia a cabeça) e um cavalo.
 Álvaro Pais traz outros fidalgos armados que incitam a multidão a ajudar o Mestre, pois
era filho de D. Pedro (com D. Inês de Castro).
 A multidão é tanta e tão ruidosa que circula pelas ruas principais e secundárias, atalhos
e por onde possa para chegar ao Paço, sempre com Álvaro Pais à cabeça, dizendo que
matam o Mestre sem ele ter culpa de nada.
 Circula pelo povo a ideia de que fora a própria regente, D. Leonor de Teles (com a
orientação do fidalgo galego com quem vivia, o Conde Andeiro), que mandara matar D.
João.
 Populares chegam ao palácio e veem as portas fechadas: começam a gritar pelo Mestre
e a dizer que estão prontos a arrombar as portas ou a incendiar o Paço; já alguns
populares vêm com escadas para subir às janelas e outros rodeiam ameaçadoramente
o Paço.
 Armas de que se serve o povo “feixes de lenha” e “carqueija” para incendiar o muro.
 Vozes brandam repentinamente, de dentro do Paço, dizendo que o Mestre está vivo e
que D. João Fernandes (Conde Andeiro) está morto.
 A multidão pede para ver o Mestre e confirma; o Mestre mostra-se à janela, dizendo
que está vivo e bem.
 Povo deseja também a morte de regente “aleivoso”, mas Leonor Teles e os seus aliados
conseguem fugir do Paço.

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 Mestre sai do palácio, acompanhando de Álvaro Pais e seus cavaleiros, e pede aos
populares que regressem a casa, pois já fizeram ali a sua parte.

2. Capítulo 115
“Per que guisa estava a cidade corregida pera se defender quando el-rei de Castela pôs cerco
sobr’ela”.

 O cenário está instalado: el-rei de Castela decide cercar a cidade de Lisboa, que estava
de antemão preparada; quando o Mestre sabe da intenção do rival castelhano, ordena
que:
- Os homens recolham a maior quantidade de alimentos possíveis;
- Os homens vão de “barcas e batéis” ao Ribatejo, de onde trazem mantimentos;
- Os lavradores e as suas famílias entrem na cidade cercada com todos os seus
pertences, bem como todos os outros que se queiram juntar;

 Descrição da cidade cercada (e fortificada):


- Muros robustos com suas “quadrilhas” (partes do muro protetor);
- 77 tores em redor, coberturas de madeira;
- “lanças e dardos”, “bestas de torno”, “viratões” (arcos e setas de grande alcance);
- pedras e bandeiras de S. Jorge (um dos padroeiros da cidade de Lisboa);
- Torres guardadas por “senhores e capitães”, “fidalgos e cidadãos honrados”,
“besteiros e homens d’armas”;
- Quando o sino das torres toca, os guardas deixam-nas a outros vigias e aprontam-se
para combater os inimigos; os “mesteirais” (artesãos) saem de suas oficinas e correm
com as armas que têm na mão; os restantes populares juntam-se à defesa e acorrem
em multidões aos muros com trombetas e gritos de apoio, espadas e lanças, sem
temer o inimigo; os clérigos e os frades da Trindade (contrariando as Leis da Santa
Igreja) lutam com o que têm à mão;
- todas as portas da cidade estão protegidas e a dificultar a entrada de inimigos;
- Muros novos e proteção são construídos com pedras que as mulheres recolhem nos
campos;
- Todos – fidalgos e populares, mesteirais e demais – vivem em amigável comunhão na
defesa de um objetivo comum: defender a sua cidade e expulsar os castelhanos.

3. Capítulo 148
“Das tribulações que Lisboa padecia per mingua de mantimentos”

 O Cerco prolonga-se e começam a faltar os mantimentos – cresce nos sitiados a


sensação de “míngua”, falta do alimento que lhes permite manter o corpo robusto.
 As privações começam a atingir também nobres e religiosos.
 O trigo escasseia, os cercados começam a comer “pam de bagaço d’azeitona, e dos
queijos das malvas e raízes d’ervas” e tudo o que a Natureza dá, comestível ou não; há
ainda os que escavam a terra à procura de uns grãos de trigo.
 A comida falta, dando origem a querelas e a inimizades entre os sitiados, ainda que
diligentes e corajosos sempre que repicam os sinos a anunciar ataques castelhanos;

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ainda assim, alguns homens resignam-se e, cheios de fomes e sofrimento, tentam


consolar-se com inúteis palavras e lamentos.
 Todos se ajoelham na terra e pedem a Deus misericórdia ou então a própria morte.
 O Mestre e o seu Conselho condoem-se, mas nada porem fazer, pois também eles
passam privação.
 O povo queixa-se de dois tipos de inimigos: os castelhanos, que os cercavam de fora, e
a escassez de alimentos, que os matava aos poucos dentro das muralhas.
 Reflexão final de Fernão Lopes: chama à atenção dos outros e futuros portugueses que
não participaram em tal sofrimento e flagelo para porem os olhos nas confianças, ma
devoção e no patriotismo (até à morte) destes cercados obedientes e tão sofredores.
 O Cerco acabará quando a peste começar a vitimar sitiados e sitiantes, regressando os
castelhanos à sua terra.

FARSA DE INÊS PEREIRA – GIL VICENTE

A Farsa de Inês Pereira é uma peça de teatro, na qual retrata a ambição de uma criada da
classe média portuguesa do século XVI, desafiado por aqueles que duvidavam do seu talento,
Gil Vicente concorda em escrever uma peça que comprove o provérbio "Mais quero asno que
me leve, que cavalo que me derrube".

Toda a peça gira à volta da personagem principal Inês Pereira que nunca sai de cena. As
didascálicas são escassas, não há mudança de cenário, e a mudança de cena é só pautada pela
entrada ou saída de personagens, sendo que todas as personagens desta farsa visam a critica
social, por isso são chamadas personagens tipo.

Representação do quotidiano na obra

Na Farsa de Inês Pereira, a representação do quotidiano surge, por exemplo, nos seguintes
quadros ilustrativos:

- Cenas da vida doméstica: a mãe censura Inês pelo seu desleixo nas tarefas domésticas, e por
sua vez Inês queixa-se da falta de liberdade

- Conselhos maternos sobre a escolha de namorados e sobre casamento

- A festa de casamento de Inês

- Vida conjugal, neste caso, a prepotência do marido escudeiro que obriga Inês a obedecer-lhe
e a fecha em casa

- Traição conjugal: Inês trai Pero Marques com o Ermitão

Dimensão satírica

Gil Vicente satiriza os comportamentos morais e sociais da época a partir da personagem de


Inês Pereira:

 Aborda a ascensão social da mulher através do casamento e o adultério feminino


 Serve-se do cómico (de carácter, de linguagem e de situação) de forma a provocar o
rio nos espectadores, expondo assim ao ridículo esses comportamentos e costumes

Linguagem e estilo: A linguagem é popular, especialmente através de provérbios e de palavras


entretanto caídas em desuso – arcaísmos.

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Estrutura da obra

Não existem divisões cénicas explícitas, embora seja possível deletar 3 momentos principais de
ação:

1. Inês solteira
2. Inês casada
3. Inês viúva e novamente casada

Personagens

 Inês: representa a moça casadoira, fútil, muito preguiçosa e interesseira, que se casa
duas vezes, apenas para se livrar do tédio da vida de solteira. Não conseguindo casar-
se na primeira tentativa, garante-se na segunda, com o marido ingénuo. Apesar de seu
comportamento impróprio, consegue até mesmo a simpatia do público pela
inteligência com que planeja seus passos.
 Lianor Vaz: é a alcoviteira, mulher na época assim chamada que arrumava casamentos,
revelando que a base da família está corrompida.
 Mãe: apesar de dar conselhos à filha, acha importante que ela não fique solteira e
torna-se cúmplice das atitudes dela.
 Pero Marques: é o marido bobo, mas um lavrador abastado. Apesar de ser
ridicularizado por Inês, ele casa-se como ela e deixa que ela o maltrate e o traía.
 Escudeiro (Brás da Mata): Preocupado em encontrar uma esposa, finge, e engana,
criando uma imagem de "bom moço" que depois se revela um tirano, e deixa Inês
presa na sua casa, mas ele é morto por um mouro.
 Moço: era um amigo do primeiro marido de Inês, que o ajuda a mentir para se casar
com ela; lamenta a morte do seu amo, sendo que é através da sua voz que se fica a
saber da condição miserável do Escudeiro
 Ermitão: clérigo sedutor, castelhano, que seduz Inês tornando-se seu amante,
mantendo assim uma relação de adultério
 Latão e Vidal: judeus casamenteiros, mentirosos e sem escrúpulos

Relação entre personagens

 Inês – Mãe

Apesar de obedecer à mãe, Inês protesta e reclama da sua condição e solteiro inútil. Esta acaba
por não seguir os conselhos da mãe e recusa casar com Pero Marques, numa fase inicial. A mãe
assume sempre perante ela uma atitude crítica, mas paciente.

 Inês – Escudeiro

Movida pelo desejo cego de se casar com um membro da nobreza, Inês aceita o Escudeiro
como marido, o que lhe vai ser nefasto, devido à sua tirania e falta de escrúpulos. Esta escolha
errada vai ser solucionada com a morte de Brás da Mata.

 Inês – Pero Marques

Recusado no início por ser inculto e brejeiro, Inês vai aceitar Pero Marques como seu marido e,
a partir daí, vai conseguir ser feliz, enganando-o e pondo ao serviço dos seus prazeres. Néscio
(sem conhecimento), o bom Pero Marques vai concretizar todos os seus desejos.

Resumo da obra

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Inês Pereira, moça simples e casadoira, mas com grande ambição procura marido que seja
astuto e sedutor. A mãe de Inês, preocupada com a educação e casamento da sua filha, incita-a
a casar com Pero Marques, pretendente arranjado pela alcoviteira Lianor Vaz. No início, antes
de se apresentar pessoalmente Pero Marques escreve uma carta a Inês a demonstrar as suas
intenções com ela, e após ler a carta, esta aceita se encontrar com o homem. Quando os dois
se conhecem, Pero Marques descreve a sua condição favorável de marido, pois este é herdeiro
magoado (tem casa, terrenos e gado), o que leva a mãe de Inês a considera-lo um bom
pretendente para a filha. No entanto o lavrador não agrada Inês Pereira, por ser ignorante e
inculto, pois este demonstra ser uma pessoa sem conhecimento pois nunca viu sequer uma
cadeira, e isso não deixa de provocar o riso, assim funcionando como mecanismo subliminar o
autoelogio da Corte.

Inês Pereira recusa-o, pois pretende alguém que demonstre alguma cortesia, alguém que, à
boa maneira da Corte, saiba combater, fazer versos, cantar e dançar, alguém como Brás da
Mata, o segundo pretendente, que lhe é trazido pelos Judeus Casamenteiros (Latão e Vidal),
menos sinceros e bem-intencionados do que Lianor Vaz. Mas Brás da Mata representa apenas
o triunfo das aparências, um simulacro de elegância, boa educação e bem-estar social, que
acredita no casamento como solução para as suas dificuldades financeiras.

O escudeiro apresenta-se como um homem rico e um futuro bom marido, embora na verdade
seja um fidalgo pobre e sem escrúpulos. Inês encanta-se com o seu segundo pretendente e
afirma que quer se casar com ele, contudo, a sua mãe, desconfiada, aconselha a filha a não se
casar com Brás de Mata. No final, Inês casa-se com o Escudeiro e acontece uma festa de
casamento. Após a festa, quando o casal estava sozinho, o Escudeiro revela a verdade,
mostrando-se um verdadeiro tirano e que somente se casou com Inês pelo seu dote.

Este casamento depressa se revela desastroso para Inês, que por tanto procurar um marido
astuto acaba por casar com um, que antes de sair em missão para África, dá ordens ao seu
moço que fique a vigiar Inês e que a tranque em casa de cada vez que sair à rua. Três meses
após a sua partida, Inês recebe a prazerosa notícia de que o seu marido foi morto por um
mouro.

Fingindo ser uma esposa triste pela morte do marido Inês visita Lianor Vaz, e nesse mesmo dia,
esta traz-lhe a notícia que Pero Marques, continua interessado nela, e que continua com tudo o
que prometeu a Inês aquando do primeiro encontro. Inês casa com ele logo ali, e já no fim da
história aparece um Ermitão, a pedir esmola em castelhano, que Inês reconhece, pois este
cortejou-a anos antes e apaixonou-se por ela. Estes marcam um encontro na ermida onde ele
vivia, mas para ir até lá, Inês pede a Pero Marques que vá com ele visitar um antigo amigo. Este
leva-a durante o caminho às costas para se encontrar com o seu amante (o Ermitão).

O ditado “mais quero asno que me carregue que cavalo que me derrube”, não podia ser
melhor representado do que na última cena da obra quando o marido a carrega em ombros
até ao amante, e ainda canta com ela “assim são as coisas”. Trata-se, portanto, de uma sátira
aos costumes da vida doméstica, jogando com o tema medieval da mulher como
personificação da ignorância e da malícia.

RIMAS - LUÍS DE CAMÕES

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1. Contextualização histórico – literária

O Renascimento, o Classicismo e o Humanismo são conceitos que estão intimamente ligados e


que representam uma mudança de paradigma relativamente às conceções filosóficas, estéticas
e artísticas medievais.

Renascimento

 Renovação cultural e artística


 Reinvenção das formas artísticas, com base numa perspetiva naturalista e humanista
 Interesse pela arte e cultura da Antiguidade Clássica

Classicismo

 Recuperação de figuras e temas mitológicos


 Gosto pela harmonia e simetria
 Entendimento do corpo humano como medida de arte

Humanismo

 Tem que ver com a centralidade do ser humano que deve possuir conhecimentos sobre
si próprio, as ciências e as humanidades, centro absoluto (físico, intelectual e
espiritual) da existência
 O ser humano ganha um papel mais importante do que o de Deus
 Camões deixou-nos marcas destes conceitos estéticos em toda sua obra:
- Na poesia lírica, com as redondilhas (medida velha) ou com os sonetos, odes e
canções (medida nova)
- Na poesia épica, com Os Lusíadas

2. Influências da lírica camoniana

Lírica tradicional Lírica clássica

Nível  Sociedade rural como universo de  Ideal da mulher


temático referência (ida à fonte, pastorícia)  Efeitos do amor
 Referencia aos olhos verdes

Nível formal  Métrica: medida velha (redondilha)  Métrica: medida


 Géneros literários: nova (decassílabo)
- Vilancete  Género literário:
- Cantiga - Soneto
- Trovas
- Esparsa

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3. Linguagem e estilo

Redondilhas (medida velha)

 Poemas com número variável de estrofes: cantigas, endechas, esparsas, vilancetes,


voltas/glosas.
 Redondilha menor: 5 silabas métricas
 Redondilha maior: 7 silabas métricas
 Rima esquema rimático variáveis

Sonetos (medida nova)

 Sonetos: duas quadras, dois tercetos


 Versos de 10 (decassílabos) ou 12 (alexandrino) silabas métricas
 Rima interpolada e emparelhada nas quadras e rima interpolada nos tercetos
 Esquema rimático: abba/abba/cde/cde
 Nos poemas de Camões é comum encontrarmos um discurso pessoal, de primeira
pessoa, e marcas de subjetividade (por exemplo: “Os bons vi sempre passar”)
 Organização da estrutura interna e externa:
- Primeira quadra: apresentação do tema a desenvolver
- Segunda quadra: desenvolvimento do tema
- Primeiro terceto: confirmação
- Segundo terceto: conclusão
- O soneto deve terminar com chave de ouro, terminado com um pensamento elevado,
habitualmente emotivo.

4. Temas da poesia

A representação da amada

 Nas redondilhas:
- A amada é de qualquer classe social, privilegiando-se a de origem popular
- Geralmente, tanto o sujeito poético como a amada pertencem ao mesmo meio social
- Amada bela, encantadora, com detalhes sobre indumentária, objetos, sentimentos
- Possibilidade de relacionamento físico, entre outros

 Nos sonetos:
- Geralmente pertencem a uma classe social alta (nobreza / aristocracia), portanto,
mulher palaciana
- Mulher petrarquista, isto é, como Petrarca descrevia – pele branca, olhos claros (azuis
ou verdes), cabelos louros, indumentária elegante
- Superior em relação ao sujeito poético, seu submisso
- Amor platónico (perfeito, puro, idealizado e quase sempre inatingível)

A representação da natureza

 Por um lado, a Natureza pode plasmar a beleza da amada, alegre e jovial


 Por outro lado, a Natureza pode estar dependente dos sentimentos tristes, dolorosos e
sombrios do sujeito poético (personificação da natureza)

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 São atribuídas várias funções a Natureza:


- Objeto de contemplação
- Reflexo de um estado de alma
- Confidente do eu

A experiência amorosa e a reflexão sobre o Amor

 O sujeito poético expressa o amor ora como um sentimento alegre e partilhado


(correspondência amorosa) ora como origem de sofrimento, de contradições e de
desespero.
Por exemplo, partindo da reflexão sobre a efemeridade da vida e da passagem do
tempo, o sujeito poético vive angustiado com as lembranças do bem passado que se
tornam num mal presente
 A oposição razão/desejo

A reflexão sobre a vida pessoal

 Nos poemas líricos de Camões encontramos várias referencias diretas ou indiretas à


sucessão de acontecimentos da sua biografia.
Assim, vemos espelhados nos textos as aventuras e desventuras, os infortúnios, o azar
e a dependência de um destino implacável, que dão vida à história pessoa do poeta.

O tema do desconcerto

 O tema do desconcerto surge da consciência do poeta em relação ao mundo injusto,


corrupto e maquiavélico que o rodeia e que nunca lhe é favorável.
Este tema assume várias formas:
- As injustiças sociais
- O absurdo da morte
- A destruição do amor
- A passagem do tempo
- A ação do destino

O tema da mudança

 Este tema relaciona-se com o desenrolar da vida, com a passagem do tempo e as suas
repercussões nos sentimentos do poeta:
- Na Natureza, a mudança é sempre cíclica e a renovação é constante
- No ser humano, a mudança é linear e a passagem do tempo anula a esperança

OS LUSÍADAS – LUÍS DE CAMÕES

1. Resumo
 Na epopeia de Camões o objetivo é cantar a pátria, a história de Portugal. Os versos
camonianos celebram os “feitos da famosa gente” portuguesa, enaltecem “o peito
ilustre lusitano”.

 Os Lusíadas também ilustram uma época e demonstram a incapacidade do europeu,


mais especificamente do português, de sair de si para identificar-se com o Outro. No

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poema se observa um europeu impermeável a cultura do Oriente, incapaz de


compreendê-la.

 Camões evidencia a todo o momento uma preocupação em dizer a verdade no seu


poema épico, ele frisa em diversas passagens o desejo de cantar os acontecimentos
que julga verdadeiros com total transparência.

 As primeiras linhas do poema épico anunciam o percurso das grandes navegações e o


rumo que o poema épico irá tomar. Os versos dedicam-se a homenagear o povo
português, aqueles que superaram perigos e guerras para fazer avançar o Império e a
Fé.

 Além de narrar a conquista do novo reino, Camões já nas primeiras linhas se


compromete a contar a história, se for capaz de tamanho “engenho e arte”. Além de
narrar a genealogia de Portugal, das conquistas ultramarinas, o poema exalta,
sobretudo, o povo português.

2. Métrica

 É dividida em 10 cantos totalizando 1.102 estrofes, todas com oito versos cada uma.
 Os versos são decassílabos heroicos, ou seja, todos possuem dez sílabas poéticas.
 No total são 8816 versos e todos eles rimam da mesma forma: ABABABCC.

3. Narrativa

 A narrativa começa in medias res, ou seja, parte do meio da ação para então voltar a
narrar para trás, no meio da viagem de Vasco da Gama.

 A história de Portugal é contada cronologicamente por Vasco da Gama ao rei de


Melinde. A viagem à Índia é metonímia de todas as navegações portuguesas.

 Vasco fala dos seus heróis portugueses antepassados.

 A construção do poema em si é extremamente bem delineada e repetitiva. O herói


guerreiro é protegido por determinados deuses e perseguido por outros até que,
graças a sua valentia, coragem e persistência, supera as armadilhas e consegue chegar
a terra distante, onde funda novo reino.

 O principal inimigo dos portugueses é Baco, que sente ciúme e inveja, e é responsável,
direta ou indiretamente, por todas as ciladas.

4. Estrutura Interna

I. Proposição (Canto I, estrofes de 1 a 3): Camões apresenta o que irá cantar: os feitios das
navegações portuguesas com foco na esquadra de Vasco da Gama, junto da narração da
história do povo português.

II. Invocação (Canto I, estrofes 4 e 5): Ele faz a invocação das musas do rio Tejo para ajudá-lo.
São as Tágides. Elas o inspiram a compor a obra.

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III. Dedicatória (Canto I, estrofes 6 a 18): O poema é dedicado ao rei de Portugal, Dom
Sebastião, em quem era depositada a esperança da expansão da fé católica e ampliação
das conquistas portuguesas mundo afora.

IV. Narração (Canto I, estrofe 19 ao canto X, estrofe 144): Neste longo período é narrada a
viagem de Vasco da Gama e a história da glória portuguesa.

V. Epílogo (Canto X, estrofes 145 a 156 – Fim da Epopeia): Lê-se o grande lamento do poeta,
que considera sua voz rouca, que não é ouvida com tanta atenção. Ele deixa o tom épico e
passa a se lamentar do como Portugal se encontra depois de tantos grandes atos de
heroísmo.

5. Narração anacrónica:
 Passado - reconto da História de Portugal desde as origens ate D. Manuel I (analepse)
 Presente – tempo da ação central do poema, ou seja, da viagem de Vasco da Gama,
iniciada “in media res”
 Futuro: profecias (prolepse)

6. Ações:

Ação Principal: Viagem de Vasco da Gama a Calecute.

Ação Secundária: História de Portugal.

7. Herói:

• Individual: Vasco da Gama;

• Coletivo: Povo Português.

8. Narradores:

• Vasco da Gama;

• Paulo da Gama;

• Luís de Camões;

• Fernão Veloso.

9. Planos:

• Do poeta – ou as considerações pessoais aparecem normalmente nos fins de canto e


constituem, de um modo geral, a visão critica do poeta sobre o seu tempo.

• Da Mitologia – em alternância, ocupam uma posição importante

• Da Viagem – a viagem de Vasco de Gama de Lisboa até à India. Saída de Belém, paragem em
Melinde e chegada a Calecut.

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• Da História de Portugal – quando Vasco da Gama ou outro narrador conta, por exemplo ao
rei de Melinde, a História de Portugal.

10. Episódios:

• Mitológicos – consílio dos Deuses no Olimpo, consílio dos Deuses Marinhos;

• Bélicos – Batalha de Ourique, Batalha do Salado e Batalha de Aljubarrota;

• Naturalistas – Cruzeiro do Sul, Tromba marítima, Tempestade, Escorbuto, Fogo de

Santelmo;

• Simbólicos – Velho do Restelo, Adamastor, Ilha dos Amores, Sonho Profético de D.

Manuel;

• Líricos – Morte de Inês de Castro, Formosíssima Maria;

• Cómicos – Fernão Veloso.

Consílio dos Deuses – plano mitológico (Canto I)

Os Deuses reúnem-se para decidir se ajudam ou não os portugueses a chegar a Índia. Esta
reunião foi presidida por Júpiter, tendo estado presentes todos os Deuses convocados. Os
Deuses sentem a necessidade de reunir face aos feitos gloriosos conseguindo ate ao momento.

Júpiter decide ajuda-los, pois considera que os portugueses, pelos seus feitos passados são
dignos de tal ajuda.

Baco, pelo contrário, não queria que os portugueses fossem para a Índia, com medo de perder
a sua fama no Oriente.

Vénus apoia Júpiter, pois vê refletida nos portugueses a força e a coragem do seu filho Eneias e
dos seus descendentes, os romanos.

Marte consegue convencer Júpiter a não abdicar da sua decisão e assim, os portugueses serão
recebidos num porto amigo. Pede a Mercúrio, o deus mensageiro, que colha informações
sobre a Índia, pois começa a desconfiar da posição tomada por Baco.

Conclusão: Decisão favorável â viagem dos Portugueses

Episodio de Inês de Castro – plano historia de Portugal – episodio lírico (Canto III)

É considerado um momento lírico, pois:

 Exploram-se os sentimentos pessoais do narrador


 Dá-se expressão à emotividade e à exploração de sentimentos como o Amor, a
crueldade, o sofrimento…

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Vemos um drama amoroso. D. Pedro era casado com Constança e tinha como sua amante
Inês de Castro. Sua paixão foi descoberta pela corte portuguesa e todos reprovavam sua vida
de amor dupla. Por isso, ele manda Inês para um castelo distante, em Albuquerque.
Com a morte de D. Constança em um trabalho de parto, D. Pedro fica livre para trazer Inês de
volta, e o faz. Com ela teve 4 filhos.

Porém, o pai de D. Pedro, enquanto este estava fora em batalha, manda matar Inês. Seu filho
ainda não tinha se casado com ela e seu pai não a queria para o filho, nem queria deixar o
reina para algum dos 4 netos que já tinha.
Quando D. Pedro voltou e viu sua mulher morta, mandou desenterrá-la, coroou-a e fez com
que toda a corte beijasse a mão da nova rainha como forma de vingança.

Partida das naus, o velho do restelo – plano da história de Portugal e início da viagem (Canto
IV)

Na preparação da partida das naus de Vasco da Gama para a Índia, sobressai no meio da
confusão um alvoroço e ao mesmo tempo um desejo de alcançar o trajeto pretendido.

Em meio a todo esse elogio aos navegadores portugueses surge a voz de um ancião que se
mostra contrário a viagem quando os bravos navegantes se despedem de seus familiares antes
de partir.

Segundo o velho, os portugueses são insanos, pois vão se arriscar para buscar poder, fama,
cobiça e ambição desmedida.

Esse velho representa a mentalidade portuguesa feudal, contrariando os desejos da monarquia


e da burguesia.

Afinal, o Velho é o próprio Camões erguendo-se acima do encadeamento histórico e aplicando


os valores do humanismo que defendia.

Após a citação do Velho do Restelo, deu-se a partida; ficaram para trás as terras portuguesas e
apenas o mar e o céu infinitos cabiam na visão dos lusitanos.

Adamastor – plano da História de Portugal / viagem – episódio lendário (Canto V)

No plano histórico, simboliza:

- A superação pelos portugueses do medo do “Mar Tenebroso”, das superstições medievais que
povoavam o Atlântico e o Índico de monstros e abismos.

- Adamastor é uma visão, um espectro, uma alucinação que existe só nas crendices dos
portugueses. É contra seus próprios medos que os navegadores triunfam.

No plano lírico é um dos pontos altos do poema, retornando dois termas constantes da lírica
camoniana:

- O do amor impossível e o do amante rejeitado

- O medo dos portugueses de atravessarem o Oceano índico e o Atlântico, representados por


monstros, gigantes, penhascos e seres sobrenaturais

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Adamastor é o Cabo da Boa esperança, ou Cabo das Tormentas. Por ter seduzido a ninfa Tétis,
esposa do deus Peleu, foi por ele transformado em rocha como vingança. O Gigante prometeu
destruir qualquer navio que passasse por ele. Por isso o local era representado com nuvem
negra e tempestade.

Ilhas dos Amores (Canto IX)

Quando a esquadra completa a viagem Vênus a recompensa com um momento de descanso


na Ilha dos Amores, paraíso natural que era a imagem que se tinha do Brasil, recém-
descoberto.

Nessa ilha eles encontram ninfas que foram flechadas pelo cupido. Vendo os portugueses
ficam apaixonadas. Eles recebem também um banquete e cada um ouve a previsão para o seu
futuro. Vênus mostra ainda, a Vasco da Gama, uma esfera perfeita e mágica: a Máquina do
Mundo.

Caracterização da ilha: magnifica, bela, verde, alegre, fértil

As ninfas:

 São a recompensa para os portugueses


 Simbolizam a harmonia – os portugueses foram dos únicos povos a cultivar a paz
 União entre o divino e o humano
 Conhecimento do mundo – abertura- reconciliação

Elevação dos Portugueses a semideuses:

 Coroação com grinalda romana


 Referencia a matrimonio com as ninfas
 União e recuperação do jardim do paraíso

A máquina do mundo:

 Vénus sabia da chegada dos Portugueses – estava escrito


 Apesar de só ser mostrada a alguns Deuses, Thétis mostra a máquina do mundo a
Vasco da Gama atribuição heroica ao povo português

A expressão de força:

 Dificuldades – permite: Imortalidade e Conhecimento


 Fé

Heroísmo:

 Os portugueses alcançam o objetivo (Índia) e ate os Deuses os glorificam

11º ANO

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SERMÃO DE SANTO ANTÓNIO AOS PEIXES – PADRE ANTÓNIO VIEIRA

Características
 Discurso religiosos que se integra na chama oratória (arte de discursar em público).
 Exórdio - momento em que o orador expõe o plano/assunto do sermão que pretende
defender a partir de um conceito predicável. Pretende alcançar a benevolência, a
simpatia e a atenção dos ouvintes. Termina com uma invocação a Deus ou à Virgem.
 Exposição – faz parte do desenvolvimento do sermão e constitui o momento que faz a
contextualização do assunto do sermão.
 Confirmação – também faz parte do desenvolvimento do sermão e constitui o
momento de comprovação ou demonstração das afirmações do orador. O
desenvolvimento do seu pensamento faz-se por meio de dois tipos de argumentos: de
autoridade e baseados em exemplos.
 Peroração – destinada à recapitulação da essência do que se disse. É a última
oportunidade que o orador tem para impressiona, convencer e influenciar o auditório
recorrendo aos melhores argumentos.
 No sermão de Santo António aos peixes, o exórdio ocupa o capítulo I. A exposição e a
confirmação ocorrem nos capítulos II, III, IV, V. A peroração é no 6º capítulo.

Sermão de Santo António aos peixes

- Pregado em S. Luís do Maranhão, a 13 de junho de 1654, três dias antes de ter embarcado
ocultamente para Lisboa com o fim de solicitar ‘’o remédio da salvação aos índios…’’

- O sermão é alegórico porque o autor ilustra determinados conceitos abstratos como vícios
dos homens, recorrendo aos peixes.

Capítulo I – Exórdio
- Conceito predicável: Vós sóis o sal da terra

- Doutrina: os bons ensinamentos/fé/almas puras; terra: ouvintes/homens; sal:


pregadores/doutrina.

- O sal evita a corrupção, mas a terra está corrompida.

- Tal como o sal impede a corrupção da matéria, os pregadores devem impedir a corrupção das
almas. O sal tem a função de conservar, preservar, livrar da corrupção, tal como os pregadores
têm objetivo de catequizar, salvar as pessoas, mantendo-as ‘’saudáveis’’, não em termos físicos,
mas psicológicos, emocionais e comportamentais.

- Apesar de haver muitos pregadores a terra está corrupta, logo o sal (os pregadores), não está
a cumprir a sua função de impedir que a terra se corrompa.

- A corrupção pode ser da responsabilidade dos pregadores por não pregarem a verdadeira
doutrina, não viverem de acordo com aquilo que pregam ou por se pregarem a si mesmos. Por
outro lado, pode ser da responsabilidade dos ouvintes por não ouvirem a pregação, preferirem
imitar a vida dos pregadores e não a pregação ou ainda por cederem apenas aos seus apetites.

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- Aos pregadores que não pregam e aos ouvintes que não querem ouvir a palavra de Deus
deve-se deitá-los fora, desprezá-los, pisá-los: ‘’lançá-lo fora como inútil, para que seja pisado
de todos.’’

- O sermão começa com o conceito predicável ‘’vós sois o sal da terra’’. O sal são os pregadores
que devem impedir a corrupção da terra. Mas a terra está tão corrupta, apesar de haver muitos
pregadores, eles não estão a cumprir o seu dever ou a terra não as está a ouvir.

- À semelhança, Santo António, também pregou aos habitantes de Arimino que não o quiseram
ouvir. Deixou-os e foi pregar para junto do mar aos peixes. Comemorando o dia de Santo
António, o Padre António Vieira quer seguir o seu exemplo, e afirma ir também ele pregar aos
peixes.

- Tal como as palavras de Santo António não eram ouvidas em Arimino, também as palavras do
Padre António Vieira não têm sido escutadas naquela terra (Brasil).

- A grande intenção de Vieira é pregar aos colonos do Maranhão que possuíam e exploravam os
escravos e os índios.

- O orador pede a Maria a costumada graça para expor o assunto do sermão.

- O sermão de Santo António aos peixes foi pregado em S. Luís do Maranhão no dia de Santo
António.

- Todo o sermão é uma alegoria, porque os peixes são a personificação dos homens.

- Vieira dirige-se aos moradores do Maranhão, o sal são os pregadores e a terra os ouvintes.

- A palavra de Deus não está a fazer fruto. Os culpados tanto podem ser os pregadores com os
ouvintes.

Capítulo II – Louvores dos peixes em geral (exposição)


- Todo o primeiro parágrafo é irónico, pois tudo o que é dito significa o seu contrário. É um
sermão dirigido aos homens em que os peixes são as figuras de destaque. É um jogo irónico de
troca homens/peixes.

- As duas propriedades do sal são preservar o são e impedir que se corrompa.

- O sermão vai louvar o bem que os peixes fazem (as virtudes) e repreender o mal (os vícios).
Assim, será dividido em duas partes: a primeira, os louvores das virtudes; a segunda, as
repreensões dos vícios.

- As qualidades dos peixes louvados neste capítulo são: foram as primeiras criaturas a ser
criadas por Deus; as criaturas mais numerosas e maiores; são bons ouvintes e obedientes; são
melhores do que os homens; não se domam nem domesticam (vivem livres e puros longe dos
homens).

- Os homens são acusados de se deixarem levar pelas vaidades; serem piores do que os peixes
(ex. o caso de Santo António e o de Jonas); apesar de inteligentes, atuam irracionalmente como
feras; corrompem quem viver perto deles.

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- A partir do Capítulo II, todo o texto é uma alegoria porque Vieira dirige-se aos peixes
querendo atingir os homens.

- As duas propriedades do sal são: preservar o são e impedir que se corrompa.

- Os peixes como ouvintes, representam duas qualidades: não falam e ouvem, no entanto, não
podem ser convertidos, o que entristece o pregador.

- Os homens recusam ouvir a palavra de Deus e os peixes acorreram a ouvi-la. Todos os animais
se podem domesticar, os peixes vivem em liberdade.

Capítulo III – Louvores de peixes em particular (fim da exposição, início da confirmação)

- O primeiro peixe a ser mencionado é o ‘’peixe de Tobias’’ que tem o poder de curar a cegueira
e expulsar o mal.

- Depois de falar do ‘’peixe de Tobias’’ e das suas qualidades, o orador regressa ao exemplo de
Santo António, que segundo ele, também tinha qualidades curativas para a cegueira dos
homens. Mas os pecadores não o entendem e atacam-no.

- Vieiras segue o exemplo de Santo António e da mesma forma, prega aos moradores do
Maranhão e incentiva-os a verem as suas entranhas (porque elas curam a cegueira e o pecado).

- No último parágrafo, o orador apela aos peixes no sentido de crescerem e se multiplicarem,


porque são o sustento dos pobres. Como em muitos outros momentos do sermão, Vieira
coloca-se do lado dos pobres.

- O primeiro peixe a ser louvado é o peixe de Tobias pois o seu fel era bom para curar a
cegueira e o coração afastava os demónios. Este é comparado com Santo António porque o seu
fel e o coração eram como a palavra de Deus.

- O segundo peixe é a rémora que tem como virtudes força para impedir que o navio navegue à
sua vontade. O poder deste peixe é comparado à palavra de Santo António.

- O terceiro peixe é o torpedo que possui uma qualidade que faz tremer o pescador. Vieira
desejava que existissem na terra para fazer tremer os pecadores.

- O último peixe a ser louvado é o quatro-olhos porque na realidade tem quatro olhos uns
virados para cima e outros para baixo. Assim, pode estar atento aos perigos que vêm do céu e
do mar. Vieira lamenta tanta abundância daquele instrumento nos peixes e tanta cegueira nos
homens. Este peixe ensinou ao pregador que só devemos olhar para o céu e inferno porque se
olharmos para os lados vemos vaidade terrena.

Capítulo IV - Repreensão dos peixes em geral (confirmação)

- As repreensões aos peixes vão ser feitas como objetivo se não for de corrigir, ao menos que
seja, de perturbar.

- O grande defeito dos peixes é comerem-se uns aos outros. Este defeito agrava-se quando os
grandes comem os pequenos, por isso, para alimentar um grande são precisos muitos
pequenos.

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- Desde o início do sermão que o pregador prega aos peixes apontando-lhes os seus vícios e
virtudes. Agora, ao falar-lhes dos vícios, aponta-lhes como o exemplo os vícios dos homens.
Ora, considerando a alegoria do sermão – os peixes são a representação dos homens que
Vieira utiliza indiretamente para os poder criticar – é interessante, nesta parte, a forma hábil
como fala diretamente aos homens dos seus vícios (inversão peixes/homens).

- Sabendo que o grande defeito dos homens é comerem-se uns aos outros e tendo em conta
que os colonos pensariam imediatamente nos rituais antropófagos dos índios, o orador afirma
que está a referir-se aos brancos, pois ‘’muito mais se comem os brancos’’.

- Os defeitos apontados são a ignorância e a cegueira originadas pela riqueza.

- Os moradores do Maranhão são atraídos pelos comerciantes que vendem tecidos vindos de
Portugal. Aliciados pela vaidade, endividam-se sendo todo o trabalho de uma vida levado.

Capítulo V – Repreensão dos peixes em particular (confirmação)


- Os Roncadores têm como defeitos a soberba e o orgulho. Os argumentos utilizados pelo
Padre António Vieira são os seguintes: estes peixes são pequenos, mas têm muita língua; e são
facilmente pescados. Refere ainda que os peixes grandes têm pouca língua e que os
Roncadores têm muita arrogância e pouca firmeza. Enquanto que Santo António, tendo tanto
saber e poder, nunca se orgulhou disso, antes se calou.

- Os Pegadores têm como defeito o parasitismo. Os argumentos utilizados pelo Padre António
Vieira são: os Pegadores vivem na dependência dos grandes e morrem com eles; os grandes
morrem porque comeram, os pequenos morrem sem terem comido.

- Os Voadores são presunçosos e ambiciosos. Os argumentos utilizados pelo Padre António


Vieira são que estes foram criados peixes e não aves, são pescados como peixes e caçados
como aves e morrem queimados.

- O Polvo é traidor e enganador. Este ataca sempre através de emboscada. O Polvo tem uma
aparência enganosa, aparenta ser monge, estrela, brandura e mansidão; mas é o maior traidor
do mar.

- O orador critica todos estes peixes. Aos roncadores, que lhe provocam riso e ira, aconselha-os
a medirem-se e verem como são ridículos, e sem fundamento a sua arrogância. Aconselha-os a
calar e a imitar Santo António. Aos pegadores aconselha a não se colarem aos grandes, pois
quando um grande morre arrasta consigo os pegadores. Aconselha cada homem a seguir o seu
caminho dizendo que os oportunistas, que vivem colados aos poderosos, acabam por ser
arrastados quando estes caem. Aos voadores aconselha a imitarem Santo António e a não
quererem ser mais do que são. Na sua verdadeira essência, o polvo é um traidor, o maior
traidor do mar, porque se esconde, mudando de cor, para com a malícia e mentira, atacar.

Quadro resumo:

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VIRTUDES DOS PEIXES DEFEITOS DOS PEIXES


PEIXE DE - O fel sara a cegueira - Embora tão pequenos roncam
TOBIAS - O coração lança fora os RONCADORES muito (simbolizam a arrogância
demónios e a soberba)
- Tão pequeno no corpo e tão - Sendo pequenos, pregam-se
RÉMORA grande na força e no poder PEGADORES nos maiores, não os largando
mais (simbolizam o parasitismo)
- Descarga elétrica que faz - Sendo peixes, também se
TORPEDO tremer o braço do pescador VOADORES metem a ser aves (simbolizam a
presunção e a ambição)
- Dois olhos voltados para cima - Com aparência de santo, é o
QUATRO para se vigiarem das aves POLVO maior traidor do mar (simboliza
OLHOS - Dois olhos voltados para baixo a traição)
para se vigiarem dos peixes

FREI LUÍS DE SOUSA – ALMEIDA GARRETT


Características trágicas em Frei Luís de Sousa
 Existência de personagens com o papel de confidentes, (personagens que existem
para que as outras personagens digam o que sentem), e coro (conjunto de pessoas
que cantava um cântico pesado que ia interrompendo a ação para comentar o
desenrolar da mesma).
 Existência da regra das três unidades: tempo, espaço e ação
 A tragédia tem como objetivo provocar a piedade, (pelas vítimas) e terror, (por
alguém que há-de vir dos mortos) nos espectadores.
 Estrutura do desfecho:

1 – Peripécia (momento em que o decorrer da ação é


Presságios irremediavelmente invertido) a chegada de alguém que trás
notícias de D. João de Portugal
(vários elementos,
2 – Revelação (segredo que se revela), o revelar da identidade do
situações ou ditos das
romeiro.
personagens, que vão
aumentando a 3 - Catástrofe (morte violenta/final) a morte figurada no caso de
tragédia) Manuel e Madalena e morte violenta de Maria.

 No desfecho temos a presença do destino como castigo do amor de D. Madalena por


D. Manuel;
 Destino: força superior que transcende a vontade das personagens e perante a qual
as personagens se tornam indefesas;

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 Presságios: Fogo (destrói a família e destrói o retrato); Leituras (Lusíadas e Menina e


Moça)

Leitura simbólica de Frei Luís de Sousa:


 Tragédia – sexta-feira, (dia de azar); a noite (parte do dia propícia a sentimentos de
terror e parte escura do dia); os números:

7 - nº de anos de busca

14 - Tempo de casamento

21 - Tempo da ação

13 - nº de azar, idade de Maria

3 - nº de elementos da família, sujeitos à destruição, 3 retratos na sala dos retratos.

 Pátria – atitudes de Manuel de Sousa que se podem resumir num protesto à tirania,
defesa dos valores da pátria.
 Incêndio – símbolo patriótico;
 Família – a família pode ser vista como a unidade da pátria, a destruição da família é
a destruição da pátria;
 Oposição entre D. Manuel e D. João – entre Portugal velho e ultrapassado (D. João), e
Portugal novo e atual que se pretende (D. Manuel).

Características românticas em Frei Luís de Sousa


 Narcisismo/hipertrofia do eu: as personagens são construídas a partir de uma
projeção. Almeida Garrett, transporta o seu problema de amor para D. Madalena e
transporta o problema da filha ilegítima para Maria;
 Preferência pelas horas sombrias: o desenrolar da ação passa-se essencialmente à
noite ou de madrugada.
 Culto da mulher-anjo: na personagem de Maria.
 Nacionalismo/ patriotismo: nas atitudes de Manuel de Sousa.
 Preferência por personagens imperfeitas: D. Madalena que se apaixonou ainda
casada.
 Religiosidade
 Mitos/superstição

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 Individualismo versus sociedade: Manuel de Sousa Coutinho decide o que há-de


fazer, porque a sociedade aponta Maria como filha do pecado, o 1º casamento seria
inválido.
 Liberdade versus destino: Ao escolher o amor, D. Madalena comete uma infração à
religião e costumes e o destino castiga essa ação.

CARACTERÍSTICAS ROMÂNTICAS PERSONAGENS

Desejo de liberdade ansiando quebrar todas as D. Madalena, Maria, Manuel


correntes que prendem a liberdade do “eu” de Sousa Coutinho

Pessimismo, melancolia, desespero, angústia de D. Madalena


existir, superstição

Evasão ou fuga para mundos imaginários, sonho, D. Madalena, Maria, Telmo


devaneio

Nacionalismo, culto da ideologia patriótica Manuel de Sousa Coutinho

Defesa da Pátria e da justiça; Irreverência humana; Maria


Protótipo de mulher-anjo fragilizada

Personagens:
Manuel de Sousa Coutinho (personagem principal e plana)
 Nobre, cavaleiro de Malta;
 Construído segundo os parâmetros do ideal da época clássica;
 Racional;
 Bom marido e pai terno;
 Corajoso, audaz, decidido, patriota, nacionalista;
 Valores: pátria, família e honra.
D. João de Portugal (personagem principal, plana e central)
 Nobre (família dos Vimiosos);
 Cavaleiro;
 Ama a pátria e o seu rei;
 Imagem da pátria cativa;
 Ligado à lenda de D. Sebastião;
 Nunca assume a sua identidade;

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 Exemplo de paradoxo/contradição: personagem ausente, mas que, no desenrolar da


ação, está sempre presente.
Telmo Pais (personagem secundária)
 Escudeiro e aio de Maria;
 Tem dois amos: D. João e Maria;
 Confidente de D. Madalena;
 Chama viva do passado, (alimenta os terrores de D. Madalena);
 Provoca a confidência das três personagens principais;
 Considerado personagem modelada num momento: durante anos, Telmo rezou para
que D. João regressasse, mas quando este voltou quase que desejou que se fosse
embora.
Frei Jorge Coutinho (personagem secundária e plana)
 Irmão de Manuel de Sousa;
 Ordem dos Dominicanos;
 Amigo da família;
 Confidente nas horas de angústia;
 É quem presencia as fraquezas de Manuel de Sousa.
D. Madalena de Vilhena (personagem principal e plana)
 Nobre e culta;
 Sentimental;
 Complexo de culpa, (nunca gostou de D. João, mas sim de D. Manuel);
 Torturada pelo remorso do passado;
 Ligada à lenda dos amores infelizes de Inês de Castro;
 Apaixonada, supersticiosa, pessimista, romântica (em termos de época), sensível,
frágil.
D. Maria de Noronha (personagem principal e plana)
 Precocemente desenvolvida, física e psicologicamente;
 Doente de tuberculose;
 Poderosa intuição e dotada do dom da profecia;
 Encarnação da Menina e Moça de Bernardim Ribeiro;
 Modelo da mulher romântica: a mulher-anjo;
 A única vítima inocente.

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Dimensão trágica do tempo

… Casamento de D. Madalena e D. João

Concentração do tempo … Primeiro encontro de D. Madalena e D. Manuel

4 de agosto 1578 Batalha de Alcácer Quibir

7 ANOS

1585 Casamento de D. Madalena e Manuel

14 ANOS

1598 Libertação do Romeiro (D. João de Portugal)

1599 (“sexta- Regresso de D. João de Portugal


feira”)

Resumo da obra ‘Frei Luís de Sousa’

O drama Frei Luís de Sousa (1844), em três atos, é considerado a principal obra de Almeida
Garrett. Sua primeira representação deu-se em 1843. A peça apresenta basicamente duas
características românticas: a recuperação do passado histórico e um caso de amor trágico,
protagonizado por portugueses ilustres.

A obra relembra o clima sebastianista e recupera a vida do escritor barroco Frei Luís de Sousa
(1556-1632), que antes de sua ordenação ao sacerdócio tinha o nome de Manuel de Sousa
Coutinho.

O drama conta a história da fidalga Madalena de Vilhena, casada com dom João de Portugal,
dado como morto na batalha de Alcácer-Quibir, assim como o rei Dom Sebastião (1554-1578).
Diante disso, Madalena casa-se com Manuel de Sousa Coutinho, nobre português, por quem se
apaixonara quando ainda estava casada. Dessa união nasce uma filha, Maria de Noronha.

Madalena atormentava-se constantemente com a possibilidade de o primeiro marido ainda


estar vivo e retomar da guerra. Telmo Pais, o escudeiro de dom João, alimentava nela esse
temor. De fato, depois de vinte anos, dom João volta a Portugal.

O ponto culminante da peça é a revelação da identidade do nobre português e o desespero


que toma conta dos personagens. No desenlace trágico, Manuel Coutinho e Madalena
resolvem, para expiação de sua culpa, tomar o hábito religioso.

Durante a cerimônia em que Manuel Coutinho torna-se Frei Luís de Sousa, Maria de Noronha,
filha do casal, tomada pela vergonha e pelo desespero, morre aos pés de seus pais.

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AMOR DE PERDIÇÃO – CAMILO CASTELO BRANCO

Capítulo 1

Domingos Botelho, fidalgo de Vila Real, casou-se com D. Rita em Lisboa, 1779. O casal teve 5
filhos, três meninas e dois meninos e foram todos morar em Viseu, Portugal. Seu filho, Simão,
foi estudar em Coimbra com o irmão, mas como era um menino indisciplinado, estava sempre
envolvido em confusões e consequentemente teve problemas com o pai. Seu pai forçou-o a
voltar para Viseu, onde o resto da família vivia.

Capítulo 2

Em Viseu, Simão apaixona-se pela sua vizinha Teresa, mas o amor dos dois era impossível pois
os seus pais eram inimigos. Um dia, quando Simão estava prestes a voltar para a escola em
Coimbra, ao sair de casa percebeu a aproximação de uma mendiga que lhe entregou uma carta
escrita por Teresa. Nesta carta, Teresa contava que seu pai havia ameaçado mandá-la para um
convento caso esse romance entre ela e Simão continuasse, mas que nuca deixaria de amá-la
como filha.

Em Coimbra, Simão empenhava-se muito nos estudos e tinha a companhia do irmão, Manuel,
que foi morar com ele, mas não permaneceu por muito tempo pois apaixonou-se por uma
mulher casada que largou o marido por ele. Depois de um tempo em Coimbra, Simão recebeu
outra carta de Teresa avisando que não iria para o convento.

Em Viseu, Teresa começou a conversar com a irmã de Simão pela janela, pois eram vizinhas,
mas quando o seu pai descobriu ficou furioso e obrigou-a a nunca mais se envolve com a
família inimiga. Neste momento, o pai de Teresa explica que pretende casá-la com seu primo,
Baltasar.

Capítulo 3

O primo de Teresa, Baltasar, era completamente apaixonado por ela e um dia resolveu
declarar-se, porém Teresa respondeu que não o ama e que eles devem ser só amigos.

Depois de Baltasar perguntar os motivos, ela explica que ama outro homem e ele surpreende-
se ao perceber o tamanho da sua paixão. Baltasar confessou à prima que já sabia de tudo, pois
o seu tio já lhe havia falado dessa paixão da filha e da sua desaprovação com esta escolha.
Após a sua conversa com Teresa, Baltasar conta tudo a Tadeu, pai de Teresa, que fica
enfurecido pois não consegue aceitar que a filha não queria casar com Baltasar e sim com o
filho de seu maior inimigo. Ele insiste que a filha vá para o convento, dessa vez Teresa aceita.

Capítulo 4

Na festa, os parentes e amigos de Teresa falavam que esta deveria pedir desculpo ao pai e
participar mais nos eventos de família; eles tinham a esperança que assim teresa iria perceber
que o certo era casar com o primo.

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Durante a festa, Baltasar nota que Teresa estava inquieta, pois entrava e saía de casa
constantemente. Quando o pai perguntou o motivo, Teresa diz que se sentia meia doente e
precisava de ar fresco. Numa de suas saídas, Teresa vai para o jardim e encontra Simão, mas
pede-lhe que volte noutro dia.

Ao sair, Simão encontra-se com o vulto de Baltasar e considera voltar para trás, afim de ver
teresa, mas prefere ir-se embora.

Simão manda outra carta a Teresa, nesta carta tenta se mostrar forte, quando na verdade
estava a morrer de medo. Nesta carta, também se desculpa por não terem aproveitado a noite.

Mais tarde, Simão acaba por conhecer a filha de João da Cruz, Mariana, uma menina linda de
24 anos e esta revela-lhe que conhece a sua história com Teresa.

João da Cruz assume a Simão que em tempos trabalhou para Baltasar e que este lhe pediu para
o ajudar a matar Simão, o que João da Cruz recusou, e que por isso, o irá ajudar a enfrentar
Baltasar.

Capítulo 6

Havia três vultos no quintal da casa de Teresa esperando-a chegar. Baltasar ordena os vultos a
matarem Simão assim que o vissem. João da Cruz descobriu o plano de Baltasar e correu para
avisá-lo. Após saber da notícia, Simão tenta-se desviar de Baltasar, mas acabam-se por
encontrar.

Simão e seus companheiros tentaram despistar Baltasar, mas já era tarde demais. Baltasar não
só o viu, como o seguiu.

Enquanto fugia, Simão parou para ver Teresa. Foi uma parada rápida, pois João avisou que não
tinham muito tempo e que Baltasar aproximava-se. Na hora de se despedir de Teresa, Simão
apertou a mão dela com força.

Simão e os seus companheiros fugiram a cavalo, pois tinham o pressentimento de que Baltasar
iria ataca-los fora da cidade e estavam certos, acabaram por se encontra, cara a cara, com
Baltasar e os seus homens. Foram disparados tiros, um dos homens de Baltasar foi atingido e
Simão levou um tiro no braço.

Capítulo 7

O ferimento de Simão só piorava e recebe uma nova carta de Teresa dizendo-lhe que estava
muito aflita, pois não tinha notícias suas. Informa-o também que se encontrava num convento,
a mando de seu pai, mas que existia muita hipocrisia entre as freiras e, por isso mesmo, ela
conseguia escrever-lhe com mais facilidade

Capítulo 8

Depois de todos aqueles acontecimentos, Maria e João cuidam das feridas de Simão. Mariana,
passava todo o seu tempo com ele, passou a ser a sua enfermeira particular. Contava-lhe que
pedia ao Senhor dos Passos para que ele ficasse bem, e que lhe curasse essa paixão por Teresa.

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Simão escreve mais uma carta para Teresa e diz-lhe que a vai resgatar do convento, (Simão
mostra-se um herói).

Mariana continua do lado de Simão, mas sente-se triste por perceber que este não consegue
deixar de pensar em teresa, mas mesmo assim decide continuar a ajudá-la com a ajuda de seu
pai, pois percebem que Simão estava completamente sem dinheiro.

Simão começa-se a aperceber dos sentimentos de Mariana por si.

Capítulo 9

Mariana e João decididos em ajudar Simão, entregam-lhe um envelope com algum dinheiro
entro e fazem-no acreditar que foi a sua mãe que lhe enviou. Simão acha estranho, mas aceita.

Entretanto, teresa fica a saber que vai ser transferida para outro Convento em Coimbra e entra
em desespero, pois começa a aperceber-se que não tem como escapar, precisava de avisar
Simão destas novas mudanças e por isso, decide entregar à mendiga mais uma carta.

Quando o diretor do Convento perceber o que a mendiga fez, espanca-a, mas esta consegue
fugir e dirigir-se para casa de João da Cruz onde lhes conta o sucedido. Ao aperceber-se da
gravidade da situação, Simão decide que tem que responder a Teresa e é ajudado por Mariana,
pois esta tinha uma amiga no convento e conseguia-lhe entregar a carta de Simão para que
fosse entregue a Teresa.

Capítulo 10

Mariana chega ao convento e encontra-se logo com a sua amiga, Joaquina, que permitiu a
entrada de Mariana no convento. Ambas começaram a procurar por Teresa. Quando Mariana
encontra Teresa, entrega-lhe a carta escrita por Simão.

Teresa pede para a Mariana avisar o Simão que ela está presa, logo seria levada para outro
convento e não tinha como fugir. Como um modo de agradecer a Mariana, teresa dá-lhe um
anel, junto com uma nova carta para Simão. Mariana agradece, mas recusa o anel.

Mariana volta a correr para casa de João da Cruz e entrega o recado a Simão, em que este fica
irritado com a situação e decide ajudar teresa. Mariana e João da Cruz aconselham-na a não o
fazer, mas Simão estava decidido, dizendo mesmo que não temia Baltasar.

Antes de ir, Simão escreve uma última carta a Teresa, onde lhe revela que não consegue viver
sem ela e que por isso iria atrás dela.

Nessa mesma noite Simão pegou na sua arma e partiu sozinho, deixando uma carta de
despedida para João e Mariana.

Quando chegou ao convento, ficou bastante tempo do lado de fora a observar até ver Tadeu e
Baltasar acompanhado das suas irmãs.

Baltasar e Tadeu conversam sobre Teresa e afirmavam que depois de um ano num Convento,
esta já ficava curada desse seu amor por Simão e ficaria pronta para casar com Baltasar.

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Uma horas depois, Baltasar e Tadeu saem do Convento acompanhados por Teresa e suas
primas, onde Tadeu mostrava a Teresa que ainda ia a tempo de regressar para casa e aceitar o
casamento com Baltasar, mas Teresa afirma que o seu destino é ir para o convento. De repente,
Simão aparece e envolve-se numa luta com Baltasar, acabando por matá-lo com um tiro. Simão
é preso pelo assassinato.

Capítulo 11

Ao saber que o seu filho foi preso, a mão de Simão corre para contar ao seu marido, que a
ignora por completo o sucedido e não faz nada para reverter a situação.

Um dos criados da família, a mando da mãe de Simão, vai visitá-lo à prisão e leva-lhe uma carta
escrita pela mesma.

Mariana também o visita e Simão diz-lhe que sabe que o dinheiro que João lhe deu, era na
verdade dele e por isso, pede-lhe que com esse dinheiro lhe compre papel e tinta.

Mariana avisa Simão que Teresa foi levada para o Porto.

Capítulo 12

O pai de Simão decide levar a sua família embora da cidade. Uma das irmãs de Simão escreve-
lhe uma carta onde conta como foi castigada por usa causa e que sua mãe se encontrava muito
triste, pois o seu pai praticamente as abandonou.

Simão é condenado a morrer na forca. Em 1805, é transferido para uma das prisões do Porto.
No depoimento, Simão admite ter morto Baltasar.

João conta a Simão que depois de saber sobre a sua condenação, Mariana enlouqueceu e
implorou que a matassem primeiro. Simão impressiona-se com o quanto Mariana o amava e
pede para João ir embora com Mariana, pois assim ela seria salva.

Capítulo 13

Simão perguntava loucamente sobre teresa a todos que iam visitá-lo.

Enquanto isso, Teresa acaba por ser da prisão de Simão e que ele será levado para um
convento no Porto, através de uma criada pela qual tinha estima, Constança.

O pai de Teresa mandou-a para outro convento, onde ela continua tentando se comunicar com
Simão através de cartas.

Um dia, Teresa recebe as notícias de que Simão foi condenado à morte. Chora e lamenta o
facto de ter que viver a saber disso e pede para a sua amiga levar uma carta a Simão dizendo-
lhe que, já sabe o que iria acontecer com ele e sente que irá morrer junto, pois a morte dói
menos do que uma vida sem ele.

Ao ver a situação de sua filha e que Simão estava sendo transferido para uma prisão no Porto,
Tadeu resolve tirá-la do convento.

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Teresa recebe uma carta de Simão que pede para ela não morrer e ao ler essa carta Teresa fala
que se fosse para morrer preferia nunca a ter lido.

O pai de Simão decide interferir e consegue mudar a pena do filho para um exílio na Índia.

Capítulo 14

Tadeu vai até ao convento ver a sua filha. Os médicos avisam-no que mesmo com as grandes
melhorias de Teresa, achavam que esta não tinha a força suficiente para fazer a viagem de
regresso para Viseu, mas Tadeu insiste que a quer retirar do Convento e Teresa recusa-se a sair.

Com isto, Teresa acaba por confessar ao pai que ainda ama Simão e que sabe da sua vinda para
o Porto. Tadeu fica enfurecido e tenta à força tirar de lá a sua filha, mas fracassa.

Capítulo 15

Na cadeia, Simão fica admirando a paisagem, e pensa em Teresa, relendo as cartas, João
aparece um dia na cadeia para ver Simão e diz-lhe que Mariana melhorou muito e voltou a agir
com normalidade e entrega-lhe uma carta escrita por D. Rita informando que o sue pai poderia
comprara a liberdade do filho. Simão pede para João entregar uma carta para Teresa.

Ao chegar ao convento para entregar a carta a Teresa, João percebe que Tadeu havia estado lá,
junto com as suas autoridades e os médicos. A pedido do pai, os médicos estavam avaliando
Teresa. João consegue dar um jeito de lhe entregar a carta, mas ela pede-lhe para que na
próxima vez, ele a entregue a uma das suas colegas, por ser demasiado arriscado entregar-lhe a
si diretamente.

De volta à cadeia, João conta a Simão que Mariana estava solteira, pois nenhum homem a
queria.

Ao ver o sofrimento de João, Simão oferece-se para casar com Mariana, mas João recusa pois
Simão é apaixonado por teresa.

Capítulo 16

O irmão de Simão vai visitá-lo na cadeia, e Simão não fica feliz com a visita, é informado de que
a pena de Simão foi alterada por ter confessado o crime e que o mesmo seria deportado para a
Índia ao invés de ser enforcado.

Capítulo 17

Neste capítulo, João conversa com a sua cunhada e acaba por desabafar sobre as saudades que
sente da filha e que receia que ela não consiga viver sem Simão, depois desta conversa João é
interpolado por um homem na rua, que acaba por o esfaquear tirando-lhe a vida.

Com a notícia da morte de João da Cruz, Mariana fica desesperada e a chorara


compulsivamente e Simão conforta-a, pedindo-lhe que se acalme.

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Capítulo 18

Mariana regressa a Viseu para receber a herança de seu pai e acaba por vender as terras que
este lhe deixou.

Mariana diz a Simão que vai com ele para a Índia e agora que perdeu o seu pai não tem mais
nada.

Simão relembra-lhe que ama Teresa e que não lhe pode dar nada mais que uma amizade.
Simão acreditava que Mariana poderia ter um futuro com uma família em Viseu e tenta
convencê-la disso, mas ela insiste que ele é a única coisa que tem na sua vida.

Enquanto isso, o pai de Simão tentou conseguir um acordo para que fique o filho pudesse ficar
mais tempo na cadeia, mas o filho queria ser deportado, pois acreditava que isso lhe traria uma
sensação de liberdade.

Capítulo 19

Enquanto Simão se preparava para a sua ida para a Índia, Teresa manda outra carta onde pedia
para ele aceitar o acordo de ficar 10 anos na cadeia ao invés de ser deportado, pois assim eles
teriam uma chance de ficarem juntos novamente.

Simão escreve outra carta respondendo ao pedido dela e diz-lhe que não quer ficar na cadeia,
pois estava miserável e queria ter maus uma oportunidade de viver. Lamenta também não
poderem ficar juntos e que chegou a hora de dizerem adeus.

Teresa responde com outra carta dizendo-lhe que iria morrer já que eles não poderiam dicar
juntos e pede-lhe para ele não morrer, pois o seu espírito poderia consola-lo.

Após ler a nova carta de Teresa, Simão sentiu-se completamente de rastos, mas após seis
meses, chega a hora de partir para Índia junto de Mariana.

Capítulo 20

Dia 17 de Março de 1807, Simão e Mariana embarcam no navio a caminho da Índia. Simão
estava com as mãos amarradas a pedido da corte. A mãe de Simão mandou-lhe um pouco de
dinheiro através de um amigo.

Simão distribuí esse dinheiro a todos, pois acredita que ele “não tem mais mãe”. Quando o
navio partiu, simão olhou para o convento de longe e viu o vulto de teresa.

Naquela manhã, Teresa tinha se despedido das freiras e entregara a Constança todas as cartas
que ela tinha de Simão. A mendiga tinha-lhe acabado de entregar a nova carta de Simão, onde
se despedia de teresa.

Acompanhada de Constança, Teresa vai até o mirante onde ela também vê Simão de longe no
barco. Simão pergunta a Mariana se era mesmo Teresa, pois estava com uma aparência muito
diferente.

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Depois dessa despedida, o comandante informa a Simão que Teresa tinha falecido logo após o
pequeno reencontro.

Capítulo 21

Simão sentiu uma tristeza muito profunda com a notícia, quase não saía do seu beliche. Uma
noite, bem de madrugada, Simão relia as cartas de Teresa e na sua última carta, Teresa falava
que quando Simão a lesse, ela já estaria morta, pois não conseguia continuar a viver sem ele.
Surpreso com o que lia, Simão correu até ao convés do navio para encontrar Mariana e
mostrou-lhe as cartas.

A tristeza de Simão piorou a ponto de ele ter delírios, febre, ânsia, e até desmaiar. Chamaram
um médico para examiná-lo, mas já era tarde demais, Simão não duraria muito mais. Então,
Simão pede a Mariana que atire todas as cartas para o mar juntamente com o seu corpo após a
sua morte, mas Mariana diz-lhe que vai morrer com ele.

No dia 27 de março, Simão teve o seu último delírio, teve uma convulsão e morreu. Os homens
do navio amarraram Simão numa pedra e libertam o seu corpo para o mar.

Mariana, logo de seguida, atira-se no mar com as cartas de Simão e Teresa. Os homens do
navio saltaram para tentar salvá-la, mas seu corpo tinha desaparecido, porém conseguiram
agarrar as cartas.

Essas cartas foram entregues à família de Simão que estava a viver em Vila Real.

Manuel Botelho, o filho de Simão, foi quem usou essas cartas para escrever um livro.

Personagens

Sugestão biográfica (Simão e narrador) e construção do herói romântico

 O narrador, Camilo Castelo Branco, afirma ser sobrinho do herói do seu Amor de
Perdição, Simão Botelho, cuja história de amor infeliz leu enquanto estava preso na
Cadeia da Relação, no Porto.
 Pelas informações da vida e da morte do seu tio direito, Simão Botelho, Camilo propõe
ao leitor contar esta história, mostrando Simão como um herói verdadeiramente e
romântico que “Amou, perdeu-se e morreu amando”.
 Pelo conhecimento da biografia de Camilo e de Simão, cedo os leitores se apercebem
da semelhança entre estes dois heróis românticos – apaixonados fervorosamente
(Simão – Teresa e Camilo – Ana Plácido), perseguidores da sua felicidade amorosa
contra as adversidades, sofredores das respetivas consequências, mas continuamente
ao serviço do verdadeiro Amor – Paixão.

A obra como crónica de mudança social

 Intervenções do narrador sobre a própria sociedade e também sobre os factos


narrados;
 Crítica às injustiças e martírios de Simão, Teresa, Mariana.

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 Reflexão sobre a coragem de desobedecer às intenções duvidosas dos pais – Teresa


recusa casar com o pretendente que o pai arranjou, Baltasar Coutinho.
 Crítica ao seguimento da vida consagrada a Cristo (conventos) por via da força e da
obrigação e não da livre vocação e intenção deliberada.
 Crítica à vida clerical das religiosas dos conventos, cortejadas por homens influentes e
corruptas, ao aceitar jovens castigados por desobediência aos pais.
 Reflexão sobre a morte desnecessária de quatro pessoas por causa da obsessão
doentia de um pai que proíbe a filha de casar com o homem que ama.
 Reflexão sobre as condições deploráveis de navegação dos degredados para terras
ultramarinas, neste caso, a Índia.
 Reflexão sobre o degredo de jovens (Simão tinha 18 anos), tão úteis à sociedade
portuguesa, ativos no desenvolvimentos e progresso a todos os níveis.

Relações entre as personagens

 Tadeu e Rita Preciosa: ele, obstinado com a justiça e ausente; ela, sempre descontente
com a vida fora da corte.
 Tadeu e Teresa: Pai tirano e manipulador, quer vê-la casada, por interesse, com primo,
Baltasar Coutinho; envia-a para o convento, pois, se não casa com quem ele quer,
morrerá para o mundo.
 Tadeu e Baltasar: Tadeu respeita Baltasar e vê nele o marido perfeito para Teresa.
 Teresa e Baltasar: teresa não o ama, recusando-se a casar com ele; Baltasar é
obstinado e quer a todo o custo casar-se com a prima.
 Simão e João da Cruz: amizade sincera e recíproca.
 Simão e Mariana: ele, amizade sincera; ela, amor – paixão não correspondido por
Simão e que a levará à morte.

O amor – paixão

 A paixão romântica, ou seja, o sentimentalismo quase obsessivo, ou paixão como


sofrimento / desgraça.
 Simão e Teresa. Amor impossível por causa da família e do degredo de Simão para a
Índia, que a leva à morte espiritual no convento e, posteriormente, à morte física e que
encerra com a morte física de Simão.
 Mariana e Simão: amor impossível de Mariana por não ser correspondido, que culmina
com a morte física dos dois (morte de Simão por doença e suicídio de Mariana).

Linguagem, estilo e estrutura

 O narrador é omnisciente, subjetivo e opinativo.

OS MAIAS – EÇA DE QUEIRÓS

Personagens do universo de Feminino

Maria Eduarda Runa - filha do Conde Runa, casa com Afonso, um jovem revolucionário e
liberal, cujas ideias progressistas a atormentam, levando o casal ao exílio em Inglaterra. A vida
nesse país, ao qual nunca se adaptou, tornou-a ainda mais melancólica e doente, encontrando

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refúgio numa devoção religiosa. Assim, não confiando numa educação britânica, mesmo sendo
católica, faz o Padre Vasques ir de Lisboa para educar o seu “Pedrinho”, o único filho do casal.

Maria Monforte – Destaca-se no universo feminino do romance, tanto pela sua beleza
avassaladora, como pela irreverência às normas discriminatórias da sociedade oitocentas:

 É herdeira de uma fortuna ganha à custa do tráfico de escravos – o pai “negreiro”;


 É protagonista de aventuras amorosas: casamento secreto com Pedro da Maia, mais a
fuga com o italiano Tancredo;
 É protagonista de soirées e tertúlias literárias que ela própria organiza e que contam
com uma presença maioritariamente masculina;
 Rejeita a fortuna do marido, em busca do amor;
 Foge e leva a sua filha, deixando seu filho, e desfazendo, assim, a estrutura familiar;
 Já em Paris, é proprietária de uma casa de jogo que entra em decadência, quando se
deixa dominar por um tal Mr. De Trevernnes, um “homem perigoso pela sua sedução
pessoal e por uma desoladora falta de honra e senso”;
 Revolta-se claramente contra o poder masculino, ao rejeitar o dinheiro e os bens dos
Maias, mesmo quando a miséria a atinge.

Maria Eduarda – Esta personagem é sempre apresentada ao leitor como uma “deusa
transviada” (desnorteada/ vagabunda), como um ser superior no meio das mulheres lisboetas.
Ela é alta, loira, elegante, requintada, envolta numa aura de mistério, o que aumenta o seu
poder de sedução e a sua sensualidade. Era inevitável, que ela e Carlos, também ele diferente
do lisboeta comum, se conhecessem, se sentissem atraídos um pelo outro e se amassem.

Surge em Lisboa fazendo-se passar pela mulher do brasileiro Castro Gomes, com quem vivia há
três anos, depois de ter enviuvado de MC Gren, pai da sua filha Rosa. Quando conhece e se
torna íntima de Carlos, revela-se uma mulher sensata, equilibrada, doce e com um forte
sentido de dignidade, particularmente quando Castro Gomes a abandona. O seu espírito culto
fascinava Carlos e os seus amigos.

Maria Eduarda encarna a heroína romântica, perseguida pela vida e pelo destino, mas que
acaba por encontrar, ainda que momentaneamente, a razão da sua vida, na paixão e no amor.
Ela é também vítima do seu passado, das circunstâncias em que cresceu e viveu.

 As suas memórias tornam-se mais claras por altura da sua estadia em Paris;
 Viveu num colégio perto de Tours até aos 16 anos;
 Foi viver com a mãe que continuava a levar em Paris uma vida complicada e miserável;
 Casou com Mac Gren com quem vivei quatro anos e de quem teve uma filha chamada
Rosa.

Personagens do universo Masculino

Caetano da Maia (origem da família) – Personagem que se afirma no romance como grande
opositor do liberalismo. A sua intolerância com as ideias revolucionárias, leva Caetano da Maia
a expulsar o filho de casa, por este se envolver com os simpatizantes da Revolução Francesa e
partilhas das ideias jacobinistas. Era-lhe intolerável ter um filho jacobino, tal era o seu ódio
pelo Jacobino.

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Afonso da Maia (filho de Caetano da Maia) – Afonso é a personagem que funciona como o
esteio da família Maia e é para ele que todos se voltam nos momentos de crise.

Com efeito, este símbolo de Portugal liberal da década de 20, foi um jovem revolucionário que
sofreu o exílio pela sua audácia ideológica.

Afonso constitui o ponto de equilíbrio dos Maias. É a ele que Pedro entrega Carlos após a fuga
de Maria, é ele que Carlos interroga na esperança de que o avô desminta as revelações de
Guimarães.

Afonso é ainda a encarnação do bom senso, da experiência, dos valores da nação e da raça, é
alguém que defende o património português face à descaracterização e à invasão das modas
estrangeiras. Convive harmoniosamente com várias gerações e vários tipos de formação, de
que os serões no Ramalhete são exemplo.

No entanto, Afonso é humano e, embora tenha co seguido sobreviver à tragédia do filho, não
supera a do neto morrendo também com ele o futuro da família.

Pedro da Maia (Filho de Afonso da Maia e Maria Eduarda Runa) – A construção da personagem
de Pedro obedece ao cânone naturalista: características psicológicas, meio social e educação
são determinantes na formação da sua personalidade. Assim com uma educação católica e
tradicional, bem ao modo português, herdando o carácter depressivo e melancólico de Maria
Eduarda Runa, sua mãe, Pedro nada mais odia fazer do que deixar-se arrastar por uma vida de
boémia e dissipação, que culmina numa paixão obsessiva e fatal por Maria Monforte. É esta
mulher que, definitivamente o precipita no abismo da perdição.

Carlos da Maia (Filho de Pedro e Maria Eduarda Monforte) – A personagem Carlos, devido à
sua caracterização, tem direito a um tratamento privilegiado por parte do narrador.

Assim, o leitor vai acompanhando o seu percurso, desde o seu período de formação em Santa
Olávia, submetido a uma rígida educação britânica, até ao desencantado passeio final, onde a
sua única razão existencial parece ser o de se ter esquecido de encomendar para o jantar “um
grande prato de paio com ervilhas”.

Pelo caminho encontramo-lo em Coimbra levando uma vida de boémia estudantil e literária,
em Lisboa passando belos momentos de ócio no seu consultório, aí fazendo planos para mudar
a mentalidade da sociedade lisboeta que frequenta e que o idolatra.

Vive de forma intensa a sua paixão por Maria Eduarda, interessando-se por tudo e por nada ao
mesmo tempo. Carlos é um apreciador culto, por excelência, que acaba por se deixar afundar
pela dormência da sociedade lisboeta em que vive, desistindo um a um, de todos os seus
projetos de vida, inclusive da sua paixão, embora esta última por razões que Carlos não
consegue controlar.

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Como se justifica então, dentro dos cânones naturalistas, este falhanço de Carlos? A educação
que Carlos recebeu não deveria ter criado um indivíduo forte, capaz de ultrapassar a
adversidade da vida?

A resposta a esta questão não é única, uma vez que, e tendo em conta os pressupostos
naturalistas, não podemos esquecer que a carga hereditária dos pais também deve ser tida em
conta, por outro lado, o meio decadente em que Carlos se move, influenciou-o igualmente.

Poderemos ainda dizer que o percurso existencial de Carlos pode ser o símbolo da evolução da
sociedade portuguesa após a Regeneração, Quando Portugal parecia estar a entrar numa
época diferente, marcada por uma certa prosperidade (tal como Carlos a esperança de
renascimento dos Maias), o país acaba por cair na decadência da nação.

João da Ega (amigo de Carlos) – Ega funciona como Sancho Pança de Carlos, ou seja, é aquele
amigo que o traz de volta à realidade, que o faz pôr os pés no mundo. É também aquele que
nos momentos mais difíceis e mais dolorosos o ampara e ajuda, não só em termos
psicológicos, mas também na resolução dos problemas práticos. Para além destes aspetos, são
também evidentes afinidades culturais entre as duas personagens.

Ega é de igual modo símbolo de pura irreverência, do sarcasmo, da ironia da crítica, do prazer
de chorar e de questionar, mostrando-se muitas vezes, contraditório nas suas opiniões:
literatura, educação da mulher, política, escravatura...gosta, por isso, de se fazer notar e de ser
notado nos círculos que frequenta. Entusiasma-se facilmente pela novidade, iniciando vários
projetos, como a criação de uma revista que revolucionasse o ambiente cultural português e
um livro intitulado “As memórias de um Átomo”, projetos que nunca foram concluídos.

No passeio final, tal como Carlos, Ega extravasa o seu desencanto, a sua desilusão, a sua
frustração, não só em relação a Portugal que o envolve, mas também em relação ao falhanço
dos seus projetos.

Ambientes em que se movam as personagens da crítica social, política, económica e cultural

Jantar no Hotel Central:

 Discussão sobre o Realismo/ Naturalismo versus Ultrarromantismos;


 Discussão sobre o estado das finanças em Portugal: opinião de Cohen sobre o destino
inevitável de bancarrota; resposta de Ega sobre a necessidade de “receita” e uma
agitação revolucionária constante; intervenção de Alencar e de Carlos, sempre
equilibrado e apaziguado.

Corrida de Cavalos (Hipódromo de Lisboa):

 Crítica à sociedade lisboeta, pois, na tentativa de imitar os ingleses, os lisboetas


acabam por viver este desporto de uma forma postiça, não sabendo bem como
comportar-se e envolvendo-se inclusivamente em desrespeitos, desentendimentos e
impropérios.

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Jantar em casa dos condes de Gouvarinho:

 Crítica à alta burguesia e aristocracia pela mediocridade resultante do seu pensamento


a propósito de temas como o ensino e a educação da mulher.

Sarau no Teatro da Trindade:

 Crítica à falta de cultura e provincianismo da suposta elite portuguesa da época


(aristocracia, figuras políticas e personalidades ligadas à cultura).

Episódios com os jornais lisboetas A Corneta do Diabo, da Palma Cavalão, e A Tarde, de Neves:

 Crítica à imprensa da época, pela sua parcialidade e falta de rigor, bem como a sua
independência política.
 Maledicência sem escrúpulos e pública; Dâmaso escreve n’A Corneta sobre os amores
adúlteros de Carlos e Maria Eduarda; logo de seguida, ameaçado, desmente n’A Tarde,
explicando que escrevera a primeira carta quando estava altamente embriagado.

Linguagem e estilo tipicamente queirosianos

 Uso expressivo de adjetivos com intenções irónicas ou de descrição subjetiva das


personagens ou de espaços;
 Uso expressivo de adjetivos que dão vida a sinestesias, personificações, metáforas;
 Uso expressivo de diminutivos, frequentemente com pendor irónico;
 Uso expressivo do advérbio, que produz efeitos irónicos, metafóricos e de
caracterização de personagens e ambientes;
 Uso expressivo de vocábulos, expressões ou frases em língua francesa e em língua
inglesa;
 Uso de registo de língua coloquial/ familiar;
 Uso expressivo de verbos relatores antes de discurso direto ou indireto;
 Reprodução do discurso no discurso.

Resumos dos capítulos

Capítulo 1

 O Ramalhete (apresentação e caracterização);


 A juventude de Afonso da Maia;
 O exílio de Afonso em Inglaterra com Maria Eduarda Runa e Pedro;
 A ida para Itália (na tentativa de agradar Maria Eduarda Runa);
 A educação fervorosamente católica e a juventude de Pedro da Maia;
 O casamento de Pedro com Maria Monforte (a “negação”).

Capítulo 2

 Pedro da Maia e Maria Eduarda viajam para Itália;


 O nascimento de Carlos da Maia;
 O nascimento de Maria Eduarda Maia;

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 A fuga de Maria Monforte com Tancredo (napolitano de quem se enamorara) para


Itália levando apenas a filha;
 O regresso de Pedro a Benfica e o seu suicídio com um tiro de pistola;
 Afonso da Maia muda-se para a quinta de Santa Olávia com o neto, Carlos da Maia, e
os criados.

Capítulo 3

 Em santa Olávia
- a infância e a educação de Carlos da Maia segundo a vontade e a filosofia de vida do avô
Afonso: Teixeira – parece que era sistema inglês! Deixava-o correr, cair, trepar às árvores,
molhar-se, apanhar soalheiras, como um filho do caseiro. E depois o rigor com as comidas;
Afonso – O “primeiro dever de um homem é viver. E para isso é necessário ser são, e ser
forte.”;

- As brincadeiras com Eusebiozinho e com Teresinha: contrastes entre a educação de Carlos e a


de Eusebiozinho e Teresinha;

- O precetor inglês, sr. Brown;

- O velho administrador Vilaça;

- O bondoso Abade Custódio;

- A Viscondessa de Runa;

 Vilaça dá a Afonso informações sobre Maria Monforte. O administrador comete um


erro de julgamento e julga morta a filha de Monforte, pelo que em Santa Olávia não se
falaria mais sobre este assunto;
 Vilaça morre e é sepultado no Cemitério dos Prazeres;
 Manuel Vilaça (filho), “agora administrador da casa traz a notícia que Carlos fizera o
seu primeiro exame.”

Capítulo 4

 Formatura de Carlos em Medicina, em Coimbra;


 Teresinha “fizera-se uma rapariguinha feia, amarela como uma cidra”;
 Eusebiozinho tornara-se “molengão e tristonho (...), ia casar na Régua;
 João da Ega: “o maior ateu, o maior demagogo”;
 Primeira relação adúltera de Carlos com Hermengarda;
 Viagem de Carlos pela Europa até o outono de 1875, altura em que os Maias vêm
habitar o Ramalhete, cuidadosamente remodelado por Carlos;
 O consultório de Carlos em Lisboa (“em pleno Rossio”);
 Entrada de novas personagens:
- O Baptista, criado de quarto de Carlos;

- O Taveira, vizinho do Ramalhete;

- O Marquês de Souselas, o Cruges, pianista tímido e incompreendido;

- “a mulher do Cohen”, Raquel Cohen, por quem Ega se apaixona;

- Jacob Cohen, “Diretor do Banco Nacional”;

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- D. Diogo, Sequeira e o conde de Steinbroken, companheiros de Afonso no Whist;

- Craft, “negociante do Porto (...), filho de um clergyman da igreja inglesa”.

Capítulo 5

 Os serões no Ramalhete: com D. Diogo, Sequeira, Vilaça, Cruges, Steinbroken, Marquês


de Souselas e sempre o Baptista;
 Informações dadas pelo Baptista sobre novas personagens: os condes de Gouvarinho;
 Ega apresenta os condes de Gouvarinho a Carlos, numa noite em S. Carlos.

Capítulo 6

 A “casa do Ega, a famosa Vila Balzac”;


 Episódio do jantar no Hotel Central;
- Carlos vê, pela primeira vez, Maria Eduarda, no peristilo do Hotel Central;

- Ega apresenta Dâmaso Cândido de Salcede a Carlos;

- Dâmaso descreve brevemente a história dessa “esplêndida mulher” – ela e o marido, os


Castro Gomes, vindos de Bordéus e Paris, local onde vive o tio Dâmaso, Sr. Guimarães;

- Ega apresenta Alencar a Carlos;

 Discussão acesa entre João da Ega e Tomás de Alencar sobre o realismo/ Naturalismo
versus Ultrarromantismo;
 Terminado o jantar, Alencar acompanha Carlos ao Ramalhete.

Capítulo 7

 Carlos, no terraço do Ramalhete, conversa com Dâmaso, “o filho do agiota”, que


folheava o Figaro, partilhando já a intimidade do Maia, e por todo lado o seguia como
“um rafeiro”, pensando em tudo o que era “chique a valer” e que estava ao nível de
Carlos;
 Um dia em que Carlos procura Dâmaso, encontra Steinbroken no Aterro e vê, pela
segunda vez, Maria Eduarda;
 Carlos volta para o Ramalhete, oferecendo a Steinbroken boleia na sua vitória e o
jantar com o avô Afonso;
 A condessa de Gouvarinho leva o filho, Charlie, para ser consultado por Carlos, no seu
consultório;
 Primeiras aproximações adúlteras entre a condessa e Carlos, com marcação de futuros
encontros;
 Taveira conta a Carlos o que sabe sobre os Castro Gomes e sobre a relação próxima
com Dâmaso.

Capítulo 8

 Carlos procura Cruges na sua casa da Rua das Flores e os dois partem para Sintra;
- A refeição na Porcalhota;

- A estadia no Hotel Nunes;

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- O encontro com Eusebiozinho, agora viúvo, e Palma Cavalão, que almoçavam com duas
raparigas espanholas, Concha e Lola;

- O passeio de Carlos e Cruges a Seteais;

- Encontro dos dois com o poeta Alencar, que lhes conta os seus desentendimentos com o
Palma, diretor de “uma espécie de jornal”;

- Carlos procura a Castro Gomes, mas não a encontra;

- O jantar no Hotel Lawrence;

- O regresso ao Ramalhete.

Capítulo 9

 Dâmaso pede a Carlos que, enquanto médico, vá ver o estado de saúde da filha de
Castro Gomes, Rosa:
- Rosa e a sua inocência, sempre com a sua “boneca paramentada” de nome Cricri;

- O quarto de Maria Eduarda, na casa da Rua de São Francisco;

- Dâmaso confia a Carlos o pormenor sobre a relação de proximidade entre a Castro Gomes
(Maria Eduarda) e o seu tio Guimarães;

- Ega confessa a Carlos e a Craft que Jacob Cohen descobriu a sua relação adúltera com Raquel
e o expulsou de sua casa;

- Carlos vai tomar chá com a condessa de Gouvarinho e envolve-se com ela.

Capítulo 10

 Episódio das Corridas de Cavalos, no Hipódromo de Lisboa:


- Carlos espera Maria Eduarda, mas ela não aparece; no entanto, ela manda-lhe um bilhete,
pedindo-lhe que vá ver uma doente.

Capítulo 11

 Carlos conhece Maria Eduarda: “Maria Eduarda, Carlos Eduardo...havia uma similitude
nos seus nomes. Quem sabe se não pressagiava a concordância dos seus destinos!”;
 Então todos os dias, durante semanas, teve essa hora deliciosa, esplêndida, perfeita, a
“visita à inglesa”; “Maria Eduarda estava hospedada num andar que pertencia à família
de Cruges, na Rua de S. Francisco;
 Numa das visitas a Maria Eduarda, Dâmaso aparece também para a visitar, criando-se
um ambiente de algum desconforto.

Capítulo 12

 Episódio do jantar em casa dos condes de Gouvarinho:


- D. Maria da Cunha;

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- Sousa Neto (“Oficial superior de uma grande repartição do Estado (...). Da instituição
pública”) desentende-se com Ega devido à grande diferença cultural.

 Carlos e Maria Eduarda falam da Quinta dos Olivais, propriedade de Craft e que ele
quer vender; Carlos prontifica-se a comprar a casa, bem como toda a quinta para Maria
Eduarda;
 Maria Eduarda revela o seu amor a Carlos e pretende contar-lhe algo que ele só ouvirá
muito tempo depois, já consumada a relação incestuosa.

Capítulo 13

 João da Ega conta a Carlos que Dâmaso, ciumento da relação dele com a Castro
Gomes, critica-os publicamente, sendo que Carlos o confronta e o ameaça em praça
pública;
 A Toca (nome que Carlos dá à quinta que comprou a Craft e que será o local onde se
consumará a relação amorosa com Maria Eduarda);
 Carlos termina o relacionamento com Teresa Gouvarinho.

Capítulo 14

 Afonso da Maia viaja para a sua Quinta de Santa Olávia;


 Surge “em cena” o tio de Dâmaso, o sr. Guimarães (personagem desencadeadora, a seu
tempo, da verdadeira história de Maria Eduarda e do fim da relação com o seu irmão,
Carlos da Maia);
 A Toca: espaço de amor incestuoso entre Maria Eduarda Maia e Carlos Eduardo da
Maia;
 Primeira noite em que os dois dormem juntos;
 Carlos e Craft encontram Eusebiozinho e este fala-lhes do novo jornal que Palma
Cavalão fundou: A corneta do Diabo;
 Castro Gomes visita Carlos (que estava com Ega) e mostra-lhe um bilhete anónimo
(que se descobrirá ter sido escrito por Dâmaso) que lhe veio parar às mãos e o informa
da relação que Carlos mantém com Maria Eduarda; então, revela-lhe que tem vivido
com essa senhora (Madame Mac Gren), não sendo seu marido, preparando-se agora
para a deixar e rumar a Madrid;
 Carlos vai à Toca e Maria Eduarda conta-lhe a sua história; Carlos pede-a em
casamento.

Capítulo 15

 Ega aconselha Carlos a esperar a morte do avô para se casar com Maria Eduarda;
 Carlos leva Ega à Toca e este conhece Maria Eduarda;
 Carlos convida Cruges para vir jantar à Toca, aparecendo também o marquês de
Souselas;
 Reaparece o sr. Guimarães, cumprimentando Carlos na rua;
 Ega faz chegar a Carlos um exemplar d’A Corneta do Diabo com um artigo que versa
satiricamente sobre os amores de Carlos com Maria Eduarda;
 A pedido de Carlos, Ega leca Cruges consigo e os dois vão ao encontro de Dâmaso, a
quem vão anunciar o debate físico com Carlos; amedrontado, Dâmaso aceita remediar
o ato, escrevendo nova carta, onde anunciará que a primeira que escreveu foi fruto de
embriaguez; esta segunda carta será publicada no jornal A Tarde (cujo diretor é Neves).

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Capítulo 16

 O Sarau da Trindade:
- As declarações prolixas, mas inflamadas, de Rufino;

- Tomás de Alencar: declama os seus versos de uma poeticidade ultrarromântica;

- Cruges, maestro erudito e culto, faz a sua atuação, a qual não é, de todo, compreendia pela
sociedade;

- A baronesa de Alvim e Joaninha Vilar abandonam o sarau muito cedo por se cansarem
facilmente: “Mas uma noite toda de literatura, que estafa! E agora, para mais, ficara lá um
homenzinho a fazer música clássica...Pois olhes, devia ter-lhe dito que tocasse antes o
“pirolito”;

- D. Maria da Cunha (sobre Cruges) – “E era composição dele, aquela coisa triste? (Ega
responde) – É de Beethoven, Sr.ª D. Maria da Cunha, a “Sonata Patética” (...). E a marquesa de
Soutal, muito séria, muito bela, cheirando devagar um frasquinho de sais, disse que era a
“Sonata Pateta” “;

- Palestra “de um maganão gordo, de barba em bico e camélia na casaca que (...) lamentava aos
berros que nós, Portugueses (...), deixássemos esbanjar, ao vento do indiferentismo, a sublime
herança dos avós!...”;

- Os Gouvarinho assistem ao sarau: o conde fica deleitado com Rufino;

- Sousa Neto, Darque, Teles da Gama e outras figuras do cenário político e Cultural da época;

- Recitação poética de Tomás de Alencar;

 No final do sarau, Ega conversa a sós com o sr. Guimarães, conversa essa em que fará a
revelação que alterará o rumo da intriga principal: Carlos e Maria Eduarda são irmãos.

Capítulo 17

 Ega procura Vilaça para juntos abrirem o cofre entregue pelo sr. Guimarães;
 Depois de uma tentativa fracassada de Vilaça, Ega conta a Carlos toda a história que
lhe transmitiu o sr. Guimarães e os dois contam a Afonso de Maia;
 O jantar no Ramalhete, com Ega, Steinbroken, D. Diogo, Craft;
 Carlos vai a casa de Maria Eduarda, na Rua de S. Francisco, para lhe revelar tudo, mas
acaba por consumar o incesto voluntário;
 Na noite seguinte, Carlos repete o ato voluntário, sob a suspeita horrorizada de Ega,
que estava hospedado no Ramalhete;
 Afonso da Maia descobre que Carlos da Maia mantém a relação incestuosa com a irmã;
 Morte de Afonso da Maia;
 Carlos, ao contrário de Pedro da Maia, resigna-se e decide viajar;
 Ega conta a Maria Eduarda toda a sucessão de novidades sobre a sua história e o seu
passado;
 Maria Eduarda parte para Paris com a filha, Rosa, e a governanta, Miss Sara, herdado a
sua parte da fortuna dos Maias;
 Ega partilha com ela o comboio, despedindo-se no Entroncamento, pois ele seguia para
Santa Olávia e ela para a capital francesa.

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Capítulo 18

 Carlos e Ega viajam, como tinham combinado, por Londres, América do Norte, Japão;
Ega regressa “passado um ano e meio” e Carlos detém-se ainda por três anos;
 No seu regresso, Ega põe Carlos ao corrente das novidades sobre a sociedade lisboeta;
 O Ramalhete:

- Carlos e Ega: reflexões finais sobre a vida;

- O sr. Guimarães: “(Carlos) – naturalmente morreu”;

- Raquel Cohen: “E a Raquel, é verdade! (...) Que era feito de Raquel, esse lírico de Israel? (Ega
responde) – Para aí ainda, estuporada-...”.

SONETOS COMPLETOS - ANTERO DE QUENTAL

1. Angústia existencial
 Insatisfação face ao amor e à vida
 Interiorização reflexiva
 Inquietação filosófica

2. Configurações do ideal
Racionalidade otimista e de luta:
 Razão, justiça, amor / fraternidade / solidariedade
 Amor espiritualizado
 Poeta como “voz da revolução”

3. Poesia de Antero
Configuração do ideal + Angústia existencial:
 Inquietação espiritual
 Procura de algo que de u sentido ou uma finalidade à existência humana
 Aceitação de uma entidade que aparece, quase sempre, sob contornos vagos ou
indefinidos e que pode assumir o nome de Deus
 Desejo de sonhar
 Insatisfação perante o real sentido como demasiado frustrante ou limitado

Dualidade na personalidade do poeta:


 Espírito critico do filósofo (lucidez do intelecto; espírito apostólico; autodomínio;
consciência plena; concentração da atividade pensante; exaltação do amor e da
razão);
 Temperamento mórbido do homem (canto da noite, do sonho, da submersão, da
morte, dissolução da personalidade; repouso da alma no Deus transcendente)

4. Linguagem, estilo e estrutura


Soneto:

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 Composição poética constituída por 14 versos, geralmente decassílabos,


distribuídos por duas quadras e dois tercetos.
 A rima do soneto tende a seguir o esquema ABBA ABBA, nas quadras, e CDC CDC,
CDE CDE, nos tercetos
 Último verso é considerado a chave de ouro, quando apresenta uma conclusão
para o tema desenvolvido

Discurso conceptual:

 É marcado por um elevado grau de elaboração formal


 Recorre a conceitos (noções), muitas delas filosóficas.
 Trata-se de uma poesia de ideias e questionação

Recursos expressivos: Apóstrofe, Metáfora e Personificação

CÂNTICOS DO REALISMO – CESÁRIO VERDE

TÓPICOS DE ANÁLISE EM CÂNTICOS DO REALISMO


A  Cesário apresenta sobretudo lugares de Lisboa, por onde passa a
representação caminho do trabalho
da cidade e  Nesses lugares, dá-nos a ver os membros do povo que trabalham na
dos tipos urbe, em condições físicas muito duras e até desumanas
sociais  Escreve também poemas em que o centro é o campo e a burguesia
que nele deambula/passeia
Deambulação  À medida que vai caminhando de sua até à loja onde trabalha com o
e imaginação: seu pai Cesário Verde vai registando no seu olhar tudo quando vê
o observador  Por vezes, passa da realidade que vê aquilo que ela lhe lembra e,
acidental então, vamos para o plano da imaginação. Este plano é marcado por
verbos que o transportam do visível para o imaginário
Perceção  É pelos seus 5 sentidos que o poeta regista em verso tudo quanto
sensorial e absorve, enquanto caminha. Juntando às sensações um toque de
transfiguração imaginação poética e de pintor, Cesário transforma mentalmente
poética do real vegetais e frutos em partes o corpo humano
Estrutura de “O sentimento dum ocidental”
 Trata-se de um poema longo dividido em 4 partes: “Avé-Marias”,
“Noite Fechada”, “Ao gás” e “Horas mortas”
 Segundo as marcas do género épico, nele Cesário Verde faz brotar
Imaginário críticas e louvores às qualidades lusitanas, isto é, escolhe um tema de
épico interesse universal, cantado com linguagem erudita
 Consciente das injustiças sociais que testemunha ao circular por
Lisboa, especialmente as que opõem os muito ricos aos muito pobres,
Cesário Verde apela a um futuro glorioso construído no presente
século XIX e respetivo futuro
 Seleção frequente de rima cruzada e interpolada ao serviço do
cruzamento de planos visíveis e transfigurados pelo poeta-pintor
Linguagem e  Estrofes: quadras e quintilhas
estilo  Métrica: versos decassilábicos e alexandrinos
 Comparações, metáforas, enumerações, hipérboles, sinestesias, usos

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expressivos do adjetivo e do advérbio

“O Sentimento dum Ocidental”

Esta obra é a investigação definitiva de Cesário Verde sobre a cidade. O poema regista as
perceções e as impressões de um observador caminhando nas ruas noturnas da cidade. A
cidade é Lisboa, o sentimento do título é o do narrador, natural do extremo ocidental da
Europa, um português. Mas a cidade também representa o todo da civilização ocidental a que
Portugal pertence, e o sentimento que ela provoca é ao mesmo tempo um produto dessa
civilização e um protesto contra ela.

 Cenário I: Ave-Marias – Ao Cair da Tarde

A primeira parte do poema situa-se ao fim da tarde ("ao anoitecer"), à hora em que os sinos
das igrejas chamam para a oração vespertina - a ave-maria.
O sujeito poético, à medida que deambula pelas ruas junto ao Tejo, descreve vários espaços.
Em relação ao grupo de personagens descrito, é evidente a simpatia solidária que o sujeito
poético revela para com as personagens populares, com destaque especial para as varinas.
A impressão geral que decorre desta primeira descrição da cidade é de que se trata de um
espaço soturno e melancólico, pouco luminoso, que apresenta uma "cor monótona e
londrina", despertando no "eu" sentimentos contraditórios.
Nesta primeira parte do poema, é também nítida a oposição entre o real e a fantasia. Na
verdade, o sujeito poético anseia partir para outras dimensões, e exprime o seu desejo de
evasão para outros espaços reais e para outros tempos, outras glórias.

 Cenário II: Noite Fechada (Acender das Luzes)

O sujeito poético continua o seu percurso, observando a realidade que o rodeia, enumerando
os novos espaços que observa.
Destes espaços mórbidos, pouco iluminados, desprende-se uma sensação de
enclausuramento, de solidão, de pessimismo progressivo. Surgem, então, novas figuras
citadinas, a que o sujeito poético se refere como "uma acumulação de corpos enfezados". O
tom melancólico e disfórico presente na descrição da cidade não nasce apenas do relato dos
espaços e das personagens que neles evoluem, mas também do tipo de sensações empregues
pelo sujeito poético para concretizar essa mesma descrição, tais como, auditivas e visuais.
Nesta segunda parte, face à desolação e à soturnidade do presente, o sujeito poético também
evoca o passado através do "severo inquisidor", do "épico de outrora" e da Idade Média.

 Cenário III: Ao Gás (Fixação da Noite)

O deambular progressivo do sujeito poético permite-lhe completar o quadro citadino. Novos


espaços e personagens são referidos através do uso de uma enumeração. Esta longa
enumeração, para além de pormenorizar o retrato da cidade, reitera alguns dos aspetos
característicos da poesia de Cesário Verde, como:
- A valorização do campo, presente na única nota eufórica desta parte
- A presença de uma figura feminina que subverte os cânones poéticos da época
- O anticlericalismo presente na referência ao histerismo das freiras;
- A solidariedade social
Tal como nas duas primeiras partes, o sujeito poético descreve a cidade de modo sensorial,
recorrendo a sensações tácteis, olfativas, visuais e auditivas. O sujeito poético sublinha que o
real é motivo de inspiração poética.

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 Cenário IV: Horas Mortas (Noite Segura)

A quarta parte do poema corresponde ao momento final do percurso do sujeito poético,


percurso esse que se vai progressivamente tornando mais angustiante e fechado, assim,
estamos no domínio total da noite, as estrelas brilham no céu.
Este é também o momento em que as personagens marginais dominam a cidade, e é também
o momento em que o espaço se torna agressivo para o sujeito poético, essa agressividade está
presente, quando o poeta sente um nojo físico pela cidade.
Face a esta cidade opressiva, o sujeito poético apenas pode evocar a beleza e a serenidade do
campo e expressar desejos impossíveis.
O poema conclui com uma nota claramente disfórica: a cidade é, inevitavelmente, o espaço
onde "A Dor humana busca os amplos horizontes, / E tem marés, de fel, como um sinistro
mar!".

Binómios e Dicotomias em Cesário Verde:

CIDADE CAMPO
Deambulação do poeta; melancolia; Vida rústica de canseiras,
monotonia; “desejo absurdo de viver”; vitalidade, saúde, liberdade,
vícios; miséria; sofrimento; poluição; cheiro rejuvenescimento, vida,
nauseabundo, seres humanos dúbios e fertilidade, identificação do
Características exploradores; ricos pretensiosos que poeta com o povo campesino,
desprezam os humildes; incomoda o poeta local de trabalho onde acontece
e os trabalhadores que nela procuram alegrias e tristezas
melhores condições de vida.
Fatal, frígida, calculista, madura, destrutiva, Proporciona um amor puro e
dominadora, sem sentimentos, erótica, desconfinado, frágil, terna,
Mulher artificial, predadora, vampírica, formosa, ingénua, despretensiosa.
fria, altiva.
Subjetividade
do tempo e a Certeza para a morte Salvação para a vida.
morte

12º ANO

POESIA DO ORTÓNIMO – FERNANDO PESSOA

1. Características temáticas
 Identidade perdida
 Consciência do absurdo da existência
 Tensão sinceridade/fingimento, consciência/inconsciência, sonho/realidade
 Oposição sentir/pensar, pensamento/vontade, esperança/desilusão
 Anti sentimentalismo: intelectualização da emoção

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 Estados negativos: solidão, ceticismo, angústia, cansaço…


 Inquietação metafisica, dor de viver
 Autoanálise

2. Características estilísticas
 Verso geralmente curto (2 e 7 silabas métricas)
 Predomínio da quadra e da quintilha
 Adjetivação expressiva
 Linguagem simples, mas muito expressiva
 Uso de símbolos

3. Temáticas poéticas

O fingimento artístico

O poema não traduz aquilo que o poeta sente, mas sim aquilo que imagina a partir do que
anteriormente sentiu. O poeta é, pois, um fingidor, que escreve uma emoção fingida, pensada,
por isso fruto da razão e da imaginação, e não a emoção sentida pelo coração, que apenas
chega ao poema transfigurada, na tal emoção trabalhada poeticamente, imaginada.

Assim, ao não ser um resultado direto da emoção, mas uma construção mental da mesma, a
elaboração de um poema define-se como um “fingimento”.

Dicotomias: sinceridade/fingimento, consciência/inconsciência, sentir/pensar

A dor de pensar

Fernando Pessoa sente-se condenado a ser lúcido, a ter de pensar, isto é, considera que o
pensamento provoca a dor.

O poeta inveja a felicidade alheia, porque esta é inatingível para ele, uma vez que é baseada
em princípios que sente nunca poder alcançar – a inconsciência, a irracionalidade. O poeta
deseja ser inconsciente, mas não abdica da sua consciência.

Em suma, a “dor de pensar” que o autor diz sentir, provem de uma intelectualização das
sensações à qual o poeta não pode escapar, como ser consciente e lúcido que é.

A nostalgia da infância

Do mundo da infância, Pessoa sente nostalgia. Um profundo desencanto e angústia


acompanham o sentido da brevidade da vida e da sua efemeridade, isto é, o tempo é para ele
um fator de desagregação na medida em que tudo é breve, tudo é efémero.

Ao mesmo tempo que gostava de ter a infância das crianças que brincam, sente a saudade de
uma ternura que lhe passou ao lado.

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O passado é um sonho inútil, pois nada se concretizou, antes se traduziu numa desilusão. Por
isso, a constante descrença perante a vida real e de sonho. Daí, uma nostalgia do bem perdido,
do mundo fantástico da infância, único momento possível de felicidade.

A fragmentação do “eu” (identidade perdida)

O sentido de que a vida, em lugar de obedecer a um plano, é feita de pedaços sem nexo, situa-
se no âmago da melancolia do poeta. Não há nenhum princípio orgânico a entrelaçar os
fragmentos do seu existir.

Dicotomia sonho/realidade

Incapacidade de conciliar o que deseja ou idealiza com o que realiza.

POESIA DOS HETERÓNIMOS – FERNANDO PESSOA

Alberto Caeiro – O mestre dos heterónimos

Dados biográficos

 Nasceu em 1889, em Lisboa


 Passou a sua vida no campo
 Morreu de tuberculose

Características

 Caeiro valoriza a simplicidade e demonstra o seu gosto pela natureza


 Poeta simples e deambulante
 Rejeição da intelectualização
 Valorização das sensações
 Espontaneidade da escrita
 Linguagem simples
 Frases simples com predomínio da coordenação
 Métrica irregular
 Transformação do abstrato em concreto com recurso à comparação
 Uso de recursos expressivos simples

O sensacionismo

Alberto Caeiro é o poeta do olhar que ensina a simplicidade da vida. Busca ver as coisas como
são, na sua forma mais primitiva e natural. Faz a apologia da visão como valor essencial (a
ciência do ver). Para Caeiro, ver é conhecer e compreender o mundo, a visão é um modo de
conhecimento privilegiado, pois permite percecionar a imensidão do mundo, superando a
dimensão física limitado do sujeito.

 Só lhe interessa vivenciar o mundo que capta pelas sensações


 O mundo é visto sem necessidade de explicações
 Recusa o pensamento metafísico

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 O pensamento gera a infelicidade


 O sentido das coisas reduz-se à sua existência

Texto expositivo sobre Alberto Caeiro

Alberto Caeiro nasceu em 1889, em Lisboa, passou a sua vida no campo e, por isso te, uma
fraca escolaridade. É o heterónimo mais inconsciente e valoriza muito as sensações.

Ao longo da sua poesia, Alberto Caeiro, ensina a simplicidade da vida, deste forma vê as coisas
de uma forma mais simples e natural. A sensação que dá mais valor é a visual, porque afirma
que, ver é conhecer e compreender o mundo de uma forma privilegiada, como podemos
observar no verso “Pensar uma flor é vê-la e cheirá-la”.

Alberto Caeiro, afirma que o mundo não necessita de explicações e recusa o pensamento.
Defende que, através do pensamento gera-se infelicidade, por isso acredita que todas as coisas
são diferentes se as virmos através dos olhos e podemos ver assim, a realidade concreta.
Observamos isto, no verso “Compreender isto com o pensamento seria achá-las todas iguais”.

Concluímos então, que Alberto Caeiro é um sensacionista, que viveu sempre a vida da forma
mais simples, pois acreditava que só assim conseguia ser feliz.

Ricardo Reis

Dados biográficos

 Nasceu em 1887, no Porto


 Estudou o curso de medicina
 Foi viver para o Brasil em 1919, por ser monárquico
 Tinha muito desejo de ter nascido noutra época

Características do seu estilo

 Estilo trabalhado e rigoroso


 Regularidade estrófica e métrica
 Linguagem culta (arcaísmo e vocabulário erudito)
 Complexidade sintática
 Uso frequente da primeira pessoa do plural
 Predomínio da subordinação

O estoicismo

 Viver a vida em conformidade com as leis do destino, indiferente à dor e ao desprazer.


 É possível encontrar a felicidade desde que se viva em conformidade com as leis do
destino que regem o mundo, permanecendo indiferente aos males, às paixões e ao
impulso dos instintos, que são perturbações da razão.
 Indiferença cética: ato de lucidez de quem sabe que tudo tem o seu fim e de que tudo
já está, fatalmente, traçado (indiferença à morte)

O epicurismo

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 Filosofia moral que defende o prazer como caminho da felicidade


 Calma e tranquilidade, conseguida por um estado de ataraxia, ou seja, sem qualquer
perturbação (ausência de dor na sua vida)
 Saber apreciar, muito consciente e tranquilamente, o prazer das coisas, sem qualquer
esforço ou preocupação
 Fernando Pessoa afirma que a obra de Ricardo Reis apresenta um epicurismo triste,
pois na vida, nunca se encontra a calma e a tranquilidade desejada

O classicismo

 Recurso à mitologia
 Tom moralista (uso do imperativo)
 Simbologia
 Sintaxe alatinada, frequentemente com a inversão da ordem lógica

O neopaganismo

 Crença nos deuses antigos, cultivo da mitologia greco-latina


 Atitude perante o mundo que consiste em aceitar qualquer religião e a existência de
deuses em tudo e em todas as coisas
 Considera que os deuses estão acima do homem por uma questão de grau, mas que
acima doa deuses, no sistema pagão, se encontra o Fado (destino), que tudo submete

Características temáticas

 A passagem inelutável do tempo


 A precariedade da vida e a fatalidade da morte
 A moderação dos desejos e dos prazeres
 O culto do Belo, como forma de superar a transitoriedade da vida e dos bens terrenos
 O elogio da vida rústica: felicidade só é possível no sossego do campo (comparável com
Caeiro)
 O gozo do momento que passa, o “carpe diem”
 A tentativa de iludir o sofrimento resultando da consciência aguda da precariedade da
vida, do fluir continuo do tempo e da fatalidade da morte, através do sorriso, do vinho
e das flores

Texto expositivo sobre Ricardo Reis

Ricardo Reis nasceu em 1887, no Porto e concluiu o curso de medicina. É um heterónimo de


Fernando Pessoa e é considerado um poeta clássico. Um poeta, que acredita no destino (Fado)
acima de tudo e, por isso vive conforme as leis do destino, como podemos observar no verso
“Segue o teu destino”.

Na sua poesia, observamos a presença de símbolos clássicos, como o rio, que representa a
passagem do tempo e as flores, que simbolizam a efemeridade da vida. Temos também,
presente os deuses da mitologia grega, como comprova o verso “As rosas amo dos jardins de
Adónis”.

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Ricardo Reis defende que, a vida tem de ser vivida com calma e tranquilidade (estado de
ataraxia), de modo a gozar o momento (“Carpe diem”). O verso “Sem amores, nem ódios, nem
paixões que levantem a voz”, comprova a indiferença que, Ricardo Reis apresenta em relação
ao amor e envolvimento sentimental com as pessoas, porque assim sabe apreciar o prazer das
coisas, sem preocupações e esforço.

Em suma, Ricardo Reis afirma que, temos de aceitar a morte, pois já está no nosso destino e,
nada podemos fazer para contrariar. Por isso, defende que podemos ser felizes se vivermos de
acordo com o destino.

Álvaro de Campo

Dados biográficos

 Nasceu em 1890, em Tavira


 Engenheiro de profissão
 Campos é o filho indisciplinado da sensação e para ele a sensação é tudo
 Discípulo de Caeiro

Características do seu estilo

 Irregularidade estrófica e métrica


 Estilo intenso e repetitivo
 Ritmo rápido
 Riqueza estilística, adequada aos excessos do conteúdo
 Pontuação emotiva
 Euforia e admiração do real
 O poeta leva as sensações ao extremo
 Modernista (futurismo e sensacionismo)

Primeira fase – Decadentista

O decadentista tem como principal característica a visão pessimista do mundo. Durante essa
fase, os poemas de Álvaro de Campos evidenciaram certo tédio e uma necessidade pungente
de novas sensações. Essa necessidade de fuga à monotonia foi marcada por símbolos e
imagens, características que aproximaram os poemas de Álvaro de Campos ao Romantismo e
ao Simbolismo. A sua principal obra é a Ode Triunfal.

 Desilusão e tédio de viver


 Procura de novas sensações
 Busca de evasão
 Atitude desafiadora das normas instituídas

Segunda fase – Futurista/Sensacionista

Durante essa fase, os poemas foram influenciados pelo futurismo. É possível perceber o
fascínio pelas máquinas e pelo progresso nos poemas futuristas de Campos, fase que pode ser
ilustrada a partir da leitura dos poemas Ode Triunfal e Ode Marítima.

O Futurismo O Sensacionismo

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 Apologia da civilização tecnológica,  Experiência e expressão excessiva


da força e da modernidade das sensações
 Exaltação do presente  Sadismo e masoquismo
 Euforia emocional

Terceira fase – Intimista/Pessimista

Nesta encontramos um poeta compenetrado, angustiado e incompreendido. Como temas,


destacam-se a solidão interior, a nostalgia da infância, a frustração e a incapacidade de amar.

 Tédio existencial
 Desalento, cansaço e abulia
 Angústia e frustração
 Solidão e isolamento
 Dificuldade de socialização
 Desajustamento face ao presente, à realidade e aos outros
 Dor de pensar
 Tom introspetivo e pessimista

Presente Passado
 Exaltação e euforia (fase futurista e  Felicidade
sensacionista)  Boas memórias
 Desilusão e angústia (fase abúlica)

Nostalgia da infância

 Infância como símbolo da pureza, da inconsciência


 Consciência da perda irrecuperável do tempo da meninice

Texto expositivo sobre Álvaro de Campos

Álvaro de Campos nasceu em 1890, em Tavira e, formou-se em engenharia. É um poeta, que


leva as sensações ao extremo e, também é considerado um Modernista/ Futurista. A sua
poesia é dividida em 3 fases.

Na primeira parte (Decadentista), o poeta tem uma visão pessimista do mundo e procura novas
sensações, como forma de fugir à monotonia da vida, os poemas, nesta fase evidenciam uma
desilusão e tédio de viver. A sua principal obra nesta fase é a “Ode Triunfal”.

Na segunda parte (Futurista/ Sensacionista), Álvaro de Campos sente uma excitação e euforia
emocional pelas máquinas, porque é influenciado pelo futurismo. É visível também uma
expressão excessiva das sensações. Observamos tudo isto através da “Ode Triunfal” e da “Ode
Marítima”. O verso “Em fúria fora e dentro de mim”, comprova o nervosismo e euforia de
Álvaro de Campos, quando escreve sobre as máquinas.

Na terceira fase (Pessimista), Álvaro de Campos apresenta-nos poemas com uma dicotomia
Presente/ Passado, devido à nostalgia da infância. No presente, Álvaro de Campos apresenta-se

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angustiado e desiludido, e no passado este era feliz, porque era inconsciente, como podemos
ver no verso “No tempo em que festejávamos o dia dos meus anos”.

Em suma, Álvaro de Campos apresenta ao longo da sua poesia uma irregularidade emocional,
sendo sempre presente as sensações ao longo da sua vida.

MENSAGEM – FERNANDO PESSOA

Características da obra em geral

O Sebastianismo

 Crença no regresso de el-rei D. Sebastião, desaparecido na batalha de Alcácer Quibir


em 1578. À sua morte seguiu-se a perda da independência para os Castelhanos, só
retomada em 1640. O seu regresso aconteceria numa manhã de nevoeiro, d onde
surgiria el-rei, já vitorioso, no seu cavalo branco.
 Este mito revela o poder, ânimo e esperança de que os portugueses dos séculos
seguintes pudessem imitar a valentia, a luta a e o patriotismo do rei jovem, fazendo de
Portugal uma nação novamente grandiosa.

O imaginário épico - Natureza épico - lírica da obra

Características do discurso épico Características do discurso lírico


Uso da 3ª pessoa (narratividade) Forma fragmentária (44 poemas)
Exaltação de ações heroicas com proteção Identificação “eu” /pátria
sobrenatural
Integração de figuras e acontecimentos Tom emotivo e linguagem expressiva
históricos
Protagonistas de elevado estatuto (social e
moral) Uso da 1ª pessoa (intimismo e
Glorificação e mitificação do herói (celebração e subjetividade)
recompensa)

O herói coletivo

O povo português é movido pelo sebastianismo, pode ser novamente grandioso e superior.
Este heroísmo está espelhado em figuras históricas, que Pessoa refere e caracteriza, lembra e
exalta, para despertar o português do século XX dessa dormência, sonolência e apatia.

Exaltação patriótica

 O nacionalismo: Portugal como tema


 O passado de inspiração, o presente de frustração e o futuro de concretização
 O sentido providencial e messiânico de Portugal: povo eleito para a instituição do
Quinto Império

1ª Parte – “Brasão” (guerra sem guerra)

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 Fundação da nacionalidade, construção da pátria e do império


 Poemas que aludem os fundadores, convertidos em símbolos

Poemas da 1ª Parte:

Os campos O dos Castelos


A Localização geográfica e o destino de O das Quinas
Portugal
Ulisses
Os Castelos Viriato
7 heróis de fundação país (como os 7 O conde D. Henrique
castelos do brasão nacional) D. Tareja
D. Afonso Henriques
D. Dinis
D. João o Primeiro e D. Filipa de Lencastre
As Quinas D. Duarte, Rei de Portugal
5 heróis sofredores (como as quinas exibidas D. Fernando, Infante de Portugal
no brasão nacional que lembram as chegas D. Sebastião, Rei de Portugal
de cristo)
A Coroa Nun’ Álvares Pereira
O Cavaleiro predestinado
O Timbre A Cabeça do Grifo: O Infante D. Henrique
As três figuras cimeiras da expansão Uma Asa do Grifo: D. João o Segundo
portuguesa A outra Asa do Grifo. Afonso de Albuquerque

Personagens que pertencem a Os Castelos

Ulisses – foi uma das figuras míticas que chegaram ao nosso tempo através dos dois grandes
relatos de Homero: a Ilíada e a Odisseia. A tradição posterior coloca Ulisses como fundador de
Lisboa. Pessoa identifica aqui na mensagem a raiz do mito que conhece depois a realidade, ou
seja, um mito que apesar de ser nada é tudo.

Viriato – Acredita-se que Viriato tenha nascido antes de 146 a. C. De pastor passou a líder dos
Lusitanos, deu guerra aos Romanos, sempre mostrando bravura no campo de batalha e muita
astucia na estratégia militar. Foi morto pelos seus próprios colegas a mando dos Romanos.

Conde D. Henrique – (Pai de D. Afonso Henriques) Cavaleiro proveniente de Borgonha, que ao


serviço do rei D. Afonso VI de Leão e Castela combateu contra os Mouros. Como retribuição
dos seus bons serviços. D. Afonos VI, deu-lhe a sua filha D. Teresa, em casamento e o governo
do Condado Portucalense.

É um instrumento inconsciente da vontade divina – sem saber estava a preparar o nascimento


de uma nova nação. ‘Todo o começo é involuntário.’

Inconscientemente tem o poder, mas não sabe o que fazer com ele. – ‘Que farei eu com esta
espada?’

Homem tem um ato involuntário e é Deus quem decide.

O conde D. Henrique ergueu a espada e a ação seguinte foi vontade de Deus. ‘Fez-se’.

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D. Tareja – Conhecida por D. Teresa de Leão. Infanta do reino de Leão e condessa do Condado
Portucalense, governando-o como rainha. Mãe de D. Afonso Henriques e esposa do Conde D.
Henrique. Remete-nos para o Início e eventual fim de uma nação, ou seja, início com o
nascimento de D. Afonso Henriques e por tudo que o seu pai conseguiu conquistar e fim
devido à relação entre D. Teresa e o rei de Castela.

Este poema transmite-nos um pedido de salvação evocando ambos os reis, (Conde D. Henrique
e D. Afonso Henriques).

D. Afonso Henriques - O sujeito poético dirige-se ao rei D. Afonso Henriques, "Pai" (da
nacionalidade) - apóstrofe - dizendo-lhe que foi cavaleiro, que lutou pela nacionalidade
portuguesa e que "hoje a vigília é nossa", é a nossa vez de prosseguirmos a luta para um
destino maior, por isso, o sujeito lírico pede ao rei que nos dê a sua "inteira força", o seu
"exemplo inteiro".

D. Afonso Henriques é equiparado a Deus, tendo como missão combater os infiéis.

Atente-se no vocabulário de dimensão sagrada: “vigília”, “infiéis”, “bênção”. Fernando Pessoa


confiava que o destino de Portugal ia ser esplendoroso e ao dizer no poema "hora errada"
teme que a caminhada de Portugal para o seu destino sofra retrocessos.

Os "novos infiéis" são as pessoas que, na opinião de Fernando Pessoa, criavam obstáculos, ou
poderiam vir a criá-los, ao destino glorioso que ele sonhava para Portugal.

D. Dinis – ‘Rei Lavrador’ ou ‘Rei Poeta’, foi o sexto rei de Portugal ficou principalmente
conhecido por fundar a Universidade de Coimbra, (pois era um grande amante das artes e das
letras, sendo também um trovador, ou seja, escreveu várias Cantigas de amigo) e mandar
plantar o Pinhal de Leiria.

Pessoa considera-o um rei visionário, pela plantação do Pinhal de Leiria, pois aproxima os
elementos terra e mar, ou seja, a plantação do pinhal traz muita madeira para a construção das
naus.

D. João o Primeiro – (Pai do Infante D. Henrique) D. João ficou lembrado como o ‘O de Boa
Memória’, foi aclamado rei de Portugal em 1383, D. João era o ‘Mestre de Avis’. Em 1383, com
28 anos, matou o Conde Andeiro (rei de Castela Juan Fernández), pondo fim a uma conspiração
na corte que pretendia entregar o trono português a Espanha. Com o seu desejo de
independência em 14 de agosto de 1385, as tropas comandadas por Nuno Álvares Pereira
derrotam os espanhóis. Um grande homem e guerreiro que fez de tudo para salvar o país.

A antítese ‘eterna chama’/’sombra eterna’, pretende dar a ideia de que D. João I nunca será
esquecido e estará sempre vivo na memória de todos os portugueses (‘eterna chama’). No
entanto, ele fisicamente já não está entre nós, está morto (‘sombra eterna’).

D. Filipa de Lencastre – (Mãe do Infante D. Henrique, mulher de D. João o Primeira) Conhecida


como ‘Humano Ventre do Império’ pois, deu à luz os heróis que vieram a contruir o império
cristão. Foi mãe de oito filhos, nos quais todos tiveram a sua marca na história de Portugal,
sendo que o mais glorificado foi Infante D. Henrique. É também conhecida como a ‘Madrinha
de Portugal’ por, segundo a lenda popular, continuar a proteger Portugal, mesmo depois de
morta.

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Personagens pertencentes a As Quinas

- São cinco tais como as chagas de cristo;

- São cinco, porque Pessoa fala de mártires e tinham de ser cinco, por ser esta uma obra
repleta de simbolismo de origem cristã;

- Os mártires sofrem e quem mais sofreu foi Jesus Cristo, ele é o símbolo máximo do
sofrimento e as chagas a representação vivida e horrenda da sua dor e determinação.

D. Duarte, Rei de Portugal – Continuou a política exploração marítima e de conquistas em


África. Interessou-se pela cultura e escreveu várias obras.

"A regra de ser Rei almou meu ser"- A disciplina de ser rei encheu a minha vida (isto é, como D.
Duarte viveu o fim do seu curto reinado no remorso das consequências da falhada expedição a
Tânger e da prisão do irmão Fernando não tinha prazer na vida, dedicando-se inteiramente ao
dever da governação). Esse remorso é a razão da frase do poema: "firme em minha tristeza".

D. Fernando, Infante de Portugal – (Oitavo filho de D. João I e D. Filipa de Lencastre) Foi


nomeado segundo administrador da Ordem de Avis pelo seu pai, prestou alguns serviços ao
Papa e ao Imperador, mas mais tarde os seus irmãos convenceram-no a deixar a vida religiosa
para participar nas expansões. Parte então para Tânger, com o objetivo de conquistar o Norte
de África, mas a sua missão acaba por ser um fracasso e D. Fernando acaba por ficar na posse
dos Mouros, como garantia de que a cidade de Ceuta fosse devolvida às suas origens. Esteve
em cativeiro na cidade de Fez durante 6 anos e quando regressa a Lisboa, acaba por morrer
devido a uma epidemia. Por amor à ‘Pátria’ D. Fernando é aclamado ‘Infante Santo’.

D. Pedro, Regente de Portugal - O poeta começa por descrever D. Pedro como um homem
honesto, harmonioso e extremamente inteligente que sabia o que queria e como atingir os
seus objetivos. D. Pedro dava mais importância aos valores morais, à honra, à dignidade, ao
compromisso e à justiça do que aos bens materiais.

O poeta afirma que o destino não podia proteger D. Pedro, uma vez que este nunca tinha sido
rei, embora o poeta o elogiasse como tal.

O poeta valoriza o pensamento, o sentimento e a vontade. D. Pedro é um homem que valoriza


os seus compromissos, fiel às suas ideias. Só assim construiremos um Quinto Império. (O
império espiritual)

D. Sebastião, Rei de Portugal – O rei que morreu na terra, mas nasceu para o mito com a
promessa de volta para conduzir a Nação à glória, O Quinto Império.

A palavra ‘intervalo’ referida por Pessoa neste poema, tem como objetivo apresentar a morte
como algo transitivo, ‘Para o intervalo que esteja a alma’. Por isso não é um estado permanente
(a morte), mas sim de transição, uma passagem da vida que conhecemos, para outra vida
futura.

Personagem da Coroa
A Coroa simboliza

- Feitos históricos e corajosos;

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- Poder intemporal do herói.

D. Nuno Álvares Pereira – Fernando Pessoa iguala D. Nuno a um santo, um guerreiro. É a luz no
meio da escuridão.

2ª Parte – “Mar Português” (Posse do mar – Descobrimentos)


 Apogeu da ação portuguesa dos Descobrimentos
 Poemas inspirados na ânsia do desconhecido e no heroísmo da luta com o mar e seu
desvendamento

Poemas da 2ª Parte

O Infante Epitáfio de Bartolomeu Dias Ascensão de Vasco da Gama


Horizonte Os Colombos Mar Português
Padrão Ocidente A Última Nau
O Mostrengo Fernão de Magalhães Prece

3ª Parte “O Encoberto” (Paz nas alturas – O Quinto Império)


 Morte das energias de Portugal
 Poemas de afirmação do sebastianismo
 Apelo ao sonho e ânsia messiânica da construção do Quinto Império

Poemas da 3ª Parte

D. Sebastião O Quinto Império


Os Símbolos As Ilhas Afortunadas O Desejado
O Encoberto
Os Avisos O Bandarra António Vieira
“Escrevo meu livro à beira-mágoa”
Noite Calma
Os Tempos Tormenta Antemanhã
Nevoeiro

CONTOS

1. “Sempre uma companhia”


Personagens do conto

 Protagonista, António Barrasquinho, o Batola - É caracterizado como um indivíduo


invulgar, com estatura mediana e de “pernas arqueadas", possui uma cara redonda, e
utiliza sempre um “chapeirão" e um lenço vermelho ao pescoço. É preguiçoso, passivo
e conformado com a sua situação, é constantemente agressivo com a sua mulher. É

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também caracterizado como fraco, pois bebe demais devido à sua grande frustração.
Contudo, com a compra da telefonia, este ganha ânimo, vitalidade e gosto pela vida.
 Mulher do Batola (não se sabe o nome, porque importa mais o seu papel na obra do
que a sua identidade) – É apresentada como contraste com o retrato do marido, isto é,
em oposição ao Batola, ela era serena, dinâmica, muito trabalhadora, organizada,
sensata. Esta personagem domina em casa e na loja. Fisicamente, é uma mulher alta,
com rosto “ossudo" e olhos negros.
 Relação entre Batola e a mulher - possuem uma relação matrimonial que é marcada
por um grande vazio e pela frieza entre ambos, vivem sempre em tensão, ira e revolta,
o que origina a violência (agressões de Batola à mulher). No final, o relacionamento é
modificado com a introdução da telefonia.
 O Velho Rata – é o companheiro de Batola. Aparece como mendigo e viajante, o que o
autor utiliza como contraste para a imobilidade de Batola, percorre o Alentejo e traz
sempre notícias de fora para a aldeia. Esta personagem recebe um final trágico, pois
suicida-se a partir do momento que já não pode viajar.
 Ceifeiros e os restantes habitantes (personagem coletiva) – As suas condições de vida
são difíceis e não têm esperança para uma vida melhor, pois sentem-se incapazes de
escapar a uma vida monótona e pobre. Os ceifeiros trabalham constantemente,
enquanto os aldeões tornam-se mais humanos com a chegada da telefonia.
 O vendedor de telefonia – Personagem elegante, afável, cativante, convincente e
calculista.

Espaço físico

É a planície alentejana que rodeia a aldeia da Alcaria e acaba por ser propício ao espaço
psicológico, pois é a partir do espaço desértico que as personagens pensam e se transportam
psicologicamente para outros lugares.

Espaço sociopolítico

Espaço sociopolítico é o de uma aldeia cuja sociedade, feita de ceifeiros, não convivia, não
dialogava, nem se divertia por estar geograficamente muito distante de grandes cidades e
mergulhada num quotidiano maquinalmente dividido entre campos e casa. A telefonia
aproxima metaforicamente os camponeses do resto do mundo, numa época histórica marcada
pela ditadura do Estado Novo.

Resumo do conto

Este conto relata a solidão da velhice nos povos do interior, como sendo o caso de Batola, o
chapeirão redondo, pobre, sozinho e sempre a beber vinho, e da sua mulher, uma senhora
bastante diferente dele, alta e robusta, que abre a venda de manhã e atende todos os
fregueses. Batola era um homem baixo, carrancudo, que passa os seus dias sentado no banco
em frente à venda, onde só apareciam ceifeiros, já cansados e exaustos da faina, que recolhem
para as suas casas. Era uma rotina, uma solidão imensa.

No meio da sua monotonia desolada, Batola recorda o seu amigo, o velho Rata, a sua única
companhia, um mendigo que se suicidara.

Numa tarde, ouviu-se um motor, coisa que não se ouvia há muito tempo na aldeia. Era um
carro, com dois homens, um de fato de ganga e outro muito bem vestido. Era um vendedor e o
seu motorista, que pararam em frente à venda de Batola para pedir uma bilha de água.

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Puseram-se à conversa e é então que, o vendedor pede a Calcinhas, o motorista, para tirar a
“caixa” do modelo pequeno. Um rádio. Este diz-lhe que quando quisesse, podia ouvir música
toda a noite e todo o dia, canções, fados e guitarradas, e até noticias da guerra.

Batola, surpreendido e apaixonado pelo aparelho, pondera comprá-lo, mas a sua mulher diz-
lhe que se o fizer, ela sai de casa. É uma escolha que ele tem de fazer. O vendedor, apressado,
sugeriu-lhes que, se ao prazo de 1 mês não o quisessem, poderiam devolvê-lo a preço zero. A
mulher concordou, e a partir daquele dia, todos se reuniam para ouvir as canções, comentar as
notícias de última hora, e assim por diante.

O velho Batola, antes sozinho e vivendo uma vida em que as horas passavam devagar,
renasceu. Acordava cedo para vender coisas aos fregueses e fazia notar a sua vivacidade, a sua
vontade de saber mais. Nunca algo deste género tinha acontecido na aldeia. Por contradição, a
sua mulher, refugiou-se em casa, e ninguém soube dela durante o mês inteiro. O tempo passou
tao rápido, que o final do mês chegara e Batola tivera se esquecido de tentar convencer a
mulher.

O conto termina com Batola, a guardar o aparelho e a sua mulher, ternuramente, a dizer-lhe
“Olha… Se tu quisesses, a gente ficava com o aparelho. Sempre é uma companhia neste
deserto.”

Conclusão:

Este conto ajuda-nos a ter um pequeno vislumbre de como era viver a informação (e algum
entretenimento) antes do advento da televisão. E de como a solidão, pessoal ou de uma
comunidade, podia ser de certo modo confortada por um simples aparelho.

2. “Famílias desavinda”
Esta é a história de duas famílias, “famílias desavindas”: uma galega, de membros semaforeiros
(semáforos movidos a pedal), e a outra de médicos oriundos de Coimbra, vivendo as duas
famílias no Porto.

A história desta família de semaforeiros tem início com o galego Ramon (Primeira Grande
Guerra), tendo sido substituído pelo filho Ximenez (Segunda Grande Guerra), que por sua vez
veio ser substituído pelo seu filho Asdrúbal (pouco depois da Revolução de Abril, em 1974).

O encontro entre as duas famílias de semaforeiros e médicos teve lugar logo na primeira
geração, quando o Dr. João Bekett pôs em causa o trabalho de Ramon. Depois disto, Ramon
começou a dificultar a passagem ao doutor.

Deste episódio entre Ramon e o Dr. Bekett nasce uma rivalidade entre os respetivos
descendentes:

 João Beket (filho) / Ximenez (filho): “Herdou o ódio ao semáforo e passava grande
parte do tempo à janela, a encandear Ximenez com um espelho colorido”
 Jovem Paulo (neto) / Asdrúbal (neto) “O médico passava e rosnava “Sus, galego”. E
Asdrúbal, sem parar de dar ao pedal: “Xó, magarefe!”
 Paulo (neto) / Paco (bisneto): “Arrenego de ti, galego!” Isto foi assim com Asdrúbal e,
mais recentemente, com Paco. Quando aconteceu o acidente: Ao proceder a um

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roubo por esticão um jovem que vinha de moto teve uns instantes de desequilíbrio,
raspou por Paco e deixou-o estendido no asfalto.

A partir do acidente: Paulo ajuda Paco e, enquanto este não regressa do hospital, substitui-o no
semáforo: “Enganar-se-ia quem dissesse que o semáforo ficou abandonado. Uma figura de
bata branca está todos os dias naquela rua, pedalando, até à exaustão. É o Dr. Paulo cheio de
remorsos, que quer penitenciar-se, ser útil, enquanto Paco não regressa.

A importância da peripécia final

O incidente final é o desencadeador da alteração desta eterna, desavença entre as duas


famílias. Assim, depois de ter sido deixado ferido no chão, por um assaltante, Paco é levado
para o hospital e substituído pelo agora amigo, dr. Paulo. Se um incidente inicial deu origem a
uma inimizade de várias gerações entre semaforeiros galegos e médicos portugueses, assim
também outro incidente final originou a reconciliação e amizade entre estas duas famílias não
mais “desavindas”.

Dimensão irónica do conto

 “Um autarca do Porto” subornado com vinho de Bordéus para trazer um projeto
ridículo à cidade (já recusado por Paris e Lisboa).
 O concurso cómico que procurava “concorrentes que soubessem andar de bicicleta”,
acabando por contratar “um galego chamado Ramno, que era familiar do proprietário
dum bom restaurante e nunca tinha pedalado na vida.” (favoritismo e compadrio).
 Os médicos ignorantes (mas com uma fama vinda de gerações anteriores), arrogantes e
malicioso. O pai Bekett andava pelas ruas, tentando chamar clientes, inventando-lhes
supostas doenças; o filho, Dr. João, que orientava sempre os doentes para um colega
porque sabia que o sei diagnóstico era errado; o neto, Dr. Paulo, que desenrolava
teorias decoradas e memorizadas, mas nada sabia de prática médica.
 A heranças de desencontros e incidentes do passado, que leva a inimizades e a ódios
ilógicos, situação que afeta não só estas famílias, mas sociedades e nações à escala
global.

3. “George”
Resumo do conto

 Esta história desenrola-se em torno de uma mensagem de uma mesma personagem


feminina, George, desdobrada na menina, mulher e velha, o que representa as 3
idades da sua vida
 George saiu de casa com cerca de 18 anos, rumo a Amesterdão, à procura da sua
liberdade e fugindo da sua realidade e da incompreensão dos pais. O seu talento de
desenhar.
 Agora tem 45 anos e tornou-se ma mulher de sucesso, reconhecida pintora, viajada,
mulher de muitos amores (“casou-se, divorciou-se partiu, chegou, voltou a partir e a
chegar”), cabelos sempre pintados de cor diferente (metamorfose) “malas ricas”,
“dinheiro no banco” e a sua casa holandesa.

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 É com o regresso à sua terra natal, depois de 20 anos de ausência, que surge a
convivência imaginaria entre a George adulta, a Gi adolescente e a Georgina “velha”
 George:

Gi – reencontro à saída da estação, quando George vem para vender a casa da família
(falecidos já os seus pais) – diálogo imaginado que mostra ao leitor a menina de outrora,
indecisa entre ficar na terra e sair de casa; referencia a um namorado antigo (Carlos) e ao
enxoval que a mãe lhe andava a fazer para ser uma mulher igual a tantas outras, votada à lida
da casa. Gi termina esse diálogo e “sorri o seu lindo sorriso branco de 18 anos. Depois ambas
dão um beijo rápido, breve, no ar não se tocam, nem tal seria possível, começam a mover-se
ao mesmo tempo, devagar (…) Vão ficando longe, mais longe. E nenhuma delas olha para trás “.
Este diálogo maginado, repleto de memorias, esta sempre rodeado de um “ar queimado”, que
George continuamente sente.

 Regressada ao comboio para voltar para Amesterdão, George relembra memorias e


afasta-se desse passado, à medida que o veículo se afasta fisicamente da estação
 No comboio, fecha os olhos e pensa, quando os abre, vê sentada à sua frente “uma
mulher velha”, Georgina, 70 anos e segura de que a vida passa rapidamente,
aconselhando George a não ser dramática, pois viverá feliz na sua casa até morrer.
Claro que Georgina é outra das figuras desdobradas de George, ela mesma, mas na
terceira idade, esta confirma o retrato dela mesma enquanto “rapariguinha”,
conservado na mala a vida inteira.
 Georgina fecha os olhos novamente e, quando os reabre, a “mulher velha” desaparece.
O seu último pensamento? Confiada na pertença do ainda tempo do presente,
“Georgina suspira, tranquilizada. Amanha estará em Amesterdão na bela casa
mobilizada, durante quanto tempo? vai morar com o último dos
seus amores.”

As 3 idades da vida:

 Infância – adolescência- juventude

Gi: a obediência aos pais, o conflito de gerações – pais incultos e ligados à terra natal Versus
filha ambiciosa que quer uma vida melhor e liberdade, por isso emigra, deixando tudo para
trás.

 Idade adulta

George: o tempo atual, da realização pessoal, profissional e amorosa (George conseguiu ter
sucesso como pintora, o que lhe deu bons rendimentos e liberdade para ir vivendo os seus
amores).

 Velhice

Georgina: o que considera “um crime” – “o único sem perdão”, pois o espelho será implacável
e dir-lhe-á a verdade: está fisicamente enrugada, decrépita e vive até à morte na sua “casa
mobilada”

O diálogo entre realidade, memoria e imaginação

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 Realidade – George com 45 anos a fazer a viagem de comboio até a sua terra natal em
Portugal; George no regresso a Amesterdão
 Memória – lembranças do passado, da sua antiga vida, da família (através do
reencontro e diálogo imaginários com Gi), outras lembranças que vão desaparecendo,
à medida que o comboio se afasta da estação onde entrou. Lembranças do futuro,
prevendo-se velha (Georgina) e refletindo sobre o que terá acontecido dos 45 até aos
70 anos.
 Imaginação – apesar de fisicamente não conversar com Gi nem com Georgina, da sua
imaginação resulta a verdade de uma realidade – a vida nas suas 3 grandes idades,
juventude, idade adulta e velhice. É a partir desta elação Imaginação e Realidade que
Maria Judite de Carvalho consegue caracterizar cada uma dessas fases da vida,
totalmente reais e irreversíveis

Metamorfoses da figura feminina

As transformações físicas de George, que refletem diferentes estados psicológicos e


existenciais, acompanham as várias fases e facetas da sua vida adulta: “Mais tarde partiu por
alem terra, por alem mar. fez loiros os cabelos, de todos os loiros, um dia ruivos por cansaço de
si, mais tarde castanhos, loiros de novo, esverdeados, nunca escuros, quase pretos, como
dantes eram. Teve muitos amores, grandes e não tanto, definitivos e passageiros, simples
amores, casou-se, divorciou-se partiu, chegou, voltou a partir e a chegar, quantas vezes?”

A complexidade da natureza humana

 Tudo começa com uma crescente insatisfação com a vida pacata, vivida numa família
com poucos recursos e ausência de cultura/de conhecimento do muno. Daí surge a
sensação de incompreensão e a luta pela autonomia e pela liberdade.
 O escape/ a evasão pelo desenho, durante a juventude com os pais, como único meio
de libertação.
 Durante a idade adulta, George tenta livrar-se de tudo o que a prenda a algum lugar, o
que se nota no facto de gostar de vender os seus livros, estando sempre pronto a sair
para qualquer outro muno, sem amarras.
 Nesta faze, a complexidade manifesta-se também pelo constante mudar de sítio, de
aspeto físico, de namorados, pelo casamento, divórcio e recomeço de outras (e novas)
formas de viver.
 Na velhice, esta complexidade fica demonstrada, pelo inevitável reconhecimento da
decrepitude física (o espelho não engana), da vida agora sem grandes objetivos e do
regresso a uma “casa mobilada” (símbolo de estabilidade), esperando,
resignadamente, a morte.

POETAS CONTEMPORÂNEOS

TÓPICOS DE ANÁLISE NOS POEMAS


 A sociedade do início do século XX
Representações  Estrutura formal: irregularidade estrófica e métrica, linguagem ao
do serviço das sensações, polissemia, trocadilhos, experiências
contemporâneo linguísticas surrealistas.

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 Futurismo e contemporaneidade
Tradição  Abordagem de temas: o amor, a nostalgia da infância, a natureza, a
literária complexidade da natureza humana
 O poeta fragmentado/despersonalizado
 O sofredor
Figurações do  A consciência/inconsciência, a razão/o pensamento
poeta  Existencialismo
 Niilismo
 A dureza inerente ao ato de escrever
Arte poética  O poema como parte do próprio corpo humano
 O poema como espelho da Natureza, das sensações

CONCEITOS IMPORTANTES PARA O ENTENDIMENTO DA ESCRITA CONTEMPORÂNEA


 Os filósofos existencialistas defendem a centralidade do ser humano,
único capaz de dar sentido à sua vida, sem a existência de Deus. O
Existencialismo centro é, portanto, o indivíduo e a sua interpretação da própria
existência, em luta pela liberdade e pela individualidade.
 O niilismo reflete-se nas ciências e nas artes em geral, e a sua ideia
principal assenta no ceticismo radical em relação a interpretações da
Niilismo realidade
 Num sentido positivo, este questionamento de tudo posiciona a
procura da verdade a partir do zero. Num sentido negativo, destrói
toda a espécie de verdade.

Alguns poetas contemporâneos:

 Miguel Torga

Temas abordados por Miguel Torga dentro do contemporâneo:

- Representação do contemporâneo: comprometimento com o seu tempo

- Tradição literária: temas ligados à condição humana, como por exemplo, homem/mundo,
homem/criação poética, homem/Deus

- Figurações do poeta: inquietação, agonia e rebeldia do “eu” face ao seu tempo

- Arte poética: processo de criação como algo rigoroso e que implica sofrimento

 Eugénio de Andrade

Temas abordados por Eugénio de Andrade dentro do contemporâneo:

- Representação do contemporâneo: presença da natureza e dos 4 elementos primordiais

- Tradição literária: influência de correntes tradicionais de poetas tradicionais (Camões)

- Figurações do poeta: a temática amorosa, quer na vertente maternal quer na vertente sexual

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- Arte poética: criação poética enquanto processo demorado angustiante e artesanal

 Ana Luísa Amaral

Temas abordados por Ana Luísa Amaral dentro do contemporâneo:

- Representação do contemporâneo: presença de espaços do quotidiano

- Tradição literária: temas ligados ao quotidiano e à questão do género e do amor

- Figurações do poeta: ambiguidade do “eu” poético VS autor

- Arte poética: quotidiano enquanto motor de matéria poética

MEMORIAL DO CONVENTO – JOSÉ SARAMAGO

Na obra:

Narrador em Memorial do Convento:

O narrador é maioritariamente heterodiegético, quanto à presença, e omnisciente quanto à


ciência/focalização. No que respeita à sua posição, não raro profere juízos de valor, opiniões,
comentários, divagações pelo que, é subjetivo. Há, no entanto, momentos em que o narrador
empresta a sua «voz» a diversas personagens, adotando deste modo o seu ponto de vista.

Tempo histórico do romance

ASPETOS HISTÓRICOS EVIDENCIAS EM MEMORIAL DO CONVENTO


Megalomania do monarca traduzida em:
Dissipação do ouro do Brasil por - Vida faustosa na corte
parte de D. João V - Construção do convento de Mafra em função de
caprichos pessoais
- A fome, as doenças e o medo em Lisboa e Mafra
Miséria do povo - A exploração e o abandono do povo, de que Baltasar é o
paradigma, enquanto vítima da guerra
Falta de visão e gestão Lisboa como entreposto comercial do ouro e das pedras
empreendedora preciosas do Brasil e das especiarias do oriente, não
retirando os justos dividendos
Importação de modas, artistas e Contratação de Domenico Scarlatti como professor
materiais estrangeiros particular de música para a infanta
Fuga de intelectuais e cientistas - Os estudos científicos do Padre Bartolomeu na Holanda
para a Europa -Fuga do Padre Bartolomeu para Espanha por causa da
Inquisição
Interesse pelas inovações - O apresso do rei pela música e pelos livros
culturais e científicas oriundas - A proteção mecenática do projeto de construção da
da Europa Passarola
Permanência de práticas - Os autos de fé, as procissões e rituais religiosos
retrógradas e medievalizantes - A escravização dos operários de Mafra
- As perseguições da Inquisição

Linguagem e estilo

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1. Intertextualidade

Principais referências:

 Mensagem de Fernando Pessoa


 Os Lusíadas de Luís de Camões
 Ditos populares

O narrador evidencia, igualmente, o seu conhecimento de história da tradição e do imaginário


popular e recorre ao património de tradição oral, nomeadamente provérbios e ditos populares.

2. Pontuação e recursos expressivos

As principais características evidenciadas são:

 É abolido o uso de travessão no discurso direto e dos dois pontos, sendo substituídos
pelas virgulas e pontos finais
 Uso dos recursos: anáforas, antíteses, comparações, enumerações, ironia, metáforas e
trocadilhos
 Criação de neologismos

Espaços na obra

Espaço físico: Lisboa e Mafra

Espaço social:

 Procissão da Quaresma – esta meticulosamente organizada que percorre a cidade de


Lisboa, despertando no povo primitivos instintos (alteração da mentalidade feminina e
masculina). Com o fim da Quaresma, restabelece-se a ordem, ou seja, as mulheres
regressam aos trabalhos domésticos e à submissão, enquanto os homens reassumem a
sua autoridade.
 Auto de fé – considerado como “dia de alegria geral”, pois a multidão sai à rua
entusiasmada, exultando com a proximidade da morte dos condenados. Trata-se de
uma cerimónia ritualizada, em que os vários intervenientes sabem exatamente como
atuar
 A tourada – acontecimento de lazer que encanta tanto os poderosos como os
desfavorecidos
 Procissão do corpo de Deus – critica do narrador à vivencia excessiva desta cerimónia
religiosa
 Recrutamento dos trabalhadores para a construção do convento – ilustra as condições
precárias e desumanas em que os trabalhadores estão sujeitos
 Inicio da construção do convento – representa a escravatura dos operários
 Condições laborais – a elevação dos homens a heróis (por exemplo, na epopeia da
pedra)
 Momentos de lazer – contraste entre a escassez de distrações em Mafra e a
abundância das mesmas em Lisboa
 A sagração da Basílica – visualização do ambiente excessivo que envolveu a sagração da
basílica (ostentação de luxo extremo)

Tempo da história

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AÇÃO ANO ACONTECIMENTO


Antes da ação 1708 Casamento de D. João V com D. Maria Ana Josefa (princesa da Áustria)
Inicio da ação 1711 Promessa de construção do convento de Mafra.
Auto de fé em Lisboa.
União de Baltasar e de Blimunda.
Nascimento da infanta D. Maria Barbara (primeira filha de D. João V e de
D. Maria Ana)
1717 Bênção das primeiras pedras do convento de Mafra.
1719 Procissão do Corpo de Deus em Lisboa.
1720 Construção da passarola.
1728 Decisão de ampliar o convento e marcação do dia da sagração (no 41º
Desenvolvimento aniversário de D. João V)
da 1730 41º aniversário de D. João V.
ação Sagração da Basílica de Mafra.
Desaparecimento de Baltasar e início da viagem de Blimunda à sua
procura.
Fim da ação 1739 Auto de fé em Lisboa e respetivo reencontro de Baltasar e Blimunda.

Simbologia

Elementos

Número 3 Simboliza a perfeição e o ciclo da vida. Associa-se à “trindade terrestre”.


Representa a plenitude, a universalidade, a totalidade e a transcendência. Surge
Número 4 associado aos 4 elementos, às 4 estações do ano, aos 4 pontos cardeais, às 4 fases
da lua. o músico Scarlatti é o quarto elemento que se associa aos 3 já existentes para
a verdadeira ascensão seja possível.
Número 7 Simboliza a totalidade e um ciclo perfeito
Número 9 Simboliza a conclusão de um ciclo (associado à gestação) e o renascimento.
Exemplo de realização plena do trabalhador em relação ao objeto do trabalho, de
harmonia entre a coisa sonhada e o sonho realizado. Concebida pelo Padre
Bartolomeu, que a ela emprestou a sua ciência, e executada por Baltasar e
Blimunda, que a ela oferecem os seus dons do artesanato e da magia. Pronta,
Passarola bastaria que se elevasse aos ares e, para isso, contribuiu ainda a leveza dos sons
musicais de Domenico Scarlatti, que a ela oferece a sua arte. A ciência, o artesanato,
a magia e a arte contribuem juntos para a obra, cada um na sua medida e no seu
tom, mas todos em consonância, unidos pelo mesmo objetivo, pelo mesmo sonho.
Música Remete para a união entre o humano e o transcendente.
Simboliza o sonho, as potencialidades criadoras e a liberdade. Enquanto elemento
Vontades essencial para fazer voar a passarola (associando-se revelando-se indissociáveis das
restantes matérias), simboliza a força do desejo e do sonho humano.
Remete para a intenção do narrador de sublinhar a importância dos sonhos para
Sonho exorcizar os medos, as ansiedades e de evidenciar os desejos das personagens na
construção do percurso de vida.

Personagens

A unir Baltasar e Blimunda encontra-se o número 7 que simboliza a plenitude dos


tempos. Esta plenitude realiza-se ainda mais por estar também estar associada à Lua

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Baltasar e (Sete-Luas), que é símbolo da fecundidade e da sensibilidade, e ao Sol (Sete-Sóis),


Blimunda que é símbolo do calor, da vida e da autoridade. Assim os dois complementam-se
como um ciclo perfeito e transformam-se num só, como o confirma o facto de, no
final da narrativa, Blimunda encontrar Baltasar pela sétima vez que passara por
Lisboa.
Padre Representa a subversão à ordem instituída, o valor do conhecimento, o desejo de
Bartolome ultrapassar limites e o poder do sonho. Associa o ato de sonhar à força da vontade
u de humana, que supera todas as outras energias ou matérias.
Gusmão
Representa a sensibilidade criadora, o poder da redenção através da música, a
Domenico capacidade de harmonizar o ser inteligível e o ser sensível. A música desempenha
Scarlatti um papel mediador entre o homem e o divino, é a arte de atingir a perfeição. Por
isso, a música surge no romance para que se torna possível a ascensão do sonho.

Personagens

1. Personagens históricas:

 Infanta D. Maria Bárbara – filha primogénita do casal real (D. Maria Ana Josefa e D.
João V). Tem «cara de lua cheia» é bexigosa e feia, mas «boa rapariga, musical a
quanto pode chegar uma princesa». Casa aos 17 anos com o infante D. Fernando de
Espanha, pelo que não chega a ver sequer o convento erigido em honra do seu
nascimento...
 Infante D. Francisco – irmão de D. João V. É um homem sem escrúpulos que cobiça o
trono e a esposa do rei, bem como se entretém a provar a sua boa pontaria de
espingarda nos marinheiros que estão nos barcos ancorados no Tejo...
 João Frederico Ludovice – arquiteto alemão, contratado para construir o convento de
Mafra que «sabe que uma vida, para ser bem-sucedida, haverá de ser conciliadora,
sobretudo por quem viva entre os degraus do altar e os degraus do trono»
 Padre Bartolomeu Lourenço de Gusmão – imbuído de um espírito aberto e
despreconceituoso, movimenta-se na corte e na academia de Coimbra. Acalenta o
sonho de um dia voar, daí o seu projeto da «passarola», apoiado por el-rei D. João V de
quem é amigo. Mantém, do mesmo modo, laços de profunda amizade com Baltasar e
Blimunda, que o ajudam na construção da «máquina voadora», e com quem, segundo
as suas palavras, forma «uma trindade terrestre, o pai, o filho e o espírito Santo» que
corporiza o sonho e o empenho tornados realidade, a par da desgraça, também la
partilhada (loucura e morte, em Toledo, de Bartolomeu de Gusmão, morte de Baltasar
no auto de fé e solidão de Blimunda).

Representa as novas ideias que causavam estranheza na inculta sociedade. Estrangeirado,


torna-se alvo apetecido da chacota da corte e da inquisição, apesar da proteção real.

- É de realçar que na caracterização das personagens pertencentes a este grupo (históricas), há


quase sempre, um tom depreciativo e, não raro, irónico que marca o distanciamento temporal
e, sobretudo, afetivo do narrador.

- Pelo contrário, a caracterização das personagens ficcionais, a quem o narrador confere maior
relevo, reveste-se de um tom francamente positivo e valorativo, tanto mais que pertencem na
sua maioria a um grupo social desfavorecido e, muitas vezes, explorado pela classe do poder.

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- Os dois tipos de personagens, as históricas e as ficcionais – cuja caracterização é


predominantemente indireta e psicológica – convivem em simultâneo, sendo a intenção do
narrador, ao apresentar duas vivências antagónicas, desmascarar injustiças sociais quase
sempre negligenciadas pela história ao longo do tempo.

2. Personagens ficcionais:

 Blimunda Sete Luas – quando inicia o romance tem 19 anos. É um elemento mágico,
de grade espiritualidade que consegue ver por dentro das coisas e das pessoas,
permitindo-lhe compreender a essência e as verdades mais profundas do mundo. As
suas capacidades como vidente conferem-lhe uma sabedoria muito própria, cheia de
sensualidade e amor verdadeiro que partilha com Baltasar. Está presente no auto de fé
e participa no projeto da passarola, partilhando assim o sonho de Padre Bartolomeu e
de Baltasar, esta tem a função de recolher as vontades que farão a passarola voar. A
sua relação com Baltasar é predestinada, ultrapassando as regras e os códigos
estabelecidos. Após o desaparecimento de Baltasar, Blimunda procura-o por 9 anos,
acabando por o encontrar num auto de fé, onde este morre, e ela lhe recolhe a
vontade.
 Baltasar Sete Sóis – é uma das figuras centrais do romance e aparece, no início com 26
anos, vindo da guerra de Espanha, escorraçado por já não ter a mão esquerda, não
servindo para nada. Simbolicamente representa a metáfora da mudança da evolução
do ser humano em direção da sua plena realização. Com Blimunda viveu um romance
pleno, puro, verdadeiro e cúmplice, à margem das regras e convenções sociais e
religiosas, mas ausente de qualquer mancha de pecado. Com o Padre Bartolomeu
atinge a sua plena realização enquanto ser humano, atingindo também a dimensão
espiritual e divino ao voar na passarola. Acaba por morrer queimado num auto de fé,
ao fim de 9 anos desaparecido.
 Sebastiana Maria de Jesus – mãe de Blimunda, condenada a ser açoitada em público e
ao degredo por ter «visões e revelações». Ao avistar a filha no meio da multidão que
assiste à procissão dos sentenciados pelo Santo Ofício, de quem também faz parte,
interroga-se sobre a identidade do homem ao lado da filha.
 Marta Maria – mãe de Baltasar, é quem recebe o «filho pródigo» e Blimunda em sua
casa, quando estes vão pela primeira vez juntos a Mafra.
 João Francisco – pai de Baltasar, é um homem do povo cuja substância reside na
agricultura.
 Inês Antónia – irmã de Baltasar, mãe de dois filhos, que sofre a morte do rapaz mais
novo, com pouco mais de dois anos.
 Álvaro Diogo – cunhado de Baltasar. Trabalha como pedreiro nas obras do convento,
onde virá a falecer devido a uma queda fatal de um muro de trinta metros.
 João Elvas – homem do povo e antigo soldado, com quem Baltasar trava amizade ao
chegar a Lisboa.
 Os trabalhadores do convento – personagem coletiva, cuja «força bruta» e esforço
desmedido são explorados de forma desumana.

Linhas de ação da obra

LINHAS DE AÇÃO

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A construção do convento de A construção da passarola de A história de amor de


Mafra Padre Bartolomeu Baltasar e Blimunda

AS PERSONAGENS DO AS PERSONAGENS DO AS PERSONAGENS


PODER QUERER DO FAZER
D. João V e D. Maria Ana Padre Bartolomeu de Baltasar e Blimunda (relação
(relação distante e Gusmão de amor sincero e sensual)
protocolar) + +
+ Domenico Scarlatti Povo, em particular, os
Membros do Clero trabalhadores do convento

GRUPO DO PODER GRUPO DO CONTRAPODER

Pontos principais em cada capítulo

Capítulo I
 Relação Rei/Rainha e a promessa da construção do convento em Mafra
 Apresentação de um facto histórico: propósito da construção de um convento
franciscano em Mafra;
 Narração satírica das motivações desta intenção: promessa do rei D. João V de
construir um convento, caso a esposa, D. Maria Ana Josefa, lhe desse um herdeiro;
 Sonhos de D. Maria Ana e de D. João V com o futuro descendente…

Capítulo II
 Os milagres conseguidos pelos franciscanos e o seu desejo na construção do convento
 “O célebre caso da morte de Frei Miguel da Anunciação” que conserva o corpo intacto;
 A locomoção da imagem de Santo António, numa janela, que assustou os ladrões;
 A recuperação das lâmpadas do convento de S. Francisco de Xabregas, que tinham sido
roubadas…
 A gravidez da rainha;
 O desejo dos franciscanos, desde 1624, de construção de um convento em Mafra.

Capítulo III
 A situação socioeconómica: excesso de riqueza/ extrema pobreza
 Os excessos do Entrudo e a penitência da Quaresma;
 A impostura de alguns penitentes que “têm os seus amores à janela e vão na procissão
menos por causa da salvação da alma do que por passados ou prometidos gostos do
corpo”;
 A devoção das mulheres que, com a liberdade de percorrerem as igrejas sozinhas,
aproveitam, muitas vezes, para encontros com os amantes secretos;
 A situação da rainha que, grávida, só podia sonhar com o cunhado D. Francisco;
 A sátira a “mais uns tantos maridos cucos…”.

Capítulo IV

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 Baltazar Sete-Sóis regressa da guerra maneta


 O passado “heroico” de Baltazar Mateus, o Sete- Sóis, que perde a mão esquerda nas
lutas de Olivença;
 A viagem até Lisboa por Évora, Montemor, Pegões e Aldegalega, matando um ladrão
que havia tentado assaltá-lo;
 Em Lisboa, anda pela ribeira, pelo Terreiro do Paço, pelo Rossio, por bairros e praças,
juntando-se a outros mendigos;
 Com João Elvas vai passar a noite num “telheiro abandonado” onde “falaram de crimes
acontecidos…”.

Capítulo V
 O auto de fé no Rossio e o conhecimento travado entre Baltasar, Blimunda e o padre
Bartolomeu
 A rainha D. Maria Ana, no quinto mês de gravidez, não pode assistir ao auto de fé;
 Descrição de um auto de fé e os condenados pelo Santo Ofício;
 A mãe da Blimunda, Sebastiana Maria de Jesus, acusada de ser feiticeira e cristã-nova,
“condenada a ser açoitada em público e a oito anos de degredo no reino de Angola”;
 O encontro com o padre Bartolomeu Lourenço e Baltasar Mateus, o Sete- Sóis;
 O convite de Blimunda para Baltasar permanecer em sua casa até voltar a Mafra;
 O ritual do casamento e a consumação do amor entre Baltasar e Blimunda.

Capítulo VII
 Nascimento da filha de D. João V, Maria Bárbara
 Apesar de alguma deceção do rei, por não ser um menino, mantém a promessa de
construir o convento.

Capítulo VIII
 Os poderes de Blimunda em ver dentro dos corpos
 O mistério de Blimunda que come pão de olhos fechados e possui o poder de olhar
dentro das pessoas;
 A prova do poder de Blimunda que, ainda em jejum, sai à rua com Baltasar.
 Nascimento do segundo filho de D. João V, o infante D. Pedro
 Escolha do alto da Vela em Mafra para edificar o convento

Capítulo IX
 Mudança de Baltasar e Blimunda para a abegoaria na quinta do duque de Aveiro, em S.
Sebastião da Pedreira;
 Continuação da construção da passarola voadora pelo padre Bartolomeu, por
Blimunda e Baltasar.
 O padre Bartolomeu parte para a Holanda, enquanto Sete-Sóis regressa a Mafra, a casa
dos pais, acompanhado de Blimunda
 Tourada no Terreiro do Paço com Baltasar e Blimunda na assistência, antes de partirem
para Mafra;
 Partida para Mafra de Blimunda e Baltasar.

Capítulo X

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 Ao chegar à casa da família em Mafra, Baltasar, acompanhado de Blimunda, é recebido


por sua mãe, Marta Maria; o pai, João Francisco, encontrava-se a trabalhar no campo;
 Baltasar fica a saber que o pai vendeu a el-rei uma terra que tinha na Vela para a
construção do convento;
 A única irmã de Baltasar, Inês Antónia, e o marido, Álvaro Diogo, conhecem “a nova
parenta”;
 Morte do infante D. Pedro, que vai a enterrar em S. Vicente de Fora;
 Baltasar vai visitar as obras do convento e passa a ajudar o pai no campo
 Nascimento do infante D. José, terceiro filho da rainha
 Doença do rei, enquanto o seu irmão D. Francisco tenta a cunhada, revelando à rainha
o interesse em tornar-se seu marido
 Ida de D. João V para Azeitão “cura os seus achaques”;
 Apesar da recuperação da saúde do rei, D. Maria Ana continua os sonhos com o
cunhado.

Capítulo XI
 Regresso do padre Bartolomeu, que deseja que Blimunda consiga armazenar éter
composto de “vontades”
 Bartolomeu é recebido em casa do pároco de Mafra, Francisco Gonçalves, perto da
casa de Sete-Sóis;
 Em conversa com Blimunda e Baltasar, fala-lhes da descoberta na Holanda, de que o
éter se encontrava na “vontade” de cada um;
 O padre pede a Blimunda que olhe dentro das pessoas e encontre essa “vontade”, que
é como uma nuvem fechada.

Capítulo XII
 Em Mafra, Blimunda comunga em jejum, pela primeira vez; e vê na hóstia “uma nuvem
fechada”;
 O padre Bartolomeu pede, por carta, a Baltasar e Blimunda que regressem a Lisboa;
 Uma tempestade, comparável ao “sopro do Adamastor”, destruiu a igreja de madeira,
construída especialmente para a cerimónia da inauguração dos alicerces, mas foi
reerguida em dois dias, o que passou a ser visto como um milagre;
 Inauguração da primeira pedra do convento, a 17 de novembro de 1717
 17 De novembro de 1717: procissão e bênção da primeira pedra;
 Regresso de Baltasar e Blimunda a Lisboa, onde começam a trabalhar na passarola
 Reflexão do narrador sobre o amor “das almas, dos corpos e das vontades”.

Capítulo XIII
 Baltasar e Blimunda constroem a forja;
 O padre Bartolomeu diz a Blimunda que são necessárias pelo menos duas mil
“vontades”;
 8 De junho de 1719: a procissão do Corpo de Deus;
 Enumeração dos participantes e discrição com comentários irónicos;
 Monólogos cheios de sarcasmo do patriarca e de el-rei.

Capítulo XIV

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 O padre Bartolomeu regressa de Coimbra, “doutor em cânones”;


 O músico Sacarlatti, napolitano de 35 anos, que ensina a infanta D. Mari Bárbara, toma
conhecimento do projeto da passarola
 Diálogo entre Bartolomeu e Scarlatti sobre o poder extraordinário da música e a
essência da verdade;
 O padre revela o seu segredo ao músico e apresenta-lhe a “trindade terrestre”: ele,
Sete-Sóis e Sete-Luas;
 O padre Bartolomeu Lourenço prepara um sermão para a festa do Corpo de Deus
questionando os fundamentos da trindade divina.

Capítulo XV
 A epidemia da cólera e da febre-amarela e a recolha das “vontades” por Blimunda
 O padre Bartolomeu pede a Blimunda que aproveite a ocasião para recolher as
vontades que se libertam do peito dos moribundos;
 Depois de cumprida a tarefa, Blimunda fica doente;
 Ao toque de cravo de Scarlatti, Blimunda recupera a sua saúde;
 Com as vontades recolhidas e a máquina de voar pronta, o padre Bartolomeu precisa
de avisar el-rei.

Capítulo XVI
 O duque de Aveiro recupera a Quinta de S. Sebastião da Pedreira, pois ganha a
demanda com a coroa;
 A concretização da viagem da passarola voadora, com o padre Bartolomeu, Baltasar e
Blimunda
 O padre Bartolomeu descobre que o Santo Ofício já estava à sua procura;
 Os três, depois de retirarem o telhado da abegoaria e colocarem tudo o que possuem
dentro da máquina, decidem levantar voo;
 Scarlatti, que chegara a tempo de ver a máquina subir, senta-se ao cravo e toca uma
música, antes de atirar o instrumento para dentro do poço;
 Os três sobrevoam a vila de Mafra; mas, com dificuldades de navegação por falta de
vento, têm de aterrar;
 O padre Bartolomeu, por emoção ou medo, tenta incendiar a máquina, sendo
impedido por Baltasar e Blimunda;
 O padre parte sozinho mata adentro;
 Blimunda e Baltasar escondem a máquina sob a ramagem e partem na mesma direção:
“Isto aqui é a serra do Barregudo, lhes disse um pastor, e aquele monte além… é
Monte Junto.”;
 Chegam a Mafra depois, quando uma procissão celebra o milagre que julgavam ser
uma aparição do Espírito Santo, e que mais não fora do que a máquina voadora.

Capítulo XVII
 O regresso de Baltasar com Blimunda a Mafra, onde começa a trabalhar nas obras do
convento, e anúncio da morte do padre Bartolomeu em Toledo
 Baltasar inicia o seu trabalho de carreiro nas obras do convento;
 O andamento das obras do convento;
 Notícias do terramoto de Lisboa;
 Dois meses depois de ter chegado a Mafra, regresso de Baltasar a Monte Junto, onde
haviam deixado a máquina de voar;
 Manutenção da máquina;
 Domenico Scarlatti em casa do visconde;

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 Conversa às escondidas de Scarlatti e Blimunda: “resolvi vir a Mafra saber se estavam


vivos.”, “Vim-te dizer, e a Baltasar, que o padre Bartolomeu Lourenço de Gusmão
morreu em Toledo… dizem que louco…”.

Capítulo XVIII
 Caracterização dos gostos reais e dos trabalhadores em Mafra
 Visão irónica e depreciativa de Portugal;
 Esforços colossais e vítimas causadas pela construção do convento;
 Outros relatos de histórias pessoais: Francisco Marques, José Pequeno, Joaquim da
Rocha, Manuel Milho, João Anes e Julião Mau- Tempo.

Capítulo XIX
 Baltasar torna-se boieiro e participa no carregamento da pedra do altar (Benedictione),
verificando-se, durante o transporte, o esmagamento de um trabalhador
 A azáfama na construção do convento;
 Baltasar passa de carreiro a boieiro ajudado por José Pequeno;
 Transporte, de Pêro Pinheiro até Mafra, de uma imensa pedra: “Entre Pêro Pinheiro e
Mafra gastaram oito dias completos. Quando entraram no terreiro… toda a gente se
admirava com o tamanho desmedido da pedra, tão grande. Mas Baltasar murmurou,
olhando a basílica, tão pequena.”;
 Morte do trabalhador Francisco Marques, que acabou esmagado sob uma roda de um
carro de bois.

Capítulo XX
 Blimunda acompanha Baltasar ao Monte Junto. Depois de lá passarem a noite,
Blimunda ainda em jejum, procura certificar-se de que as vontades ainda estavam
guardadas dentro de cada uma das duas esferas;
 Renovação da máquina voadora em Monte Junto;
 Viagem de regresso;
 Morte de João Francisco, pai de Sete- Sóis.

Capítulo XXI
 Decisão de D. João V de que a sagração do convento de fará em 22 de outubro de
1730, data do seu aniversário
 D. João V manifesta o desejo de construir em Portugal uma basílica como a de S. Pedro
em Roma;
 Chama o arquiteto João Frederico Ludovice (ou Ludwig) para executar tal tarefa, ma
este diz-lhe que o rei não viveria o suficiente para ver a obra concluída;
 Decisão de D. João V: ampliar a dimensão do projeto do convento de 80 para 300
frades;
 Com “medo de morrer”, D. João V decide que a sagração da basílica de Mafra seja a 22
de outubro de 1730 (dia do seu aniversário);
 Recrutamento em todo o reino operários para Mafra;
 Escolha dos homens como tijolos.

Capítulo XXII

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 Casamento da infanta Maria Bárbara com o príncipe Fernando VI de Espanha e do


príncipe D. José com a infanta espanhola Mariana Vitória;
 A “troca das princesas”, em 1729, une as famílias reais de Portugal e Espanha;
 Viagem ao rio de Caia para levar a princesa Maria Bárbara e trazer Mariana Vitória;
 João Elvas acompanha, com um grupo de pedintes, a comitiva à fronteira;
 Cerimónia do casamento com música de Domenico Scarlatti.

Capítulo XXIII
 Baltasar vai ao Monte Junto e desaparece com a passarola
 Transporte de várias estátuas de santos para Mafra;
 A viagem de trinta noviços, do convento de S. José de Ribamar, em Algés, para Mafra;
 Baltasar decide ir sozinho ao Monte Junto verificar o estado da passarola;
 A máquina inesperadamente levanta voo quando Baltasar “entrou na passarola” para a
reparar.

Capítulo XXIV

 Blimunda procura Baltasar, enquanto em Mafra se faz a sagração do convento, em 22


de outubro de 1730
 Blimunda, inquieta e angustiada, procura o seu homem;
 No cume do Monte Junto, usa o espigão de ferro de Baltasar para evitar ser violada por
um frade;
 Em Mafra, começam as festas da sagração do convento.

Capítulo XXV
 Durante nove anos Blimunda procura Baltasar e vai encontrá-lo em Lisboa a ser
queimado num auto de fé
 Blimunda procura Baltasar por todas as partes do país;
 Em 1739, onze “supliciados”, entre eles António José da Silva, encontram-se a caminho
da fogueira num auto de fé, na praça do Rossio;
 Estava lá também Baltasar e, quando está para morrer, a sua “vontade” desprende-se e
é recolhida dentro do peito de Blimunda.

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GRAMÁTICA

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