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ORIGEM DA SOCIEDADE

Há cerca de 70 mil anos, os organismos


pertencentes à espécie Homo sapiens(homem
que pensa) começaram a formar estruturas
ainda mais elaboradas chamadas culturas
(instintos artificiais que permitiram que milhões
de estranhos cooperassem de maneira efetiva).
O desenvolvimento subsequente dessas culturas
humanas é denominado história.
ORIGEM DA SOCIEDADE
Três importantes revoluções definiram o curso da história. A Revolução
Cognitiva deu início à história, há cerca de 70 mil anos. A Revolução
Agrícola a acelerou, por volta de 12 mil anos atrás. A Revolução
Científica, que começou há apenas 500 anos, pode muito bem colocar
um fim à história e dar início a algo completamente diferente.

Em um passeio pela África Oriental de 2 milhões de anos atrás, você


poderia muito bem observar certas características humanas familiares:
mães ansiosas cariciando seus bebês e bandos de crianças
despreocupadas brincando na lama; jovens temperamentais
rebelando-se contra as regras da sociedade e idosos cansados que só
queriam ficar em paz; machos orgulhosos tentando impressionar as
beldades locais e velhas matriarcas sábias que já tinham visto de tudo.
Esses humanos arcaicos amavam, brincavam, formavam laços fortes de
amizade e competiam por status e poder.
ORIGEM DA SOCIEDADE
A evolução, assim, favoreceu aqueles capazes de formar fortes laços sociais.
Além disso, como os humanos nascem subdesenvolvidos, eles podem ser
educados e socializados em medida muito maior do que qualquer outro
animal.

Na vida do mundo pré-agrícola a grande maioria das pessoas vivia em


pequenos bandos compostos com várias dezenas ou, no máximo, várias
centenas de indivíduos e que todos esses indivíduos eram humanos.
Membros de um mesmo bando se conheciam intimamente e eram cercados
por amigos e parentes durante a vida inteira. Bandos vizinhos provavelmente
competiam por recursos e até lutavam uns com os outros, mas também
tinham contatos amigáveis. Eles intercambiavam membros, caçavam juntos,
comercializavam artigos raros, celebravam festividades religiosas e juntavam
forças contra estrangeiros. Às vezes, as relações com os bandos vizinhos eram
sólidas o suficiente a ponto de eles constituírem uma única tribo, partilhando
a mesma língua, os mesmos mitos, as mesmas normas e os mesmo valores.
ORIGEM DA SOCIEDADE
O Homo sapiens se espalhou do leste da África para o Oriente
Médio, a Europa e a Ásia e finalmente para a Austrália e a
América – mas, todo lugar que ia, também continuava a viver
coletando plantas e caçando animais selvagens. Por que fazer
outra coisa se seu estilo de vida fornece alimento abundante e
sustenta um mundo repleto de estruturas sociais, crenças
religiosas e dinâmica política?

A Revolução Agrícola mudou esse panorama. A manipulação


da vida de algumas espécies de plantas e de animais
contribuiu para tanto. Do amanhecer ao entardecer, os
humanos espalhavam sementes, aguavam plantas,
arrancavam ervas daninhas do solo e conduziam ovelhas a
pastos escolhidos.
ORIGEM DA SOCIEDADE
A Revolução Agrícola certamente aumentou o total de alimentos à
disposição da humanidade, mas os alimentos extras não se traduziram
em uma dieta melhor ou em mais lazer. Em vez disso, se traduziram
em explosões populacionais e elites favorecidas.

Muitos estudos antropológicos e arqueológicos indicam que em


SOCIEDADES AGRÍCOLAS SIMPLES, sem estruturas políticas além da
aldeia e da tribo, a violência humana era responsável por cerca de 15%
das mortes, incluindo 25% das mortes masculinas. Com o tempo, a
violência humana foi controlada por meio do desenvolvimento de
estruturas sociais maiores – cidades, reinos e estados. Mas levou
milhares de anos para que se construíssem tais estruturas políticas
grandes e eficazes.
ORIGEM DA SOCIEDADE
Com a mudança para assentamentos permanentes e o aumento na oferta de
alimentos, a população começou a crescer.

Os novos territórios agrícolas eram não só muito menores que o dos antigos
caçadores-coletores como também muito mais artificiais. Os agricultores
viviam em ilhas humanas artificiais que eles trabalhavam laboriosamente a
partir da natureza ao redor. Derrubavam florestas, cavavam canais, limpavam
campos, construíam casas, sulcavam a terra e plantavam árvores frutíferas
em fileiras ordenadas.

O estresse representado pela agricultura teve consequências importantes. Foi


a base do sistema político e social de grande escala. Infelizmente, mesmo
trabalhando duro, os camponeses quase nunca alcançaram a segurança
econômica futura que tanto ansiavam. Em toda parte, brotaram governantes
e elites, vivendo do excedente dos camponeses e deixando-os com o mínimo
para a subsistência.
ORIGEM DA SOCIEDADE
Esses excedentes de alimento confiscados alimentaram a
política, a guerra, a arte e a filosofia. Construíram palácios,
fortes, monumentos e templos. Os excedentes que produziam
os camponeses, alimentavam a ínfima minoria das elites –
reis, oficiais do governo, soldados, padres, artistas e
pensadores -, que enchem os livros de história. A história é o
que algumas poucas pessoas fizeram enquanto todas as
outras estavam arando campos e carregando baldes de água.

Os excedentes de comida produzidos por camponeses,


aliados à nova tecnologia de transportes, acabaram por
permitir que cada vez mais pessoas se apinhassem primeiro
em aldeias maiores, depois em vilarejos e enfim em cidades,
todas reunidas sob novos reinos e redes de comércio.
ORIGEM DA SOCIEDADE
Por volta de 8500 a.C., os maiores assentamentos do mundo eram vilarejos como
Jericó, que continha algumas centenas de indivíduos. Em 7000 a.C., a cidade de Çatal
Huyuk, na Anatólia, tinha entre 5 mil e 10 mil indivíduos. É bem possível que fosse o
maior assentamento do mundo na época. Durante o quinto e o quarto milênio antes
de Cristo, cidades com dezenas de milhares de habitantes floresceram no Crescente
Fértil, e cada uma delas tinha influência sobre muitos vilarejos nas proximidades. Em
3100 a.C., todo vale do baixo Nilo estava unido no primeiro reino egípcio. Seus faraós
governavam milhares de quilômetros quadrados e centenas de milhares de pessoas.
Por volta de 2250 a.C., Sargão, o Grande, construiu o primeiro império, o Acadiano.
Ostentava mais de um milhão de súditos e um exército permanente de 5,4 mil
soldados.

Entre 1000 a.C. e 500ª.C., apareceram os primeiros megaimpérios no Oriente Médio: o


Império Assírio, o Império Babilônico e o Império Persa. Eles governavam milhões de
súditos e comandavam dezenas de milhares de soldados. Em 221 a.C., a dinastia Qin
unificou a China, e logo depois Roma unificou a bacia do Mediterrâneo.
ORIGEM DA SOCIEDADE
Estudando a origem da sociedade, procuramos a justificativa para a vida
social, visando a fixar um ponto de partida que nos permitisse considerar a
sociedade como fruto de uma necessidade ou, simplesmente, da vontade
humana.

Numa visão genérica do desenrolar da vida do homem sobre a Terra, desde os


tempos mais remotos até nossos dias, verificamos que, à medida em que se
desenvolveram os meios de controle e aproveitamento da natureza, com a
descoberta, a invenção e o aperfeiçoamento de instrumentos de trabalho e
de defesa, a sociedade simples foi se tornando cada vez mais complexa.
Grupos foram-se constituindo dentro da sociedade, para executar tarefas
específicas, chegando-se a um pluralismo social extremamente complexo. À
vista disso, para se estabelecerem as regras de atuação de cada sociedade e,
sobretudo, para se obter um relacionamento recíproco perfeitamente
harmônico dentro do pluralismo social, é preciso, antes de mais nada,
estabelecer uma caracterização geral das sociedades.
ORIGEM DA SOCIEDADE
Sociedade natural : fruto da própria natureza
humana. Produto da conjugação de um simples
impulso associativo natural e da cooperação da
vontade humana.

Sociedade contratual : a sociedade é tão-só, a


consequência de um ato de escolha.
ORIGEM DA SOCIEDADE
SOCIEDADE NATURAL

Aristóteles: o homem é naturalmente um animal


político. Só um indivíduo de natureza vil ou superior
ao homem procuraria viver isolado dos outros
homens sem que a isso fosse constrangido. Aos
irracionais, que também vivem em permanente
associação, constituem meros agrupamentos
formados pelo instinto, pois o homem, entre todos
os animais, é o único que possui a razão, o
sentimento do bem e do mal, do justo e do injusto.
ORIGEM DA SOCIEDADE
SOCIEDADE NATURAL
Cícero – Roma: a espécie humana não nasceu
para o isolamento e para a vida errante, mas
com uma disposição que, mesmo na abundância
de todos os bens, a leva a procurar o apoio
comum. Há uma disposição natural dos homens
para a vida associativa.
ORIGEM DA SOCIEDADE
SOCIEDADE NATURAL
Santo Tomás de Aquino: o homem é, por natureza, animal
social e político, vivendo em multidão, ainda mais que
todos os outros animais, o que se evidencia pela natural
necessidade.

Oreste Ranelletti: O homem sempre é encontrado em


estado de convivência e combinação com os outros, por
mais rude e selvagem que possa ser na sua origem. O
homem singular, completamente isolado e vivendo só,
próximo aos seus semelhantes mas sem nenhuma relação
com eles, não se encontra na realidade da vida.
ORIGEM DA SOCIEDADE
SOCIEDADE NATURAL
A sociedade natural é um fato natural, determinado
pela necessidade que o homem tem da cooperação
de seus semelhantes para a consecução dos fins de
sua existência. Consciente de que necessita da vida
social, o homem a deseja e procura favorece-la. Em
conclusão: a sociedade é o produto da conjugação
de um simples impulso associativo natural e da
cooperação da vontade humana.
ORIGEM DA SOCIEDADE
SOCIEDADE CONTRATUAL
A sociedade é, tão-só, o produto de um acordo de
vontades, ou seja, de um contrato hipotético
celebrado entre os homens.
Só a vontade humana justifica a existência da
sociedade, o que vem a ter influência fundamental
nas considerações sobre a organização social, sobre
o poder social e sobre o próprio relacionamento
dos indivíduos com a sociedade.
ORIGEM DA SOCIEDADE
SOCIEDADE CONTRATUAL
Thomas Hobbes – Leviatã : o estado de natureza é uma
permanente ameaça que pesa sobre a sociedade e que
pode irromper sempre que a paixão silenciar a razão ou a
autoridade fracassar. Os homens no estado de natureza,
são egoístas, luxuriosos, inclinados a agredir os outros e
insaciáveis, condenando-se, por isso mesmo, a uma vida
solitária, pobre, repulsiva, animalesca e breve. Tais
adjetivos, gera a máxima : “guerra de todos contra
todos.” Isso é decorrência da igualdade natural de todos
os homens.
ORIGEM DA SOCIEDADE
SOCIEDADE CONTRATUAL
Thomas Hobbes – Leviatã (1651) : O estado de
desconfiança, que leva os homens a tomar a iniciativa de
agredir antes de serem atingidos, tem interferência da
razão humana, levando À celebração de um contrato
social. Apesar de suas paixões más, o homem é um ser
racional e descobre os princípios que deve seguir para
superar o estado de natureza e estabelecer o “estado
social”. O contrato seria a mútua transferência de
direitos. E, é por força desse ato puramente racional que
se estabelece a vida em sociedade.
ORIGEM DA SOCIEDADE
SOCIEDADE CONTRATUAL
A preservação da vida em sociedade, entretanto,
depende da existência de um poder visível, que
mantenha os homens dentro dos limites
consentidos e os obrigue, por temor ao castigo, a
realizar seus compromissos e à observância das leis
da natureza. Esse poder visível é o Estado, um
grande e robusto homem artificial, construído pelo
homem natural para sua proteção e defesa.
ORIGEM DA SOCIEDADE
SOCIEDADE CONTRATUAL
Hobbes conceitua o Estado como “uma pessoa de
cujos atos se constitui em autora uma grande
multidão, mediante pactos recíprocos de seus
membros, com o fim de que essa pessoa posso
empregar a força e os meios de todos, como julgar
conveniente, para assegurar a paz e a defesa
comuns”. O titular dessa pessoa se denomina
soberano e se diz que tem poder soberano e, cada
um dos que o rodeiam, são seus súditos.
ORIGEM DA SOCIEDADE
SOCIEDADE CONTRATUAL
Rousseau – Contrato Social (1762): A ordem social é um
direito sagrado que serve de base a todos os demais, mas
que esse direito não provém da natureza, encontrando
seu fundamento em convenções. É a vontade, não a
natureza humana, o fundamento da sociedade. No
contrato social ocorre a alienação total de cada
associado, com todos os seus direitos a favor da
comunidade. Nesse instante, o ato de associação produz
um corpo moral e coletivo, que é o Estado, enquanto
mero executor de decisões, sendo o soberano quando
exercita um poder de decisão.
ORIGEM DA SOCIEDADE
CONCLUSÃO
Pode-se afirmar que predomina, atualmente, a
aceitação de que a sociedade é resultante de uma
necessidade natural do homem, sem excluir a
participação da consciência e da vontade humanas.
É inegável, entretanto, que o contratualismo
exerceu e continua exercendo grande influência
prática, devendo-se mesmo reconhecer sua
presença marcante na ideia contemporânea de
democracia.
ORIGEM DA SOCIEDADE
CONCLUSÃO
É necessário assinalar que esta primeira conclusão
deverá estar presente em todas as considerações
sobre a vida social, sua organização com um centro
de poder, sua dinâmica, seus objetivos e,
especialmente, nas considerações sobre a posição e
o comportamento do indivíduo na sociedade, pois,
uma vez que esta é um imperativo natural, não se
poderá falar do homem concebendo-o como um
ser isolado, devendo-se concebê-lo sempre, como o
homem social.
ORIGEM DA SOCIEDADE
Como se tem verificado com muita frequência, é
comum que um grupo de pessoas, mais ou
menos numeroso, se reúna em determinado
lugar em função de algum objetivo comum. Tal
reunião, mesmo que seja muito grande o
número de indivíduos e ainda que tenha sido
motivada por um interesse social relevante, não
é suficiente para que se possa dizer que foi
constituída uma sociedade.
ORIGEM DA SOCIEDADE
Quais são os elementos necessários para que
um agrupamento humano possa ser
reconhecido como uma sociedade?

A. Uma finalidade ou valor social;


B. Manifestações de conjunto ordenadas;
C. Poder social.
ORIGEM DA SOCIEDADE

OBRIGADO PELA ATENÇÃO


E
PARTICIPAÇÃO
ORIGEM DA SOCIEDADE
Referência Bibliográfica
DALLARI, Dalmo de Abreu. Elementos de teoria
geral do Estado – 28. ed. – São Paulo : Saraiva,
2009.

HARARI, Yuval Noah. Sapiens – uma breve


história da humanidade; tradução Janaína
Marcoantonio. – 51. ed. – Porto Alegre, RS :
L&PM, 2020.

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