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Municipal de
São Paulo.
A 1ª GERAÇÃO MODERNISTA
BRASILEIRA (1922-1930)
• Rebeldes, destruidores da antiga ordem.
• O elemento nacional estava muito presente: o cotidiano do
povo e da cultura brasileira.
• A obra “Abaporu”, de Tarsila do Amaral, pintada em 1928 e que
hoje é o mais valioso quadro brasileiro.
A 1ª GERAÇÃO MODERNISTA
BRASILEIRA (1922-1930)
Abaporu:
“aba”: homem
“poru”: que come
→ Antropófago ou
canibal
A 1ª GERAÇÃO MODERNISTA
BRASILEIRA (1922-1930)
OSWALD DE ANDRADE: POLEMISTA
• Inspirado nesse quadro, Oswald de Andrade
propôs o movimento antropofágico:
• “Deglutição”, “devoração” da cultura
europeia para transformá-la em algo brasileiro.
• Base: primeiramente, a cultura indígena
Vínculo com a terra, evocando o “mau
selvagem”, devorador do europeu;
Sociedade matriarcal,
Sem propriedade privada e lucro.
A 1ª GERAÇÃO MODERNISTA
BRASILEIRA (1922-1930)
A 1ª GERAÇÃO MODERNISTA
BRASILEIRA (1922-1930)
MANUEL BANDEIRA (1886-1968)
• Aos 17 anos, descobriu que tinha tuberculose.
• Vida e obra profundamente marcadas pela doença e pela
iminência da morte.
Tom pessimista e melancólico, estilo simples e direto.
• Depois – riso e cotidiano:
A família, a infância, as prostitutas, as relações amorosas, os
pobres etc.
Canta as ruas, o povo e a si próprio.
A 1ª GERAÇÃO MODERNISTA BRASILEIRA
2ª GERAÇÃO MODERNISTA BRASILEIRA:
EXPRESSÃO DO MUNDO / O ROMANCE DE 30
(1930-1945)
• Maturidade na revolta artística, deixando de lado os excessos do
experimentalismo dos anos 1920.
• Obras de maior engajamento com os aspectos sociais.
• Entre os principais autores que caem no Enem e suas obras, podemos
citar:
Carlos Drummond de Andrade — Alguma poesia e Contos de aprendiz;
Graciliano Ramos — Vidas secas e São Bernardo;
José Lins do Rego — Menino de engenho e Fogo morto;
Cecília Meireles — Viagem e Romanceiro da Inconfidência;
Erico Verissimo — O tempo e o vento e Olhai os lírios do campo;
Jorge Amado — Capitães de areia e Gabriela, cravo e canela;
Raquel de Queiroz — O quinze e Memorial de Maria Moura.
2ª GERAÇÃO MODERNISTA BRASILEIRA:
EXPRESSÃO DO MUNDO (1930-1945)
DRUMMOND: A POÉTICA DAS MULTIFACES
• Gauche: eu lírico em descompasso com o mundo
Poemas-piada, metalinguagem, ironia, humor, coloquialismo e
crítica social;
Recordações familiares e da cidade natal, desencanto com a
existência, sensação de isolamento, impossibilidade de
comunicação.
• Social: preocupações sociais
Nazifascismo, Segunda Guerra, ditadura de Vargas, alienação das
elites, desigualdade social, ideologia socialista, necessidade de
união entre os homens.
• Amadurecimento: metafísica
Morte, tempo, amor.
2ª GERAÇÃO MODERNISTA BRASILEIRA:
EXPRESSÃO DO MUNDO (1930-1945)
DRUMMOND: A POÉTICA DAS MULTIFACES
2ª GERAÇÃO MODERNISTA BRASILEIRA:
EXPRESSÃO DO MUNDO (1930-1945)
CECÍLIA MEIRELES: A VIDA EFÊMERA E TRANSITÓRIA
• Corrente espiritualista: valorização da intuição e da emoção
como formas de interpretar o mundo
Imagens da natureza e do infinito: atmosfera de sonho e fuga. A
natureza marca os ritmos da vida;
Temas: o amor, o tempo, a transitoriedade da vida e a
fugacidade das coisas.
2ª GERAÇÃO MODERNISTA BRASILEIRA:
EXPRESSÃO DO MUNDO (1930-1945)
CECÍLIA MEIRELES: A VIDA EFÊMERA E TRANSITÓRIA
Ai, palavras, ai, palavras A liberdade das almas,
que estranha potência a vossa! ai! Com letras se elabora...
E dos venenos humanos
Todo o sentido da vida sois a mais fina retorta:
principia a vossa porta: frágil, frágil, como o vidro
o mel do amor cristaliza e mais que o aço poderosa!
seu perfume em vossa rosa; Reis, impérios, povos, tempos,
sois o sonho e sois a audácia, pelo vosso impulso rodam...
calúnia, fúria, derrota...
MEIRELES, C. Obra poética. In: Romanceiro
da Inconfidência. Rio de Janeiro: Nova
Aguilar, 1985 (fragmento).
2ª GERAÇÃO MODERNISTA BRASILEIRA:
EXPRESSÃO DO MUNDO (1930-1945)
VINÍCIUS DE MORAES: O POETA DA INTENSIDADE
• Transcendental e mística:
Neossimbolismo e catolicismo;
Versos livres e brancos, mas com tom solene, retórico.
• Aproximação do mundo material – realidade concreta:
A Segunda Guerra, os campos nazistas de extermínio, as ditaduras e
a exploração dos menos privilegiados.
Transitou entre a oposição matéria x espírito para o sensualismo e
para o erotismo;
Mesclou as inovações modernistas ao uso de formas da tradição;
Buscou a clareza em lugar do hermetismo;
Recorreu a temas consagrados pela tradição, como amor, morte
amizade etc.;
Não fugiu aos graves problemas de seu tempo;
De forma simples e direta.
2ª GERAÇÃO MODERNISTA BRASILEIRA:
EXPRESSÃO DO MUNDO (1930-1945)
VINÍCIUS DE MORAES: O POETA DA INTENSIDADE
2ª GERAÇÃO MODERNISTA BRASILEIRA:
O ROMANCE DE 30 (1930-1945)
GRACILIANO RAMOS: A LITERATURA DOS EXCLUÍDOS
• Problemas humanos universais.
• Protagonistas: homens atormentados,
cheios de conflito, solitários, destruídos
pela vida.
• “Realismo bruto” – olhar neorrealista:
Economia no uso de adjetivos e
advérbios;
Escolha cuidadosa dos substantivos.
2ª GERAÇÃO MODERNISTA BRASILEIRA:
O ROMANCE DE 30 (1930-1945)
GRACILIANO RAMOS: A LITERATURA DOS EXCLUÍDOS
Agora Fabiano conseguia arranjar as ideias. O que o segurava era a família.
Vivia preso como um novilho amarrado ao mourão, suportando ferro quente. Se
não fosse isso, um soldado amarelo não lhe pisava o pé não. (...) Tinha aqueles
cambões pendurados ao pescoço. Deveria continuar a arrastá-los? Sinhá Vitória
dormia mal na cama de varas. Os meninos eram uns brutos, como o pai. Quando
crescessem, guardariam as reses de um patrão invisível, seriam pisados,
maltratados, machucados por um soldado amarelo.
RAMOS, Graciliano. Vidas Secas. São Paulo: Martins, 23.ª ed., 1969, p. 75.
2ª GERAÇÃO MODERNISTA BRASILEIRA:
O ROMANCE DE 30 (1930-1945)
RACHEL DE QUEIROZ: UMA VOZ FEMININA NO REGIONALISMO
• Abordagem: registro descritivo
Análise psicológica do sertanejo, submetido
à tragédia da seca e da pobreza;
Investigação dos sentimentos mais íntimos de
personagens que aceitam de maneira
fatalista seu destino miserável e injusto.
2ª GERAÇÃO MODERNISTA BRASILEIRA:
O ROMANCE DE 30 (1930-1945)
RACHEL DE QUEIROZ: UMA VOZ FEMININA NO REGIONALISMO
Chegou a desolação da primeira fome. Vinha seca e trágica, surgindo no fundo sujo dos sacos vazios, na
descarnada nudez das latas raspadas.
- Mãezinha, cadê a janta?
- Cala a boca, menino! Já vem!
- Vem lá o quê!...
Angustiado, Chico Bento apalpava os bolsos... nem um triste vintém azinhavrado...
Lembrou-se da rede nova, grande e de listras que comprara em Quixadá por conta do vale de Vicente.
Tinha sido para a viagem. Mas antes dormir no chão do que ver os meninos chorando, com a barriga
roncando de fome.
Estavam já na estrada do Castro. E se arrancharam debaixo dum velho pau-branco seco, nu e retorcido, a
bem dizer ao tempo, porque aqueles cepos apontados para o céu não tinham nada de abrigo.
O vaqueiro saiu com a rede, resoluto:
- Vou ali naquela bodega, ver se dou um jeito...
Voltou mais tarde, sem a rede, trazendo uma rapadura e um litro de farinha:
- Tá aqui. O homem disse que a rede estava velha, só deu isso, e ainda por cima se fazendo de
compadecido...
Faminta, a meninada avançou; e até Mocinha, sempre mais ou menos calada e indiferente, estendeu a mão
com avidez.
QUEIROZ, Rachel de. O Quinze. Rio de Janeiro: José Olímpio, 1979, p. 33.
2ª GERAÇÃO MODERNISTA BRASILEIRA:
O ROMANCE DE 30 (1930-1945)
JORGE AMADO: UMA LITERATURA POPULAR
• Promove um encontro entre a vida real e a ficção.
• Temas presentes, dando uma certa ideia de
identidade nacional:
As injustiças sociais, a voz dos excluídos,
a oralidade da língua portuguesa, o lirismo,
a cultura do povo, as religiões brasileiras,
a sensualidade feminina.
2ª GERAÇÃO MODERNISTA BRASILEIRA:
O ROMANCE DE 30 (1930-1945)
JORGE AMADO: UMA LITERATURA POPULAR
Logo depois transferiram para o trapiche o depósito dos objetos que o trabalho
do dia lhes proporcionava. Estranhas coisas entraram então para o trapiche. Não
mais estranhas, porém, que aqueles meninos, moleques de todas as cores e de
idades as mais variadas, desde os nove aos dezesseis anos, que à noite se
estendiam pelo assoalho e por debaixo da ponte e dormiam, indiferentes ao vento
que circundava o casarão uivando, indiferentes à chuva que muitas vezes os
lavava, mas com os olhos puxados para as luzes dos navios, com os ouvidos
presos às canções que vinham das embarcações...
AMADO, J. Capitães da Areia. São Paulo: Companhia das Letras, 2008 (fragmento).
2ª GERAÇÃO MODERNISTA BRASILEIRA:
O ROMANCE DE 30 (1930-1945)
ÉRICO VERISSIMO: UMA VOZ DO SUL
• 1ª fase – painel da burguesia do RS:
Preocupação com a crise moral e espiritual do
homem e da sociedade em que vive.
• 2ª fase – relação entre o presente degradado por
por crises e revoluções e o passado marcado pelo
heroísmo do povo gaúcho na defesa de seu
território
Reconstituição do passado com o desejo de
promover a reflexão crítica da sociedade presente;
Reconhecimento de como o elemento humano,
heroico ou não, participa da formação de um povo.
2ª GERAÇÃO MODERNISTA BRASILEIRA:
O ROMANCE DE 30 (1930-1945)
ÉRICO VERISSIMO
Rodrigo havia sido indicado pela oposição para fiscal duma das mesas eleitorais.
Pôs o revólver na cintura, uma caixa de balas no bolso e encaminhou-se para seu
posto. A chamada dos eleitores começou às sete da manhã. Plantados junto da
porta, os capangas do Trindade ofereciam cédulas com o nome dos candidatos
oficiais a todos os eleitores que entravam. Estes, em sua quase totalidade,
tomavam docilmente dos papeluchos e depositavam-nos na urna, depois de assinar
a autêntica. Os que se recusavam a isso tinham seus nomes acintosamente
anotados.
VERISSIMO, E. O tempo e o vento. São Paulo: Globo, 2003 (adaptado).
3ª GERAÇÃO MODERNISTA BRASILEIRA:
O PÓS-MODERNISMO (1945-1960)
• Preocupada em não se prender a nenhuma regra, nem mesmo aos
modelos dos primeiros modernistas.
• Foco: psicologia das personagens.
• Não tem um final muito claro, com alguns estudiosos afirmando que se
encerra nos anos 1960 e, outros, dizendo que se estende até os anos 1980.
• Principais autores da Terceira Fase:
Guimarães Rosa: Grande sertão: veredas e Sagarana;
Clarice Lispector: A hora da estrela e Laços de família;
João Cabral de Melo Neto: O cão sem plumas e Morte e vida Severina;
Ferreira Gullar: Dentro da noite veloz e A luta corporal.
3ª GERAÇÃO MODERNISTA BRASILEIRA:
O PÓS-MODERNISMO (1945-1960)
GUIMARÃES ROSA: UM SERTÃO FEITO DE PALAVRAS
3ª GERAÇÃO MODERNISTA BRASILEIRA: O
PÓS-MODERNISMO (1945-1960)
GUIMARÃES ROSA: UM SERTÃO FEITO DE PALAVRAS
• Reinveitou o regionalismo:
Narrativas epifânicas: personagens vivem, aprendem e ascendem
espiritualmente quando se deparam com as “verdades” da vida.
Mundo mítico e desconhecido, mas também com amor, ódio, medo, morte
e vida.
Sertão imaginário, reinventado por meio da linguagem.
• Associou temas filosóficos e metafísicos a experimentações formais com uma
conotação universalista:
Filosofia de Heráclito, Platão, Plotino, Henri Bergson, Lao Tsé, Ernest Renan,
mitologia grega;
Livros: Bíblia, A divina comédia, Ilíada, Odisseia, fábulas de La Fontaine,
contos de fadas europeus etc.
• Linguagem:
Neologismos;
Busca pela língua real do povo mineiro, reproduzindo a sonoridade da fala.
3ª GERAÇÃO MODERNISTA BRASILEIRA:
O PÓS-MODERNISMO (1945-1960)
GUIMARÃES ROSA: UM SERTÃO FEITO DE PALAVRAS
Quem é pobre, pouco se apega, é um giro-o-giro no vago dos gerais, que nem os
pássaros de rios e lagoas. O senhor vê: o Zé-Zim, o melhor meeiro meu aqui,
risonho e habilidoso. Pergunto: — Zé-Zim, por que é que você não cria galinhas-
d‘angola, como todo o mundo faz? — Quero criar nada não... — me deu resposta:
— Eu gosto muito de mudar... [...] Belo um dia, ele tora. Ninguém discrepa. Eu,
tantas, mesmo digo. Eu dou proteção. [...] Essa não faltou também à minha mãe,
quando eu era menino, no sertãozinho de minha terra. [...] Gente melhor do lugar
eram todos dessa família Guedes, Jidião Guedes; quando saíram de lá, nos
trouxeram junto, minha mãe e eu. Ficamos existindo em território baixio da Sirga,
da outra banda, ali onde o de-Janeiro vai no São Francisco, o senhor sabe.