Você está na página 1de 49

[Type the document title]

Sociedade e Culturas Alemãs I 1

ANO: 2013/2014

Resumo elaborado segundo o Manuel em Estudo

Manual: Sociedade e Culturas Alemãs I – de Alfredo Opitz

Nota:
O Resumo foi elaborado pelo seu autor individualmente, não comprometendo qualquer ligação direta a
Unidade Circular em causa ou á própria UAB.

Resumo Tópico 1:
[Type the document title]

<So weit die Deutsche Zunge Klingt> Nação, Língua, Território


2
Os termos Nação, Nacionalismo, ou Nacional não são usados na política da Europa Ocidental, motivo
pela qual estes termos remetem para a guerra, violência ou devastação, ocorridos na 1º metade do séc.
XX.
Exemplo disso até pode ser o caso português, até á revolução de 1974, onde a atual assembleia da
República era designada “Assembleia Nacional” e o partido com assento parlamentar era chamado
“União Nacional”. No caso alemão estes termos ainda são mais de constatação radical, a designação
NATIONALISMOS (Nacionalismo) este ligado a um sentimento pejorativo, devido chamar á memoria
ideologias extremistas e de violência, nomeadamente, o partido nacional-socialista alemão (NSDAP –
National sozialistische Deutsche Arbeiter Partei) preconizadores da 2ª Guerra Mundial.
Estes termos – Nacional, Nação, Nacionalismo – também são usados em menor escala e ao nível de uma
lógica paradoxal de identidade, a título de exemplo, quando cito “eu”, sou só “eu” excluindo os outros
todos, no entanto se todos os outros disserem “eu” então paradoxalmente somos muitos, O mesmo se
aplica ao termos de cultura Nacional, que aponta para a cultura portuguesa, francesas, chinesas, alemã.
Então estes termos todos (Nacional, Nação, Nacionalismo, eu) são vistos sempre da perfectiva de cada
um e em que contexto se insere. Hoje são utilizados menos esses termos, mais utlizado é o termo «países.
Mas quando usados os termos, são aplicados internamente e não ligados a conotações de ordem politico-
ideológico, tipo a seleção Nacional (Nationalmannschaft) ou feriado nacional (nationalfeiertag).

1.1.1 O CONCEITO DE NAÇÃO


O conceito é importante para construção da identidade alemã apesar das suas limitações e conotações.
Este conceito de NAÇÂO teve origem no final do Séc. XVIII com a revolução francesas dar um impulso
importante da sua fixação. A palavra NAÇÃO é utilizada por muitas outras línguas europeias ocidentais.
A partir do séc. XVIII, NAÇÃO era a designação para origem comum de indivíduos, ou comunidade
étnica, ou habitantes oriundos da mesma região. Em latim natio é nasci (nascer), mas não englobava a
componente política, só mais tarde é que se englobou esse elemento. Também a partir deste seculo, o
termo NAÇÃO, era utilizado como definição dos nobres que representavam a coroa, ou seja, um estatuto
politico, “ A NAÇÃO FRANCESA” era definição para o clero e aristocracia francesa. Assim o termo, em
meados no séc. XVIII, NAÇÃO é aplicado em dois sentidos diferentes e que não se relacionam entre si:
 NAÇÃO aponta para as origens comuns de um grupo de indivíduos
 NAÇÃO é a função social e política da representação
ADELUNG define NAÇÃO como:
[Type the document title]

“Habitantes de uma religião, de um país desde que tenham uma origem comum, a mesma língua, um
3
mesmo espirito nacionalista, que se consegue distinguir de outros habitantes.”
Verificamos que na definição de ADELUNG, adaptado á política alemã da época, engloba as
componentes, língua, território, e origens comuns, mas a componente politica não era importante para o
autor.
A revolução francesa trouxe muitas mutuações, inclusive ao conceito NAÇÃO, depois 1789 o conceito,
passa a designar diretamente, o povo, mas o clero fica condicionado á aceitação pelo povo. O termo
NAÇÃO espelha o ESTADO que passa a ser uma componente essencial, que representa a unida formal.
Em suma:
NAÇÃO – (na atualidade) é constituída por um conjunto ou comunidade de indivíduos (povo), que tem a
mesma língua, usos e costumes, um passado e um território comum, estão englobados de forma
organizacional e politico, o Estado.

1.1.2 DA NAÇÃO ao NACIONALISMO


De todas as componentes (povo, território, língua e estado) duas são importantes para a construção de
uma identidade nacional alemã, como são importantes no processo da idealização do conceito de
“NAÇÃO” e evolução para o “NACIONALISMO”. NA questão da Língua, o nacionalismo europeu no
final da idade média, como aparecimentos dos ESTADOS-NAÇÃO, como a França, Inglaterra, Portugal,
Espanha e Suécia apoia-se nessa questão para implementar uma unidade nacional e politica. Assim o
ESTADO nasce ao mesmo tempo que a NAÇÃO, como na Espanha onde a língua castelhana é utilizada
para essa implementação de unidade nacional, ou como o caso português.
Segundo António de Nebriga, em 1492, na sua gramatica castelhana afirma que a língua determina a
nação ao mesmo tempo que a nação determina a língua, mas acrescenta que a língua foi companheiro do
Imperio. Apresenta a Língua como uma unidade nacional como traço de união, como evolução e
desenvolvimento da NAÇÃO, ESTADO e do IMPERIO. Neste contexto a língua é usada com forma de
alcançar um objetivo político, onde a unidade da nação é convertida num poder político de um estado
conforme refere Peter Alter, em que a língua é um elemento que identifica a nação de outras, como é
importante para demonstra o próprio estado.
A ideia do conceito NAÇÃO é submetido ao elemento língua para demonstrar o comum dos indivíduos
de uma nação como justificar um direito de um estado moderno. A língua é o elemento de união para do
desenvolvimento de um Imperio. Assim é através da língua que a NAÇÃO se converte em ESTADO
como é pela língua que o ESTADO converte em IMPERIO.
[Type the document title]

No campo da história, é o elemento que cria a NAÇÃO baseada num passado comum, Nos finais do séc.
4
XVIII, a história, o passado glorioso é utlizado como uma ideologia no conceito NAÇÂO.
Segundo COULMAS o passado é a continuação do presente para que uma NAÇÃO exista como legitima,
isto é, a reconstrução do passado histórico é utilizado para glorificar a nação e legitimar o presente, isso é
evidente nos fundadores das nações europeias. A ligação da língua á história comum transforma o
nacionalismo numa vertente ideológica politica, no séc. XVIII.
Do ponto de vista politico e no seguimento da revolução francesas a língua e o passado histórico, como o
nacionalismo, são responsáveis pela flexibilidade e longevidade do conceito. Segundo a flexibilidade o
nacionalismo é contraditório, por um lado apresenta a união da NAÇÃO através da língua e da história,
por outro lado, são movimentos livres a anti discriminatórios, isto é, apoia o direito á diferença e
autodeterminação dos povos.
No que concerne a longevidade do conceito, o nacionalismo é o ponto de partida de todas as outras
ideologia politicas e apresenta-se como uma solução para o futuro de uma sociedade que esta unida
segundo a língua e a historia.
Assim o nacionalismo é um principio universal que da união e coesão a uma sociedade.
Em suma o nacionalismo é flexível que assegura a longevidade e a operacionalidade universal.

UM CONCEITO EUROPEU
O conceito de identidade nacional estava ligado á língua, numa primeira fase, e depois ao elemento
história numa segunda fase, e por fim o elemento étnico juntou-se ao conceito, englobando a noção de
raça que justificam muitas ações dos estado europeus. “NAÇÃO” que dizer que se baseia na unidade
nacional a partir de argumentos religiosos étnicos, linguísticos ou históricos, logo o conceito NAÇÃO é
um conceito europeu.
Segundo ORTEGA E GASSET, a consciência de nacionalidade é um espaço comum de convívio, com
varias línguas, historias, religiões e etnias.
O nacionalismo foi criado na europa e foi expandido pelo mundo com sucesso como refere
EISENSTADT em que o NATIONALISMUS se expande pela civilização moderna em todo mundo,
assim o conceito de NAÇÃO adapta-se a qualquer sociedade. O mundo como conhecemos na atualidade
foi determinado pelo conceito de NAÇÃO, oriundo da europa, tanto ao nível da história e da política, por
isso é que o representante da maioria dos Estados se designa “ORGANIZAÇÂO NAÇÕES UNIDAS”.

1.2 AS NAÇÕES ALEMÃS


1.2.1 ESTADOS E TERRITÓRIOS
[Type the document title]

No seculo XVIII, na segunda metade, o território da Alemanha é marcado e definido por duas correntes:
5
 Uma que atua na dispersão política do território alemão
 Uma que atua no sentido de união cultural e linguística
No sentido da dispersão, são os “PREUSSISCHE LÄNDER” (estados da Prússia), no sentido da união
são os “HABSBURIGISCHE LÄNDER” (estados dos Habsburgo). Em meados do séc. XVIII o domínio
vai para os estados da Prússia. O território alemão esta dividido em estados muitos desiguais, onde muitos
não passam de estados-cidades, e onde a Prússia inspira hegemonia. O total de estados são 360 todos
autónomos e ligados ao Sacro Imperio Romano-germânico, e a língua é o único elemento comum. Esta
situação durou até a ocupação francesa na era de Napoleão. Depois de 1500 a designação
“DEUTSCHLAND” veio substituir A “DEUTSCHE LÄNDER” (países alemãs) segundo Schulze. Como
o território estava pulverizado em vários estados existe uma força de união desse espaço apoiada pela
língua comum e pela unidade política outrora existente, esta união teve origem numa classe social
crescente a burguesia esclarecida (BILDUNGSBÜRGERTUM). Esta classe social é nacionalista e estava
atenta aos acontecimentos da Europa, nomeadamente em França na pós-revolução, onde inicialmente
estava interessada mas depois desinteressada devido a ocupação francesa em tempos de Napoleão.
Em suma a Alemanha, no final do séc. XVIII, era um espaço territorial mal definido, como possuem
problemas ao nível político, estávamos rodeados de grandes potências hierarquizadas com a Rússia,
Inglaterra e França. Segundo Barreto, Alemanha não existia e nunca existiu, são testemunhos dessa
instabilidade total. Outros testemunhos são de WIELAND; GOETHE E SCHILLER ao perguntarem “
Quem são? Que nos mostra e nos indica?” – aos alemães.
Apesar de existir um consenso no que diz respeito ao conceito de NAÇÃO, no seculo XVIII é um seculo
de crítica ao nacionalismo mormente na Alemanha devido a cisão politica, territorial e confessional, é do
espaço alemão que partem a críticas mais radicais, como exemplo:
A crítica de JOHANN GOERGE ZIMMERMANN afirma: O amor á pátria em muitos casos não é mais
que o amor de equídeo (burro) ao seu estábulo.
As críticas de WERLAND, GOETHE E SCHILLER, não são tão radicais, refere-se ao conceito de
nacionalismo como uma aplicação útil do conceito de NAÇÃO.
Nessa época, o conceito de “nacionalismo” tem um sentido pejorativo, já os conceitos “patriotismo” e
“amor de pátria” tem um sentido positivo devido um individuo que se ligar e defender a região, estado de
onde é oriundo.
Assim para Alemanha, nessa época, séc. XVIII, a pátria (VATERLAND) é diferente de NAÇÃO
(NATION). Segundo GIESEN/JUNGE, VATERLAND não era considerado a totalidade do espaço
Alemão, mas sim, a região de cada um, o pequeno estado. É neste patriotismo local que esta a origem do
regionalismo alemão que perdura até aos dia de hoje.
[Type the document title]

A união politica que era impossível obter, opunha-se a unidade cultural da Alemanha, então a NAÇÂO
6
alemã foi construída com base nessa comunidade de cultura

1.2.2 SPRACHNATION/KULTURNATION – A comunidade de língua e cultura


No que concerne a cultura Alemanha foi palco importante na reforma através de Lutero, só que foi adiado
até séc. XVIII.
A burguesia Alemã era ativa, erudita, e culturalmente empenhada, entendia o atraso com culpa do feudal
e política do território. Esta burguesia empenhava-se na literatura e na cultua sendo uma sociedade de
leitura (Lesegesasellschaften) que se multiplicavam no seculo XVIII, mostra o poder dessa classe que do
ponto de vista sociológico é coesa.
As pátrias alemãs vão dar lugar á nação alemã, mas não em termos de Estado, mas sim reunidas á volta de
uma língua e cultura – KULTURANATIO – pois ao nível do espaço verificou-se que não produziram
resultados as tentativas de definir politicamente e territorialmente a Alemanha. No espaço alemão as
fronteiras linguísticas, históricas e culturais acontecimentos, estes, que vão justificar as invasões no
espaço europeu.
Aquilo que inicialmente era tomado com certo em relação aos nacionalismos europeus, com os
argumentos de história e língua quase não se aplicam no caso da Alemanha.
No que concerne á história, os territórios alemães partilham um espaço comuns cheios de conflitos e
guerras internas.
No que diz respeito á língua, na Alemanha, é uma realidade diferente, pois é um espaço com dialetos
regionais, como o Friso (Friesisch), baixo-alemão (plattdeutsch), o suabo (Schwäbisch) ou o bávaro
(Bayerisch) que sobreviveram até aos dias de hoje. É um espaço cindido a nível sociolinguístico. As
classes mais altas usavam o francês como língua franca e de cultura, havia um plurilinguismo na nobreza
alemã.

1.3 A NAÇÂO ALEMÂ


A nação alemã e a sua constituição utilizavam os argumentos de uma natural unidade, de uma sociedade
que partilha a mesma língua e cultua com um passado histórico comum. No entanto, esses argumentos
são vistos de outra preceptiva devido aos acontecimentos do séc. XVIII, a revolução e invasão francesa.

1.3.1 LINGUA, CULTURA, E SOCIEDADE


A Língua é um ponto fulcral no pensamento do séc. XVIII, mas já não é na relação latim/línguas
vulgares. Durante esse seculo não importava a origem das línguas devido ao afastamento das línguas
[Type the document title]

vulgares em relação ao latim, mas interessa a investigação sobre á diversidade das línguas e a origem de
7
linguagem, estes sim, são centro de atenção dos setecentistas. Em relação á origem da linguagem havia os
que defendiam a origem divina daquela capacidade humana e aqueles que defendiam a origem humana.
No que diz respeito á diversidade das línguas muitas teses surgiram, no entanto, uma é de destaque a tese
que explica a diversidade das línguas segundo os fatores do clima de cada região. Assim uma língua é
falada de uma maneira diferente no norte, do que no sul, isto é, uma língua falada numa região é
influenciada por esse clima nórdico ou do sul, por isso existiria várias línguas. ROUSSEAU era defensor
dessa tese, como chamava atenção para a influência do clima no desenvolvimento do homem. Neste
contexto em 1774, surge HEDER, com a sua afirmação:
“ SCHON ALS TIER HAT DER MENSCH EIN SPRACHE” = O homem no seu estado animal já
possuía uma língua, com este pensamento marcou a viragem no que diz respeito a reflexão sobre a
linguagem. Na perspetiva de HEDER a linguagem era uma capacidade do homem, ma capacidade
anterior e interior á espécie humana, então a diversidade das línguas não eram resultados de fatores
externos, como o clima. Assim a linguagem é aceite como um código fechado aos inimigos e aberto aos
amigos e por isso, é a razão principal para as fronteiras do homem que são eles mesmo que as criam.
Verifica-se que o homem faz parte da informação e transformação de língua, onde se verifica uma relação
entre a língua e a cultura, logo confirma-se transforma e da formação ao homem, de maneira a fornecer
um quadro logico-mental e as palavras para expressar os seus pensamentos, ou seja, tanto o homem cria
língua e a língua cria o homem. Esta relação entre homem social, língua e cultura é a base do pensamento
de HERDER.
Então a comunidade tem a sua origem numa vontade expressa por uma sociedade de indivíduos que entre
todos partilham a história, cultura e a língua.

1.3.2 HISTORIA E POLÍTICA


No início do séc. XIX, fins do séc.- XVIII, a reflexão sobre a linguagem ou língua não é só académica, é
também politica, uma reflexão com preocupações políticas e nacionalistas. Quando em 1813, os franceses
forma derrotados pelos alemães levaram a questão ao nível politico afirmando que a natural unidade
política de um povo com a mesma língua e cultura revê num passado histórico comum.
HUMBOLDT afirma que os argumentos relacionados com a comunidade de costumes, línguas e literatura
é um dado adquirido, no que diz respeito a história, ele glorifica o passado comum transformando a
história nacional numa familiar feita por todos (pais e netos), tentando dar coesão a um todo social.
HUMBOLDT estava preocupado com as questões dos direitos e das liberdades individuais por isso, o
[Type the document title]

futuro deve ser o seguimento do presente reformado dos acontecimentos históricos do passado
8
reconhecendo os erros dos vários regimes políticos.
HUM;BOLDT cita: “ DIE RISCHTUNG DEUTSCHLAND IST EIN STAATENVEREIN ZU SEIN!” =
A linha de orientação da Alemanha é ser o Estado unido!
Assim a unidade alemã: é marcada pelo estado, unido na língua, cultura, costumes e da história. O autor
admite em outras condições culturais e históricas preferiam uma constituição unitária, um poder do estado
centralizado a forte.
1.3.2 PEDAGOGIA POLITICA
Segundo JOHAN GOTTLIBE FGICHTE, a reflexão académica que trata a linguagem pode evolui para
um meio de atingir um objetivo politico. No início do séc. XIX a Prússia estava derrotada pelos francês e
Berlim ocupado, é neste contexto, que Fichte lança a possibilidade de tentar procurar soluções para que
Alemanha tenha novamente, nu futuro, autonomia e independência, como indica o caminho que leva a
essa autonomia.
FICHTE pretende uma construção de uma identidade alemã onde se vê as semelhanças internas e
diferenças externas em relação a outros povos. O autor afirma que as diferenças entre os alemãs e outros
povos esta na tribo ou etnia que pertencem, na língua, no território e no passado comum histórico que era
das tribos (STAMMVOLK) e mantiveram a língua e o passado comum enquanto outros povos não
tinham isso. A língua é o mais importante para Fichter, já que a mudança de território não pode, por isso
alterar um povo com a mesma língua. A língua alemã não é arbitrária nem convencional, mas sim, única e
natural. Acrescenta que o que a comunidade partilha é a língua original e não contratos negociados. Diz
que palavras como liberdade, igualdade e fraternidade ou humanidade são verdadeira prenunciadas na
ligue alemã e são falsas noutras línguas como a francesa. Todas estas citações de FICHTE espelham um
discurso nacionalista, incentivando á revolta, ao direito á defesa, a independência, á autodeterminação do
povo alemão, devido á invasão francesa. Este nacionalismo é compatível como o seu tempo, como foi
posto em prática no futuro, no tempo de Hitler e do estado nacional- socialistas alemãs.
Vemos que em ROUSSEAU e FICHTE, existem dois tipos de nacionalismo:
 O nacionalismo francês e americano o de aceitar que todos são iguais perante a lei
(ROUSSEAU)
 O nacionalismo alemão com base na comunidade étnica, língua, cultura e história (FICHTE)
Estas diferenças ainda se veem hoje no que diz respeito a nacionalidade na Alemanha adquire-se pela
consanguinidade, na França e América pela territorialidade.
Todo nacionalismo é resulta de uma construção ideológica, onde a Alemanha, no séc. XIX teve que
reinventar a sua nação e a sua identidade. A construção da nação alemã foi feita em argumentos e
conceitos de teores mítico-histórico e estético-literário.
[Type the document title]

No mítico-histórico é uma realidade linguística variada e multifacetada, no quer diz respeito ao estético-
9
literário é irrealista sendo outras atitude mais fáceis do que ver nascer uma paz alemã.

CONCEITO DE AUFKLÄRUNG
O termo AUFKLÄRUNG demonstra no quadro científico a especificidade que o movimento das luzes
teve na Alemanha no séc. XVIII. Este termo AUFKLÄRUNG é utilizado no sentido vasto, indicando o
processo de esclarecimento e de informação sem referir a qualquer período histórico. Pode estar ligado ao
termo RACIONALISMO para designar uma evolução do ocidente e da MODERNIDADE.
RACIONALISMO e MODERNIDADE estão associados ao ocidente, mas no que diz respeito a sua
história são diferentes. Existem indicações que fazem a ligação da MODERNIDADE e o seu
aparecimento ao tempo da era moderna, justificada com a reforma e o renascimento no séc. XVI, que se
fazem sentir na era contemporânea com início no séc. XVIII, associado a esse acontecimento esta:
 O moderno espirito cientifica;
 Uma visão do mundo centralizado no Homem (antropocentrismo) em oposição ao teocentrismo da
Idade Média;
 Utilização do experimentalismo e da razão com elementos fulcrais do conhecimento e da
interpretação do mundo e da natureza tiveram as suas primeiras manifestações no renascimento e
na reforma do séc. XVIII.

Segundo MAX WEBER a ligação entre LUZES e MODERNIDADE deve-se ao conceito de


RACIONALIDADE.
Para MAX WEBER RACIONALIDADE é caracterizada do ocidente e define:
RACIONALIDADE => é a substituição de meios inprovisorios e incalculados, no tempo inicial do
capitalismo, por meios calculadas cuidadosamente para atingir os fins pretendidos, tanto nos termos
socias, económicos e políticos que podem estar presente num estado centralizado com estruturas definidas
ou como uma orientação rigorosa duma presença.
A expressão RACIONALIZAÇÂO de meios e recursos verifica como a racionalidade ocidental ficava
sem críticas que acompanharam o processo de secularização da MODERNIDADE.
Segundo este autor (WEBER) o processo de racionalização ligado ao calvinismo salientava que os efeitos
negativos desse processo foram enormes. Com a instrumentalização do Homem e da natureza a
racionalidade ocidental gerou a sua própria negação, como provocou o irracionalismo do séc. XX, tanto
com o nacionalismo-socialismo como com o liberalismo do capitalismo norte-americano. Assim o
conceito das luzes e Iluminismo desligaram da história passando a ser um ponto de apoio ao processo de
libertação ocidental.
[Type the document title]

Os que estavam contra a MODERNIDADE não aceitavam a informação, a introdução, aceitavam uma
10
verdade objetiva, alem de criticarem os pressupostos do racionalismo ocidental.
Os defensores da MODERNIDADE, como HABERMAS, continuavam ligados aos valores principais
das Luzes e a capacidade de libertação.

LUZES E SECULOS XVIII


Os termos LUZES e ILUMINISMO conduzem ao nascimento de movimentos a nível politica,
económico, cultural que se manifestaram na europa do séc. XVIII, com influências no séc. XVII através
de autores como DESCARTES; LOOKE; NEWTON e LEIBNIZ. A moderna investigação apresenta
alguma desconfiança em relação as designações SECULOS DAS LUZES, ou SECULO DA RAZÃO,
motivados não só por questões temporais na historia, mas recusando o séc. XVIII com único tempo dessa
corrente, ignorando movimentos como SENTIMENTALISMOS ou SENSUALISMO. As referências
de DESCARTES são fulcrais para o séc. XVIII o experimentalismo de LOOKE, este como o seu método
dedutivo era posto em causa pelos autores iluministas. Tanto o empirismo (empirismo = conhecimento)
de LOOKE, como a física e matemática de NEWTON são exemplos positivos do séc. XVIII.
LEIBNIZ, na Alemanha, era outro pensador do séc. XVIII, afirmava que o intelecto (intelecto =
inteligência, entendimento) existia antes da própria experiencia opondo-se ao pensamento de LOOKE.
Segundo MAX WEBER a RACIONALIZAÇÂO tem evolução crescente no séc. XVIII e pulverizada
por toda europa:
 Ao nível económico são aplicadas políticas de rentabilidade nas sociedades desenvolvidas, como
em Inglaterra onde o processo de Industrialização é elevado
 Ao nível Politico o estado nacional vê reforçado a sua posição, ao englobar sistemas de
tributação, defesa, e justiça, com o apoio de estruturas burocráticas
 Ao nível Cientifico e filosófico assiste-se a um aumento da crença do Homem em capaz de
controlar a natureza.
Os pontos chaves do seculo XVIII:
 A secularização do ponto pedagógico, baseado na razão como fonte de crítica
 O zelo reformador com base na perfeição do homem e como centro das atenções
 O direito de tolerância devido as trocas comerciais que pretendia que todos sejam parceiros
Todos estes projetos estão ligados com uma linha de orientação para o antropocêntrico em oposição
ao teocêntrico, ou seja, orientado para o aquém, um mundo imanente por oposição do além, um
mundo transcendentes.
[Type the document title]

2.2.1. LUZES E AUFKLÄRUNG (EN)


11
O movimento das Luzes foi europeu e cosmopolita, apesar das especificidades das luzes na
Alemanha. Este movimento pulvarelizou-se pelo continente europeu de uma forma generalizada,
contaminado modelos políticos que achavam-se universais, inatingíveis, como exemplo as revoluções
americanas e francesas.
Os princípios iluministas contaminaram a europa e américa, no entanto, conforme as regiões esses
princípios se adaptaram a essas regiões. Assim, em geral, falasse de uma oposição do iluminismo às
luzes, devido a ‘especificidade de cada região, mormente no território alemão, atendendo ao campo
político e as tradições locais. Então em vez de citarmos AUFKLÄRUNG será correto afirmar
AUFKLÄRUNGEN, pois os movimentos iluministas na região de Hamburgo são diferentes em
Berlim ou na Baviera.
No campo da história, AUFKLÄRUNGEN teve várias correntes e épocas.

2.3 A SOCIEDADE NA ALEMANHA DO SEC. XVIII


Segundo HELMUTH PLESENER, o conceito de nação “atrasada” era para explicar o destino da
Alemanha ligada ao tempo nazi, o atraso da unificação e modernização era tipicamente alemão. O
autor afirma que esse processo teve início com a reforma Luterana, afastando-se da tradição latina e
românica optando pelo modelo autoritário no campo politico, económico e ideológico.
WEHLER (1995) citava que a catástrofe nacional-socialista foi culpada pelo atraso politico na
Alemanha e não acompanhou a evolução económica a partir de 1871, como indicia que a falta de
estruturas democráticas devido a esse autoritismo que culminou na subida ao poder de Adolf Hitler.
Na França através, de STÄEL criou um mito da Alemanha como sendo romântica de poetas e
pensadores, em contrapartida á revolucionária França. Este pensamento teve consequências no espaço
cultural francês devido a uma interpretação diferente da realidade na Alemanha verificada pelo
irracionalismo wagneriana e adesão ao heroísmo de um ERNST JÜNGER. O irracionalismo surge
como uma característica da alma Alemã opondo a KULTUR a ZIVILISATION. STÄEL tinha uma
imagem de superioridade da Alemanha romântica com os traços irracionais, esta imagem era
contraposta por HENRICH HEIN com uma tradição Alemã.
HENRICH HEIN baseava-se nos elementos da libertação e críticos de Lutero, o autor transpôs os
elementos da revolução para filosofia alemã ao comparar a KANT, ROBESPIERRE e FICHTE a
Napoleão da filosofia Alemã. MARX sublinha a atualidade Alemã em oposição ao anacronismo das
suas estruturas politica e económica. Muitos autores na linha de MARX, afirmavam que o
desenvolvimento rápido do pensamento e literatura Alemã do Séc. XVIII E XIX eram compensados
pelo atraso económico. Na Alemanha não se verificou uma evolução comparada á da Inglaterra. No
[Type the document title]

séc. XVIII verifica-se a existência de uma modernização das estruturas políticas e económicas, na
12
Alemanha, semelhante ao que sucedia nos espaços europeus, esta evolução é verificada na zona
Ocidental onde se presenciou a abolição do regime feudal e com o aumento do intercâmbio com
países do Atlântico. No norte da Alemanha presenciou-se uma evolução mais acentuada no
desenvolvimento comercial e político do que no leste da região.
Na Prússia, a estrutura autoritária baseada no feudalismo colidiu com a evolução económica da zona
ocidental e litoral. A Prússia mostrou-se no séc. XVIII como uma mistura entre o conservadorismo e a
inovação. Os centros como Hamburgo, Lübeck, Leipzig ou Frankfurt am Main tinham um elevado
desenvolvimento económico devido a uma organização de poder e cultura liberal. Assim podemos
afirmar que o espaço cultural Alemão não tem um atraso generalizado existindo zonas em
desenvolvimento politico e económico.

2.3.2 A ALEMANHA NO SEC. XVIII – GEOGRAFIAMPOLITICA, SOCIEDADE


ECONOMICA E CULTURAL
No séc. XVIII, Alemanha estava cindida ao nível politico, tinha um sistema feudal e uma reforma
luterana. Quando se opunham ao poder de Roa, os senhores territoriais aumentava o seu poder, esse
poder era conquistado a custa do desmoronamento do Império, por não ser capaz de resolver as suas
questões internas. Os Estados centralizadores emergiam com poder local em consequência desse
desmoronamento, apesar de haver tentativas de unificação jurídica e política do Império. Neste tempo
era difícil falar em “Alemanha”, o Imperio englobava varias populações numa área enorme, como a
Boémia ou a Selésia, o domínio dos HOHENZOLLERN incluía um território da Prússia Ocidental e
Oriental. O Imperio assentava numa convicção de cristandade nas esbarrava-se com o aumento do
nacionalismo. A secularização do Estado foi ajudada pelas políticas napoleónias, nas áreas da sua
influência, e que se faziam sentir no espaço cultural Alemão mormente nas zonas de influência
Luterana. Em 1555, a confissão de Ausburgo reconheceu a legitimidade do bioconfessionalismo que
consagrava a relação entre o poder politico e a religião. Ao submeter o poder da Igreja aos senhores
locais, o Estado ficava independente da Igreja. A divisão entre a política e o bioconfessionalismo foi
reforçada no tratado de Vestefália, em 1648. O Imperio foi se cindindo em vários pequenos estado
(KLEINSTAAT) que não teve só consequências negativas, por um lado, um centro que unisse o poder
económico, politico e cultural prejudicou a expansão do modelo de estado centralizado, mas por outro
lado, possibilitou uma diferença nas riquezas. O moderno estado-nação só foi concretizado em 1871
sobre o poder da Prússia. Algumas regiões tiveram algum atraso devido a guerra dos trinta anos, mas
os senhores territoriais acompanhavam o desenvolvimento da europa do ponto de vista económico e
político nomeadamente no sentido de racionalizar, centralizar e burocratizar o aparelho do estado. Na
[Type the document title]

maioria das regiões não existia uma burguesia independente com força para impor os valores liberais
13
do ponto de vista económico e político, mas nas cidades de Hamburgo, Lübeck, Frankfurt am Main e
Leipzig, isso não acontecia.
As monarquias de HOLLENZOLLERN e dos HABSBORGOS, Prússia e Áustria, eram rivais com
diferenças, com nas estruturas do estado. Na Prússia, a relação da Igreja com o Estado sofreu
alterações com a reforma de Lutero, por isso, a política de tolerância religiosa era aceite por Fernando
II. A independência do poder político face a religião garantira o sucesso das reformas fedrianas na
Prússia, já na Áustria isso não se verificou.
Em suma é difícil de apresentar uma imagem homogénea da Alemanha da séc. XVIII devido as
diferenças regionais e o territorialismo desenhavam uma papel importante no espaço cultural
heterogéneo do ponto de vista político, religioso e económico.

2.3.3 A BURGUESIA NA ALEMANHA DO SÉC. XVIII


Alemanha no séc. XVIII apresentava um atraso económico e político em relação ao resto da Europa, no
entanto, no que diz respeito á burguesia Alemã o mesmo não se pode aplicar. Em alguns estados como o
Grão Ducado de Weimar, a burguesia Alemã segui o caminho da Burguesia letrada ao serviço da corte
dos senhores territoriais, mas em outros estados não se verificou isso, como Hamburgo, Leipzig e
Frankfurt am Main, que eram entrepostos comercias internos. Também na Alemanha, nesse período,
existiam uma rigidez de estratificação social, o estado tinha um papel interventivo, barreirais
alfandegárias e moedas diferentes dificultavam as trocas comercias, no mesmo sentido as monarquias
francesas dificultavam, na França, essa trocas, apesar de em 1727-178, ter sido aprovado medidas de
liberalização da economia, mas que não tiveram qualquer sucesso. Alemanha tinha um atraso económico
e político em relação aos países mais desenvolvidos com a Grã-Bretanha e a Holanda, devido não ter
relações coloniais, uma política camaralista praticada em alguma cortes, mas apoiavam os trabalhos
tradicionais com tinham nos seus quadros da administração não-nobres, situação que não se verificava
noutros estados europeus.
Nos estados Alemãs, não se presenciava uma forte censura política como em alguns estados europeus,
exemplo Portugal.
No campo do desenvolvimento de um espirito critico, os estados alemães estavam mais evoluídos devido
ao apoio do protestantismo nas Universidades. Em toda a europa assiste-se a uma evolução exponencial
demográfica que é acompanhada com o progresso em matéria sanitária e medicinal, situação que também
se verifica na Alemanha. Noutro campo, o pedagógico, a evolução também se faz sentir, os pensadores e
poetas alemães empenhavam-se na educação motivados pela crença que o Homem atingia a felicidade e o
[Type the document title]

progresso através da educação, defensores desta matéria eram -JOACHIM HENRICH CAMPE (1746-
14
1818); JOHANN BERHARD BASEDOW (1723-1790).
A burguesia culta alemã teve um papel importante, ao nível intelectual, fazendo sentir isso na opinião
pública, ligados as ideias de progresso e desenvolvimento que teve o apoio da imprensa com a sua
evolução. Esta evolução intelectual fez sentir no território alemão, mesmo antes da revolução francesas, o
atraso cultura em relação aos países desenvolvidos só se verifica nos estados mais afastados (leste e Sul
da Europa) do centro de atenções e influência.

2.4 AUFKLÄRUNG (EN)


No séc. XVIII verifica-se nas diferentes zonas europeias um conjunto de elementos que são comuns, mas
o movimento das Luzes não foi uniforme em toda a europa, mas possuem em comum:
 O acreditar de uma racionalidade emancipatória, baseada na máxima de FRANCIS BACON “o
conhecimento é o poder”
 O zelo pedagógico, assente que a educação é o epicentro para um bem-estar e perfeição do
Homem
 Uma vocação critica mormente de uma descrença em relação ao passado
 Vocação para o experimentalismo, recusa das verdades absolutas
 Capacidade individual para se Auto esclarecerem
 Secularização do pensamento filosófico e político
Assim verifica-se que as Luzes na Alemanha tiveram uma evolução diferente, conforme o espaço em que
se progrediu, no entanto, A AUFKLÄRUNG (LUZES) num modo geral teve uma evolução moderada em
relação ao movimentos de outros territórios como os Inglês e franceses, mormente na conciliação entre
religião revelada e religião natural, isso verifica-se em GOTTFRIED WILHELM VOM LEIBNIZ,
CHRISTIAN WOLFF (1679-1754), GOTTHOLD EPHRAIM LESSING (1729-1781) e IMMANUEL
KANT.
Para esta situação contribui o multifuncionalíssimo no espaço alemão, que ao longo das guerras religiosas
procura um ponto comum em todas as confissões. Esta moderação da evolução das Luzes teve a ver com
as camadas da burguesia culta, apesar de existir exceções como nas cidades hanseáticas, que tinham uma
política mais liberal semelhante as congéneres britânicas e holandesas.

2.4.1 FASES DA AUFKLÄRUNG


AUFKLÄRUNG é um movimento conteve um evolução diferenciada consoante o território onde se fazia
sentir. Assim temos 3 fases em função das tendências e impacto que teve, a saber:
[Type the document title]

15

2.4.1.1 A PRIMEIRA FASE DA AUFKLÄRUNG – FRÜHAUFKLÄRUNG 1680 – 1750


A primeira fase da AUFKLÄRUNG, é designada, FRÜHAUFKLÄRUNG situa-se no intervalo de
tempo entre 1680 a 1750, ou seja finais do séc. XVIII meados séc. XVIII. Esta fase verifica-se
principalmente nos centros de Hamburgo, Zurique, Leipzig, e Halle. Os primordiais autores com peso
são:
 Lebniz
 Christian Thomas (1655-1728)
 Wolff
Nesta fase assiste-se a uma cultura urbana e divulgação de corte. Leibniz utiliza o latim e o francês com
línguas universais de forma a enaltecer uma mensagem cosmopolita e tolerante, mas WOLFF e
THOMAIS são defensores de utilização de língua alemã. Esta atitude, dos autores, não poder ser levada
para o campo do nacionalismo prematuro do Império ou Prússia, mas sim para o campo de uma
democratização do pensamento. Leibniz é visto como uma fonte de inspiração para a prática tolerante
cosmopolita. Já os seus seguidores, como WOLFF tem ideias esclarecidas (Ideias das Luzes) que
levantaram desconfiança no meio de Luterno e pietista da cidade de Halle. Mas WOLFF é o principal
elemento numa prática de governação esclarecida onde separa a pessoa do cargo em termos do poder, esta
prática foi aceite por Federico II onde citava que o monarca é o primeiro servidor dos povos sob seu
domínio, em oposição, á máxima de Luis XIV “ O estado sou eu!”
WOLFF é defensor de valores racionalistas e democratização de cultura ao optar pela língua alemã, já
THOMASIUS optou por uma teoria de autonomia do pensar contra preconceitos.

2.4.1.2 A ALTA AUFKLÄRUNG – HOCHAUFKLÄRUNG (1750 – 1770)


A ALTA AUFKLÄRUNG é designada com HOCHAUFKLÄRUNG situa-se na época de 1750 – 1770
e os principais centros urbanos protestantes são as cidades hanseáticas Hamburgo, Lübek, Bremen,
Danzig, e Königsberg e os centros comerciais da Basília, Zurique e Frankfurt am Main.
Aqui a burguesia é autónoma e se faz afirmar, já Berlim, é o centro fulcral para os iluministas com
CHRISTIANA GARVE (1742-1798) e MOSES MENDELSOHN, todos era defensores das ideias
iluministas e proclamavam o esclarecimento público. Esta filosofia utilitarista e pragmática é designada
“Popular Philosophie” (filosofia popular) que se fazia sentir através de divulgação em jornais. Assim a
burguesia letrada ia crescendo em termos de importância. A filosofia e a burguesia letrada contribuíram
para uma formação de opinião pública. AS ideias e pensamentos de WOLFF são substituídos por
[Type the document title]

correntes empiristas inglesas de LOCKE e NEWTON. A autonomia do pensar, a razão crítica são
16
elementos importantes nesta era, um defensor fulcral é LESSING além de ser defensor das noções de
Tolerância, de educação do Homem, e de progresso.
Em GŐTTIGEN verifica-se uma influência inglesa e escocesa na Universidade, sendo um centro
importante cientifico. GEORGE CHRISTOPH LECHTENBERG (1742-1799), JOHANN FREIDRICH
BLUMENBACH (1752-1840) são nomes importantes deste centro que competia com os seus congéneres
europeus. O autor LICHTENBERG era conhecido por as suas lições de física experimental como pela
escrita aforística. Neste contexto é difícil de estabelecer definições de uma época devido ao estilo
fragmentário unindo o humor mordes ao hermetismo de inspiração súbita.

2.4.1.3 – A SPÄTAUFKLÄRUNG – (1770-1789)


Esta última fase situa-se no tempo entre 1770 a 1789, e tem como objetivo a autonomia do pensar, ao
ponto de coloca em dúvida o próprio pensamento.
A pedagogia é vista como duvidosa, mas não é recusada, no entanto, é apelado á espontaneidade, e a livre
subjetividade e recusam qualquer tipo de modelos pré-definidos. Defensores desta tese são STÜMER,
DRÄNGER e HEDER. Estes criticavam KANT, devido KANT se basear no ceticismo radical de HUME,
ponha limites a razão teórica e forçava a razão pratica.
Estas atitudes eram influenciadas pelo sensualismo e sentimentalismo inglês, e é dado mais importância e
peso á experiencia, sentidos ou sentimentos, em vez da filosofia escolásticas basadas num racionalismo
dedutivo e inflexível. A Burguesia culta tentava libertar-se dos modelos tradicionais das sociedades da
corte, apelando a espontaneidade, tanto ao nível do pensamento como na crítica. Assim também o
sentimento e experiência individual se manifesta neste contexto, a auto-observação psicológica ganham
importância.

2.5 A CONTRA CULTURA BURGUESA


Os “ POPULAR PHILOSOPHEN” lutam contra o universo escolástico. As diferença entre os que
defendiam a razão e os do sentimentos eram fortes verificadas entre:
 pietistas e Wolffianos em Halle
 As invenções contra Werther de Goethe por parte de Lessing
 As divergências entre Herder e Kant
Estas tendências monstrão uma oposição de modelos teóricos, elitistas e escolásticos ao contrário das
manifestações da liberdade e autonomia individual que podem ser uma reação á equipa e convenção da
sociedade da corte.
[Type the document title]

17

2.6 O EMERGIR DE UMA CONSCIENCIA NACIONAL?


A burguesia alemã foi fundamental para uma consciência nacional devido as suas manifestações baseadas
nas tendências da AUFKLÄRUNG. Esta evolução é o berço para futuros movimentos nacionalistas,
criados numa identidade cultural assente numa cultura e língua comum, apesar das diferenças regionais.
Ao rejeitar os modelos da corte é uma reação social em oposição á ideia do Estado-nação que não se
verifica no séc. XVIII, no espaço Alemão.
Havia uma evolução crescente da identidade alemã presentes nas críticas de Heder. Federico II
desconfiava das intenções alemães no campo da literatura e cultura. Ele não aceitava a literatura alemã e a
sua cultura devido o seu modelo cultural se basear na corte francesa com os seus códigos e condutas
éticas. Apesar disso tudo, Federico II era a favor de um Estado Alemão, a Prússia, que não aceitavam
essas ideias no seio francofilia. Não se pode anexar a Lessing um programa nacional, como se encontra
em Fichte na ocupação napoleónica. Lessing recusa o modelo de Fichte (modelo Gottschediano) e
apresenta como modelo nacional e burgues a tragedia grega. Assim a espontaneidade e recusa das regras
rígidas e a procura de novos modelos socias são mais importantes que o pensamento para o nacionalismo.
O mesmo pode-se verificar na música, quando Wolfgang Madeus Mozart (1756-1791) opta pela língua
alemã para divulgar a tolerância e igualdade universal.
2.7 IDENTIDADE EUROPEIA E COLONISMO
O cosmopolitismo das Luzes surge principalmente associada a nação de identidades europeias com varias
realidades. Para verificar a diferença de identidade é preciso o confronto com uma nova realidade, um
novo espaço para descobrir, para civilizar, para colonizar. A reorganização do espaço mostra a
interdependência entre a civilização europeia e o colonismo. O espaço é verificado de uma maneira
diferente na cartografia com a descoberta do cronómetro, com ele consegue-se a localização de outros
espaços. Essa descoberta dá um olhar subjetivo e eurocêntrico. Alem disso mostra os limites de cada
continente e onde as grandes potências lutam pela hegemonia do globo. O capitalismo ocidental possui
uma racionalidade para ocupar e descobrir novos continentes, com uma supremacia de subjetividade
racional, do mesmo modo que o civilizado descobre o não-europeu que é misterioso. Existe uma
tendência para colocar o homem branco no topo, e com a colonização, essa tendência passa uma
convicção de superioridade, ao mesmo tempo nasce uma curiosidade de investigar novos espaços.
As viagens no séc. VXIII não se baseiam só a expedição científica, esta reorganização do espaço mostra
também uma política comercial praticada por toda europa, com a introdução de novos formas de
transportes e comunicação terreste e marítima.
[Type the document title]

18

O Pacifico: Ciências do Homem e mito


Em termos gerais Alemanha não tinha um atraso, mas nos campos da colonização não podia competir
com as grandes potencias Inglesas e Francesas, que pretendiam hegemonia mundial.
Os alemães quando faziam viagens eram com o objetivo comercial ou de formação individual. Mas as
descobertas internacionais também chamavam atenção na Alemanha, com o mito e interesse de
redescobrir novos povos, para isso ajudou a obra de George Foster (1784) com a publicação de “Reise um
die Welt”. George Foster teve a oportunidade de acompanhar o capitão Cook, na sua segunda viagem á
volta do mundo, onde ele registou e observou realidades e culturas diferentes, estes registos vão para além
dos costumes e línguas dos novos povos, estes registos fazem deles o pioneiro da antropologia.

2.7.2 VIAGEM E UTÓPIA


Muitos que fizeram viagens, principalmente á volta do mundo, viam esse novo mundo como uma
alternativa ao espaço europeu. As viagens têm cada vez mais um peso importante na vida em sociedade,
principalmente para corte, que olham para essas viagens com uma forma de BILDUNG (formação).
O desconhecido chamava a vontade de explorar de emergir um pensamento de uma vida diferente e ideal,
o Sul é palco dessa imaginação, mormente o pacifico e a Itália, procura-se as origens da humanidade e da
europa. Mas na Alemanha esses desígnios do sul é diferente, George Foster conclui nas suas descobertas
que o paraíso não existe e que o sul da europa pode ser tao obscuro e católico como Norte e em oposição
ao liberalismo britânico. LICHTENBERG e WILHELM VOM ARCHENHOLTZ (1742-1812) optam
pela sociedade inglesa fortalecendo a cisão entre norte e sul. Entre estes sonhos de uma utopia
cosmopolita e a identidade europeia emergem algumas falhas, resultando em novas cisões, onde não se
presenciava uma diferença na sua especificidade.

2.8 AS LUZES E A DIALETICA DA EMANICIPAÇÃO E DE OPRESSÃO: SELVAGENS,


MULHERES, CRIANÇAS LOUCOS E JUDEUS
A universalidade das luzes possui duas vertentes:
 O principio da igualdade que ignora a diferença juridicamente e que reconhece todos os seres
humanos independentemente da raça, cor, religião, ou espaço
 Aceita desigualdade como a diferença feminina, a inocência da criança e do selvagem
[Type the document title]

Sacro Imperio Alemão não podia competir com uma Grã-Bretanha e a França no campo colonial, mas no
19
campo da antropologia etnologia, tem uma evolução, como a Universidade de Göttingen onde a
antropologia teve um desenvolvimento devido as suas relações com as congéneres britânicas.
Blumenbach foi uma dos colaboradores nos debates científicos nesse campo. Outros importantes
elementos são Samuel Thomas Sömmering (1755-1830) com as suas investigações anatómicas.
No discurso eurocêntrico a diferença era aceite como forma de eliminar a igualdade entre os homens para
emergir uma desigualdade baseada em traços físicos, essa desigualdade seria o berço para o racismo no
seculo XIX.
Esta desigualdade levou ao reforço da clausura da mesma limitando-a a um espaço domestico, para cuidar
e educar os filhos segundo as ordens masculinas e quem não aceita-se tinha como certo a marginalidade
que seria o preço a pagar para ter a liberdade individual. O mesmo aconteceria com a minoria judaica no
seculo XVIII e XIX, na Alemanha, com a sua marginalização nos ghettos, ou essas pessoas não podia
ocupar cargos públicos.
Também a pedagogia na se libertava dessa diferenciação, que devia te um comportamento de forma de
brincadeira, mas que não fosse mera brincadeira, mas sim, mais um elemento pedagógico para fortalecer
o corpo de eventuais franquezas.
As novas entidades europeias, adulta e masculina, basearam-se num processo de evolução na descoberta e
nomeação e, fixar as diferenças não-europeias, não adultas ou não masculinas. O processo de libertação é
bem patente na dialética das luzes devido ao capitalismo que possibilitou novas hipóteses económicas e
tecnológicas ao nível internacional, como novas formas de opressão e exploração.
A diferença encontra-se num caminho de sobrepor á igualdade, assim neste contexto a dialética das luzes
é importante na sua emancipação e reforma, no século XVIII, nos campos da pedagogia infantil, na
aceitação da igualdade estre religiões, sexo e raças.
Os interesses e necessidades do capital e trabalho dividia as classes, o mesmo acontecia na Europa e no
mundo colonizado, entre homem e mulher, entre adulto e criança, civilizados e selvagens, loucos e
normais.

Resumo para o Capitulo III.3 (pp 169- a 198)

A REFORMA E O ESPAÇO PUBLICO

3.1 A CONTRA CULTURA BURGUESA


[Type the document title]

O seculo XVIII não é definido unilateralmente como o seculo da racionalidade burguesa, neste tempo
20
emerge uma contracultura que é fulcral na evolução da Europa e suma-se em:

 A sociedade Absolutista – definia a representação e centralização do poder; a contracultura


burguesa defendia a delegação e divisão de poderes.
 A sociedade da Corte - seguia a etiqueta; contenção; códigos racionais e convenções eram
respeitados e revindicava uma racionalidade baseada em experiencias e sentidos: direito ao
sentimento, espontaneidade e sinceridade; contra isto tudo era a contra burguesia.

As transformações económicas e socias deram a possibilidade de se afirmar a contracultura burguesa.


Estas alterações estavam ligadas ao moderno capitalismo. O processo de contracultura burguesa de
racionalização mostra uma evolução nos conceitos do espaço e tempo.

3.1.1 TEMPO
O tempo é controlado ao pormenor. As horas são controladas e acertadas no relógio que é uma regra
social, como é visto o “tempo” como um fator de lucro baseado na máxima de Benjamin Franklim
“ O tempo é dinheiro “
O trabalho passa a ter um ritmo acelerado associado á disciplina e pontualidade. São aspetos necessários
para o trabalho e trabalhadores, estes últimos, tomam uma nova conceção e vivência do tempo. Aquele
tempo cíclico teocêntrico é substituído por um tempo linear orientado para o futuro criando o progresso.
As visões escatológicas, que anunciam o fim do mundo e um paraíso nesse fim de tempo são substituídos
pela concessão históricas que interpretam o passado e o presente como base para o futuro e como etapa
para o aperfeiçoamento.

3.2.1 O ESPAÇO
O “ espaço” para a Europa, no seu ponto máximo, na fase colonial é um mundo pequeno porque não
existem territórios para descobrir e cartografar. É um mudo maior devido a sua identidade em relação ao
mundo colonizado.
O “espaço” não-europeu é olhado como longínquo em termos espaciais e temporais, como os residentes
não-europeus são igualados aos tempos antigos da Europa. A evolução da conceção do “espaço”
acompanha a industrialização da Europa com ligação a Inglaterra que é o epicentro da Revolução
industrial.
No séc. XVIII outras dimensões emergem na sociedade burguesa:
 A separação do espaço publico e privado
[Type the document title]

A ligação entre espaço produção e habitação, no seio da grande família, onde a economia era rural e pré-
21
industrial, dá lugar á separação do espaço de consumo (habitação) do espaço produção (trabalho). No
entanto o berço da industrialização esta no seio da família, onde era laborado as matérias-primas, um
trabalho domestico, ex.: os tecelões.
O desenvolvimento da industrialização emerge fora do trabalho desse meio de produção familiar. Como
incremento surge a separação do espaço de produção (trabalho) do espaço de consumo (habitação) e a
separação do capital do trabalho. Isto é, os assalariados eram pagos para trabalhar e não eram os donos do
fruto do trabalho ou desse espaço onde laboravam.
Assim a produção era o epicentro dam nova economia, a burguesia transferiu o seu poder, deliberações
políticas e económicas para o escritório.

3.2 PUBLICO E PRIVADO

3.2.1 ESPAÇO PUBLICO INICIATIVA PRIVADA


A noção do “espaço público” emerge no século XVIII em Inglaterra. Este novo conceito (espaço publico)
não coincide com o estado, é um local público, onde as vontades privadas se manifestam individualmente,
como Ex.: opondo-se a economia e política.
Esta evolução prossupõe o aparecimento de uma atividade económica autónoma, os seus protagonista são
da classe de burguesia mercantil e culta que não ficando poderosos economicamente e culturalmente.
Esta divisão entre “espaço público” e “ espaço e privado” faze nascer uma opinião pública que se
manifesta contra o poder.

3.2.1.1 - A SOCIEDADE DA CORTE E REPRESENTAÇÃO


Na sociedade da nobreza não se era conhecida a cisão entre espaço público e privado. Todo seu estatuto
social baseava-se numa encenação de rituais para demonstrar o poder através da representação. A nobreza
não fazia a cisão entre aparência e essência, simulação ou verdades devido o poder ser absoluto e para ser
representado para o seu exterior. O poder era visto no ritual que representavam o culto da igreja católica.
A autoridade era vista como uma força legitimada pelo imperador, Papa ou monarca. O poder não era
possível de delegar.

3.2.1.2 DIVISÃO DE TRABALHO E DELEGAÇÃO DO PODER


O poder segundo Thomas Hobbes é descrito como um resultado de um acordo entre indivíduos que
cedem todos os seus direitos para prevenção da paz. Alem disso ser a distinção entre exercício e
legitimidade do poder. O poder e legitimado, quando há um acordo prévio entre indivíduos livres que
[Type the document title]

voluntariamente abdicam da liberdade e igualdade, aceitam a delegação. Esta legitimação do poder


22
pressupõe a cisão entre o domínio prático e do trabalho.

3.2.1.3. ESPAÇO PUBLICO E AFDRIMAÇÃO DA CONTRACULTURA BURGUESA


O “espaço” é reorganizado segundo as novas necessidade de produção e relação do poder. O poder
político do estado absolutista e instituições centralizadas verificam uma contestação. A imprensa,
literatura são a base forte para opinião pública. Os cafés, teatros, salas de concertos, onde pessoas que
livremente dissertam, olham e opinam sobre a política e economia.
A contracultura burguesa só foi possível com a criação desses novos espaço, alem disso, mostra a sua
força económica privada soberana em relação ao poder político do estado absolutista.
Este processo emergiu na Inglaterra devido existir uma sociedade com poder económico e evoluído, mas
noutros pontos, mas noutros pontos do continente também se verificou esse processo.
Em França só com a Revolução Francesa é que possível a institucionalização ao nível político.
Na Alemanha levou algumas décadas para essa institucionalização ao nível político. A forma de uma
intelectualidade foi a base para o projeto iluminista no seculo XVIII, na Alemanha. A burguesia letrada,
juristas, conselheiros, funcionários de corte criaram uma cultura própria contra o direito consuetudinário
(habitual). Verifica-se na Europa a recuperação tradicional romana e os seus direitos, menos na Grã-
Bretanha onde a nobreza adaptou-se de forma a garantir os seus privilégios.
Esta recuperação leva a burguesia manifestar uma equidade abstrata e universal contra o feudalismo
concreto e particular. O nascer deste novo conceito de poder surge com o poder absolutista que necessita
da burguesia para enfrenta outro poder particulares. A monarquia vive em tensão entre a burguesia e a
adaptação da antiga nobreza feudal às novas circunstancia politica e económicas. No espaço alemão a
evolução acontece segundo cada região, portanto a Prússia e a Áustria são igualáveis as monarquias
modernas, verifica-se isso com as medidas tomadas, durante os tempos dos reis: Federico II na Prússia;
Maria Teresa e Jose II da Áustria.
No que concerne as cidades hanseáticas, não se verifica isso, estas permitem um nascer de um ideário
liberal que moldura o exercício do poder, os outros estados ficam, ainda, ligados ao feudalismo.
Também nos territórios alemães verifica-se uma tendência de evolução como na europa através da
imprensa alemã e no aumento dos letrados defensores da modernização.

3.2.2 ORGÃOS E ESPAÇOS PUBLICOS


A opinião pública emerge nos cafés, jornais, nas sociedades de leitura onde são debatidas os assuntos
livremente, e os mais atuais. Em Inglaterra são os jornais o berço da “opinião pública” como o Tailer
(1709-1711); Spetator (1711-1712); The Guradiana (1713).
[Type the document title]

A opinião pública gradualmente evolui para uma contrapoder no plano literário e estético.
23
Quem expressa a sua opinião enquanto individuo contribui para a formação da opinião pública que
acabam por ser o porta-voz da mesma. Outros espaço contribuíram para a formação da opinião pública,
são espaços neutros como os cafés e a sociedade de leitura, são locais de frequenta entra o trabalho e casa.
As pessoas convivem nesse espaço de forma, temporariamente sentirem-se libertado de pressões
económicas; socias; e familiares; e debatem os assuntos importantes.
Em França é o saloon, considerado espaço neutro que surge no seio do espaço feminino, onde a mulher
burguesa se exprime livremente, possui liberdade, que lhe estava tirada.
É um espaço que o masculino nobre não frequenta, mas frequentado pela mulher da burguesia, privam
entre si dada a comunidade de interesses, culturais, literários ou pessoais. Neste tempo (1715 – 1772) de
regência a corte estava em crise que se prolongou no reinado de Luis XVI (1754-1793). O saloon surge
no comando de uma mulher culta.

3.2.3 A TRANSIÇÂO
No séc. XVIII, não se verifica uma divisão entre o espaço publico e privado, no sentido, como as
associações de privados entendia (cafés; clubes de leitura; maçonaria). O saloon em França é exemplo
desse espaço hibrido com uma mulher culta a orienta-lo. O saloon encontra-se no seio de uma sociedade
rígida da corte que esta em declínio (regência).
Os espaço públicos (cafés; jornais) é um mundo masculino e onde a burguesia expressa a sua vontade
contra o poder absolutista do estado. São manifestados os interesses privados:
 O modelo capitalista e liberal
É neste espaço que os homens estão desligados das suas obrigações profissionais, livres de qualquer
regras que a hierarquia social impõe. A igualdade teórica é condição fundamental.
O debate é um elemento essencial desta cultura é nesse espaço que se discutem as ideias lidas nos jornais
e revista. As ideias indivíduas mostram-se na opinião e nas cartas abertas que espelham essa
individualidade usado no espaço público. Os debates são iguais, o participante no debate representa-se a
si mesmo como individuo autónomo e pensante.

3.2.4 A FORMAÇÃO DO ESPAÇO PUBLICO E NA ALEMANHA DO SEC XVIII


No espaço cultural alemão, a imprensa, as associações de leitura, as academias, as maçonarias, as
associações secretas constituem um local de debate e difusão de ideias, mormente nas camadas letradas
minorarias burguesas.
[Type the document title]

Os almanaques, a literatura militante e pedagógica, a filosofia popular de um Mendelsohn, forma


24
essenciais para criação de uma opinião pública, como a importância do espaço literário para a formação
da mesma.
Os almanaques e reinvistas divulgam conselho de utilidade quotidiana, como os debates políticos e
científicos se realizam. Ainda não se faziam a separação entre público leitores e autores. Os leitores
colaboravam com contribuições, como carta aberta e emitiam opiniões e alimentavam polémicas.
Os periódicos de conteúdo politica – Jornais – constituíam foros de debate e contestação política que
eram temidos pelos príncipes alemães.
Wieland reclamava a liberdade da imprensa que não existia no território alemão. Apesar de as mulheres
terem um espaço destinado, no entanto foi-lhe proibido o acesso a sociedade de leitura. Assim as
mulheres tinham os debates no espaço doméstico que seria uma forma idêntica ao espaço público
masculinos como os cafés ou sociedades de leitura.
Muito mais tarde é que os salões femininos contribuíram para a nascer de uma contracultura burguesa na
Alemanha. Os salões berlineses equivaliam aos espaços neutros onde a intelectualidade era livre
rompendo com as ideias sociais. No tempo anterior a grande crise racionalidade pensa-se que o espaço
público é conquistado com um espaço que permite ai individuo fazer uso ilimitado da sua razão, se
manifeste como um ser pensante autónomo, desligados dos seus vínculos sociais e institucionais.
Segundo o Kant o que contribui para as luzes e o uso ilimitado da razão pública, ou seja, o pensar
autónomo individual sem restrições. Kant designa privado como o homem acede a respeitar as normas
vigentes da sociedade ou grupo profissional ou confecionado a que pertence. O homem enquanto ser
racional corporiza uma forma alternativa a sociedade vigente, independente da profissão ou ordem a que
pertence, portanto verifica-se a atraso do mundo privado na Prússia fedriana.
A divisão entre o uso privado ou público da razão mostra os limites que as luzes conheciam na Prússia e
outros territórios Alemães.
Segundo George Foster na Alemanha o espaço público não possui o mesmo alcance com na Inglaterra. A
falta de um sentido social comum livre e expresso, segundo opiniões individuais, reconhecidas e não
dominadas pelo estado liberal constitui da modernização política Alemã.
A ausência de uma opinião pública, segundo Geroge Foster, é a falta de uma união política e de uma
cidade centralizadora com capacidade de enfrentar o feudalismo.
A opinião pública com a sua pressão explica a legitimidade da violência revolucionária devido os
protagonistas entenderem que a situação social, a miséria das massas, o justificam.
Ao espaço público só tem acesso os homens brancos, letrados, os proprietários, assim vê-se uma forma de
expressão de um poder com interesses.
[Type the document title]

3.3 A REORGANIZAÇÃO DO ESPAÇO E DOS PAÍS SOCIAS


25

3.3.1 A CISÃO ENTRE O ESPAÇO DO TRABALHO E DAS FAMILIA: A BURGUESIA


A forma antiga de convivência entre a unidade de produção (trabalho) e o consumo (residência/habitação)
é cada vez mais diluída. Passa a existir uma separação entre o domínio de produção (trabalho) e do
domínio de consumo (residência). No domínio do trabalho a lei do economicamente forte predomina. No
domínio domestico (consumo) passe a ser o centro da família e erigir-se em espaço privilegiado. É aqui
que se desliga das tarefas profissionais, um local de repouso, á meditação, á leitura.
Também é neste espaço que o burgues vai inspirar a sua humanidade e protagonizar a humanidade
abstrata e subjetiva que permite pensar a igualdade entre todos, independentemente, da cor, sexo, ou
classe social.

3.3.2 DIVISÃO DO TRABALHO E DA FAMILIA


Tanto a classe da nobreza/corte como os camponeses não conheciam a distinção entre o domínio público
e privado. Só conheciam a união entre os dois elementos da mesma forma que era o local de trabalho e
habitação. Foi com a Revolução Industrial que cresceu a separação deste dois espaços. Mas o local de
habitação não tem o seu domínio consagrado estava dependente das necessidades económicas. Os homens
e as mulheres são obrigados a abandonar o local de habitação para ir para o local de trabalho de forma
garantir o sustento. É durante a Revolução Francesa que as mulheres tem um papel importante na politica,
devido serem elas a sentirem no seu quotidiano as consequências de escassez e penúria, então propunham
estratégias de ação alternativas, por isso punham, em causa a política da burguesia masculina.
As mulheres questionavam a separação entre o local de trabalho e habitação devido por em causa a
divisão de papéis que surgiam. Ameaçavam o domínio da intimidade e onde o burgues podia <ser ele
mesmo> ser racional, potencial, liberto das suas obrigações profissionais e hierarquias socias, por isso
foram proibidos os clubes políticos femininos como todas as atividades políticas femininas até ao final do
séc. XIX.

3.3 A REDISTRIBUIÇÃO DO ESPAÇO DOMESTICO E A INTIMIDADE


Com a criação do processo de intimidade foi possível que se transformassem as condições de separação
no local da habitação, nas famílias burguesas.
A Burguesia inventou a sala de estar, um espaço neutro onde toda a família se reúne após a finalização
das tarefas de cada um. Um espaço para atividades em conjunto, como ouvir musica, leitura em voz alta
ou atividades de sociabilidade como o bordado ou jogos de cartas. Assim a habitação era separada da sala
de estar, da sala de visitas, e da cozinha que tinha ficar num local mas afastado possível da sala de estar.
[Type the document title]

Também emergem as separações dos espaços das crianças para brincar e quartos para dormir. Diferenciar
26
o espaço segundo o sexo.
No que concerne as mulheres estas sofriam na pele as troças e censuras devido á sua curiosidade
intelectual.

3.4. ESPAÇOS DOMÉSTICOS


3.4.1 A DIVISÃO DE TRABALHO NA FAMILIA BURGUESA: HOMENS MULHERES E
CRIANÇAS
Apesar da igualdade teórica e abstrata postulado no espaço público não invalida as formas de separação e
hierarquização no seio da burguesia.
Na família burguesa existe formas de opressão por parte do homem que exerce a autoridade sobre os que
estão dele pendente economicamente (mulher, criança, e criados). A separação do mundo público e
privado cria um mundo doméstico como cria uma fronteira entre o homem e a mulher, adulto e infantil,
senhores e criados, há uma marginalização daqueles que não tem representação politica e biológica. O
mundo doméstico é das mulheres e que impede tenha acesso ao mundo público. A mulher nesse mundo
realiza as tarefas domésticas, criam os filhos e fazem a gestão dos bens do homem.
A mulher é encarada como um ser portador de uma diferença biológica. É nesta diferença que é
encontrado a razão para que a mulher seja afastada dos direitos.
Kant é apoiante desse afastamento das mulheres dos direitos, a sua caraterização do sexo feminino revela
preconceitos de um celibatário.
Já Condoret reclamava os direitos para as mulheres, direitos cívicos e políticos como o sufrágio.
A família burguesa assenta no princípio que a diferença biológica legitima a passividade pública da
mulher.
Em relação as crianças são dedicadas uma pedagogia que ao ritmo de desenvolvimento infantil confere o
lugar de direito. Os espaços públicos e políticos são proibidos as mulheres, crianças e criados.

3.8 CONCLUSÃO
O espaço cultura alemão teve um relativo atraso económico e uma evolução na criação de um espaço
público. Antes da revolução francesa já se verificava um espaço para o debate e oposição abrindo o
caminho para liberdade cada vez mais institucionalizada. As transformações em França refletiram-se em
todo continente europeu onde se consagravam reivindicações iluministas ajudadas pelos debates no seio
do espaço público.
A revolução francesa institucionalizou as reivindicações e práticas do espaço público confirmando a
liberdade da imprensa, da confissão religiosa, o direito a propriedade. Com a revolução também se criou a
[Type the document title]

vida intima onde tudo é permitido desde que não interferisse no espaço público. Mas a tolerância religioso
27
não se equiparava a tolerância política e jurídica. A igualdade mantinha-se com simples pedido jurídico,
como se baseava numa igualdade abstrata e universal que garante o tratamento por igual de todos os seres
independentemente do sexo, origem, cor ou crença.
A racionalidade abstrata e utópica, geraram apelos á diferenças baseada na origem, no sexo, na cor,
criando o moderno discurso racionalista, feminista, racista.
O pensamento das luzes tinha no seu discurso e lógica o poder da diferença de homem branco,
cristão/protestante, europeu, contra a inferioridade seja mulher ou não-europeu.
Com a evolução francesa foi institucionalizada a modernidade e o espaço publico que são as bases para a
organização até ao presente. A crescente pressão do poder económico leva esses espaços de reflexão e
debate (públicos) a cederem lugar a imprensa que manipula a opinião pública. A velocidade e quantidade
de informação a partir do seculo XIX vão prejudicar o pensamento crítico do público eleitor.
As novas formas de audiovisuais revolucionam a imprensa e criam outras novas condições para o emergir
de novos meios de comunicação da massa.
A opinião pública, espaço público e publicidade surgiram no seculo XVIII.

4. NATUREZA ROMANTICA E IDENTIDADE NACIONAL


A NATUREA COMO UNIVERSO SÍMBOLICO: EXEMPLO DOS ALPES
O conceito de natureza na história da cultura Alemã encontra-se ligado:
 Aos espaços públicos e privados
 Á vida burguesa moderna
 Identidade nacional
Manifestando-se pelo mundo inteiro. Falar de natureza significa identificar todo um conjunto simbólico
ligado á criação e análise afetiva de objetos, praticas socias e atitudes mentais que se verificam no espaço
e no tempo.
A natureza é um mundo simbólico na realidade, uma organização estruturada de vários elementos, faz
parte da cultura e esta sujeita a evolução histórica do entendimento e das categorias estéticas. O
simbolismo da natureza é uma componente fulcral da tradição ocidental.
Segundo Cristian Gourve considera que a natureza e os seus fenómenos, como uma linguagem que para
ser entendida necessitam ajuda da razão filosófica.
Então a identidade nacional e o conceito de natureza estabelecem uma relação importante, na tomada
de conhecimento científico e estético, onde se verifica os ideais entre Aufklärung e a fundação do Reich.
[Type the document title]

A conceção da natureza-texto tem duas implicações:


28
 Um espaço natural compreensível e articulado
 Uma Técnica natural que se pode aprender com a ajuda de especialista

Garve faz uma atribuição dos elementos naturais a um paradigma estético e filosófico, resume-se nas
primeiras décadas do séc. XIX. Coloca as suas ideias, que a natureza lhe fornece, como Kant, na
semelhança entre a natureza e a obra de arte.
Existe uma valorização da paisagem alpina na linha da teologia da criação, já a teologia da redenção
(libertação) despreza a vida terreste e a própria natureza, admirar a beleza da paisagem e reconhecer a
obra e o poder de Deus, verifica-se isso na carta de 1541 de Konrad Gesner sobre a alta montanha, e onde
se presencia as funções de Aufklärung ao conceito de natureza.
Gesner atribui um espaço específico (alta montanha) ao sentimento de admiração, como opões a natureza
á vida burguesa e materialista.
Em suma:
Os autores como Haller, Georg Simmel ou Goethe, utilizam os espaços naturais como símbolos para
identificar, ou como oposição, a vida quotidiana da burguesia. Haller opõe os Alpes ao luxo e riqueza das
cidades, considera o espaço natural como um local de equilíbrio onde os residentes ainda seguem uma
vida ancestral, uma imagem do pré-moderno em sitónia com o ambiente natural.

DIMENSÃO RELEGIOSA E MORAL DE NATUREZA TRANSCENDENTE


Os conceitos de natureza, na segunda metade do séc. XVIII são paradigmas europeus e com antagonismos
comuns.
Na França ainda se verifica um absolutismo feudal, na Inglaterra já se apresenta uma natureza autónoma e
livre que se torna popular na Alemanha.
Com a Revolução Francesa tenta-se introduzia um novo calendário, de forma, a englobar o ritmo das
estações e laboração rural. Então, neste contexto, a natureza contribui com uma ordem de equidade e
harmonização contrapondo o sistema hierarquizado do antigo regime.
A literatura e arte campestre encontra-se ainda no sistema do antigo regime, novas formas do sentimento
da natureza emergem distanciando-se desse mundo, em meados do séc. XVIII.
A receção de Rosseau e de Ossian na Alemanha é especial devido enfatizar o sentimento e a moral pelo
fenómeno natural.
O programa de ensino utilizado por Rousseau já utilizava a natureza transcendente como algo envolvente
da vida exemplar. Assim os filantropos alemão criam escola e internatos como criaram uma pedagogia
infantil e juvenil com a literatura, experiencia e educação física.
[Type the document title]

O panteísmo (panteísmo = considera a natureza como divina) opõe-se ao serviço de ideologia burguesa.
29
O sonho de ter uma vida diferente em harmonia com a natureza e criticada socialmente e culturalmente e
ocorre antes da filosofia da vida moderna propagado por Wilhelm Ditthey e Ludwig klages.

PAISAGEM ROMANTICA E IDENTIDADE NACIONAL ALEMÃ


 A beleza do Romantismo e divina e mítica ao mesmo tempo
 Romantismo realiza-se em dupla expansão:
o Espacial - exploração de novos espaço floresta, mar, Itália
o Temporal – ao reconstruir a idade media idealizada é um passado poético duma Alemanha
imaginaria do que real
 A mitificação do romantismo é enorme e eficaz que consegue valorizar os espaços típicos alemães
da idade média para o turismo
 Os espaços são:
o A popularidade do reino (REIHNROMANTIK)
o Castelos e Lendas (o Palácio NEUSCHWANSTEIN em BAYERN)
o As localidades DINKESLBUHL e ROTENBURG AN DER TAUBE
 Os espaços surgem no romantismo alemão num sentido nacional e poético ~
 Os lugares criados pela mitologia romântica determinam a imagem da Alemanha
 As paisagens românticas são nostálgicas
 O romantismo oferece uma reconciliação entre a natureza e a história
 A pintura romântica ilustra as várias facetas da tradição alemã transformando num símbolo
nacionais
 Atualmente o adjetivo romântico no turismo alemão lembra os castelos e ruinas, casas em
madeiramento (FACHWERK), rios, florestas
 A FRUEHROMANTIK é o princípio de uma nova mitologia perfila contra a vida moderna e
industrialização, é utópica que se transforma no seculo XIX numa mitologia retrospetiva, os
trabalhos dos irmãos GRIMM vão nesse sentido, a reconstrução de uma mitologia popular
(contos, lendas e tradições)
[Type the document title]

O RENO COMO CENÁRIO ROMANTICO


30
 Reno é um cenário romântico
 GEORGE FOSTER considera a paisagem romântica como monótona e cansativa
 Lugar que provocou crises entre a frança e Alemanha
 Foi fronteira política entre estes dois países até 1975
 Os autores ingleses como ANN RADCLIFFE E LORD BYRON descobriram as belezas das
ruinas medievais e paisagem românticas criando novas atrações turísticas
 Com os barcos a vapor e instalações uniformizadas das infra-estruras aumento o turismo
 A romantização da paisagem deve-se as ruinas e aos mitos locais, a RHEINROMANTIK tem
consequências concretas ao nível turístico
 O reno continua a provocar conflitos políticos como aconteceu na crise de 1840 quando a frança
reivindica o espaço os alemães respondem. As respostas líricas são exemplo a canção patriótica
WACHT AM RHEIN que prevaleceu até ao início da primeira guerra mundial

A FLORESTA ALEMÃ
 A floresta alemã é um lugar tópico da identidade nacional alemã
 A transformação romântica da floresta num espaço mítico vem desde há muito tempo, remota até
a Germania de Tácito
 É um espaço de valorização ideológica dum símbolo nacional
 A época do romantismo contribui para revalorização mítica da floresta, muitas das antigas
florestas já não existem devido as guerras (guerras dos 30 anos), a venda da madeira para a
construção naval inglesa se francesas; a reflorestação com pinheiros nórdicos mais lucrativos
destruiu os carvalhos da floresta no seculo XIX
 A mitificação do carvalho é verificada nas encenações do GOTTINGER HAINBUND onde
procura um passado mítico.
 Na época de Napoleão a floresta e os seus carvalhos ganham um peso político nacional, pinturas
desse tempo mostram a árvore tradicional alemã.
 Os irmãos GRIMM também focam a floresta nos seus contos
 O mito da floresta como mito fundador da nação alemã contínua durante os séc. XIX e XX, o
carvalho é revalorizado no fim do séc. XVIII como um símbolo de nacionalidade alemã em termo
de força, raízes fundas e continuidade e sabedoria.
 A floresta também é considerada como um lugar amoroso desde da idade média
 Com a popularidade da floresta é representado os dois prismas do romantismo alemão
[Type the document title]

o Poesia, sentimento e sabedoria filosófica


31
o Agressividade nacionalista
 No Séc. XIX são tomadas medidas para proteção da floresta
 Bismarck tomou muitas das suas deliberações, isolado na floresta, isto representa uma
valorização deste espaço mítico. O seu valor é de tal ordem que mesmo Helmut Kohl entendeu
apresentar uma proposta alemã para a proteção global das florestas.
 Todas estas ações e manifestações visam ainda a reconciliação romântica de história e natureza.
Exemplo é o livro publicado sobre Bismarck (Uber die Natur) apresenta o alemão como amigo
sentimental das florestas, animais e meio ambiente

A NATUREZA BURGUESA E OS SEUS ESPAÇOS ESPECIFICOS


Na frança alguns espaços como jardins estavam reservados a corte e aristocracia, na Inglaterra esse
espaço já eram considerados uns espaços abertos. Nos finais do seculo XVIII na Alemanha mormente em
Munique são instalados espaço abertos semelhantes aos da Inglaterra. No séc. XIX com o espaço público
vê-se uma importância ideológica da construção de espaços ligados a natureza refletindo uma organização
social. Na era do iluminismo a burguesia privilegia ainda esse espaço de natureza. Com o romantismo os
lugares naturais pulverizam-se.

O ESPECTÁCULO DA NATUREZA NO PANORAMA


O panorama surge no final do seculo XVIII na Inglaterra e pulverizou-se pelas cidades da Europa
centrais. Mostra bem um novo paradigma na apreensão da natureza. É uma pintura que consegue cria uma
ilusão da realidade. Os primeiros panoramas que surgem na Alemanha são de origem inglesa, em
Hamburgo por volta de 1799. Os pintores alemães cedo se orientam para este tipo de pintura. Os
panoramas das décadas subsequentes espelham:
 Cidades principais como Hamburg, Frankfurt, Rom, Constantinopla e Cairo
 Cenas históricas como as guerras napoleónicas

A popularidade e as seguintes produções de novas telas estagnam a partir de 1850, enquanto na Alemanha
vive desde 1880 a 1900 um novo apogeu desse tipo de arte. Esta arte é financiada por sociedade anonimas
com poder económico. Em variares cidades são instalados novos panoramas que atraem espectadores.
Podemos afirmar que o panorama corresponde às orientações ideológicas do império. Os panoramas
espelham vários tipos de cenários como cenas de guerras, sangue e cadáveres e outros.
[Type the document title]

Foi o realismo que veio dar fim a era do panorama, com o aparecimento da fotografia e cinema a partir de
32
1895.
Os panoramas proporcionaram um seculo inteiro de ilusão dum apropriação total da natureza e da
história.

ESPAÇOS NATURAIS RECRIATIVOS NO SECULO XIX


A venda da representação da paisagem e a integração da natureza do espaço social entende-se como uma
separação da cidade e do campo.
A cultura do passeio (SPAZIERGANG) surge nos finais do XVIII, mostram normas da burguesia alemã.
Os primeiros passeios públicos são inseridos pelos soberanos, os burgueses do séc. XIX começam a criar
associações filantrópicas que vão no sentido de novos espaços recreativos e terapêuticos. Espaço com
abertura do Tiergarten (jardim Zoológico) em Hamburgo e Berlim ao publico é acompanhada pela
burguesia que exige a criação de novos jardins públicos. A criação deste tipo de espaço foi possível com a
eliminação das muralhas circundantes as cidades. A base deste movimento encontra-se na exploração de
novos espaços rurais á volta das cidades. O passeio do burgues é integrado nos espaços naturais como
forma de descanso. Esta cultura do passeio cindiu as posições socias e os respetivos sexos. Com o emergir
do saneamento básico foi possível a criação de novos espaços naturais dentro das cidades, no decorrer do
seculo XIX.
A natureza recreativa exige pureza e limpeza, a sua estética não aceita as impurezas da civilização
industrializadas e as suas produções.
O que se verifica numa Alemanha Industrializada tardiamente é a pequena cidade como lugar duma vida
burguesa pacata. Esta ausência duma cultura urbana moderna resultou numa valorização dos espaços
naturais como os pequenos quintais nos arredores das cidades.
Este espaço típico alemão o SCHREBER_GARTEN ou KLEINGARTEN surge a partir de 1864, onde
engloba na mesma esfera o agradável como flores, sombra, sossego com a utilidade de uma horta ao ar
livre que é um sonho burgues.

A NATUREZA COMPENSATÓRIA
Os espaços dos jardins têm um valor importante na discussão pública do séc., XVIII. Para os ingleses é
uma forma de arte, para os alemães é uma valorização global da natureza. Segundo SCHILLER a relação
entre o homem e a natureza esta sujeita a uma evolução histórica. A liberdade que tinha a burguesia neste
contexto era duma apreciação da beleza da natureza mas ao mesmo tempo um perigo perante a anarquia
social.
[Type the document title]

O filósofo CHRISIAN HOIRSCHFELD afirma a o valor compensatório do ambiente natural da paisagem


33
do HEESCHENBERG perto de Kiel, no sentido de ser agradável, enorme e terrível de acontecimentos
naturais provocando emoções fortes, e a natureza amena com efeitos benéficos da vida quotidiana.
O arquiteto paisagista MIGGE exigia que a população tivesse uma participação da implementação de
jardins para compensar os efeitos negativos da civilização moderna. Os pequenos jardins e hortas dos
arredores das cidades também tiveram uma evolução acompanhado a revolução industrial no sentido de
crescerem no seio das cidades com forma de um espaço para o descanso do trabalhador.
A natureza natural apresenta uma compensação de recolha de alimentos naturais furto duma elaboração
particular.
A simulação de ambientes naturais é uma manifestação do processo de modernização e uma técnica de
longa tradição. A instalação de grandes parques de lazer (FREIZEITPARK) na Alemanha é uma forma de
contacto com a natureza oriunda dos quatro quantos do mundo, como exemplo a instalação de jardins
japoneses, americanos, e da zona do sul da europa, alguns contem animais e cascatas de água, tudo para o
descanso e divertimento do ser humano modernizado

Capitulo II. 2
Conceito de Cultura
Noção de Bildung

Dificuldades na noção de Bildung


A primeira dificuldade surge com a tradução da palavra de BILDUNG. No caso da tradução portuguesa
significa “ Formação: Constituição, Cultura, Criação, Forma de Desenvolvimento, Intrusão, Educação. A
mesma dificuldade aplica-se na tradução para outras línguas estrangeiras. Este tipo de dificuldade surge
em todas as línguas, no caso português, temos o exemplo da palavra SAUDADE que apesenta uma
variedade nos dicionários, a tradução terá a ver com a especificidade desse conceito no âmbito da cultura
que é originária e se desenvolve.
Assim o termo Bildung aponta para uma noção especificamente da língua e cultura Alemã. Também
muito importantes neste conceito (Bildung) são as várias palavras que se criam a partir dela, a saber:
 BILDUNGSROMAN => Traduzido é romance de formação, correspondente a um tipo de
romance que acompanha e descreve a formação e evolução do individuo, até á sua maturidade,
salientando as vertentes sociais, psicológicas e educacionais. É o processo de educação e
formação.
[Type the document title]

 BILDUNSGBURGERTUM => traduzido é a burguesia, culta, letrada ou esclarecida. O termo


34
burguesia aponta para o seio do privado, destacando as virtudes morais da vida familiar, em vez
do sentido classe social. É o resultado do processo de educação e formação.
Em termos gerais a noção BILDUNG aponta para um núcleo semântico complexo e no seu centro a
Educação. Assim BILDUNG remete para o processo de educação e formação (bildungsroman) como para
o resultado do processo (bilgunsbergtum).
A palavra pode ser aplicada nos 2 sentidos no processo e no resultado como aplicado ao individuo e a
comunidade.
BILDUNG implica:
 FORMAÇÂO INTERIOR = formação individual, psicológica e desenvolvimento
 FORMAÇÂO EXTERIOR = Educação coletiva e exterior

Origens e Uso da Noção de BILDUNG


É no séc. XVIII que o conceito de BILDUNG assenta o seu significado atual. Durante a Idade Média a
palavra BILDUNG, BILDEN inserem-se no seio do pensamento religioso ligado á afirmação que DEUS
criou o HOMEM á sua imagem e semelhança, assim no seu berço o termo é utilizado como sinónimo de
imagem ou copia (ABILD ou NACHBILDUNG). A sua ligação a DEUS significa que o HOMEM é uma
cópia que se aproxima a DEUS através dum caminho de desenvolvimento e melhoramento interiores, e
não uma mera cópia. Neste contexto o termo BILDUNG é utilizado como forma (GESTALT) e como
transformação (GESTALTUNG).
A noção de desenvolvimento interior e pessoal do Homem em orientação a DEUS é importante na
especificidade da noção de BILDUNG na Língua Alemã.
Então os termos individuo, desenvolvimento, transformação interior são palavras fulcrais da definição de
BILDUNG.

A secularização do conceito de BILDUNG no Séc. XVIII:


O processo de secularização do conceito de BILDUNG é muito importante da história da cultura Alemã,
como cita GADAMER ser o maior pensamento do séc. XVIII. Segundo MENDELSOHN estes termos
são usados por alguns letrados que tem contacto com obras estrangeirais, na medida do seu sentido
específico. Inglaterra e França foram fulcrais para a fixação do conceito de BILDUNG devido as novas
preocupações pedagógicas que emergiam nesses países. Mas foi Rosseau que mais influenciou o
pensamento Alemão da época com a distinção de 3 noções-chaves:
[Type the document title]

 Perfectibilidade – a capacidade de aperfeiçoamento, uma característica que distingue o Homem


35
do ser animal. A perfectibilidade é análoga (semelhante) e completa a noção do aperfeiçoamento
pessoal e desenvolvimento interior.
 Cisão entre Cultura e Natureza – esta divisão entende Rausseou, como: Homem cultura da
sociedade é um escravo, enquanto, Homem natural é livre. Assim o autor entende que cultura e
natureza não se conciliam no Homem
 Experiencia pessoal - é importante no processo de educação de desenvolvimento do
conhecimento.
Alemanha, no séc. XVIII, aceita o conceito de perfectibilidade de Rousseau mas transforma-o e adapta-o,
assim a perfectibilidade é considerada uma característica específica e universal do Homem mormente
mais individual de cada um. Então não faz sentido a dicotomia Natureza/cultura devido ser uma
característica universal natural de toda espécie Humana, concomitantemente, não são validos os valores
de “Homem livre e Homem escravo” porque a perfectibilidade une no homem a natureza e cultura.
Neste sentido KANT defende que a autonomia individual do Homem e liberdade do Homem no que
respeita á autodeterminação do seu próprio destino. Nesta linha de pensamento o conceito de BILDUNG
na Alemanha, do séc. XVIII, moldado é entendido como um processo e não com o resultado, atendendo
que um processo é universal e individual com base na autonomia, liberdade e autodeterminação do
sujeito. Tem como o objetivo o aperfeiçoamento da humanidade de forma não orientar aspetos religioso
(DEUS), mas sim segundo orientações éticas, estéticas e pedagógicas.
No séc. XVIII, na Alemanha, o conceito de “BILDUNG abarca as noções de cultura e civilização,
assim a noção de BILDUNG, atualmente, apresenta 4 núcleos importante:

 INDIVIDUALIDADE - é o pilar da noção de “bildung”. Cada individuo é único e possui a


capacidade para se desenvolver em função da sua individualidade como tem liberdade e
autonomia.
 EDUACAÇÃO – o termo BILDUNG remete para a Educação e Formação (AUSBILDUNG).
Não é só a evolução do individuo no mundo e também a evolução pessoal, ou seja, no seio da
individualidade. É um processo em constante formação do individuo e do mundo como remete
para o processo de educação e formação em si, e como remete para o resultado desse processo.
 DESENVOLVIMENTO – ligado á noção de BILDUNG esta sempre: o processo,
desenvolvimento, evolução e progresso. Possui com objetivo, desse caminho de evolução, as
ordens éticas, estéticas e pedagógicas e não as religiosas. Este caminho é inacabável.
 UNIVERSALIDADE – é uma noção universal, o da BILDUNG. A evolução educacional e
formativa individual, tanto ao nível exterior ou interior, é característica de toda espécie Humana,
[Type the document title]

então, o individuo determina a comunidade, a mesma determina o individuo, logo BILDUNG


36
individual determina BILDUNG universal.

O (Re) Nascimento da Pedagogia

A Educação na Europa em Meados do Século XVIII


Naturalmente que num contexto histórico e de mentalidades como o que acima fica delineado, em que as
noções de Bildung, Kultur e Aufklãrung desempenham um papel primordial, a educação e, de uma forma
geral, os temas de âmbito pedagógico não poderiam deixar de estar no centro das atenções.
Muito embora não se pretenda fazer aqui uma história da educação, a verdade é que se afigura necessário
recordar alguns traços característicos e princípios (muito gerais) da educação dos clássicos — gregos e
romanos —, uma vez que são os próprios autores alemães que para eles diretamente remetem.
Aliás, ao longo da reflexão e discussão em torno do conceito de Bildung muitas vezes se recorre à noção
grega de «paideia» (educação, formação, cultura), justamente para iluminar (e diferenciar) o conceito
alemão a que temos vindo a aludir.
As culturas clássicas - especialmente a cultura grega - têm por conseguinte um peso e uma influência
determinantes na Alemanha do século XVIII.
No que diz respeito à educação, convirá em primeiro lugar referir que a instituição «Escola», tal como a
conhecemos hoje (isto é, enquanto sistema público de educação), é uma instituição relativamente recente,
que só começa a existir em meados do século XVIII.
É certo que na Grécia Antiga existiam escolas, mas tratava-se essencialmente de escolas privadas,
frequentadas exclusivamente por jovens do sexo masculino pertencentes às classes superiores. As escolas
fundadas pelos filósofos - a Academia de Platão, ou o Liceu de Aristóteles - são exemplos do tipo de
centros de educação e formação frequentados pelos jovens gregos.
Esparta constituía uma exceção, já que o Estado se encarregava da educação de todas as crianças.
Com a expansão do império helénico, porém, a civilização grega passou a viver cada vez mais do
comércio e a depender assim em grande parte da alfabetização da população, de modo que a partir do ano
300 a. C., quase todos os filhos e (agora também) filhas dos cidadãos livres recebiam uma educação
básica, que lhes permitisse ler e escrever.
A alfabetização era também a preocupação fundamental para Roma, onde a educação continuava a ser um
privilégio, não apenas dos cidadãos livres, mas também das classes mais altas.
Durante a Idade Média a (in) formação recolhe aos conventos ou às universidades (que dependiam
diretamente da Igreja).
[Type the document title]

No entanto a educação baseava-se agora numa estrutura disciplinar mais complexa e rígida. Para além da
37
Teologia (matéria a que, por motivos óbvios, cabia um papel central nas instituições de ensino da época),
o estudante tinha um curriculum a cumprir que era composto pelas sete artes liberais: numa primeira fase
(Trivium) deveriam ser assimiladas a Gramática, a Retórica e a Dialéctica; e numa segunda fase
(Quadrivium) a Aritmética, a Geometria, a Música e a - Astronomia.
Na Renascença dá-se uma viragem fundamental.
Ficava assim aberto o caminho para uma futura secularização da área educacional, secularização que só
viria efetivamente a concretizar-se nas últimas décadas do Século XVIII.
Como desta panorâmica muito geral sobre a educação se depreende, a Escola - e o termo só pode ser
usado aqui metafórica e eufemisticamente - parece ser o local onde se preserva (mais do que se distribui)
informação e conhecimento.
A Igreja e a Universidade da Idade Média são aliás paradigmáticas no que respeita a esta fundamental
função de guardiãs da informação e do conhecimento.
Ora esta dupla limitação das instituições de ensino - o facto de (1) a escola estar apenas ao alcance das
camadas sociais mais elevadas e (2) ser o local de preservação (mais do que de distribuição) do
conhecimento - é profundamente contrária às ideias iluministas do século XVIII.
Mais: esta dupla limitação é evidentemente incompatível com as teses emancipatórias e universalistas que
decorrem dos próprios conceitos de Bildung, Kultur e Aufklãrung.
Assim, as transformações e reformas que se verificam na área da educação na Alemanha de finais do
século XVIII e inícios do século XIX (reformas essas que adiante analisaremos com mais detalhe), poder-
se-iam resumir em duas palavras: secularização e distribuição.
Em termos genéricos dir-se-ia que se passa de um paradigma educacional que vê na escola o local de
preservação do conhecimento para um paradigma educacional que olha para a escola como o local onde
se procede à distribuição do conhecimento.
Assiste-se então à criação das primeiras escolas públicas (o Estado substitui-se portanto à Igreja), a
educação, lenta mas progressivamente, torna-se obrigatória para todas as camadas populacionais e são
publicados os primeiros manuais totalmente custeados e financiados pelo Estado.
No caso da Alemanha a implementação da escolaridade obrigatória (Schulpflicht) começa já no século
XVII.
Em 1619 é introduzida em Weimar, em 1642 em Sachsen-Coburg-Gotha, em 1649 em Wurttemberg, em
1662 em Brandenburg c em 1717 e 1763 na Prússia. As decisões de introduzir por decreto a escolaridade
obrigatória não têm no entanto consequências práticas imediatas, de modo que estas datas não devem
portanto ser lidas como os momentos a partir dos quais é efetivamente introduzida a escolaridade
[Type the document title]

obrigatória. Na realidade, o processo de implementação de um sistema público e universal de ensino foi


38
um processo moroso, que se foi concretizando progressiva e lentamente ao longo dos séculos XIX e XX.

O (Re) Nascimento da Pedagogia


Ao desenvolvimento, implementação e consolidação de um sistema educativo como este — sistema que,
sublinhe-se, numa fase inicial se viu ainda consideravelmente limitado, quer em termos sociais (às classes
mais altas), quer em termos geográficos (no caso alemão a escolaridade obrigatória é implementada em
apenas alguns Estados) — não são alheias as preocupações e os postulados da Filosofia da época.
Já anteriormente ficou referido o papel precursor de Coménio no que diz respeito à progressiva
deslocação do conceito de Bildung do plano do religioso para o plano do pedagógico.
Interessa agora analisar com algum detalhe o modo como progressivamente esse «plano do pedagógico»
se emancipa da Filosofia e se constitui como área temática específica e autónoma, reconhecida de resto
como tal pela Academia, que em 1779 entrega a Ernst Christian Trapp (1745-1818) a primeira cátedra de
Pedagogia (Lehrstuhl fiir Pãdagogik), na Universidade de Halle.
Coménio, no capítulo IV da sua Didáctica Magna que tem significativa¬mente o título «O Homem tem
necessidade de ser formado para que se torne Homem», já havia chamado a atenção para a especificidade
e importância do tema em questão (1996: 119): (...) a natureza dá as sementes do saber, da honestidade e
da religião, mas não dá propriamente o saber, a virtude e a religião; estas adquirem-se orando,
aprendendo, agindo. Por isso, e não sem razão, alguém definiu o homem um «animal educável», pois não
pode tornar-se homem a não ser que se eduque.
Mas, ao contrário do que sucedia (e sucedera) anteriormente, Coménio entende que a educação, essa
árdua tarefa de «ensinar o homem a agir como homem», é um processo que envolve um método e um
programa específicos. Esse método e esse programa ficam explícitos no longo subtítulo da sua Didáctica
Magna que a seguir se transcreve parcialmente (Coménio 1996: 43):
Tratado da Arte Universal de Ensinar Tudo a Todos ou Processo seguro e excelente de instituir, em todas
as comunidades de qualquer Reino cristão, cidades e aldeias, escolas tais que toda a juventude de um e de
outro sexo, sem excetuar ninguém em parte alguma, possa ser formada nos estudos, educada nos bons
costumes, impregnada de piedade, e, desta maneira, possa ser nos anos da puberdade, instruída em tudo o
que diz respeito à vida presente e à futura, com agrado e com solidez.
Deste subtítulo convirá reter três aspetos que se revelarão os verdadeiros alicerces da futura Pedagogia:
- Saliente-se em primeiro lugar que se trata de um programa duplamente universalista: pretende-se
«ensinar tudo» (ou seja, qualquer tipo de conteúdo) «a todos (...) sem excetuar ninguém» (quer dizer, a
qualquer tipo de pessoa independentemente da sua proveniência ou situação social);
[Type the document title]

- Saliente-se em segundo lugar o carácter prático e utilitário da educação assim entendida: a instrução
39
deve dizer «respeito à vida presente e à futura»;
- Sublinhe-se, por fim, os termos «juventude» e «puberdade» (por oposição a idade adulta) que indiciam
já uma mudança radical de atitude no que diz respeito às conceções da criança vigentes durante a Idade
Média (em que esta era vista como um pequeno adulto). Deduz-se pois que o método de ensino deverá ser
adaptado à idade da criança e estar em conformidade com as suas capacidades de aprendizagem à medida
que o jovem evolui para a idade adulta.
Durante todo o século XVIII são inúmeras as obras e os autores que se debruçam especificamente sobre a
educação, um século que por isso mesmo foi considerado «o Século da Pedagogia» (cf. Gudjons 1995:
82). E nem mesmo Kant parece ter ficado imune ao tema e à moda, que entretanto se tinha instalado, de
escrever um tratado sobre a educação, já que lhe dedicou também uma pequena obra (Uber Pádagogik,
1803) onde ecoam ainda os princípios definidos por Coménio: «Der Mensch kann nur Mensch werden
durch Erziehung».
Porém, de entre os muitos autores que se debruçam sobre a educação, conviria destacar Locke, com o seu
Some Thoughts concerning Education, publicado em 1693, e Rousseau, com Emile ou de Education,
publicado em 1762, na medida em que se trata, em ambos os casos, de autores e obras influentes no
pensamento pedagógico alemão.
Em termos gerais dir-se-ia que, tanto Locke como Rousseau, repetem e se baseiam nos argumentos,
programa e método de Coménio: a educação deverá ser universal, prática, utilitária e, tanto o método,
como os conteúdos, deverão ir sendo sucessivamente adaptados às diferentes fases e idades da criança e
do jovem.
Mas, no que diz respeito ao acentuar da diferença desta nova conceção da criança, Rousseau é
particularmente crítico, incisivo e, acima de tudo, bastante mais explícito que os seus antecessores.
Esta nova conceção da criança enquanto criança - e já não enquanto pequeno adulto - constitui porventura
o aspeto mais visivelmente revolucionário das novas ideias pedagógicas, na medida em que implicará
mudanças e reformas (muitas vezes radicais) em áreas tão diversas como as do vestuário, alimentação,
cuidados de saúde, literatura e cultura.
Tome-se aqui como exemplo o caso da leitura e, mais genericamente, da literatura.
Já Locke havia assinalado a lacuna existente no que concerne as leituras da infância. Numa fase inicial, e
à falta de livros mais apropriados, as crianças deveriam ler as Fábulas de Esopo.
Mas, numa fase posterior (em que o jovem domina já a técnica da leitura mas não entrou ainda na idade
adulta), o problema do vazio continuava a colocar-se.
Maior ressonância encontrou os apelos e as sugestões de Rousseau na Alemanha do século XVIII.
E isto em virtude da radicalidade discursiva deste autor francês.
[Type the document title]

Depois de se render à evidência da necessidade de aprender a ler, mas não sem que antes se sinta uma vez
40
mais obrigado a reafirmar a sua profissão de fé numa educação «natural» baseada na «experiência».
Esta última sugestão foi levada à letra por inúmeros autores de diversos países, nomeadamente por
Joachim Heinrich Campe (1746-1818), preceptor dos irmãos Humboldt (Alexander e Wilhelm) e autor de
inúmeras obras destinadas à infância, de entre as quais se destaca justamente um Robinson Crusoe
adaptado para crianças {Robinson der Jungere, Hamburg 1779) que conheceu um êxito editorial
assinalável, tendo sido sucessivamente reeditado até finais do século XIX.
Resultante das novas preocupações pedagógicas, assim se inaugurou pois um novo género literário — a
literatura infantil e juvenil (Kinder- und Jugendliteratur) — que conheceria, a partir da segunda metade do
século XVIII, um crescimento deveras impressionante e que tem, ainda hoje, uma quota-parte muito
significativa na produção livreira mundial.

A Noção de Bildung e a Reforma do Sistema Educativo Alemão


Em finais do século XVIII estão definitivamente criadas as condições necessárias para que tenha lugar
uma reforma profunda e (mais) alargada do sistema educacional alemão.
Essas condições são:
- O facto de a Noção de Bildung e especialmente as teses emancipatórias e universalistas que lhe são
inerentes, conhecerem progressivamente maior divulgação;
- O alargamento de um espaço público (burguês) onde cada vez mais são discutidos os temas
educacionais, que entretanto conheciam um processo de secularização irreversível;
- As reformas (e, acima de tudo, a necessidade de reformas) de ordem jurídica que, após a Revolução
Francesa, os Estados europeus se esforçam por fazer, no sentido de garantirem a sua sobrevivência na
nova ordem mundial que se desenhava.
O caso da Prússia é a vários títulos, paradigmático.
A promulgação em 1794 do Allgemeines Landrecht fur die Preussischen Staaten institui uma nova (e
moderna) relação jurídica entre o Estado, o soberano e o súbdito/cidadão que é, apesar de tudo,
«ambivalente» no entender de Bollenbeck (1994: 168).
O Estado absolutista (e, no caso da Prússia, de tendência ainda feudalizante) só ficaria definitivamente
desmantelado com as reformas que se lhe seguiram a partir de 1807: referimo-nos às reformas do
exército, do aparelho estatal e, fundamentalmente, do sistema educativo.
Embora sejam muitos, na época, os autores a reflectir sobre a educação, diversas as suas perspetivas e
igualmente variadas as suas propostas e programas — como Bollenbeck afirma, «das Bildungsideal lãBt
sich (...) nicht auf einen Nenner bringen» (Bollenbeck 1994: 166) —, a verdade é que, no que diz respeito
a esta reforma do sistema educativo da Prússia, faz todo o sentido voltar a referir o nome de Humboldt.
[Type the document title]

De facto, é precisamente Wilhelm von Humboldt que, na qualidade de chefe de uma recém-criada Sektion
41
fiir den Cultus, ôjfentlichen Unterricht und Medizinalwesen do Ministério Prussiano do Interior lidera e
arquitecta, a partir de 1809, as reformas educativas daquele Estado alemão.
Essas reformas ou, talvez melhor, os princípios orientadores dessas refor¬mas, surgem por conseguinte in
nuce nos seus escritos sobre a noção de Bildung e num ensaio (provavelmente escrito em 1792, mas cuja
publicação integral só foi feita postumamente) que tem o título significativo de «Ideen zu einem Versuch,
die Grãnzen der Wirksamkeit des Staats zu bestimmen».
Convirá recordar aqui que, na perspetiva deste autor, a noção de Bildung apontava para um processo
evolutivo complexo que se ia realizando ao longo de um eixo interativo homem/mundo, processo esse
cujos resultados eram tanto melhores quanto maior fosse a diversidade da experiência proporcionada pela
interação indivíduo (s) - mundo.
As componentes essenciais desta noção de Bildung eram pois o mundo, a variedade de situações
proporcionadas pela interação homem/mundo e a liberdade que justamente permitisse ao homem a maior
variedade possível dessas situações.
O Estado constitui, no entender de Humboldt, um facto indesejável de uniformização da sociedade, daí
que a Acão do Governo tenha de ser limitada, para proporcionar ao indivíduo um correto e produtivo
desenvolvimento das suas faculdades.
A educação pública só poderia então, também, ser entendida como um modo coercivo de o Estado impor
ao indivíduo uma certa forma social, uniformizando gradualmente deste modo a própria sociedade.
Não deixa por isso de ser paradoxal que seja justamente Humboldt, no exercício do cargo público
governamental acima referido (que corresponderia hoje, sensivelmente, ao de Ministro da Educação), a
instituir um sistema educativo público, cuja longevidade se revelaria surpreendente.
Nos escassos 16 meses que ocupou o cargo (1809-1810) e em conjunto com os seus colaboradores -
nomeadamente Johann Wilhelm Siivern, que permaneceu no Ministério até 1819 -, Humboldt fundou a
Universidade de Berlin e lançou as bases de um sistema educativo que ainda hoje prevalece na Alemanha.
Muito resumidamente, a reforma arquitetada por Humboldt assenta nos seguintes princípios basilares:
- Dar prioridade a uma educação universal, de índole geral e generalista (Bildung), em detrimento de uma
formação específica e profis¬sionalizante (Ausbildung, Berufsausbildung);
- Lançamento de um sistema uniforme de ensino (escalonado em três níveis) que se adapte às diferentes
fases etárias do jovem: escola, liceu, universidade (Elementarunterricht, Schulunterricht,
Universitàtsunterricht);
- Limitar a acção do Estado de forma que este assuma, na educação, o simples papel de «espectador» ou
«guarda-nocturno» (Nachtwãchter na expressão original);
- Promover o desaparecimento e a eliminação da atitude/mentalidade de súbdito (Untertan).
[Type the document title]

42
Bildung e Erfahrung: Viagens, Cosmopolitismo e Interculturalidade
Vimos anteriormente como a discussão em torno da noção de Bildung teve consequências e efeitos
práticos imediatos no espaço cultural alemão e também, mais genericamente, europeu: o nascimento de
um novo género literário - a literatura infantil e juvenil - e o surgimento de um sistema público de
educação são duas dessas consequências a que aqui foi dado o devido destaque (muitas outras haveria
ainda que referir).
De seguida procurar-se-á ver como o mesmo conceito de Bildung, agora em articulação com o de
Erfahrung (a que já no início fizemos referência), são determinantes na construção da identidade de um
espaço europeu, cosmopolita e intercultural.

Bildung e Erfahrung
Com a publicação, em 1774, de Auch eine Philosophie der Geschichte zur Bildung der Menschheit
começa a tomar forma, no pensamento de Herder, um «(...) distanciamento crítico face a uma concepção
finalista, fechada sobre si própria, auto-satisfeita e estática de 'Aufklárung'».
Esse distanciamento é desde logo notório no título da obra de Herder11, que remete para um ensaio de
Voltaire publicado em 1765, sob o pseudónimo de Abade Bazin, intitulado Philosophie de VHistoire. E
há ainda diversas passagens em que essa atitude de distanciamento crítico transparece com grande
clareza.
Porém, em alguns passos de Auch eine Philosophie der Geschichte torna-se particularmente óbvio que
essa crítica se apoia em argumentos que têm a sua origem no empirismo inglês, onde a noção de
experiência - Erfahrung - desempenha um papel fundamental.
Feito o diagnóstico da situação, a solução proposta por Herder na sua exortação final não pode deixar de
recordar os argumentos de Rousseau que apontavam no sentido de privilegiar uma educação baseada na
experiên¬cia em detrimento da «cultura livresca».
Trata-se, de facto, de um passo onde as críticas às Luzes são particularmente incisivas. Dessas críticas
convirá reter dois aspetos que na perspetiva de Herde estão interligados.
Refira-se, em primeiro lugar, a crítica que tem a ver com o carácter limitado, limitativo e limitador da
Aufklárung tal como havia sido entendida e praticada até aí: tanto a educação como as Luzes atingiram
apenas uma pequena faixa do globo terrestre, não tendo por isso a característica universalidade que tanto
apregoam; assim, tanto a noção de Bildung como a de Aufklárung, não passam de boas intenções, cujos
resultados práticos ficam muito aquém das promessas feitas e das expectativas geradas (a crítica é aqui
especialmente dirigida à historiografia de cariz euro e etnocêntrico proposta por Voltaire).
[Type the document title]

E trata-se, em segundo lugar, de verificar agora que não é possível falar de uma Bildung (ou de uma
43
Aufklárung) verdadeiramente universal a não ser que com esta noção se articule uma outra — a de
Erfahrung.
De facto, no entender de Herder, não é possível falar de uma sem outra - a própria ideia de uma educação
sem experiência (e sem experimentação) é uma contradictio in adiecto -, daí que as duas noções sejam
interdependentes e se encontrem estreitamente interligadas.

A Viagem Como Corolário da Educação


Ao contrário do que acontecera em séculos anteriores, em que a educação e a formação, quer dizer, a
transmissão do saber era feita através dos livros (sendo que a autoridade da escrita não era passível de ser
questionada), a partir de finais do Século XVII e especialmente com a crescente influência dos filósofos
empiristas ingleses (nomeadamente Newton, Bacon e Locke), desenvolve-se progressivamente a ideia que
há essencialmente duas vias para o conhecimento: uma que passa naturalmente pelos livros e pela leitura
de obras consagradas pela tradição e outra que, pela primeira vez, concede à experiência individual e à
experimentação um papel de relevo na construção e transmissão do conhecimento.
A experiência do e no mundo torna-se simultaneamente o ponto de partida do saber (o mundo é o local
onde se devem recolher os dados que farão eventualmente parte do saber constante dos livros) e o ponto
de chegada do mesmo (é pelo mundo que se deve aferir a validade das teorias e das hipóteses formuladas
nos livros).
Assim também no que diz respeito à educação: a realização e a consolidação efetiva de uma formação
educativa e individual, que aspira a ser universal, só poderia portanto ser feita através da experiência, isto
é, no duplo confronto com o mundo atrás referido.
Não surpreende pois que sejam justamente os autores ingleses a destacar o papel que a viagem por países
estrangeiros deverá ter na educação, enquanto forma ideal de adquirir e consolidar experiência e de,
assim, pôr à prova o conhecimento humano.
Como seria de esperar, também Rousseau dedica todo o último capítulo do seu ensaio sobre a educação às
viagens.
No culminar do percurso educacional clássico surge então, agora, a viagem por países estranhos e
estrangeiros como a forma privilegiada de consolidar e adquirir conhecimentos e Welterfahrung.
Na Inglaterra o Grand Tour transforma-se numa verdadeira instituição (cf. Bausinger 1991 e Hibbert
1974): a viagem a Itália e a França (e muito mais raramente a Espanha), outrora obrigatória para os jovens
oriundos das classes aristocráticas, vulgariza-se, a partir da segunda metade do século XVIII, entre a
nascente classe média burguesa.
[Type the document title]

Cerca de um século mais tarde (por volta de 1880) o fenómeno adquirira proporções tais que Eça de
44
Queiroz o considera digno de registo, um registo naturalmente irónico e sarcástico. Numa das suas cartas
de Inglaterra, em que procede à inventariação das instituições características da «VelhaAlbion», escreve
aquele autor (Queiroz s/d: 23-24):
Temos ainda a Travelling-Season, a estação das viagens, quando o famoso touriste inglês faz a sua
aparição no continente. Nesta época (Setembro e Outubro) todo o inglês que se respeita (ou que não
podendo em consciência respeitar-se pretende ao menos que o seu vizinho o respeite) prepara umas dez
ou doze malas e parte para os países do sol, do vinho e da alegria. Os anjos (...) devem assistir então do
seu terraço azul a um espetáculo bem divertido: toda a Inglaterra fervilhando no porto de Dover — e daí
sucessivamente partirem longos formigueiros de touristes, riscando de linhas escuras o continente, indo
alastrar os vales do Reno, negrejando pelas neves dos Alpes acima, serpenteando pelos vergéis da
Andaluzia, atulhando as cidades da Itália, inundando a França! Tudo isto, são inglêses.
A verdade, porém, é que nem «tudo isto, são ingleses».
Na realidade, grande parte dos viajantes, são também alemães, franceses ou italianos.
A viagem tinha-se vulgarizado entre a Europa culta e esclarecida. E desse movimento de vulgarização e
de valorização dos benefícios (culturais e educacionais) da viagem haveria de resultar o turismo dos
nossos dias.
Aliando duas expressões-chave do Iluminismo tardio —Bildung E Erfahrung — a viagem constituía pois
uma área de profundo consenso na mentalidade da época. Regressado de França, o próprio Herder
reconheceria e definiria em 1769 de uma forma quase aforística o valor da viagem, salientando, ao
mesmo tempo, essa interessante e estreita relação entre experiência e educação.

A Descoberta da Europa

Em relação aos séculos anteriores, como observa Paul Hazard (1983: 401), nomeadamente em relação ao
século XVII, «a viagem [tinha, no entanto, mudado] de carácter; não era já o capricho de um original
demasiado curioso, mas uma aprendizagem, um trabalho, o complemento de uma educação (...)».
Como vimos, esta «mudança de carácter» é o reflexo directo de uma nova mentalidade científica e
pedagógica que modernamente se alicerça num relacionamento directo entre o indivíduo e o mundo. Do
ponto de vista pedagógico, o interesse que a viagem oferecia era precisamente o de expor o indivíduo às
mais variadas situações e diferentes experiências.
E que melhor espaço haveria para ilustrar e exemplificar a diversidade e variedade do mundo do que
justamente a Europa?
[Type the document title]

Cerca de dois séculos depois de ter descoberto o Novo Mundo, a Europa viajava agora pela Europa à
45
descoberta da Europa.
Tratava-se de uma espécie de peregrinação interior em busca da própria identidade, isto é, em busca das
semelhanças e das diferenças de realidades muito diversas que subitamente se descobrem (re) unidas no
centro geográfico do novo Mapa Mundi mental.
E tratava-se também, afinal, de uma viragem para si própria, fundamental e simultaneamente limitadora
(como adiante veremos).
Os habitantes da Europa tomavam definitivamente posse do seu domínio.
A nova filosofia mercantilista, o consequente aumento das trocas comerciais entre os vários países
europeus e o rápido desenvolvimento das vias de comunicação, possibilitam a vulgarização, ou, talvez
melhor, a trivialização da viagem.
A moda de viajar rapidamente se sucede uma outra, que se constitui porventura como um dos traços mais
característicos da vida literária dos séculos XVIII e XIX - a da literatura de viagens.
A literatura de viagens europeia desta época apresenta-se, muito possivelmente, como um dos locais
privilegiados (mais interessantes e mais produtivos) para assistir à complexa construção de uma
identidade europeia. Do que se tratava agora não era exatamente de assinalar a fundamental unidade do
espaço europeu.
Do que se tratava agora, como daqui se depreende, era de descobrir a diversidade nacional e regional
dentro da crescente uniformização que a Europa (cada vez mais cosmopolita) começava a conhecer.
A hierarquia de nações, culturas e valores que daí resulta é, no entanto, uma hierarquia profundamente
eurocêntrica e, por conseguinte, limitada.
Todas as comparações, que estes viajantes constante e permanentemente fazem, dizem apenas respeito à
própria Europa. O outro mundo — o mundo não-europeu — é o espaço da alteridade radical, da diferença
tantas vezes incompreensível, por isso mesmo, frequentemente apelidada de «bárbara» ou «primitiva». E
muito embora este outro mundo, só raramente seja o nomeado na literatura de viagens europeia a que nos
temos vindo a referir, a verdade é que é sobre o seu pano de fundo (por contraste e oposição a ele) que
aqui se joga a questão fundamental da identidade europeia.
A medida que os habitantes da Europa iam tomando posse do seu domínio, ia transformando também esse
domínio. Se o que se buscava era a diversidade regional e nacional, então, a variedade das línguas que se
falavam na Europa proporcionava, sem dúvida, um bom ponto de partida para redefinir e repensar a
identidade europeia.
É neste sentido que se devem entender uma série de fenómenos que, a partir da segunda metade do século
XVIII, parecem alastrar e generalizar-se por toda a Europa:
[Type the document title]

- Refira-se em primeiro lugar o progressivo abandono do Latim nas universidades e a sua substituição
46
pelas línguas nacionais;
- Destaque-se também o súbito incremento na publicação de traduções; vale a pena ler a este respeito o
notável texto de Friedrich Nicolai (1988) - que tem significativamente o título de «Úbersetzungsfabriken»
- em que é feito um retrato irónico e mordaz das práticas verdadeiramente «industriais» e «comerciais»
dos editores e dos gabinetes de tradução da época, práticas essas onde não faltam nem a especialização do
trabalho, nem a subcontratação de mão-de-obra barata;
- Saliente-se, por fim, a proliferação de métodos e gramáticas para o ensino de uma língua estrangeira
(especialmente o inglês e o francês), que a médio prazo fará parte dos curricula escolares públicos.
É pois na língua e na cultura que se começa progressivamente a desenhar um espaço supranacional
europeu, que se caracteriza justamente por ser um espaço comummente dominado pela diferença: o
espaço intercultural e cosmopolita da Europa.

A Alemanha de 1815 a 1848


A revolução Francesa e invasões francesas na Alemanha, tiveram mais repercussões do que noutros
países despertando a já clara necessidade de reformas no contexto político conservador.
Wehler: Na verdade, a Alemanha estava à beira de duas revoluções: a bem-sucedida revolução industrial
e a revolução política não com consequências irreversíveis ainda positivos. Esta revolução dupla levou o
processo de transformação de toda a Alemanha em uma nova história alemã moderna.

Três designações param a época:


Vormärz: refere-se a esta época como para o Período Pré março (entre a revolução de Julho de 1930 e a
de março de 1948. Em especial os oito anos agitados antes da revolução. A Revolução Francesa e a dupla
revolução (industrial-política com o primeiro esboço de uma democracia parlamentar) criam as bases de
um projeto sociocultural necessário como solução dos problemas da representatividade eleitoral (pouco
concorridas) vicissitudes das classes políticas.

Retauration: Restauração do poder absolutista (congresso de Viena) com consequências: Censura,


discriminação dos Judeus, perseguição, introdução do sistema constitucionalista, etc.

Biedermeier: Arquitetura e artes plásticas manifestadas num estilo de vida. A democratização de valores
como o bem-estar, conforto, beleza comunicação e o aparecimento de uma cultura que valoriza o
ambiente familiar e instituições públicas (imprensa, teatros, etc.) enaltece uma época pré industrial
[Type the document title]

passada. É uma manifestação da burguesia e tomada de consciência dos seus valores e em busca de uma
47
identidade nacional, muito embora ainda à margem da política.

Evolução das estruturas políticas e da identidade nacional.


Em 1819 com a morte de August Kotzebue, o Principe Metternich promulga decretos que proíbem
associações estudantis, vigilância de estudantes e professores, censura jornais e livros com menos de 320
páginas, criando comissão central que vigiar e perseguir atividades revolucionárias. Na sequência da
revolução de 1830 em França, eclode revoltas em cidade alemãs com a ocupação da câmara municipal
por estudantes e só com intervenção militar em força (8000) saíram, o príncipe multiplica medidas de
perseguição (penas pesadas) de professores, estudante, escritores abafando assim opositores. Emigrantes
continuam a contestação nos estrangeiro, não tendo conseguido mutação na Alemanha, levando a
confrontos violentos após a revolução de 1848 em Paris.
O fracasso da política repressiva não floresceu em virtude de as promessas da revolução não terem sido
concretizadas, nomeadamente a garantia dos direitos fundamentais. Liga Alemã não nutria união popular.
Surgem manifestações veementes que exigiam um estado liberal democrático unido e rejeição da
monarquia.
Contexto alemão é caricaturado em 3 figuras alegóricas:
Michel – Sonhador apático mas capaz de acordar e virar mortal para seus inimigos.
Germania – mentora da revolta contra a frança.
Europa - Elo de aliança emancipadora mas por outro lado de resignação

Crescimento demográfico e liberalização económica


Primeira metade século XIX, houve um boom da população na liga alemã (22 para 35 milhões).
Wehler dá 3 razões para o aumento demográfico:
- Modernização da agricultura virada para exportação e mercado;
- Extensa pequena industria caseira.
- Conjuntura internacional favorável.
Mesmo assim surge a pobreza (falta de emprego) fruto da industrialização emergente, sendo esses
sintomas disfarçados com novos meios de transporte e construção em massa de habitações.
A emigração é também um vértice que floresce com a pobreza.
O descontentamento social sobe de tom com escritores de forma clara a exaltar esse facto. Denuncia-se o
fosso entre ricos e pobres. Apatia e incapacidade de os governos solucionarem a questão.
Tudo é agravado pela falta de condições higiénicas (falta de saneamento) que torna-o solo próspero para
epidemias (cólera).
[Type the document title]

O conforto Biedermeier tarda em chegar (iluminação pública já existe na Inglaterra).


48
Surgem então associações de comércio livre e acima de tudo o maior motor de união que seria os meios
de transporte na figura das linhas férreas transformando a realidade socioeconómica). Aumento de
mobilidade bens e pessoas acabando com isolamento rural.

Abertura cultural e comunicação pública


Evolução bem elevada nas áreas de:
- Alfabetização (generalização do ensino) Mais evidente nos estados protestantes. Visa colmatar falta de
técnicos especializados e divulgação mitológica com pedagogia reformista (família, trabalho propriedade,
etc). Liceu vedado a mulheres que frequentam escolas especializadas vocacionadas para vertentes
mulheres/esposa.
- Consolidação da formação universitária (reforma Humbolt). Universidades formam essencialmente
funcionários públicos e religiosos. As várias ofertas de universidades favorecem inovações.
Maioritariamente frequentadas por protestantes burgueses e uma minoria judeus (10%).
- Rápida expansão dos meios de comunicação
Expansão da imprensa (aliada à maior capacidade de ler e escrever). Passagem da leitura intensiva (1
livro vários leitores) para extensiva (maior oferta para o mesmo leitor). Tem uma forte componente
integrativa pois é feita na mesma língua e na mesma mitologia, criando-se motivos de ligação.
Desenvolve-se litografia, indústria do papel, e produção de livros (+ dicionários e enciclopédias). Mais
jornais e edições de várias temáticas. Proibição de cópias pirata (criação de lei defensora dos direitos).
Valorização de museus e teatros aliado aos divertimentos populares.
Importância crescente de associações livre e igualitárias extensíveis às classes médias e pequena
burguesia (orientação social) e visam fomentar a coesão social (sobretudo nas zona rurais).
Surge a pintura intimista Biedermeier sendo os retratos de família, vida quotidiana. A paz não se limita ao
lar, as viagens aumentam (dentro e fora da Alemanha), graças à melhoria dos meios de transporte,
alargando horizontes e conhecimento. O turismo é na vertente lúdica mas também instrutiva. Ópera é
assumida pela sociedade como tendência pomposa e nacionalista.
As associações, grupos musicais e desportivos galvanizam uma forte ideologia nacional.

A dupla Revolução alemã


A Revolução de Fevereiro de 1848 teve início em Paris e espalha-se rapidamente à Alemanha. Surgem
revoltas nas zonas rurais, tendo os camponeses de libertado das últimas restrições feudais. Manifestações
com barricadas em Berlim e Viena, combatidas por militares, com vitória dos revolucionários (imensos
mortos). O Príncipe e a corte fogem, sendo o poder assumido por uma assembleia constitucional.
[Type the document title]

Parlamento de Frankfurt tenta resolver problemas políticos e sociais, em que prioriza no contexto da
49
constituição o estabelecimento das bases de uma nova estrutura social, administrativa, judicial e militar
com o estado alemão com soberania limitada.
A constituição abolia privilégios da aristocracia e os direitos feudais fixando direitos fundamentais do
cidadão, liberdade de imprensa, religião e abolição da pena de morte. Adota-se um sistema federal e
centralista, uma monarquia constitucional, imperador hereditário e uma assembleia nacional com duas
câmaras Volkshaus (eleito directamente – representação direta dos cidadãos) e Staatenhaus
(representantes governo, assembleias de estados membros – representação indirecta dos estados etc.) =
igual à actual divisão Bundestag e Bundesrat.
Houve resistência à constituição e surge contra-revolução. Por falta de entendimento entre a burguesia
liberal e o proletariado houve uma rápida regressão ao absolutismo e incompatibilidade dos interesses dos
estados da liga levaram ao fracasso da revolução tendo como consequência disso a repressão e emigração.
A reforma agrária e fim do feudalismos foi definitivo.
Posto isto o governa adotam político social e abertura económica que levou à rápida industrialização da
Alemanha. Dentro de monarquias os estados alemães adotam estrutura constitucionais com tendência
democrática da vida política.
A revolução de 1848 contribuiu para o rápido desenvolvimento do capitalismo industrial tornando-se a
Alemanha numa grande potência.
Características da primeira fase da Ver-Industrial
- Mercado generalizado
- Expansão económica
- Constituição de novos centros industria
4 Sectores principais nesses desenvolvimentos:
- Vias férreas
- Siderurgia
- Minas de carvão
- Construção de máquinas

Você também pode gostar