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Índice

SINOPSE .......................................................................................................................................... 2
SOBRE A ORIGEM/EVOLUÇÃO ETIMOLÓGICA E HISTÓRICA DA NACIONALIDADE. ....................... 4
NACIONALIDADE E CIDADANIA ...................................................................................................... 6
CRITÉRIOS DE NACIONALIDADE ..................................................................................................... 7
TIPOS DE NACIONALIDADE ................................................................................................... 8
FORMAS DE NACIONALIDADES (APÁTRIDAS) ................................................................................ 8
NACIONALIDADE E NATURALIDADE ................................................................................. 10
NACIONALIDADE ANGOLANA .............................................................................................. 10
AQUISIÇÃO DA NACIONALIDADE ....................................................................................... 13
PERDA DE NACIONALIDADE ............................................................................................... 15
CONSIDERAÇÕES FINAIS..................................................................................................... 17
BIBLIOGRAFIA ............................................................................................................................... 18

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SINOPSE

O tema do trabalho abordado pelo grupo tem como fundamento a questão da


Nacionalidade no âmbito do Direito, nos permitindo perceber que a
nacionalidade é um fenómeno bastante importante na vida da pessoa e do
cidadão, ao longo da abordagem procuraremos explicar o que é isso de
nacionalidade, como surgiu, e dentre os vários temas abordados, procuraremos
esclarecer como uma pessoa pode perder a nacionalidade e de igual modo
adquirir outra, procuramos olhar para o nosso país e saber como o Estado tem
vindo a regular essa questão não esquecendo de mencionar as sanções e os
direitos que advêm da mesma. Actualmente sem informação estamos sujeitos a
submissão, a aceitar tudo que nos é imposto, todos temos direitos e deveres, por
isso recorrendo a vários autores e especialistas procuramos ver o que é a
Nacionalidade.

2
INTRODUÇÃO
No Direito internacional, o conceito de Nacionalidade surgiu com a Revolução
Norte Americana de 1776 e com a Revolução Francesa de 1789, a nacionalidade
surge nesse período como um elemento agregador constituindo - se no vínculo
jurídico e político que une um povo a um estado. O Direito a nacionalidade é um
direito fundamental da pessoa humana. Esse direito é positivo de cada Estado,
sendo um ato discricionário para conceber a nacionalidade aos indivíduos. A
nacionalidade vai determinar a qual Estado que o indivíduo terá o direito de
receber protecção diplomática.

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SOBRE A ORIGEM/EVOLUÇÃO ETIMOLÓGICA E HISTÓRICA DA
NACIONALIDADE.

Se analisarmos esta palavra (nacionalidade) pela sua raíz, teremos:


nacional + idade. O primeiro é, por sua vez, derivativo de ‘Natio’ (Mãe/Deus da
natalidade); o segundo é sufixo nominal que indica a qualidade ou o estado da
coisa. Por isto, nacionalidade é geralmente definida como “estado de pertencer
a uma Natio/país”. Na origem, este ‘estado’ era apenas por nascença. Na Grécia
antiga, por exemplo, cada ethnos tinha definido a nacionalidade (por origem) de
forma:peculiar.1

Os Dórios eram militares, os Jónicos eram artistas… E cada aspecto social fazia
parte da definição da nacionalidade de cada um. Mais tarde, a nacionalidade
grega era o conjunto das ‘nacionalidades étnicas’ de todos, mas já com um outro
sentido: o Estado grego considerava, dentro do ethnos, como cidadão, todo o
possuidor de símbolos étnicos (associados às ‘riquezas’) e que participava no
destino do país, embora inicialmente tenha-se limitado apenas àqueles das
cidades. Paul Gilbert faz-nos perceber que este ponto é importante para se
diferenciar com o estrangeiro, quer na salvaguarda dos seus direitos cívicos,
quer na identificação do seu estatuto cultural (Gilbert, 1998: 8-9). Nos tempos de
Emmanuel Sieyes, nacionalidade já era pluralidade natalícia na vontade de ‘viver
em conjunto’ de vários constituintes. Nos tempos modernos nacionalidade
estruturou-se a partir de: (i) traços socioculturais; (ii) protecção jurídica.

Mas já no passado, notou-se que os países tiveram suas leis sobre os


‘estrangeiros’, sobretudo no caso dos filhos que nasciam nos territórios que
acolheram seus pais. As conquistas romanas, nas suas estratégias, permitiam
que os povos conquistados falassem suas línguas, manter as suas culturas e
religiões, e eles interferiam apenas nas ‘questões políticas’. E definiu-se a
nacionalidade por duas teorias: (i) jus sanguinus; (ii) jus solis.
Jus sanguinus era a ‘nacionalidade pelo sangue/descendência. Jus Solis
consistia na nacionalidade de todo ser vivo encontrado no território Romano.

1 Tese de Doutoramento, Porto, 2015

4
Estes instrumentos permitiram que o Império Romano tivesse fronteiras até à
África Setentrional, alargando se até ao Médio Oriente. Isto é, numa época da
antiguidade os Tunisinos tinham a mesma nacionalidade que os Espanhóis
todos eram romanos.

Estas nacionalidades caíram parcialmente junto com o Império Romano. Isto


é, do ponto de vista jurídico, estas nacionalidades não poderiam vigorar quando
o próprio Estado/Reino já não existia efectivamente. Mas, ainda assim, a
civilização Romana espalhou-se aos extremos e permaneceu lá vários séculos
depois do seu declínio (Rouche, 1968). Esta civilização deixou identidades
fragmentadas nas culturas materiais (arquitetura), nas línguas em locais onde,
nos tempos gloriosos, a autoridade deste Império Romano era reconhecida.

Assim sendo, importante salientar o seguinte: A Nacionalidade inclinava-se cada


vez mais para os traços socioculturais; e perderia a força institucional na
confirmação e defesa da nova cidadania (do neo-habitante). Os ingleses que
fundaram os E.U.A ainda tinham toda cultura inglesa (mesma identidade, e se
calhar mesmo lugar natalício/natio), mas o seu nacionalismo permitiu que
criassem a sua própria nacionalidade jurídica (Chatterjee, 1993). Ou, ainda, os
franceses africanos que lutaram em nome da França durante as Guerras
Mundiais(1914-1918/1939-1945) perderam a nacionalidade francesa logo
depois das independências dos seus países. Depois da balcanização da URSS,
assistimos as novas nacionalidades pós Russas (Habermas 2000;2001) ou,
ainda, a União Europeia implica várias nacionalidades (traços/blocos) culturais
que perante a “cidadania europeia” perderiam consistência, por razões jurídicas.
Os chefes de governo europeus têm utilizado recentemente, a expressão de
cidadania, conceito que parece exclusivo às nações europeias, e tem uma força
jurídica os nacionismos criam as nações, e estas determinam as nacionalidades
esta é a lição que retém do volumoso trabalho de Heric Hobsbawm (2008).

Desta feita, a nacionalidade ainda que continue hoje a designar determinados


países tem tendências a perder o seu sentido ‘estrito’ essencialmente ligado aos
traços culturais. Toda a nacionalidade é, portanto, construída quer do ponto de
vista da cultura quer do ponto de vista da lei, já que se manifesta inclusiva
(mesmo no seu local).

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NACIONALIDADE E CIDADANIA

Nacionalidade é um vínculo jurídico político que liga um indivíduo a um certo


determinado Estado, fazendo deste indivíduo um componente do povo, da
dimensão pessoal deste Estado, capacitado a exigir sua protecção e sujeitando-
o ao cumprimento de deveres impostos2.

Alguns conceitos estão relacionados com o estudo do Direito à nacionalidade


tais como, o povo, a população, nação e cidadão.

Povo: é o conjunto de pessoas que fazem parte de um Estado; este é o seu


elemento humano. O povo está unido ao Estado pelo vínculo jurídico da
nacionalidade. 3

População: é o conjunto de habitantes do território de um país, de uma cidade.


Esse conceito é mais extenso que o anterior- povo, país engloba os nacionais e
os estrangeiros, desde que habitantes de um mesmo território. Como afirma o
professor ‘’ Marcelo Caetano’’ o termo popular tem um significado económico,
que corresponde ao sentido vulgar e que abrange o conjunto de pessoas
residentes num território, quer se trate de nacionais, quer de estrangeiros.4

Nação: agrupamento humano, em geral numerosos, cujo os membros fixados


num território, são ligados por laços históricos, cultura, económicos e
linguísticos.5

Cidadão: é o nacional (angolano nato ou naturalizado) no gozo dos direitos


políticos e participantes da vida do Estado.

Nacionalidade e cidadania são termos distintos. A nacionalidade adquire-se por


factores relacionados ao nascimento ou pela naturalização.A qualidade de
cidadão se adquire formalmente pelo gozo dos direitos políticos e participantes
da vida do Estado. Ora, o elemento humano do Estado é constituído unicamente
pelos que a ele estão ligados pelo vínculo jurídico que hoje chamamos de

2 Araújo Raúl, Direito Constitucional Angolano.


3 Fernandes José Antônio, Manual de Ciência Política.
4 Pedro Manuel Luís ( Direito Constitucional Angolano)
5 Pedro Manuel Luís ( Direito Constitucional Angolano)

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nacionalidade. Assim sendo a nacionalidade é um conceito a se aplicar a pessoa
coletivas.

Apesar de, comummente, se verificar equívoco no uso dos termos Cidadania e


Nacionalidade, Jorge Miranda, ensina que a cidadania é uma qualidade própria
do cidadão, reservada a pessoas singulares.

A Cidadania deve assim, ser analisada numa dupla vertente: enquanto vínculo
jurídico-político que une o indivíduo ao seu estado; e enquanto um direito do
indivíduo com a natureza de Direito fundamental.

Quanto a atribuição da cidadania, existe basicamente dois critérios, segundo


Jorge Miranda: Jus-soli que tem na base o local de nascimento; Critério de Jus-
sanguínea, que tem na sua base os laços de sangue e de filiação isto leva-nos
a distinguir um do outro.

CRITÉRIOS DE NACIONALIDADE

Os critérios de atribuição de nacionalidade originária são essencialmente dois:


ius sanguinis e ius soli, aplicando-se ambos a partir de um facto real: o
nascimento. Conforme destacam os números 2 e 3 do artigo 9 que é cidadão
angolano de origem o filho de pai ou de mãe de nacionalidade angolana, nascido
em Angola ou no estrangeiro; e presume-se cidadão angolano de origem o
recém-nascido achado em território angolano.

➢ Critério jus-soli (Direito de solo) é uma expressão que atribui a


nacionalidade de acordo com o seu lugar de nascimento, este tipo de
Direito é uma característica dos países do Novo Mundo, como E.U.A,
Argentina, Uruguai...

➢ Critério jus-sanguínis (Direito de sangue) é uma expressão que atribui a


nacionalidade de acordo com a ascendência e origem étnica, por exemplo

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uma pessoa que nasceu em Angola, mais que tenha pai ou mãe com esta
nacionalidade, nesse caso a pessoa terá direito a ter mais de uma
nacionalidade.

TIPOS DE NACIONALIDADE

Existem dois tipos de nacionalidade segundo o artigo 9º. da Constituição da


República de Angola considerada como sendo a lei mãe de um país: a primária
ou originária e a secundária ou adquirida. Em Angola a nacionalidade primária
caracteriza os natos, aqueles nascidos em território angolano
independentemente da nacionalidade dos pais e a secundária resulta da
manifestação do Estado.

Nos termos nº 1 do Artigo 9º da Constituição, a nacionalidade angolana pode ser


originária ou adquirida. Este preceito distingue duas espécies de nacionalidade,
originaria ou Primária e adquirida ou secundária.

A nacionalidade originária ou de origem resulta do nascimento a partir do qual,


através de critérios sanguíneos, territoriais, ou mistos será estabelecida; e a
nacionalidade adquirida é a que adquire por vontade própria, após o nascimento,
e em regra pela naturalização.

FORMAS DE NACIONALIDADES (APÁTRIDAS)

O Estado tem a competência de atribuir ao indivíduo formas de nacionalidade, o


mesmo pode conceder a condição de nacional aos estrangeiros por meio da
naturalização assim como estabelecer quando se perde a nacionalidade, facto
que podemos constatar no decorrer da leitura do trabalho após a citação dos
artigos da lei em causa.

Segundo o autor Raúl Araújo no seu livro de Direito Constitucional, a


nacionalidade originária em Angola é determinada pelo nascimento da pessoa

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em causa e a nacionalidade adquirida é determinada pela filiação, a adoção, o
casamento, e a naturalização, cada um desses fenômenos tem suas próprias
regras.

Segundo Jorge Miranda tal como a cidadania, a condição dos estrangeiros,


depende simultaneamente do direito legislado de cada Estado e do direito das
gentes. A diferença reside em que os cidadãos estão sujeitos directa, natural e
plenamente a lei do seu país salvas as limitações decorrentes das normas
internacionais recebidas na ordem interna, ao passo que estrangeiros sejam
cidadãos de outro Estado- só lhe estão vinculadas transitória e precariamente e
o seu estatuto é recortado a partir do direito internacional.

Nem sempre assim foi: em Roma por exemplo chegou a afirmar se um direito
interno especial para os estrangeiros ou peregrino, o ius-gentius. Mas no sistema
europeu de Estados surgido na Idade moderna, o lugar primacial tem pertencido
ao Direito internacional e só depois tem intervindo o Direito interno. Em
contrapartida, o Direito internacional convencional não molda de forma completa
e uniforme a condição dos estrangeiros.De qualquer sorte, dois pontos de base
parecem hoje evidentes: em primeiro lugar, que os estrangeiros devem ter uma
condição jurídica compatível com a dignidade da pessoa humana, que devem
ser tratados como homens e mulheres livres e usufruir, por conseguinte, dos
direitos que daí decorrem; e, em segundo lugar, que podem estar privados de
direitos políticos, ou, pelo menos, de participação na formação das decisões
fundamentais do Estado. Entre estas balizas abre-se uma gama variada de
soluções consoante os diversos ordenamentos jurídicos internos e as
circunstâncias culturais, políticas e económicas de cada tempo.6

6 Miranda Jorge,Manual de Direito Constitucional TOMO I,7.Edição.

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NACIONALIDADE E NATURALIDADE

A nacionalidade representa o país (nação) no qual uma pessoa nasceu ou


adquiriu o direito de cidadania. Já a naturalidade ligada diretamente com a
cidade e o estado onde a pessoa nasceu.

Nacionalidade pode ser determinada pelo nascimento ou através de pedido de


naturalização. Vale lembrar que as regras para a atribuição de nacionalidade
variam em cada país.

A naturalidade refere-se ao lugar em que a pessoa nasceu, cidade e estado. A


naturalidade não é considerada um direito como a nacionalidade, por isso, não
pode ser alterada legalmente.

Os não naturais de Angola casados com cidadãos angolanos poderão requerer


esta cidadania se tiverem três anos de permanência em Angola.

A naturalização é o único meio adquirido de aquisição de nacionalidade


permitindo se ao estrangeiro, que detém outra nacionalidade, ou ao apátrida
(também denominado emhatlos), que não possui nenhuma, assume a
nacionalidade do país em que se encontra mediante a satisfação de requisitos
constitucionais e legais.

ATRIBUIÇÃO DA NACIONALIDADE ANGOLANA

ARTIGO 9.º (Nacionalidade originária)

1. É cidadão angolano de origem o filho de pai ou de mãe de nacionalidade


angolana, nascido em Angola ou no estrangeiro.

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2. Presume-se cidadão angolano de origem, o recém-nascido achado em
território angolano.

ARTIGO 10.º (Definição)

Para efeitos da aplicação da presente Lei, considera-se pai ou mãe angolano e


cidadão angolano, aquele a quem foi atribuída essa nacionalidade pela Lei da
Nacionalidade de 11 de Novembro de 1975 e pela Lei n.º 2/84, de 7 de Fevereiro.

ARTIGO 11.º (Aquisição por motivo de filiação)

1. Os filhos incapazes de mãe ou de pai que adquira a nacionalidade angolana


podem requerer, por intermédio dos respectivos representantes legais, a
nacionalidade angolana.

2. O menor de idade a quem, por motivo de filiação, tenha sido atribuída


nacionalidade angolana pode optar por outra nacionalidade quando atingir a
maioridade.

3. O requerimento deve ser instruído com o assento do registo de aquisição da


nacionalidade da mãe ou do pai.

ARTIGO 12.º (Aquisição por adopção)

1. O adoptado por nacional angolano adquire a nacionalidade angolana, desde


que o adoptante, quando a adopção for única ou os adoptantes, quando a
adopção for dupla, requeiram que o adoptado adquira a nacionalidade angolana.

2. Quando o adoptado for maior de 14 anos, deve manifestar a sua vontade em


adquirir a nacionalidade angolana.

ARTIGO 13.º (Aquisição por casamento)

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1. O cidadão estrangeiro casado com cidadão angolano há mais de cinco anos,
sob o regime de comunhão de adquiridos, na constância do casamento e ouvido
os cônjuge, pode adquirir a nacionalidade angolana, desde que a requeira.

2. O direito conferido no número anterior, não dispensa os requisitos


estabelecidos nas alíneas a), c) e h) do n.º 1 do artigo seguinte.

3. O disposto nos números anteriores aplica-se ao cidadão estrangeiro que vive


com cidadão angolano em união de facto legalmente reconhecida.

4. Adquire igualmente a nacionalidade angolana, o cidadão estrangeiro que, por


virtude do casamento, perde a sua anterior nacionalidade, sendo o facto
devidamente comprovado.

5. A declaração de nulidade ou anulabilidade do casamento não prejudica a


nacionalidade adquirida pelo cônjuge que o contraiu de boa-fé.

ARTIGO 14.º (Aquisição da nacionalidade por naturalização)

1. Pode adquirir a nacionalidade angolana, por naturalização, o cidadão


estrangeiro que satisfaça cumulativamente os seguintes requisitos:

a) Ser maior perante a lei angolana;

b) Residir legalmente no território angolano há pelo menos dez anos;

c)Oferecer garantias morais e cívicas de integração na sociedade angolana;

d) Possuir capacidade para reger a sua pessoa e assegurar a sua subsistência,


considerando-se como tal que este tenha rendimentos próprios e regulares,
comprováveis no decurso dos últimos três anos;

e) Possuir conhecimento suficiente da Língua Portuguesa, aferido através de


exame, nos termos a regulamentar em acto normativo específico;

f) Possuir uma ligação efectiva à comunidade nacional, comprovada por


conhecimentos sobre o povo e a nação, aferidos através de exame, nos termos
a regulamentar em acto normativo específico;

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g) Ter um conhecimento adequado dos direitos e deveres decorrentes da
Constituição da República de Angola;

h) Não ter sido condenado, por sentença transitada em julgado, pela prática de
crime punível com pena de prisão igual ou superior a três anos, de acordo com
a lei angolana.

2. A Assembleia Nacional pode conceder a nacionalidade angolana a cidadão


estrangeiro que tenha prestado ou possa vir a prestar relevantes serviços ao
País ou ainda que demonstre qualidades profissionais, científicas ou artísticas
excepcionais, mediante proposta apresentada por, pelo menos, quinze
deputados em exercício de funções.

3.. O Presidente da República pode conceder, sem faculdade de delegação, a


nacionalidade angolana por naturalização, com dispensa dos requisitos previstos
nas alíneas b), d) e e) do n.º 1, aos estrangeiros que tenham prestado ou sejam
chamados a prestar serviços relevantes ao Estado Angolano.

4. A nacionalidade angolana por naturalização prevista no n.º 1 deste artigo é


concedida a requerimento do interessado e mediante processo organizado nos
termos estabelecidos em regulamento.

ARTIGO 15.º (Outros casos de aquisição)

Adquire ainda a nacionalidade angolana mediante solicitação:

a) O indivíduo nascido em território angolano quando não possua outra


nacionalidade;

b) O indivíduo nascido em território angolano filho de pais desconhecidos, de


nacionalidade desconhecida ou apátridas.

AQUISIÇÃO DA NACIONALIDADE

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Para além da aquisição originária da nacionalidade, esta pode ainda ser
adquirida derivada ou superveniente. Diz-se, para estas situações, que a pessoa
adquire a nacionalidade por naturalização.

E nestes casos de aquisição derivada da nacionalidade, esta pode ser efectuada


ou por mera declaração, ou por acto de reconhecimento, a pedido do
interessado. Assim, a aquisição da nacionalidade por efeitos de declaração
sucede, quando nos termos do Direito interno de um Estado se prevê quem
adquire a nacionalidade.

- Os filhos menores ou incapazes de pai ou mãe que, por sua vez, tenham
adquirido a nacionalidade desse Estado;

- Os estrangeiros casados por um determinado período de tempo com o cidadão


desse Estado;

- Os estrangeiros que vivam em união de facto por um determinado período de


tempo com um nacional de Estado.

Neste caso, a aquisição da nacionalidade diz-se por efeito de declaração já que


basta a verificação de um facto previsto na lei para que a pessoa singular se
constitua no Direito (potestativo) de lhe ver reconhecida a respectiva
nacionalidade.

Já a aquisição da nacionalidade por reconhecimento do Estado, ou


naturalização, a requerimento do interessado, depende normalmente da
verificação cumulativa de vários factos jurídicos, estando ainda sujeita a uma
apreciação por parte das Autoridades Governamentais.

Normalmente, pode pedir a naturalização a pessoa que, cumulativamente


observe os seguintes requisitos:

-Seja maior, ou emancipado;

-Resida legalmente no território em causa por um período determinado de tempo


legalmente previsto;

-Conheça a língua do país;

-Não tenha sido condenado pela pratica de um crime;

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No que respeita aos efeitos da aquisição ou atribuição não originaria da
nacionalidade, estes podem ser reportados a data do nascimento do respectivo
sujeito sem prejuízo dos direitos emergentes da relação de cidadania estrangeira
ou a data da respectiva declaração de reconhecimento

PERDA DE NACIONALIDADE

O indivíduo perde a nacionalidade quando:

• Artigo 15ª

1ªPerdem a nacionalidade:

a)Os que voluntariamente adquirem uma nacionalidade estrangeira e


manifestem a pretensão de não querer ser a angolano.

b) Os que sem autorização da Assembleia Nacional exerçam funções de


soberania a favor de Estado estrangeiro;

c)Os filhos menores de nacionais angolanos nascidos nos estrangeiros e que,


por tal facto, tenham igualmente outra nacionalidade, se ao atingirem a maior
idade, manifestarem a pretensão de não ser angolanos;

d)Os adoptados plenamente por cidadãos estrangeiros se, ao atingirem a maior


idade, manifestarem a pretensão de não ser angolanos.

2. Determina, de igual modo, a perda da nacionalidade angolana aos indivíduos


que a tenham obtida por naturalização:

a) a condenação por crime contra a segurança do Estado

b) a prestação dos serviços militar em estado estrangeiro;

c) a obtenção da nacionalidade por falsificação ou qualquer outro meio


fraudulento ou induzindo em erro as autoridades competentes;

d) aquisição da nacionalidade por via de casamento realizado de modo


fraudulento, ilegal ou de má-fé.

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• PROVA DE NACIONALIDADE ANGOLANA ORIGINÁRIA

Segundo o artigo n 24 da Lei da nacionalidade:

1. a nacionalidade angolana originaria de indivíduos nascido em território


angolano, de pai ou mãe angolano, prova se pelo acento de nascimento, do qual
não conste qualquer menção em contrario.

2. a nacionalidade angolana de indivíduos nascidos no estrangeiro prova-se,


consoante os casos, pelo registo da declaração do qual depende da sua
atribuição ou pelas menções constantes do assento de nascimento lavrado, por
inscrição no registo civil angolano.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Portanto é a nacionalidade que irá fornecer ao indivíduo o senso de identidade,
uma vez que isso é fundamental para a participação incondicional na sociedade.
No entanto, na condição de apátrida, o indivíduo terá dificuldades em várias
questões que incluem saúde, moradia, educação, lazer, impedindo ainda que
essas pessoas demostrem o seu total potencial. Com isso, fica a afirmação de
que prevenir e ajudar e a reduzir o número de apátridas pelo mundo é uma forma
efectiva de combate aos expostos problemas. Acredita-se que a nacionalidade
é, verdadeiramente, um vínculo que faz do indivíduo um membro da comunidade
constitutiva da dimensão pessoal do Estado. Fazendo com que esse possa
definir como nacionais aquelas pessoas submetidas á autoridade directa de um
Estado, com reconhecimento de direitos civis e políticos, assim como do dever
da proteção de seus nacionais, além das suas fronteiras.

Realmente tem fundamento de ser apatridia considerada uma anormalidade,


pois a carência de nacionalidade por parte de um indivíduo significa
impossibilidade de localiza-lo ou identifica-lo, dentre os demais, na colectividade.
No entanto, a perda da nacionalidade é individual não atinge ninguém além
daquele que assim o desejou ou que, contra si, foi aplicada tal pena.

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BIBLIOGRAFIA

Araújo Raúl, Direito Constitucional Angolano.


Fernandes José Antônio, Manual de Ciência Política.
Pedro Manuel Luís Direito Constitucional Angolano.
Constituição da República de Angola,art.9 °.1.a).
Lei da Nacionalidade

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