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TROVADORISMO

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Era Medieval Era Colonial (Clássica)


Escritos de Formação* (séc. XVI)
Trovadorismo (séc. XII ao XIV) (Quinhentismo*)
Humanismo (séc. XV e início do XVI) Escritos de Informação* (séc. XVI)
Barroco (séc. XVII)
Era CLássica
Neoclassicismo-Arcadismo (séc. XVIII)
Classicismo (séc. XVI) Era Nacional (Romântica)
Barroco (séc. XVII) Romantismo (séc. XIX - 1ª metade)
Neoclassicismo-Arcadismo (séc. XVIII) Realismo/Naturalismo/Parnasianismo/
Simbolismo (séc. XIX - 2ª metade)
Era Moderna (Romântica) Pré-Modernismo* (início do séc. XX)
Modernismo (séc. XX)
Romantismo (séc. XIX - 1ª metade)
– - 1ª Geração (1922 - 1930)
Realismo/Naturalismo/Parnasianismo/
– - 2ª Geração (1930 - 1945)
Simbolismo (séc. XIX - 2ª metade)
Modernismo (séc. XX) – - 3ª Geração (1945 - ?)
A poesia no período trovadoresco
Chamamos de poesia trovadoresca a produção poética, em galego-português, do
final do século XII ao século XIV. Seu apogeu ocorre no reinado de Afonso III, em
meados do século XIII.
Os cancioneiros
Só tardiamente (a partir do final do século XIII) as cantigas foram copiadas em
manuscritos chamados cancioneiros. Três desses livros, contendo aproximadamente
1 680 cantigas, chegaram até nós.
• Cancioneiro da Ajuda
• Cancioneiro da Vaticana
• Cancioneiro da Biblioteca Nacional de Lisboa
Os autores
Os autores das cantigas são chamados trovadores. Eram pessoas cultas, quase
sempre nobres, contando-se entre eles alguns reis, como D. Sancho I, D. Afonso X,
de Castela, e D. Dinis. Nos cancioneiros que conhecemos, estão reunidos as cantigas
de 153 trovadores.
Os intérpretes
As cantigas compostas pelos trovadores eram musicadas e interpretadas pelo
jogral, pelo segrel e pelo menestrel, artistas agregados às cortes ou perambulavam
pelas cidades e feiras. Muitas vezes o jogral também compunha cantigas.
Características das cantigas
• Língua galego-português
• Tradição oral e coletiva
• Poesia cantada e acompanhada por instrumentos musicais colecionada
em cancioneiros (melopeia)
• Autores trovadores
• Intérpretes: jograis, segréis e menestréis.
• Gêneros: lírico (cantigas de amigo, cantigas de amor) e satírico (cantigas
de escárnio, cantigas de maldizer).
Os gêneros

As cantigas podem ser classificadas em:

• gênero lírico: cantigas de amor, cantigas de amigo


• gênero satírico: cantigas de escárnio e de maldizer
Cantigas de Amor
• Eu lírico masculino acometido de coita, ou seja,
sofrimento amoroso;
• Ambientação palaciana (corte);
mulher idealizada;
• Vassalagem amorosa. O eu-lírico assume uma atitude
submissa, de vassalo em relação à amada, ele é servo
da mulher amada (dame sans merci);
• O nome da mulher amada está sempre oculto (mesura
- ponderação), por ser casada;
• Composição masculina.
Cantigas de Amor
A dona que eu am’e tenho por senhor
amostráde-mh-a Deus, se vos en prazer for, Dama que eu sirvo e que muito
se non, dade-mi a morte. adoro mostrai-ma, ai Deus! Pois que
vos imploro,
Senão, dai-me a morte.
A que tenh’eu por lume destes olhos meus
e por que choran sempr’, amostráde-mh-a, Deus, Essa que é a luz dos olhos meus
se non, dáde-mi a morte. por quem sempre choram, mostrai-
me, ai Deus!
Senão, dai-me a morte.
Essa que vós fezestes melhor parecer Essa que entre todas fizestes
de quantas sei, ai Deus!, fazéde-mh-a veer,
se non, dáde-mh a morte. formosa,
mostrai-ma, ai Deus! Onde vê-la eu
possa,
Ay Deus, que mi-a fezestes mais ca min amar, Senão, dai-me a morte.
mostráde-mh-a u possa con ela falar, A que me fizesse amar mais do que
se non, dade-mh a morte tudo,
Mostrai-ma e onde posso com ela
Bernardo Bonaval falar,
Senão, dai-me a morte.
(Bernardo Bonaval)
Cantigas de Amigo
• Eu lírico feminino;
• Ambiente popular (campo, vilas, praia etc.);
• Tema
a) separação do namorado, que parte em alguma expedição militar e a espera
de seu retorno;
(b) a romaria a lugares santos, onde a donzela busca uma conquista amorosa,
através da dança;
(c) as bailadas, que versam exclusivamente o tema da dança;
(d) as marinhas ou barcarolas, à beira do mar;
(e) o tema das tecedeiras, no interior dos lares;
(f) e o tema das chamadas cantigas de fonte, onde as donzelas iam lavar os
cabelos ou mesmo a roupa, encontrando-se então com os namorados.
• Amor real (saudades de quem o eu lírico teve);
• Paralelismo (repetições parciais)
• Refrão (repetições integrais)
• Sentimentos de saudade do "amigo";
• Composições com diálogo;
• Presença das forças da natureza;
• Composição masculina.
Cantigas de Amigo
1. Ai flores, ai flores do verde pino,

2. se sabedes novas do meu amigo!

3. Ai Deus, e u é? 1. Do que pôs comigo: sobre


aquilo que combinou comigo
4. Ai flores, ai flores do verde ramo,
(isto é, o encontro sob os
5. se sabedes novas do meu amado!
pinheiros)
6. Ai Deus, e u é?
2. E seera vosc’ant’o prazo
7. Se sabedes novas do meu amigo, saído (passado): e estará
8. aquel que mentiu do que pôs comigo! convosco antes de terminar o
9. Ai Deus, e u é?

prazo combinado
10. Se sabedes novas do meu amado,

11. aquel que mentiu do que mh á jurado!

12. Ai Deus, e u é?

13. Vós me preguntades polo voss'amigo,

14. e eu ben vos digo que é san' e vivo:

15. Ai Deus, e u é

* Dinis, grande incentivador


16. Vós me preguntades polo voss'amado,

17. e eu ben vos digo que é viv' e sano:


da cultura, fundou a
18. Ai Deus, e u é?
Universidade de Lisboa
(1291), posteriormente
19. E eu bem vos digo que é san' e vivo transferida para Coimbra
20. e seerá vosc' ant' o prazo sa'ido:

21. Ai Deus, e u é?
(1308). Foi chamado o rei-
trovador, com 138 cantigas
22. E eu ben vos digo que é viv' e sano conhecidas .
23. e seerá vosc' ant' o prazo passado:

24. Ai Deus, e u é?

D. Dinis
Cantigas de Amigo

Ondas do mar de Vigo, Ondas do mar de Vigo,


se vistes meu amigo? acaso vistes meu amigo? Queira
E ai Deus, se verra cedo! Deus que ele venha cedo! (digam
que virá cedo)
Ondas do mar levado,
se vistes meu amado? Ondas do mar agitado,
E ai Deus, se verra cedo! acaso vistes meu amado?
Queira Deus que ele venha cedo!

Se vistes meu amigo, Acaso vistes meu amigo


o por que eu sospiro? aquele por quem suspiro?
E ai Deus, se verra cedo! Queira Deus que ele venha cedo!

Se vistes meu amado, Acaso vistes meu amado,


por que ei gran coitado? por quem tenho grande cuidado
E ai Deus, se verra cedo! (preocupado) ?
Queira Deus que ele venha cedo
Martim Codax
Cantigas de Escárnio
• Sátiras indiretas por meio das quais critica-se, de forma irônica e velada,
pessoas sem citar nomes;

• Sutis e bem-humoradas.
Cantigas de Escárnio

De vós, senhor, quer’eu dizer Sobre vós, senhora, eu quero


verdade dizer verdade
e nom ja sobr’[o] amor que vos ei: e não já sobre o amor que
senhor, bem [moor] é vossa tenho por vós:
torpicidade senhora, bem maior é vossa
de quantas outras eno mundo sei; estupidez
assi de fea come de maldade do que a de quantas outras
nom vos vence oje senom filha dum conheço no mundo
rei tanto na feiúra quanto na
[Eu] nom vos amo nem me maldade
perderei, não vos vence hoje senão a
u vos nom vir, por vós de filha de um rei
soidade[...] Eu não vos amo nem me
perderei
de saudade por vós, quando
Pero Larouco
não vos vir
Pero Larouco
Cantigas de Escárnio
Ai, dona fea, fostes-vos queixar Ai, dona feia, foste-vos queixar
que vos nunca louv[o] em meu cantar; que nunca vos louvo em meu cantar;
mais ora quero fazer um cantar mas agora quero fazer um cantar
em que vos loarei toda via; em que vos louvares de qualquer
e vedes como vos quero loar: modo;
dona fea, velha e sandia! e vede como quero vos louvar
dona feia, velha e maluca!

Dona fea, se Deus mi pardom, Dona feia, que Deus me perdoe,


pois avedes [a]tam gram coraçom pois tendes tão grande desejo
que vos eu loe, em esta razom de que eu vos louve, por este motivo
vos quero ja loar toda via; quero vos louvar já de qualquer modo;
e vedes qual sera a loaçom: e vede qual será a louvação:
dona fea, velha e sandia! dona feia, velha e maluca!

Dona fea, nunca vos eu loei Dona feia, eu nunca vos louvei
em meu trobar, pero muito trobei; em meu trovar, embora tenha trovado
mais ora ja um bom cantrar farei, muito;
em que vos loarei toda via; mas agora já farei um bom cantar;
e direi-vos como vos loarei: em que vos louvarei de qualquer
dona fea, velha e sandia! modo;
e vos direi como vos louvarei:
João Garcia de Ghilhade dona feia, velha e maluca!
Cantigas de Maldizer

• Sátiras diretas por meio das quais falava-se mal das pessoas
conhecidas;

• Cita-se o nome;

• Vocabulário de baixo calão;

• Grosseiras com a intenção de ofender


Cantigas de Maldizer
"Dom Bernaldo, pois trazeis
convosco uma tal mulher,
a pior que conheceis
que se o alguazil souber, um poeta que anda com a pior prostituta que
açoitá-la quererá.
conhece só pode ser como ela, que “ se
vende” (lembrando o ditado “dize-me com
A prostituta queixar-se-á quem andas e te direi quem és” ).
e vós, assanhar-vos-ei A cantiga de Pero da Ponte, ainda, tem
tom ameaçador : se o alguazil ( espécie
Vós que tão bem entendeis de policial da época) souber vai querer
o que um bom jogral entende, açoitá-la
por que demônio viveis Se ambos souberem que Bernaldo anda com
uma prostituta como aquela, o poeta
com uma mulher que se vende ? estará perdido ("muito vos molestará" ):
E depois, o que fareis nem Deus poderá salvá-lo (“Se nem
se alguém a El-rei contar Deus lhe valerá”), nada ele poderá fazer
a mulher com quem viveis a respeito (“valer-lhe não podeis”). Se o
e ele a quiser justiçar? que a cantiga denuncia for de
conhecimento de muitas pessoas,
Se nem Deus lhe valerá, Bernaldo de Bonaval, certamente,
muito vos molestará, perderá seu prestígio literário, político,
pois valer-lhe não podeis“ moral.
(Pero da Ponte)

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