Você está na página 1de 8

BOBBIO, Norberto; MATTEUCCI, Nicola; PASQUINO, Gianfranco. Dicionário de Política. 11.

ed. Brasília, DF.: UnB, 1998. 2 v., v. 2. <https://edisciplinas.usp.br › mod › resource ›


view>.

NAÇÃO. (Francesco Rossolillo). p. 795-9.

I. O NASCIMENTO DO TERMO NAÇÃO — O termo Nação, utilizado para


designar os mesmos contextos significativos a que hoje se aplica, isto é, aplicado à
França, à Alemanha, à Itália, etc., faz seu aparecimento no discurso político — na
Europa — durante a Revolução Francesa, embora seu uso estivesse, naquele período,
bem distante da univocidade; na literatura, o termo aparece com o romantismo alemão,
especialmente nas obras de Herder e Fichte, onde, todavia, é usado unicamente na sua
acepção linguístico-cultural.

Para encontrarmos uma teorização consciente da Nação como fundamento natural do


poder político, isto é, da fusão necessária entre Nação e Estado, precisamos chegar até
meados do século XIX, já nas obras de Giuseppe Mazzini.

Foi assim que o termo Nação deixou de ser um termo vago, que podia ser atribuído à
simples ideia de grupo ou à ideia de toda e qualquer forma de comunidade política.

Precisamos lembrar a este respeito que, assim como os africanos utilizam hoje o termo
Nação com referência à própria África, ou aos Estados (isto é, às delimitações de grupos
humanos, definidas pelas potências colonialistas), ou às tribos, assim também os
europeus, antes da Revolução Francesa, utilizavam o termo Nação para indicar toda a
Europa, ou Estados como a França e a Espanha, ou os Estados regionais, ou as simples
cidade-estado.

Ainda em Gioberti, por exemplo, encontramos a expressão "Nação europeia".

Formas análogas de uso, encontramos hoje no contexto árabe (nação árabe, egípcia,
argelina, etc.), assim como é possível encontrá-las no contexto da "Nação eslava",
compreendendo em si outras Nações menores.

Precisamos também lembrar, no que diz respeito à situação hodierna, que, onde não
aconteceram manifestações típicas da ideia de Nação, isto é, no contexto anglo-
saxônico, o termo Nação visa significar mais a ideia genérica de comunidade política do
que a específica de um tipo bem definido de comunidade política (v., por exemplo, a
expressão americana “the nation and the states”, onde Nação tem o significado de uma
comunidade política, de certa forma, pluriestatal).

II. HISTÓRIA POSTERIOR DO TERMO — A história do termo tem sido um


grande paradoxo.

A referência à Nação foi, no decorrer da Revolução Francesa e, mais tarde, desde


meados do século XIX até nossos dias, um dos fatores mais importantes no
condicionamento do comportamento humano na história política e social.

1
Em nome da Nação se fizeram guerras, revoluções, modificou-se o mapa político do
mundo. Na Idade Média uma pessoa, como bem ressalta Boyd C. Shafer, deveria se
sentir antes de tudo um cristão, depois um borgonhês e, somente em terceiro lugar, um
francês (sendo que o sentir-se francês tinha, então, um significado inteiramente
diferente do atual).

Na história recente do continente europeu, após a emergência do fenômeno nacional, foi


invertida a ordem das lealdades, assim o sentimento de pertença à própria Nação
adquiriu uma posição de total preponderância sobre qualquer outro sentimento de
pertença territorial, religiosa ou ideológica. Assim, por um lado, as lealdades e as
identificações regionais e locais foram praticamente eliminadas em função da superior
referência à Nação e, por outro lado, as mesmas filiações ideológicas ou religiosas, que
se apresentam como universais pela sua própria essência foram, na prática,
subordinadas à filiação nacional e, consequentemente, perderam sua própria natureza
mais profunda.

É prova disso, desde o início do século XIX até os nossos dias, a história dos
movimentos liberal, democrático e socialista, cujo ápice foi a falência do
internacionalismo socialista, quando eclodiu a Primeira Guerra Mundial, e da própria
religião católica, cujos sacerdotes abençoam os exércitos nacionais, isto é, os
instrumentos da violência nas relações internacionais, traindo assim, em nome da
Nação, a vocação ecumênica da Igreja.

Não obstante isso tudo, o conteúdo semântico do termo, apesar de sua imensa força
emocional, permanece ainda entre os mais confusos e incertos do dicionário político.

Foi justamente sua ambiguidade, com a consequente impossibilidade de uma aplicação


unívoca no discurso político para identificar na realidade os limites dos diferentes
grupos nacionais, uma das principais causas do papel altamente negativo que a ideia de
Nação tem desenvolvido — nas relações internacionais — na história moderna.

III. CONCEITOS CORRENTES ACERCA DA NAÇÃO — Normalmente a Nação


é concebida como um grupo de pessoas unidas por laços naturais e, portanto, eternos —
ou pelo menos existentes ab immemorabili — e que, por causa destes laços, se torna a
base necessária para a organização do poder sob a forma do Estado nacional.

As dificuldades se apresentam quando se busca definir a natureza destes laços, ou, pelo
menos, identificar critérios que permitam delimitar as diversas individualidades
nacionais, independentemente da natureza dos laços que as determinam.

Em primeiro lugar, a ideia de "laços naturais" sugere, de imediato, a ideia de raça: com
efeito, a identificação entre Nação e raça tem sido comum até à época do nazismo e
permanece ainda hoje, embora na maioria dos casos de maneira implícita, o que é
comprovado pelo testemunho das definições que os dicionários oferecem deste termo.

Ora, não é preciso demorar muito para demonstrar que o termo "raça" não possibilita a
identificação de grupos que possuem limites definidos e que, de qualquer forma, as

2
classificações "raciais" tentadas pelos antropólogos — mediante critérios que variam
para cada pesquisador ou estudioso — de maneira alguma coincidem com as Nações
modernas.

Uma segunda maneira de conceber a Nação nos é dada pela confusa representação de
uma "pessoa coletiva", de um "organismo" vivendo vida própria, diferente da vida dos
indivíduos que o compõem.

A amplitude destas "pessoas coletivas" coincidiria com a de grupos que teriam em


comum determinadas características, tais como a língua, os costumes, a religião, o
território, etc.

É evidente que também esta segunda forma de representação não chega a ser nem o
início de uma explicação.

Com efeito, por um lado, o conceito de "pessoa coletiva", de "organismo vivo", etc.,
não possui significação alguma na medida em que tenha a pretensão de caracterizar algo
não explicável mediante comportamentos individuais, constatáveis empiricamente.

E, por outro lado, os critérios utilizados para delimitar a amplitude destes "organismos"
normalmente não identificam grupos que coincidem com as atuais Nações.

Basta lembrar que muitas Nações são plurilíngues e que muitas línguas são faladas em
várias Nações, e que, além disso, o monolinguismo de determinadas Nações, como a
França ou a Itália, não é algo original nem espontâneo e, sim, pelo menos em parte, um
fato político, fruto da imposição a todos os membros de um Estado, pelo poder político,
de uma língua falada apenas numa porção deste Estado, com a consequente decadência
dos dialetos e das línguas originais, às vezes até línguas com grandes tradições
literárias, como por exemplo, o provençal; e, finalmente, que os costumes — a maneira
de viver — de regiões próximas, embora pertencentes a Nações diferentes que limitam
entre si, são, geralmente, bem mais parecidos do que os costumes de regiões
geograficamente situadas nas extremidades opostas da mesma Nação; e assim por
diante.

Além disso, a ênfase dada à língua e aos costumes coloca em crise, em lugar de
esclarecer, a ideia vigente de Nação.

É inegável que o fato de falar a mesma língua ou ter os mesmos costumes se constitui
em laços profundos, identificadores de grupos com fisionomia própria.

Uma língua comum é o veículo de uma cultura comum e, portanto, acaba criando laços
importantes entre os que a falam, laços que se inserem como elementos constitutivos da
própria personalidade.

A partilha em comum do ambiente físico onde vive um grupo de pessoas, por sua vez,
liga suas experiências cotidianas, cria lembranças comuns, torna parecida sua maneira
de viver e, portanto, se torna um elemento constitutivo de sua personalidade.

3
É, porém, verdade também que os grupos identificados desta forma, e que podem
receber o nome de "nacionalidades espontâneas" (M. Albertini), não coincidem com as
Nações como elas são comumente percebidas e não precisam de poder político para se
manter.

É por esta razão que a estes grupos pode ser atribuído o caráter da espontaneidade,
injustamente atribuído às Nações como estas são normalmente percebidas.

Uma última concepção, que remonta a Ernest Renan, identifica a Nação — para além da
existência de quaisquer laços objetivos — com a "vontade de viver juntos", o "plebiscito
de todos os dias".

Na realidade esta tentativa de definição, em lugar de resolver o problema, foge dele


porque o que definiria Nação neste caso, distinguindo-a de todos os outros grupos
baseados na adesão voluntária, seria a maneira de viver juntos.

E é justamente este o problema que a definição de Renan deixa sem solução.

IV. A NAÇÃO COMO IDEOLOGIA — Um enfoque empírico para se chegar a uma


definição positiva de Nação consiste, de acordo com M. Albertini, em descobrir como a
presença da entidade Nação se evidencia no comportamento observável dos indivíduos,
isto é, na identificação de um "comportamento nacional".

Esta indagação permite estabelecer, em primeiro lugar, que o comportamento nacional é


um comportamento de fidelidade com relação às entidades "França", "Alemanha",
"Itália", etc., sem maiores definições.

Em segundo lugar, e é aqui que se encontra sua especificidade, este comportamento de


fidelidade não se manifesta apenas como fidelidade política ao Estado, mas implica a
presença de outros valores, cuja motivação autônoma, considerada em si mesma, não é
nem de ordem política nem de ordem estadual, e que poderia ser suficiente para
identificar grupos de amplitude diferente da amplitude nacional.

O sentimento italiano é, pois, ao mesmo tempo, o sentimento de pertencer ao Estado


italiano e a uma entidade pensada como sendo uma realidade social orgânica, na qual a
caracterização "italiano" prevalece sobre a caracterização "burguês", "proletário", etc.

Esta caracterização, inegavelmente, deforma o quadro natural de referência de inúmeros


comportamentos cognitivos e valorativos, introduzindo a representação falsa, por
exemplo, de uma hipotética paisagem italiana, em que desaparece o fato concreto da
paisagem lígure, padana, etc., ou de uma hipotética realidade estética e cultural italiana,
na qual é reduzido ao quadro de referência italiano o fato universal das expressões
toscana, veneta, etc., da cultura europeia; e assim por diante.

Trata-se, pois, de uma entidade ilusória, à qual não corresponde grupo algum,
concretamente identificável, que possa servir como natural quadro de referência para

4
comportamentos que normalmente estão relacionados com "França", "Alemanha",
"Itália", etc.

Procurar nos indivíduos, mediante referenciais subjetivos, o que vem a ser sentimento
nacional, leva a esta entidade ilusória. Utilizando referenciais objetivos encontra-se um
Estado que, todavia, não é pensado assim como é, mas como sendo justamente esta
entidade ilusória.

Tal fato permite afirmar que a Nação não passa de uma entidade ideológica, isto é, do
reflexo na mente dos indivíduos de uma situação de poder.

O fato de a Nação ser uma ideologia é suficiente para eliminar a ideia de que, antes do
surgimento de comportamentos nacionais conscientes a partir da Revolução Francesa,
existissem, assim como se quer provar mediante a historiografia nacional, Nações
inconscientes.

Isto não significa que não seja possível nem legítimo identificar, na história, tendências
que levaram ao nascimento das modernas Nações.

Seria, porém, profundamente falho confundir o processo, que gerou as modernas


Nações, com seu resultado.

Enfim é evidente que, por faltar qualquer elemento concreto que individualize as
nações, inexistem critérios, na ausência de um sentimento consciente de fidelidade, que
permitam confirmar a existência de uma hipotética Nação em potencial.

V. A NAÇÃO COMO IDEOLOGIA DE DETERMINADO TIPO DE ESTADO —


A análise até aqui efetuada já contém em si a caracterização do tipo de situação de
poder de que a ideia de Nação é um reflexo.

Desta situação decorre que a Nação é a ideologia de um determinado tipo de Estado,


visto ser justamente o Estado a entidade a que se dirige concretamente o sentimento de
fidelidade que a ideia de Nação suscita e mantém.

Esta conclusão provisória leva em consideração o conteúdo representativo do termo.

A função da ideia de Nação, como vimos, é a de criar e manter um comportamento de


fidelidade dos cidadãos em relação ao Estado.

A ideia de laços naturais profundos, elemento integrante do núcleo semântico


fundamental do termo, desempenha esta finalidade, inserindo-se na esfera mais íntima
da personalidade dos indivíduos, unidos justamente por estes laços, a ponto de justificar
a elaboração de um ritual e de uma simbologia pseudo-religiosos.

Historicamente este sentimento foi criado pela extensão forçada a todos os cidadãos do
Estado de alguns conteúdos típicos da nacionalidade espontânea (por exemplo, a língua)
ou, no caso de se revelar inviável esta extensão, pela imposição da falsa ideia de que

5
alguns conteúdos típicos da nacionalidade espontânea eram comuns a todos os cidadãos
(por exemplo, os costumes).

Este processo se concretizou, nos Estados que o levaram até às últimas consequências,
mediante a imposição a todos os cidadãos dos conteúdos característicos da
nacionalidade espontânea predominante e mediante a supressão das nacionalidades
espontâneas menores (a este respeito é paradigmático o caso da França).

O caráter ideológico da Nação explica também as mudanças de enfoques — nas


diferentes situações histórico-políticas — com que são abordados seus diversos e
contraditórios conteúdos representativos.

Por ser a ideologia de um Estado, precisará adaptar-se no seu conteúdo às diferentes


exigências da razão de Estado.

Por isto, quando a Alsácia era objeto de disputa entre a França e a Alemanha, a Nação
era, para os franceses, o grupo dos que "querem viver juntos", enquanto era definida,
pelos alemães, com base na comunhão de língua e de costumes; assim, antes da
Primeira Guerra Mundial, Trento e Trieste eram italianas porque seus habitantes eram
de língua italiana, enquanto a partir do término da Primeira Guerra Mundial, o Tirol do
Sul é italiano porque se acha situado dentro dos "limites naturais" da Itália.

VI. A NAÇÃO COMO IDEOLOGIA DO ESTADO BUROCRÁTICO


CENTRALIZADO — Conforme a tese até aqui debatida, a Nação é, pois, a ideologia
de um tipo de Estado.

Resta ver que tipo de Estado é este.

A este respeito surge como óbvia uma primeira consideração, por sinal confirmada pela
história do aparecimento do termo, na sua acepção atual: o comportamento nacional,
assim como tem sido caracterizado até aqui, não seria imaginável antes da Revolução
Industrial ter criado contextos de interdependência no agir humano — mesmo limitados,
num primeiro momento, unicamente à classe burguesa — que correspondem em
extensão aos modernos Estados nacionais.

Por isto, na Idade Média, teria sido impossível qualquer referência, no agir humano, às
entidades "França", "Alemanha", "Itália", etc., referência esta a nível de fato social e
não apenas no contexto de esporádicas referências literárias.

A evolução do sistema de produção, provocada pela Revolução Industrial, criou


mercados de dimensões "nacionais", ampliou consequentemente os horizontes da vida
cotidiana de camadas cada vez mais amplas da população e ligou ao Estado um
conjunto de comportamentos econômicos, políticos, administrativos, jurídicos que, na
fase anterior, eram totalmente independentes.

Concretizavam-se, assim, algumas das condições necessárias para o nascimento da


ideologia nacional.

6
Porém, não se tratava, ainda, de condições suficientes.

A ideologia nacional pressupõe, com efeito, a ligação ao Estado não apenas dos
comportamentos, meramente exteriores, que acabamos de listar, mas também dos que
constituem o sentimento íntimo da personalidade e da afinidade básica do grupo,
ligação esta que não pode ser provocada unicamente pela evolução do sistema de
produção.

É característico, por exemplo, o fato de que na Grã-Bretanha, contrariamente ao que


aconteceu no continente europeu, o processo de ampliação do âmbito de
interdependência nas relações humanas, provocado pela Revolução Industrial, ligou ao
Estado o primeiro tipo de comportamento e não o segundo, tanto que os cidadãos
britânicos, mesmo se considerando cidadãos de um único Estado e presos a um dever
comum de lealdade para com a Coroa, não sentem como sua "pátria" a Grã-Bretanha, e
sim a Inglaterra, a Escócia ou o País de Gales.

Isto significa que na Grã-Bretanha o desenvolvimento da Revolução Industrial não


levou — a não ser numa medida parcial e imperfeita — ao abafamento das autênticas
nacionalidades espontâneas, substituindo-as pela ideia fictícia de Nação.

Esta diferença entre a experiência da Grã-Bretanha e a continental é explicável pela


diferente evolução do Estado nas duas áreas.

Enquanto a situação geográfica insular — facilmente defensável, portanto, unicamente


com a armada naval — da Grã-Bretanha permitiu que esta conservasse, no decorrer dos
tempos, uma estrutura estatal flexível e descentralizada, os Estados do continente
europeu, expostos constantemente ao perigo de invasões por parte de seus vizinhos e,
consequentemente, envolvidos numa permanente situação de guerra aberta ou latente,
viram-se forçados, para enfrentar com eficácia esta situação, a centralizar ao máximo o
poder mediante a instituição do serviço militar obrigatório, da escola de Estado, da
centralização administrativa, etc.

Encontraram-se, pois, na situação de ter que exigir de seus cidadãos um grau de


fidelidade ao poder sem precedentes, pelo menos desde os tempos da cidade-estado
grega, que chegava a exigir de seus cidadãos até o sacrifício da própria vida.

Por outro lado, como consequência lógica, precisaram dispor de instrumentos aptos para
incutir artificialmente no íntimo dos próprios cidadãos estes sentimentos de fidelidade.

A ideia de Nação, mediante a representação de um obscuro e profundo laço de sangue,


que orienta na mesma direção, e mediante o ritual pseudo-religioso, que acompanha esta
representação, foi e permanece o instrumento mais indicado para criar e manter esta
lealdade potencialmente total.

É assim que se pode chegar à definição de Nação dada por Albertini: A Nação seria a
ideologia do Estado burocrático centralizado.

7
VII. A SUPERAÇÃO DAS NAÇÕES — Se a Nação nada mais é do que a ideologia
do Estado burocrático centralizado, a superação desta forma de organização do poder
político implica a desmistificação da ideia de Nação.

Existem fundamentos concretos para esta desmistificação.

É um dado de fato que a atual evolução do sistema de produção na parte industrializada


do mundo, após ter levado à dimensão "nacional" o âmbito de interdependência das
relações pessoais, está atualmente ampliando este âmbito, tendencialmente, para além
das dimensões dos atuais Estados nacionais e aponta, com uma evidência cada vez mais
direta, para a necessidade de se organizar o poder político em níveis continentais e
conforme modelos federativos.

É, portanto, previsível que a história dos Estados nacionais esteja chegando ao fim e que
esteja para começar uma nova fase em que o mundo se organizará em grandes espaços
políticos federativos.

Porém se o federalismo significa o fim das Nações no sentido até aqui definido,
significa também o renascimento ou o revigoramento das nacionalidades espontâneas
que o Estado nacional abafa ou reduz a meros instrumentos ideológicos, a serviço do
poder político e, consequentemente, a volta àqueles autênticos sentimentos gregários
dos quais a ideologia nacional se fez única detentora e que foram por ela transformados
em valores dependentes.

BIBLIOGRAFIA

ALBERTINI, M. «L'idée de Nation». In: L'idée de Nation.Paris: PUF, 1969.


_____. Il Risorgimento e L'unità Europea. Napoli: Guida, 1979.
_____. Lo Stato Nazionale. Napoli: Guida, 1981.
CHABOD, V. L'idea di Nazione. Bari: Laterza, 1961.
HAYES, C. J. H. The Historical Evolution of Modern Nationalism. New York: R. R. Smith,
1931.
KAEGI, W. «L'origine delle Nazioni». In: Meditazioni Storiche (1924-46). Bari: Laterza, 1960.
KEDOURIE, E. Nationalism. London: Hutchinson, 1960.
KOHN, H. L'idea del Nazionalismo nel suo Sviluppo Storico. 1.ed. 1944. Firenze: La Nuova
Italia, 1956.
LEMBERG, E. Nationalismus. Reinbeck bei Hamburg: Rowohlt, 1964. v. 2.
MEINECKE, F. Cosmopolitismo e Stato Nazionale. 1.ed. 1908. Firenze: La Nuova Italia, 1975.
v. 2.
PROUDHON, P. J. France et Rhin. Paris: Librairie Internationale, 1867.
RENAN, E. « Qu'est-ce qu'une Nation?». In: Discours et Conférences. Paris: Calmann-Lévy,
1887.
SHAFER, B. C. Nationalism: Myth and Reality. London: V. Gollancz, 1955.

Você também pode gostar