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Um Jornalismo de Combate
Pela Liberdade e Autonomia
ARTUR QUEIROZ
O Africano era um rei culto e por isso tinha uma importante biblioteca.
Quando soube que havia forma de copiar vários exemplares do mesmo
livro através da “divina arte da imprimissão”, tratou logo de contratar
mestres impressores germânicos que chegaram ao reino menos de cinco
anos depois de aberta ao público a oficina de Gutenberg.
A primeira tipografia e os mestres tipógrafos chegaram a Portugal através
do Colégio de Santa Cruz por intervenção directa do bispo de Coimbra, D.
João da Costa.
Mas o Africano foi mais longe e fundou uma livraria no seu Paço de
Alcáçova. Mais tarde, o soberano abriu o espaço real ao público, mas antes,
como descreve o Professor Joaquim de Carvalho, “adquiriu códices,
curando da sua instalação, estipendiando escrivães e iluminadores e
confiando a sua guarda e conservação ao historiador Gomes Eanes de
Azurara”. Estava criada em Portugal a primeira biblioteca pública.
E foi neste ambiente que no reinado seguinte, (D. João II) Diogo Cão
chegou à foz do Zaire e estabeleceu os primeiros contactos diplomáticos
com o reino do Congo.
Damião de Góis escreve que “em 1504 foram enviados para o Congo
mestres de ler e escrever para que abrissem escolas onde instruíssem
meninos”. Na sua “Crónica do Felicíssimo Rei D. Manuel”, o historiador
refere que “aos principais a que encarregam destes negócios, mandou
entregar muitos livros de doutrina cristã”.
O rei de França remou contra essa maré e declarou-a uma “arte divina”. D.
Manuel fez dos mestres tipógrafos cavaleiros da sua casa real. Mas a
desconfiança continuou, durante séculos.
Em 1492, D. Manuel enviou para o Congo vários sacerdotes negros que ele
tinha mandado educar desde crianças no Colégio de Santo Eloy, em Lisboa.
Garcia de Resende dá nota desse facto na sua obra histórica: “foram para o
Congo muitos frades e alguns deles bons letrados e com eles mandou El-
Rei muitos livros. Também para lá foram dois impressores alemães”.
Cataldo Sículo, cronista de D. João II, escreve que nas escolas do Congo se
ensinava o latim. Damião de Góis confirma que o soberano “comentava
com fina graça e crítica os cinco livros das nossas Ordenações”. O rei de
Portugal tinha enviado ao seu homólogo as Ordenações Manuelinas, que D.
Afonso I (Mbemba-a-Nzinga) leu, comentou e criticou “com fina graça”.
Só um homem com profundos conhecimentos da língua portuguesa e do
latim podia ler e criticar as ordenações (leis régias).
Rui Aguiar, mestre enviado por D. Manuel para o Congo, numa carta
remetida para o rei, pedia mais livros porque o manicongo “tem mais
necessidade de livraria do que doutras cousas”.
UM ANGOLANO PRODIGIOSO
Augusto Bastos, no final do século XIX, deu impulso decisivo à
Amboim, tendo sido preso pela polícia na sua casa de Benguela, no dia 2
Seles.
menos é essa a data que consta na lápide colocada na campa rasa onde está
familiares com essa grande figura da nossa História, afirma que ele nasceu
angolanos de sempre.
A biografia traçada por Alberto de Lemos refere que Augusto Bastos “foi
dos mais ilustres filhos de Angola que, na última década do século passado
(Sec. XIX) até ao primeiro quartel deste (Sec. XX), aqui, neste meio
assina uma “História de Angola” (1932) das mais probas e honestas sobre a
inteira razão.
paixão por essa ciência acompanhou-o até ao fim dos seus dias.
era membro, fez chegar ao cientista francês a correcção dos erros que
agradecer-lhe as correcções.
qual Augusto Bastos era apresentado como alguém que apenas tinha a
educação, que lhe foi dada por alguns dos melhores professores que davam
LITERATURA POLICIAL
além de dezenas de folhetins. São ficções muito raras, escritas numa prosa
fio condutor, o finíssimo humor dos benguelenses, traço que nada nem
Além desta obra fez o que todos os grandes escritores faziam na época,
Augusto Bastos é autor de outros livros muito raros, mas que ainda se
linguagem.
benguelenses.
MÚSICO E PINTOR
musical é desconhecida do público. Geraldo Bessa Victor diz que ele era
INVESTIGAÇÃO HISTÓRICA
dois mil processos. O trabalho foi metido numa cave, longe do palácio,
abandonado aos ratos e à salalé. Anos mais tarde, o que restou desta
de Angola.
INTELECTUAL REVOLUCIONÁRIO
inúmeros espaços verdes. Foi com ele que nasceu a Cidade das Acácias
nativos”.
polícia assaltou a sua casa e levou-o preso, sob a acusação de ser o líder da
teve de libertá-lo.
sementes da angolanidade.
angolanidade.