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10º Ano

Poesia Trovadoresca
Passa-se na idade média, entre finais do século XII a meádos do
século XIV, época medieval, marcada pela luta cristã contra os árabes, pela
luta entre leão e castela e por ser uma época bastante religiosa.
A língua utilizada é o galego português, mas não têm a ver com a
matéria geográfica pois mesmo fora da galiza outros poeta usavam a língua
para a criação de poemas.
Os poemas/trovas organizavam-se em cancioneiros. Existem 3 com
vários temas de poemas organizados: o Cancioneiro da ajuda, o Cancio-
neiro da Biblioteca Nacional e o Cancioneiro da Vaticana.
Existem cantigas de 3 tipos: amor, amizade, escárnio e maldizer.
Os temas das cantigas baseiam-se muito nos valores da época que
consistiam na honra, vassalagem, fidelidade/lealdade, hierarquia, cortesia e
vingança.

Cantigas de Amor:
Têm origem em Provença, na França, sendo então importada por nós
e, por isso, um pouco forçado, por ser imitado.
A voz do poeta é masculina, e canta sobre uma mulher ​(normalmente
idealizada (inspiração petrarquista)​, por isso é tão perfeita)​, que não é
especificada, porque normalmente é casada. O protagonista é o trovador.
A cantigas de amor são marcadas pelo:
- amor cortês, onde o “poeta servidor” enaltece a sua Senhor
colocando-a num pedestal, ou seja numa posição superior à sua
- coita de amor, que retrata o sentimento de sofrimento e dor que o
poeta sente pela indiferença e posição de inalcance em que a
Senhor se encontra
- circunstâncias da época, relacionadas com o caráter aristo-
crático, e de corte das cantigas : a vassalagem entre o senhor e
a senhor, a boa educação, a cortesia, etc.
A comparação é o recurso estilístico que mais está presente
Cantigas de Amigo:
Têm origem na galiza, sendo então autóctones.
A voz narrativa é feminina, apesar de ser um trovador que está a
cantar, e a protagonista é quase sempre a donzela “formosa”.
A variedade do sentimento amoroso da donzela varia bastantante nos
poemas podendo estar feliz, triste ou com saudades do amigo.
Cenários recorrentes nas cantigas de amigo são:
- a confidência amorosa da donzela para com a mãe, as amigas, as
irmãs ou até mesmo a natureza
- a sua relação com a natureza, que por vezes é confidente, e por
outras personifica o seu estado de espírito.
- os espaços medievais (espaços naturais, fontes, o rio, os baile) e as
circunstâncias da época (guerras, atividades do quotidianos como ir buscar
água ou lavar a roupa, idas à romarias ou ao santuário)
Trovador, Jogral, Segreis, Jogralesa/Soldadeira.
Regras de trovar: distinguir cantigas de amor e de amigo e as de
escárnio de maldizer. Tenções: Disputas de diálogo, um contra o outro.
Mestria: uma palavra que não rima com as outras.
A personificação é o recurso estilístico que mais está presente.

Cantigas de Escárnio e Maldizer :

A ironia é o recurso estilístico que mais está presente.

Linguagem, Estilo e Estrutura :

Refrão:​ repetição de um ou mais versos no final de cada estrofe


Paralelismo:​ consiste na apresentação da mesmo ideia, mesmo que seja por
outras palavras em versos alternados

Ata-finda:​ ligação sintática na ligação sintática e ideológica entre estrofes


Copla:​ estrofe
Dístico:​ estrofe de dois versos
Dobre:​ repetição ao longo do poema, de palavras no mesmo ponto do verso
ou estrofe
Finda:​ estrofe final de um a três versos, espécie de conclusão, pode ser mais
do que uma
Leixa-pren:​ o verso da estrofe anterior inicia a estrofe seguinte
Mozdobre:​ repetição, ao longo do poema, de formas diferentes da mesma
palavra, no mesmo ponto do verso ou estrofe

Crónicas (Fernão Lopes)


Fernão Lopes teve também funções de cronista, guarda-mor da Torre
do Tombo e escrivão de livros de D. João I e de D. Duarte, acumulando ainda
a função de escrivão de puridade do infante D. Fernando.

A pedido de D. Duarte, Fernão Lopes escreveu a história da primeira


dinastia e do reinado do seu pai, D. João I.
Fernão Lopes afirma que se vai distinguir dos outros cronistas, que
escreviam os retratos com falsidade para agradar o rei. Fernão vai privilegiar
a verdade, baseando-se em testemunhos escritos e cruzando informações
que obteve de variados outros documentos.
É o primeiro investimento na construção da historiografia nacional.
Legitima a nova dinastia, Dinastia de Avis, e a sua subida ao trono,
pela fundamentação dos acontecimentos narrados.

Crónica de D. João I

A primeira parte da crónica vai desde a morte do conde Andeiro


(dezembro de 1383), à aclamação do Mestre de Avis como rei de Portugal
nas cortes de Coimbra (abril de 1385). No decorrer da ação narram-se várias
das peripécias e acontecimentos entre os tempos referidos.
Na segunda parte, a narração vai desde à aclamação do Mestre de
Avis a abril de 1411, com a asinatura do tratado de paz entre Portugal e
Castela. A guerra entre os dois reinos também é narrada.
Protagonistas da Crónica:
⚗ D. Leonor Teles:​ a mulher que gera ódios na população
⚗ D. João (Mestre de Avis):​ homem acarinhado e apoiado pelo povo
⚗ Álvaro País: homem que traz a notícia que estão a matar o mestre e
aclama o auxílio do povo
⚗ Personagem Coletiva:​ o povo

O povo acaba por construir uma afirmação da consciência coletiva por


ser uma personagem que age, mobiliza-se e participa na ação.

Características de escrita da Crónica:


● Escreve de maneira a trazer vivacidade para a obra
● Linguagem coloquial
● Apela ao visual
● Rigor no pormenor

A Farsa de Inês Pereira

“Mais vale um asno que me carregue que um cavalo que me derrube”

Estrutura externa:
Apesar da farsa não ter qualquer divisão em atos e cenas, é possível
estabelecer várias “cenas”, com a entrada e saída de personagens, como é
típico do teatro vicentino.

Estrutura interna:
A farsa estrutura-se a partir de quadros que se vão sucedendo, e que
podem ser organizados da seguinte forma:
Assuntos Quadros temáticos (Episódios)

Exposição Desejo de Inês de 1. Vida de Inês, ainda solteira, com a mãe


(Introdução) se libertar pelo
casamento 2. Conselhos de Lianor Vaz sobre o
casamento

Proposta e recusa 3. Apresentação e entrada de Pero Marques


de casamento
Conflito com Pero 4. Recusa da proposta de casamento por
Marques Inês

(Desenvol- Novo pretendente 5. Anúncio e entrada de um novo


vimento) e casamento pretendente
falhado com o
Escudeiro 6. Casamento de Inês com o Escudeiro

7. Desencantamento com o casamento

8. Viuvez de Inês Pereira

Casamento com 9. Nova vida de Inês casa com Pero


Pero Marques Marques

Desenlace Concretização do 10. Concretização do desejo de Inês


(Conclusão) desejo de Inês

Características formais:
✐ Género Dramático (Farsa)
✐ Estrofes de nove versos (nonas)
✐ Rima interpolada e emparelhada (esquema rimático abbaccddc)
✐ No que toca à métrica predomina a redondilha maior

Dimensão satírica da obra:


Gil vicente faz uma crítica à sociedade parasitária da altura, que
despre- zava o trabalho e queria viver à custa dos outros.
Critica também a hipocrisia generalidade, o contraste entre o ser e o
parecer, a mentalidade das jovens raparigas, a ingenuidade “parva” de Pero,
as alcoviteiras e os judeus casamenteiros, os casamentos por conveniência e
os clérigos e os ermitões, que deviam consagrar-se às suas funções
religiosas.

Personagens:
As personagens na obra são maioritariamente personagens-tipo, ou
seja, representam um certo tipo de comportamento na sociedade em geral.

Inês: representa as jovens da pequena burguesia, ambiciosas e levianas, que


usam o casamentos para ascender socialmente
Pero Marques: representa os maridos ingénuos que se deixam enganar
pelas mulhere e que aceitam essa traição
Escudeiro Brás da Mata​: representa a baixa nobreza decadente e faminta,
que vê no casamento a solução para a sua ruína económica
Mãe: representa as mães materialistas, confidentes e conselheiras, que
querem casar as suas filhas para terem estabilidade económica
Lianor Vaz e Judeus casamenteiros: representam os casamenteiros típicos
da sociedade quinhentista
Pajem (Fernando): representam os serviçais explorados e enganados, que
passam fome e frio, não sendo pagos pelos patrões
Ermitão: representa o clero que desrespeita a moral e as leis da Igreja, dado
o comportamento leviano dos membros que se envolvem amorosamente com
mulheres

Rimas (Camões Lírico)


A composição da obra ​Rimas,​ foi escrita por Luís Vaz de Camões mas
foi junta e publicada (1559) postumamente.

Camões inspirou-se em várias correntes artísticas e escritores para a


criação dos seus próprios poemas, tais como:
✍ o lirismo tradicional
✍ o classicismo (​ gregos e romanos)
✍ o epicurismo (​ fruir a vida e ser feliz, carpe diem; prazer físico e espiritual)
✍ o estoicismo ​(não devemos gozar muito a vida pois devemos preparamos para
a dor, o sofrimento e a morte)
✍ o dolce stil nuovo ​(surgiu em reação à poesia trovadoresca)
✍ o maneirismo
✍ o neoplatonismo ​(mulher perfeita, inalcançável, distanciamento da amada)
Na sua escrita retrata vários ​temas​, tais como:
❏ a ​Natureza sentimental
- não é só decorativa
- representa os sentimentos do eu
- é caracterizada pelo Locus amoenus​ (natureza perfeita, paradisíaca e
colorida)
- provoca nostalgia da ausência da amada
- é insensível à tristeza do poeta
❏ a ​Mudança
- o tempo muda e a alma também​ (ao início não concorda mas depois passa
a concordar)
- a passagem do tempo muda-nos
- com o passar do tempo perde o contentamento e o gosto de ser
contente
- o Passado representa a alegria e o Presente o descontentamento
-

❏ o​ Desconcerto ​do mundo


- para Camões o mundo nunca está em ordem
- o mundo é caracterizado pelo desconcerto
- considera que a injustiça está sempre presente, pois os maus são
recompensados e os bons não

❏ a​ Reflexão sobre a Vida Pessoa​l


- carácter biográfico
- reflexão e examinação sobre a vida
- relação de autoiniminizade
- sentimento de revolta, cansaço e remorso
- morte da amada
- papel do destino cruel
❏ a ​Mulher​ (e posteriormente a sua morte)

⇨ a mulher petrarquista (idealizada)


- Geralmente cantada em sonetos
- é representada por Laura
- desperta no sujeito poético um amor platónico
- representa a harmonia, a perfeição, o impalpável, o inacessível e
o abstrato
- mesmo após a sua morte, Camões canta Laura representando o
sentimento do amor inacessível

⇨ a mulher realista (ou Ideal de Vénus)


- Geralmente cantada em redondilhas
- são mulheres apaixonadas e alegres
- estão prontas a lutar pelos seus interesses e sentimentos
- são descritas em quadros do quotidiano
- existe um plano de igualdade entre o sujeito poético o e a amada
- são denunciadas as mulheres interesseiras, que se interessam
por razões materiais

Características da escrita:
✎ Baseia-se na medida velha (característica da poesia trovadoresca) e
utiliza os seguintes tipos de poemas:
- Vilancete ​(um mote de 2 ou 3 verso, com voltas de sete versos, sendo que
o último repete o verso final do mote​)
- Cantiga (um mote de 4 a 5 versos, seguido por glosas de 8 a 9 versos com
a repetição do último verso do refrão no final de cada volta)
- Esparsa ​(uma única estrofe com 8 a 16 versos)
- Endecha (número variável de estrofes,com 4 a 8 versos, de 5 a 6 sílabas
métrica)

✎ Baseia-se na medida nova, em reação à medida velha (dolce stil


nuovo)
- Sonetos (2 quadras e 2 tercetos, versos decassílabos, onde o
último terceto apresenta um sumário do poema)

Os Lusíadas (reflexões do poeta)


Camões foi influenciado pelos clássicos Homero e Virgílio e pelas suas
obras épicas Ilíada, Odisseia e Eneida, respetivamente..
Na sua obra retrata o Herói coletivo, que se tiver de ser representado
por apenas um indivíduo será Vasco da Gama.

A obra organiza-se em :

➔ Estrutura interna:​ apresenta o assuntos em que se vão retratar os Lusíadas

Preposição ​: explica o que vai cantar e diz que vai cantar :

- Navegações e conquistas no Oriente, nos reinados de D.Manuel a D.João


III

- As vitórias em Africa, de D.João I a D Manuel


- A organização do país durante a 1º Dinastia

Evocação: ao longo da obra são feitos pedidos de inspiração às deusas para


continuar/terminar a obra épica

- Suplico às Tágides (ninfas do Tejo) para o ajudarem na organização do


poema

- Suplico a Calíope por estarem em causa os mais importantes feitos


Lusíadas
- Suplico às ninfas do Tejo e do Mondego queixando-se dos seus
infortúnios
- Nova invocação a Calíope para o ajudar a terminar o poema

Dedicatória: a D. Sebastião, demonstrando a esperança que o povo deposita


no monarca para retomar a expansão no norte de África

Narração:​ É a maior parte e narra as viagens

➔ Estrutura Externa:

Estilo: ​Narrativa em Verso


Versos: ​Decassílabos e caracteristicamente heróicos (normalmente acentua-
das na 6 e na décima sílaba)

Rima: ​Cruzada e emparelhada (ABABABCC)

Estrofes: ​São oitavas (No total são 1102, dispersas de diferente forma pelos
cantos)

Características da Obra:

❏ Intervenções divinas ou presença do maravilhoso:


- o Deus do Cristão
- os Deuses Pagãos
- o Deus Céltico ou mágico (utiliza a magia, feitiçaria e crenças
populares)

❏ Planos:
- Plano da Viagem: plano central
- Plano História de Portugal: plano encaixado na narrativa
- Plano da Mitologia: plano paralelo
- Plano (das Reflexões) do Poeta: plano ocasional

❏ Narração:
Na história existem 4 narradores:
✍ Camões (relata a viagem de Moçambique até a Índia e o regresso)
✍ Vasco da gama (conta a viagem de lisboa a moçambique (ao rei de
Melinde) e a história de portugal)
✍ Paulo da gama (explica o significado das 23 figuras representadas nas
bandeiras portuguesas)
✍ Fernão Veloso (descreve o episódio dos 12 de inglaterra)

Reflexões do Poeta:
O poeta teses diversas considerações no início e no fim dos campos
criticando e aconselhando os portugueses:

- Aquando da chegada a Mombaça o poeta reflete sobre os perigos que o


Homem enfrenta: o perigo do mar, a guerra e os enganos em terra, que
enfrenta por ser limitado pela sua condição humana
- Refere o poder no amor que a todos transforma, a propósito de pedro e
Inês e de D. Fernando e D. Leonor Teles
- Nas despedidas em Belém, questiona a procura da fama e ambição sem
limites
- Sublinha a importância das letras/ do saber, criticando o desprezo dos
portuguese pelo mesmo
- O poeta valoriza as vitórias que resultam do esforço, sofrimento,
perseverança e humildade
- Elogia o espírito de cruzada dos portugueses e critica os povos que nãos
os seguem
- O poeta lamento o não reconhecimento do seu mérito
- Considera o dinheiro fonte de corrupções e traições
- Explica o significado da ilha dos amores
- O poeta afirma que a cobiça, a ambição e a tirania são vãs,ou seja, não
têm importância
- Sente que não é reconhecido pelas suas artes, mas continua a exaltar o
patriotismo e o desejo de D. Sebastião continuar a obra grandiosa do
povo portugueses

Episódios:

Os tipos de episódios que existe nos Lusíadas são bastantes diversos:

↪ Episódios Bélicos (Batalha de Ourique, Batalha de Salado e Batalha de


Aljubarrota)
↪ Episódios Líricos (Formosíssima Maria e Pedro e Inês de Castro)
↪ Episódios simbólicos (Sonho profético de D. Manuel I, velho do
Restelo, Adamastor, Ilha dos amores)
↪ Episódios naturalistas (Cruzeiro do Sul, Fogo de Santelmo, Tromba
Marítima, Escorbuto, Tempestade)
↪ Episódios Mitológicos (Concílio dos Deuses no Olimpo, Consílio dos
Deuses marinhos)
↪ Episódio Cómico (Fernão Veloso)
Simbologia nos Lusíadas:

Sonho Profético de D. Manuel: simboliza o espírito humano, que é capaz de


conquistar, desbravar o desconhecido e ir mais além para concretizar o
sonho. Representa também a política expansionista portuguesa da época

O Velho do Restelo: Surge como símbolo de conhecimento e bom senso,


mas também de receio e hesitação ao desconhecido
A Ilha dos amores: exprime a passagem do desconhecido para o conhecido,
dos mito sem explicação para uma nova realidade e da comunhão do
humano com o divino
Os Deuses: ​servem para ilustrar as forças e as dificuldades que se
apresentam ao espírito humano
O Adamastor: símbolo dos perigos e das dificuldades, que temos de
enfrentar para ir mais além
11º Ano
Sermão de Santo António aos peixes

Contextualização

A situação de instabilidade que Portugal vivia pós-Restauração (


independente mas em crise, pressionada pela constante ameaça estrangeira
aos nossos domínios ultramarinos), e a defesa dos direitos humanos,
nomeadamente dos índios do Brasil escravizados pelos colonos, bem como
dos cristãos-novos perseguidos pela Inquisição, são preocupações a que
Vieira se manteve fiel até ao fim da sua vida e transparece para a sua obra.

D João IV, com Portugal exausto e moralmente destruído devido à


intensa luta com Castela, precisou fazer novos aliados e devido à urgente
necessidade monetárias aliou-se aos novos-cristãos que possuíam grandes
fortunas. Esta medida era também vantajosa para os “Homens de negócio”
pois a coroa protegia-os, dentro dos possíveis, da Inquisição.

Vieira discordava da maneira com que o seu rei governava o país e


sentia-se angustiado pelas medidas tomadas a nível económico, político e
social. Observamos este aspeto na sua obra através da caricatura e da sátira
feitas, características da literatura Barroca.

Objetivos da eloquência
​ ​Oratória --- é a arte de falar em público
Eloquência --- é uma faculdade individual

Ambas têm a finalidade de persuadir através dos objetivos:

★ Docere (ensinar) - transmissão de noções e cultura


★ Delectare (agradar) - prender a atenção do auditório
★ Movere (emocionar) - recorrer às emoções para persuadir

Estrutura ​Externa​ e ​Interna

Capítulo Introdução
Introdução Exórdio Capítulo I

Exposição Confirmação

… ​ ​II III ​ ] ​Louvores

…​ IV V ]​
​ Repreensões

Em geral Em particular

Conclusão Peroração Capítulo VI

Exórdio ​(Capítulo I)
Contextualização do sermão, apresenta o tema (corrupção na
terra/defesa dos direitos indígenas brasileiros), partindo do conceito
predicável.
Homenagem a Santo António, na celebração do seu dia, imitação das
suas práticas. Invocação a Nossa Senhora do Mar.

Conceito Predicável da Obra

Vos estis sal terrae --- ​Vós​ sois o ​sal​ da ​terra

Jogo Metafórico e Alegórico

Sal​ ​---- Metáfora dos pregadores ​ ​Terra -​ --- Metáfora dos ouvintes

Os ouvintes da pregação são como a terra. Se a semente não produz, ou


seja, se os ouvintes não querem ouvir a palavra de Deus, o que se faz? O
orador diz que “este ponto não resolveu Cristo no Evangelho”.

O sal que salga ------> evita a corrupção

O sal que não salga ----> é inútil e desprezado

O pregador é como o sal -----> Se a palavra não chegas aos ouvintes ou não
produz ou seus frutos é porque alguma coisa está mal.

Então se a terra está corrupta/ “estragada” - de quem é a culpa?

Pode ser atribuída a duas causas:


❖ O pregador não prega em condições a palavra de Deus

❖ A terra não “ouve” a palavra do pregador

Argumentos:

.​O sal não salga ​ ou ​ A terra não quer salgar

Pregadores Ouvintes
- Os pregadores não pregam a - Os ouvintes não querem receber a
verdadeira doutrina doutrina
- Os pregadores dizem uma coisa e - Os ouvintes querem imitar o que
fazem outra fazem os pregadores
- Os pregadores pregam-se a si e - Os ouvintes servem os seus
não a Cristo apetites e não a Cristo

A Solução de Santo António​ :

“Mudou somente o púlpito e o auditório, mas não desistimos da doutrina.


Deixa as praças, vais- se às praias; deixa a terra vai- se ao mar ”

A Solução do orador​ : imitar Santo António

Exposição
[referência às obrigações do sal; indicação das virtudes dos peixes em
geral, crítica aos homens]
Propriedades do ​Sal​ ​ Propriedades da ​Pregação
. Conservar o são . Louvar o bem
. Preservá lo . Repreender o mal

Sermão

​ Louvores Repreensões
(Cap. II e III ) (Cap. IV e V )
Louvores em Geral​ (Capítulo II)

Qualidades do Ouvinte: ​Ouvir e não falar

Qualidades do Sal : ​Conservar e preservar ​(retoma o conceito predicável)

Qualidades e virtudes dos peixes:

> obediência
> ​”ordem, quietação e atenção”​ com que ouviram as palavras do S.A.
> respeito e devoção ao ouvirem a palavra de Deus
> o seu afastamento em relação ao homens
> Na exaltação dos peixes em relação aos animais terrestres

Louvores em Particular​ (Capítulo III)

TOBIAS
[Representa a aceitação da doutrina divina]
Virtudes Simbologia
O fel (entranha) cura a Santo António “abria a boca contra os hereges”
cegueira
O coração afasta fora os Procurava aluminar e curar a cegueira dos
demónios homens
Tentava lançar os demónios fora da casa,
limpando a alma dos homens

RÉMORA
[Incentiva à moderação]

Virtudes Simbologia
É pequena de corpo “Se alguma rémora houve na terra, foi a
língua de Santo António”:
Grande em força e poder - Pegada ao leme da nau (procurando
Consegue agarrar-se por conduzir o bom caminho)
ter uma ventosa na - Agarrada ao freio do cavalo (travando o
cabeça mal)

TORPEDO
[provoca mudança]

Virtudes Simbologia
Produz energia Como o torpedo, S António através das suas
palavras “deu um choque” a 22 homens que se
converteram
É capaz de produzir Realça a falta que este choque fazia para ”alertar”
descargas elétricas os que se desviam do caminho certo

QUATRO-OLHOS
[Distingue o bem do mal, o certo do errado]

Virtudes Simbologia
Dois olhos para se vigiarem Também nós humanos devemos olhar para
das aves ( inimigos do ar) cima (céu) e para baixo (inferno) e escolher
que caminho queremos seguir.
Dois olhos para se vigiarem
dos peixes ( inimigos do
mar)
Repreensões em Geral​ (Capítulo IV)

> Crítica a prepotência dos grande que se alimentam dos pequenos do


sacrifício dos mais pequenos, tal como os peixes

> Crítica os homens pela sua vaidade, que faz com que se endividam

> Critica a ignorância e cegueira dos peixes, que se deixam enganar


pelo anzol

Repreensões em Particular​ (Capítulo V)

RONCADOR

Defeitos Simbologia
Faziam muito barulho Os homens que também falam muito
(vangloriam-se) são os que costumam
valer menos

Eram arrogantes, pois ao fazerem Santo António era detentor da arte de


barulho para se sobressair eram saber e não se vangloriava por isso
mais facilmente apanhados

PEGADOR

Defeitos Simbologia
Parasitismo e São como as pessoas que vivem á custa dos outros,
Adulação “quando o tubarão (hospedeiro) morre, morre também o
pegador (parasita) ”

VOADOR

Defeitos Simbologia
Ambição e presunção Querem transformar-se naquilo que não são e por
isso eles próprio determinam a sua sentença quando
voam e embatem nas embarcações

POLVO

Defeitos Simbologia
Traidor O polvo é o maior traidor do mar, muda de cor e camufla-se para
apanhar outros peixes. Não nos podemos deixar enganar pela
sua beleza ou falsa serenidade/mansidão.

Frei Luís de Sousa


A obra ​Frei Luís de Sousa​ foi escrita por Almeida Garrett.

Síntese da Obra:
Apresenta o drama que se abate sobre a família de Manuel de Sousa
Coutinho e D. Maria de vilhena. As apreensões e pressentimentos de D.
Madalena de que a paz e a felicidade familiar podiam estar em perigo tornam-
-se, gradualmente, numa realidade. O incêndio no final do Ato I, permite uma
mutação nos acontecimentos e precipita a tensão dramática. Quando se
mudam para o palácio que fora de D. João I de Portugal, a ação atinge o seu
clímax, quer pelas recordações de imagens e vivências, quer pela
possibilidade que dá ao Romeiro de reconhecer a sua antiga casa e de se
identificar com Frei Jorge.

Ação e estrutura da obra:

Telmo e a crença do Sebastianismo; Primeiros presságios e


Cenas I- IV construção da tensão dramática; caracterização de algumas
personagens; Traços físicos e morais de Maria

Cenas V- VIII Anúncio de que os governadores vêm para o Castelo da


Ato I família; decisão de Manuel; reações de D. Manuela e Maria

Cenas IX- XII Chegada dos governadores; Reações ao incêndio; Tentativa


falha de salvar o retrato

Cenas I- III Recordações da noite do incêndio; Manuel volta à casa


escondido e fugido da justiça

Cenas IV- VII Chegada de Frei Jorge; Ida a Lisboa; Superstições


Ato II
Cena VIII Despedida e partida de Manuel para Lisboa

Cenas IX- XII Inquietação de Frei Jorge; Anúncio da chegada do Romeiro;


Decisão de D. Madalena de o receber

Cenas XIII-XV Reconhecimento do Romeiro; Início do sofrimento das


personagens

Cena I Manuel assume a culpa; Anúncio da decisão de tomar a vida


religiosa

Preparação para o encontro entre Telmo e Romeiro; Telmo


Ato III Cenas II-V toma conhecimento da identidade do Romeiro; Conflito
interior de Telmo
Cenas VI- VIII D. Madalena tenta encontrar alternativa à separação familiar

Cena IX Resignação de D Madalena

Cenas X- XII Destino e morte das personagens

Personagens:

⚗ D. Madalena de Vilhena
[Emocionalmente instável, Angustiada e com medo do regresso do ex-marido,
Sente-se pecadora devido à sua “traição”, Supersticiosa, Preocupada com a
filha]
⚗ Manuel de Sousa Coutinho
[Nobre honrado fidalgo, Cético em relação aos presságios, Nacionalista, Bom
pai]
⚗ Maria de Noronha
[Frágil e doente (tuberculose), Inteligente e precoce para a sua idade, Curiosa
e corajosa, Morre com vergonha]
⚗ Telmo
[Fiel escudeiro de D. João, Não concorda com o 2º casamento de D.
Madalena, Crente no sebastianismo, Gosta mais de maria do que do antigo
senhor]
⚗ Frei Jorge
[Sensato e confidente, Racional e preso aos valores religiosos]
⚗ D. João de Portugal/ Romeiro
[Fidalgo, Simboliza o Portugal do passado, Humano (ao tentar proteger Maria
e D. Madalena)]

Tempo, Cenário e Atmosfera:

No que toca ao ​tempo​, existem várias referências ao longo da obra,


por vezes através de referências culturais, políticas e sociais. Também
existem marcas específicas dos dias e do ano.
A ação decorre no ano de 1599, durante o domínio filipino, 21 anos
após a batalha de Alcácer Quibir.
Em relação ao ​cenário​, começa por ser o palácio de Sousa Coutinho
--- depois passa a ser o palácio onde D. Madalena morou enquanto era
casada com D. João --- existe uma pequeno excerto nas ruas de Lisboa --- de
seguida volta-se para o palácio, mas o cenário é a capela do mesmo.
Ao longo da obra vamos assistindo à diminuição de elementos deco-
rativos do cenário, em consonância com a perda de saúde e felicidade das
personagens.

Quanto à ​atmosfera da obra, esta passa por ter um carácter


fortemente psicológico dominado pelo sebastianismo, com a crença no
regresso do monarca e da libertação do país, para depois ser marcada por
um caráter supersticioso e, finalmente, por uma presença do fatalismo, em
que o destino acompanha de forma constante as personagens até caírem em
desgraça.

Simbologias:
● Os versos de Camões referem-se ao fim trágico dos amores de Inês de
Castro que também vivia na felicidade quando a tragédia chegou
● Os tempos principais da ação referem-se ao dia aziado: sexta-feira
● A Maria vive apenas 13 anos, número que representa o azar
● A numerologia parece ter sido escolhida de forma intencional:
- Madalena casou 7 anos depois do desaparecimento de D. João
- Vive há 14 anos com Manuel de Sousa Coutinho
- O Romeiro surge 21 anos depois da batalha ( 21= 7 x3 , onde o 7
corresponde aos ciclos lunares e o 3 ao ciclo perfeito, ou seja, o 21
coincide com o nascimento de uma nova realidade )

Características da Tragédia Clássica:


Hybris​ (crime de excesso ou ultraje):
- D. Madalena --- ama Manuel Sousa Coutinho quando ainda está
casada com D. João
- Manuel Sousa Coutinho --- incendeia o castelo para não receber os
governadores espanhóis
Características do Drama Romântico:

Garrett ao recorrer a vários elementos da tragédia clássica, mas acaba


por construir um drama romântico com as seguintes características:
❦ valorização dos sentimentos humanos das personagens
❦ tentativa de racionalmente negar a crença no destino, mas psicologica-
mente deixar-se afetar por pressentimentos e acreditar no
sebastianismo
❦ uso da prosa em substituição do verso
❦ utilização de uma linguagem mais próxima da realidade vivida pelas
personagens (diferente do tom solene da tragédia clássica)
❦ não existem preocupações excessivas com algumas regras, como a
presença do coro ou obediência perfeita à lei das três unidades (ação,
tempo e espaço)

Viagens da minha terra


A obra ​Viagens da minha terra​, foi redigida por Almeida Garrett e
insere-se no género narrativo de Novela, sendo que é um romance histórico e
está escrita em prosa.

Resumo da ação:
A novela inicia-se com o narrador a expressar a sua vontade de partir
numa viagem de Lisboa a Santarém.
Chegando a seu destino, começa a tecer comentários através da
observação de uma janela. É neste ponto que se dá início à história de amor
entre Joaninha e Carlos.
No romance, Joaninha é uma rapariga que mora apenas com D.
Francisca, sua avó. Semanalmente, elas recebem uma visita de Frei Dinis,
que traz notícias do Carlos, filho da D. Francica. Este partiu para a Inglaterra
após desentender-se com Frei Dinis, que mais tarde vêm a saber ser seu pai.
Quando a guerra civil, entre liberais e miguelistas, atinge Santarém, Carlos
resolve voltar à cidade. Quando reencontra a sua prima Joaninha trocam um
beijo apaixonado, apesar de Carlos ter uma esposa (Georgina), na Inglaterra,
e de não sabe se deve ou não contar a verdade à sua prima.
Carlos acaba por se ferir durante a guerra, e fica hospedado próximo à
casa de Joaninha. Após a sua recuperação, vai à casa de D. Francisca e
pede que lhe revele o segredo sobre os seus progenitores. Ao saber a
verdade, parte para Inglaterra, porém, quando lá chega Georgina diz ter
ouvido a história de amor entre Carlos e Joaninha e declara não mais amar o
marido. Carlos pede perdão mas a sua mulher não o aceita de volta.
Através do Frei Dinis, sabemos que Carlos larga as paixões e começa
sua carreira na política como barão, mas depois de um tempo desaparece e
que Joaninha e D. Francisca acabam por morrer. Sabe-se também que
Georgina vai para Lisboa.

Simultaneamente à ação principal, o narrador enquanto relata a


viagem, faz uma série de digressões filosóficas e reflexões sobre
acontecimentos históricos e, critica ainda, o conhecimento literário e as obras
de diversos autores, tanto clássicos quanto modernos.

Os Maias
A obra ​Os Maias,​ ​ foi escrita por Eça de Queirós no século XIX.

Eça de Queirós teve uma vida muito cosmopolita, devido à sua


profissão como diplomata, que o fez conhecer muito bem o estrangeiro. Eça
fez parte do grupo da geração de 70.
O escritor acreditava que romance devia incidir na análise social, mas
também contribuir para a reforma dos costumes.
O romance queirosiano começa por refletir aspetos da vida cultural,
social e política, dentro dos princípios da estética realista e naturalista,
passando a incidir sobre as reações de ordem psicológica e emocional.

Influências:
➔ do Realismo
Procura uma representação fidedigna da realidade, sem interferência
de reflexões ou preconceitos. Fotografa a realidade. Está voltada para a
análise das condições políticas, sociais e económicas. Foca-se no indivíduo.

➔ do Naturalismo
Não chegam só as “fotografia da realidade” e, por isso, retrata também
na obra o naturalismo, ou seja, as doenças hereditárias, os seus percursos,
os antecedentes familiares, a educação, o meio social e a sua posição
económica. Relata o lado patológico do indivíduo, incapacitado de mudar a
realidade que lhe está predestinada.
Tanto as obras realistas como as naturalistas possuem uma linguagem
clara e simples, como um tipo de texto informativo e utilizando uma ordem
sintática das frases.

Resumo da Obra:
A obra desenvolve a crónica da vida social lisboeta no seu tempo,
integrando-a na história de uma família, que culmina com os amores
incestuosos entre Carlos da Maia e Maria Eduarda e a sequente morte trágica
de Afonso da Maia. São ainda integrados alguns episódios onde se faz a
Crónica de Costumes.
O plano da intriga apresenta uma ação secundária, que envolve Pedro
e Maria Monforte,e que surge como introdução, facultando a apresentação de
Afonso da Maia, como fator de unidade. Ajuda também a situar no tempo e no
espaço o início da ação. E, uma ação principal, que mantém a dimensão
trágica e a amplifica, provocando o desenvolvimento dos acontecimentos,
incide nas relações incestuosas de Carlos e Maria Eduarda.
No último episódio da obra, assistimos a Carlos e a Ega, que
regressam a Lisboa para um passei final, e concluem que fracassaram na
vida e que Portugal continua um país atrasado.

Características da Obra:
Trata-se da história de uma família lisboeta em decadência, ao mesmo
tempo que se procura criticar os costumes da altura.
Da mesma maneira que fala das amizades duradouras que perduram
perante as adversidades, expõe os corruptos, os infiéis e os parasitas sociais.

Título e subtítulo:

O título ​Os Maias está diretamente relacionado à história trágica que


serve de pretexto para o desenvolvimento da comédia de costumes, que o
subtítulo ​Episódios da Vida Romântica​ sugere.

Episódios:

Corridas de cavalos: é uma sátira ao desejo de se imitar o que é


estrangeiro, evidenciando o provincianismo deste acontecimento e a
mentalidade ridícula de políticos como o Gouvarinho

Jantar dos Gouvarinhos: observa-se a degradação dos valores sociais, do


atraso intelectual do país e a mediocridade mental de algumas personagens

A corneta e A Tarde: sátira à parcialidade do jornalismo da época e à sua


evidente corrupção

Sarau literário no Teatro da Trindade: crítica à superficialidade dos temas


de conversa, a insensibilidade artística, a ignorância dos dirigentes, a oratória
oca dos políticos e os excessos do ultrarromantismo

Jantar no Hotel Central: ​aborda-se a crítica literária e a literatura, a situação


financeira do país e a mentalidade retrógrada da sociedade

Personagens:

(da família)

⚗ Afonso da Maia​: homem culto, com princípio morais, revela carácter e


integridade
⚗ Pedro da Maia: é pálido e melancólico, têm um temperamento nervoso
e instável, é vítima da sua educação (é fraco) e acaba por se suicidar
⚗ Maria Monforte: bela e sensual, devido ao seu caráter romântico,
excêntrico e excessivo, torna-se leviana
⚗ Carlos da Maia: é culto, cosmopolita, de gostos requintados e acaba
por se tornar um ​dandy ​(preocupado com o aspeto) e um diletante
(gosta de arte mas não lhe dá muito interesse)
⚗ Maria Eduarda: bela, elegante, sensual e delicada, é alta e loura, é a
única personagem feminina que não é diretamente criticada

(da sociedade)

⚗ João da Ega: defensor do realismo, pensador excêntrico, inteligente e


demagogo
⚗ Alencar: é antiquado, superficial e tem um ar pesado, ​é representante
do ultra-romantismo
⚗ Eusebiozinho:​ símbolo da educação tradicional portuguesa
⚗ Conde de Gouvarinho:​ incompetente mas poderoso
⚗ Condessa de Gouvarinho:​ provocante, leviana e adúltera
⚗ Raquel de Cohen:​ provocante, leviana e adúltera
⚗ Jacob Cohen: representa o poder económico de alguém sem
inteligência nem escrúpulos
⚗ Steinbroken:​ estrangeiro que observa portugal de forma neutra
⚗ Cruges :​ artista talentoso e tímido
⚗ Dâmaso Salcede: vaidoso, egoísta, gabarolas, cobarde, têm falta de
integridade e não respeita as mulher, ou seja, não têm princípios
morais
⚗ Craft:​ inglês culto, rico e boémio
⚗ Taveira:​ empregado do Tribunal de Contas
⚗ Rufino:​ bacharel com mentalidade provinciana
⚗ Guimarães: amigo de Maria Monforte e é o mensageiro da verdade,
sendo que é ele que descobre a relação de irmandade dos
protagonistas

Educação:

As personagens Pedro da Maia e o Eusebiozinho representam a


educação tradicionalista portuguesa​, através do recurso à memorização, à
devoção religiosa, ao estudo do latim, da fuga ao ar livre e do contacto com a
natureza, desvalorização do espírito crítico. Esta contrasta com a ​educação
inglesa de Carlos da Maia, que se caracteriza pelo desenvolvimento da
inteligência, pelo gosto das línguas vivas, pela prática de ginástica e vida ao
ar livre, pelo contacto com a natureza e pela defesa do conhecimento
experimental.
Apesar da sua educação, Carlos da Maia deixa-se influenciar pelo meio
e acaba por ser uma personagem fracassada, pois deixa-se levar pela
ociosidade e acaba por largar o seu trabalho e muitas das coisas que
defendia.

Tempo:

A nível de tempo cronológico, a obra data cerca de 70 anos, apesar da


ação principal durar apenas 14 meses (outono de 1875 a janeiro de 1877).
A nível de tempo narrativo, o narrador encolhe o tempo em poucas
linhas, processo denominado de elípse.
A nível de tempo psicológico, o narrador dá-nos a entender a maneira
como as próprias personagens vêm a passagem do tempo.

Espaços:

A obra decorre na herdade dos Maias em Santa Olávia e nas cidades


de Coimbra, Lisboa, Sintra, Paris e Londres.
Na obra retrata-se mais os espaços citadinos e interiores, como o
Ramalhete, invés dos espaços rurais e exteriores.

Ação trágica:
Trata-se de uma tragédia, devido ao desenlace dramático que se abate
sobre a família Maia.
É visível o fatalismo da paixão no suicídio de Pedro da Maia e no último
envolvimento de Carlos com Maria Eduarda, já com consciência da ligação
situação familiar.

Indícios trágicos da obra:

- Descrição fatal das paredes do Ramalhete


- Semelhança dos nomes entre Carlos e Maria
- Semelhanças fisionómicas entre o casal

Características da Prosa Queirosianas:

✐ importância da cor e da luz


✐ carácter simples e pitoresco da obra
✐ discurso indireto livre
✐ uso da aliteração
✐ recurso à ironia
✐ recurso à adjetivação dupla e múltiplo
✐ utilização de neologismos
✐ uso de diminutivos
✐ utilização de advérbios de modo
✐ recurso à hipálage

Antero de Quental
Fez parte da geração de 70.
Atacou o ultra romantismo.
É um poeta místico e filosófico, tinha um caráter muito complexo, a
nível político e revolucionário, os direitos de trabalhadores, adjacente ao
socialismo, e envolveu-se em movimentos e manifestações contra o reitor, no
seu tempo de universidade em Coimbra.

Apresenta-se uma dicotomia em Antero, entre o seu positivismo e


pessimismo .
Anda à procura de um sentido para a vida.
Dá muito valor a conceitos, como bem e mal, que aparecem em letra
maiúscula na sua obra.
A descoberta desse sentido têm contornos muito vagos e indefinidos.
Na sua obra tanto encontramos marcas de uma figura divina que ajuda o
homem a ser a sua melhor versão, como a de um pai que o abandona e deixa
só. Desta maneira têm uma relação complexa com Deus e revela alguma
perda de fé.
É na obra Sonetos que retrata e transparece que a realidade é
demasiado frustrante e limitada e por isso projeta o seu “eu” para um mundo
onírico/imaginário, caracterizado pela plenitude.
Sonhar é para si totalmente necessária, pois vive num universo interior
atormentado, onde não é possível encontrar a paz.
O Antero mais pessimista aspira romper as trevas e sair da escuridão
para alcançar a luz e consequentemente o Bem.
Quer libertar-se através da comunhão com o absoluto, por entidades
sobrenaturais como o noite e a morte.
Para ele o dia é sinónimo de mal e sofrimento. A noite e a morte
fazem-lhe lembram a paz.
Têm consciência da imperfeição humana. A vida real não lhe trazia
alegria nenhuma.
Ele busca a o infinito e a perfeição e sente-se angustiado por perceber
que a sua vida é um falhanço.
Busca o amor idealizado, através de uma figura feminina que também
não é real. Na obra a mulher é caracterizada por ser virgem, anjo, pomba e
criança. Por outro lado, quando aparecem as deusas, estas representam o
fetiche, a tentação e sentimentos perigosos.
Linguagem, estilo e estrutura:

- São sonesto (2 quadras e dois tercetos)


- Estão organizados cronologicamente, para ser como que uma
autobiografia
- Influências de Camões e de Bocage
- Utilização de uma linguagem forte e pesada
- Marca filosófica na escrita, acompanhada do diálogo para ter uma
comunicação mais eficaz
- Rasgos sentimentais (apresentação de sentimentos fortes)
- Cenários sombrios como a morte e a noite
- Noções/Conceitos abstratos com letra maiúscula
- Distensão muito explícita do Bem e do Mal
- O vento, o mar, as nuvens, as aves, o amor, o desejo, a tristeza e
muitos outros são personificados e mitificados
- Utiliza bastante a metáfora e a apóstrofe
- Características do romântico (um tom apelativo e perguntas retóricas)

Cesário Verde
Viveu e escreveu no fim do século XIX e início do século XX, marcados
pelo naturalismo e pelo realismo.
Teve uma vida curta. Viveu numa época de desenvolvimento indus-
trial (capitalismo), que correspondia ao reinado de D. Pedro V.
O tempo era de florescimento dos transportes e das migrações para as
cidades, que retrata nas suas obras.

Foi marcado por :


● Impressionismo
[valorização da percepção imediata da realidade, caráter fragmentado e fugaz
das sensações e das percepções que vai tendo, importância da luz e da cor,
que retratam o mundo ao ar livre, anteposição das características do objeto à
sua descrição ]

● Modernismo
[poetização de todo o real, incluído o seu lado mais sombrio. Temas como:
tédio existencial, o desejo de evasão do tempo, no espaço, na imaginação e
no onírico ]
● Surrealismo
[transfiguração poética do real e associação de imagens inesperadas e
experimentalismo vocabular]
Na sua escrita encontramos algumas dualidades como campo/cidade,
vida/morte, objetividade/subjetividade e a mulher angelical do campo/mulher
fatal da cidade.
O campo e a cidade apresenta-se em oposição, pois o campo dá-lhe
força para viver e a cidade causa-lhe um sentimento de opressão. Um é
saúde e outro é doença.
A cidade moderna exerce sobre si atração e repulsa, pela opressão
que é descrita nos seus poemas perante os mais frágeis e oprimidos.
São poetizados, analisados e dissecados todos os tipos sociais.
A poesia de Cesário traz um mundo cumulativo da cidade, engloba
vários pontos de vista numa mesma obra. A sua escrita traz a realidade vivida
para a escrita tal de igual. Ou seja, vão se acumulando planos.
A noção de espaço é essencial e as sensações também.
A sua poesia é itinerante e caracterizada pela utilização dos verbos da
1º pessoa.
Para além da sua tarefa de observador, na sua longa deambulação, o
poeta mistura também uma parte sua sonhadora na escrita dos poemas.
É sobretudo um poeta visual mas também dá valor aos outros sentidos.
Utiliza a transfiguração poética do real, através de estímulos sensoriais.
A efemeridade da vida e a passagem do tempo também o afetam.
Por vezes evoca um imaginário épico.
A mulher da cidade é caracterizada por ser rica, distante, altiva, por
representar a sexualidade e ainda por causar uma certa humilhação ao
sujeito poético de se aproximar dela.

Linguagem, estilo e estrutura:

✎ Utiliza poucas palavras para escrever uma realidade


✎ Têm um registo coloquial urbano
✎ Embala o leitor entre a sátira e um relance de beleza real
✎ Recorre ao uso de estrangeirismos
✎ Recorre também ao uso de palavras prosaicas (que não são
propriamente da poesia)
✎ Sexualização do poema

(no poema ”Sentimento dum Ocidental”)

✐ Têm 44 estrofes, que estão simetricamente divididas em 4 partes, cada


uma com 11 quadras
✐ Cada quadra tem um verso decassílabo e 3 alexandrinos
✐ Apresenta versos interpelados e emparelhados

12º Ano

Fernando Pessoa

Ortónimo

O texto do ortónimo é um produto intelectual, onde o ponto de partida é


a emoção mas que depois têm de passar pelo filtro da razão. A emoção pura
já não existe, pois ele intelectualiza-a .
Pessoa tenta ser sincero ao que viveu mas sabe que não dá para
transparecer em palavras as emoções.
O texto lírico de Fernando Pessoa acaba também por ser um texto de
reflexão, porque o ato de pensar contribui para observação, análise e
interpretação das emoções e sentimentos, intervindo na sua apreciação. É
igualmente por isso que Pessoa tenta delimitar fronteiras entre sentimentos e
pensamentos.
Pessoa considera que o ato criativo só é possível através da conci-
liação das oposições entre realidades objetivas (físicas e psíquicas) e
realidades mentalmente construídas (artísticas, incluindo as literárias). Daí a
sua necessidade de intelectualizar o que sente ou pensa, reelaborando essa
realidade graças à imaginação criadora.
A unidade de opostos sinceridade/fingimento não é mais que a
concretização do processo criativo, que é vital para o ser humano e que só é
possível ao afastar-se da realidade a que pertencemos, para conseguir
percecionar e produzir uma nova realidade. É através deste processo, mas
também das dicotomias sentir/pensar e consciência/inconsciência que o
ortónimo procura responder às inquietações da vida e produzir a emoção
estética através da sua escrita, que “simula” a vida.
Pessoa não escreve para si próprio mas para o leitor, querendo que
este ganhe autoconsciência de si.
O ato poético só consegue transparecer uma dor fingida, pois a real
apenas o autor sente. Mas tenta ao máximo transparecer o mais real para o
papel.

Realidade objetiva transformada numa arte subjectiva ——> texto final


Gostava de viver sem pensar = ser inconsciente

Em Fernando Pessoa coexistem duas vertentes:


➢ O modelo da poesia tradicional portuguesa:
☛ Os poemas são de métrica curta

☛ Abunda de aliterações e rimas


☛ Linguagem sóbria, intimista
☛ Ritmo musical

☛ Construções lapidar (tipo ditado, a informação começa e acaba)


☛ Versos leves, com interrogações e reticências

➢ A vertente modernista:
☞ Vertente paulista
☞ Sinceridade duvidosa
☞ Abusa das sinestesias
☞ Intercecionismo (cruzamento de realidades)

[Cruza a inteligência física e psíquica, sonhos e paisagens relais, espiritual e


real, originalidade e verticalidade]

Temas da escrita do Ortónimo :

✍ Dor de pensar
✍ Nostalgia da infância (evasão do tempo e do espaço)
✍ Fingimento artístico (construção intelectual da emoção )
✍ Sonho e realidade

……………. Heterónimos
Alberto Caeiro
Na sua biografia Alberto Caeiro teve apenas a instrução primária e os
seus pais morreram-lhe cedo, o que o fez viver de rendimentos.

Alberto Caeiro era considerado o “Mestre” dos heterónimos e a sua


escrita centra-se nos seguintes temas:
✍ Poesia Sensacionista
✍ Realismo sensorial
✍ Filosofia do não filosofar
✍ Atitude Phanteista (natureza é deusa)
✍ Métrica irregular (não é importante para ele)
Caeiro apresenta-se como “guardador de rebanhos”.
Recusa o pensamento metafísico, afirmando que só existe a realidade
palpável, o que resulta na sua maneira objetiva e real de ver as coisas.
Privilegia o olhar, mas também dá valor à audição. Quando escreve
não há manipulação do real, pois escreve apenas o que vê. Desta maneira,
aprecia tudo o que é primitivo e real.
Afirma-se como poeta da Natureza, porque a vê e compreende como
ela é, aceitando a sua mudança (passagem do tempo).
Remete-nos para uma sobreposição entre objeto, a sensação e a arte.
O poeta rejeita o pensamento, pois este é gerador de infelicidade. Considera
que o único significado das coisas é a sua existência e, por isso, temos de
desaprender o aprender.
Ricardo Reis

Ricardo reis é o poeta clássico, que derivou da sua educação.


O poeta apresenta um tom moralista e um vocabulário cuidado e
selecionado. A sua métrica e escrita são regulares (característica clássica)
Aceita a vida na sua simplicidade.
Acredita num destino inexorável e na presença de seres superiores que
nos comandam. Acredita também que a busca da tranquilidade e a abstenção
dos desejos aproxima os Homens dos Deuses.

O poeta baseia-se em várias filosofias na sua escrita, tais como:


✑ Felicidade relativa (pois a efemeridade da vida não deixa ser absoluta)
✑ o Epicurismo triste (aproveitar a vida, não dar asas aos problemas)
✑ a Apatia cética
✑ a defesa do Carpe Diem, como maneira de fruir a vida, mas sem se
levar pelos impulsos
✑ o objetivo de atingir um estado de ataraxia
✑ o Estoicismo (viver uma vida moderada, não seguir aos instintos)
✑ a visão pessimista do presente, considerando que o passado é que era
bom

Álvaro de Campos

Álvaro de campos é o poeta moderno, que, devido aos temas que


explora acaba também por ser considerado futurista.
Campos é igualmente um sensacionalista, considerando que a
sensação é tudo para si e, por isso, quer totalizar as emoções, “abarcando
tudo” (marca unanimista), para poder “Sentir tudo de todas as maneiras”.
Na sua escrita encontramos a fusão do eu como a realidade e pouco
cui- dado no que toca a questões formais.

O poeta passa por três fases:

➔ 1º fase: ​Decadentista
[ tédio, fase do ópio, necessidade de experimentar novas sensações]
➔ 2º fase: ​Futurista e do Sensacionalismo
[ energia, força, exaltação e até paroxismo(dor extrema) pelo cansaço]
➔ 3º fase: ​Abolia
[ fase de destruição, sentimento de inutilidade de tudo, frustração e
fracasso]

……………. Semi- heterónimo

Bernardo Soares
Bernardo Soares é o semi-heterónimo de Fernando Pessoa, por ser
apenas uma mutação da personalidade do criador.
Escreve numa prosa cuidada e é autor das reflexões mais íntimas de
Pessoa, compostas no “livro aos avessos”, que é quase uma espécie de
diário, com visões subjetivas do quotidiano.
O ​Livro do Desassossego têm natureza fragmentária, pois não possui
uma ordem cronológica, considerando assim que os textos podem ser lidos
como o leitor entender. São temas da obra:
- o imaginário urbano
- o quotidiano ​(narrativa do dia a dia)
- a deambulação e o sonho, que originam o observador acidental
- a perceção e transfiguração do real ​(um mundo de percepções criadas a
partir da memória)

A Mensagem
O espírito comanda a matéria
É a única obra completa que ele publica em vida.
Contém 44 poemas, que foram escritos entre 1913 e 1934.
Os poemas têm uma linguagem metafórica, simbólica e musical,
bastante sugestiva, com frases pequenas e aforísticas, pontuação expressi-
va e perguntas retóricas.
Desde o início que Pessoa pressagia ou profetiza o futuro de Portugal.

Apresenta uma mitificação da pátria.


A obra divide-se em 3 partes:

❖ o Brasão​ (o nascimento) -- “​Bellum Sine Bello”​ [Guerra sem guerra]

> Pega nos brasões da Bandeira e fala de cada uma delas:


- procura localizar portugal no mundo e na europa
- define o mito como um nada
- vai elogiar duas mais de Portugal e da maneira como cuidaram dos
seus filhos
[marcas do passado de afirmação, presente de mágoa e de um futuro que há
de vir]

❖ Mar Português​ (a realização) -- “​Possessio Maris​” [a posse do mar]

> Fala-se da realização da vida


> Elogia os descobrimentos e feitos portugueses
> Encerra a essência de que fez algo, exaltando a coragem

[marcado por um passado de glórias que apenas existe na alma portuguesa;


este movimento começa em Deus e passa pelo Homem que faz acontecer]

❖ O Encoberto​ (morte e ressurreição) -- “​Pax In Excelsis​” [paz nas


alturas]

> Têm a fé de que a morte encerre em si a capacidade de renascimento

[pede para que acreditem na morte de D. Sebastião para podermos começar


a criar um renascimento ]

Quinto Império:
Fernando Pessoa não se limitou a elogiar os portugueses mas
deu-lhes forças para dominar e influenciar outros povos

Retrato de S. Sebastião:
1º Fase: Príncipe infeliz que fica perdido em alcácer quibir
2º Fase: Mito que surgirá um dia no nevoeiro
3º Fase: Alguèm guardado por deus para criar o 5 Império quando for hora
Lusíadas vs. Mensagem ​.

Relação intertextual entre os Lusíadas e A Mensagem:

O “rosto” de Portugal
Camões​ vê Portugal como a cabeça da Europa.
Pessoa​ afirma que é Portugal que fita o mundo, como se tivéssemos
predestinados a algo, por termos os mais importante dos sentidos: o olhar.

O épico
Camões​ fala do alagamento histórico português e glorifica os feitos dos
portugueses
Fernando Pessoa​ escolhe figuras históricas que estão destinadas à
perpetuação do Império e que simbolizam a essência de ser português (o ser
que acredita no sonho e que dispõe a persegui-lo); Pessoa têm também o
papel de enunciador do novo e Quinto Império

VIagem vs. Reflexão


Nos Lusíadas​ dá-se a viagem à propriamente dita, à Índia
Na Mensagem​, a obra têm um teor mais reflexivo

Adamastor vs. Monstrengo


Nos Lusíadas​ o Adamastor mostra que o Homem têm de se superar as
dificuldades
Na Mensagem​, o Mostrengo contrapõe o medo com a coragem

O mito
Camões​ apresenta e conta os mitos
Pessoa​ reflete sobre a sua importância

Conceito de herói
Nos ​Lusíadas​ o herói é desfiados pelos deuses e sai glorioso e é limitado
pela sua condição humana
Na ​Mensagem​ pela intervenção divina sagram-se os heróis; é contemplativo,
embora manifeste capacidade de sonhar; é um mito e compete-lhe restaurar
a glória de Portugal
Aspetos formais:
Lusíadas
- narrativa épica
- carácter fortemente histórico
- prevê a queda do Império
- marcado pelo sentimento de realização

Mensagem
- obra equilibrada e fragmentária (poemas)
- carácter maioritariamente reflexivo
- confirma o fim do império
- marcada por um sentimento de mágoa e de perda, que se traduz na
ânsia de um novo futuro glorioso

Contos

Os contos são caracterizados por:


- a unidade de ação
- o número limitado de personagens
- a concentração de espaço e de tempo

​ empre é uma Companhia


Conto :​ S
Retrata o Alentejo a nível económico e sociocultural, na primeira
metade do século XX, durante a Segunda Guerra Mundial.
É Marcado pelo isolamento da aldeia e pela solidão de Batola.
Fala sobre a ocupação/profissão de Batola, que é diferente da resto do
população, e também da sua relação com a esposa, que faz com que ele
recorra ao afastamento e ao silêncio.
O seu isolamento era quebrado ao conversar com Rata, até ao
momento em que Rata se suicida.
A ​chegada do rádio aumenta o convívio entre as pessoas, que
passam a juntar-se para ouvir as notícias e/ou ouvir música.
A relação entre Batola e a mulher é marcada pelo silêncio, pela frieza e
pelo vazio de sentimentos.
As pessoas da aldeia vivem em isolamento geográfico e psicológico
essa situação muda com a chegada da telefonia.

Personagens:
Batola:
⚗ Polído e fraco
⚗ Bebe muito
⚗ Preguiçoso, conformado com a vida e violento com a mulher
⚗ Ganha vitalidade e ânimo com a chegada da telefonia
Mulher de Batola:
⚗ Demonstra determinação, organização e sensatez na forma como
administra a casa e o trabalho

Rata:
⚗ Amigo de Batola que sai da aldeia e percorre o Alentejo
⚗ Suicida-se por conta da miséria e doença.
Habitantes da aldeia:
⚗ São quase todos trabalhadores agrícolas
⚗ Trabalham sem parar e não conseguem superar suas difíceis
condições de existência

Vendedor da telefonia:
⚗ Elegante, sedutor e convincente.
​ eorge
Conto :​ G

O texto apresenta a personagem principal em três momentos diferentes


de sua vida. A personagem confronta-se com o seu passado (Gi), presente
(George) e futuro (Georgina).
Na primeira parte, ao encontrar-se com Gi, tudo se move lentamente,
simbolizando a impossibilidade de George ressuscitar o passado.
Na segunda parte, ao encontrar-se com Georgina, tudo se move
rapidamente, simbolizando a morte definitiva e a aproximação da terceira
idade.
O nome George é adotado para se afirmar no cenário da arte mundial
(um nome que parece de rapaz trar-lhe-á mais sucesso).

Personagens:

Gi:
⚗ Representa o passado e a juventude
⚗ Tentativa vã de fugir de si mesma
⚗ Recusa da vida imposta pela sociedade
⚗ Ânsia de liberdade, descoberta e conhecimento

George:
⚗ Representa o presente e a vida adulta
⚗ Vida vazia e solitária
⚗ Desvaloriza as relações afetivas
⚗ Desapego com objetos ligados a recordações.

Georgina:
⚗ Representa o Futuro e a velhice
⚗ Ausência de esperança
⚗ Consciência da passagem de tempo, da efemeridade da vida, da
efemeridade do poder e da importância dos afetos

​ amílias Desavindas
Conto :​ F

O Conto retrata a história de desavenças entre a família dos médicos e


dos “semafreiros”.
A história inicia-se com a apresentação dos semáforos a pedal nos
anos 70, mais tarde com a implementação do semáforo, no Porto, no dobrar
do século XIX e vai até anos depois da revolução de abril.
As duas famílias vão passando o ódio dos doutores aos semafreiros
pelas gerações seguintes, de maneira que estes possam continuar a
prejudicar a vida e trabalho uns dos outros.
A história sofre uma reviravolta quando a última geração das famílias,
sendo então representadas por Paco e o Dr. Pedro, é aproximada por um
acidente que Paco sofre no semáforo e, consequentemente, faz com que o
Dr. Pedro sinta remorsos por todo o ódio pregado contra Paco e ocupa o seu
lugar no semáforo enquanto este não volta.

Personagens:
Ramon:
⚗ Era galego e familiar de um proprietário de um bom restaurante
⚗ Nunca tinha pedalado na vida
⚗ Era esforçado e cheio de boa vontade

Ximenez:
⚗ Substituiu o pai por alturas da II Guerra Mundial

Asdrúbal:
⚗ Substituiu o pai pouco depois da revolução de Abril

Paco:
⚗ Substituiu o pai
⚗ Partilha um ódio acumolado pelo Dr. Paulo
⚗ Vai sofrer um acidente, em que a mota vem contra ele no semáforo

Dr. João Pedro Bekett:


⚗ Mora no 1º andar em frente ao semáforo
⚗ Veio de Coimbra com os filhos
⚗ É médico e andava sempre a “mendigar” doentes pelas ruas
⚗ É desrespeitador do trabalho de Ramon
Dr. João:
⚗ É filho de João Pedro Bekett
⚗ É um médico com diagnósticos duvidosos, mas é muito modesto e
informa os seus doentes de que provavelmente está errado, e ainda os
encaminha para uma 2º opinião
⚗ Partilha o ódio do pai pelo semáforo
Dr. Paulo:
⚗ É médico
⚗ Partilha um ódio acumolado por Asdrúbal e o semáfro
⚗ Era muito explicativo, explicava todas as fases e doenças aos seus
utentes, mas a maioria dos doentes gostavam da sua técnica
⚗ Incutia os seus pacientes à saída do consultório a ofenderem o
Asdrúbal, e mais tarde Paco, que pedalavam no semáforo
⚗ Vai sentir remorsos e ocupar o lugar do Paco após o acidente

Poetas Contemporâneos

MIGUEL TORGA

Miguel Torga sofre de uma dicotomia sobre o que é ser escritor, e, ora
se expõe, ora se esconde.
A sua escrita sofre de duas fases: uma eufórica, na qual escreve
quando está inspirado, e outra onde têm um trabalho rigoroso com a sua
escrita. Pois os seus poemas apresentam trabalho técnico na construção.
Não é influenciável pelas correntes artísticas, mantendo-se fiel aos
seus princípios. Inspirou-se na tradição literária mas a sua escrita distingue-
-se de todos os poetas portugueses.
A escrita de Torga é marcada pela luta com deus, a batalha com a vida
e a luta com as palavras que lhe causam sofrimento.
A escrita de Miguel traduz a presença do mundo da pastorícia e do
mundo agrícola devido às suas influências natais de Traz-dos-Montes.
Retrata a sua dimensão rústica da dura vida agrícola. Miguel Torga é um
homem e poeta telúrico (força da terra).
A sua criação revela tanto dramatismo e tensão, como plenitude e paz.
Assume a plenitude do ser humano, de carne e osso, que peca, erra e
que é egoísta, inclusive consigo próprio.
A angústia de quem busca incessantemente atingir o inatingível apenas
se atenua com a esperança, quem em si é frágil.
A sua escrita traduz um caráter muito visual, com presença de cores e
sensações do mundo físico, mas também de um mundo sobrenatural,
encantatório, de enfeitiçamento, que apresenta várias referências bíblicas e
que fala do milagre e do deslumbramento.
Deus está muito presente na sua poesia e distancia-se do homem
ocupando uma posição de opositor ao mesmo.
Assume a sua essência, boa e má, para criticar deus.
Escrever liberta-o, redimi-o mas desgasta-o profundamente. Poesia
para si é liberdade.

EUGÉNIO DE ANDRADE

Eugénio de Andrade considera que ele, enquanto poeta, é obstinado


nas palavras, que estas são difíceis de obter.
Canta por excelência ao amor, baseado nas influências de Camões e
na poesia de tradição oral. Para o autor o amor não apresenta contradições,
como em Camões, mas têm de ser realizado e não só idealizado.
Há uma grande presença do aqui (na presença dos quatro elementos)

e do agora, interessa-lhe o presente ou o futuro próximo.


O poeta propõe e o leitor pode interpretar as suas palavras. Este repela
o discurso autoritário e arrogante (muito formal), e assume-se como amigo do
leitor, de maneira que escrever como se estivesse a dialogar com o mesmo.
Prefere a emoção ao pensar, e privilegia as sensações da vista, da
audição e do tacto.
Na sua poesia a disforia nunca chega a anular a expectativa eufórica.
A estação do verão é bastante representada nos seus poemas, pelo
seu carácter luminoso e caloroso.
Os 4 elementos naturais servem para desafiar o homem, mas este
também pode ascender ao divino pelo amor ou através da reprodução.
Os seus poemas são caracterizados, pela musicalidade, pela metá-
fora e pelo equilíbrio, para construir um poema com unidade, quase que
geometricamente delineado.
Os seus textos apresentam muitas dicotomias mas o autor recusa-se a
resolvê-las, querendo apenas refletir sobre a sua tensão.

Simbologia na poesia de Eugénio de Andrade:


- Terra: aprendizagem da vida, remetendo à sua infância. É também
símbolo da fertilidade, figura materna e fecundidade pela água que
existe dentro da terra.
- Aves: liberdade e fragilizado
- Cidade: lugar do conflito
- Água : a memória
- Fogo o repouso e o renscimento

ANA LUÍSA AMARAL

Na escrita de Ana Luísa de Amaral há um descentramento do sujeito.


O seu próprio eu e a figuração do eu são ambíguas, não são claras.
O eu poético está sempre entre realidades, ambientes de tensão.
A poetisa fala bastante de questões domésticas, da reflexão, dos
afetos, das memórias, das leituras e do trabalho sério.
A sua base é a temática amorosa, mas fala também do tempo, da
memória, da infância, da poesia e da dor.
Fala em diálogo mas não se percebe quando acabo o eu e começa o
outro.
A vida doméstica tratada com o devido valor, mas caracterizada como
sufocante. A presença de cenários domésticos é constante.
Demonstra desprezo pelas questões formais na sua escrita.

Memorial do Convento

Linhas de ação

➔ Construção do convento:
- Promessa de D. João V de edificar um convento se Deus lhe conce-
desse um herdeiro;
- Escavações, por uma multidão de homens;
- Lançamento da 1ª pedra;
- Contratação de Baltasar;
- Caminhada da pedra de Pero Pinheiro;
- Decisão régia de aumentar a obra; marcação de uma data da sagração;
recrutamento forçado de homens;
- Percurso da infanta para a fronteira; visão do cortejo de homens
acorrentados;
- A sagração.

➔ Baltasar e Blimunda:
- Encontro no auto de fé; ritual de casamento;
- Revelação do poder de Blimunda;
- Mudança para S. Sebastião da Pedreira; visita à família de Baltasar;
- União comparada com o casamento real e com uma missa;
- Doença de Blimunda;
- Noite de amor na passarola;
- Última noite de amor;
- Morte do frade;
- Busca de Blimunda por Baltasar.

➔ Construção e vôo da passarola:


- História do “voador” e início da participação de Baltasar;
- Trabalho na construção da passarola por Baltasar e Blimunda;
- Recolha das vontades;
- Primeira visita de Scarlatti;
- A música na construção da passarola e na cura de Blimunda;
- Primeiro vôo; desaparecimento do padre;
- Notícia da morte do padre;
- Trabalho de Baltasar e Blimunda na conservação da máquina;
- Vôo inadvertido de Baltasar.
Personagens e suas relações
Os representantes do poder:

♔ D. João V
[ imagem caricatural - construção da basílica em miniatura, megalomania,
engano ao acreditar no milagre]
♔ D. Maria Ana
[ reduzida à função de fornecedora de herdeiros. Satisfaz o vazio de sua vida
com orações e sonhos]
♔ O infantes D. Francisco
[ilustrativo da crueldade de um tempo que tudo admite aos poderosos,
disputa a coroa, antecipando a morte do irmão]
♔ A infanta D. Maria Bárbara
[ Retratada com maior benevolência, quando criança. Levada, posterior-
mente, para casar com um desconhecido, num longo e penoso percurso]
♔ A alta nobreza e o alto clero
[ luxo desmedido e servilismo de quem se encontra na órbita de um rei
absoluto]

O herói coletivo:
♙ Desejo do narrador de imortalizar o povo, o herói anônimo;
♙ O povo sofredor, que sofre com a opressão, é o mesmo que assiste
tranquilo aos autos de fé.

Baltasar e Blimunda:
♥ Baltasar
[ Percurso representativo da realização do ser humano: mutilado, pedinte →
arrisca viver um amor pleno e transgressor → com Bartolomeu, acredita
sonha e faz → atinge a consciência libertadora do valor do ser humano no
vôo → adquire consciência social ao se tornar trabalhador no convento → é
morto, mas sua vontade é recolhida por Blimunda, vence a opressão ]
♥ Blimunda
[ máxima realização do ser feminino, tem um papel decisivo na definição da
relação com Baltasar. Mágica, sábia, mulher do povo, executa as funções
historicamente. Única sobrevivente da trindade terrena ]
☞ Bartolomeu Lourenço de Gusmão:
[ Conseguiu voar conciliando o seu saber, a magia de blimunda e o trabalho
manual de Baltasar ]

☞ Scarlatti
[ Recriação do músico que foi mestre de capela e professor na Casa Real ]

Dimensão simbólica
A Construção do convento ​representa o poder opressivo, que aprisiona
e esmaga a população menos afortunada.
A Construção da passarola ​representa o poder da vontade, do afeto e
do sonho que permitem a libertação do ser humano.
O Sol ​representa​ o ciclo da alternância vida - morte - ressurreição
A Lua ​representa​ o complemento do sol e simboliza a renovação.
O Fogo e o sangue ​representam o início e o fim da relação de Balta-
sar e Blimunda.

Tempo histórico
☫ Título: intenção de recordar o passado (construção do convento);
☫ Personagens, feitos e passagens que realmente existiram/ocorreram;
☫ Caracterização da mentalidade da época e descrição de festividades e
cerimônias.

Tempo da narrativa
✑ Presente da narrativa determinado no início do romance
✑ Duração da ação igualmente expressa (“vinte e oito anos”)
✑ Passagem do tempo descrita por indicações diretas e por sinais de
passagem do tempo
✑ Ordem dos acontecimentos, em geral, é cronológica; há a utilização de
algumas prolepses (antecipação de algo)

Visão crítica
☣ Vida miserável e submissa dos trabalhadores do convento em
contraste com a riqueza e opulência da realeza
☣ Denúncia do poder absoluto do rei, que toma as atitudes baseando-se
na sua megalomania;
☣ Crítica ao fanatismo religioso, que gerava mortes nos autos de fé;
crítica ao uso da religião para a satisfação de desejos profanos
☣ Visão crítica sobre os casamentos de conveniência
☣ Crítica à guerra, com causas fúteis e grandes consequências

Linguagem e estilo
✎ Uso da intertextualidade
✎ Uso peculiar da pontuação
✎ Uso de recursos expressivos
✎ Uso de provérbios
✎ Narrador polifónico (narra, comenta, critica, mistura tempos e insere
intertextos)

Gramática

Orações
……………….... Coordenadas
Sentido Conjunções/locuções
conjuncionais coordenativas

Copulativa Adição e, nem… nem, não só… mas


também, tanto… como

Adversativa Oposição/ Contraste mas

Disjuntiva Alternativa ou ou, ou...ou, ora… ora


Outra Possibilidade

Conclusiva Conclusão logo

Explicativa Justificação, explicação pois, que

……………….... Subordinadas
………………………………………… Substantivas

Sentido Elementos de ligação

Completiva Serve para completar um Conjunções subordinativas


verbo,um nome, um completivas: que, se, para
adjetivo, ou uma oração

Relativa sem O pronome relativo não têm quem, o (que), onde, quem
antecedente um antecedente

………………………………………….. Adjetivas

Sentido Elementos de ligação

Relativa Está entre vírgulas, fornece


explicativa informação adicional que, quem, o qual (a qual, os/as
quais), cujo(a), cujos(as), quanto,
Relativa Limita e/ou restringe a onde
restritiva informação

……………………………………………… Adverbiais

Sentido Conjunções/locuções
conjuncionais subordinativas
Causal Conjunções/locuções porque, que, dado que, uma vez que,
conjuncionais subordinadas visto que, já que

Comparativa indica a razão, causa, mais/menos … do que, tal qual, tanto


motivo ou justificação da quanto, tanto/tão … como, que nem,
como se
situação expressa na
subordinante

Concessiva Expressa uma comparação embora, ainda que, mesmo que/se,


entre o conteúdo do posto que, sem bem que, por
mais/menos que
segundo elemento com a
subordinante

Condicional Apresenta uma condição ou se, caso, desde que, salvo se,
hipótese exigida para a contanto que, a menos que, a não
ser que
realização expressa na
subordinate

Consecutiva Expressa o efeito ou a tão/tanto … que, a ponto de, de tal


consequência do que é dito modo … que
na subordinante

Final Refere o propósito, a para, para que, com a finalidade/o


intenção ou finalidade da objetivo de, de modo a/que, de forma
a que, a fim de (que), de maneira a
ação expressa na
(que)
subordinante

Temporal Cria uma referência tem- quando, enquanto, apenas, logo que,
poral à luz da qual a ação mal, depois de/que, antes de/que,
até que, sempre que, antes de/que,
expressa na subordinante
até que, sempre que, todas as vezes
deve ser interpretada que, agora que, cada vez que, assim
que

Funções Sintáticas
Sujeito:
……….…….​ simples:
Ex. ​A Maria​ foi à praia. ou ​Quem​ ler Saramago ficará fascinado.
…………. ​composto:
Ex. O Manel e o João não são irmãos. ou Quem leu o jornal e quem viu
o telejornal ficou mais informado.

…………. ​subentendido: ​não especifica o sujeito


Ex. As crianças eram muito animadas: ​brincavam​ de manhã à noite.

…………. ​indeterminado:​ ​não especifica o sujeito (substituído por “alguém”)


Ex. Dizem que o tempo vai mudar.

Vocativo :
Ex. ​João,​ vai lavar a loiça!

Predicado :
Ex. O Pedro ​telefonou ao primo.

Modificador (de frase) : ​Pode ser omitida ou mudar de lugar na frase


Ex. ​Infelizmente, hoje está a chover. ou Ele é um excelente ator, ​sem
dúvida.

Complemento Direto : ​ Pode ser substituído por : o, a, os, as


Ex. Ontem visitei ​um museu.​ ou ​ m livro​ ao João.
Dei u

Complemento Indireto : ​Pode ser substituído por : lhe, lhes


Ex. Falei ​ao Pai.​ ou Dei um presente ​à Manuela.

Complemento Oblíquo: ​Não pode ser substituído pelos dos CI e CD


Ex. Eles vão ​a paris.​ ou Elas moram ​aqui.

Complemento Agente da Passiva : ​Introduzida pela preposição por


Ex. O atleta foi aclamado ​por todos.​ ou A obra foi apreciada ​pela Ana.
Predicativo do Sujeito : ​ Inicia-se com verbos copulativos
Ex. A cidade está​ em festa​. ou A festa é​ ali.

Predicativo do Complemento Direto : ​Inicia-se com verbos transitivo-


-predicativo e atribui uma qualidade/característica ao complemento direto
Ex. Considero a cidade do Porto ​uma cascata. ou Acho a cidade
de Faro ​lindíssimo.

Modificador (do grupo verbal) :​ ​ Pode ser omitida


Ex. Li o livro ​calmamente.​ ou ​ m Leiria.
Eles trabalham e

Complemento do nome :​ S ​ elecionado pelo nome e surge à direita


Ex. A inclinação ​da torre de Pisa é emblemática. ou Os atos ​médicos só
podem ser exercidos por médicos.

Modificador do nome restritivo : ​Restringem a referência ao nome que


modifiquem

Ex. No apartamento ​espaçoso havia um piano. ou O piano ​que


estava na sala​ era novo.

Modificador do nome apositivo : ​Não restringem a referência ao nome que


modifiquem (está entre vírgulas)

Ex. Na casa​, ampla e arejada, havia uma piscina. ou Camões​, o poeta,


é bastante aclamado.

Complemento do adjetivo :
estão contentes ​com a vitória. Eles estão satisfeitos ​por terem obtido o
primeiro prémio.

Valor Temporal
……… de Simultaneidade:
Ex. Enquanto o Manuel lia, a Maria pintava.

……… de Anterioridade:
Ex. A Joana comeu um chocolate antes de abrir as pipocas.
……… de Posterioridade:
Ex. Eles compraram um CD, depois de assistirem ao espetáculo.

Valor Aspectual
Aspeto Pefetivo: ​A ação apresenta-se completa (no passado).
Ex. A Rita​ já leu​ o livro.

Aspeto Imperfetivo: ​A ação apresenta-se por concluir..


Ex. A Francisca ​estava a caminhar​, quando a vi.

Aspeto Genérico:
Ex. As baleias ​são​ mamíferos.
Aspeto Habitual:
Ex. A Teresa ​levanta-se sempre​ cedo.

Aspeto Iterativo: ​A ação repete-se regularmente durante um certo tempo


Ex. O Miguel ​tem-se levantado​ mais tarde ​ultimamente.

Valor Modal
Modalidade Apreciativa: ​(exprime-se uma apreciação de valor)
Ex. Este livro é​ magnífic​o .

Modalidade Epistémica
- Com valor de certeza ​(afirma-se algo)
Ex. No final, a mulher ​apoiou​ o marido.
- Com valor de probabilidade ​(não se afirma verdade nem falsidade)
Ex. É ​provável​ que não vá há festa.

Modalidade Deôntica :
- Com valor de permissão ​(autoriza algo)
Ex. ​Podes​ fazer o que quiseres depois de acabares os trabalhos.
- Com valor de obrigação ​(impõe ou obriga a algo)
Ex. ​Deves​ estudar mais!
Dêixis
Deíticos pessoais: ​Formas verbais conjugadas na 1º pessoa do singular,
determinantes possessivos e pronomes pessoais na 3º pessoa ou a denúncia da
presença do interlocutor

Deíticos espaciais: ​Advérbios com valor locativo

Deíticos temporais: Advérbios com valor temporal ou marcas de flexão


verbal

Processos de fonética e fonologia

Processos fonológicos de inserção

Prótese Adição de uma unidade fonológica no ​início​ da palavra SCRIBERE > ​e​screver

Epêntese Adição de uma unidade fonológica no ​interior​ da palavra HUMILE > humi​l​de

Paragoge Adição de uma unidade fonológica no ​fim​ da palavra ANTE > ante​s

Processos fonológicos de supressão

Aférese Queda de uma unidade fónica no ​início​ da palavra A​LÁ > lá

Síncope Queda de uma unidade fónica no ​interior​ da palavra ​ O > genro


GEN​ER

Apócope Queda de uma unidade fónica no ​fim​ da palavra AMAR​E​ > amar

Processos fonológicos de alteração

Assimilação Alteração de uma unidade fónica por influência de outra I​PS​E > e​ss​e

Dissimilação Duas unidades com características semelhantes L​I​L​IU > lí​r​io


distanciam-se

Sonorização Transformação de uma consoante surda ( /p/ / t/ /k/) ​ > vida


VI​TA
na sua correspondente sonora ( /b/ /d/ /g/ )

Palatalizaçã Assimila uma unidade quando ganha uma articulação C​LAMARE >
o palatal ch​amar

Metátese Troca de posição de unidades no interior da palavra SEMP​ER​ > semp​re

Vocalização Transformação de uma consoante em vogal, depois de O​C​TO > o​i​to


outra vogal

Contração Crase Contração de duas vogais numa só TIBI > t​ii ​> t​i

Sinérese Transformação de um ditongo numa LEGE > l​ee​ > le​i


semivogal

Redução Enfraquecimento de uma vogal em posição átona.


Vocálica Ex. m​e​sa/ m​e​sinha (lê-se o e com timbres diferentes)

Processos regulares de formação de palavras

…….. ​Derivação​ Afixal

Prefixação: ​adição de um prefixo antes de uma forma base


Ex. ​ ​re​ + fazer = refazer ou ​ ant​e + braço = antebraço

Sufixação: ​adição de um sufixo depois de uma forma base


Ex​. ​ caldeira + ​ão​ = caldeirão ou laranja +​ eir​a = laranjeira

Prefixação e Sufixação: ​adição simultânea, não obrigatória, de um prefixo e


de um sufixo a uma forma de base
Ex. ​des​ + leal +​ dade​ = deslealdade

Parassíntese: ​adição simultânea e obrigatória de um prefixo e um sufixo a


uma forma de base, sem os dois a palavra não faz sentido
Ex. ​en​ + ruga + ​ado​ = enrugado
…….. Derivação Não afixal

Derivação não afixal: ​formação de nomes a partir de verbos no infinitivo,


substituindo as terminações - ar, - er, - ir por - a, - e, - o
Ex. err(ar) - erro, debat(er) - debate, toss(ir) - tosse

Conversão ou derivação imprópria: ​uma mesma palavra pode pertencer a


classes ou subclasses de palavras diferentes
Ex. silva (nome comum) / Silva (nome próprio)

Composição
…………….…… Morfológica
Associação de ​radical + radical​, ligados por uma vogal
Ex. foto + [o] + grafia = fotografia

Associação de​ radical + palavra


Ex. agri [i] + doce = agridoce

…………….…… Morfossintática
(Processo de composição de associação de palavras )
Ex. passatempo, fim de semana, surdo-mudo, guarda-chuva

Processos regulares de formação de palavras

Acrónimo: ​criação de um vocábulo através da da junção de letras, que se


pronunciam como um palavras
Ex. ANACOM (Autoridade Nacional de Comunicação)
Sigla:​ Criação de uma palavra a partir das iniciais de um grupo de palavras
Ex. OMS (Organização Mundial de Saúde)

Empréstimo: ​Transferência de uma palavra de outra língua para outra, com


ou sem alteração
Ex. Dossiê (do francês ​dossier)​
Extensão semântica: Criação de um novo significado a uma palavra, sem
perder o significado anterior
Ex. Rato (aplicado ao instrumento de computador)

Truncação: Criação de um termo que se caracteriza pela eliminação de parte


da palavra de que deveria
Ex. Metro (da palavra metropolitano)

Amálgama: Criação de uma palavra a partir da junção de partes de duas ou


mais palavras
Ex. Informática (informação + automática)

Intertextualidade

Alusão: referência indireta a um texto preexistente, cujo sentido é inferido


pelo leitor através da análise do contexto e fazendo apelo à sua memória
literária e cultural

Citação: reprodução de um texto ou de um fragmento de texto noutro texto,


assinalada com referência ao autor e/ou à obra aos quais aqueles pertencem
e graficamente demarcado com aspas ou com um tipo de letra diferente

Paródia/ imitação criativa: um texto que imita outro texto com


distanciamento crítico, podendo ou não provocar o riso e sendo muitas vezes
visto como uma arma ideológica

Paráfrase: enunciado/texto que reformula e reescreve outro enunciado/texto,


conservando, na medida do possível, uma equivalência semântica e formal

Plágio:​ imitação ìlegítima de um texto preexistente

Noções de verificação do texto literário

1​. ​Métrica

Nº de Classificação Nº de Classificação
sílabas sílabas

1 monossílabo 7 redondilha maior

2 dissílabo 8 octossílabo

3 trissílabo 9 eneassílabo

4 tetrassílabo 10 decassílabo

5 redondilha menor 11 hendecassílabo

6 hexassílabo 12 verso alexandrino

2​. ​Estrofe

Nº de Classificação Nº de Classificação
versos versos

1 monóstico 6 sextilha

2 dístico 7 sétima

3 terceto 8 oitava

4 quadra 9 nona

5 quintilha 10 décima

3. Rima

Tipo Definição

Emparelhada Os versos rimam dois a dois (AA, BB, CC)

Cruzada Os versos rimam intercaladamente (ABAB)

Interpolada Rima entre dois versos, com dois versos pelo meio
(​A​BB​A​, A
​ ​BC​A​ ou​ A​BBC​A​)
RECURSOS EXPRESSIVOS

Adjetivação: ​simples, dupla ou tripla


Ex. É simples, rápido e fácil.
Alegoria: ​diz uma coisa invés de outra, representada por um elemento
concreto e um abstrato
Ex. O diabo (concreto) representa o mal (abstrato.)

Aliteração: ​Repetição simultânea de uma consoante na sílaba inicial


Ex. “​M​enina e​ m​oça ​m​e levaram para casa de​ m​inha​ m​ãe​ ​muito longe”

Anáfora: ​repetição da mesma palavra no início de cada verso/frase

Anástrofe: ​inversão da ordem direta dos elementos da frase


Ex. “Longas são as estradas da Galileia”

Antítese: ​combinação de ideias contrárias ou opostas


Ex. “Ouvi-la ​alegra​ e ​entristece​”

Apóstrofe: ​chamamento ou interpelação a algo ou alguém


Ex: “​Senhor​, falta cumprir-se Portugal”

Assíndeto: ​supressão intencional de articuladores/conectores


Ex. “Tira a lâmpada, enrosca aí a tomada, puxa o fio que sai da caixa, liga-o”

Comparação: ​relação de semelhança entre entidades


Ex. A rua ​parece​ um formigueiro.

Enumeração: ​apresentação de vários elementos consecutivos


Ex. A água, as flores, as aves, os rios e as praias.

Eufemismo: ​forma de suavizar algo desagradável


Ex. “Entregar a alma ao criador” (morrer)

Gradação: ​sucessão de, pelo menos três termos, organizados por ordem
crescente ou decrescente
Ex. “Deus quer, o homem sonha a obra nasce.”

Hipérbole: ​exagero da realidade


Ex. Tenho este telemóve​l há século​s!

Hipálage: ​atribuição de uma qualidade ou ação de um ser a outro


​ ensativo​”
Ex. “Fumar um​ cigarro​ p
Hipérbato: ​alteração da ordem canónica das palavras para destacar uma
delas ou uma expressão
Ex. “​Casos​ que Adamastor ​contou futuro​s”

Interrogação Retórica: ​apresentação de uma perguntada qual não se


espera resposta

Ironia: ​expressão de uma ideia, quando se quer dizer precisamente o


contrário

Metonímia: ​substituição de uma palavra,por outra que designa uma realida-


de próxima
Ex. “Quantas lágrimas do teu sal/ São lágrimas de Portugal” ( = portugueses)

Oximoro: ​apresentação de duas ideias contrárias intesas


Ex. Ao ruído​ crue​l e ​delicioso​ da máquina

Paradoxo: ​apresentação de ideias contrárias, que se anulam uma à outra


Ex. “E como que sonhando, sem sonhar”

Perífrase: ​utilização de uma expressão para se referir a um termo/palavra


Ex. “O plantador de naus a haver” ( = D. Dinis)

Personificação: ​atribuição de qualidades humanas a seres inanimados


Ex. A cadeira saiu correndo.

Pleonasmo: ​reforço de uma ideia já exposta


Ex. Subir para cima

Polissíndeto: ​repetição intencional de articuladores

Sinédoque:​ expressão da parte pelo todo, do plural pelo singular ou do


concreto pelo abstrato e vice versa
Ex. “ocidental praia lusitana” ( = Portugal)

Sinestesia: ​mistura de sensações que pertence a sentido diferentes


Ex. “brancuras quentes” (visão e tacto)

Trocadilho: ​jogo com o sentido das palavras


Ex. “ainda o pobre defunto o não comeu a terra, já o tem comido toda a terra”

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