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TD DE LÍNGUA PORTUGUESA – PROF.

ª Ana Germana
ESCOLA: __________________________________________________________________________
NOME: _____________________________________________________________________. 1º ____.
Figuras de linguagem
Leia o texto abaixo para responder às questões 1 e 2:
Infância e Poesia
01 Começarei por dizer, sobre os dias e anos de minha infância, que meu único personagem
inesquecível foi a chuva. A grande chuva austral que cai como uma catarata do Pólo, desde o céu
do Cabo de Hornos até a fronteira. Nesta fronteira, o Far West de minha pátria, nasci para a vida,
para a terra, para a poesia e para a chuva.
05 Por muito que tenha andado, acho que se perdeu essa arte de chover que se exercia como
um poder terrível e sutil em minha Araucanía natal. Chovia meses inteiros, anos inteiros. A chuva
caía em fios como compridas agulhas de vidro que se partiam nos tetos, ou chegavam em ondas
transparentes contra as janelas, e cada casa era uma nave que dificilmente chegava ao porto
naquele oceano de inverno.
10 Esta chuva fria do sul da América não tem as rajadas impulsivas da chuva quente que cai
como um látego e passa deixando o céu azul. Pelo contrário, a chuva austral tem paciência e
continua sem fim, caindo do céu cinzento.
Em frente à minha casa, a rua converteu-se num imenso mar de lodo. Através da chuva,
vejo pela janela que uma carroça se atolou no meio da rua. Um camponês, com manta de lã negra,
15 fustiga os bois que não podem mais avançar entre a chuva e o barro.
Pelas veredas, pisando em uma pedra e outra, contra o frio e a chuva, andávamos até o
colégio. O vento levava os guarda-chuvas. Os impermeáveis eram caros, as luvas me
incomodavam, os sapatos se encharcavam. Sempre recordarei as meias molhadas junto à lareira e
muitos sapatos expelindo vapor como pequenas locomotivas. Depois vinham as inundações sobre
20 os povoados onde vivia a gente mais pobre, junto ao rio. Também a terra se sacudia, trêmula.
Outras vezes, na cordilheira assomava um penacho de luz terrível: o vulcão Llaima despertava.
Temuco é uma cidade pioneira, dessas cidades sem passado, mas com lojas de ferragem.
Como os índios não sabem ler, as lojas de ferragem ostentam nas ruas seus emblemas exagerados:
um imenso serrote, uma panela gigantesca, um cadeado ciclópico, uma colher antártica. Mais
25 adiante, as sapatarias: uma bota colossal.
Se Temuco era o posto avançado da vida chilena nos territórios do sul do Chile, isto
significava uma longa história de sangue.
Acossados pelos conquistadores espanhóis, depois de trezentos anos de luta, os araucanos
se retiraram até àquelas regiões frias. Mas os chilenos continuaram o que se chamou “pacificação
30 da Araucanía”, isto é, a continuação de uma guerra a sangue e fogo para desapossar nossos
compatriotas de suas terras. Contra os índios todas as armas foram usadas com generosidade:
disparos de carabina, incêndio de suas choças, e depois, de forma mais paternal, empregou-se a lei
e o álcool. O advogado se tornou especialista também na espoliação de seus campos, o juiz os
condenou quando protestaram, o sacerdote os ameaçou com o fogo eterno. E, por fim, a
35 aguardente consumou o aniquilamento de uma raça soberba [...].
NERUDA, Pablo. Confesso que vivi: memórias. Difel, 7ª Edição. Rio de Janeiro, 1979, págs. 7-13.
VOCABULÁRIO
austral – relativo ao sul. impermeáveis – capas de chuva.
Far West – em inglês, “oeste distante”; referência aos ostentam – mostram, exibem.
filmes americanos de bangue-bangue. ciclópico – gigantesco; a palavra vem dos Ciclopes,
Araucanía – ou, na sua forma portuguesa, Araucânia, é enormes seres da mitologia grega.
uma das 15 regiões do Chile. Sua capital é a cidade de acossados – perseguidos.
Temuco. araucanos – indígenas do Chile.
rajadas – aumento repentino, temporário e forte da choça – cabana rústica feita com materiais leves como
intensidade com que o vento sopra. palha, ramos, colmos etc.
látego – chicote. espoliação – ato de tirar algo de seu legítimo dono.
fustiga – castiga, chicoteia. aniquilamento – destruição.
veredas – caminhos, atalhos. soberba – orgulhosa.
1. As figuras de linguagem são recursos estilísticos utilizados por diversos textos a fim de dar uma
maior expressividade ao conteúdo que se quer apresentar.
Com base nessas informações e no que vimos durante as aulas, relacione as figuras de linguagem
da primeira coluna de acordo com as frases retiradas do texto que se encontram na segunda coluna:
(É possível repetir.)
(1) Metáfora ( ) A chuva austral tem paciência. (l. 11-12)
(2) Comparação ( ) A chuva caía em fios como compridas agulhas de vidro que se
(3) Personificação partiam nos tetos. (l. 7)
(4) Hipérbole ( ) Mas os chilenos continuaram o que se chamou “pacificação da
(5) Eufemismo Araucanía”. (l. 31-32)
(6) Ironia ( ) A grande chuva austral que cai como uma catarata do Pólo. (l.
2-3)
( ) Cada casa era uma nave que dificilmente chegava ao porto. (l.
8-9)
( ) A rua converteu-se num imenso mar de lodo. (l. 13)
( ) E depois, de forma mais paternal, empregou-se a lei e o álcool.
(l. 33-34)

2. Relacione as figuras de linguagem da primeira coluna de acordo com as frases que se encontram na
segunda coluna: (É possível repetir.)
(1) Ironia ( ) Derrubar com intenções mortais.
(2) Metáfora ( ) “Teus lábios são labirintos (Ana)” (Refrão de bolero – Engenheiros
(3) Metonímia do Hawaii)
(4) Antítese ( ) Acho bom se gritar mais alto!
(5) Eufemismo ( ) Seu avô é forte como um touro.
(6) Personificação / Prosopopeia ( ) “A vida é muito curta e a estrada é comprida.” (Sem parar –
(7) Comparação Gabriel, o Pensador)
( ) Ele a tratou com a gentileza de um cavalo!
( ) “De qualquer jeito seu sorriso vai ser meu raio de sol” (Lutar pelo
que é meu – Charlie Brown Jr.)
( ) Sequer considerar a utilização de um longo pedaço de madeira.
( ) Várias mãos trabalharam naquele projeto.

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