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2.

4 – ELEMENTOS CONSTITUTIVOS DO ESTADO


 Três são os elementos do Estado: povo ou população, o território e o
governo. Alguns autores citam, como quarto elemento constitutivo do
Estado, a soberania. Para os demais, no entanto, a soberania integra o
terceiro elemento. O governo pressupõe a soberania. Se o governo não é
independente e soberano, não existe o Estado perfeito.
2.4.1 - POVO – é a população do Estado, considerado pelo aspecto
puramente jurídico. É o grupo humano encarado na sua integração numa
ordem estatal determinado; é o conjunto de indivíduos sujeitos às
mesmas leis, são os súditos, os cidadãos de um mesmo Estado,
detentores de direitos e deveres.
 NAÇÃO: (entidade moral) é um grupo de indivíduos que se sentem
unidos pela origem comum, pelos interesses comuns, e principalmente,
por ideias e aspirações comuns. É uma comunidade de consciência,
unidas por um sentimento complexo, indefinível e poderosíssimo: o
patriotismo.
2.4.2 - TERRITÓRIO – é a base espacial do poder jurisdicional do Estado
onde este exerce o poder coercitivo estatal sobre os indivíduos humanos.
Existem duas espécies de territórios:
2.4.3 - GOVERNO – é o conjunto das funções necessárias à manutenção da
ordem jurídica e da administração pública. A palavra governo tem dois
sentidos: coletivo e singular. O primeiro, como conjunto de órgãos que
presidem a vida política do Estado. O segundo, como poder executivo,
órgão que exerce a função mais ativa na direção dos negócios públicos.
Governo confunde-se, muitas vezes, com soberania.

4 – ELEMENTOS ESSENCIAIS/CONSTITUTIVOS DO ESTADO

 Do conceito acima, é possível conceituar também analiticamente o


Estado através de seus elementos constitutivos: O Estado é uma
sociedade de pessoas chamada população, em determinado território,
sob a autoridade de determinado governo, a fim de alcançar
determinado objetivo, o bem comum.
 A ausência ou desfiguração de qualquer desses elementos retira da
organização sócio-política a plena qualidade de Estado.

4.1.1 – CONCEITO DE POVO

a) conceito político: é o quadro humano sufragante, que se politizou


(quer dizer, que assumiu capacidade decisória), ou seja, o corpo
eleitoral. Povo, no sentido jurídico, não é o mesmo que população, no
sentido demográfico. Povo é aquela parte da população capaz de
participar, através de eleições, do processo democrático, dentro de um
sistema variável de limitações, que depende de cada país e de cada
época.

b) conceito jurídico: o povo exprime o conjunto de pessoas vinculadas


de forma institucional e estável a um determinado ordenamento jurídico,
em outras palavras, é o conjunto de indivíduos vinculados pela cidadania
a um determinado ordenamento jurídico.

 É semelhante vínculo de cidadania que prende os indivíduos ao estado e


os constitui como povo. Fazem parte do povo tanto os que se acham no
território como fora deste, no estrangeiro, mas presos a um determinado
sistema de poder ou ordenamento normativo, pelo vínculo de cidadania.
 A cidadania é a prova de identidade que mostra a relação ou vínculo do
indivíduo com o Estado. É mediante essa relação que uma pessoa
constitui fração ou parte de um povo.

c) conceito sociológico: tido também como conceito naturalista ou


étnico, decorre porém com muito mais frequência de dados culturais,
que uma consideração unilateralmente jurídica não poderia exprimir.

 Desse ponto de vista – o sociológico – há equivalência do conceito de


povo com o de nação. O povo é compreendido como toda a continuidade
do elemento humano, projetado historicamente no decurso de várias
gerações e dotado de valores e aspirações comuns.
 Compreende vivos e mortos, as gerações presentes e as gerações
passadas, o que vivem e os que hão de viver.
 O povo neste sentido é a nação, e ainda debaixo desse aspecto pode
tomar uma acepção tão lata que para sobreviver basta conservar acesa a
chama da consciência nacional.

CIÊNCIA POLÍTICA

A NAÇÃO

1 – CONCEITO

 A nação é um grupo humano no qual os indivíduos se sentem


mutuamente unidos, por laços tanto materiais como espirituais, bem
como conscientes daquilo que os distingue dos indivíduos componentes
de outros grupos nacionais

2 – O ERRO DE TOMAR INSULADAMENTE ALGUNS ELEMENTOS


FORMADORES DO CONCEITO DE NAÇÃO: RAÇA, RELIGIÃO E LÍNGUA

 RAÇA: o nacional-socialismo de Hitler, pouco antes da segunda Guerra


Mundial, quis fundar todo o ideal nacional e resumir todo o conceito de
nação e nacionalidade em bases étnicas, na raça alemã, tomada
precisamente por valor superior às demais raças, numa linha de pureza
racial em que os alemães cuidavam apresentar-se como o ramo mais
nobre da família ariana.
 A tese racista tem sido, e com razão, violentamente impugnada por
cientistas e sociólogos, que entendem não haver raça capaz de definir
nenhum povo, nenhuma nação. As guerras, as revoluções, as convulsões
sociais que se abatem sobre os povos, os vastíssimos movimentos
migratórios que a história nos oferece, a par de movimentos de
intercâmbio comercial, movimentos de contato entre povos, desde
idades imemoriais concorrem na verdade para tornar suspeita qualquer
pretensão de grupos humanos a uma linhagem incontroversa de unidade
racial sem mescla. Todos os povos terão conhecido misturas em épocas
recentes ou em épocas recuadas, principalmente nos períodos apagados
da história, dos quais nenhum registro se conserva.
 Confirma-se a tese de que não existe a pretendida pureza racial. E, por
conseguinte, não é a raça elemento bastante para dar-nos os traços
configurantes do que seja uma nação.
 RELIGIÃO: podemos ter uma só religião referida a vários estados,
como temos Estados nos quais se professa mais de um credo religioso.
Haja vista a Alemanha, metade protestante, metade católica. No entanto
ninguém há de negar ao povo alemão os atributos nacionais, ninguém
lhe recusará a unidade cultural e sentimental que o distingue dos demais
povos. Por outra parte, ocorre o caso de uma só religião abranger várias
nações, distintos povos; o catolicismo em toda a América Latina, o
protestantismo na Europa ocidental. Sem dúvida não seria o fator
religioso aquele que nos proporcionaria o conceito de nação.
 A religião se tornou uma coisa individual, contempla a consciência de
cada um, não existe já divisão de nações em católicas e protestantes. A
religião passou ao foro interno de cada qual e já não conta entre as
razões que traçam os limites dos povos.
 LÍNGUA: a história está repleta, não apenas a história, mas toda a vida
contemporânea, de Estados ou comunidades nacionais onde se falam
vários idiomas. Na Suíça, por exemplo, fala-se o italiano, o francês, o
alemão. E quem recusará ao povo suíço sua condição nacional?
 Fica portanto a interrogação do ponto de partida: Que é uma Nação?
Será porventura raça? Religião? Idioma?
 É tudo isto, podendo ser algo mais ou algo menos que tudo isto. Em
verdade, exprime a Nação conceito sobretudo de ordem moral, cultural e
psicológica, em que se somam aqueles fatores antecedentemente
enunciados, podendo cada um deles entrar ou deixar de entrar em seu
teor constitutivo. A nação existirá sempre que tivermos síntese espiritual
ou psicológica, concentrando os sobreditos fatores, ainda que falte um
outro dentre os mesmos.
 Qual desses elementos – língua, religião, raça – se afigura de maior
importância? A língua. Porque a língua é instrumento de comunicação,
na verdade o meio de que o homem melhor se serve para comunicar
ideias, sentimentos e formas de pensar, estabelecendo o diálogo, e,
através do diálogo, dando resposta e solução aos problemas do
presente.

3 – O CONCEITO VOLUNTARÍSTICO DE NAÇÃO

 O conceito voluntarístico de nação é o que decorre de todas as reflexões


anteriores. Resulta da intervenção convergente daqueles fatores morais,
culturais e psicológicos.
 A nação aparece nessa concepção como ato de vontade coletiva,
inspirado em sentimentos históricos, que trazem a lembrança tanto
épocas felizes como das provações nas guerras, em revoluções e
calamidades. Suscita também a comunicação de interesses econômicos e
aviva os laços de parentesco espiritual, formando aquela plataforma de
união e solidariedade onde a consciência do povo toma um traço
irrevogável de permanência e destinação comum.

4 – O CONCEITO NATURALISTICO DE NAÇÃO

 Diretamente influenciado pelas concepções racistas, formou-se na


Alemanha um conceito de nação que teve para aquele país as mais
funestas consequências.
 Esta teoria afirma que há uma hierarquia das raças humanas, em cuja
extremidade mais alta colocaram os povos germânicos, portadores de
traços étnicos privilegiados em pureza de sangue e superioridade
biológica, que lhes assegurava a supremacia na classificação das raças

5 – A NAÇÃO ORGANIZADA COMO ESTADO


 Nação e Estado são duas realidades distintas e inconfundíveis.
 A Nação é uma realidade sociológica; o Estado, uma realidade jurídica. O
conceito de Nação é essencialmente de ordem subjetiva, enquanto o
conceito de Estado é necessariamente objetivo.
 Nação é uma entidade de direito natural e histórico. Conceitua-se como
um conjunto homogêneo de pessoas ligadas entre si por vínculos
permanentes de sangue, idioma, religião, cultura e ideais.
 A Nação é anterior ao Estado. Pode ser definida como a substância
humana do Estado.

CIÊNCIA POLÍTICA

TERRITÓRIO

1 - CONCEITO

 Para Hans Kelsen, o território “é o espaço para o qual, segundo o Direito


internacional geral, apenas uma determinado ordem jurídica está
autorizada a prescrever atos coercitivos, é o espaço dentro do qual
apenas os atos coercitivos estipulados por essa ordem podem ser
executados”.

2 – ELEMENTOS QUE CONSTITUEM O TERRITÓRIO

2.4.4 Existem duas espécies de territórios:


I – TERRITÓRIO EM SENTIDO RESTRITO: recebe outros nomes:
território real ou território propriamente dito: é a porção de terra
circunscrita pelas fronteiras nacionais. Dentro deste território estão
contidos os seguintes elementos: solo, subsolo, mar territorial, espaço
aéreo nacional, plataforma continental.
a) Mar territorial: Critério visual: o mar territorial vai até onde alcança a
visão; posteriormente prevaleceu o critério defensivo: cessa o poder
territorial onde cessa a força das armas. Adotava-se o limite de três
milhas marítimas. Atualmente, adota-se o limite para defesa de 12
milhas e, para exploração econômica, de 200 milhas.

a Lei 8.617/93 define mar territorial: doze milhas náuticas ou milhar


marítimas; cada milha equivale a 1852 metros. Aqui sobre o mar territorial
exercemos a soberania; a nossa jurisdição. Diz a Lei 8.617/93 em seu art.
1º: O mar territorial compreende uma faixa de doze
milhas marítimas de largura, medidas a partir da linha
de baixa-mar do litoral continental e insular
brasileiro, tal como indicada nas cartas náuticas de
grande escala, reconhecidas oficialmente no Brasil.
b) Zona contígua: O art. 4º da Lei 8.617/93: A zona contígua
brasileira compreende uma faixa que se estende das
doze às vinte e quatro milhas marítimas marítimas,
contadas a partir das linhas de base que servem para
medir a largura do mar territorial.
Na zona contígua o Estado pode exercer o seu poder de polícia para
proteger o seu território; fiscalização aduaneira; fiscalização sanitária e
de imigração.
c) Zona econômica exclusiva: art. 6º Lei 8.617/93: A zona
econômica exclusiva brasileira compreende uma faixa
que se estende das doze às duzentas milhas marítimas,
contadas a partir das linhas de base que servem para
medir a largura do mar territorial.
d) Solo e subsolo: onde se encontram ouro e diamantes;
e) Espaço aérea nacional: está dividido. Existe um costume em que o
espaço aéreo é até aonde a tecnologia permita que as aeronaves
nacionais militares e civis possam sobrevoar. Acima do espaço que as
aeronaves possam sobrevoar é o espaço que pertence a toda a
humanidade; para fins de pesquisa; é o espaço sideral, não tendo mais
nada a ver conosco.
f) Plataforma continental: é um bem da União; é o solo e o subsolo do
mar territorial onde é encontrado petróleo.
II – TERRITÓRIO CÍVICO, POR FICÇÃO OU POR EXTENSÃO: são
determinadas situações jurídicas que a lei equipara a território; o status
de território; é uma ficção:
- embarcação pública nacional onde quer que esteja;
- embarcação particular nacional no mar territorial nacional e no mar
internacional;
- aeronave pública nacional aonde quer que esteja;
- aeronave particular nacional no espaço aéreo nacional e no espaço
aéreo internacional.
Obs: representação diplomática (embaixadas, consulados) não são territórios
por extensão. É lógico que existem determinadas imunidades decorrentes de
tratados internacionais que retiram o poder de império do Estado em
representação diplomática, mas não quer dizer que elas sejam território por
extensão.

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