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Sebenta / Módulo
Turma: ESPE - CP Técnico/a Cozinha/ Pastelaria - 2º Ano - 2019/2020
Disciplina: Área de Integração
Módulo: 4 - A Construção da democracia / De Alexandria à era digital: a difusão do conhecimento através dos
seus suportes
Docente: Suzanna Teixeira Loureiro
Modelo 154-DP
Objetivos
A construção da Democracia
Bibliografia
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Índice de Conteúdos
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Tema/Problema 2.3 – A construção da Democracia
1.1.Clãs
De facto, o ser humano é um ser social que vive em estado de relação, sendo o
convívio humano necessariamente organizado. No entanto, as sociedades têm conhecido
diversas formas de organização social e política.
1.2. Cidades-Estado
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e os estrangeiros, pois apenas os homens possuíam terras e viviam do trabalho dos
camponeses e dos escravos tinham o direito de participar na polis (cidade) – eram os
cidadãos (homens com direitos políticos).
Estes Estados eram governados por uma assembleia e por magistrados eleitos, no
caso dos regimes democráticos como o ateniense, ou por um chefe, um rei ou um
imperador, no caso dos regimes autocráticos (autoritários, como o Império Romano).
o Cidadãos
o Metecos
o Escravos
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Estes grupos tinham direitos e funções diferentes, sendo que estes dependiam do grupo
a que pertenciam.
Os cidadãos eram: homens libvres; com mais de 18 anos e do sexo masculino; nascidos
em Atenas e filhos de pai e mãe atenienses; só tinham direitos políticos, participando nas
Assembleias, Conselhos e Tribunais.
Os Metecos eram: estrangeiros que viviam na cidade- estado de Atenas; homens livres,
mas sem direitos políticos; sujeitos ao serviço militar e ao pagamento de impostos; não
podiam possuir terras; dedicavam-se ao comércio e ao artesanato; não podiam casar com
mulheres atenienses; excecionalmente podiam tornar-se cidadãos, distinguindo-se na
guerra.
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Génova e Veneza foram cidades que se transformaram em centros económicos
ricos, onde existiam mercados que transacionavam diversos tipos de bens.
o Desenvolveu-se, a par do incremento do comércio, a circulação monetária,
originando outras profissões, como por exemplo a de banqueiro e um novo grupo de
homens de negócios, a burguesia mercantil. Estes, detentores de grandes fortunas,
vão até conceder empréstimos aos reis e à nobreza. Com a ascensão da burguesia
dá.se a queda do feudalismo. No século XV, encontramo-nos numa fase inicial do
capitalismo – o capitalismo mercantil, que procura novas rotas comerciais, de forma
a obter mais produtos e novos mercados.
o No século XVI, Maquiavel teoriza sobre a necessidade de centralização do poder e
de um Estado forte. Na sua obra “O Príncipe” este filósofo italiano defende que o
Estado deverá definir a sua finalidade sem se preocupar com os meios para atingir
esse fim, necessitando, para afirmar o seu poder, de possuir um exército
permanente e de âmbito nacional. É a justificação dos regimes autocráticos de que
as monarquias absolutas são um exemplo. Estes regimes estabeleceram a
submissão da nobreza, do clero e da burguesia, além do povo. Por esta altura
(séculos XVI e XVII) os monarcas iniciam um processo de centralização do poder,
passando a deter os três poderes – legislativo, executivo e judicial – dando origem à
era do Absolutismo.
Nos séculos XVII e XVIII, filósofos como Locke, Voltaire, Montesquieu e Rousseau
opuseram-se ao Antigo Regime – assente no absolutismo – e proclamaram os princípios
do liberalismo, como a separação dos poderes (legislativo, executivo e judicial) e a ideia
de que «todos os homens nascem livres e iguais». Desta forma, abriram perspetivas
às grandes transformações políticas, sociais e económicas de que o século XVIII iria ser
palco:
A ideologia liberal vai-se propagando, ao longo dos séculos XIX e XX, através de revoluções
em que a burguesia passa a deter o poder.
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expressão do pensamento, a liberdade de imprensa, o direito a resistência e a não sujeição
a castigos cruéis, entre outros avanços.
Porém, estes direitos não foram alargados às mulheres, apesar de muitas terem
participado ao dos homens na Revolução. Olympe de Gouges foi uma dessas mulheres que
lutou pelos valores revolucionários. Inspirada na Declaração dos Direitos do Homem e do
Cidadão, redigiu a Declaração dos Direitos da Mulher e da cidadã, em 1791. Em Inglaterra,
Mary Wollostonecraft publicou, em 1792 “Uma Reivindicação dos Direitos da Mulher”, texto
que marca o início dos caminhos do feminismo.
Irá ser ao longo do século XIX e início do século XX que as mulheres (inicialmente nos EUA
e em Inglaterra e depois na Europa continental e restantes continentes) protagonizarão lutas
sufragistas (pelo direito de voto). É de salientar que muitas mulheres sufragistas lutaram
também pela abolição do trabalho escravo.
Este longo caminho pela igualdade de direitos entre os seres humanos vai-se construindo. A
escravatura é abolida em várias regiões do mundo, desde a segunda metade do século XIX,
e as mulheres conquistam o direito de voto em vários países, no final do século XIX e no
início do século XX.
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Nações Unidas) em 1945 – a 10 de Dezembro de 1948, com o
objetivo de nunca mais se voltarem a cometer as atrocidades da II
Guerra Mundial (1939 – 1945) e de as pessoas poderem usufruir de
direitos essenciais, pelo simples facto de serem seres humanos.
Nos trinta artigos da Declaração dos Direitos Humanos surgem consagrados os direitos civis
e políticos (direito à vida, liberdade de expressão e igualdade perante a lei, por exemplo),
económicos, sociais e culturais (direito de participar na cultura, direito a ser tratado com
respeito e dignidade e direito ao trabalho e à educação, por exemplo). Estes direitos são de
aplicação universal, isto é, dizem respeito a todos, devendo ser aplicados na mesma forma
em todos os países e regiões; são indivisíveis, porque todos os direitos têm igual valor e
força, isto é, não é possível considerar que uns sejam mais importantes do que os outros;
são , são inalienáveis, porque pertencem a todos/as, não podendo ser cedidos por ninguém,
isto é, dizem respeito a cada pessoa.
A Declaração Universal dos Direitos Humanos não tem força jurídica porque não é
um tratado, mas sim uma declaração de intenções e de princípios que os países que a
assinaram se comprometem a cumprir. Porém, ao fim de mais de sessenta anos, já faz
parte dos princípios pelos quais se orientam as constituições de muitos países do mundo,
como é o caso da Constituição da República Portuguesa.
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de alguns setores sociais, protagonizou um golpe militar,
iniciando o período da Ditadura Militar e, alguns anos
depois, o Estado Novo. Durante cerca de 48 anos as
liberdades democráticas foram abolidas. Oliveira Salazar foi
chamado a assumir o Ministério das Finanças e,
posteriormente, o cargo de primeiro-ministro, até 1968, ano
em que sofre um acidente vascular – cerebral. Após este
acidente ele é substituído por Marcelo Caetano que, por sua
vez, será deposto a 25 de Abril de 1974.
O 25 de Abril de 1974
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partir dos 5 anos; a consagração da universalidade dos sistemas de segurança social e de
saúde; a elaboração de orçamentos participativos; a lei da paridade (de 2006) que estipula
que as listas para a Assembleia da República, para o Parlamento Europeu e para as
autarquias locais sejam compostas de forma a assegurar a representação mínima de 33%
de cada um dos sexos; e o direito ao casamento para pessoas do mesmo sexo, entre muitos
outros direitos.
O Homem, desde sempre, escreveu em vários suportes materiais como a pedra, argila,
madeira, em tela, seda, couro, ardósia, osso, tijolo, papiro, pergaminho, papel e no teclado.
Para o fazer, tem usado diferentes tipos de ferramentas: canas cortadas em bisel, calámos
estiletes de metal ou de osso.
A escrita não é apenas um modo de transmitir um significado, pode ser também uma
manifestação artística usada para fins lucrativos (veja-se os casos da escrita chinesa e da
caligrafia árabe, tão valorizada pelo Islamismo, que considera o escrever como uma dádiva
divina). A arte de escrever com perfeição denomina-se caligrafia.
De facto, seria difícil conceber a nossa vida sem o domínio do escrito: códigos de entrada,
leis, regras e normas, informações de alimentos, publicidade, estudos, livros, jornais,
revistas, a internet, o modo como comunicamos na net, a sms, o chat, o Messenger, a
fotocopiadora, a transmissão por fax, os relatórios, as contabilidades, os preços, as
instruções sobre os usos de um medicamento, de eletrodomésticos ou de jogos. Assim, o
escrito permitiu transformar as nossas relações, as trocas económicas, o modo e a
velocidade com que acedemos ao conhecimento e à informação, ultrapassando assim os
limites da memória individual.
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Deste modo, os primeiros homens viviam em pequenos grupos ocupados com a
sobrevivência, a proteção, a alimentação e a caça, para o que necessitavam de alguns
sinais ou sons simples com diferentes significados que permitiam a comunicação. A
melhoria das condições de vida e do seu aparato mental abrem caminho a realidades de
cariz espiritual: assim, a importância atribuída à morte, ao semelhante, aos rituais e relações
com o divino permitiu o surgir de uma nova linguagem ligada a crenças com ritos mágicos –
religiosos, patentes nas paredes de grutas. Tais representações são o início da escrita,
pretendendo fixar no tempo imagens que contam um acontecimento permitia-lhes apropriar-
se dele, dominá-lo, deter a sua memória, torná-la presente, reatualizá-la.
Por volta do IV milénio a. C., na Mesopotâmia, no Egipto e na China – quando diversas
sociedades se desenvolverem, com a domesticação de animais e o cultivo de plantas
nutritivas, permitindo maior sedentarização – começaram a falar-se línguas mais complexas.
Várias palavras ligadas pelo sentido começam a ser representadas por um só signo, como,
por exemplo, palavra, língua, falar ou representar todos os homónimos pelo mesmo signo. A
preocupação já não é apenas com o sentido, mas com o som e a transcrição gráfica da
linguagem articulada. Passa-se da conceção do objeto à palavra que o designa. Alguns
signos perdem a função de ideogramas (expressão do sentido de uma palavra) e assumem
a dupla função de ideia – fonograma (expressão de sentido, função semântica e expressão
de sons). Os fonogramas levam muitas populações a inventarem sistemas de escrita
(silabários), nos quais os signos já não representam palavras, mas sílabas, que constituem
já letras, suficientes para a escrita completa de uma língua.
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Representar uma sílaba por uma letra é expressar um conjunto sonoro, uma consoante mais
uma vogal. Se cada letra representar apenas uma consoante ou uma vogal e não todas as
combinações possíveis consoante/vogal, o número de letras necessárias à escrita reduz-se
para vinte ou trinta. Encontramos, assim, os alfabetos.
Este sistema evoluiu durante mil anos, diversificando-se os usos que a escrita passou a ter:
leis, contabilidade do Estado, códigos religiosos. Esta escrita, de que os Sumérios foram
inventores, denomina-se cuneiforme (Figura 1), porque se utilizavam pequenos bastões ou
canas cortadas em bisel para escrever em pequenas placas de argila mole, depois de
endurecidas por efeito de cozedura em forno ou calor do sol. Cada traço começa sob a
forma de um prego, ignorando toda a linha curva. Os desenhos de objetos que constituíam,
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de início, os caracteres cuneiformes vão-se estilizando, tornando-se mais abstratos e
semelhantes a letras. O traço em colunas legíveis de alto para baixo e da direita para a
esquerda passa para uma escrita horizontal e legível da esquerda para a direita. Eram
necessários cerca de 500 signos multiplicados pelos diversos valores dos ideogramas ou
fonogramas. Uma escrita tão extensa foi abandonada no início da nossa era. Por volta de
5000 anos antes da nossa era, o Egito elabora o seu sistema de escrita cujos sinais são os
hieróglifos (Figura 2), cuja origem se prende com a comemoração de acontecimentos
militares e rituais religiosos. Nesta escrita encontramos muitos elementos figurativos,
humanos, animais e vegetais, e uma composição gráfica cuidada. Encontramos ideogramas
com a função de fonogramas, e uma direção variável de escrita, colunas legíveis de alto a
baixo e da direita para a esquerda ou da esquerda para a direita, linhas legíveis da direita
para a esquerda ou da esquerda para a direita, sendo a indicação dada pelas figuras de
homens e animais sempre virados para o início da linha. Os egípcios usavam três tipos de
escrita: os hieróglifos que, porque levavam muito tempo a escrever, eram sobretudo
usados nos textos sagrados e esculturas tumulares; a escrita hierática, escrita mais rápida
para textos literários e documentos de negócios; e uma terceira escrita, a demótica. Esta
diversidade explica a dificuldade em descobrir a chave da escrita egípcia. Esta escrita
perdurou até ao século V.
Na china, encontramos outro dos grandes sistemas de escrita e um doa mais antigos.
Razões idênticas às da Mesopotâmia determinaram a necessidade da escrita. As inscrições
mais antigas que chegaram até nós encontram-se em textos divinatórios, em fragmentos de
osso e marfim e carapaças de tartaruga. Este sistema, apesar de ter evoluído de um traçado
figurativo para o abstrato, continuou a representar cada palavra por um signo, com
características muitos específicas um chinês que saiba ler utiliza 2500 signos na linguagem
corrente e até 3000 na linguagem científica ou erudita. A relação escrita / língua é das mais
duradouras: é sempre o mesmo signo que designa o mesmo objeto ou noção,
independentemente do modo de a pronunciar.
O alfabeto usado hoje na maioria do Ocidente foi-nos legado pelos Fenícios. Era uma
escrita composta por 22 consoantes, correspondendo a cada uma um som. Os Gregos, ao
entrarem em contacto comercial com os Fenícios, adicionaram ao alfabeto fenício as vogais,
cabendo depois aos Romanos a sua divulgação. Na história da escrita, encontramos
sempre a adaptação de um instrumento às diferentes necessidades e condições da sua
utilização.
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4. A imprensa como meio de difusão do livro: a Galáxia de Gutenberg
A palavra livro deriva do romano Liber, que significa madeira. Na língua grega, Biblos
significa casca de árvore. Com a prática da escrita linear, os suportes da escrita alteram-
se, deixando de ser as paredes das cavernas ou o corpo. Há que encontrar o material que
registe, transporte e conserve muita informação. O papiro e o pergaminho vêm solucionar
este problema. O papiro (planta parecida com um junco que, depois de cortada, justapostas,
batida e humedecida, os Antigos Egípcios usavam em rolos, como suporte de escrita) e o
pergaminho originário da cidade grega de Pérgamo, no século III a. C., obtido a partir da
pele curtida de vitela, carneiro ou cabrito), cujas folhas vão ser dispostas em caderninhos, o
códex, que tem sobre o papiro a vantagem de ser mais maleável e resistente, permitindo
escrever dos dois lados. Estes materiais são decisivos para o início da indústria do
livro. No século V a.C., surgem em Roma e Atenas os primeiros editores e livrarias no
suporte de pergaminho. No século I d.C., os chineses inventam um tipo de papel, que a
Europa só conhece no século XII através dos Árabes, e surgem as primeiras fábricas de
pasta de papel no sul da Península Ibérica, que se generalizarão em toda a Europa a partir
do século XV.
Produzir dois textos iguais implicava cópias. Escribas no Antigo Egipto e monges
copistas, na Idade Média, cumpriam essa função. O cuidado com a letra e as pinturas dão-
nos uma ideia da dificuldade e minúcia desse trabalho. Na Idade Média com o
desenvolvimento do ensino e das Universidades, o livro, a leitura e o comentário ao texto
eram fundamentais. Havia a necessidade de cópias rigorosas e em maior número, o que era
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difícil com os processos utilizados. Com efeito, a estrutura política, social e económica
transforma-se: as cidades crescem, aumentando as trocas comerciais, as viagens, a
circulação e pessoas, de bens, informações e conhecimentos. É cada vez mais necessário
criar instrumentos rápidos de difusão de informação.
A invenção de Gutenberg possibilita imprimir folhas volantes com um conteúdo mais atual
mas menos profundo do que o de um livro. O longo percurso evolutivo da imprensa
implicou muitas transformações: de formatos e conteúdos, de destinatários, no que se diz
e pode dizer, etc. o livro predominou em relação à imprensa. Hoje, essa relação alterou-se.
O sucesso de um livro depende muito do destaque que a imprensa lhe atribui.
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Junta-se o telefone, o televisor e o computador numa nova máquina de comunicar,
interativa, alterando as relações interpessoais e económicas. A informatização permite
aceder a grandes quantidades de informação. A rádio, a televisão, a imprensa e o cinema
tornam-se meios de comunicação de massas – mass media – e o mundo uma “aldeia
global”.
É, também, através dos seus órgãos sensitivos que o Homem inventa a televisão,
semelhante ao sistema que leva as imagens da retina para o cérebro. Como inicialmente
era difícil transmitir imagens na globalidade, os primeiros sistemas de televisão transmitiam
imagens linha por linha. O primeiro sistema público de televisão surge em Londres, em
1925. Nos E.U.A, o engenheiro Wladimir Zworykin inventa o iconoscópio, que consistia
numa ampola, em que se criava o vazio, contendo, no seu interior, uma placa carregada de
pequenos elementos fotoeletroativos, onde as imagens eram projetadas, fazendo incidir
nesses elementos um feixe de raios luminosos. Em 1935, a Marconi utilizava já um sistema
eletrónico com 25 imagens por segundo em 405 linhas, permitindo a venda de recetores de
televisão ao público a partir de 1935.
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maior valor e significado. Começou a investigar factos, muitos deles com características
noticiosas, e assumiu, com um certo relevo, o documentário. O som e a cor vieram trazer-
lhe novas perspetivas e transformá-lo numa das mais importantes formas de espetáculo.
Os suportes da escrita mais importantes continuam a ser o livro, pelo seu prestígio, e a
imprensa, pelo seu papel de visão que temos do mundo e pelo contributo para as
transformações políticas e sociais. Fala-nos, hoje, no fim do livro e da sua transformação em
suportes digitais. A criação da blogosfera, a possibilidade de qualquer pessoa publicar a
sua obra na net, muda o percurso tradicional da relação com um editor, a impressão do livro,
o livreiro e a biblioteca. O mesmo sucede com o suporte tradicional da imprensa: hoje, estão
online as principais publicações, havendo até a possibilidade de o leitor interagir com o
jornal, publicando o seu comentário.
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Para compreender o que é um livro, é necessário atender ao processo de criatividade do
seu autor, às suas motivações, a um ato por natureza solitário e pessoal, considerar a
viagem da última palavra redigida até ao momento em que o livro chega ao leitor, o seu
conteúdo, a relação com o editor, a impressão e distribuição, o marketing, a sua vida numa
casa, biblioteca ou livraria.
6. A importância do Livro
“De todos os instrumentos do Homem, o livro, é sem dúvida alguma, o mais surpreendente.
Os outros são prolongamento do seu corpo. O microscópio e o telescópio são o
prolongamento da sua vista; o telefone um prolongamento da sua voz; temos também a
charrua e a espada, prolongamento do seu braço. Mas o livro é outra coisa: o Livro é um
prolongamento da memória e a da imaginação…
Os Antigos não tinham o nosso culto do livro – e isso surpreende-me; viam nele um
sucedâneo da palavra. Esta frase que se cita sempre: Scripta manent, verba volant, não
significa que a palavra escrita seja efémera, mas sim que a palavra é qualquer coisa de
permanente e morta. A palavra, pelo contrário, tem qualquer coisa de alado, de ligeiro; de
alado e de sagrado, como diz Platão. Curiosamente, todos os grandes mestres da
humanidade ministraram um ensino oral …. A segunda ideia que se faz do livro, repito-o,
que podia ser uma obra divina. Esta ideia está provavelmente mais próxima da que hoje em
dia nós fazemos do livro que da que faziam os Antigos, considerando-o como um
sucedâneo da palavra…
Tantos escritores escreveram de maneiras tão brilhantes sobre o livro que queria citar
alguns.
Começarei por Montaigne que consagra um dos seus ensaios ao livro. Neste ensaio, há
uma frase memorável: Eu não faço nada sem alegria. Montaigne deixa entender que o
conceito de leitura obrigatória é um conceito errado. Diz que, se encontra uma passagem
difícil num livro, abandona-a porque vê na leitura uma fonte de felicidade…
Continuo a fingir ser cego (J.L. Borges ficou cego na adolescência), continuo a comprar
livros, a encher a minha casa deles. No outro dia, ofereceram-me uma edição de 1966 da
Enciclopédia Brockhaus. Senti a presença desta obra na minha casa, sentia-a como uma
espécie de felicidade. Tinha perto de mim esta vintena de volumes em caracteres góticos
que não posso ler. Com cartas e gravuras que não posso ver; mas, no entanto, a obra
estava lá. Sentia como que a sua atração amigável. Penso que o livro é uma das
felicidades possíveis do homem.
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Fala-se do desaparecimento do livro: creio que tal é impossível. Que diferença, dir-me-ão,
pode haver entre um livro e um jornal ou um disco? A diferença é que um jornal é lido para o
esquecimento, um disco escuta-se também para o esquecimento, é qualquer coisa de
mecânico e, por isso mesmo, é frívolo. Lê-se um livro para nos lembrarmos dele.
O conceito de livro sagrado, quer se trate do Corão, da Bíblia ou dos Vedas – onde é
também dito que os Vedas criaram o mundo – está talvez ultrapassado, mas o livro
conserva, ainda, uma certa santidade que devemos tentar salvaguardar. Pegar num livro e
abri-lo torna ainda possível o feito estético. Que são as palavras deitadas num livro? O que
são os seus símbolos mortos? Absolutamente nada. O que é um livro se não o abrirmos?
Um simples cubo de papel em couro, com folhas; mas, se o lermos, passa-se qualquer coisa
de estranho, creio que ele muda de cada vez que o fazemos…
Quando lemos uma velha obra, é como se percorrêssemos todo tempo que passou entre o
momento em que foi escrito e nós próprios. É por isso que convém manter o culto do livro.
Um livro pode estar cheio de errata, podemos não estar de acordo com as opiniões do seu
autor, mas guarda, no entanto, qualquer coisa de divino, não que os respeitemos por
superstição, mas sim pelo desejo de encontrar nele felicidade, de encontrar nele
sabedoria.
7. A Importância de Ler
A importância do livro e do ler é tão grande que é uma prioridade nacional. Neste
contexto, surge o Plano Nacional de Leitura (Ler +), procurando incentivar o gosto pela
leitura com programas variados e atividades permanentes em múltiplos contextos: escolas e
bibliotecas escolares, biblioteca pública, famílias, ocupação dos tempos livres. Ler mais e
melhor é um fator básico do desenvolvimento individual e coletivo, é uma prioridade
nacional porque:
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A prática política decorre sempre de uma conceção pedagógica e esta, por sua vez,
depende do modo como se pensa o Homem e a sociedade. Que mesmo é dizer, a política
decorre da pedagogia e esta da filosofia.
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