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IDADE MÉDIA

E
TROVADORISMO
Cap. 8, pág. 99.
• Início da Idade Média: queda do Império Romano
• A Igreja Católica cresceu:
- Vastas extensões de terra;
- Concentrou um grande poder religioso.
• Mudanças na ordem social
• Teocentrismo
• Apenas 2% da população europeia era
alfabetizada
• Leitura e escrita restritas aos mosteiros
• Reprodução manuscrita
• Latim – língua literária
• A sociedade medieval se reorganiza em torno dos
grandes proprietários de terra:
→ Senhores feudais
- nobreza, cavaleiros, camponeses livres e
servos
- relação de vassalagem, baseada na honra, na
lealdade, na bravura, na cortesia.
• Servilismo – origina o princípio básico da
literatura medieval:
- A afirmação da total subserviência de um
trovador à sua dama (poesia) ou de um
cavaleiro à sua donzela (novelas de
cavalaria);
- Subordinação a Deus.
• Progresso econômico (séc. XII) – os
cavaleiros ficaram sem função social, pois o
período das grandes invasões havia
passado.
• Idealizou-se um código de
comportamento amoroso: o amor cortês
- Transferia a relação de vassalagem
entre cavaleiros e senhores feudais
para o louvor às damas da sociedade.
- Mulher: senhora.
• Nas cortes – jograis:
- Recitadores, cantores e músicos ambulantes
contratados para divertir a corte;
- Compositores das músicas: trovadores.
• Literatura oral – nos castelos e nas cortes
- Produzida em língua local.
• Estrutura: métrica regular e rima
- Rima: facilita a memorização das
cantigas
• Expressões para a dama: senhor, mia
senhor, senhor fremosa
• As cantigas de amor falam sempre de:
mérito, cortesia, prêmio.
• Funções da dama: reconhecer e
recompensar o trovador que cumprisse
todas as regras do amor cortês
- Se não: o trovador tinha o direito de
denunciá-la publicamente através de
cantigas satíricas;
- Outros trovadores também podiam
censurar, em suas cantigas, o compor-
tamento inadequado de trovadores.
• Cantigas de amor
- Tema: sofrimento provocado pelo amor
não correspondido
- A coita de amor (a mulher era casada)
- Eu lírico – masculino
- Dirige os elogios a uma dama.
✓ Ex.: autor – João Garcia de Guilhade.
Cantiga de amor de refrão Cantiga d’amor de refran
Quantas o amor faz padecer Quantos an gran coita d’amor
penas que tenho padecido, eno mundo, qual og’ eu ei,
querem morrer não duvido querrian morrer, eu o sei,
que alegremente queiram morrer. o averrian én sabor.
Porém enquanto vos puder ver, Mais mentr’ eu vos vir’, mia senhor,
vivendo assim quero estar sempre m’eu querria viver,
e esperar, e esperar. e atender e atender!
Sei que a sofrer estou condenado Pero já non posso guarir,
e por vós cegam os olhos meus. ca ja cegan os olhos meus
Não me acudis; nem vós, nem Deus. por vos, e non me val i Deus
Mas, se sabendo-me abandonado, nen vos; mais por vos non mentir,
ver-vos, senhora, me for dado, enquant’ eu vos, mi senhor, vir’,
vivendo assim eu quero estar
e esperar, e esperar. sempre m’eu querria viver,
e atender e atender!
Esses que veem tristemente
desamparada sua paixão, E tenho que fazen mal-sen
querendo morrer, loucos estão. quantos d’amor coitados son
Minha fortuna não é diferente; de querer sa morte, se non
porem eu digo constantemente: ouveron nunca d’amor ben
vivendo assim eu quero estar com’eu faç’. E, senhor, por én
e esperar e esperar. sempre m’eu querria viver,
e atender e atender!
• Cantigas de amigo – tema: saudade
- Eu lírico – feminino; Compositor – homem
- Relação amorosa já concretizada
- Entre camponeses, demonstrando
sentimentos e vida campesina
- Uma amiga manifesta a saudade pela
ausência do amigo (que pode ser o
namorado, esposo etc.)
- Tom mais positivo, pois trata de um amor
real entre pessoas de condição social
semelhante.
✓ Ex.: Nuno Fernandes Torneol.
Cantiga de amigo (alba)
Ergue-te, amigo, que dormes nas Do meu amor e do teu se lembrariam;
manhãs frias! Tu lhes tolheste os ramos em que eu as
Todas as aves do mundo, de amor, via:
diziam: Alegre eu ando!
Alegre eu ando!
Do meu amor e do teu se recordavam;
Ergue-te, amigo, que dormes nas Tu lhes tolheste os ramos em que
manhãs claras! pousavam:
Todas as aves do mundo, de amor, Alegre eu ando!
diziam:
Tu lhes tolheste os ramos em que eu as
Alegre eu ando!
via;
Todas as aves do mundo, de amor, E lhes secaste as fontes em que bebiam:
diziam; Alegre eu ando!
Do meu amor e do teu se lembrariam:
Alegre eu ando! Tu lhes tolheste os ramos em que
pousavam;
Todas as aves do mundo, de amor, E lhes secaste as fontes que as
cantavam; refrescavam:
Do meu amor e do teu se recordavam: Alegre eu ando!
Alegre eu ando!
• Cantigas de escárnio
- Temas variados, como: conduta de nobres
(que traem a esposa ou que se envolvem
com serviçais), denúncia de mulheres que
não seguem o código do amor cortês.
- Crítica por meio de palavras de duplo
sentido;
- Presença de ironias, trocadilhos com as
palavras e jogos semânticos.
✓ Ex.: autor: João Garcia de Guilhade.
Ai, senhora feia, foste-vos queixar
porque nunca vos louvo em minhas cantigas
mas agora quero fazer um cantar
em que vos louvarei, todavia; e vede como vos quero louvar:
senhora feia, velha e louca.!
Senhora feia, assim Deus me perdoe,
pois tendes tão bom coração que eu vos louvo, e por esta razão
eu vos quero louvar, todavia;
e vede qual será a louvação:
senhora feia, velha e louca!
Senhora feia, eu nunca vos louvei
em meu trovar, mas muito já trovei;
entretanto, farei agora um bom cantar
em que eu todavia vos louvarei:
e vos direi como louvarei:
senhora feia, velha e louca!
• Cantigas de maldizer
- Temas variados: indiscrições amorosas
de nobres e de membros do clero.
- Crítica de modo direto, explícito,
identificando a pessoa satirizada;
- Uso de palavras de baixo calão.
✓ Ex.: autor: Afonso Eanes de Coton.
Marinha, o teu folgar
tenho eu por desacertado,
e ando maravilhado
de te não ver rebentar;
pois tapo com esta minha
boca, a tua boca, Marinha;
e com este nariz meu,
tapo eu, Marinha, o teu;
com as mãos tapo as orelhas,
os olhos e as sobrancelhas,
tapo-te ao primeiro sono;
com a minha piça o teu cono;
e como o não faz nenhum,
com os colhões te tapo o cu.
E não rebentas, Marinha?
• Cantigas de amor + cantigas de amigo
= Cantigas líricas

• Cantigas de escárnio + cantigas de


maldizer = Cantigas satíricas

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