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E, mia senhor, des aquelha E minha senhora, desde aquele dia, ai!
me foi a mí mui mal di'ai!, Tudo me ocorreu muito mal!
E vós, filha de don Paai E a vós, filha de Dom Paio
Moniz, e ben vos semelha Moniz, parece-vos bem
d'haver eu por vós guarvaia, Que me presenteeis com uma guarvaia,
Pois eu, minha senhora, como presente,
pois eu, mia senhor, d'alfaia
Nunca de vós recebera algo,
nunca de vós houve nen hei
Mesmo que de ínfimo valor.
valía dũa correa.
Características
A poesia desta época compõe-se basicamente de cantigas, geralmente
com acompanhamento de instrumentos (alaúde, flauta, viola, gaita
etc.).
Os autores dessas cantigas eram chamados de trovadores.
Esses poetas faziam parte da nobreza ou do clero e, além da letra,
criavam a música das composições que eram executadas nas cortes.
Características
Já nas camadas populares, quem cantava e
executava as canções, mas não as criava,
eram os jograis.
Mais tarde, as cantigas foram copiladas em
Cancioneiros.
Os mais importantes Cancioneiros desta
época são o da Ajuda, o da Biblioteca
Nacional e o da Vaticana.
Características
As cantigas eram cantadas no idioma galego-português e
dividem-se em dois tipos:
→líricas (de amor e de amigo);
→ satíricas (de escárnio e mal-dizer).
Do ponto de vista literário, as cantigas líricas apresentam
maior potencial pois formam a base da poesia lírica
portuguesa e até brasileira.
Já as cantigas satíricas, geralmente, tratavam de
personalidades da época, numa linguagem popular e muitas
vezes obscena.
Cantigas de amor
Origem em Provença, região da França.
Trazidas através dos eventos religiosos e contatos entre as
cortes.
Tratam, geralmente, de um relacionamento amoroso, em
que o trovador canta seu amor a uma dama, normalmente
de posição social superior, inatingível.
Refletindo a relação social de servidão, o trovador roga a
dama que aceite sua dedicação e submissão.
Eu-lírico - masculino
Exemplo
Perguntar-vos quero por Deus Des que vos vi, sempr'o maior
Senhor fremosa, que vos fez ben que vos podia querer
mesurada e de bon prez, vos quigi, a todo meu poder,
que pecados foron os meus e pero quis Nostro Senhor
que nunca tevestes por ben
de nunca mi fazerdes ben. que nunca tevestes por ben
de nunca mi fazerdes ben.
Pero sempre vos soub'amar
des aquel dia que vos vi, Mays, senhor, ainda con ben
mays que os meus olhos en mi, se cobraria ben por ben.
e assy o quis Deus guisar,
que nunca tevestes por ben (Don Dinis, rei de Portugal que viveu entre
de nunca mi fazerdes ben. 1261 – 1325)
Cantiga de amigo
Este tipo de texto apresenta um eu-lírico
feminino.
O trovador compõe a cantiga, mas o ponto de
vista é feminino.
Tem como tema o sofrimento da mulher à
espera do namorado (chamado "amigo"), a dor
do amor não correspondido, as saudades, os
ciúmes, as confissões da mulher a suas amigas,
etc.
Cantiga de amigo
Os elementos da natureza estão sempre
presentes, além de pessoas do ambiente
familiar, evidenciando o caráter popular da
cantiga de amigo.
Eu-lírico - feminino
Exemplo
Ondas do mar de Vigo, Se vistes meu amigo,
se vistes meu amigo! o por que eu sospiro!
E ai Deus, se verrá cedo! E ai Deus, se verrá cedo!
Ondas do mar levado,
se vistes meu amado! Se vistes meu amado,
E ai Deus, se verrá cedo! por que hei gran cuidado!
E ai Deus, se verrá cedo!
Martin Codax
Cantigas satíricas
Nessas cantigas os
trovadores
preocupavam-se em
denunciar os falsos
valores morais vigentes,
atingindo todas as classes
sociais: senhores feudais,
clérigos, povo e até eles
próprios.
Cantigas satíricas