GRUPO I
PARTE A
Leia o excerto do Auto da Feira (vv. 382-436), de Gil Vicente, que se apresenta de
seguida.
1
dereita: direita.
2
avorrece: aborrece.
3
tentos: cuidados.
4
peçonha: veneno, maldade.
5
roindade: ruindade.
6
sotil: subtil.
7
avindos: acordados, ajustados.
8
enfimdos: infindos.
9
mercancias: mercadorias.
Apresente, de forma bem estruturada, as suas respostas aos itens que se seguem.
1. Explique o motivo pelo qual se pode considerar este excerto como parte de uma
alegoria e indique o que representam estas duas personagens alegóricas.
PARTE B
Leia o excerto do Auto da Feira (vv. 725-773), de Gil Vicente, que se apresenta de
seguida.
1
conciência: consciência.
2
sombreiros: chapéus.
3
segar: ceifar.
4
tapados pera a calma: que tapam a cabeça quando está calor.
5
Não sabemos nós que é isso: nós não sabemos o que isso é.
6
decho: demónio.
7
burel: pano grosseiro de lã.
8
falar per pincéus: falar por jogos de palavras, de forma que não se entenda facilmente a mensagem.
Apresente, de forma bem estruturada, as suas respostas aos itens que se seguem.
1. Neste excerto, o Serafim dialoga com as esposas dos lavradores, Branca Anes e
Marta Dias.
1.1 Mostre que existe uma oposição entre os desejos das personagens e as
propostas do Serafim.
GRUPO II
1
sigro: mundo.
2
carreira: ao caminho.
1. Para responder a cada um dos itens de 1.1 a 1.5, selecione a opção que completa
corretamente cada afirmação. Escreva, na folha de respostas, o número de cada
item e a letra que identifica a opção escolhida.
1.4 De acordo com o texto, o motivo pelo qual Gil Vicente organiza o palco em dois
polos opostos
(A) prende-se com a ideia de livre-arbítrio dos potenciais clientes.
(B) está relacionado com uma ideia cenográfica medieval.
(C) indica que o espaço da feira era semelhante a um tribunal.
(D) demonstra que, para o cristão, existiam apenas dois sentidos possíveis.
GRUPO III
Tendo em conta este aspeto e com base na sua experiência de leitura do Auto da Feira,
desenvolva uma apreciação crítica sobre as dualidades que a peça vicentina apresenta.
Construa um texto bem estruturado, com um mínimo de cento e vinte (120) e um
máximo de cento e cinquenta (150) palavras.
GRUPO I
PARTE A
2. Roma desloca-se à feira para adquirir virtudes essenciais para exercer o seu
ministério sagrado de forma correta: a paz, a verdade e a fé («comprar paz,
verdade e fé», v. 2). Todavia, o Diabo tenta persuadi-la da inutilidade dessas
virtudes e apresenta-lhe a ruindade, as mentiras e os enganos como produtos mais
benéficos para uma vida de acordo com as circunstâncias («a roindade digo eu / e
aconselho-vos mui bem», vv. 16 e 17; «Vender-vos-ei nesta feira / mentiras vinta
três mil», vv. 21 e 22 ; «vender-vos-ei como amigo / muitos enganos enfindos», vv.
33 e 34).
PARTE B
1.1 Branca Anes e Marta Dias pretendem comprar bens materiais (sombreiros de
palha, tecidos, louça, patos, cevada, sapatos) mas o Serafim tem apenas para
oferecer bens espirituais (consciência, virtudes e amor de Deus). Esta oposição
parece indicar que, nesta feira alegórica, as ofertas do mundo divino não são
adequadas às necessidades quotidianas do mundo terreno.
2.1 Branca começa por se referir ao discurso do Serafim como «falar por pincéus» (v.
29), ou seja, o tipo de linguagem utilizada por este enviado dos Céus e os assuntos
a que se vem referindo não são adequados ao público a quem se dirige, pois «falar
por pincéus» indicará utilizar uma linguagem figurada ou demasiado complexa
para os clientes da feira (lavradores e pastores). Começa, depois, a expor a sua
GRUPO II
1.1 (A); 1.2 (C); 1.3 (B); 1.4 (A); 1.5 (D).
GRUPO III
Construção de um texto que respeite a tipologia do texto de apreciação crítica e se
centre, sobretudo, no tema proposto — as dualidades que a peça vicentina apresenta.
O texto deve respeitar a extensão proposta.