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QUESTÕES POR MÓDULO

MÓDULO 3 – A ABERTURA EUROPEIA AO MUNDO – MUTAÇÕES NOS


CONHECIMENTOS, SENSIBILIDADES E VALORES NOS SÉCULOS XV E XVI
Unidade 1 – A geografia cultural europeia de Quatrocentos e Quinhentos

A geografia cultural europeia de Quatrocentos e Quinhentos

Doc. 1 A imprensa na Europa dos séculos XV e XVI Doc. 2 A artilharia (século XVI)

Doc. 3 Dois testemunhos sobre a introdução Doc. 4 O Reino de Portugal na


da imprensa (2.ª metade do século XV) primeira metade do século XVI

A Lisboa vimos crescer


em povos, e em grandeza,
Que ações de graças não nos prestará o mundo
e muito se enobrecer 
literário e cristão! Pois não é uma grande glória
em edifícios, riqueza,
para Vossa Santidade ter conseguido que os
5 em armas e em poder.
menos abastados formem uma biblioteca com
Porto e trato1 não há tal, 
5 poucas despesas e comprem por vinte escudos
A terra não tem igual 
volumes perfeitos que, tempos atrás, se obtinham
Nas frutas, nos mantimentos,
por cem e, ainda por cima, cheios de erros dos
Governo, bons regimentos
copistas.
10 Lhe faltam.
Louvor ao Papa Paulo II, introdutor da imprensa em Roma em
1467, pelo bispo Jean André de Bassi.
Vimos muito espalhar
portugueses no viver,
Brasil, ilhas povoar
B e às Índias ir morar,
15 natureza lhes esquecer:
Agora chega à luz do dia tudo o que escreveram vemos no reino meter
Gregos e Latinos. O céu está revelado, a Terra tantos cativos crescer,
explorada e o que existe nos quatro cantos do e irem-se os naturais,
5 mundo também doravante nos será possível, que se assim for, serão mais 
mediante esta arte alemã que nos ensinou a 20 eles que nós, a meu ver.
servirmo-nos das letras impressas. Garcia de Resende (1470-1536)
– Miscelânea (adaptado).
Konrad Celtis (1459-1508), humanista alemão. 1. Comércio.
1. A imprensa (Doc. 1) é
a) a produção de escritos em oficinas tipográficas através dos caracteres metálicos e da prensa móvel
inventados pelo alemão Gutenberg, em meados do século XV, em Mogúncia.
b) uma invenção de Gutenberg, de meados do século XV, que se expandiu rapidamente a partir
de Veneza, multiplicando-se as oficinas tipográficas por toda a Europa.
c) um processo de produção em massa de livros, que remonta ao século XVIII e se espalhou
rapidamente pela Europa e pelo mundo.
d) a designação dada ao conjunto de meios da comunicação com função informativa.

2. Associe os excertos do Doc. 3 A, citados na coluna A, às vantagens da invenção


da imprensa apresentadas na coluna B.
Escreva na folha de respostas as letras e os números correspondentes. Utilize cada letra e
cada número apenas uma vez.

Coluna A Coluna B

a) “[…] formem uma biblioteca […]” (linha 4). 1) Eliminação dos erros dos copistas.
b) “[…] ações de graças nos prestará o 2) Difusão das obras dos autores
mundo literário e cristão!” (linhas 1-2) greco-latinos.
c) “[…] poucas despesas […]” (linhas 4-5) 3) Embaratecimento e acessibilidade dos
livros às camadas sociais menos
d) “[…] volumes perfeitos […]” (linhas 5-6)
abastadas.
4) Difusão da literatura humanista e da
literatura religiosa cristã.
5) Melhor apetrechamento das bibliotecas.

6) Divulgação dos novos conhecimentos


geográficos e cosmográficos.

7) Expansão cultural e intercâmbio de


ideias e dos saberes.

3. Apresente dois aspetos do Reino de Portugal na primeira metade do século XVI.


Um dos aspetos deve ser articulado com excertos do documento 4.

4. Desenvolva o tema O dinamismo civilizacional europeu nos séculos XV-XVI,


apresentando três elementos de cada um dos seguintes tópicos de orientação:
 fatores que contribuíram para o dinamismo civilizacional;
 centros culturais.
Na sua resposta, integre, pelo menos, uma informação relevante de cada um dos
documentos 1 a 4.
MÓDULO 3 – A ABERTURA EUROPEIA AO MUNDO – MUTAÇÕES NOS
CONHECIMENTOS, SENSIBILIDADES E VALORES NOS SÉCULOS XV E XVI
Unidade 2 – O alargamento do conhecimento do mundo

Portugal na abertura europeia ao mundo (séculos XV e XVI)

Doc. 1 A Rua Nova dos Mercadores na Lisboa de Quinhentos – pintura anónima holandesa,
c. 1570-1620, óleo sobre tela

Doc. 2 As navegações portuguesas segundo  


Doc. 3 Representação cartográfica do Brasil,
o cosmógrafo Pedro Nunes (1537) por Pedro Reinel, Jorge Reinel e Lopo
Homem (1519) – Atlas Miller
Não há dúvida de que as navegações deste
reino, de cem anos a esta parte, são as maiores,
mais maravilhosas, […] que as de nenhuma
outra gente do mundo. Os Portugueses ousaram
5 o grande mar Oceano. Entraram por ele sem
nenhum receio. Descobriram novas ilhas, novas
terras, novos mares, novos povos e, o que é
mais, novo céu e novas estrelas.
[…] Tiraram-nos de muitas ignorâncias e
10 mostraram-nos ser a Terra maior que o mar1, e
haver aí antípodas2, de que até os santos
duvidavam; e que não há região, que nem por
quente, nem por fria, se deixe habitar. E que,
num mesmo clima e a igual distância da
15 equinocial3, há homens brancos e pretos e de
mui diferentes qualidades […].
Pedro Nunes, Tratado de Esfera (1537), em Luís de
Albuquerque, Os Descobrimentos Portugueses,
Lisboa, Alfa, 1985

1. Trata-se de um erro renascentista, pois não se tinha


ainda em conta a real dimensão do Pacífico.
2. Pontos diametralmente opostos na superfície
da Terra.
3. Equador.

1. A Rua Nova dos Mercadores na Lisboa de Quinhentos (Doc. 1) testemunha


a) a renovação urbanística após o terramoto que destruiu a cidade.
b) as inovações náuticas e cartográficas que acompanharam os Descobrimentos portugueses.
c) o florescimento cultural português durante o Renascimento.
d) o cosmopolitismo de Lisboa enquanto metrópole comercial que interligava a Europa, a África, a Ásia
e a América.

2. Refira três aspetos do contributo português para o conhecimento do mundo


nos séculos XV e XVI.
Dois dos aspetos devem ser fundamentados com elementos relevantes dos documentos 1 a
3.

3. Identifique o saber construído pelos Portugueses que resultou de observações


e descrições empíricas da Natureza.

4. Ordene cronologicamente as seguintes inovações técnico-científicas que marcaram


o alargamento do conhecimento do mundo pelos Europeus nos séculos XV e XVI.
Escreva, na folha de respostas, a sequência correta das letras.
a) Utilização da nau na primeira viagem de Vasco da Gama à Índia.
b) Defesa do heliocentrismo por Copérnico.
c) Início da utilização da caravela para a navegação à bolina.
d) Primeira representação do litoral brasileiro, no Planisfério de Cantino, dois anos após a descoberta
do Brasil.
e) Utilização de tábuas de declinação solar no tempo de D. João II.
Progressos da cartografia na Época Moderna

Doc. 1 Planisfério de Nicolau, o Germânico, Doc. 2 Planisfério do famengo Abraham


publicado em Ulm, em 1482 Ortelius, 1579

1. Compare a visão geográfica de Ptolomeu (Doc. 1) com a visão geográfica de A. Ortelius


(Doc. 2), quanto a três aspetos em que se opõem.
Fundamente a sua resposta com elementos relevantes dos dois documentos.

2. Apresente dois progressos da cartografia europeia no século XVI.


Um desses progressos deve ser fundamentado com informação dos documentos.
O contributo português para o alargamento do conhecimento
do mundo no Renascimento

Doc. 1 O conhecimento botânico de Garcia de Orta (1563)

Na passagem seguinte da obra Colóquios, o médico e botânico Garcia de Orta (1500-1568) trava
um curioso diálogo com o seu discípulo Ruano.
RUANO – Não é fora de razão, pois tantos trabalhos os Portugueses levam por haver toda a
pimenta à sua mão […], que me digais onde é a força e a quantidade dela maior, e como se
chama nas terras donde nasce, e mais como se chama em arábio, e como se colhe, e a feição da
árvore, e se é cá usada para medicina.
5 ORTA – A maior quantidade desta pimenta há em todo o Malabar e ao longo desta costa, do
princípio do cabo do Comorim até Cananor [na Índia] […].
RUANO – Da feição da árvore, como cresce e como se cria toda a pimenta em uma árvore me
dizei; pois nisto concordam os Gregos, Latinos e Arábios todos e os novos escritores que hoje em
dia escrevem.
10 ORTA – Todos a uma voz se concertaram a não dizer verdade, se não que Dioscórides 1 é digno
de perdão, porque escreveu por falsa informação, e de terras longínquas, e o mar não ser
navegado como agora é; e a esse imitou Plínio 2, e Galeno3, e Isidoro4, e Avicena5 e todos os
Arábios. E mais os que agora escrevem, como António Musa 6 e os frades, têm maior culpa, pois
não fazem mais que dizer todos de uma maneira, sem fazer diligência em coisa tão sabida, como
15 é a feição da árvore e a fruta, e como amadurece e como se colhe.
RUANO – Como, todos esses que dizeis erraram?
ORTA – Sim, se chamais errar a dizer o que não é. […] A pimenta, isto é, a árvore ou planta é
plantada ao pé de outra árvore e pela mor parte [na maior parte das vezes] a vejo sempre
plantada ao pé de alguma arequeira ou palmeira. Tem a raiz pequena e cresce tanto quanto a
20 árvore a que está arrimada [apoiada] e encostada, abraçando-se com a árvore; e a folha não é
muita, nem muito grande, e é mais pequena que a de laranjeira e verde e aguda na ponta e
queima algum pouco [...]; nasce como as uvas em cachos e não difere mais que serem os cachos
da pimenta mais miúdos nos grãos que os das nossas uvas e não serem tão grandes os cachos
25
como os das uvas; e sempre estão verdes até ao tempo em que seque a pimenta e esteja em sua
perfeição e força, que é até meados de janeiro; neste Malabar, a planta é de duas maneiras, uma
que dá pimenta preta e outra branca; e, afora estas, há outra em Bengala, que é da longa.
RUANO – Parece-me que destruís a todos os escritores antigos e modernos, por isso olhai o que
fazeis.
Garcia de Orta, Colóquios dos Simples e Drogas e Coisas Medicinais da Índia, vol. II,
Imprensa Nacional, 1982 (1.a edição em 1563).

1. Médico, botânico e farmacologista greco-romano do século I.


2. Escritor romano do século I, foi autor de História Natural, compêndio do conhecimento científico antigo.
3. Médico famoso do mundo romano, viveu nos séculos II-III.
4. Bispo de Sevilha, viveu nos séculos VI-VII, distinguindo-se pela transmissão do saber clássico
no reino visigodo.
5. Sábio islâmico dos séculos X-XI, cujos conhecimentos médicos e farmacêuticos foram estudados
nas universidades medievais.
6. Médico e botânico italiano (1500-1555).

1. O conhecimento botânico transmitido por Garcia de Orta a Ruano (documento) resultou


a) do estudo das obras dos sábios greco-romanos, especialmente admirados no Renascimento.
b) do respeito escrupuloso pelos ensinamentos da Igreja.
c) dos escritos de outros sábios renascentistas.
d) da observação e descrição da Natureza, proporcionada pelas Descobertas marítimas.

2. Quando Garcia de Orta foi médico de D. João III, Lisboa era uma metrópole comercial
do mundo com a qual rivalizava a cidade de
a) Barcelona.
b) Sevilha.
c) Madrid.
d) Londres.

3. Transcreva duas afirmações do documento que reflitam o exercício do espírito


crítico renascentista.

4. Associe os nomes dos sábios portugueses, presentes na coluna A, às frases que os


identificam e constam da coluna B.
Cada frase deve ser associada apenas a um dos nomes.
Escreva, na folha de respostas, apenas as letras e os números que lhe correspondem.

Coluna A Coluna B

a) D. João de Castro. 1) Militar, navegador e cosmógrafo,


escreveu o Esmeraldo de Situ Orbis.
b) Garcia de Orta.
2) Foi um estudioso do magnetismo terreste.
c) Duarte Pacheco Pereira.
3) Era cristão-novo e os estudos que o
celebrizaram foram efetuados na Índia.
4) Escreveu que “a experiência é madre
das cousas.”
5) Especialista em náutica astronómica,
celebrizou-se como autor dos Roteiros.

6) Alertou para as incorreções das


observações meramente baseadas nos
sentidos, defendendo o recurso aos
cálculos matemáticos.

7) Os seus conhecimentos náuticos


permitiram-lhe intervir nas negociações
do Tratado de Tordesilhas.
MÓDULO 3 – A ABERTURA EUROPEIA AO MUNDO – MUTAÇÕES NOS
CONHECIMENTOS, SENSIBILIDADES E VALORES NOS SÉCULOS XV E XVI
Unidade 3 – A produção cultural

Elites sociais e humanismo no tempo do Renascimento

Doc. 1 Nicolau Nicoli, um florentino da primeira metade do século XV

Nicolau era de boas famílias; era um dos quatro filhos dum rico mercador […]. Por vontade de
seu pai, entrou no comércio ainda jovem […]. Depois da morte do pai [largou os negócios] para
fazer o que lhe agradava. Senhor duma bela fortuna, estudou as letras latinas, em que se tornou
rapidamente muito instruído […] trabalhou muito o latim e o grego [...]. Era um belo homem [...]
5 sorridente e de agradável convívio. Nunca se casou para não ser perturbado nos seus estudos
[...]. Era muito exigente com a alimentação, como em tudo o mais, fazia servirem-lhe as refeições
em belas travessas antigas. Tinha a mesa carregada de vasos de porcelana e bebia por uma taça
de cristal ou talhada numa bela pedra [...]. Nicolau era conhecido no mundo inteiro, e aqueles que
queriam dar-lhe prazer enviavam-lhe estátuas de mármore, vasos antigos, esculturas, inscrições
10 em mármore, quadros pintados por mestres célebres e mosaicos. Tinha um belo mapa do mundo
com todas as indicações de lugares e numerosas ilustrações da Itália e da Espanha [...]. Tinha
um grande conhecimento de todas as partes do mundo [...]. A sua casa estava sempre cheia de
homens distintos e de jovens notáveis da cidade. Quanto aos estrangeiros que vinham nessa
época a Florença, todos pensavam que se não visitassem Nicolau ficariam sem conhecer
15 Florença [...]. Tinha uma bela biblioteca e procurava todos os livros raros, sem olhar ao seu preço
[...]. Vendeu várias das suas propriedades e gastou o dinheiro com a sua biblioteca [...]. Além das
suas notáveis qualidades, tinha uma opinião esclarecida não somente sobre as letras mas
também sobre a pintura e a escultura. Possuía em sua casa grande número de medalhas de
bronze, de prata e de ouro, assim como figurinhas antigas de cobre e bustos de mármore [...].
20 Nicolau encorajava sempre os estudantes bem dotados a prosseguir na carreira literária e
ajudava generosamente todos aqueles que mostravam qualidades, fornecendo-lhes professores
e livros, pois nessa época não eram tão numerosos como hoje. Pode dizer-se que ele fez reviver
as letras gregas e latinas em Florença, onde estavam há muito tempo esquecidas e, se bem que
Petrarca, Dante e Bocaccio tivessem tentado reabilitá-las, não tinham ainda atingido a
25 importância que obtiveram graças aos trabalhos de Nicolau; com efeito, ele levava muitos dos
seus contemporâneos a estudar as letras e, persuadidos por ele, numerosos eruditos vieram a
Florença estudar e ensinar [...]. Nicolau protegia os pintores, os escultores, os arquitetos, bem
como os homens de letras, e tinha um profundo conhecimento das suas técnicas. Favoreceu
particularmente Filippo Brunelleschi, Donatello, Lucca della Robbia, Lorenzo di Bartuloccio e
conhecia-os intimamente.
Vespasiano da Bistici, Vida dos Homens Ilustres, em G. de Freitas, 1975
− 900 Textos e Documentos de História, Lisboa, Ed. Plátano, vol. II.

1. Nicolau Nicoli (documento) apresenta-se como um exemplo de sociabilidade das elites


cortesãs e burguesas renascentistas na medida em que
a) foi um bem-sucedido homem de negócios.
b) criou uma corte famosa, que rivalizava com as cortes de reis e papas, na qual os homens de letras
e os artistas eram protegidos.
c) sobressaiu pela civilidade, pelos conhecimentos literários e artísticos e pela proteção
das atividades culturais.
d) sobressaiu pelos talentos físicos e intelectuais.
2. A descrição que Vespasiano da Bistici faz de Nicolau Nicoli (documento) evidencia o
ideal renascentista conhecido pelo nome de
a) espírito crítico.
b) consciência da modernidade.
c) antropocentrismo.
d) teocentrismo.

3. Transcreva uma afirmação do documento que reflita a prática de mecenato


por Nicolau Nicoli.

4. Explicite três das características que marcaram o Humanismo renascentista.


Duas dessas características devem ser fundamentadas com excertos relevantes
do documento.

O restauro dos estudos humanísticos na segunda metade


do século XV

Doc. 1 Carta de Guillaume Fichet (1472)

Guillaume Fichet, doutor de Teologia em Paris, ao muito sábio Robert Gaguin, saúde.
Dá-me uma enorme alegria, grande erudito Robert, ver florescer nesta cidade as musas 1 e todos os
ramos da eloquência que a época precedente ignorou. Pois, quando ainda adolescente, troquei a minha
aldeia por Lutécia2 a fim de estudar Aristóteles, interrogava-me se não encontraria mais facilmente na
5 cidade uma fénix3 do que um poeta ou um orador. Enquanto agora muitos o fazem, dantes ninguém
folheava Cícero4, ninguém inventava poesia com regras, ninguém sabia colocar as pausas métricas nos
poemas que outros compunham. Tendo perdido o hábito da latinidade, quase toda a escola de Paris
tinha caído na rusticidade da linguagem.
Mas sinais bem melhores marcam os nossos dias […]. Tu distingues-te de tal maneira pelas musas e por
10 toda a espécie de poesia que, seguramente, Tibulo, Lucrécio, Horácio, Ovídio, Estácio, Lucano, Marcial,
Perseu e Juvenal e, mesmo, Virgílio […] julgariam que a tua poesia era a deles. […] Mas não é o
momento de falar dos teus estudos em particular. Refiro-me ao restauro dos estudos humanísticos em
geral.
A eles, tanto quanto posso conjeturar, a nova espécie de livros trouxe uma grande luz, livros que a
15 Germânia, semelhante a um cavalo de Troia, espalha por toda a parte. Lá, com efeito, não longe da
cidade de Mogúncia, viveu um certo João, de apelido Gutenberg: primeiro que todos, ele inventou a
imprensa, através da qual os livros se fazem, não com o cálamo 5, como os Antigos, nem com a pena, e
isto de uma forma cómoda, elegante e bela. Sem dúvida, este homem foi digno de receber os louvores
de todas as musas, de todas as artes e de todos aqueles que ficam encantados com os livros. […] Este
20 Gutenberg teve qualquer coisa de divino e de excelente ao esculpir as letras com que podemos escrever
e transcrever para a posterioridade tudo aquilo que possa ser dito ou pensado.
Guillaume Fichet – “Epístola dirigida a Robert Gaguin a 1 de janeiro de 1472, a propósito da introdução  da imprensa em Paris”,
em Ch.-M. de la Roncière, Ph. Contamine, R. Delort – L’Europe au Moyen Âge, Paris, Armand Colin, T. 3, 1971.

1. Divindades que, segundo a mitologia romana, presidiam às letras, ciências e artes liberais.
2. Nome dado pelos romanos a Paris.
3. Ave lendária, que vive muitos séculos e renasce das cinzas.
4. Orador e filósofo romano dos sécs. II-I a. C.
5. Caule de planta utlizado para escrever.
1. Associe os excertos do documento, citados na coluna A, às práticas humanistas
apresentadas nas frases da coluna B.
Todas as frases da coluna B devem ser utilizadas. Cada frase deve ser associada apenas a
um dos excertos.

Coluna A Coluna B

a) “hábito da latinidade” (linha 7) 1) Impulsionou o crescimento da produção


livreira e a criação de bibliotecas.
b) “a tua poesia era a deles “(linha 11)
2) Foi um dos géneros literários
c) “Gutenberg teve qualquer coisa de
clássicos imitados.
divino” (linhas 18-19)
3) Conduziu ao estudo da cultura
d) “restauro dos estudos humanísticos” greco-romana.
(linha 12)
4) O currículo humanístico recuperou-o,
juntamente com o estudo da língua grega.
5) Incluiu também o estudo das Sagradas
Escrituras.

6) Disciplina imprescindível nos currículos


humanísticos, juntamente com a Filosofia,
o Teatro, a Oratória, a História, o Direito.

7) A excelência do ser humano foi valorizada.

2. Na opinião de Guillaume Fichet, os “sinais bem melhores” que “marcam” o século XV


(linha 9) são
a) a conciliação dos valores clássicos com os valores cristãos.
b) a criação de obras literárias inspiradas nos autores greco-latinos.
c) a paixão pelas Sagradas Escrituras.
d) o florescimento das línguas e literaturas nacionais.

3. De acordo com o documento, os estudos humanísticos restaurados em Paris,


na segunda metade do século XV, foram:
a) a Poesia, a Oratória, a Filosofia e a História.
b) as línguas antigas (grego, latim e hebraico) e respetivas gramáticas.
c) o Latim, a Literatura em prosa e em verso e a Teologia.
d) o Latim e respetiva gramática, a Poesia, a Oratória e a Filosofia.

4. Explique um motivo para o elogio de Guillaume Fichet a Gutenberg.


Esse motivo deve ser fundamentado com excertos do documento.
Um novo espaço pictórico nos séculos XV-XVI

Doc. 1 Cimabue, A Virgem e os Anjos, Doc. 2 Rafael, La Belle Jardinière, óleo


têmpera sobre madeira, c. 1270 sobre madeira, 1507

1. Apresente três características renascentistas de La Belle Jardinière (Doc. 2), opondo-as


ao evidenciado em A Virgem e os Anjos (Doc. 1).

2. Nomeie um precursor da pintura renascentista.

3. O pintor Rafael é um dos artistas do chamado


a) Maneirismo italiano.
b) Quattrocento.
c) Cinquecento.
d) Trecento.

A reinvenção das formas artísticas no tempo


do Renascimento

Doc. 1 Um túmulo medieval: túmulo com estátua jacente do cavaleiro Fernão Sanches, em arenito
e calcário (primeira metade do século XIV) – Museu Arqueológico do Carmo, Lisboa
Doc. 2 Um túmulo renascentista: túmulo de Lourenço de Médicis, duque de Urbino, executado
em mármore por Miguel Ângelo (1521-1534) – Igreja de São Lourenço, Florença

Lourenço de
Médicis

Crepúsculo

Alvorada

Doc. 3 Preferências de um arquiteto renascentista: Andrea Palladio (1508-80)

Desde a minha juventude senti-me naturalmente inclinado para o estudo da arquitetura e, como
acreditava na excelência dos Romanos em várias áreas, estimei que na arte de construir eles
ultrapassassem todos os que se lhes seguiram. Por este motivo, tomei Vitrúvio 1 como mestre e
como guia […] e parti, com curiosidade, à descoberta e à observação das relíquias de todos os
5 velhos edifícios que, apesar do tempo e da brutalidade dos Bárbaros, ainda nos restam. E, quanto
mais admiráveis eles me pareciam, fiz um estudo muito exato de cada uma das suas partes,
dirigindo-me a diversos locais, tanto na Itália como fora, a fim de conceber, através do que resta, o
que foi o conjunto, e transpô-lo para o desenho. […]
Andrea Palladio, Quatro Livros de Arquitetura, 1570.
1. Arquiteto romano do século I a. C.

Doc. 4 Villa Rotonda, projeto de Andrea Palladio, Doc. 5 Portal manuelino da Igreja Matriz de
Vicenza, 1552 Viana do Alentejo, projeto de Diogo de
Arruda, primeira metade do século XVI

1. Associe cada um dos conceitos artísticos presentes na coluna A à característica


correspondente, que consta na coluna B.
Escreva, na folha de respostas, apenas as letras e os números correspondentes. Utilize cada
letra e cada número apenas uma vez.

Coluna A Coluna B

a) Naturalismo 1) Perceção de afastamento dada por linhas


que convergem para o ponto de fuga.
b) Perspetiva linear
2) Redescoberta do Homem e do indivíduo.
c) Manuelino
3) Preferência estética pelos modelos
greco-latinos.
4) Profusão de arcos.
5) Espontaneidade dos gestos e
verosimilhança das vestes e dos cenários.

2. Compare os dois modelos escultóricos de representação da figura humana, expressos


nos documentos 1 e 2, quanto a dois aspetos em que se distinguem.
Fundamente a sua resposta com elementos relevantes dos documentos.

3. A preferências estéticas de Andrea Palladio (Doc. 3) são visíveis na Villa Rotonda


(Doc. 4) através da adoção, entre outros, de
a) uma abóbada de ogivas, colunas e entablamento clássicos.
b) uma cúpula, colunas e entablamento clássicos.
c) uma planta de cruz latina e arcobotantes.
d) arcos trilobados.

4. Desenvolva o tema Os novos caminhos da Arte no tempo do Renascimento,


apresentando três elementos de cada um dos seguintes tópicos de orientação:
 propostas na arquitetura;
 especificidade do Manuelino.

Na sua resposta, integre, pelo menos, uma informação relevante de cada um dos
documentos 3, 4 e 5.
MÓDULO 3 – A ABERTURA EUROPEIA AO MUNDO – MUTAÇÕES NOS
CONHECIMENTOS, SENSIBILIDADES E VALORES NOS SÉCULOS XV E XVI
Unidade 4 – A renovação da espiritualidade e da religiosidade

A crise da Igreja Católica nos inícios da Época Moderna


Doc. 1  Críticas de Erasmo de Roterdão (1511)

LIV – Os monges […] julgam-se pessoas extraordinárias. Estão convencidos de que a piedade
suprema consiste na ignorância e mesmo em nem saber ler. […] Clamam às portas a pedir pão;
enchem os albergues, as carruagens, os barcos, prejudicando assim os verdadeiros mendigos.
Tais são as personagens que, pela sua porcaria, ignorância, grosseria e impudência, julgam
5 recordar os Apóstolos. […]
LVII – Rivais dignos dos príncipes, os soberanos pontífices, os cardeais e os bispos chegam
mesmo a ultrapassá-los. […] Os bispos apenas se preocupam em apascentar-se a si próprios,
deixam o cuidado do rebanho a Cristo […]. Esquecem que a palavra bispo significa trabalho,
vigilância, solicitude. Servem-se apenas de tais qualidades quando pretendem recolher dinheiro,
10 abrindo então os olhos.
LVIII – De igual modo os cardeais deveriam pensar que são os sucessores dos Apóstolos, o que
os obriga a continuar o seu apostolado e a recordarem que não são os donos mas os
distribuidores dos bens espirituais, de que terão de prestar contas rigorosas. […]
LIX – Se os Sumos Pontífices, que estão no lugar de Cristo, se esforçassem por imitá-lo na
15 pobreza, nos trabalhos, na sabedoria, no sofrimento e no desprezo pelas coisas terrenas, se
pensassem que o nome de “Papa” significa “Pai” e considerassem o título de Santíssimo que lhes
é dado, não seriam eles os mais infelizes de todos os homens? Quem gastou todas as suas
riquezas para comprar tal dignidade não terá inevitavelmente de a defender pelo ferro, pelo
veneno, pela violência? Quantas comodidades não perderiam se um dia a sabedoria os
20 penetrasse, se eles tivessem somente um grão do sal de que fala Cristo! Vede quantas riquezas,
honras, troféus, ofícios, dispensas e impostos, indulgências, cavalos, mulas, guardas e prazeres
[…] deveriam ser substituídos pelos jejuns, vigílias, lágrimas, orações, sermões, estudos,
penitências e mil outros incómodos enfadonhos. […]
Hoje, os papas entregam as dificuldades e encargos da sua missão a São Pedro e a São Paulo,
25 que esses têm tempo para isso, guardando apenas as honras e os prazeres. […] julgam
contentar Cristo mostrando-se na sua pompa ritual e quase teatral, revestidos com os títulos de
Beatitude, de Reverência, de Santidade, e brincando aos bispos nas cerimónias, espalhando
bênçãos e anátemas1.
Erasmo de Roterdão, O Elogio da Loucura, Ed. Cosmos, 2000.
1. Reprovação e condenação de tudo e todos que contrariam as verdades do Evangelho de Cristo.
A excomunhão, por exemplo, é uma forma de anátema.

1. Erasmo de Roterdão, o autor de O Elogio da Loucura, sobressaiu como um


a) estadista holandês que criticou fortemente a hierarquia da Igreja Católica.
b) humanista do Renascimento, pai do “humanismo cristão”, cujas críticas abriram caminho à Reforma
da Igreja.
c) reformador protestante que introduziu o calvinismo nas Províncias Unidas.
d) sacerdote da Companhia de Jesus profundamente empenhado na reforma da Igreja Católica.

2. Explicite duas manifestações de crise da Igreja Católica.


As duas manifestações devem ser fundamentadas com informação e excertos relevantes
do documento.
3. Associe outras manifestações de crise da Igreja, que remontavam ao fim dos tempos
medievais (coluna A), às frases que lhes correspondem (coluna B).
Todas as frases apresentadas devem ser utilizadas. Cada frase deve ser associada apenas
a uma das manifestações de crise da Igreja.

Coluna A Coluna B

a) Proliferação de heresias 1) Igreja desunida e decadente, que não apoiava os crentes.


b) Cisma do Ocidente 2) Procurava apaziguar a cólera divina.
c) Procissão de Flagelantes 3) Negação, por um cristão batizado, do valor dos sacramentos.
4) Existência simultânea de um papa em Roma e outro
em Avinhão.
5) Recorria ao açoite com cilícios.
6) Jan Huss defendia uma Igreja nacional desligada da
obediência ao papa.
7) Prática supersticiosa e fanática.

A rutura religiosa
Doc. 1 Sentença da Faculdade de Teologia Sagrada da Universidade Colónia,
30 de agosto de 1519

A pedido da Universidade de Lovaina, os teólogos da Universidade de Colónia analisam uma obra que
compila vários escritos de Martinho Lutero.
A todos e a cada qual que vierem a ver e ouvir esta nossa carta, saúdam o decano e a Faculdade de
Sagrada Teologia de Colónia com sincera recomendação. […]
Há poucos dias, [os teólogos] da Faculdade de Sagrada Teologia da insigne Universidade de Lovaina
[…] fervorosos no zelo da fé, nos enviaram por seu próprio mensageiro […] um livro impresso sob o
5 nome de certo frei Martinho Lutero. E nos solicitaram […] nos dignássemos a examinar e analisar o
referido livro – do qual ouviram que ofendia gravemente os ouvidos de muitos fiéis em Cristo […].
Correspondendo a tão santos desejos encarregamos alguns dos nossos mestres de analisar o livro
supramencionado, que contém 488 páginas, de acordo com o número nelas impresso.
Depois de um exame das mesmas, constatamos claramente que, no que diz respeito aos assuntos e
10 matérias editadas pelo frei Martinho Lutero […], o livro contém vários erros em assuntos de fé e de
moral, e doutrinas divergentes dos santos mestres. Em especial: difama as santas obras das pessoas
merecedoras da vida eterna e lhes atribui culpa, como se não pudessem ser feitas sem culpa […]
pervertendo as Sagradas Escrituras. […] Anula o sacramento da Penitência […] dando conselhos
perversos acerca do sacramento da Confissão, contrários à antiga doutrina. […] Anula pertinazmente o
15 tesouro das indulgências, o qual aprovaram, desde tempos antigos, não somente os decretos dos
papas, mas também os sagrados concílios, por meio de afirmações ímpias e blasfemas contra os
santos e os méritos dos santos; dissemina erros abomináveis acerca das penas do purgatório e do
estado das almas depois desta vida. […] Também defende ideias erróneas contra o privilégio e o
primado da Igreja Romana sobre as demais igrejas do Globo, ideias há muito condenadas como
heréticas; censura publicamente, de forma escandalosa e irreverente a Santa Sé Apostólica e diminui
20
impudicamente a autoridade do Sumo Pontífice; […] e o livro contém inúmeras outras coisas
escandalosas não diferentes destas e inclusive mais graves e perniciosas.
Por isso […] visto que o referido livro está tão cheio de escândalos, erros e heresias já há muito
condenadas, deve, com justiça, ser eliminado como sendo nocivo à comunidade de fiéis, o seu
25 uso deve ser proibido e deve ser queimado publicamente por aqueles a quem compete cuidar
disso, e o seu autor deve ser obrigado a retratar-se 1 publicamente.
Em Martinho Lutero, Obras Selecionadas, Vol. 2, Comissão Interluterana de Literatura São
Leopoldo (adaptado).
1. Desdizer-se.
1. Entre os escritos de Martinho Lutero, a que alude o documento, conta-se
a) Elogio da Loucura.
b) 95 Teses contra as Indulgências.
c) A Utopia.
d) Discurso sobre a Dignidade do Homem.

2. Associe os excertos do documento transcritos na coluna A aos princípios do


Luteranismo enunciados na coluna B.
Escreva, na folha de respostas, apenas cada letra e o único número que lhe corresponde.

Coluna A Coluna B

a) “difama as santas obras das pessoas 1) Batismo e Eucaristia, únicos sacramentos


merecedoras da vida eterna e lhes verdadeiros.
atribui culpa” (linhas 11 e 12)
2) Salvação pela fé e pelas boas obras.
b) “Anula o sacramento da Penitência […]
3) Salvação apenas pela fé.
dando conselhos perversos acerca do
sacramento da Confissão” 4) Negação de todos os sacramentos.
(linhas 13 e 14) 5) Rejeição do culto da Virgem e dos santos.
c) “afirmações ímpias e blasfemas contra
os santos e os méritos dos santos”
(linhas 16 e 17)

3. Transcreva um excerto do texto que evidencie a contestação, por parte de Lutero,


da autoridade do Papa.

4. Nomeie a invenção alemã que favoreceu a divulgação das obras de Martinho Lutero.

5. Esclareça dois aspetos da situação que esteve na base da rutura religiosa evidenciada
no documento.
Pelo menos um dos aspetos deve estar articulado com excertos relevantes do documento.

Culto calvinista e culto católico

Doc. 1 Interior de um templo calvinista Doc. 2 Interior da igreja católica de Gesù em


em Lyon (gravura de c. 1565) Roma (finais do século XVI-século XVII)
1. Compare o culto calvinista e o culto católico, quanto a dois aspetos em que se opõem.
Um desses aspetos, pelo menos, deve ser fundamentado com elementos
dos documentos 1 e 2.

Da Reforma Protestante à resposta da Igreja Católica

Doc. 1 Protagonistas da Reforma Protestante


A B C

Martinho Lutero (1483-1546) Henrique VIII (1491-1547) João Calvino (1509-1564)

Doc. 2 Princípios e práticas do luteranismo defendidos na Confissão de Augsburgo 1 (1530)

Não podemos alcançar a remissão do pecado e a justiça diante de Deus por mérito, obra e satisfação
nossos. […] As nossas obras não nos podem reconciliar com Deus e obter graça; pelo contrário, isso
sucede apenas pela fé quando cremos que os pecados nos são perdoados por amor de Cristo, o qual
é o único mediador que pode reconciliar o Pai. […]
5 Da Ceia do Senhor [sacramento da Eucaristia ou Comunhão] se ensina que o verdadeiro corpo e o
verdadeiro sangue de Cristo estão verdadeiramente presentes sob a forma do pão e do vinho e são
nela distribuídos e recebidos. […]
Da confissão se ensina que se deve considerar a privata absolutio2, não a deixando cair em desuso na
igreja, ainda que na confissão seja desnecessário enumerar todos os maus atos e pecados, porque tal
10 é impossível. […]
Do culto aos santos os nossos ensinam que devemos lembrar-nos deles para fortalecer a nossa fé ao
vermos como receberam graça e foram ajudados pela fé; e, além disso, a fim de que tomemos como
exemplo as suas boas obras […]. Entretanto, não se pode provar pela Escritura que se devem invocar
os santos ou procurar auxílio junto a eles […] “Há um só reconciliador e mediador entre Deus e os
15 homens: Jesus Cristo”. […]
Houve no mundo […] poderosa queixa a respeito dos sacerdotes que não foram capazes de se
manterem castos […]. Para evitar tanto escândalo, alguns sacerdotes entre nós entraram no estado
matrimonial. Com razão indicam que a isso foram impelidos por grande aflição de suas consciências e
pelo facto de a Escritura testemunhar claramente que o estado matrimonial foi instituído pelo Senhor
20 Deus para evitar impureza, como diz Paulo: “Por causa da impureza cada um tenha a sua própria
esposa.” […]. E Cristo bem sabia que poucas pessoas têm o dom da castidade. […] Como nenhuma
lei humana pode modificar o pensamento de Deus, também nenhum voto pode alterar o preceito
divino. […]
Confissão de Augsburgo (1530), em www.teologia.org.br/estudos/confissao_de_augsburgo
1. Trata-se do credo luterano, redigido pelo humanista Melanchton e levado ao imperador Carlos V, na Dieta de Ausburgo,
pelos príncipes alemães que tinham aderido à Reforma.
2. Significa “absolutamente privada”, isto é, tendo apenas o sacerdote como ouvinte. Pretendia-se contrariar a confissão pública
advogada pelos reformistas radicais.
Doc. 3 Princípios e práticas do catolicismo defendidos no Concílio de Trento (1545-1563)

Se alguém disser que o ímpio 1 é justificado apenas pela sua fé, de tal modo que entende que nada
mais é preciso para cooperar na graça com vista a obter a justificação […], que seja excomungado.
[…]
Se alguém disser que os sacramentos da nova Lei não foram instituídos por Nosso Senhor Jesus
5 Cristo, ou que há mais ou menos que sete […], que seja excomungado. […]
Se alguém disser que todos os cristãos têm o poder de anunciar a palavra de Deus e de administrar
os sacramentos, que seja excomungado. […]
O Santo Concílio ensina e reconhece que no augusto sacramento da Eucaristia, após a consagração
do pão e do vinho, Nosso Senhor Jesus Cristo, verdadeiro Deus e verdadeiro homem, está contido,
10 verdadeiramente, real e substancialmente sob a espécie destas coisas sensíveis […] e se produz uma
conversão de toda a substância do pão na substância do corpo de Cristo Nosso Senhor, e de toda a
substância do vinho na substância do seu sangue. Esta conversão foi convenientemente chamada
pela Igreja Católica de transubstanciação. […]
É necessário que os penitentes exponham em confissão todos os pecados mortais de que se lembrem
15 depois de um minucioso exame de consciência […] Também é considerado impiedoso dizer que a
Confissão que se obriga a fazer nestes termos é impossível, assim como chamá-la porto de tormento
das consciências, pois é evidente que apenas é pedido pela Igreja aos fiéis, que depois de ter feito um
bom exame de consciência, e explorado todos os subterrâneos de sua memória, confesse os pecados
que se lembre de ter ofendido mortalmente a Deus e Senhor. […]
20 Se alguém disser que os clérigos constituídos nas sagradas ordens, ou que professaram solenemente
a castidade, podem contrair matrimónio e que se o contraírem ele é válido, não obstante a lei
eclesiástica e o voto, seja excomungado. […]
Ordena o Santo Concílio a todos os Bispos, e demais pessoas que tenham o encargo ou obrigação de
ensinar, que instruam com exatidão aos fiéis sobre a intercessão e invocação dos santos, honra das
25 relíquias e uso legítimo das imagens, ensinando-lhes que os santos que reinam juntamente com
Cristo, rogam a Deus pelas pessoas, e que é útil e bom invocá-los humildemente, e recorrer às suas
orações, intercessão e auxílio. […]
Decretos do Concílio de Trento (1545-1563), em L. Gothier e A. Troux, Les Temps Modernes, tomo III,
Paris, H. Dessain, 1967
e http://agnusdei.50webs.com/trento.htm
1. Aquele que ofende a moral e a justiça, que é cruel ou pecador.

1. Identifique a lei através da qual o rei Henrique VIII se tornou o chefe supremo da Igreja
da Inglaterra (Doc. 1B).

2. Compare os princípios e práticas do luteranismo e do catolicismo, quanto a dois dos


aspetos em que se opõem.
Fundamente a sua resposta com excertos relevantes dos dois documentos.

3. Transcreva uma afirmação do documento 3 que reflita a negação do sacerdócio


universal pelo Concílio de Trento.

4. Refira duas das características do luteranismo que mereceram o acordo


de João Calvino.

5. Ordene cronologicamente os seguintes factos históricos relacionados com a Reforma


Protestante e a resposta da Igreja Católica.
Escreva, na folha de respostas, a sequência correta das letras.
a) Instituição do calvinismo em Genebra.
b) Instituição do anglicanismo, com Isabel I.
c) Bula de excomunhão de Lutero.
d) Abertura do Concílio de Trento.
e) Publicação das 95 teses contra as Indulgências.
MÓDULO 3 – A ABERTURA EUROPEIA AO MUNDO – MUTAÇÕES NOS
CONHECIMENTOS, SENSIBILIDADES E VALORES NOS SÉCULOS XV E XVI
Unidade 5 – As novas representações da humanidade

Encontro de povos ou confronto de culturas?

Doc. 1 A conquista do Império Inca (1533) Doc. 2 Tratamento infligido aos índios
pelo governador da minas do Potosi 1
manuscrito peruano (1615)

Francisco Pizarro1 mandou pesar o ouro e a prata


[do tesouro de Atahualpa2]. Enviou ao rei3, com
direito a um quinto, cerca de 400 mil pesos. Cada
cavaleiro recebeu 8900 pesos de ouro e 370 marcos
5 de prata. […] Francisco Pizarro recebeu mais do que
qualquer outro […].
Atahualpa, completamente irritado, respondeu que
não queria ser tributário, pois era livre […], queria
ser amigo do Imperador4 que devia ser um grande
1 senhor, já que enviava tantas armadas pelo mundo.
0
E não queria obedecer ao Papa, já que este oferecia
o que pertencia a outros 5. Quanto à religião, ele dizia
que a sua era boa e que se encontrava bem com ela
[…]. Afirmava que Jesus Cristo tinha morrido, mas
que o Sol e a Lua jamais morriam.
1
F. Lopez de Gomara, Historia de las Índias, 1568.
5
1. Conquistador espanhol.
2. Soberano inca (1500-1533).
3. Carlos I de Espanha.
4. Carlos I era também imperador da Alemanha, com o nome
de Carlos V.
5. Referência ao direito da Santa Sé de dispor das terras e dos
1. As minas de prata do Potosi localizam-se no Peru,
povos a descobrir, através da emissão de bulas e da intervenção
em território do antigo Império Inca
em tratados entre estados.

Doc. 3 Cenas da colonização espanhola no México entre os Astecas, manuscrito mexicano


de meados do século XVI
1. Compare, com base nas palavras do imperador inca Atahualpa (Doc. 1), os projetos dos
conquistadores espanhóis na América com as expectativas dos índios,
em dois aspetos opostos.

2. Os Docs. 2 e 3 permitem concluir que


a) a presença espanhola na América foi pacífica e integradora dos índios na cultura europeia.
b) o recurso à mão de obra índia fez-se com violência pelos colonizadores espanhóis.
c) os índios foram convertidos pela força ao cristianismo.
d) os europeus eram preconceituosos e racistas em relação aos negros.

A colonização ibérica na Época Moderna

Doc. 1 Casal indo-português em Goa, Doc. 2 A influência portuguesa no Congo,


gravura do século XVI no século XVI

Desde tempos remotos que o rei [do


Congo] e os seus cortesãos se vestiam
com tangas de palma, apertadas com
cintos […]. Cobriam-se com belas capas
5 feitas com delicadas peles de tigre, gato-
bravo e zibelina, mantendo a forma da
cabeça do animal […]. Mas, depois que o
reino foi cristianizado, os grandes da corte
começaram a vestir-se à maneira dos
10 Portugueses, com mantos e tecidos de
seda.
Filippo Pigafetta, Relatione del realme di Congo, 1591.

Doc. 3 Jesuítas e frades portugueses no Japão Doc. 4 Uma missão na América espanhola
(século XVI) (século XVI)
1. O Doc. 1 retrata o
a) incentivo régio às uniões inter-raciais como meio de enraizamento da presença branca na Índia.
b) êxito da miscigenação resultante do cruzamento entre brancos e indianos.
c) apoio e a bênção da Igreja à expansão ibérica na Ásia.
d) impulso da missionação como estratégia de aculturação dos indianos.

2. A missionação portuguesa no Oriente (Doc. 3) revelou-se muito difícil devido à


a) tolerância face às religiões gentílicas.
b) negação ou relutância de formação de um clero indígenas.
c) coexistência pacífica entre as religiões cristã e pagãs.
d) imposição ostensiva e militante da religião cristã e dos padrões culturais europeus.

3. As missões (Doc. 4) eram aldeamentos de índios sob a tutela


a) de missionários indígenas.
b) de associações de defesa dos direitos humanos.
c) de missionários europeus.
d) da Coroa.

4. Identifique, com base no Doc. 2, duas influências portuguesas no Congo.

5. Indique um motivo que levou os ibéricos a criar missões na América.

6. Cite o nome de um defensor, no século XVI, dos direitos dos Índios.


7. Desenvolva o tema Os esforços de enraizamento da presença branca nos impérios
coloniais ibéricos, apresentando dois elementos de cada um dos seguintes tópicos
de orientação:
 contexto em que decorreu o enraizamento da presença branca;
 formas de enraizamento dessa presença.

Na sua resposta, integre, pelo menos, uma informação relevante de cada um dos
documentos 1 a 4.

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