A. 1. Esta composição poética insere-se na poesia trovadoresca e apresenta características de uma cantiga de amigo. O sujeito poético é feminino, uma vez que a donzela se refere ao seu amado: “Agora vem o meu amigo”. É uma cantiga que apresenta os sentimentos da donzela pelo seu amigo e, formalmente, é uma cantiga de refrão. Em suma, todos estes aspetos justificam a inserção deste poema no subgénero da poesia trovadoresca, cantiga de amigo.
2. Esta cantiga de amigo é um lamento de uma jovem pela atitude
do seu amigo. Na verdade, a donzela desespera porque o seu amigo vem vê-la, mas não quer ficar com ela muito tempo. Isto acontece por mais que lho peça e que o seu desejo seja intenso. Concluindo, a repetição da expressão “migo nom quer / estar” acentua a incompreensão da donzela face à atitude do amigo.
3. O sujeito poético desta cantiga é uma jovem que se queixa da
atitude do seu amigo. Assim, a donzela expressa o seu desespero perante o facto de o amigo vir vê-la, mas estar pouco tempo com ela (“e quer-se log’ir”). A jovem manifesta a sua incapacidade para compreender ou alterar a postura do amigo (“mais que farei”). Na realidade, a menina está triste e dececionada com a atitude do amigo.
B. Durante os séculos XII e XIV, no nordeste peninsular,
desenvolveu-se um lirismo amoroso acompanhado de música que designamos como poesia trovadoresca. As cantigas de amigo e de amor coexistiram na época medieval. Assim, estas cantigas distinguem-se essencialmente pelo sujeito poético e pelo ambiente que recriam. Enquanto as cantigas de amigo expressam os sentimentos de uma donzela por um amigo, num cenário rural, as cantigas de amor evocam o ambiente da corte e fixam os sentimentos de um sujeito masculino por uma “senhor” hierarquicamente superior. Formalmente, as cantigas de amigo apresentam uma maior simplicidade do que as de amor, nomeadamente a nível da utilização de um vocabulário mais simples e repetitivo e do recurso ao refrão. Podemos concluir, salientando que a diversidade entre cantiga de amigo de origem peninsular e de cantiga de amor de influência provençal contribuem para a riqueza da lírica trovadoresca em galego português.