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Índice

Introdução …………………………………………………………………………………………... 6
1. As primeiras sociedades ……………………………………………………………………… 7
1.1. Caçadoras-Recolectores …………………………………………………………………. 7
1.2. Comunidades agro-pastoris ……………………………………………………………… 8
2. Aparecimento da Democracia ………………………………………………………...…….... 9
2.1. Cidades-estado ……………………………………………..……………………..……… 9
2.2. A democracia na Grécia Antiga ………………………………………………..……….. 10
3. Civilização Egípcia …………………………………………………………………..……….. 11
4. Imperio Romano …………………………………………………………………..………….. 12
5. Feudalismo ……………………………………………………………………………….…… 14
6. Absolutismo …………………………………………………………………………………… 15
7. Liberalismo ………………………………………………………………………….………… 17
8. Ditadura ……………………………………………………………………………..………… 19
8.1. Regimes Ditatoriais em Portugal ……………………………………………………….. 20
8.1.1. Ditadura Militar ………………………………………..………....…………….. 20
8.1.2. Estado-Novo …………………………………………..……...……………….. 21
9. Democracia …………………………………………………………………………………… 22
9.1. A democracia contemporânea …………………………………………………….…… 23
9.2. Tipos de democracia …………………………………………………………….………. 24
9.2.1. Democracia direta ……………………………………………..…………….... 24
9.2.2. Democracia representativa ……………………………………..……….…… 25
10. Portugal um Estado Democrático ………………………………………………………..…. 25
10.1. Constituição da República Portuguesa …………………………..……………..… 26
10.2. Presidente da República …………………………………………….……………… 26
10.3. Assembleia da República ………………………………………….………………... 27
10.4. Governo ……………………………………………………………………………..... 27
10.5. Tribunais …………………………………………………………….….…………….. 27
11. Declaração Universal dos Direitos Humanos ……………………………………………... 28
Conclusão …………………………………………………………………………………………. 29
Bibliografia ………………………………………………………………………………………… 30
Webgrafia …………………………………………………….…………………………………… 31
Introdução

Democracia é “o governo do povo, pelo povo e para o povo”, frase proferida por Péricles,
estadista da democracia ateniense do século V a.C., e eternizada por Abraham Lincoln,
presidente dos EUA no século XIX.

A democracia surgiu nas cidades-estados da Grécia antiga, durante o primeiro milénio antes
de Cristo, e adquiriu a sua forma clássica no auge político da cidade de Atenas.

A democracia é um governo baseado em leis, e não na vontade pessoal dos governantes.


O sistema de governo democrático por meio de leis, instituições e da sociedade civil
organizada exerce o controlo social sobre as ações dos governantes, que têm de ser
responsabilizados e dar explicações sobre seus atos. A democracia, além de um regime
político, é uma cultura cívica que envolve valores e comportamentos baseados no diálogo,
tolerância, busca por consenso e administração não violenta do dissenso (falta de
concordância a respeito de algo).

Ao longo deste trabalho iremos analisar as diferentes formas de organização social que
surgiram ao longo dos seculos desde o aparecimento das primeiras sociedades caçadoras
recolectoras até aos nossos dias.

Analisaremos com mais pormenor a democracia da Grécia Antiga, a organização da


sociedade egípcia e a romana.

Iremos ainda analisar o caso particular de Portugal que passou por uma ditadura militar
seguida da ditadura imposta pelo período do estado-novo até se tornar no Estado
democrático em que vivemos desde 25 de Abril de 1974.

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1. As primeiras sociedades

O ser humano é um ser social que vive em estado de relação, sendo o convívio humano
necessariamente organizado. Ao longo dos tempos as sociedades têm conhecido diversas
formas de organização social e politica.

1.1.Caçadoras-Recolectores

Os humanos foram caçadores-coletores até à revolução neolítica, onde a caça e a recolha


de alimentos foram os primeiros modos de subsistência do Homo sapiens. Estas atividades
foram herdadas diretamente do mundo animal, particularmente dos primatas.

Este modo de subsistência consistem na recolha da natureza do que ela fornece


espontaneamente. As descobertas arqueológicas sustentam a hipótese de que, há vinte mil
anos, todos os seres humanos eram caçadores-recolectores.

A maioria das sociedades de caçadores- recolectores é nómada, uma vez que,


normalmente, os recursos de uma área são rapidamente esgotados, tornando impossível a
fixação permanente dos grupos humanos.

As populações de caçadores-recolectores são pouco densas e todos os grupos de


caçadores- recolectores têm como núcleo da vida social e económica, grupos formados por
cerca de 30 pessoas. Este número representa a combinação mais favorável de adultos e
crianças para procurar alimentos animais e vegetais para subsistência. Grupo é a forma mais
simples de organização social humana.

As sociedades de caçadores-recolectores não possuíam estruturas sociais hierarquizadas.


Como eram nómadas, quase nunca tinham a possibilidade de armazenar excedentes
alimentares por este motivo, podemos caracterizar estas sociedades em dois tipos: as
sociedades igualitárias que consomem a sua produção em um dia ou dois e as sociedades
não-igualitárias que armazenam os seus excedentes.

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1.2.Comunidades agro-pastoris

Há cerca de 10 000 anos devido às grandes transformações no clima ocorridas na Europa


e na Ásia a temperatura subiu, tornando-o clima quente e seco. Estas alterações climáticas
permitem o surgimento de novas espécies vegetais e novos animais e o aparecimento de
uma nova atividade económica que passa pela exploração da terra para a produção de
vegetais e a criação de animais. Estas alterações levam a que o homem deixe de ser
nómada uma vez que para estas novas praticas económicas era necessário que ele se
fixasse num determinado local. Surgem assim, as primeiras comunidades agro-pastoris, com
um modo de vida sedentário, uma vez que passaram a viver sempre no mesmo local.

Estas novas comunidades passaram a alimentar-se essencialmente dos produtos


provenientes da agricultura e da pastorícia. Todas estas alterações levaram a que o homem
deixasse de viver em grupas e passasse a construir pequenas casas, circulares, cobertas
de colmo e feitas de pedra. Surgem assim, as primeiras aldeias junto dos rios ou no cimo
dos montes.

A melhoria das condições de vida levou ao aumento demográfico que conduziu à


diferenciação social, ou seja, cada elemento de uma comunidade tinha um papel específico:
guerreiros tinha como função garantir a defesa da aldeia, os elementos religiosos tinham a
função de pedir proteção dos Deuses e os restantes membros do grupo tinham a função de
trabalhar na agricultura e na pastorícia de modo a garantir alimento para todos. Esta divisão
de tarefas implicou uma maior cooperação interpessoal, desenvolvendo as bases da vida e
organização social.

Foram criadas, ainda, regras para regular o convívio com a construção de uma sociedade
baseada no conceito de cooperação a terra, os rebanhos e os instrumentos eram de todos,
e o indivíduo só poderia se considerar dono deles se pertencesse à comunidade.

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2. Aparecimento da Democracia

A Democracia é o regime político em que a soberania é exercida pelo povo. Os cidadãos


são os detentores do poder e confiam parte desse poder ao Estado para que possa organizar
a sociedade, tendo surgido pela primeira vez, nas cidades-estados da Grécia antiga.

2.1.Cidades-estado

Entre os anos de 5000 a.C. e 4000 a.C., alguns grupos começaram a utilizar o cobre na
fabricação de utensílios e armas, num período que ficou conhecido como Idade dos Metais.
Posteriormente também foram descobertos o bronze (2500 a.C.) e o ferro (1.200 a.C.). A
superioridade militar desses grupos de metalúrgicos obrigou outras comunidades a tornarem
suas sociedades mais complexas, com a atribuição aos governos uma nova função: a de
proteção de seus membros.

O surgimento desses núcleos urbanos deu origem às primeiras cidades-Estado, que


serviram de base para as primeiras civilizações do Oriente Médio: a Mesopotâmia e o Egito.
Politicamente, tanto Egito como na Mesopotâmia eram organizadas na forma de teocracias,
na qual o soberano detinha os poderes político e religioso e a classe dos sacerdotes possuía
privilégios especiais.

Nestas sociedades, todas as terras pertenciam ao Estado e eram utilizadas pela


comunidade, que consumia sua própria produção e estava obrigada a entregar o excedente
para os governantes. A obrigação de todos os homens livres de prestarem serviços ao
Estado é conhecida, nessa forma de organização, como servidão coletiva.

Socialmente, as cidades-estados gregas caracterizavam-se por uma distinção entre os


cidadãos, por um lado, e o conjunto maioritário, dos que não eram considerados elementos
integrantes do Estado como os escravos, os estrangeiros e, em certos aspetos, as mulheres
(mesmo pertencentes ao corpo cívico dos cidadãos, não podiam assistir aos jogos e
espetáculos). O direito de cidadania - que assistia a um grupo pequeno mas coeso -
assentava no vínculo do parentesco, o que reforçava o papel da família no universo grego.

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2.2.A democracia na Grécia Antiga

A democracia das cidades-estado da Grécia Antiga estava fundada na participação de todos


os cidadãos na assembleia com o objetivo de tomar conjuntamente as decisões
governamentais. A experiência da democracia grega adquiriu uma importância bastante
significativa uma vez que tornou possível a existência de um sistema político onde o povo é
soberano e tem o direito a se governar, contando com recursos e instituições para fazê-lo.
Essa ideia permaneceu como o núcleo do ideal democrático moderno e continua a moldar
as instituições e práticas democráticas atuais.

A democracia desenvolveu-se na Grécia antiga por volta de 500 a.C. na, onde muitas A
Assembleia foi aberta a todos os 30 mil a 40 mil cidadãos adultos do sexo masculino (apenas
os homens livres eram considerados cidadãos, excluindo mulheres e escravos), mas
geralmente apenas 5 mil pessoas compareciam. Tanto os cidadãos ricos e pobres
participavam na Assembleia. Este órgão reunia-se aproximadamente 40 vezes por ano para
administrar a política externa, rever as leis e aprovar ou condenar a conduta dos funcionários
públicos.

Os Membros da Assembleia tomavam todas as decisões através do debate público e do


voto. Um órgão executivo mais pequeno mas também bastante importante, o Conselho dos
500, foi o responsável pelo funcionamento do Estado. Este órgão, cujos membros eram
escolhidos anualmente por sorteio, propunha as leis e decisões da Assembleia por decreto.
Era também o Conselho que administrava as finanças do Estado, recebia os embaixadores
estrangeiros, e supervisionava a manutenção da frota de navios ateniense.

Um aspeto bastante importante da democracia ateniense era o fato de que os seus


funcionários públicos não possuírem muito poder individual.

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3. Civilização Egípcia

O Antigo Egito foi uma civilização do Antigo Oriente próximo do Norte de África, concentrada
ao longo ao curso inferior do rio Nilo. Era parte de um complexo de civilizações, as
civilizações do Vale do Nilo.

Os antigos egípcios foram o resultado de uma mistura das várias populações que se fixaram
no Egito ao longo dos tempos, oriundas do nordeste africano, da África Negra e da área
semítica.

O Faraó era o monarca absoluto do país, que exercia o controlo total da terra e seus
recursos. Era também, o comandante militar supremo e chefe do governo, que contava com
uma burocracia de funcionários para administrar os seus negócios. O Faraó, era também o
responsável pela promulgação de leis, aplicação da justiça e manutenção da lei e da ordem.
Ou seja, no topo da hierarquia social estava o Faraó, que possuía poderes absolutos,
tomando decisões militares, religiosas, econômicas e judiciais, além de ser o dono de todas
as terras.

A sociedade apresentava uma estrutura fortemente hierarquizada. Era patriarcal, com o


homem administrava o lar, com a participação da mulher, que decidiam os herdeiros através
de seu testamento. Os anciãos eram consultados e honrados após a morte.

Os antigos egípcios viam homens e mulheres, incluindo as pessoas de todas as classes


sociais, exceto os escravos, como essencialmente iguais perante a lei, e até mesmo o mais
humilde camponês. Tanto os homens como as mulheres tinham o direito a possuir e vender
imóveis, fazer contratos, casar e divorciar-se, receber heranças e ter litígios em tribunal. Os
casais podiam possuir bens em conjunto e protegerem-se com contratos de casamento que
em caso de divórcio, estipulavam as obrigações financeiras do marido para com a esposa e
com as crianças ao final do casamento.

As mulheres tinham uma grande gama de escolhas pessoais e oportunidades de realização.


Podiam ser da realeza, trabalhar no palácio como amas-de-leite ou concubinas Outras

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exerciam poderes divinos como esposas de Amom. Apesar destas liberdades, as mulheres
muitas vezes não participavam em papéis oficiais da administração.

Quando o marido morria, as mulheres assumiam a chefia familiar. As mulheres podiam


receber herança paterna. Normalmente, o filho mais velho assumia o trono faraónico após a
morte de seu pai, no entanto, quando só havia filhas como sucessoras ao trono, a mais velha
deveria casar para o seu marido assumir o trono

Na sociedade egípcia o poder estava concentrado no Faraó que era o monarca absoluto do
país, logo, não existia nesta sociedade um sistema democrático, uma vez que todas as
decisões políticas, económicas e judiciais era tomadas pelo Faraó.

4. Imperio Romano

Império Romano foi uma das mais fortes potências económicas, políticas e militares do seu
tempo. Foi o maior império da antiguidade Clássica e um dos maiores da História. No apogeu
da sua extensão territorial exercia autoridade sobre mais de cinco milhões de quilómetros
quadrados e uma população de mais de 70 milhões de pessoas, à época 21% da população
mundial.

A história política de Roma está dividida em três períodos: Monarquia ou Realeza (753-509
a.C.), República (509-27 a.C.) e Império (27 a.C.-476 d.C.). Cada período da história romana
possui características próprias, que demonstram a evolução socioeconómica e política
dessa sociedade.

Na República Romana (510 a.C. - 27 a.C.), o conjunto dos cidadãos elegiam anualmente
dois cônsules. Apenas os patrícios podiam ocupar as magistraturas, porém o
descontentamento da plebe originou uma violenta luta e a progressiva aparição da
discriminação social e política.

Os generais romanos que participavam das campanhas de conquista de Roma ganharam


popularidade e passaram a ter ambições políticas. A disputa pelo poder gerou guerras que

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abalaram o império, fazendo com que fossem criados os triunviratos como forma de conter
essas disputas. Existiram dois triunviratos no final da República Romana, e ambos
resultaram em novas guerras, novamente pelo controle do poder. O primeiro triunvirato viu
Júlio César emergir como vencedor da disputa com Crasso e Pompeu. Em 46 a.C., Júlio
César tornou-se ditador vitalício, possuindo plenos poderes sobre Roma, acabando por ser
assassinado por membros do Senado no ano 44 a.C.,

A fase do Império Romano foi consequência da crise que Roma enfrentou nos dois últimos
séculos da república. Essa crise deu-se por meio de convulsões sociais, revoltas de
escravos, mas, sobretudo, por disputas de poder que levaram a guerras civis.

Na fase imperial, como o próprio nome sugere, o poder era exercido pelos imperadores,
figuras que detinham o poder político, militar e religioso em todo o território romano. O
imperador era responsável pela administração de todo o império, pelo exército, pela
manutenção da ordem interna e das campanhas de conquistas; e pelos governos das
províncias conquistadas, figuras essenciais na manutenção do poder nessas regiões.

A sociedade romana possuía um sistema complexo de múltiplas hierarquias. A principal


distinção entre pessoas no direito romano dava-se entre cidadãos livres e escravos. Durante
o início do império, só um número limitado de homens é que tinha pleno direito à cidadania
romana, que lhes permitia votar, candidatar-se a eleições e serem ordenados sacerdotes. A
maior parte dos cidadãos tinha apenas direitos limitados, tendo, no entanto, direito a
proteção jurídica e outros privilégios que eram vedados àqueles que não tinham cidadania.
Os homens livres que viviam no interior do império, mas que não eram considerados
cidadãos, tinham o estatuto de peregrinos (não romanos). Em 212, através do Édito de
Caracala, o imperador Caracala alargou o direito de cidadania a todos os habitantes do
império, revogando todas as leis que distinguiam cidadãos de não cidadãos

Na época de Augusto, cerca de 35% dos habitantes da província de Itália eram escravos. A
escravatura era uma instituição complexa e de utilidade económica que sustentava a
estrutura social romana. A indústria e a agricultura dependiam da mão-de-obra escrava. Nas
cidades, os escravos podiam exercer diversas profissões, entre as quais professores,
médicos, cozinheiros e contabilistas, embora a maioria realizasse apenas tarefas pouco
qualificadas. A legislação sobre escravatura era bastante complexa. Perante a lei romana,
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os escravos eram considerados propriedade e não tinham personalidade jurídica. Um
escravo podia ser sujeito a formas de castigo corporal vedadas a cidadãos, ser explorado
sexualmente, torturado e executado sumariamente.

A decadência do Império Romano está relacionada, sobretudo com a crise do sistema


escravista, iniciada na transição do século II para o século III d.C. Este sistema era parte
essencial da economia romana, que contava com a renovação da população de escravos
do império por meio das guerras de conquista e expansão, típicas da história romana. Com
a diminuição na quantidade de escravos e como não havia a renovação natural dessa
população, a disponibilidade dessa mão-de-obra no império começou a diminuir afetando, a
economia romana e conduzindo à diminuição de sua produtividade, provocando,
consequentemente, um aumento no custo de vida em todo o império.

5. Feudalismo

O feudalismo foi a forma de organização social e econômica instituída na Europa Ocidental


entre os séculos V a XV, durante a Idade Média. Baseava-se em grandes propriedades de
terra, chamadas de feudos, que pertenciam aos senhores feudais, com mão-de-obra era
servil e onde cada feudo se autogovernava, estabelecendo sua própria política.

Com a queda do Império Romano do Ocidente e a invasão dos povos bárbaros entre os
séculos IV e V, a Europa atravessou um período de ruralização, ou seja, os moradores da
cidade deslocaram-se para o campo, para fugirem à instabilidade provocada pela
movimentação dos bárbaros, procurando assim nas zonas rurais proteção e trabalho.

Os senhores feudais, os donos dos feudos, tornaram-se poderosos por conta da valorização
das suas terras. Enquanto que, os imperadores concentravam poderes nos tempos de
domínio romano, no feudalismo, o poder foi descentralizado nas mãos desses senhores
donos das terras.

Este período permitiu também o fortalecimento da Igreja Católica através de alianças com
os reis bárbaros que instalaram seus domínios na Europa. Deste modo, os povos

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pertencentes a esses reinos foram convertidos ao cristianismo, e o papa tornou-se poderoso
não somente nos assuntos celestiais, mas também políticos. Iniciava-se assim a tradição,
que se estendeu até o século XIX, dos papas coroarem os novos reis, uma cerimónia que
marcava a aproximação da Igreja com o poder político. O clero tornou-se assim, uma classe
social poderosa e atuante na formação da mentalidade medieval.

A ruralização europeia promoveu ainda, o fortalecimento dos nobres. A nobreza era formada
pelos senhores feudais, por cavaleiros que garantiam a segurança dos feudos e por outros
donos de terras. Nessa classe social desenvolveu-se a fidelidade entre suseranos e
vassalos. Os suseranos eram aqueles que concediam terras e outros favores aos vassalos,
e estes, em troca, deveriam retribuir o favor quando solicitados. Essa fidelidade era uma
característica dos povos bárbaros e que foi incorporada nas relações sociais feudais.

Contrariamente ao que acontecia na Idade Antiga, em que a mão-de-obra era escravizada,


durante o período medieval, a mão-de-obra era servil. Os servos eram a maioria da
população e originários daqueles que fugiram das invasões bárbaras e se abrigaram nos
feudos. Em troca de moradia e proteção, os servos trabalhavam para os senhores feudais e
para a sobrevivência deles mesmos e de suas famílias.

A sociedade feudal era rural, estruturada nos feudos, e a minoria que estava no topo da
pirâmide social (nobres e clero) era sustentada pela classe de maior tamanho e a única que
trabalhava, a dos servos. Era uma sociedade que não permitia a mobilidade social, conforme
um ditado da época: “Existem aqueles que lutam (nobres), aqueles que rezam (clero) e
aqueles que trabalham (servos) ”.

A crise do feudalismo iniciou-se a partir do século XII, quando mudanças na sociedade


europeia colocaram em causa as estruturas do feudalismo. As cidades voltaram a surgir
após séculos de abandono, levando a um aumento demográfico que permitiu a expansão da
produção agrícola.

Um outro fator que transformou a sociedade europeia foram as Cruzadas e a peste negra,
uma doença altamente infeciosa e que se alastrou por toda a Europa, matando 1/3 da
população. Com o excesso de trabalho e desejosos por sair dos feudos e mudar de vida nas

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cidades, os servos revoltaram-se contra os seus senhores, encerrando um período de mais
de um milênio de obrigações e apego à terra.

A crise feudal se deu assim devido às mudanças na Europa provocadas pelo renascimento
cultural, urbano e comercial.

6. Absolutismo

Resultante do processo de centralização política das monarquias nacionais europeias, o


absolutismo era um sistema político da Idade Moderna. As suas principais características
eram: ausência de divisão de poderes, poder concentrado no Estado e política económica
mercantilista, ou seja, características opostas às de um sistema político democrático.

Uma das principais características do absolutismo era a concentração total do poder na


monarquia. Os monarcas do Estado Absolutista tinham plenos poderes para tomar decisões
e emitir ordens de acordo com sua conveniência, sem precisar dar satisfação a nenhum
órgão da soberania, muito menos, para a sociedade.

A autonomia real interferia até nos assuntos religiosos. Os reis eram responsáveis pela
indicação dos cargos eclesiásticos do alto clero, bem como tinham influência na escolha da
religião por parte da população. Os Reis absolutos eram apoiados pela Igreja Católica, que
afirmava que uma determinada pessoa ou família foi escolhida por Deus para governar como
agente do divino na Terra. O Rei absoluto respondia somente a Deus, ou seja, ele não podia
ser removido ou questionado por homens e estava acima de qualquer reprovação.

A criação de leis e decisões executivas acerca do controle monárquico foi outra


característica desse regime político. Os reis e rainhas possuíam autonomia para criar
tributações que financiassem suas guerras e seus projetos, tudo isso sem necessitar de
nenhuma aprovação. Durante o absolutismo, o Estado entrevia na economia, adotando a
política económica do mercantilismo. As principais características desse modelo económico
são: metalismo (acúmulo de metais preciosos), industrialização, protecionismo alfandegário,
pacto colonial e balança comercial favorável. O objetivo da monarquia com o mercantilismo

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era alcançar o máximo possível de desenvolvimento económico, através do acúmulo de
riquezas.

Para atingir o objetivo do acúmulo de riquezas, a monarquia privilegiou a classe da Burguesia


conseguindo assim, incentivar a exploração marítima e a ampliação do comércio burguês,
uma vez que quanto maior a quantidade de riquezas dentro de um reino, maior seria o seu
prestígio, poder e respeito internacional.

Durante o regime absolutista, os nobres também foram contemplados com isenção de


tributos e beneficiados com favores pessoais do rei. Com um modelo de reinado vitalício, o
poder no regime absolutista se concentrava nas mesmas famílias e dinastias. A coroa era
passada de geração em geração, desse modo, os reis e rainhas absolutistas se mantinham
no poder até a morte, quando o trono era passado para o seu sucessor que, geralmente, era
um descendente.

O Absolutismo deixou de existir como forma de governo aproximadamente no século XIX,


uma vez que já era contestado pelos ideais iluministas. A Revolução Francesa e as
mudanças que surgiram a partir dela contribuíram para o fim dessa forma de governo em
toda a Europa. Estas mudanças procuravam a descentralização do poder, ou seja, o oposto
do que era defendido até então, como também questionavam a teoria da vontade divina do
poder real, uma vez que o Iluminismo defendia a racionalização do pensamento humano.

7. Liberalismo

As primeiras insurgências liberais começaram já no fim do século XVII, com um pensamento


burguês que desafiava a ordem vigente do absolutismo.

Liberalismo é uma corrente política e moral baseada na liberdade, consentimento dos


governados e igualdade perante a lei. Os liberais defendiam um vasto conjunto de pontos
de vista, dependendo da sua compreensão desses princípios, mas, em geral, apoiavam
ideias como um governo limitado, quanto aos poderes, direitos individuais (incluindo direitos
civis e direitos humanos), livre mercado, democracia, secularismo, igualdade de gênero,

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igualdade racial, internacionalismo, liberdade de expressão, liberdade de imprensa e
liberdade religiosa.

O liberalismo, como um todo, visava a acabar com a opressão do chamado Antigo Regime
(as monarquias absolutistas que dominaram, durante muito tempo, as potências europeias).

Para os liberais, o ser humano era dotado de direitos naturais que assegurariam o direito de
todos os cidadãos de participar da política e da economia, de trabalhar, acumular riquezas
e adquirir uma propriedade privada. Do mesmo modo, eram direitos naturais à vida e à
liberdade, sendo vedado ao Estado qualquer forma autoritária e injustificada de restrição da
liberdade ou assassinato dos cidadãos.

Para os teóricos liberais modernos, não havia qualquer justificativa para o controle da vida,
do governo e da economia por parte dos monarcas. Isso porque a monarquia
absolutista estava assentada no ideal do direito divino, ou seja, os governantes eram
pessoas eleitas por Deus para guiar o povo. O pensamento moderno, já altamente racional,
rejeitava essa noção.

Para os modernos, era a razão, distribuída entre as pessoas, a responsável por criar um
projeto de mundo capaz de impulsionar a sociedade e os indivíduos ao crescimento. Esses
ideais, que constituíam o Iluminismo, geraram o centro do pensamento liberal: a capacidade
individual de trabalhar, criar e evoluir.

As propostas liberais provocaram, juntamente com as Revoluções políticas que delas se


originaram uma separação entre negócios públicos e privados, ou seja, entre os assuntos
do Estado (que deve se ocupar com a política, isto é, com as questões da esfera pública) e
os da sociedade civil (que deve se ocupar das atividades particulares, principalmente as
econômicas). Simultaneamente, o liberalismo advoga a criação de instituições para dar voz
ativa aos cidadãos nas decisões políticas. É a partir daqui que ocorre o fortalecimento do
Parlamento, órgão de representação por excelência das forças atuantes da sociedade e
capaz de diminuir os excessos do poder centralizado.

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8. Ditadura

A palavra ditadura serve para descrever uma situação em que alguém exerce uma
autoridade absoluta

Ditadura é, um regime governamental no qual todos os poderes do Estado estão


concentrados num indivíduo, um grupo ou um partido. O ditador não admite oposição a seus
atos e ideias, e tem grande parte do poder de decisão. É um regime antidemocrático no qual
não existe a participação da população.

Nos regimes democráticos, o poder é dividido entre Legislativo, Executivo e o Judiciário. Na


ditadura não existe essa divisão, ficam todos os poderes apenas em uma instância. A
ditadura possui também vários aspetos de regimes de governo totalitários, ou seja, quando
o Estado fica na mão apenas de uma pessoa. Geralmente, a ditadura é implantada através
de um golpe de estado.

Os primeiros indícios de ditadura surgiram na Antiguidade, em Roma. Sempre que Roma


entrava em crise, era chamado um ditador para assumir o poder e fazer com que o governo
voltasse à normalidade. O período do ditador no poder não podia ser superior a seis meses.
Durante a época do Império Romano, também aconteceram as tiranias, quando o rei oprimia
seus súditos e usava de violência para conseguir o que queria.

As principais diferenças entre democracia e ditadura são:


1. Modelo de eleições: numa democracia, as eleições são diretas, ou seja, o próprio
povo vota. Numa ditadura, as eleições são quase sempre indiretas, nas quais os
governantes são escolhidos através de um colégio eleitoral.

2. Tipo de Estado: numa democracia, o tipo de Estado é democrático, enquanto que,


numa ditadura o Estado é autoritário e totalitário.

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3. Divisão de poderes: na democracia existe a divisão de poderes. O legislativo,
executivo e judiciário funcionam de forma independente entre si. Na ditadura, os
poderes são concentrados numa só pessoa ou grupo.

4. Proteção de direitos: um Estado democrático protege e assegura direitos, além de


constantemente legislar novos. Numa ditadura os direitos dos cidadãos são
frequentemente desrespeitados.

5. Manifestações populares: manifestações populares são comuns numa democracia,


tendo em vista a liberdade de expressão. Um governo ditatorial utiliza frequentemente
a censura para impedir manifestações populares, notícias ou qualquer tipo de
veiculação contrária aos seus ideais.

8.1.Regimes Ditatoriais em Portugal

Em 1910, uma revolta derrubou a Monarquia Constitucional Portuguesa e implantou a


República no país. Teve assim inicio a Primeira República Portuguesa, um período marcado
por muitos problemas económicos e por enorme instabilidade política. Os problemas internos
de Portugal foram agravados pelo envolvimento do país na Primeira Guerra Mundial. Na
década de 1920, o discurso conservador e autoritário começou a ganhar força como a saída
para os problemas portugueses.
Isso resultou no Golpe de 28 de Maio de 1926, que foi realizado por militares conservadores.
Esse golpe deu início a um regime ditatorial em Portugal conhecido como Ditadura Nacional.

8.1.1. Ditadura Militar

Foi o período da História contemporânea de Portugal que se estende de 1926 a 1933. Inicia-
se com o golpe militar de 28 de maio, que põe termo ao regime democrático parlamentarista
(por ordem dos militares chegados ao poder, o Parlamento é encerrado a 31 de maio). Trata-
se de um período conturbado, que continua a instabilidade política típica dos últimos anos
da República derrubada.

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De 1926 a 1928, os militares ocupavam as posições-chave nos órgãos de governação,
envolvendo-se por vezes em conflitos de maior ou menor gravidade. Às dificuldades
económicas herdadas da República somam-se as que uma administração incompetente vai
produzindo. Este problema financeiro virá a tomar grande importância política, obrigando a
substituir a gestão financeira de militares incompetentes por uma figura de técnico
competente e dotado de autoridade: será António de Oliveira Salazar a preencher essas
condições.

Os anos compreendidos entre 1928 a 1930, são exclusivamente marcados pela atuação de
Salazar ao leme do Ministério das Finanças, através do qual exerce um severo controlo
sobre todo o aparelho de Estado. No final de 1930 efetivamente Salazar consegue estabilizar
a moeda e os preços, equilibrar o orçamento do Estado e reduzir a dramática dívida externa.
Foi este sucesso, que suscitou, colocou Salazar na posição de líder indiscutível do regime,
iniciando-se assim, o período do Estado-Novo com Salazar como primeiro-ministro e
Portugal.

8.1.2. Estado-Novo

Estado Novo foi o regime político ditatorial, autoritário, autocrata e corporativista de Estado
que vigorou em Portugal durante 41 anos ininterruptos, desde a aprovação da até à
Revolução de 25 de Abril de 1974.

António de Oliveira Salazar foi a figura central do Estado Novo, ou seja, do Salazarismo em
Portugal. Salazar foi Ministro da Economia e em 1932 tornou-se primeiro-ministro de
Portugal, função durante a qual governou o país num regime ditatorial que durou 41 anos.
Nesse período, Salazar adotou medidas em relação à economia portuguesa, que permitiram
retirar o país dos problemas financeiros em que se encontrava. Essas ações permitiram a
Salazar obter influência e poder, que lhe permitiram retirar dos militares a força que
possuíam até aquele momento.

À frente do Governo, Salazar implantou uma nova Constituição. A nova constituição de 1933
consentiu o fim da Ditadura Militar e o início da Ditadura Salazarista, essa atitude tinha como

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finalidade a mudança dos poderes políticos portugueses, e assim foi feito. Através da política
salazarista observou-se quase de imediato a perda da liberdade de expressão, do direito à
greve e à restrição da ação de alguns órgãos de poder, como a Assembleia Nacional. O
poder do Presidente da República passou a ser figurativo. Nesse contexto, a autoridade
estava concentrada nas mãos do Primeiro-ministro.

Características da Ditadura de Salazar:


 A exaltação do líder, que está sempre certo nas tomadas de decisão;
 A existência de um só partido, a União Nacional, partido do governo;
 A Repressão através da política da Polícia Internacional de Defesa do Estado;
 A Censura aos meios de comunicação social;
 O Nacionalismo exacerbado;
 Criação da Mocidade Portuguesa: organização juvenil criada em 1936 com o intuito
de orientar a juventude para os valores patrióticos e nacionalistas do Estado Novo.
Observando que a inscrição era obrigatória entre os sete e os catorze anos;
 O Resguardo dos valores morais e tradicionais;
 Retirada de todo caráter reivindicatório dos trabalhadores através da política
corporativista;
 Publicação do Ato Colonial, no qual as Colônias Portuguesas existentes faziam parte
integrante da Nação Portuguesa e por isso deveriam ser defendidas, civilizadas e
colonizadas.
 Política económica protecionista que tinha por fim a redução das importações e
aumento da produção do país e no investimento da construção de obras públicas.
O Salazarismo foi uma das mais longas ditaduras do século XX, inspiradas no modelo
fascista. Durante este período Portugal viveu na censura, repressão e sob o poder autoritário
de Salazar. A ditadura chegou ao fim em 25 de Abril de 1974, derrubada pela Revolução dos
Cravos, forte manifestação militar.

9. Democracia

Não existe consenso sobre a forma correta de definir a democracia, mas a igualdade, a
liberdade e o Estado de direito foram identificadas como características importantes desde

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os tempos antigos. Estes princípios são refletidos quando todos os cidadãos elegíveis são
iguais perante a lei e têm igual acesso aos processos legislativos. Por exemplo, em uma
democracia representativa, cada voto tem o mesmo peso, não existem restrições excessivas
sobre quem quer se tornar um representante, além da liberdade de seus cidadãos elegíveis
ser protegida por direitos legitimados e que são tipicamente protegidos por uma constituição.

Algumas teorias referem que a democracia exige três princípios fundamentais: a soberania
reside nos níveis mais baixos de autoridade; igualdade política e normas sociais pelas quais
os indivíduos e as instituições só consideram aceitáveis atos que refletem os dois primeiros
princípios citados.

9.1.A democracia contemporânea

Na era moderna, a prática da democracia foi transferida da pequena cidade-estado para a


escala muito maior do Estado nacional, o que implicou o aparecimento de um conjunto novo
de instituições políticas. Os limites e as possibilidades das instituições democráticas
passaram a ser pensados no nível do funcionamento de sociedades complexas, dotadas de
grandes governos, impessoais e indiretos. Tornou-se impossível o exercício direto da
democracia pelos cidadãos como era realizado nas pequenas cidades-estados gregas.

Foi-se afirmando no pensamento político moderno a ideia de que a única forma de


democracia possível era um governo representativo. Na conceção moderna de democracia,
o ato de governar e legislar é delegado a um grupo restrito de representantes eleitos por
períodos limitados, direta ou indiretamente, pelos cidadãos. Ou seja, a soberania do povo
se dá por meio dos representantes que pelo povo são eleitos. As eleições e decisões
legislativas geralmente são tomadas por maioria de votos, de forma que as políticas reflitam,
pelo menos até certo ponto, a vontade e os interesses dos cidadãos. Para evitar a
concentração e o abuso do poder, as principais funções legislativas, executivas e judiciais
do governo estão separadas, de modo a se equilibrarem.
Nesse sentido, a liberdade individual e a igualdade de condições são consideradas os
principais valores democráticos e os princípios que sustentam essa forma de governo.

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No pensamento político moderno, a democracia é vista em oposição às formas absolutistas
e ditatoriais de governo. O estado democrático é concebido com o objetivo de garantir certos
direitos fundamentais à cidadania, geralmente divididos em direitos civis, políticos e sociais.
Entre os direitos civis estão a liberdade de expressão, de imprensa, de associação e de
reunião e proteção contra a prisão arbitrária. Os direitos de votar e de ser eleito para um
cargo no governo são exemplos de direitos políticos. Já os direitos sociais são aqueles
relacionados à educação, saúde, alimentação, moradia, transporte, segurança, lazer, etc.

Um sistema democrático atual é caracterizado por:


 As instituições políticas responsáveis pelas funções legislativas e executivas devem
ser compostas em sua maioria por membros direta ou indiretamente eleitos pelo
conjunto dos cidadãos e alternados periodicamente;
 O voto deve ser universal, ou seja, têm direito ao voto todos os cidadãos maiores de
idade, sem distinção de sexo, de raça ou de religião;
 Todos os votos têm o mesmo peso e os eleitores são livres para exercer o seu direito
segundo a sua própria opinião, frente a uma disputa livre, honesta e pacífica entre
partidos políticos que pleiteiam os cargos representativos;
 Vencem as eleições os partidos e/ou candidatos que atingirem a maioria numérica
dos votos (ainda que possam ser estabelecidos diferentes critérios para se determinar
a maioria);
 As decisões tomadas pela maioria não podem ameaçar os direitos básicos da minoria.

9.2.Tipos de democracia

9.2.1. Democracia direta


Uma democracia direta é qualquer forma de organização na qual todos os cidadãos podem
participar diretamente no processo de tomada de decisões. As primeiras democracias da
antiguidade foram democracias diretas. A democracia direta refere-se assim, ao sistema
onde os cidadãos decidem diretamente cada assunto por votação. A democracia direta
torna-se mais difícil quando o número de cidadãos aumenta.

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9.2.2. Democracia representativa
Democracia representativa é o exercício do poder político pela população eleitoral feita de
maneira indireta (ao contrário da democracia direta), mas através de seus representantes,
por si designados, com mandato para atuar em seu nome e por sua autoridade, isto é,
legitimados pela soberania popular. Pela impossibilidade da participação pessoal de todos
os que façam parte de uma comunidade, por excederem as proporções da mesma, tanto
geográficas como em número, é o ato de eleger um grupo ou pessoa que os representem e
que se juntam normalmente em instituições chamadas Parlamento, Câmara, Congresso ou
Assembleia ou Cortes.

10. Portugal um Estado Democrático

A 25 de Abril de 1974, o Movimento das Forças Armadas, coroando a longa resistência do


povo português e interpretando os seus sentimentos profundos, derrubou o regime fascista.
Libertar Portugal da ditadura, da opressão e do colonialismo representou uma transformação
revolucionária e o início de uma viragem histórica da sociedade portuguesa.

A Revolução restituiu aos Portugueses os direitos e liberdades fundamentais. No exercício


destes direitos e liberdades, os legítimos representantes do povo reúnem-se para elaborar
uma Constituição que corresponde às aspirações do país.

A Assembleia Constituinte afirma a decisão do povo português de defender a independência


nacional, de garantir os direitos fundamentais dos cidadãos, de estabelecer os princípios
basilares da democracia, de assegurar o primado do Estado de Direito democrático e de
abrir caminho para uma sociedade socialista, no respeito da vontade do povo português,
tendo em vista a construção de um país mais livre, mais justo e mais fraterno.

A Assembleia Constituinte, reunida na sessão plenária de 2 de Abril de 1976, aprova e


decreta a seguinte Constituição da República Portuguesa.

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10.1.Constituição da República Portuguesa

A Constituição é a lei suprema do país. Consagra os direitos fundamentais dos cidadãos, os


princípios essenciais por que se rege o Estado português e as grandes orientações políticas
a que os seus órgãos devem obedecer, estabelecendo também as regras de organização
do poder político.

Define a estrutura do Estado, ou seja, as funções dos quatro órgãos de soberania -


Presidente da República, Assembleia da República, Governo e Tribunais - e dos órgãos de
poder político - regiões autónomas e autarquias -, assim como a forma como se relacionam
entre si.

Princípios fundamentais da Constituição da República Portuguesa:


Artigo 1.º - República Portuguesa - Portugal é uma República soberana, baseada na
dignidade da pessoa humana e na vontade popular e empenhada na construção de
uma sociedade livre, justa e solidária.

Artigo 2.º - Estado de direito democrático - A República Portuguesa é um Estado de


direito democrático, baseado na soberania popular, no pluralismo de expressão e
organização política democráticas, no respeito e na garantia de efetivação dos direitos
e liberdades fundamentais e na separação e interdependência de poderes, visando a
realização da democracia económica, social e cultural e o aprofundamento da
democracia participativa.

10.2.Presidente da República

O Presidente da República é o Chefe de Estado. Nos termos da Constituição, "representa a


República Portuguesa", "garante a independência nacional, a unidade do Estado e o regular
funcionamento das instituições democráticas" e é o Comandante Supremo das Forças
Armadas.

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10.3.Assembleia da República

A Assembleia da República é o parlamento nacional. É um dos órgãos de soberania


consagrados na Constituição, além do Presidente da República, do Governo e dos Tribunais,
representando todos os cidadãos portugueses.
É composta por todos os deputados eleitos pelos portugueses para os representarem ao
nível nacional. Apenas podem concorrer cidadãos nacionais integrados em listas de partidos
políticos.
Além da função primordial de representação, compete à Assembleia da República assegurar
a aprovação das leis fundamentais da República e a vigilância pelo cumprimento da
Constituição, das leis e dos atos do Governo e da Administração.

10.4.Governo

O Governo conduz a política geral do país e dirige a Administração Pública, que executa a
política do Estado. Exerce funções políticas, legislativas e administrativas.

10.5.Tribunais

Os tribunais administram a justiça e são o único órgão de soberania não eleito.


Os tribunais dos regimes democráticos caracterizam-se por serem independentes e
autónomos. Os juízes são independentes e inamovíveis (que não podem ser afastados do
seu posto), e as suas decisões sobrepõem-se às de qualquer outra autoridade.

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11. Declaração Universal dos Direitos Humanos

As ideias e valores dos direitos humanos podem ser traçadas através da história antiga e
das crenças religiosas e culturais ao redor do mundo. O primeiro registro de uma declaração
dos direitos humanos foi o cilindro de Ciro, escrito por Ciro, o grande, rei da Pérsia, por volta
de 539 a.C.

A Declaração Universal dos Direitos Humanos (DUDH), que delineia os direitos humanos
básicos, foi adotada pela Organização das Nações Unidas a 10 de dezembro de 1948. Foi
esboçada principalmente pelo canadense John Peters Humphrey, contando também, com a
ajuda de várias pessoas de todo o mundo.

Abalados pela recente barbárie da Segunda Guerra Mundial, e com o intuito de construir um
mundo sob novos alicerces ideológicos, os dirigentes das nações que emergiram como
potências no período pós-guerra, liderados pelos Estados Unidos e União Soviética,
estabeleceram, na Conferência de Yalta, na Rússia, em 1945, as bases de uma futura paz
mundial, definindo áreas de influência das potências e acertando a criação de uma
organização multilateral que promovesse negociações sobre conflitos internacionais, para
evitar guerras e promover a paz e a democracia, e fortalecer os Direitos Humanos.

Embora não seja um documento com obrigatoriedade legal, serviu como base para os dois
tratados sobre direitos humanos da ONU de força legal: o Pacto Internacional dos Direitos
Civis e Políticos e o Pacto Internacional sobre os Direitos Económicos, Sociais e Culturais.

A Assembleia da República Portuguesa, reconhecendo a importância da Declaração


Universal dos Direitos do Homem, aprovou em 1998 uma resolução na qual institui que o dia
10 de Dezembro passa a ser considerado o Dia Nacional dos Direitos Humano

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Conclusão

Democracia é a forma de governo onde o poder tem a sua origem nos cidadãos de um país.
Num governo democrático, todos os cidadãos possuem o mesmo estatuto e têm o direito à
participação política.

Uma das principais funções da democracia é a proteção dos direitos humanos fundamentais,
como as liberdades de expressão, de religião, a proteção legal, e as oportunidades de
participação na vida política, económica e cultural da sociedade.

Com a realização deste trabalho percebemos que a democracia não deve ser apenas uma
forma de Governo ou de Constituição, mas uma ordem constitucional, eleitoral e
administrativa, onde exista equilíbrio nos poderes e órgãos do Estado. Neste sentido, a
democracia deverá assentar nos seguintes princípios: liberdade do indivíduo perante os
representantes do poder político, especialmente face ao Estado, liberdade de opinião e de
expressão da vontade política, multiplicidade ideológica, liberdade de imprensa, acesso à
informação, igualdade de direitos e oportunidades favoráveis para que o povo e os partidos
se pronunciem sobre todas as decisões de interesse geral e alternância do poder conforme
os interesses dos cidadãos.

Contudo, ainda hoje existem países que não respeitam estes princípios, países onde os seus
cidadãos não vivem em democracia uma vez que não têm direito a escolher quem os
Governa ou que decisões mais os favorecem. Existem ainda muitos cidadãos que vivem em
ditadura, impedidos de expressar livremente a sua opinião e onde a informação que lhes é
transmitida é manipulada de modo a favorecer apenas que governam o país. Portugal foi um
desses países onde os seus cidadãos viveram numa ditadura plena durante mais de 40
anos.

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Bibliografia

CABRITO, Belmiro Gil Cabrito, OLIVEIRA, Maria da Luz, GÓIS, Maria João Pais e Manuela,
Área de Integração - Ensino Profissional – Modulo 3, área 1 – A pessoa, 2.3 A construção
da democracia

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