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ANO: 2013/2014
Nota:
O Resumo foi elaborado pelo seu autor individualmente, não comprometendo qualquer ligação direta a
Unidade Circular em causa ou á própria UAB.
Resumo Tópico 1:
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“Habitantes de uma religião, de um país desde que tenham uma origem comum, a mesma língua, um
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mesmo espirito nacionalista, que se consegue distinguir de outros habitantes.”
Verificamos que na definição de ADELUNG, adaptado á política alemã da época, engloba as
componentes, língua, território, e origens comuns, mas a componente politica não era importante para o
autor.
A revolução francesa trouxe muitas mutuações, inclusive ao conceito NAÇÃO, depois 1789 o conceito,
passa a designar diretamente, o povo, mas o clero fica condicionado á aceitação pelo povo. O termo
NAÇÃO espelha o ESTADO que passa a ser uma componente essencial, que representa a unida formal.
Em suma:
NAÇÃO – (na atualidade) é constituída por um conjunto ou comunidade de indivíduos (povo), que tem a
mesma língua, usos e costumes, um passado e um território comum, estão englobados de forma
organizacional e politico, o Estado.
No campo da história, é o elemento que cria a NAÇÃO baseada num passado comum, Nos finais do séc.
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XVIII, a história, o passado glorioso é utlizado como uma ideologia no conceito NAÇÂO.
Segundo COULMAS o passado é a continuação do presente para que uma NAÇÃO exista como legitima,
isto é, a reconstrução do passado histórico é utilizado para glorificar a nação e legitimar o presente, isso é
evidente nos fundadores das nações europeias. A ligação da língua á história comum transforma o
nacionalismo numa vertente ideológica politica, no séc. XVIII.
Do ponto de vista politico e no seguimento da revolução francesas a língua e o passado histórico, como o
nacionalismo, são responsáveis pela flexibilidade e longevidade do conceito. Segundo a flexibilidade o
nacionalismo é contraditório, por um lado apresenta a união da NAÇÃO através da língua e da história,
por outro lado, são movimentos livres a anti discriminatórios, isto é, apoia o direito á diferença e
autodeterminação dos povos.
No que concerne a longevidade do conceito, o nacionalismo é o ponto de partida de todas as outras
ideologia politicas e apresenta-se como uma solução para o futuro de uma sociedade que esta unida
segundo a língua e a historia.
Assim o nacionalismo é um principio universal que da união e coesão a uma sociedade.
Em suma o nacionalismo é flexível que assegura a longevidade e a operacionalidade universal.
UM CONCEITO EUROPEU
O conceito de identidade nacional estava ligado á língua, numa primeira fase, e depois ao elemento
história numa segunda fase, e por fim o elemento étnico juntou-se ao conceito, englobando a noção de
raça que justificam muitas ações dos estado europeus. “NAÇÃO” que dizer que se baseia na unidade
nacional a partir de argumentos religiosos étnicos, linguísticos ou históricos, logo o conceito NAÇÃO é
um conceito europeu.
Segundo ORTEGA E GASSET, a consciência de nacionalidade é um espaço comum de convívio, com
varias línguas, historias, religiões e etnias.
O nacionalismo foi criado na europa e foi expandido pelo mundo com sucesso como refere
EISENSTADT em que o NATIONALISMUS se expande pela civilização moderna em todo mundo,
assim o conceito de NAÇÃO adapta-se a qualquer sociedade. O mundo como conhecemos na atualidade
foi determinado pelo conceito de NAÇÃO, oriundo da europa, tanto ao nível da história e da política, por
isso é que o representante da maioria dos Estados se designa “ORGANIZAÇÂO NAÇÕES UNIDAS”.
No seculo XVIII, na segunda metade, o território da Alemanha é marcado e definido por duas correntes:
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Uma que atua na dispersão política do território alemão
Uma que atua no sentido de união cultural e linguística
No sentido da dispersão, são os “PREUSSISCHE LÄNDER” (estados da Prússia), no sentido da união
são os “HABSBURIGISCHE LÄNDER” (estados dos Habsburgo). Em meados do séc. XVIII o domínio
vai para os estados da Prússia. O território alemão esta dividido em estados muitos desiguais, onde muitos
não passam de estados-cidades, e onde a Prússia inspira hegemonia. O total de estados são 360 todos
autónomos e ligados ao Sacro Imperio Romano-germânico, e a língua é o único elemento comum. Esta
situação durou até a ocupação francesa na era de Napoleão. Depois de 1500 a designação
“DEUTSCHLAND” veio substituir A “DEUTSCHE LÄNDER” (países alemãs) segundo Schulze. Como
o território estava pulverizado em vários estados existe uma força de união desse espaço apoiada pela
língua comum e pela unidade política outrora existente, esta união teve origem numa classe social
crescente a burguesia esclarecida (BILDUNGSBÜRGERTUM). Esta classe social é nacionalista e estava
atenta aos acontecimentos da Europa, nomeadamente em França na pós-revolução, onde inicialmente
estava interessada mas depois desinteressada devido a ocupação francesa em tempos de Napoleão.
Em suma a Alemanha, no final do séc. XVIII, era um espaço territorial mal definido, como possuem
problemas ao nível político, estávamos rodeados de grandes potências hierarquizadas com a Rússia,
Inglaterra e França. Segundo Barreto, Alemanha não existia e nunca existiu, são testemunhos dessa
instabilidade total. Outros testemunhos são de WIELAND; GOETHE E SCHILLER ao perguntarem “
Quem são? Que nos mostra e nos indica?” – aos alemães.
Apesar de existir um consenso no que diz respeito ao conceito de NAÇÃO, no seculo XVIII é um seculo
de crítica ao nacionalismo mormente na Alemanha devido a cisão politica, territorial e confessional, é do
espaço alemão que partem a críticas mais radicais, como exemplo:
A crítica de JOHANN GOERGE ZIMMERMANN afirma: O amor á pátria em muitos casos não é mais
que o amor de equídeo (burro) ao seu estábulo.
As críticas de WERLAND, GOETHE E SCHILLER, não são tão radicais, refere-se ao conceito de
nacionalismo como uma aplicação útil do conceito de NAÇÃO.
Nessa época, o conceito de “nacionalismo” tem um sentido pejorativo, já os conceitos “patriotismo” e
“amor de pátria” tem um sentido positivo devido um individuo que se ligar e defender a região, estado de
onde é oriundo.
Assim para Alemanha, nessa época, séc. XVIII, a pátria (VATERLAND) é diferente de NAÇÃO
(NATION). Segundo GIESEN/JUNGE, VATERLAND não era considerado a totalidade do espaço
Alemão, mas sim, a região de cada um, o pequeno estado. É neste patriotismo local que esta a origem do
regionalismo alemão que perdura até aos dia de hoje.
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A união politica que era impossível obter, opunha-se a unidade cultural da Alemanha, então a NAÇÂO
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alemã foi construída com base nessa comunidade de cultura
vulgares em relação ao latim, mas interessa a investigação sobre á diversidade das línguas e a origem de
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linguagem, estes sim, são centro de atenção dos setecentistas. Em relação á origem da linguagem havia os
que defendiam a origem divina daquela capacidade humana e aqueles que defendiam a origem humana.
No que diz respeito á diversidade das línguas muitas teses surgiram, no entanto, uma é de destaque a tese
que explica a diversidade das línguas segundo os fatores do clima de cada região. Assim uma língua é
falada de uma maneira diferente no norte, do que no sul, isto é, uma língua falada numa região é
influenciada por esse clima nórdico ou do sul, por isso existiria várias línguas. ROUSSEAU era defensor
dessa tese, como chamava atenção para a influência do clima no desenvolvimento do homem. Neste
contexto em 1774, surge HEDER, com a sua afirmação:
“ SCHON ALS TIER HAT DER MENSCH EIN SPRACHE” = O homem no seu estado animal já
possuía uma língua, com este pensamento marcou a viragem no que diz respeito a reflexão sobre a
linguagem. Na perspetiva de HEDER a linguagem era uma capacidade do homem, ma capacidade
anterior e interior á espécie humana, então a diversidade das línguas não eram resultados de fatores
externos, como o clima. Assim a linguagem é aceite como um código fechado aos inimigos e aberto aos
amigos e por isso, é a razão principal para as fronteiras do homem que são eles mesmo que as criam.
Verifica-se que o homem faz parte da informação e transformação de língua, onde se verifica uma relação
entre a língua e a cultura, logo confirma-se transforma e da formação ao homem, de maneira a fornecer
um quadro logico-mental e as palavras para expressar os seus pensamentos, ou seja, tanto o homem cria
língua e a língua cria o homem. Esta relação entre homem social, língua e cultura é a base do pensamento
de HERDER.
Então a comunidade tem a sua origem numa vontade expressa por uma sociedade de indivíduos que entre
todos partilham a história, cultura e a língua.
futuro deve ser o seguimento do presente reformado dos acontecimentos históricos do passado
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reconhecendo os erros dos vários regimes políticos.
HUM;BOLDT cita: “ DIE RISCHTUNG DEUTSCHLAND IST EIN STAATENVEREIN ZU SEIN!” =
A linha de orientação da Alemanha é ser o Estado unido!
Assim a unidade alemã: é marcada pelo estado, unido na língua, cultura, costumes e da história. O autor
admite em outras condições culturais e históricas preferiam uma constituição unitária, um poder do estado
centralizado a forte.
1.3.2 PEDAGOGIA POLITICA
Segundo JOHAN GOTTLIBE FGICHTE, a reflexão académica que trata a linguagem pode evolui para
um meio de atingir um objetivo politico. No início do séc. XIX a Prússia estava derrotada pelos francês e
Berlim ocupado, é neste contexto, que Fichte lança a possibilidade de tentar procurar soluções para que
Alemanha tenha novamente, nu futuro, autonomia e independência, como indica o caminho que leva a
essa autonomia.
FICHTE pretende uma construção de uma identidade alemã onde se vê as semelhanças internas e
diferenças externas em relação a outros povos. O autor afirma que as diferenças entre os alemãs e outros
povos esta na tribo ou etnia que pertencem, na língua, no território e no passado comum histórico que era
das tribos (STAMMVOLK) e mantiveram a língua e o passado comum enquanto outros povos não
tinham isso. A língua é o mais importante para Fichter, já que a mudança de território não pode, por isso
alterar um povo com a mesma língua. A língua alemã não é arbitrária nem convencional, mas sim, única e
natural. Acrescenta que o que a comunidade partilha é a língua original e não contratos negociados. Diz
que palavras como liberdade, igualdade e fraternidade ou humanidade são verdadeira prenunciadas na
ligue alemã e são falsas noutras línguas como a francesa. Todas estas citações de FICHTE espelham um
discurso nacionalista, incentivando á revolta, ao direito á defesa, a independência, á autodeterminação do
povo alemão, devido á invasão francesa. Este nacionalismo é compatível como o seu tempo, como foi
posto em prática no futuro, no tempo de Hitler e do estado nacional- socialistas alemãs.
Vemos que em ROUSSEAU e FICHTE, existem dois tipos de nacionalismo:
O nacionalismo francês e americano o de aceitar que todos são iguais perante a lei
(ROUSSEAU)
O nacionalismo alemão com base na comunidade étnica, língua, cultura e história (FICHTE)
Estas diferenças ainda se veem hoje no que diz respeito a nacionalidade na Alemanha adquire-se pela
consanguinidade, na França e América pela territorialidade.
Todo nacionalismo é resulta de uma construção ideológica, onde a Alemanha, no séc. XIX teve que
reinventar a sua nação e a sua identidade. A construção da nação alemã foi feita em argumentos e
conceitos de teores mítico-histórico e estético-literário.
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No mítico-histórico é uma realidade linguística variada e multifacetada, no quer diz respeito ao estético-
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literário é irrealista sendo outras atitude mais fáceis do que ver nascer uma paz alemã.
CONCEITO DE AUFKLÄRUNG
O termo AUFKLÄRUNG demonstra no quadro científico a especificidade que o movimento das luzes
teve na Alemanha no séc. XVIII. Este termo AUFKLÄRUNG é utilizado no sentido vasto, indicando o
processo de esclarecimento e de informação sem referir a qualquer período histórico. Pode estar ligado ao
termo RACIONALISMO para designar uma evolução do ocidente e da MODERNIDADE.
RACIONALISMO e MODERNIDADE estão associados ao ocidente, mas no que diz respeito a sua
história são diferentes. Existem indicações que fazem a ligação da MODERNIDADE e o seu
aparecimento ao tempo da era moderna, justificada com a reforma e o renascimento no séc. XVI, que se
fazem sentir na era contemporânea com início no séc. XVIII, associado a esse acontecimento esta:
O moderno espirito cientifica;
Uma visão do mundo centralizado no Homem (antropocentrismo) em oposição ao teocentrismo da
Idade Média;
Utilização do experimentalismo e da razão com elementos fulcrais do conhecimento e da
interpretação do mundo e da natureza tiveram as suas primeiras manifestações no renascimento e
na reforma do séc. XVIII.
Os que estavam contra a MODERNIDADE não aceitavam a informação, a introdução, aceitavam uma
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verdade objetiva, alem de criticarem os pressupostos do racionalismo ocidental.
Os defensores da MODERNIDADE, como HABERMAS, continuavam ligados aos valores principais
das Luzes e a capacidade de libertação.
séc. XVIII verifica-se a existência de uma modernização das estruturas políticas e económicas, na
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Alemanha, semelhante ao que sucedia nos espaços europeus, esta evolução é verificada na zona
Ocidental onde se presenciou a abolição do regime feudal e com o aumento do intercâmbio com
países do Atlântico. No norte da Alemanha presenciou-se uma evolução mais acentuada no
desenvolvimento comercial e político do que no leste da região.
Na Prússia, a estrutura autoritária baseada no feudalismo colidiu com a evolução económica da zona
ocidental e litoral. A Prússia mostrou-se no séc. XVIII como uma mistura entre o conservadorismo e a
inovação. Os centros como Hamburgo, Lübeck, Leipzig ou Frankfurt am Main tinham um elevado
desenvolvimento económico devido a uma organização de poder e cultura liberal. Assim podemos
afirmar que o espaço cultural Alemão não tem um atraso generalizado existindo zonas em
desenvolvimento politico e económico.
maioria das regiões não existia uma burguesia independente com força para impor os valores liberais
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do ponto de vista económico e político, mas nas cidades de Hamburgo, Lübeck, Frankfurt am Main e
Leipzig, isso não acontecia.
As monarquias de HOLLENZOLLERN e dos HABSBORGOS, Prússia e Áustria, eram rivais com
diferenças, com nas estruturas do estado. Na Prússia, a relação da Igreja com o Estado sofreu
alterações com a reforma de Lutero, por isso, a política de tolerância religiosa era aceite por Fernando
II. A independência do poder político face a religião garantira o sucesso das reformas fedrianas na
Prússia, já na Áustria isso não se verificou.
Em suma é difícil de apresentar uma imagem homogénea da Alemanha da séc. XVIII devido as
diferenças regionais e o territorialismo desenhavam uma papel importante no espaço cultural
heterogéneo do ponto de vista político, religioso e económico.
progresso através da educação, defensores desta matéria eram -JOACHIM HENRICH CAMPE (1746-
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1818); JOHANN BERHARD BASEDOW (1723-1790).
A burguesia culta alemã teve um papel importante, ao nível intelectual, fazendo sentir isso na opinião
pública, ligados as ideias de progresso e desenvolvimento que teve o apoio da imprensa com a sua
evolução. Esta evolução intelectual fez sentir no território alemão, mesmo antes da revolução francesas, o
atraso cultura em relação aos países desenvolvidos só se verifica nos estados mais afastados (leste e Sul
da Europa) do centro de atenções e influência.
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correntes empiristas inglesas de LOCKE e NEWTON. A autonomia do pensar, a razão crítica são
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elementos importantes nesta era, um defensor fulcral é LESSING além de ser defensor das noções de
Tolerância, de educação do Homem, e de progresso.
Em GŐTTIGEN verifica-se uma influência inglesa e escocesa na Universidade, sendo um centro
importante cientifico. GEORGE CHRISTOPH LECHTENBERG (1742-1799), JOHANN FREIDRICH
BLUMENBACH (1752-1840) são nomes importantes deste centro que competia com os seus congéneres
europeus. O autor LICHTENBERG era conhecido por as suas lições de física experimental como pela
escrita aforística. Neste contexto é difícil de estabelecer definições de uma época devido ao estilo
fragmentário unindo o humor mordes ao hermetismo de inspiração súbita.
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Sacro Imperio Alemão não podia competir com uma Grã-Bretanha e a França no campo colonial, mas no
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campo da antropologia etnologia, tem uma evolução, como a Universidade de Göttingen onde a
antropologia teve um desenvolvimento devido as suas relações com as congéneres britânicas.
Blumenbach foi uma dos colaboradores nos debates científicos nesse campo. Outros importantes
elementos são Samuel Thomas Sömmering (1755-1830) com as suas investigações anatómicas.
No discurso eurocêntrico a diferença era aceite como forma de eliminar a igualdade entre os homens para
emergir uma desigualdade baseada em traços físicos, essa desigualdade seria o berço para o racismo no
seculo XIX.
Esta desigualdade levou ao reforço da clausura da mesma limitando-a a um espaço domestico, para cuidar
e educar os filhos segundo as ordens masculinas e quem não aceita-se tinha como certo a marginalidade
que seria o preço a pagar para ter a liberdade individual. O mesmo aconteceria com a minoria judaica no
seculo XVIII e XIX, na Alemanha, com a sua marginalização nos ghettos, ou essas pessoas não podia
ocupar cargos públicos.
Também a pedagogia na se libertava dessa diferenciação, que devia te um comportamento de forma de
brincadeira, mas que não fosse mera brincadeira, mas sim, mais um elemento pedagógico para fortalecer
o corpo de eventuais franquezas.
As novas entidades europeias, adulta e masculina, basearam-se num processo de evolução na descoberta e
nomeação e, fixar as diferenças não-europeias, não adultas ou não masculinas. O processo de libertação é
bem patente na dialética das luzes devido ao capitalismo que possibilitou novas hipóteses económicas e
tecnológicas ao nível internacional, como novas formas de opressão e exploração.
A diferença encontra-se num caminho de sobrepor á igualdade, assim neste contexto a dialética das luzes
é importante na sua emancipação e reforma, no século XVIII, nos campos da pedagogia infantil, na
aceitação da igualdade estre religiões, sexo e raças.
Os interesses e necessidades do capital e trabalho dividia as classes, o mesmo acontecia na Europa e no
mundo colonizado, entre homem e mulher, entre adulto e criança, civilizados e selvagens, loucos e
normais.
O seculo XVIII não é definido unilateralmente como o seculo da racionalidade burguesa, neste tempo
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emerge uma contracultura que é fulcral na evolução da Europa e suma-se em:
3.1.1 TEMPO
O tempo é controlado ao pormenor. As horas são controladas e acertadas no relógio que é uma regra
social, como é visto o “tempo” como um fator de lucro baseado na máxima de Benjamin Franklim
“ O tempo é dinheiro “
O trabalho passa a ter um ritmo acelerado associado á disciplina e pontualidade. São aspetos necessários
para o trabalho e trabalhadores, estes últimos, tomam uma nova conceção e vivência do tempo. Aquele
tempo cíclico teocêntrico é substituído por um tempo linear orientado para o futuro criando o progresso.
As visões escatológicas, que anunciam o fim do mundo e um paraíso nesse fim de tempo são substituídos
pela concessão históricas que interpretam o passado e o presente como base para o futuro e como etapa
para o aperfeiçoamento.
3.2.1 O ESPAÇO
O “ espaço” para a Europa, no seu ponto máximo, na fase colonial é um mundo pequeno porque não
existem territórios para descobrir e cartografar. É um mudo maior devido a sua identidade em relação ao
mundo colonizado.
O “espaço” não-europeu é olhado como longínquo em termos espaciais e temporais, como os residentes
não-europeus são igualados aos tempos antigos da Europa. A evolução da conceção do “espaço”
acompanha a industrialização da Europa com ligação a Inglaterra que é o epicentro da Revolução
industrial.
No séc. XVIII outras dimensões emergem na sociedade burguesa:
A separação do espaço publico e privado
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A ligação entre espaço produção e habitação, no seio da grande família, onde a economia era rural e pré-
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industrial, dá lugar á separação do espaço de consumo (habitação) do espaço produção (trabalho). No
entanto o berço da industrialização esta no seio da família, onde era laborado as matérias-primas, um
trabalho domestico, ex.: os tecelões.
O desenvolvimento da industrialização emerge fora do trabalho desse meio de produção familiar. Como
incremento surge a separação do espaço de produção (trabalho) do espaço de consumo (habitação) e a
separação do capital do trabalho. Isto é, os assalariados eram pagos para trabalhar e não eram os donos do
fruto do trabalho ou desse espaço onde laboravam.
Assim a produção era o epicentro dam nova economia, a burguesia transferiu o seu poder, deliberações
políticas e económicas para o escritório.
A opinião pública gradualmente evolui para uma contrapoder no plano literário e estético.
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Quem expressa a sua opinião enquanto individuo contribui para a formação da opinião pública que
acabam por ser o porta-voz da mesma. Outros espaço contribuíram para a formação da opinião pública,
são espaços neutros como os cafés e a sociedade de leitura, são locais de frequenta entra o trabalho e casa.
As pessoas convivem nesse espaço de forma, temporariamente sentirem-se libertado de pressões
económicas; socias; e familiares; e debatem os assuntos importantes.
Em França é o saloon, considerado espaço neutro que surge no seio do espaço feminino, onde a mulher
burguesa se exprime livremente, possui liberdade, que lhe estava tirada.
É um espaço que o masculino nobre não frequenta, mas frequentado pela mulher da burguesia, privam
entre si dada a comunidade de interesses, culturais, literários ou pessoais. Neste tempo (1715 – 1772) de
regência a corte estava em crise que se prolongou no reinado de Luis XVI (1754-1793). O saloon surge
no comando de uma mulher culta.
3.2.3 A TRANSIÇÂO
No séc. XVIII, não se verifica uma divisão entre o espaço publico e privado, no sentido, como as
associações de privados entendia (cafés; clubes de leitura; maçonaria). O saloon em França é exemplo
desse espaço hibrido com uma mulher culta a orienta-lo. O saloon encontra-se no seio de uma sociedade
rígida da corte que esta em declínio (regência).
Os espaço públicos (cafés; jornais) é um mundo masculino e onde a burguesia expressa a sua vontade
contra o poder absolutista do estado. São manifestados os interesses privados:
O modelo capitalista e liberal
É neste espaço que os homens estão desligados das suas obrigações profissionais, livres de qualquer
regras que a hierarquia social impõe. A igualdade teórica é condição fundamental.
O debate é um elemento essencial desta cultura é nesse espaço que se discutem as ideias lidas nos jornais
e revista. As ideias indivíduas mostram-se na opinião e nas cartas abertas que espelham essa
individualidade usado no espaço público. Os debates são iguais, o participante no debate representa-se a
si mesmo como individuo autónomo e pensante.
Também emergem as separações dos espaços das crianças para brincar e quartos para dormir. Diferenciar
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o espaço segundo o sexo.
No que concerne as mulheres estas sofriam na pele as troças e censuras devido á sua curiosidade
intelectual.
3.8 CONCLUSÃO
O espaço cultura alemão teve um relativo atraso económico e uma evolução na criação de um espaço
público. Antes da revolução francesa já se verificava um espaço para o debate e oposição abrindo o
caminho para liberdade cada vez mais institucionalizada. As transformações em França refletiram-se em
todo continente europeu onde se consagravam reivindicações iluministas ajudadas pelos debates no seio
do espaço público.
A revolução francesa institucionalizou as reivindicações e práticas do espaço público confirmando a
liberdade da imprensa, da confissão religiosa, o direito a propriedade. Com a revolução também se criou a
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vida intima onde tudo é permitido desde que não interferisse no espaço público. Mas a tolerância religioso
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não se equiparava a tolerância política e jurídica. A igualdade mantinha-se com simples pedido jurídico,
como se baseava numa igualdade abstrata e universal que garante o tratamento por igual de todos os seres
independentemente do sexo, origem, cor ou crença.
A racionalidade abstrata e utópica, geraram apelos á diferenças baseada na origem, no sexo, na cor,
criando o moderno discurso racionalista, feminista, racista.
O pensamento das luzes tinha no seu discurso e lógica o poder da diferença de homem branco,
cristão/protestante, europeu, contra a inferioridade seja mulher ou não-europeu.
Com a evolução francesa foi institucionalizada a modernidade e o espaço publico que são as bases para a
organização até ao presente. A crescente pressão do poder económico leva esses espaços de reflexão e
debate (públicos) a cederem lugar a imprensa que manipula a opinião pública. A velocidade e quantidade
de informação a partir do seculo XIX vão prejudicar o pensamento crítico do público eleitor.
As novas formas de audiovisuais revolucionam a imprensa e criam outras novas condições para o emergir
de novos meios de comunicação da massa.
A opinião pública, espaço público e publicidade surgiram no seculo XVIII.
Garve faz uma atribuição dos elementos naturais a um paradigma estético e filosófico, resume-se nas
primeiras décadas do séc. XIX. Coloca as suas ideias, que a natureza lhe fornece, como Kant, na
semelhança entre a natureza e a obra de arte.
Existe uma valorização da paisagem alpina na linha da teologia da criação, já a teologia da redenção
(libertação) despreza a vida terreste e a própria natureza, admirar a beleza da paisagem e reconhecer a
obra e o poder de Deus, verifica-se isso na carta de 1541 de Konrad Gesner sobre a alta montanha, e onde
se presencia as funções de Aufklärung ao conceito de natureza.
Gesner atribui um espaço específico (alta montanha) ao sentimento de admiração, como opões a natureza
á vida burguesa e materialista.
Em suma:
Os autores como Haller, Georg Simmel ou Goethe, utilizam os espaços naturais como símbolos para
identificar, ou como oposição, a vida quotidiana da burguesia. Haller opõe os Alpes ao luxo e riqueza das
cidades, considera o espaço natural como um local de equilíbrio onde os residentes ainda seguem uma
vida ancestral, uma imagem do pré-moderno em sitónia com o ambiente natural.
O panteísmo (panteísmo = considera a natureza como divina) opõe-se ao serviço de ideologia burguesa.
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O sonho de ter uma vida diferente em harmonia com a natureza e criticada socialmente e culturalmente e
ocorre antes da filosofia da vida moderna propagado por Wilhelm Ditthey e Ludwig klages.
A FLORESTA ALEMÃ
A floresta alemã é um lugar tópico da identidade nacional alemã
A transformação romântica da floresta num espaço mítico vem desde há muito tempo, remota até
a Germania de Tácito
É um espaço de valorização ideológica dum símbolo nacional
A época do romantismo contribui para revalorização mítica da floresta, muitas das antigas
florestas já não existem devido as guerras (guerras dos 30 anos), a venda da madeira para a
construção naval inglesa se francesas; a reflorestação com pinheiros nórdicos mais lucrativos
destruiu os carvalhos da floresta no seculo XIX
A mitificação do carvalho é verificada nas encenações do GOTTINGER HAINBUND onde
procura um passado mítico.
Na época de Napoleão a floresta e os seus carvalhos ganham um peso político nacional, pinturas
desse tempo mostram a árvore tradicional alemã.
Os irmãos GRIMM também focam a floresta nos seus contos
O mito da floresta como mito fundador da nação alemã contínua durante os séc. XIX e XX, o
carvalho é revalorizado no fim do séc. XVIII como um símbolo de nacionalidade alemã em termo
de força, raízes fundas e continuidade e sabedoria.
A floresta também é considerada como um lugar amoroso desde da idade média
Com a popularidade da floresta é representado os dois prismas do romantismo alemão
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A popularidade e as seguintes produções de novas telas estagnam a partir de 1850, enquanto na Alemanha
vive desde 1880 a 1900 um novo apogeu desse tipo de arte. Esta arte é financiada por sociedade anonimas
com poder económico. Em variares cidades são instalados novos panoramas que atraem espectadores.
Podemos afirmar que o panorama corresponde às orientações ideológicas do império. Os panoramas
espelham vários tipos de cenários como cenas de guerras, sangue e cadáveres e outros.
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Foi o realismo que veio dar fim a era do panorama, com o aparecimento da fotografia e cinema a partir de
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1895.
Os panoramas proporcionaram um seculo inteiro de ilusão dum apropriação total da natureza e da
história.
A NATUREZA COMPENSATÓRIA
Os espaços dos jardins têm um valor importante na discussão pública do séc., XVIII. Para os ingleses é
uma forma de arte, para os alemães é uma valorização global da natureza. Segundo SCHILLER a relação
entre o homem e a natureza esta sujeita a uma evolução histórica. A liberdade que tinha a burguesia neste
contexto era duma apreciação da beleza da natureza mas ao mesmo tempo um perigo perante a anarquia
social.
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Capitulo II. 2
Conceito de Cultura
Noção de Bildung
No entanto a educação baseava-se agora numa estrutura disciplinar mais complexa e rígida. Para além da
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Teologia (matéria a que, por motivos óbvios, cabia um papel central nas instituições de ensino da época),
o estudante tinha um curriculum a cumprir que era composto pelas sete artes liberais: numa primeira fase
(Trivium) deveriam ser assimiladas a Gramática, a Retórica e a Dialéctica; e numa segunda fase
(Quadrivium) a Aritmética, a Geometria, a Música e a - Astronomia.
Na Renascença dá-se uma viragem fundamental.
Ficava assim aberto o caminho para uma futura secularização da área educacional, secularização que só
viria efetivamente a concretizar-se nas últimas décadas do Século XVIII.
Como desta panorâmica muito geral sobre a educação se depreende, a Escola - e o termo só pode ser
usado aqui metafórica e eufemisticamente - parece ser o local onde se preserva (mais do que se distribui)
informação e conhecimento.
A Igreja e a Universidade da Idade Média são aliás paradigmáticas no que respeita a esta fundamental
função de guardiãs da informação e do conhecimento.
Ora esta dupla limitação das instituições de ensino - o facto de (1) a escola estar apenas ao alcance das
camadas sociais mais elevadas e (2) ser o local de preservação (mais do que de distribuição) do
conhecimento - é profundamente contrária às ideias iluministas do século XVIII.
Mais: esta dupla limitação é evidentemente incompatível com as teses emancipatórias e universalistas que
decorrem dos próprios conceitos de Bildung, Kultur e Aufklãrung.
Assim, as transformações e reformas que se verificam na área da educação na Alemanha de finais do
século XVIII e inícios do século XIX (reformas essas que adiante analisaremos com mais detalhe), poder-
se-iam resumir em duas palavras: secularização e distribuição.
Em termos genéricos dir-se-ia que se passa de um paradigma educacional que vê na escola o local de
preservação do conhecimento para um paradigma educacional que olha para a escola como o local onde
se procede à distribuição do conhecimento.
Assiste-se então à criação das primeiras escolas públicas (o Estado substitui-se portanto à Igreja), a
educação, lenta mas progressivamente, torna-se obrigatória para todas as camadas populacionais e são
publicados os primeiros manuais totalmente custeados e financiados pelo Estado.
No caso da Alemanha a implementação da escolaridade obrigatória (Schulpflicht) começa já no século
XVII.
Em 1619 é introduzida em Weimar, em 1642 em Sachsen-Coburg-Gotha, em 1649 em Wurttemberg, em
1662 em Brandenburg c em 1717 e 1763 na Prússia. As decisões de introduzir por decreto a escolaridade
obrigatória não têm no entanto consequências práticas imediatas, de modo que estas datas não devem
portanto ser lidas como os momentos a partir dos quais é efetivamente introduzida a escolaridade
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- Saliente-se em segundo lugar o carácter prático e utilitário da educação assim entendida: a instrução
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deve dizer «respeito à vida presente e à futura»;
- Sublinhe-se, por fim, os termos «juventude» e «puberdade» (por oposição a idade adulta) que indiciam
já uma mudança radical de atitude no que diz respeito às conceções da criança vigentes durante a Idade
Média (em que esta era vista como um pequeno adulto). Deduz-se pois que o método de ensino deverá ser
adaptado à idade da criança e estar em conformidade com as suas capacidades de aprendizagem à medida
que o jovem evolui para a idade adulta.
Durante todo o século XVIII são inúmeras as obras e os autores que se debruçam especificamente sobre a
educação, um século que por isso mesmo foi considerado «o Século da Pedagogia» (cf. Gudjons 1995:
82). E nem mesmo Kant parece ter ficado imune ao tema e à moda, que entretanto se tinha instalado, de
escrever um tratado sobre a educação, já que lhe dedicou também uma pequena obra (Uber Pádagogik,
1803) onde ecoam ainda os princípios definidos por Coménio: «Der Mensch kann nur Mensch werden
durch Erziehung».
Porém, de entre os muitos autores que se debruçam sobre a educação, conviria destacar Locke, com o seu
Some Thoughts concerning Education, publicado em 1693, e Rousseau, com Emile ou de Education,
publicado em 1762, na medida em que se trata, em ambos os casos, de autores e obras influentes no
pensamento pedagógico alemão.
Em termos gerais dir-se-ia que, tanto Locke como Rousseau, repetem e se baseiam nos argumentos,
programa e método de Coménio: a educação deverá ser universal, prática, utilitária e, tanto o método,
como os conteúdos, deverão ir sendo sucessivamente adaptados às diferentes fases e idades da criança e
do jovem.
Mas, no que diz respeito ao acentuar da diferença desta nova conceção da criança, Rousseau é
particularmente crítico, incisivo e, acima de tudo, bastante mais explícito que os seus antecessores.
Esta nova conceção da criança enquanto criança - e já não enquanto pequeno adulto - constitui porventura
o aspeto mais visivelmente revolucionário das novas ideias pedagógicas, na medida em que implicará
mudanças e reformas (muitas vezes radicais) em áreas tão diversas como as do vestuário, alimentação,
cuidados de saúde, literatura e cultura.
Tome-se aqui como exemplo o caso da leitura e, mais genericamente, da literatura.
Já Locke havia assinalado a lacuna existente no que concerne as leituras da infância. Numa fase inicial, e
à falta de livros mais apropriados, as crianças deveriam ler as Fábulas de Esopo.
Mas, numa fase posterior (em que o jovem domina já a técnica da leitura mas não entrou ainda na idade
adulta), o problema do vazio continuava a colocar-se.
Maior ressonância encontrou os apelos e as sugestões de Rousseau na Alemanha do século XVIII.
E isto em virtude da radicalidade discursiva deste autor francês.
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Depois de se render à evidência da necessidade de aprender a ler, mas não sem que antes se sinta uma vez
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mais obrigado a reafirmar a sua profissão de fé numa educação «natural» baseada na «experiência».
Esta última sugestão foi levada à letra por inúmeros autores de diversos países, nomeadamente por
Joachim Heinrich Campe (1746-1818), preceptor dos irmãos Humboldt (Alexander e Wilhelm) e autor de
inúmeras obras destinadas à infância, de entre as quais se destaca justamente um Robinson Crusoe
adaptado para crianças {Robinson der Jungere, Hamburg 1779) que conheceu um êxito editorial
assinalável, tendo sido sucessivamente reeditado até finais do século XIX.
Resultante das novas preocupações pedagógicas, assim se inaugurou pois um novo género literário — a
literatura infantil e juvenil (Kinder- und Jugendliteratur) — que conheceria, a partir da segunda metade do
século XVIII, um crescimento deveras impressionante e que tem, ainda hoje, uma quota-parte muito
significativa na produção livreira mundial.
De facto, é precisamente Wilhelm von Humboldt que, na qualidade de chefe de uma recém-criada Sektion
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fiir den Cultus, ôjfentlichen Unterricht und Medizinalwesen do Ministério Prussiano do Interior lidera e
arquitecta, a partir de 1809, as reformas educativas daquele Estado alemão.
Essas reformas ou, talvez melhor, os princípios orientadores dessas refor¬mas, surgem por conseguinte in
nuce nos seus escritos sobre a noção de Bildung e num ensaio (provavelmente escrito em 1792, mas cuja
publicação integral só foi feita postumamente) que tem o título significativo de «Ideen zu einem Versuch,
die Grãnzen der Wirksamkeit des Staats zu bestimmen».
Convirá recordar aqui que, na perspetiva deste autor, a noção de Bildung apontava para um processo
evolutivo complexo que se ia realizando ao longo de um eixo interativo homem/mundo, processo esse
cujos resultados eram tanto melhores quanto maior fosse a diversidade da experiência proporcionada pela
interação indivíduo (s) - mundo.
As componentes essenciais desta noção de Bildung eram pois o mundo, a variedade de situações
proporcionadas pela interação homem/mundo e a liberdade que justamente permitisse ao homem a maior
variedade possível dessas situações.
O Estado constitui, no entender de Humboldt, um facto indesejável de uniformização da sociedade, daí
que a Acão do Governo tenha de ser limitada, para proporcionar ao indivíduo um correto e produtivo
desenvolvimento das suas faculdades.
A educação pública só poderia então, também, ser entendida como um modo coercivo de o Estado impor
ao indivíduo uma certa forma social, uniformizando gradualmente deste modo a própria sociedade.
Não deixa por isso de ser paradoxal que seja justamente Humboldt, no exercício do cargo público
governamental acima referido (que corresponderia hoje, sensivelmente, ao de Ministro da Educação), a
instituir um sistema educativo público, cuja longevidade se revelaria surpreendente.
Nos escassos 16 meses que ocupou o cargo (1809-1810) e em conjunto com os seus colaboradores -
nomeadamente Johann Wilhelm Siivern, que permaneceu no Ministério até 1819 -, Humboldt fundou a
Universidade de Berlin e lançou as bases de um sistema educativo que ainda hoje prevalece na Alemanha.
Muito resumidamente, a reforma arquitetada por Humboldt assenta nos seguintes princípios basilares:
- Dar prioridade a uma educação universal, de índole geral e generalista (Bildung), em detrimento de uma
formação específica e profis¬sionalizante (Ausbildung, Berufsausbildung);
- Lançamento de um sistema uniforme de ensino (escalonado em três níveis) que se adapte às diferentes
fases etárias do jovem: escola, liceu, universidade (Elementarunterricht, Schulunterricht,
Universitàtsunterricht);
- Limitar a acção do Estado de forma que este assuma, na educação, o simples papel de «espectador» ou
«guarda-nocturno» (Nachtwãchter na expressão original);
- Promover o desaparecimento e a eliminação da atitude/mentalidade de súbdito (Untertan).
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Bildung e Erfahrung: Viagens, Cosmopolitismo e Interculturalidade
Vimos anteriormente como a discussão em torno da noção de Bildung teve consequências e efeitos
práticos imediatos no espaço cultural alemão e também, mais genericamente, europeu: o nascimento de
um novo género literário - a literatura infantil e juvenil - e o surgimento de um sistema público de
educação são duas dessas consequências a que aqui foi dado o devido destaque (muitas outras haveria
ainda que referir).
De seguida procurar-se-á ver como o mesmo conceito de Bildung, agora em articulação com o de
Erfahrung (a que já no início fizemos referência), são determinantes na construção da identidade de um
espaço europeu, cosmopolita e intercultural.
Bildung e Erfahrung
Com a publicação, em 1774, de Auch eine Philosophie der Geschichte zur Bildung der Menschheit
começa a tomar forma, no pensamento de Herder, um «(...) distanciamento crítico face a uma concepção
finalista, fechada sobre si própria, auto-satisfeita e estática de 'Aufklárung'».
Esse distanciamento é desde logo notório no título da obra de Herder11, que remete para um ensaio de
Voltaire publicado em 1765, sob o pseudónimo de Abade Bazin, intitulado Philosophie de VHistoire. E
há ainda diversas passagens em que essa atitude de distanciamento crítico transparece com grande
clareza.
Porém, em alguns passos de Auch eine Philosophie der Geschichte torna-se particularmente óbvio que
essa crítica se apoia em argumentos que têm a sua origem no empirismo inglês, onde a noção de
experiência - Erfahrung - desempenha um papel fundamental.
Feito o diagnóstico da situação, a solução proposta por Herder na sua exortação final não pode deixar de
recordar os argumentos de Rousseau que apontavam no sentido de privilegiar uma educação baseada na
experiên¬cia em detrimento da «cultura livresca».
Trata-se, de facto, de um passo onde as críticas às Luzes são particularmente incisivas. Dessas críticas
convirá reter dois aspetos que na perspetiva de Herde estão interligados.
Refira-se, em primeiro lugar, a crítica que tem a ver com o carácter limitado, limitativo e limitador da
Aufklárung tal como havia sido entendida e praticada até aí: tanto a educação como as Luzes atingiram
apenas uma pequena faixa do globo terrestre, não tendo por isso a característica universalidade que tanto
apregoam; assim, tanto a noção de Bildung como a de Aufklárung, não passam de boas intenções, cujos
resultados práticos ficam muito aquém das promessas feitas e das expectativas geradas (a crítica é aqui
especialmente dirigida à historiografia de cariz euro e etnocêntrico proposta por Voltaire).
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E trata-se, em segundo lugar, de verificar agora que não é possível falar de uma Bildung (ou de uma
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Aufklárung) verdadeiramente universal a não ser que com esta noção se articule uma outra — a de
Erfahrung.
De facto, no entender de Herder, não é possível falar de uma sem outra - a própria ideia de uma educação
sem experiência (e sem experimentação) é uma contradictio in adiecto -, daí que as duas noções sejam
interdependentes e se encontrem estreitamente interligadas.
Cerca de um século mais tarde (por volta de 1880) o fenómeno adquirira proporções tais que Eça de
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Queiroz o considera digno de registo, um registo naturalmente irónico e sarcástico. Numa das suas cartas
de Inglaterra, em que procede à inventariação das instituições características da «VelhaAlbion», escreve
aquele autor (Queiroz s/d: 23-24):
Temos ainda a Travelling-Season, a estação das viagens, quando o famoso touriste inglês faz a sua
aparição no continente. Nesta época (Setembro e Outubro) todo o inglês que se respeita (ou que não
podendo em consciência respeitar-se pretende ao menos que o seu vizinho o respeite) prepara umas dez
ou doze malas e parte para os países do sol, do vinho e da alegria. Os anjos (...) devem assistir então do
seu terraço azul a um espetáculo bem divertido: toda a Inglaterra fervilhando no porto de Dover — e daí
sucessivamente partirem longos formigueiros de touristes, riscando de linhas escuras o continente, indo
alastrar os vales do Reno, negrejando pelas neves dos Alpes acima, serpenteando pelos vergéis da
Andaluzia, atulhando as cidades da Itália, inundando a França! Tudo isto, são inglêses.
A verdade, porém, é que nem «tudo isto, são ingleses».
Na realidade, grande parte dos viajantes, são também alemães, franceses ou italianos.
A viagem tinha-se vulgarizado entre a Europa culta e esclarecida. E desse movimento de vulgarização e
de valorização dos benefícios (culturais e educacionais) da viagem haveria de resultar o turismo dos
nossos dias.
Aliando duas expressões-chave do Iluminismo tardio —Bildung E Erfahrung — a viagem constituía pois
uma área de profundo consenso na mentalidade da época. Regressado de França, o próprio Herder
reconheceria e definiria em 1769 de uma forma quase aforística o valor da viagem, salientando, ao
mesmo tempo, essa interessante e estreita relação entre experiência e educação.
A Descoberta da Europa
Em relação aos séculos anteriores, como observa Paul Hazard (1983: 401), nomeadamente em relação ao
século XVII, «a viagem [tinha, no entanto, mudado] de carácter; não era já o capricho de um original
demasiado curioso, mas uma aprendizagem, um trabalho, o complemento de uma educação (...)».
Como vimos, esta «mudança de carácter» é o reflexo directo de uma nova mentalidade científica e
pedagógica que modernamente se alicerça num relacionamento directo entre o indivíduo e o mundo. Do
ponto de vista pedagógico, o interesse que a viagem oferecia era precisamente o de expor o indivíduo às
mais variadas situações e diferentes experiências.
E que melhor espaço haveria para ilustrar e exemplificar a diversidade e variedade do mundo do que
justamente a Europa?
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Cerca de dois séculos depois de ter descoberto o Novo Mundo, a Europa viajava agora pela Europa à
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descoberta da Europa.
Tratava-se de uma espécie de peregrinação interior em busca da própria identidade, isto é, em busca das
semelhanças e das diferenças de realidades muito diversas que subitamente se descobrem (re) unidas no
centro geográfico do novo Mapa Mundi mental.
E tratava-se também, afinal, de uma viragem para si própria, fundamental e simultaneamente limitadora
(como adiante veremos).
Os habitantes da Europa tomavam definitivamente posse do seu domínio.
A nova filosofia mercantilista, o consequente aumento das trocas comerciais entre os vários países
europeus e o rápido desenvolvimento das vias de comunicação, possibilitam a vulgarização, ou, talvez
melhor, a trivialização da viagem.
A moda de viajar rapidamente se sucede uma outra, que se constitui porventura como um dos traços mais
característicos da vida literária dos séculos XVIII e XIX - a da literatura de viagens.
A literatura de viagens europeia desta época apresenta-se, muito possivelmente, como um dos locais
privilegiados (mais interessantes e mais produtivos) para assistir à complexa construção de uma
identidade europeia. Do que se tratava agora não era exatamente de assinalar a fundamental unidade do
espaço europeu.
Do que se tratava agora, como daqui se depreende, era de descobrir a diversidade nacional e regional
dentro da crescente uniformização que a Europa (cada vez mais cosmopolita) começava a conhecer.
A hierarquia de nações, culturas e valores que daí resulta é, no entanto, uma hierarquia profundamente
eurocêntrica e, por conseguinte, limitada.
Todas as comparações, que estes viajantes constante e permanentemente fazem, dizem apenas respeito à
própria Europa. O outro mundo — o mundo não-europeu — é o espaço da alteridade radical, da diferença
tantas vezes incompreensível, por isso mesmo, frequentemente apelidada de «bárbara» ou «primitiva». E
muito embora este outro mundo, só raramente seja o nomeado na literatura de viagens europeia a que nos
temos vindo a referir, a verdade é que é sobre o seu pano de fundo (por contraste e oposição a ele) que
aqui se joga a questão fundamental da identidade europeia.
A medida que os habitantes da Europa iam tomando posse do seu domínio, ia transformando também esse
domínio. Se o que se buscava era a diversidade regional e nacional, então, a variedade das línguas que se
falavam na Europa proporcionava, sem dúvida, um bom ponto de partida para redefinir e repensar a
identidade europeia.
É neste sentido que se devem entender uma série de fenómenos que, a partir da segunda metade do século
XVIII, parecem alastrar e generalizar-se por toda a Europa:
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- Refira-se em primeiro lugar o progressivo abandono do Latim nas universidades e a sua substituição
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pelas línguas nacionais;
- Destaque-se também o súbito incremento na publicação de traduções; vale a pena ler a este respeito o
notável texto de Friedrich Nicolai (1988) - que tem significativamente o título de «Úbersetzungsfabriken»
- em que é feito um retrato irónico e mordaz das práticas verdadeiramente «industriais» e «comerciais»
dos editores e dos gabinetes de tradução da época, práticas essas onde não faltam nem a especialização do
trabalho, nem a subcontratação de mão-de-obra barata;
- Saliente-se, por fim, a proliferação de métodos e gramáticas para o ensino de uma língua estrangeira
(especialmente o inglês e o francês), que a médio prazo fará parte dos curricula escolares públicos.
É pois na língua e na cultura que se começa progressivamente a desenhar um espaço supranacional
europeu, que se caracteriza justamente por ser um espaço comummente dominado pela diferença: o
espaço intercultural e cosmopolita da Europa.
Biedermeier: Arquitetura e artes plásticas manifestadas num estilo de vida. A democratização de valores
como o bem-estar, conforto, beleza comunicação e o aparecimento de uma cultura que valoriza o
ambiente familiar e instituições públicas (imprensa, teatros, etc.) enaltece uma época pré industrial
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passada. É uma manifestação da burguesia e tomada de consciência dos seus valores e em busca de uma
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identidade nacional, muito embora ainda à margem da política.
Parlamento de Frankfurt tenta resolver problemas políticos e sociais, em que prioriza no contexto da
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constituição o estabelecimento das bases de uma nova estrutura social, administrativa, judicial e militar
com o estado alemão com soberania limitada.
A constituição abolia privilégios da aristocracia e os direitos feudais fixando direitos fundamentais do
cidadão, liberdade de imprensa, religião e abolição da pena de morte. Adota-se um sistema federal e
centralista, uma monarquia constitucional, imperador hereditário e uma assembleia nacional com duas
câmaras Volkshaus (eleito directamente – representação direta dos cidadãos) e Staatenhaus
(representantes governo, assembleias de estados membros – representação indirecta dos estados etc.) =
igual à actual divisão Bundestag e Bundesrat.
Houve resistência à constituição e surge contra-revolução. Por falta de entendimento entre a burguesia
liberal e o proletariado houve uma rápida regressão ao absolutismo e incompatibilidade dos interesses dos
estados da liga levaram ao fracasso da revolução tendo como consequência disso a repressão e emigração.
A reforma agrária e fim do feudalismos foi definitivo.
Posto isto o governa adotam político social e abertura económica que levou à rápida industrialização da
Alemanha. Dentro de monarquias os estados alemães adotam estrutura constitucionais com tendência
democrática da vida política.
A revolução de 1848 contribuiu para o rápido desenvolvimento do capitalismo industrial tornando-se a
Alemanha numa grande potência.
Características da primeira fase da Ver-Industrial
- Mercado generalizado
- Expansão económica
- Constituição de novos centros industria
4 Sectores principais nesses desenvolvimentos:
- Vias férreas
- Siderurgia
- Minas de carvão
- Construção de máquinas