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Tema: 8.

3 – De Alexandria à era digital: difusão


do conhecimento através dos seus suportes
A importância da imprensa como meio de difusão do
livro – o início da Galáxia de Gutenberg

Docente: Suzanna Teixeira Loureiro


Em 1455, Johannes Gutenberg inventou a imprensa com tipos móveis reutilizáveis. O primeiro livro impresso
FIQUE SEGURO
nessa técnica foi a «Bíblia das 42 linhas» em latim, com apenas 48 exemplares espalhados pelo mundo. Esta obra está
disponível no formato digital, acessível para utilizadores da web, pois a Universidade do Texas, dona de um desses
exemplares, disponibiliza na Internet a obra completa.
http://www.hrc.utexas.edu/exhibitions/permanente/Gutenberg/

o O aparecimento da imprensa permitiu o desenvolvimento da técnica da tipografia, que tornou possível a edição de
vários livros, os quais passaram a estar acessíveis a um público mais vasto.
o No início, houve uma certa resistência por parte de diferentes grupos sociais a esta invenção. Assim, por exemplo:

- Os copistas, os vendedores dos livros manuscritos e os contadores de histórias profissionais temiam que a imprensa
os privasse do seu meio de vida, pois era posta em causa a sua profissão.
- Os eclesiásticos temiam que a imprensa estimulasse os leigos a estudarem autonomamente os textos religiosos em
vez de acatarem o que lhes dissessem as autoridades religiosas.
- Os políticos receavam, principalmente após o aparecimento dos jornais impressos, que a sua atuação fosse criticada
pelo público em geral.
Enquanto que na Idade Média, o problema fora o da escassez de livros; no século XVI, o problema, para
alguns, era o excesso - «tantos livros que não temos tempo sequer para ler os títulos».

o A nível social, a edição de livros e o desenvolvimento da imprensa escrita deram origem ao aparecimento de
novas ocupações: os editores, o revisor, os catalogadores, o bibliotecário, etc.
o Contudo, apesar de criticada a máquina impressora marcou o início de uma nova época pois o livro
popularizou-se definitivamente, tornando-se mais acessível à população em geral, devido à enorme redução
dos seus custos da produção.
o Assim, a «Galáxia de Gutenberg» como denominou Marshall McLuhan, destronou o antigo universo do
conhecimento assente na oralidade e os livros tornaram-se num dos mais importantes meios de difusão da
informação e do conhecimento.
- A DIFUSÃO DO LIVRO IMPRESSO NA EUROPA A
PARTIR DO SÉCULO XVI
 A história do livro está diretamente ligada à história da humanidade nos seus diferentes
contextos espaciais e socioculturais, pois se atualmente consideramos que um livro
corresponde a um conjunto de folhas, contendo informações impressas, presas por um lado,
com uma lombada e tudo enquadrado por uma capa, tal nem sempre aconteceu.
 Com efeito, como vimos, na Antiguidade, entre os sumérios, o livro era um tijolo de barro
cozido ou em argila, onde se cunhavam textos. Constituíram, como vimos, o primeiro registo
humano de escrita, escrita cuneiforme – placas de argila de Uruk.
 No Egito, os livros eram rolos de papiro que chegavam a ter vinte metros de comprimento e
eram escritos em hieróglifos.
 Os livros, semelhantes aos que conhecemos, surgem com o pergaminho (pele tratada dos
animais), contudo, maiores e mais caros.
o Só no século VIII da nossa era o papel chega à Europa. Assim, os livros, na Idade Média, eram escritos em papel à
mão pelos copistas, que normalmente os copiavam de livros já existentes. Estes livros, designados, muitas vezes,
por iluminuras, eram objetos lindíssimos, frequentemente e decorados com letras ornamentais, pinturas, etc.
o Com o advento da imprensa, no Renascimento europeu, o livro manuscrito foi gradualmente substituído pelo livro
impresso.
o A coincidência temporal entre os descobrimentos da imprensa e o início do desenvolvimento da ciência veio
permitir que a leitura dos livros tornasse possível examinar as relações entre os saberes e as aplicações técnicas.
Por outro lado, o aparecimento das Universidades fez surgir um novo mercado leitor que estimulou a produção de
livros científicos.

Primeiro livro impresso


Livro da Idade Média (escritos à mão)
o Após a Revolução Francesa, o livro passou a ser considerado como um instrumento de libertação do homem. Esta
nova situação deu origem a que os hábitos de leitura se generalizassem e propagassem por toda a Europa
Ocidental, o que, com o advento da Revolução Industrial, contribuiu para uma grande difusão do livro.

o No século XXI, as inovações tecnológicas alteram o processo de impressão dos livros. Assim, o aparecimento
sucessivo da prensa metálica, da prensa de rolos e a pedal, e, finalmente, da prensa mecânica a vapor, substituem as
formas de impressão manual, folha por folha, inventadas por Gutenberg. Quer isto dizer que o livro também passou
a ser uma produção industrial.

o A industrialização do livro permitiu o aumento da sua produção e, consequentemente, a redução dos seus custos e
dos seus preços, tornando-o mais acessível, situação que facilitou a sua divulgação.
o Por outro lado, esta situação também faz aumentar a importância das bibliotecas públicas, o que permitiu uma
democratização da leitura, já que elas têm acesso a todas as camadas sociais.

Johannes Gutenberg Prensa mecânica inventada por Gutenberg


Deste modo, o livro torna-se um veículo de informação e de difusão do pensamento escrito, apresentando ainda
outras vantagens:
- Um livro é transportável, é de fácil acesso, não precisa de uma ligação eletrónica para ser lido (quando muito de
óculos), basta comprá-lo ou requisitá-lo numa biblioteca;
- Um livro pode ser produzido com poucos recursos, o que o torna barato.

o Na primeira fase de lançamento dos livros, os aspetos relacionados com a impressão e a apresentação do livro
(encadernação, imagens, etc.) eram muito importantes; contudo, atualmente, a atenção desviou-se do livro
enquanto objeto, para o livro enquanto conteúdo. No entanto, alguns livros, para mercados restritos e
especializados, continuam a dar muita importância aos aspetos formais, como é o caso dos livros infantis e de
alguns livros de arte.
o Deste modo, o livro é um excelente dispositivo de armazenamento da informação, cujo acesso é relativamente
fácil. Só assim se explica que se tenha tornado num meio físico de fixação de mensagens reconhecido
universalmente, ou seja, é utilizado e reconhecido em qualquer país do mundo como depositário da sua cultura.
Aliás, na sociedade contemporânea, na era do computador, este também o copia, através dos novos dispositivos
eletrónicos – os e-books .

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