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PROPOSTA DE CORREÇÃO DO 1º TESTE DE PORTUGUÊS

I GRUPO

PARTE A

1. A donzela dirigiu-se até à “ermida de Sam Simion”, a fim de aí esperar pela chegada do seu
“amigo” (“Eu atendendo meu amig´”).
Assim, no primeiro par de estrofes ou coblas, a donzela mostra-se apaixonada, mas revela uma certa
ansiedade, pois aguarda a chegada do seu amigo que tarda, sentindo-se também ameaçada pelas
grandes ondas do mar que a cercam, “E cercarom-mi as ondas, que grandes som!”, verso 2. No
segundo par de estrofes, terceira e quarta coblas, começa a revelar-se aflita, visto que ela não tem
barco, nem vê algum barqueiro que a possa ajudar. Nas últimas estrofes, expressa a sua angústia e o
seu desespero, já que acredita que vai morrer “fremosa” em alto mar.
Assim, no princípio, há referências ao passado que levaram a jovem até ali (“cercarom-mi as ondas”);
no meio, a indicação do presente em que a mesma se encontra (“Nom hei (eu i) barqueiro”) e, no
fim, o futuro (“e morrerei fremosa”). Deste modo, confirma-se que o estado de espírito da donzela
vai sofrendo um crescendo de intensidade à medida que o tempo passa e o seu amigo não vem.

2. Nesta cantiga, a Natureza tem um papel ameaçador, já que o mar e as suas ondas não protegem
nem sossegam a donzela neste local de reencontro com o seu amigo. Simbolicamente, este cenário
natural poderá traduzir o estado de espírito da donzela, nervoso e ansioso, e que vai ficando cada vez
mais revoltado à medida que o tempo passa e o seu amigo não aparece.

3.
a)3
b)1
c) 2
PARTE B

4. Esta cantiga apresenta várias características que permitem identificá-la como uma cantiga de
amor, nomeadamente, a voz masculina do sujeito poético: “A mia senhor fezo Deus por meu mal”,
verso1; o respeito pelo código de “mesura”, no tratamento da “senhor”: “mia senhor”, verso 1; o
amor tratado segundo o ideal de amor cortês, elogiando muito a dama: “Mui ben’a fez falar e
entender”, verso 7; a “coita” de amor, no sofrimento manifestado pelo trovador e no amor não
correspondido: “por dar a mim esta coita em que vou”, v. 16.

5. A “senhor” é descrita como uma mulher perfeita, a melhor de todas as donas que Deus “fez
nacer”. Assim, o sujeito poético apresenta os seguintes atributos e qualidades da amada: “bom sem”
(v.2), isto é, é sensata, tem bom senso; “tam fremosa” (v.2), sendo bonita, formosa ou graciosa; “Mui
ben’a fez falar” (v.7), sendo eloquente ou expressando-se bem e com facilidade; “Mui ben’a fez (…) e
entender” (v.7), em que é elogiada a sua inteligência.

6.
a)2
b)1
c)3

PARTE C
7. As cantigas trovadorescas foram escritas em galego-português, entre os séculos XII e XIV,
fundamentalmente por trovadores e jograis, sendo estes últimos também os seus divulgadores, já
que as cantavam em festas da corte e de senhores feudais, acompanhados de jogralesas ou
soldadeiras.
As cantigas de amigo são de origem autóctone, isto é, do norte de Portugal e da Galiza, tendo como
sujeito de enunciação uma voz feminina, jovem e rural. A cantiga de D. Dinis, “Ai flores do verde
pino”, exemplifica o sentir ansioso da jovem que espera pelo “amigo” por quem está apaixonada,
sendo sossegada pela Natureza.
As cantigas de amor são de origem provençal, do sul da França, e quem se expressa é um trovador
apaixonado por uma “senhor” idealizada e inacessível, sendo, por isso, dominado pela “coita” de
amor – um sofrimento amoroso que desespera o sujeito poético. A cantiga, “Que soidade de mia
senhor hei”, é reveladora de todas estas características.
As cantigas de escárnio e maldizer têm propósitos satíricos, isto é, através da ironia, o sujeito de
enunciação ridiculariza pessoas, hábitos, comportamentos, de modo direto ou indireto, com
propósitos de aperfeiçoamento social (exemplo: “Roi Queimado morreu por amor”).
Em suma, estas cantigas são de extraordinária importância, porque, entre muitos outros motivos,
representam o nascimento da literatura portuguesa e mostram-nos como o sentir dos nossos
antepassados é o nosso sentir no presente, isto é, que os estados de espírito são intemporais, como
a ansiedade, o ciúme, a revolta, o amor, a paixão, a idealização, o sarcasmo, a crítica, etc.

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