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Doc. 1 A imprensa na Europa dos séculos XV e XVI Doc. 2 A artilharia (século XVI)
Coluna A Coluna B
a) “[…] formem uma biblioteca […]” (linha 4). 1) Eliminação dos erros dos copistas.
b) “[…] ações de graças nos prestará o 2) Difusão das obras dos autores
mundo literário e cristão!” (linhas 1-2) greco-latinos.
c) “[…] poucas despesas […]” (linhas 4-5) 3) Embaratecimento e acessibilidade dos
livros às camadas sociais menos
d) “[…] volumes perfeitos […]” (linhas 5-6)
abastadas.
4) Difusão da literatura humanista e da
literatura religiosa cristã.
5) Melhor apetrechamento das bibliotecas.
Doc. 1 A Rua Nova dos Mercadores na Lisboa de Quinhentos – pintura anónima holandesa,
c. 1570-1620, óleo sobre tela
Na passagem seguinte da obra Colóquios, o médico e botânico Garcia de Orta (1500-1568) trava
um curioso diálogo com o seu discípulo Ruano.
RUANO – Não é fora de razão, pois tantos trabalhos os Portugueses levam por haver toda a
pimenta à sua mão […], que me digais onde é a força e a quantidade dela maior, e como se
chama nas terras donde nasce, e mais como se chama em arábio, e como se colhe, e a feição da
árvore, e se é cá usada para medicina.
5 ORTA – A maior quantidade desta pimenta há em todo o Malabar e ao longo desta costa, do
princípio do cabo do Comorim até Cananor [na Índia] […].
RUANO – Da feição da árvore, como cresce e como se cria toda a pimenta em uma árvore me
dizei; pois nisto concordam os Gregos, Latinos e Arábios todos e os novos escritores que hoje em
dia escrevem.
10 ORTA – Todos a uma voz se concertaram a não dizer verdade, se não que Dioscórides 1 é digno
de perdão, porque escreveu por falsa informação, e de terras longínquas, e o mar não ser
navegado como agora é; e a esse imitou Plínio 2, e Galeno3, e Isidoro4, e Avicena5 e todos os
Arábios. E mais os que agora escrevem, como António Musa 6 e os frades, têm maior culpa, pois
não fazem mais que dizer todos de uma maneira, sem fazer diligência em coisa tão sabida, como
15 é a feição da árvore e a fruta, e como amadurece e como se colhe.
RUANO – Como, todos esses que dizeis erraram?
ORTA – Sim, se chamais errar a dizer o que não é. […] A pimenta, isto é, a árvore ou planta é
plantada ao pé de outra árvore e pela mor parte [na maior parte das vezes] a vejo sempre
plantada ao pé de alguma arequeira ou palmeira. Tem a raiz pequena e cresce tanto quanto a
20 árvore a que está arrimada [apoiada] e encostada, abraçando-se com a árvore; e a folha não é
muita, nem muito grande, e é mais pequena que a de laranjeira e verde e aguda na ponta e
queima algum pouco [...]; nasce como as uvas em cachos e não difere mais que serem os cachos
da pimenta mais miúdos nos grãos que os das nossas uvas e não serem tão grandes os cachos
25
como os das uvas; e sempre estão verdes até ao tempo em que seque a pimenta e esteja em sua
perfeição e força, que é até meados de janeiro; neste Malabar, a planta é de duas maneiras, uma
que dá pimenta preta e outra branca; e, afora estas, há outra em Bengala, que é da longa.
RUANO – Parece-me que destruís a todos os escritores antigos e modernos, por isso olhai o que
fazeis.
Garcia de Orta, Colóquios dos Simples e Drogas e Coisas Medicinais da Índia, vol. II,
Imprensa Nacional, 1982 (1.a edição em 1563).
2. Quando Garcia de Orta foi médico de D. João III, Lisboa era uma metrópole comercial
do mundo com a qual rivalizava a cidade de
a) Barcelona.
b) Sevilha.
c) Madrid.
d) Londres.
Coluna A Coluna B
Nicolau era de boas famílias; era um dos quatro filhos dum rico mercador […]. Por vontade de
seu pai, entrou no comércio ainda jovem […]. Depois da morte do pai [largou os negócios] para
fazer o que lhe agradava. Senhor duma bela fortuna, estudou as letras latinas, em que se tornou
rapidamente muito instruído […] trabalhou muito o latim e o grego [...]. Era um belo homem [...]
5 sorridente e de agradável convívio. Nunca se casou para não ser perturbado nos seus estudos
[...]. Era muito exigente com a alimentação, como em tudo o mais, fazia servirem-lhe as refeições
em belas travessas antigas. Tinha a mesa carregada de vasos de porcelana e bebia por uma taça
de cristal ou talhada numa bela pedra [...]. Nicolau era conhecido no mundo inteiro, e aqueles que
queriam dar-lhe prazer enviavam-lhe estátuas de mármore, vasos antigos, esculturas, inscrições
10 em mármore, quadros pintados por mestres célebres e mosaicos. Tinha um belo mapa do mundo
com todas as indicações de lugares e numerosas ilustrações da Itália e da Espanha [...]. Tinha
um grande conhecimento de todas as partes do mundo [...]. A sua casa estava sempre cheia de
homens distintos e de jovens notáveis da cidade. Quanto aos estrangeiros que vinham nessa
época a Florença, todos pensavam que se não visitassem Nicolau ficariam sem conhecer
15 Florença [...]. Tinha uma bela biblioteca e procurava todos os livros raros, sem olhar ao seu preço
[...]. Vendeu várias das suas propriedades e gastou o dinheiro com a sua biblioteca [...]. Além das
suas notáveis qualidades, tinha uma opinião esclarecida não somente sobre as letras mas
também sobre a pintura e a escultura. Possuía em sua casa grande número de medalhas de
bronze, de prata e de ouro, assim como figurinhas antigas de cobre e bustos de mármore [...].
20 Nicolau encorajava sempre os estudantes bem dotados a prosseguir na carreira literária e
ajudava generosamente todos aqueles que mostravam qualidades, fornecendo-lhes professores
e livros, pois nessa época não eram tão numerosos como hoje. Pode dizer-se que ele fez reviver
as letras gregas e latinas em Florença, onde estavam há muito tempo esquecidas e, se bem que
Petrarca, Dante e Bocaccio tivessem tentado reabilitá-las, não tinham ainda atingido a
25 importância que obtiveram graças aos trabalhos de Nicolau; com efeito, ele levava muitos dos
seus contemporâneos a estudar as letras e, persuadidos por ele, numerosos eruditos vieram a
Florença estudar e ensinar [...]. Nicolau protegia os pintores, os escultores, os arquitetos, bem
como os homens de letras, e tinha um profundo conhecimento das suas técnicas. Favoreceu
particularmente Filippo Brunelleschi, Donatello, Lucca della Robbia, Lorenzo di Bartuloccio e
conhecia-os intimamente.
Vespasiano da Bistici, Vida dos Homens Ilustres, em G. de Freitas, 1975
− 900 Textos e Documentos de História, Lisboa, Ed. Plátano, vol. II.
Guillaume Fichet, doutor de Teologia em Paris, ao muito sábio Robert Gaguin, saúde.
Dá-me uma enorme alegria, grande erudito Robert, ver florescer nesta cidade as musas 1 e todos os
ramos da eloquência que a época precedente ignorou. Pois, quando ainda adolescente, troquei a minha
aldeia por Lutécia2 a fim de estudar Aristóteles, interrogava-me se não encontraria mais facilmente na
5 cidade uma fénix3 do que um poeta ou um orador. Enquanto agora muitos o fazem, dantes ninguém
folheava Cícero4, ninguém inventava poesia com regras, ninguém sabia colocar as pausas métricas nos
poemas que outros compunham. Tendo perdido o hábito da latinidade, quase toda a escola de Paris
tinha caído na rusticidade da linguagem.
Mas sinais bem melhores marcam os nossos dias […]. Tu distingues-te de tal maneira pelas musas e por
10 toda a espécie de poesia que, seguramente, Tibulo, Lucrécio, Horácio, Ovídio, Estácio, Lucano, Marcial,
Perseu e Juvenal e, mesmo, Virgílio […] julgariam que a tua poesia era a deles. […] Mas não é o
momento de falar dos teus estudos em particular. Refiro-me ao restauro dos estudos humanísticos em
geral.
A eles, tanto quanto posso conjeturar, a nova espécie de livros trouxe uma grande luz, livros que a
15 Germânia, semelhante a um cavalo de Troia, espalha por toda a parte. Lá, com efeito, não longe da
cidade de Mogúncia, viveu um certo João, de apelido Gutenberg: primeiro que todos, ele inventou a
imprensa, através da qual os livros se fazem, não com o cálamo 5, como os Antigos, nem com a pena, e
isto de uma forma cómoda, elegante e bela. Sem dúvida, este homem foi digno de receber os louvores
de todas as musas, de todas as artes e de todos aqueles que ficam encantados com os livros. […] Este
20 Gutenberg teve qualquer coisa de divino e de excelente ao esculpir as letras com que podemos escrever
e transcrever para a posterioridade tudo aquilo que possa ser dito ou pensado.
Guillaume Fichet – “Epístola dirigida a Robert Gaguin a 1 de janeiro de 1472, a propósito da introdução da imprensa em Paris”,
em Ch.-M. de la Roncière, Ph. Contamine, R. Delort – L’Europe au Moyen Âge, Paris, Armand Colin, T. 3, 1971.
1. Divindades que, segundo a mitologia romana, presidiam às letras, ciências e artes liberais.
2. Nome dado pelos romanos a Paris.
3. Ave lendária, que vive muitos séculos e renasce das cinzas.
4. Orador e filósofo romano dos sécs. II-I a. C.
5. Caule de planta utlizado para escrever.
1. Associe os excertos do documento, citados na coluna A, às práticas humanistas
apresentadas nas frases da coluna B.
Todas as frases da coluna B devem ser utilizadas. Cada frase deve ser associada apenas a
um dos excertos.
Coluna A Coluna B
Doc. 1 Um túmulo medieval: túmulo com estátua jacente do cavaleiro Fernão Sanches, em arenito
e calcário (primeira metade do século XIV) – Museu Arqueológico do Carmo, Lisboa
Doc. 2 Um túmulo renascentista: túmulo de Lourenço de Médicis, duque de Urbino, executado
em mármore por Miguel Ângelo (1521-1534) – Igreja de São Lourenço, Florença
Lourenço de
Médicis
Crepúsculo
Alvorada
Desde a minha juventude senti-me naturalmente inclinado para o estudo da arquitetura e, como
acreditava na excelência dos Romanos em várias áreas, estimei que na arte de construir eles
ultrapassassem todos os que se lhes seguiram. Por este motivo, tomei Vitrúvio 1 como mestre e
como guia […] e parti, com curiosidade, à descoberta e à observação das relíquias de todos os
5 velhos edifícios que, apesar do tempo e da brutalidade dos Bárbaros, ainda nos restam. E, quanto
mais admiráveis eles me pareciam, fiz um estudo muito exato de cada uma das suas partes,
dirigindo-me a diversos locais, tanto na Itália como fora, a fim de conceber, através do que resta, o
que foi o conjunto, e transpô-lo para o desenho. […]
Andrea Palladio, Quatro Livros de Arquitetura, 1570.
1. Arquiteto romano do século I a. C.
Doc. 4 Villa Rotonda, projeto de Andrea Palladio, Doc. 5 Portal manuelino da Igreja Matriz de
Vicenza, 1552 Viana do Alentejo, projeto de Diogo de
Arruda, primeira metade do século XVI
Coluna A Coluna B
Na sua resposta, integre, pelo menos, uma informação relevante de cada um dos
documentos 3, 4 e 5.
MÓDULO 3 – A ABERTURA EUROPEIA AO MUNDO – MUTAÇÕES NOS
CONHECIMENTOS, SENSIBILIDADES E VALORES NOS SÉCULOS XV E XVI
Unidade 4 – A renovação da espiritualidade e da religiosidade
LIV – Os monges […] julgam-se pessoas extraordinárias. Estão convencidos de que a piedade
suprema consiste na ignorância e mesmo em nem saber ler. […] Clamam às portas a pedir pão;
enchem os albergues, as carruagens, os barcos, prejudicando assim os verdadeiros mendigos.
Tais são as personagens que, pela sua porcaria, ignorância, grosseria e impudência, julgam
5 recordar os Apóstolos. […]
LVII – Rivais dignos dos príncipes, os soberanos pontífices, os cardeais e os bispos chegam
mesmo a ultrapassá-los. […] Os bispos apenas se preocupam em apascentar-se a si próprios,
deixam o cuidado do rebanho a Cristo […]. Esquecem que a palavra bispo significa trabalho,
vigilância, solicitude. Servem-se apenas de tais qualidades quando pretendem recolher dinheiro,
10 abrindo então os olhos.
LVIII – De igual modo os cardeais deveriam pensar que são os sucessores dos Apóstolos, o que
os obriga a continuar o seu apostolado e a recordarem que não são os donos mas os
distribuidores dos bens espirituais, de que terão de prestar contas rigorosas. […]
LIX – Se os Sumos Pontífices, que estão no lugar de Cristo, se esforçassem por imitá-lo na
15 pobreza, nos trabalhos, na sabedoria, no sofrimento e no desprezo pelas coisas terrenas, se
pensassem que o nome de “Papa” significa “Pai” e considerassem o título de Santíssimo que lhes
é dado, não seriam eles os mais infelizes de todos os homens? Quem gastou todas as suas
riquezas para comprar tal dignidade não terá inevitavelmente de a defender pelo ferro, pelo
veneno, pela violência? Quantas comodidades não perderiam se um dia a sabedoria os
20 penetrasse, se eles tivessem somente um grão do sal de que fala Cristo! Vede quantas riquezas,
honras, troféus, ofícios, dispensas e impostos, indulgências, cavalos, mulas, guardas e prazeres
[…] deveriam ser substituídos pelos jejuns, vigílias, lágrimas, orações, sermões, estudos,
penitências e mil outros incómodos enfadonhos. […]
Hoje, os papas entregam as dificuldades e encargos da sua missão a São Pedro e a São Paulo,
25 que esses têm tempo para isso, guardando apenas as honras e os prazeres. […] julgam
contentar Cristo mostrando-se na sua pompa ritual e quase teatral, revestidos com os títulos de
Beatitude, de Reverência, de Santidade, e brincando aos bispos nas cerimónias, espalhando
bênçãos e anátemas1.
Erasmo de Roterdão, O Elogio da Loucura, Ed. Cosmos, 2000.
1. Reprovação e condenação de tudo e todos que contrariam as verdades do Evangelho de Cristo.
A excomunhão, por exemplo, é uma forma de anátema.
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A rutura religiosa
Doc. 1 Sentença da Faculdade de Teologia Sagrada da Universidade Colónia,
30 de agosto de 1519
A pedido da Universidade de Lovaina, os teólogos da Universidade de Colónia analisam uma obra que
compila vários escritos de Martinho Lutero.
A todos e a cada qual que vierem a ver e ouvir esta nossa carta, saúdam o decano e a Faculdade de
Sagrada Teologia de Colónia com sincera recomendação. […]
Há poucos dias, [os teólogos] da Faculdade de Sagrada Teologia da insigne Universidade de Lovaina
[…] fervorosos no zelo da fé, nos enviaram por seu próprio mensageiro […] um livro impresso sob o
5 nome de certo frei Martinho Lutero. E nos solicitaram […] nos dignássemos a examinar e analisar o
referido livro – do qual ouviram que ofendia gravemente os ouvidos de muitos fiéis em Cristo […].
Correspondendo a tão santos desejos encarregamos alguns dos nossos mestres de analisar o livro
supramencionado, que contém 488 páginas, de acordo com o número nelas impresso.
Depois de um exame das mesmas, constatamos claramente que, no que diz respeito aos assuntos e
10 matérias editadas pelo frei Martinho Lutero […], o livro contém vários erros em assuntos de fé e de
moral, e doutrinas divergentes dos santos mestres. Em especial: difama as santas obras das pessoas
merecedoras da vida eterna e lhes atribui culpa, como se não pudessem ser feitas sem culpa […]
pervertendo as Sagradas Escrituras. […] Anula o sacramento da Penitência […] dando conselhos
perversos acerca do sacramento da Confissão, contrários à antiga doutrina. […] Anula pertinazmente o
15 tesouro das indulgências, o qual aprovaram, desde tempos antigos, não somente os decretos dos
papas, mas também os sagrados concílios, por meio de afirmações ímpias e blasfemas contra os
santos e os méritos dos santos; dissemina erros abomináveis acerca das penas do purgatório e do
estado das almas depois desta vida. […] Também defende ideias erróneas contra o privilégio e o
primado da Igreja Romana sobre as demais igrejas do Globo, ideias há muito condenadas como
heréticas; censura publicamente, de forma escandalosa e irreverente a Santa Sé Apostólica e diminui
20
impudicamente a autoridade do Sumo Pontífice; […] e o livro contém inúmeras outras coisas
escandalosas não diferentes destas e inclusive mais graves e perniciosas.
Por isso […] visto que o referido livro está tão cheio de escândalos, erros e heresias já há muito
condenadas, deve, com justiça, ser eliminado como sendo nocivo à comunidade de fiéis, o seu
25 uso deve ser proibido e deve ser queimado publicamente por aqueles a quem compete cuidar
disso, e o seu autor deve ser obrigado a retratar-se 1 publicamente.
Em Martinho Lutero, Obras Selecionadas, Vol. 2, Comissão Interluterana de Literatura São
Leopoldo (adaptado).
1. Desdizer-se.
1. Entre os escritos de Martinho Lutero, a que alude o documento, conta-se
a) Elogio da Loucura.
b) 95 Teses contra as Indulgências.
c) A Utopia.
d) Discurso sobre a Dignidade do Homem.
Coluna A Coluna B
4. Nomeie a invenção alemã que favoreceu a divulgação das obras de Martinho Lutero.
5. Esclareça dois aspetos da situação que esteve na base da rutura religiosa evidenciada
no documento.
Pelo menos um dos aspetos deve estar articulado com excertos relevantes do documento.
Não podemos alcançar a remissão do pecado e a justiça diante de Deus por mérito, obra e satisfação
nossos. […] As nossas obras não nos podem reconciliar com Deus e obter graça; pelo contrário, isso
sucede apenas pela fé quando cremos que os pecados nos são perdoados por amor de Cristo, o qual
é o único mediador que pode reconciliar o Pai. […]
5 Da Ceia do Senhor [sacramento da Eucaristia ou Comunhão] se ensina que o verdadeiro corpo e o
verdadeiro sangue de Cristo estão verdadeiramente presentes sob a forma do pão e do vinho e são
nela distribuídos e recebidos. […]
Da confissão se ensina que se deve considerar a privata absolutio2, não a deixando cair em desuso na
igreja, ainda que na confissão seja desnecessário enumerar todos os maus atos e pecados, porque tal
10 é impossível. […]
Do culto aos santos os nossos ensinam que devemos lembrar-nos deles para fortalecer a nossa fé ao
vermos como receberam graça e foram ajudados pela fé; e, além disso, a fim de que tomemos como
exemplo as suas boas obras […]. Entretanto, não se pode provar pela Escritura que se devem invocar
os santos ou procurar auxílio junto a eles […] “Há um só reconciliador e mediador entre Deus e os
15 homens: Jesus Cristo”. […]
Houve no mundo […] poderosa queixa a respeito dos sacerdotes que não foram capazes de se
manterem castos […]. Para evitar tanto escândalo, alguns sacerdotes entre nós entraram no estado
matrimonial. Com razão indicam que a isso foram impelidos por grande aflição de suas consciências e
pelo facto de a Escritura testemunhar claramente que o estado matrimonial foi instituído pelo Senhor
20 Deus para evitar impureza, como diz Paulo: “Por causa da impureza cada um tenha a sua própria
esposa.” […]. E Cristo bem sabia que poucas pessoas têm o dom da castidade. […] Como nenhuma
lei humana pode modificar o pensamento de Deus, também nenhum voto pode alterar o preceito
divino. […]
Confissão de Augsburgo (1530), em www.teologia.org.br/estudos/confissao_de_augsburgo
1. Trata-se do credo luterano, redigido pelo humanista Melanchton e levado ao imperador Carlos V, na Dieta de Ausburgo,
pelos príncipes alemães que tinham aderido à Reforma.
2. Significa “absolutamente privada”, isto é, tendo apenas o sacerdote como ouvinte. Pretendia-se contrariar a confissão pública
advogada pelos reformistas radicais.
Doc. 3 Princípios e práticas do catolicismo defendidos no Concílio de Trento (1545-1563)
Se alguém disser que o ímpio 1 é justificado apenas pela sua fé, de tal modo que entende que nada
mais é preciso para cooperar na graça com vista a obter a justificação […], que seja excomungado.
[…]
Se alguém disser que os sacramentos da nova Lei não foram instituídos por Nosso Senhor Jesus
5 Cristo, ou que há mais ou menos que sete […], que seja excomungado. […]
Se alguém disser que todos os cristãos têm o poder de anunciar a palavra de Deus e de administrar
os sacramentos, que seja excomungado. […]
O Santo Concílio ensina e reconhece que no augusto sacramento da Eucaristia, após a consagração
do pão e do vinho, Nosso Senhor Jesus Cristo, verdadeiro Deus e verdadeiro homem, está contido,
10 verdadeiramente, real e substancialmente sob a espécie destas coisas sensíveis […] e se produz uma
conversão de toda a substância do pão na substância do corpo de Cristo Nosso Senhor, e de toda a
substância do vinho na substância do seu sangue. Esta conversão foi convenientemente chamada
pela Igreja Católica de transubstanciação. […]
É necessário que os penitentes exponham em confissão todos os pecados mortais de que se lembrem
15 depois de um minucioso exame de consciência […] Também é considerado impiedoso dizer que a
Confissão que se obriga a fazer nestes termos é impossível, assim como chamá-la porto de tormento
das consciências, pois é evidente que apenas é pedido pela Igreja aos fiéis, que depois de ter feito um
bom exame de consciência, e explorado todos os subterrâneos de sua memória, confesse os pecados
que se lembre de ter ofendido mortalmente a Deus e Senhor. […]
20 Se alguém disser que os clérigos constituídos nas sagradas ordens, ou que professaram solenemente
a castidade, podem contrair matrimónio e que se o contraírem ele é válido, não obstante a lei
eclesiástica e o voto, seja excomungado. […]
Ordena o Santo Concílio a todos os Bispos, e demais pessoas que tenham o encargo ou obrigação de
ensinar, que instruam com exatidão aos fiéis sobre a intercessão e invocação dos santos, honra das
25 relíquias e uso legítimo das imagens, ensinando-lhes que os santos que reinam juntamente com
Cristo, rogam a Deus pelas pessoas, e que é útil e bom invocá-los humildemente, e recorrer às suas
orações, intercessão e auxílio. […]
Decretos do Concílio de Trento (1545-1563), em L. Gothier e A. Troux, Les Temps Modernes, tomo III,
Paris, H. Dessain, 1967
e http://agnusdei.50webs.com/trento.htm
1. Aquele que ofende a moral e a justiça, que é cruel ou pecador.
1. Identifique a lei através da qual o rei Henrique VIII se tornou o chefe supremo da Igreja
da Inglaterra (Doc. 1B).
Doc. 1 A conquista do Império Inca (1533) Doc. 2 Tratamento infligido aos índios
pelo governador da minas do Potosi 1
manuscrito peruano (1615)
Doc. 3 Jesuítas e frades portugueses no Japão Doc. 4 Uma missão na América espanhola
(século XVI) (século XVI)
1. O Doc. 1 retrata o
a) incentivo régio às uniões inter-raciais como meio de enraizamento da presença branca na Índia.
b) êxito da miscigenação resultante do cruzamento entre brancos e indianos.
c) apoio e a bênção da Igreja à expansão ibérica na Ásia.
d) impulso da missionação como estratégia de aculturação dos indianos.
Na sua resposta, integre, pelo menos, uma informação relevante de cada um dos
documentos 1 a 4.