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Atividades

1ª) A repetição é um dos procedimentos expressivos da poesia e da


música popular. Copie os versos repetidos, indicando quantas vezes
aparecem no texto.
2ª) Por que a moça se sente “coitada” e “d’amor ferida”?
3ª) Comente a razão de tão grande sofrimento: é um fato banal,
corriqueiro, ou é um grande drama de amor?

D. Afonso Sanches
Trovador do final do século XIII e
Início do XIV. Filho bastardo de D.
Dinis
com sua amante favorita D. Aldonça
Fremosinha = formosinha Rodrigues da Telha. Deixou-nos 15
Ai, Deus, val! = ai, valha-me Deus! cantigas, nas quais, segundo J. J.
Nunes, revelou -se grande poeta.
Ai, Deus me ajude!
Bem talhada = bem-feita, elegante, bonita
Coitada = infeliz, cheia de sofrimento amoroso.
Texto 1 Canção da Ribeirinha
Un tal ome sei eu, ai ben-talhada Ome = homem
Don Denis Texto número 2 Bem-talhada = bem-feita, formosa
Un tal ome sei eu, ai ben-talhada, As = sua
que por vós ten a sa morte chegada; Seed’en nembrada = não vos esqueçais,
vedes quen é, e seed’én nembrada:
lembrai-vos.]
eu, mia dona.
Preto = perto
Un tal ome sei [eu] que preto sente Venha-vos em mente = tende em mente,
de sí morte [chegada] certamente; Lembrai-vos.
vedes que[n] é, [e] venha-vos en mente: Aquest’ oíde = ouvi isto, a expressão tem
eu, mia dona. a função de chamar a atenção da mulher
Morr’ = morre
Un tal ome sei [eu], aquest’oide,
Vo-lo em partide = Vós o afastais de vós,
que por vós morr[e], e vó-lo partide;
vedes que[n] é, [e] non xe vos obride: no sentido de deixá-lo partir, afastar-se
eu, mia dona. Non xe vos abride = Não vos esqueçais dele.
Música Queixa de Caetano Veloso. Princesa, surpresa, você me arrasou
Um amor assim delicado Serpente, nem sente que me envenenou
Você pega e despreza Senhora, e agora me diga aonde eu vou
Não devia ter despertado Senhora, serpente, princesa
Ajoelha e não reza Um amor assim delicado
Dessa coisa que mete medo Nenhum homem daria
Pela sua grandeza Talvez tenha sido pecado
Não sou o único culpado Apostar na alegria
Disso eu tenho a certeza Você pensa que eu tenho tudo
Princesa, surpresa, você me arrasou E vazio me deixa
Serpente, nem sente que me envenenou Mas Deus não quer que eu fique mudo
Senhora, e agora me diga aonde eu vou E eu te grito essa queixa
Senhora, serpente, princesa Princesa, surpresa, você me arrasou
Um amor assim violento Serpente, nem sente que me envenenou
Quando torna-se mágoa Senhora, e agora me diga aonde eu vou
É o avesso de um sentimento Amiga, me diga
Oceano sem água
Ondas, desejos de vingança
Nessa desnatureza Música Queixa – texto
Batem forte sem esperança
Contra a tua dureza
número 03
Texto número 4
Don Foão, que eu sei que ha preço de livão, Don Foão: don Fulano, desta forma, o trovador
não nomeia o nome da pessoa satirizada: sabe-
vedes que fez ena guerra (daquesto soo certão): se apenas que se trata de um fidalgo
sol que viu os genetes, come boi que fer tavão, Á preço de livão: tem fama de covarde.
sacudiu-se e revolveu-se, al- Vedes que fez em guerra: vede o que fez
durante a guerra.
-çou rab'e foi sa vía a Portugal. Daquesto soo certão: disto estou certo.
Sol que viu os genetes: logo que viu os
Don Foão, que eu sei que ha preço de ligeiro, cavaleiros (mouros).
Come boi que fer tavão: como boi aferroado
vedes que fez ena guerra (daquesto soo por um moscão (tavão: moscão, moscardo.)]
verdadeiro): Alçou rab’ e foi sa via Portugal: levantou o rabo
sol que viu os genetes, come bezerro tenreiro, e fugiu para Portugal.
Á preço de ligeiro: tem fama de leviano
sacudiu-se e revolveu-se, al- Daquesto sou verdadeiro = Daquesto soo
-çou rab'e foi sa vía a Portugal. certão = disto estou certo.
Come bezerro tenreiro = como um bezerro
novo
Don Foão, que eu sei que ha prez de liveldade, Á prez de liveldade = tem fama de medroso;
vedes que fez ena guerra (sabede-o por verdade): leviano (liveldade: ligeireza ao fugir).
sol que viu os genetes, come can que sal de grade,Come can que sal de grade: como cão que sai
da prisão, da concorrente.
sacudiu-se e revolveu-se, al-
-çou rab'e foi sa vía a Portugal. Texto número 5
Quando olhaste bem nos olhos meus Sem carinho, sem coberta
E o teu olhar era de adeus No tapete atrás da porta
Juro que não acreditei Reclamei baixinho
Eu te estranhei, me debrucei Dei pra maldizer o nosso lar
Sobre o teu corpo e duvidei Pra sujar teu nome, te humilhar
E me arrastei e te arranhei E me vingar a qualquer preço
E me agarrei nos teus cabelos Te adorando pelo avesso
No teu peito, teu pijama Pra mostrar que ainda sou tua
Nos teus pés, ao pé da cama Até provar que ainda sou tua
Chico Buarque de Holanda e Francis Hime --
Música “Atrás da porta” Texto número 6.
A propósito dos textos:
1ª) Como se classifica a Canção da Ribeirinha (texto 1)? Percebe-se a vassalagem amorosa? Em
caso afirmativo, justifique a sua resposta. Destaque uma passagem que caracteriza a sociedade
patriarcal.
2ª) Classifique a cantiga de autoria de D. Dinis (texto 2). Com base no vocabulário apresentado,
reescreva a cantiga, adaptando-a aos nossos dias.
3ª) Das cantigas apresentadas nesta leitura (textos de 1 a 6), quais apresentam refrão?
Paralelismos?
4ª) Relacione a música “Queixa”, de Caetano Veloso, com as cantigas medievais portuguesas.
Destaque algumas características trovadorescas presentes no texto.
5ª) Comente como você classificaria a cantiga apresentada como texto 4? Justifique sua resposta.
6ª) Comente a estrutura da cantiga apresentada como texto 5 (rima, forma). Classifique a
cantiga; justifique a resposta com elementos tirados do texto.
7ª) Relacione o texto de “Atrás da porta” com cantigas medievais, como você a classificaria?
Justifique sua resposta.

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