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1. INTRODUÇÃO
2. APÁTRIDAS: A IMPORTÂNCIA DO DIREITO A TER DIREITOS
2.1 Conceitos e Fundamentos Históricos
2.1.1 Definição de Apatridia
2.1.2 Direitos dos Apátridas
2.1.3 A relação entre apatridia e acesso à serviços básicos
2.2 A situação dos Apátridas no Brasil
2.2.1 O estatuto dos Apátridas no Ordenamento Jurídico Brasileiro
2.2.2 Lei de Migração Brasileira
2.2.3 O primeiro caso de apátridas declaradas brasileiras
2.3 Proteção Internacional dos Apátridas
2.3.1 Tratados e Convenções relevantes
2.3.2 Papel das Organizações Internacionais na Proteção dos
Apátridas
3. MATERIAS E MÉTODOS
4. RESULTADOS E DISCUSSÕES
4.1 Abordagens Legais e Políticas para Resolver a Apatridia
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
6. REFERÊNCIAS
2.1 CONCEITOS E FUNDAMENTOS HISTÓRICOS
Inicialmente importa esclarecer que este capítulo tem por fim evidenciar
conceitos iniciais e fundamentos históricos acerca do tema. Com foco nisso,
dividiu-se a proposta em três subcapítulos. O primeiro busca esclarecer a
definição de apatridia. O segundo subcapítulo objetiva analisar os direitos dos
apátridas. Por fim, o terceiro subcapítulo trará a relação entre apatridia e
acesso à serviços básicos. Partindo desses pontos, será possível construir um
substrato teórico suficiente para avançar nas principais discussões acerca do
tema.
Artigo 15
No Brasil, algumas medidas têm sido adotas para lidar com a questão da
apatridia, como por exemplo, a Lei de Migração que está em vigor desde 2017,
onde estabelece que o registro civil de nascimento é um direito fundamental, e
os órgãos responsáveis devem garantir que todas as crianças sejam
registradas e recebam uma nacionalidade. Além disso, o Brasil é signatário da
Convenção sobre o Estatuto dos Apátridas de 1954, que busca prevenir e
reduzir a apatridia por meio de medidas de proteção e prevenção.
Todavia, isso implica afirmar que, embora esses grupos não estejam
completamente desamparados do ponto de vista do direito internacional,
atualmente não existe uma forma mais efetiva de proteção do que a concessão
formal de uma nacionalidade reconhecida juridicamente. Em outras palavras:
Durante quase toda a sua vida, Maha e seus irmãos tiveram que lutar
pelas questões mais essenciais provenientes da cidadania, como frequentar
uma escola, ter acesso a hospitais ou desfrutar da liberdade de ir e vir
(ACNUR, 2020).
Por fim, a apatridia também pode ser causada por perda ou privação
de nacionalidade. Em alguns países, os cidadãos podem perder sua
nacionalidade simplesmente por viverem no exterior por um longo
período de tempo. Os Estados também podem privar os cidadãos da
sua nacionalidade por mudanças de lei que deixam populações
inteiras apátridas, usando critérios discriminatórios como etnia ou
religião (ACNUR)
Fonte: Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados – ACNUR (2019)
Fonte: Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados – ACNUR (2014)
Nesse sentido, é relevante mencionar os avanços significativos
alcançados por meio das ações coordenadas pelo ACNUR, provenientes da
campanha I Belong: Quase 350 mil apátridas adquiriram a nacionalidade em
lugares tão diversos como Quirguistão, Quênia, Tajiquistão, Tailândia, Rússia,
Suécia, Vietnã, Uzbequistão e Filipinas; 25 nações aderiram às duas
Convenções da ONU sobre apatridia, totalizando 94 países que agora fazem
parte da Convenção de 1954 relativa ao Estatuto dos Apátridas e 75 países
signatários da Convenção de 1961 sobre o Estatuto da Apatridia; 16 países
também estabeleceram ou melhoraram procedimentos de determinação da
apatridia para identificar pessoas apátridas em seus respectivos territórios,
alguns oferecendo um caminho facilitado para a obtenção da cidadania; 8
países (Albânia, Armênia, Cuba, Estônia, Islândia, Letônia, Luxemburgo e
Tajiquistão) alteraram suas leis de nacionalidade para conceder nacionalidade
a crianças nascidas em seus territórios que, de outra forma, seriam apátridas.
Dois países nas Américas (Cuba e Paraguai) reformaram suas leis de
nacionalidade para permitir que as mães possam repassar a nacionalidade a
seus filhos em igualdade de condições com os pais (ACNUR).
3. MATERIAIS E MÉTODOS
À luz disso, podemos concluir que a apatridia pode ser superada por
meio da vontade política. Ao contrário de muitos outros desafios enfrentados
pelos governos atualmente, a apatridia tem potencial para ser resolvida dentro
desta geração. É fundamental que os governos reconheçam a importância de
abordar a questão da apatridia e demonstrem comprometimento em tomar
medidas concretas para prevenir e reduzir o número de apátridas. Além disso,
é importante estabelecer mecanismos eficazes de identificação e registro de
pessoas apátridas, garantindo que elas sejam devidamente documentadas e
tenham acesso aos serviços básicos.
Portaria nº 05
O CONARE foi criado pela Lei nº 9.474/1997, Lei do Refúgio, onde sua
criação ficou disciplinada no art. 11 da referida lei:
Art. 11. Fica criado o Comitê Nacional para os Refugiados –
CONARE, órgão de deliberação coletiva, no âmbito do Ministério da
Justiça.
ACNUR BRASIL. ACNUR lança hoje campanha global pelo fim da apatridia
até 2024. Genebra, 2014. Disponível em:
https://www.acnur.org/portugues/2014/11/04/acnur-lanca-hoje-campanha-
global-pelo-fim-da-apatridia-ate-2024/
MAMO, Maha; OLIVEIRA, Darcio. Maha Mamo: A luta de uma apátrida pelo
direito de existir. Brasil: Globo Livros, 2020.