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História:
Idade média
período situado entre a Antiguidade greco-romana e os tempos modernos;
do século V ao século XV;
Cidades desenvolvidas à volta do castelo; ideia de Estado ainda inexistente; o rei como dono e senhor de uma grande
quinta;
esperança média de vida muito baixa; condições de vida degradantes; injustiça social;
miséria e injustiças económicas (recolha de impostos do povo para sustentar a nobreza e o clero);
Cristianismo corrompido pelo Clero, que detinha um enorme poder;
o clero como única classe culta.
Poesia trovadoresca
Satírica- poesia em que o ator mede o ridículo, os vícios ou defeitos de uma época ou pessoa
apaixonada superior
veneração, sujeição, mantendo a
Relação “eu”/objeto da
proximidade hierarquia social e o esquema de
cantiga
vassalagem do feudalismo
o amigo, os elementos da
Natureza ou outras pessoas, nenhuns, para além do “eu” e da
Outros intervenientes
nomeadamente a mãe ou as “senhor”
suas amigas (confidentes)
não existem referências diretas ao
Ambiente/ cenário Natureza cenário ou ambiente que poderia
servir de pano de fundo.
Poesia Trovadoresca
Paralelismo:
Os cantares de amigo não se distinguem dos de amor unicamente por aparecerem ali “elas” e aqui “eles” a falar, mas
também por outras diferenças de forma e intenção.
cantares de amigo- elas;
cantares de amor- eles.
As cantigas, nomeadamente designadas como “paralelísticas”, apresentam estrutura rítmica. A unidade rítmica não é a
estrofe, mas o par de estrofes, ou, mais precisamente, o par de dísticos, dentro do qual ambos os dísticos querem dizer o
mesmo, diferindo só, ou quase só, nas palavras da rima. O último verso de cada estrofe é o primeiro verso da estrofe
correspondente no par seguinte. Cada estrofe vem seguida de um refrão.
A este esquema deu-se o nome de paralelismo, onde só há 5 versos semanticamente diferentes (incluindo o refrão).
O refrão sugere a existência de um coro.
Cantigas de amigo
Temática sentimental;
Lirismo autóctone- estilo elevado, suave e apaixonado de um determinado povo de uma dada região;
emissor feminino e recetor masculino;
mulher de baixa condição social;
drama sentimental (aparentemente) espontâneo da donzela;
presença de confidentes (humanos ou inanimados);
ambiente rural e doméstico;
valor documental histórico-social- tarefas domésticas, relações familiares, a ausência masculina (na guerra ou no
mar), vida coletiva e religiosidade.
A cantiga de amigo apresenta uma estrutura completamente diferente da cantiga de amor. O emissor é, pois, uma rapariga
apaixonada que, tomando como confidente a mãe, as amigas (“manas”) e na Natureza, exprime o seu drama sentimental
(“cuidado”), devido à ausência do amigo ou namorado, que partira para combater os Mouros (“ir no ferido”, “ir no
fossado”), ou acompanhava o rei (“en cas d’el-rei”), atividades que refletem a Reconquista cristã e consequentemente as
circunstâncias históricas em que se formou Portugal. Sendo criado criações literárias, cujos autores, exprimem em língua
galego-portuguesa os sentimentos e reações de uma mocinha da época (século XII e XIV), reconstituindo, do ponto de vista
feminino, situações da vida sentimental dos namorados, que no campo, quer em meio burguês.
A antiguidade deste lirismo oral é atestada pelos numerosos arcaísmos conservados pelos trovadores para exprimirem as
suas cantigas. E a importância atribuída à mulher na cantiga de amigo (corresponde às condições histórico-sociais do
noroeste peninsular, onde, na ausência do chefe de família, esta o substituía no lar e no trabalho rural) permite filiar este
lirismo autóctone numa poesia romântica e cristã muito antiga.
A cantiga de amigo de molde popular obedece a uma estrutura estrófica e rítmica que lhe imprime musicalidade: é a
paralelística perfeita.
A cantiga de amigo, em monólogo ou diálogo, documenta a vigilância da mãe, com quem a menina desabafa, recebendo
conselhos, mas revoltando-se, por vezes. Além da confidência às amigas, a originalidade da cantiga de amigo consiste no
diálogo com a Natureza, que, humanizando-se, consola a menina.
Poesia Trovadoresca
dizei-me se namorado
Ondas do mar de Vigo,
se vistes meu amigo! virá
E ai Deus, se verrá cedo!
Refrão- muito agitado
importante porque Ondas do mar levado,
português arcaico- já não se usa
reforça a preocupação se vistes meu amado!
do sujeito poético com a E ai Deus, se verrá cedo!
ausência do namorado
a ausência do namorado foi Se vistes meu amigo, “queira Deus que ele venha cedo”
por causa de andar na o por que eu sospiro!
guerra, ficando a mulher a E ai Deus, se verrá cedo!
tratar de tudo, era a gestora. verbo haver- sinónimo ter
Se vistes meu amado,
por que ei gran cuidado! preocupação
E ai Deus, se verrá cedo!
Martim Codax….
autor- trovador de grau mais baixo (jugral)
Análise:
Estas cantigas foram escritas para serem cantadas, pois são fáceis de decorar por causa da repetição do refrão.
O sujeito poético dirige-se ao mar de Vigo.
Amigo e Amado são sinónimos.
Cantiga paralelística perfeita, pois, obedece a um esquema de verso/ esquema rimático.
O sujeito poético é diferente de autor: o sujeito poético é uma donzela.
Donzela- mulher virgem, mulher com pureza
Cogla- designação atribuída às estrofes, na poesia trovadoresca.
Perguntas:
1. Trata-se de uma cantiga de amigo, uma vez que o sujeito lírico é uma mulher que se dirige ao seu amigo/
amado.
2.1. O sujeito poético recorre ao vocativo para nomear o destinatário das suas palavras, interpelando as “Ondas
do mar” e fazendo delas suas confidentes.
3. O “eu” lírico encontra-se ansioso, agitado e preocupado (v. 11).
3.1. O seu nervosismo deve-se à incerteza da chegada e à demora do seu amigo.
3.2. Ambiente em que decorre o monólogo: O sujeito poético encontra-se sozinho a observar o mar que, aos seus
olhos, parece cada vez mais agitado, o que piora o estado de espírito e as emoções do sujeito poético.
4. O poema pode ser dividido em duas partes:
1ª parte: 1-2 estrofes; a donzela/ sujeito poético pergunta às “Ondas do mar de Vigo” se viu o seu
namorado;
2º parte: 3-4 estrofes; se na possibilidade de ter visto para lhe dar notícias.
4.1. As estrofes que compõem cada uma das partes do poema apresentam um conteúdo semântico bastante
semelhante. O segundo dístico de cada par repete, com ligeira variação, a ideia já apresentada no primeiro.
Poesia Trovadoresca
6.1. A repetição do verso “E ai Deus, se verrá cedo!” realça o estado de ansiedade e angústia que o sujeito poético
experiencia face à demora do seu amado.
b) O refrão reflete um clima de grande religiosidade, invocando Deus, e sugere a transmissão oral das cantigas (de
natureza repetitiva).
Análise:
Madre: pessoa que está no topo de um invento;
Mater- evoluiu de forma erudita;
O esquema paralelístico é sempre com letra maiúsculas: A, B, R; A’, B’, R; B, C, R; B, C’, R;
Esquema rimático: a, a, b; c, c,b ; a,a,b; c,c,b;
1º verso- lamenta a ausência do namorado e diz-nos que ele foi para a guerra; ela sente a sua falta; efeito de
tristeza/ preocupação;
2º/3º verso- causa- dele ter ido para a guerra.
Dá a ideia que foi cantado por mais que um trovador;
Os homens ou iam para a guerra ou iam pescar;
Perguntas:
1. O “eu” enunciador sente-se infeliz e sofre pela ausência do seu amado que partiu para a guerra.
1.1. Recursos expressivos que contribuem para a forma emotiva do sujeito poético: A apóstrofe confere à composição
poética um tom marcadamente confessional (“madre”), e a estrutura paralelística dos versos enfatiza o sofrimento
do “eu” lírico.
1.2. A donzela mostra-se infeliz, magoada e preocupada pelo facto de o amigo partir para a guerra, deixando-a sozinha
com a incerteza do seu regresso.
2. Esta cantiga apresenta um forte valor documental, uma vez que através dela confirmamos tratar-se de um período em
que os conflitos e as guerras eram uma constante, o que pode ser atestado nas expressões “que se vai no ferido” e “que
se vai no fossado”, e dominado pela religiosidade.
Poesia Trovadoresca
destinatário árvore mais plantada em
Portugal e a mais alta.
Ai flores, ai flores do verde pino, O pinheiro fazia a ligação
do céu com a terra.
10 silabas métricas
(decassilábico) Ai flores, ai flores do verde pino,
“onde está?”;
dizei-me ; oração subordinada se sabedes novas do meu amigo!
preocupação da donzela
adverbial condicional Ai Deus, e u é?
Análise:
1ª à 4º estrofe- a donzela pergunta ao pinheiro se tem novidades do seu amigo:
Recetor: folhas do pinheiro;
Emissor: donzela.
5ª á 8ª estrofe- personificação (o pinheiro responde à donzela):
Recetor: donzela;
Emissor: folhas do pinheiro.
O amigo prometeu voltar numa certa altura e coimo ele não está a voltar, a donzela está preocupada;
Cantiga dialogada;
idade média: religião cristã e constantes guerras;
Poesia Trovadoresca
24 versos:
8 estrofes- 3 versos e 1 refrão;
8 dísticos seguidos de um refrão.
Perguntas:
1. É possível dividir a cantiga em 2 momentos distintos que correspondem à expressão de diferentes emissores.
A composição apresenta uma estrutura dialogar, pois o sujeito poético faz perguntas e o destinatário responde.
A repetição da oração condicional, ao longo das 4 primeiras coblas, contribui para intensificar a situação emocional
(Ansiedade) do sujeito poético.
A caracterização do “amigo” é constante ao longo do poema: na 1ª parte diz que ele é mentiroso e na 2ª parte “anula”.
O refrão confere unidade à cantiga, embora evidencie a mudança do estado psicológico da donzela ao regresso do seu
amado: na 1ª parte mostra muita preocupação e na 2ª parte mostra-nos ansiedade e espectativa.
2. Na personificação utilizada nas 4 estrofes finais, as “flores do verde pino” respondem e tranquilizam a donzela como se
fossem um confidente humano.
3. Atendendo ao contexto histórico de produção da poesia trovadoresca, utilizou-se os adjetivos “sano” e “vivo”, pois, o
estado de guerra permanente levava a indefinições sobre o paradeiro dos ausentes, persistindo a dúvida sobre a sua
sobrevivência. Neste caso, o amado encontrava-se são e vivo (“san’ e vivo”).
4. Esquema rimático: aab , ccb, ccb, aab, ccb;
Esquema Paralelístico: A,B,R; A’,B’, R; C,D,R; C’,D’,R.
Análise:
Sujeito poético: mulher; Relação com o sujeito: namorado;
O sujeito poético quer saber onde esta o seu amigo;
Domingos- dia de descanso e reunião familiar;
Análise:
As donzelas vão acompanhar as mães às romarias, para elas cumprirem promessas- religiosidade;
Os Homens estão ausentes, acompanhando as mães as meninas;
Enquanto colocam velas a arder elas (meninas) fazem uma roda a dançar;
O Cristianismo era vivido muito seriamente;
As meninas aproveitam que as mães colocam as velas para irem bailar;
A mãe é a confidente das meninas.
Perguntas:
1. Ação: romaria; Tempo: tempo futuro; Espaço: San Simon; Personagens: meninas, mães e os “amigos”;
1.1. As mães vão cumprir as suas promessas, as “meninas” acompanham-nas para se encontrarem com os seus amigos
que também lá irão e os amigos vão ver as meninas.
2. A dança serve para seduzir os “amigos”.
Poesia Trovadoresca
3. O sujeito poético desta composição distingue-se do das cantigas de amigo anteriormente analisadas por ser um sujeito
poético plural (“nós”).
4. As romarias constituíam manifestações da religiosidade medieval.
Cantigas de amor
Temática sentimental;
Poesia de imitação provençal;
Emissor masculino;
Mulher de elevado estatuto social;
Coita de amor do sujeito poético face à “Senhor”;
Sentimento convencional;
Idealização e inacessibilidade da mulher amada- código do amor cortês;
Ambiente palaciano.
Amor platónico- amor que não é possível/ não correspondido; amor à distância, em que não se tocam; amor puro,
ama-se incondicionalmente podendo causar sofrimento;
Análise:
Análise:
3ª estrofe- “porque Deus nunca pôs maldade na minha senhoras, mas pôs bondade, lealdade e louvor, e além disso
é mito leal, e por isso eu não conheço outra que seja tão completa como ela no seu bem falar”.
Assunto da cantiga: o sujeito poético descreve a mulher pela qual está apaixonado;
Deus quis fazer da mulher a mais perfeita;
Perguntas:
1. O tema da cantiga é o amor.
Poesia Trovadoresca
2. O texto pode ser dividido em duas partes: a primeira corresponde à primeira estrofe e a segunda parte às estrofes dois e
três. Na primeira parte, o sujeito poético apresenta o objetivo da sua composição (“fazer agora un cantar d‘ amor”) e,
num segundo momento, identifica as características da amada que justificam a sua declaração de amor.
2.1. A conjunção “Ca” estabelece uma relação de causalidade em relação à primeira estrofe, uma vez que as estrofes
dois e três funcionam como justificação do propósito da cantiga.
3.1. Fisicamente, a “senhor” é bela (“fremusura”, v. 4; “beldad[e]”, v. 16) e tem um sorriso bonito (“riir melhor/ que outra
molher”, vv. 17-18). Do ponto de vista moral, é dotada de grande valor (“prez”, v. 4), sendo generosa (“bondade”, v. 5),
sensata (“bon sen”, v. 12) e muito sociável (v. 11).
3.2. A adjetivação (vv. 6, 9, 11, 18) e a hipérbole (vv. 6-7) contribuem para a caracterização da mulher amada.
3.3. A mulher amada é perfeita a todos os níveis, o que a eleva a um plano superior, tornando-se inacessível
ao sujeito poético, o que lhe causa sofrimento.
Cantigas de Maldizer
As cantigas de Maldizer caracterizam-se pela identificação da pessoa satirizada e pela alusão crítica direta.
Roi Queimado.
Cantigas de escárnio
As cantigas de escárnio são sátiras indiretas onde o destinatário não é identificado.
No entanto, a sátira de intenção social aparece também nas cantigas de escárnio, obtida por meio da caricatura e da criação
de tipos representativos das classes que se pretende satirizar.
Outra variedade satírica muito apreciada são os “escárnios de amor”, que se tratam de composições que apresentam o
reverso do amor cortês, constituindo uma imitação irónica da cantiga de amor, pois ridicularizam os principais tópicos da
lírica trovadoresca: a superioridade da “senhor” e o respeito que por ela sente o trovador; o elogio da sua beleza e do seu
“prez”, ou dignidade moral, com realce também para as qualidades intelectuais (ben falar). Todos estes tópicos aparecem
satirizados.
Ai, dona fea, fostes-vos queixar.
No amor cortês temos um trovador que sofre por amor e chega a desejar a morte, a mulher é caracterizada como perfeita e
o trovador namora uma mulher inalcançável cujo amor não era correspondido.
Poesia Trovadoresca
Ai, dona fea, fostes-vos queixar
“mas”- ideia de
contraste/oposição Ai, dona fea, foste-vos queixar
“Agora” que vos nunca louv'en [o] meu cantar;
mais ora quero fazer um cantar
“louvarei de
en que vos loarei toda via;
qualquer modo”
e vedes como vos quero loar:
“louca”
dona fea, velha e sandia!
trovador
Roi Queimado morreu con amor
“por
Roi Queimado morreu con amor ”
“por uma senhora que “valha-me Deus”
queria muito bem” en seus cantares, par Sancta Maria,
“por se armar em” por ũa dona que gran ben queria: não lhe correspondia ao amor
e, por se meter por mais trobador,
porque lhe ela non quis ben fazer, “Mas ressuscitou depois ao 3º dia”
feze-s'el en seus cantares morrer,
mais resurgiu depois ao tercer dia!
“Isto” “uma “Senhor” ”
Esto fez el por ũa sa senhor “disto”
“a quem quer o bem” que quer gran ben, e mais vos en diria:
por que cuida que faz i maestria, “faz i maestria”- faz versos como mestre;
“á sabor”- tem prazer
enos cantares que faz, á sabor ele pensa que é o mestre a fazer versos
É nos cantares que ele faz
que tem prazer de morrer i e des i d'ar viver; “de morrer aí e em
esto faz el que x'o pode fazer, seguida de voltar a viver
“isto só ele pode fazer”
mais outr' omem per ren' nono faria. “mais outro homem de modo
“e já não tem nenhum não o faria”
pavor pela morte”
“se não, temeria
mais pela morte”
Poesia Trovadoresca
E non á já de sa morte pavor,
“mas sabe bem, por
senon sa morte mais la temeria,
sua experiência”
mais sabe ben, per sa sabedoria,
“volta logo a viver” que viverá, des quando morto for,
e faz-[s'] en seu cantar morte prender, “mas quem poderia
des i ar vive: vedes que poder supor tal coisa”
que lhi Deus deu, mais que non cuidaria.
“que ele hoje
tem, depois” E, se mi Deus a mim desse poder
qual oj'el á, pois morrer, de viver,
já mais morte nunca temeria.
Análise:
Divisão do poema:
1ª parte- 3ªs estrofes, o sujeito poético é irónico referindo-se sempre às cantiga que Roi Queimado fazia;
2ª parte- refere-se a si próprio.
Não tem um destinatário evidenciado;
Cantiga de maldizer- pois há uma crítica direta a alguém identificado, Roi Queimado;
Uma mulher diz que nunca doi critica de uma cantiga de amor;
O trovador critica outro trovador: Roi Queimado amava/ estava apaixonado por uma dona. E através das suas
cantigas, ele dizia que morria se ela não quisesse o seu amor mas milagrosamente isso não acontecia, pois ele
continuava a escrever, o que significava que estava vivo. Armava-se em trovador e tem uma atenção especial de
Deus, pois este deu-lhe o poder de ressuscitar. – Ironia.
Perguntas:
1. No texto “Ai, dona fea, foste-vos queixar” temos presente uma cantiga de escárnio, pois o satirizado não é
identificado, existem apenas alusões indiretas que permitem caracterizá-lo (“velha e sandia”). No texto “Roi Queimado
morreu queimado” temos presente uma cantiga de maldizer, pois há uma crítica direta a alguém identificado, Roi
Queimado.
2. No amor cortês temos um trovador que sofre por amor e chega a desejar a morte, a mulher é caracterizada como
perfeita e o trovador namora uma mulher inalcançável cujo amor não era correspondido. Logo, nestes 2 textos temos
presente uma paródia do amor cortês, pois o 1º texto serve para criticar e ridicularizar, sendo a mulher caracterizada
como feia e velha, e no 2º texto denuncia-se o artificialismo da “morte por amor”, pondo-se assim em dúvida a
sinceridade ao amor que sente pela dona.
1º Texto:
3.1. No 1º texto o sujeito poético evidencia os defeitos da mulher a quem se dirige, que o impedem de lhe dedicar uma
cantiga de amor.
3.2. No 1º texto os traços que permitem caracterizar a “dona visada” são “feia, velha” e “louca”. Trata-se de uma mulher
que não possui beleza física, afastando-se, assim do retrato da mulher das cantigas de amor, caracterizada como perfeita.
3.2.1. No 1º texto, através da ironia, o sujeito poético acede ao desejo da “dona fea” de ser “louvada”, mas não do modo
que ela desejaria.
3.3. No 1º texto, a repetição do vocativo reforça o tom satírico, sendo “dona fea” a sátira mais forte.
2º Texto:
4.1. A 3.ª pessoa do singular é predominantemente utilizada ao longo da cantiga, que associada ao pretérito perfeito
simples do indicativo, confere um tom narrativo ao poema.
4.2. O sujeito lírico critica Roi Queimado (trovador), por repetir, nas suas cantigas, que morre de amor, continuando a
produzi-las, “ressuscitando”. Além disso, põe em causa os dotes poéticos do trovador, que pretende mostrar-se
mais engenhoso do que realmente é.
Poesia Trovadoresca
4.3. De modo a construir a mensagem do poema, é utilizado como recursos expressivos a metafórica da expressão “morreu
con amor”, a hipérbole (no exagero das capacidades de Roi Queimado) e a ironia.
4.4. O vocabulário religioso acentua o tom irónico do poema, aproximando Roi Queimado de Jesus Cristo, que
ressuscitou “ao tercer dia”
4.5. A cantiga pode ser dividida em três partes:
versos 1 a 9 – identificação do objeto da sátira, Roi Queimado;
versos 10 a 21 – ridicularização do visado, devido à sua vaidade (v. 10) e à superficialidade das suas
palavras (vv. 11- -12);
versos 22 a 24 – conclusão irónica sobre as capacidades sobre-humanas de Roi Queimado.